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Walter Van-Trier
I. ENQUADRAMENTO
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competências que não podem ser subdelegadas ao nível das chefias por eles. Assim,
os DN/E exercem competências próprias (aquelas conferidas directamente pela lei,
estatuto orgânico, regulamento ou, como refere o artigo 2.º/7 DLDC, o conteúdo
funcional genericamente definido para o cargo) e subdelegadas (as permitidas pelos
Ministros e equiparados).
4. No exercício das suas competências, os DN/E praticam actos que, por exigências do
princípio da segurança e certeza jurídicas, devem revestir determinada forma. Esta
consiste, de acordo com os ensinamentos de Diogo Freitas do Amaral (2012, p.271),
na forma dos documentos onde são reduzidos a escritos os actos ou, segundo Celso
de Mello (2014, p.452-3), nas fórmulas, i é, meios pelos quais a Administração
exterioriza sua vontade, são veículos de expedição de actos.
5. Essas formas não são usadas indistintamente, reportam-se a certas qualificações que
permitem discerni-las. Assim, a alínea c) do n.º 1 do artigo 6.º LPO e a alínea e) do
n.º 1 do artigo 26.º DIP prescrevem que elas são despachos, instruções, circulares e
ordens de serviço. Importa dissecar essas formas dos (documentos) actos.
6. Por meio de despacho são praticados todos os actos cuja eficácia jurídica resulta de
publicação em Diário da República. Aqui se enquadram, por exemplo, os actos
determinados expressamente pela lei, estatuto orgânico ou regulamento; actos de
conteúdo genérico ou actos normativos; instrumentos que devem ser do
conhecimento público; anúncio de concursos públicos; actos cuja publicitação seja
de interesse público; aqueles que visem produzir efeitos jurídicos em relação a
terceiros.
7. Os actos que devem ser praticados por despacho apenas tornam-se vinculantes a
terceiros quando publicados na 2.ª série do Diário da República, salvo raras
excepções no âmbito do funcionamento interno da Administração Pública. Sua não
publicação neste diário torna-os ineficazes, ou seja, não são passíveis de
obediência/observação/cumprimento. Portanto, ninguém (sobretudo
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particulares/cidadãos) pode ser responsabilizado por não obedecê-los (artigo 3.º/1
LPO e artigo 52.º/2 CRA).
10. Circular é fórmula pela qual autoridades superiores transmitem ordens uniformes a
funcionários subordinados. Não veiculam regras de carácter abstrato como as
instruções, mas concreto, ainda que geral, por abranger uma categoria de subalternos
encarregados de determinadas actividades (MELLO, 2014, p.453). Para Hely
Meirelles (2014, p.203) são ordens escritas, de carácter uniforme, expedidas a
determinados funcionários ou agentes administrativos incumbidos de certo serviço,
ou do desempenho de certas atribuições em circunstâncias especiais.
11. As mesmas inferências sobre as instruções servem para as circulares: são actos
internos; resultam do exercício do poder de direcção do superior hierárquica aos
seus subalternos; não vinculam terceiros.
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12. Porém ambas diferenciam-se significativamente. As circulares são de menor
generalidade que as instruções. As circulares não veiculam regras de carácter
abstrato como as instruções, mas concreto, ainda que geral, por abranger uma
categoria de subalternos encarregados de determinadas actividades.
13. As ordens de serviço são comandos individuais e concretos, através dos quais o
superior impõe aos subalternos a adopção de uma determinada conduta específica,
podendo ser dadas verbalmente ou por escrito (AMARAL, 2011, p.816). Para Celso
de Mello (2014, p.454) é fórmula usada para transmitir determinação aos
subordinados quanto à maneira de conduzir determinado serviço.
16. Por conseqüência, esses actos não necessitam de ser publicados em Diário da
República para serem eficazes juridicamente. Basta sua divulgação/notificação
interna ou publicidade nos lugares de estilos. É neste sentido, por exemplo, que
deve ser interpretado o n.º 4 do artigo 6.º do actual estatuto orgânico do MINSA,
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que refere “Em matéria de natureza interna, o Ministro emite ordens de serviço,
circulares e directivas”.
III. CONCLUSÕES
a) Os DN/E exercem cargos significativos na vida pública e por isso têm, nos
termos da lei, de regulamentos, do estatuto orgânico, competências para
praticarem actos que vinculam também terceiros
(particulares/cidadãos/instituições etc).
c) Nos termos do artigo 3.º/1 LPO e artigo 52.º/2 CRA, o despacho é a forma
legalmente exigida para os actos dos DN/E produzirem efeitos em relação a
terceiros, por isso devem ser publicados na 2.ª série do Diário da República para
serem juridicamente eficazes e gerarem dever de obediência dos
cidadãos/particulares/instituições.
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IV. REFERÊNCIAS
Legislação:
Doutrina: