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INTERPESSOAL
APRESENTAÇÃO
Possivelmente, você já teve contato com parte dos assuntos que serão tratados nesta
apostila, entretanto, o que se pretende é sistematizar este conhecimento de forma a capacitá-lo
para exercer as atribuições de um graduado em sua posição hierárquica, em que serão exigidos
conhecimentos e habilidades para assessorar superiores e orientar equipes compostas por
militares mais modernos.
2. Quais as características do texto? Faça uma breve descrição. Identifique os principais temas do
texto (seus “sujeitos”).
3. Quais correlações e associações você pode fazer em relação ao texto?
Compare-o a outras leituras que você já tenha realizado sobre assunto similar.
Faça breves anotações, infográficos ou desenhos.
5. Avalie todas as suas anotações de forma crítica. Há algo que você possa
melhorar?
6. Estabeleça um diálogo sobre o texto. Isso pode ser feito explicando seu
resumo ou por meio de uma conversa sobre o assunto com um colega.
Outras opções podem ser você preparar uma aula com 3 a 5 slides, ou ainda,
fazer um “mapa mental” sobre o assunto estudado.
7. Faça uma “busca” na Internet por algum texto, infográfico ou vídeo que esteja
relacionado com o assunto e que possa ser acrescentado ao seu material de
estudo.
(Henri Bergson)
(Jean-Paul Sartre)
Somos inseridos em diversos contextos na nossa vida e nos relacionamos com outras
pessoas o tempo todo, na escola, no trabalho, na família, na igreja, no clube, e, em todos eles
necessitamos conviver e interagir com indivíduos diferentes de nós. Essa interação por sua vez,
pode ocorrer de várias maneiras, através de comunicação verbal e não verbal.
O que acontece na maioria dos diálogos são comunicações inadequadas e confusas com
direito a distorções decorrentes de palavras ou escrita mal expressas pelo emissor, em contra
partida o receptor precisa codificar e decodificar a mensagem, causando diversas distorções.
Existe ainda outro fator que contribui para que as comunicações sejam distorcidas – o
ruído. Ele não se refere ao emissor ou ao receptor, mas sim ao meio ao nosso redor.
As diferenças semânticas são exemplos de ruídos, essas diferenças variam de uma região
para outra ou de uma língua para outra.
O uso da palavra correta para expressar um pensamento é sem dúvida, primordial para
uma boa comunicação. Se a linguagem não é correta, o que é dito não é o que se pretende dizer;
se o que é dito não é o que se pretende dizer, o que deve ser feito fica por fazer. Confúcio, 2500
a.C.
Por essa razão, o feedback é essencial para uma boa comunicação, ele proporciona ao
receptor a possibilidade de devolver a pergunta ou aquilo que foi expresso pelo emissor de forma
decodificada, favorecendo a confirmação ou a negação do que foi dito.
A comunicação também sofre modificações devido aos filtros que utilizamos para
elaborar o pensamento, esses filtros derivam das experiências anteriores, conhecimentos prévios,
questões de âmbito cultural e linguagem. Quanto maior o número de pessoas em um ambiente,
maior será o número de filtragem durante o processo de comunicação, e esse fato pode causar
barreiras na comunicação.
suas experiências. Os homens tendem a ser mais objetivos, utilizam a comunicação como forma
de domínio ou para demonstrar superioridade.
Para os leigos, essa linguagem específica surge como uma barreira na comunicação
proporcionando um distanciamento entre as partes. No entanto, esses jargões servem como
meios de proteção perante uma crítica ou uma competição.
Quando um psicólogo utiliza o termo “acolhimento” significa que ele parou e ouviu com
eficiência seu paciente e fornecendo devolutivas para acalmá-lo proporcionando uma melhora em
seu estado emocional.
Portanto, a linguagem técnica apoia o raciocínio de Lorde Kelvin: quando você consegue
medir o que está sendo dito e expressá-lo em números, você sabe algo sobre o assunto; mas
quando não consegue medir, quando não consegue expressar-se em números, seu conhecimento
é pequeno e insatisfatório: pode ser o começo de um conhecimento, mas não avançou ainda, nos
seus pensamentos, para o estágio científico.
✔ O contato direto
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Apesar do avanço das tenologias e das redes sociais, o contato direto ainda é o melhor e
mais eficaz meio de comunicação. Existem comportamentos voluntários ou involuntários, que
somente são vistos pelo contato direto:
a) aparência física;
b) gestual;
c) contato visual;
d) cruzar os braços;
e) sorriso;
f) postura;
g) movimentos do corporais;
h) expressão facial;
i) vestimenta.
Indivíduos não se comunicam somente por palavras, mas também pelo movimento do
corpo, estamos tentados a tocar com frequência as pessoas com quem temos mais intimidade ou
de quem gostamos mais. O contato visual e se inclinar também representa abertura para ouvir o
outro, já o cruzar os braços indica posição defensiva na maioria das vezes.
Em geral a linguagem corporal fornece informações que os outros meios não têm
condições de fazer. E o tom de voz também pode indicar vários sentidos na mensagem expressa.
Imagine, por exemplo, as várias entonações que podem ser dadas à pergunta: quem é o
responsável? Algumas pesquisas indicaram que, em muitos casos, a expressão facial, a linguagem
corporal e a entonação correspondem a 90% do conteúdo da mensagem e as palavras apenas
10%.
Um estudo de Mintzberg, de 1973, válido até hoje, mostrou que um dirigente ocupa dois
terços da sua atividade profissional com “trocas verbais” com seus chefes, subordinados, colegas
de outras áreas e pessoas de fora da instituição. Assim, o uso da palavra é o instrumento de
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gestão por excelência do dirigente e seu meio privilegiado de entrar em contato com os outros
para obter resultados.
A sala dos chefes são distantes dos empregados, e reuniões ocorrem de portas fechadas
com a presença somente de altos executivos. São raros os momentos em que se encontram com
subordinados (estacionamento ou nos corredores da empresa), os problemas são reprimidos e
difíceis de serem resolvidos sem o contato direto.
A solução para uma comunicação positiva é simples: o contato pessoal; conversa com
contato visual, focar na pessoa com quem se está, é necessário proporcionar ao emissor atenção
emocional, intelectual e presença física.
Reunião sempre tem uma ata, um microcomputador tem uma impressora, da mesma
forma que pode ter um escâner para digitalizar informações colocadas sobre papel e gravá-las
em meio magnético.
O saber ouvir é uma das melhores ferramentas para uma boa comunicação, quando
focalizo a atenção no emissor, demonstro a ele que estou disposto a ouvi-lo e tentar
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compreender de maneira mais clara possível sua mensagem, o emissor se sente respeitado e
confortável para expressar seu pensamento.
Tornar-se um bom ouvinte exige disciplina e dedicação e para desenvolver isso deve-se:
a) Prestar atenção ao que está sendo dito e não ao que se vai responder depois.
b) Permita que os outros terminem sua fala antes de responder, depois faça um resumo do
que foi ouvido para que o interlocutor tenha oportunidade de esclarecer sua mensagem.
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✔ Objetividade
a) Conhecimento do interlocutor (público-alvo).
✔ Linguagem adequada
a) Clareza e simplicidade.
c) Correção.
d) Concisão.
b) Evitar erros gramaticais: na dúvida, modificar o texto sem alterar seu conteúdo básico. Ter
à mão um bom dicionário e uma boa gramática para tirar dúvidas. Ampliar sempre o
vocabulário, enriquecendo-o, atualizando-o e modernizando-o.
c) Ser conciso: dizer apenas o estritamente necessário. Ir direto ao assunto, sem prólogos ou
epílogos. Expressar-se com o menor número de frases ou palavras, omitindo expressões
redundantes. Quanto mais longas as frases, mais cansativa a leitura.
f) Submeter o texto à leitura e análise de outras pessoas antes de sua emissão, pois o que
está claro para quem o redigiu pode não o estar para outras pessoas.
e) Os subordinados são mais leais aos colegas e subordinados que aos superiores.
Uma boa comunicação motiva muito os subordinados. Saber como seu trabalho
influencia nos resultados da empresa é um fator muito forte de motivação.
A percepção se difere de pessoa para pessoa sendo um dos maiores filtros que existem,
ou seja, percebemos o que esperamos perceber; vemos o que esperamos ver e ouvimos que
esperamos ouvir.
Nessa ilustração abaixo o que você vê? Você consegue perceber que exitem mais de
uma imagem?
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Existem pessoas que não observam mais de uma imagem na ilustração, em geral não
conseguem observar a imagem de fundo. A percepção é isso, saber que nem todos obtêm as
mesmas percepções que nós.
✔ As barreiras psicológicas
Existe em todo ser humano uma tendência a fazer julgamentos, avaliações, aprovações
ou reprovações sobre qualquer mensagem emitida, e essas atitudes ocorrem dentro do quadro
de referências (valores, crenças, preconceitos) que carregamos em nossa história.
Essas necessidades formam a tríade de que fala Mailhiot (1976), essa teoria de Schutz
refere-se: as necessidades de inclusão, controle e afeição, respectivamente. Os estudos de Schutz
formaram a base do entendimento de “espírito de corpo”, algo muito falado nos meios militares.
Muitos estudiosos sociais têm tentado responder a essa pergunta, algumas hipóteses
foram levantadas:
2 Kurt Lewin era um psicólogo alemão-americano, conhecido como um dos pioneiros modernos da psicologia
social, organizacional e aplicada nos Estados Unidos.
3 Alfred Schütz foi um importante pensador e tradutor da fenomenologia husserliana para contextos de
pesquisa de sociologia e psicologia social. Entre as categorias de “sociedade” e “indivíduo” introduziu a
categoria de “tipo” em que há uma “mediação” entre o macro e o micro produzindo certas “unidades ideais”
a partir das dinâmicas sociais e inter-subjetivas.
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✔ ATRAÇÃO
Alguns relacionamentos iniciam através por meio da atração, isso não significa que seja
só fisicamente, a atração também possui outras características como semelhança e
complementação.
Algumas vezes nos relacionamos com pessoas parecidas porque isso nos traz conforto,
libera um sentimento de como se estivéssemos “em casa”. No entanto, a semelhança pode ser
causador de divergências também, causando repulsa se a semelhança for muito grande. O que
parece ser negativo na personalidade de um será na personalidade do outro, assim dependendo
do número de divergências o relacionamento pode ficar ameaçado.
A frase “os opostos se atraem” parece vir de encontro com o que dissemos no parágrafo
anterior, pois as diferenças tendem a fortalecer os relacionamentos quando são complementares.
✔ A reciprocidade
Ela fortalece os vínculos no começo de qualquer relacionamento, afinal somos atraídos
por pessoas que gostam de nós, que nos estimulam, fatos positivos para a autoestima. Essa
aproximação pode confirmar um autoconceito, por exemplo, de que somos agradáveis.
✔ Competência
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As pessoas talentosas tendem a ser bastante atraentes, talvez porque esperamos que
elas nos contagie com seus dons e habilidades, porém essa atração ocorre quando seus defeitos
também são aparentes (demonstrando que são seres humanos falhos). Por outro lado, podem
também nos constranger se suas habilidades forem muito além do esperado, tornando as
comparações evidentes demais, deixando-nos com uma baixa autoestima.
✔ Revelação
Pessoas que compartilham informações sobre sua história de vida por exemplo, pode
atrair pessoas para si, essa atitude indica para algumas pessoas de que somos parecidos em
experiências ou em atitudes. Cria a sensação de confiança e respeito, aumentando a atração e o
comprometimento do outro com relação a nós.
✔ Proximidade
Ela ocorre com aquelas pessoas que interagimos com mais frequência pois passamos a
conhecer as atitudes, habilidades, defeitos durante a convivência, fazendo-nos desenvolver
sentimentos profundos (positivos e/ou negativos) com essas pessoas. Exemplo simpatia ou
antipatia.
✔ Intimidade
Buscamos intimidade o tempo todo, por isso relacionamentos afetivos são essenciais
para nosso crescimento emocional, porém, a intimidade não ocorre sempre da mesma forma, ela
varia de acordo com o nível de contato de pessoa para pessoa.
A primeira é a física: o contato físico traz intimidade. São ações como abraços afetuosos,
beijos e, até, brigas. Todos esses contatos estimulam a intimidade entre as pessoas.
A segunda é a comunhão intelectual: Obvio que nem toda troca de ideias pode ser
considerada intimidade. Mas quando dialogamos com outra pessoa e trocamos importantes
ideias, surge uma espécie de intimidade, a ser considerada numa relação interpessoal.
Importante ressaltar que algumas pessoas possuem os quatro níveis de intimidade (física,
intelectual, emocional e atividades partilhadas), porém a maioria possui apenas uma.
✔ Recompensas
Cientistas sociais relatam que os relacionamentos (pessoais e impessoais) constituem-se
da teoria do Intercâmbio Social ou da troca (Thibaut e Kelley), esse modelo sugere que
procuramos nos relacionar com pessoas que podem nos proporcionar algumas recompensas
(concretas ou emocionais), ou seja, procuramos pessoas que reafirmem aquilo que desejamos. Já
os custos são os resultados Indesejáveis. E existe uma fórmula simples que explicaria o intercâmbio
social e o motivo pelo qual formamos e mantemos relacionamentos:
o homem é um ser social e que ele não vive isolado e sim em contínua interação com seus
semelhantes.
Mark Knapp5 dividiu em 10 estágios a evolução dos relacionamentos, desde seu ponto mais alto
até a queda. Outros estudiosos reduziram esse modelo em duas áreas e incluindo uma terceira,
chamada de manutenção relacional, que propõe manter os relacionamentos de forma mais
tranquila e satisfatória. No entanto, vamos nos focar nos dez estágios propostos por Knapp.
1. Estágio 1: Início — o objetivo é manifestar interesse em relacionar-se com a pessoa, com
comunicação breve e seguindo fórmulas convencionais (como apertos de mão e
comentários gerais).
Knapp relata que um relacionamento só pode passar por um único estágio de cada vez.
O relacionamento em algum momento poderá manifestar características de outros estágios, mas
sempre apresentará características dominantes de um só. Knapp argumenta que o movimento
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entre os estágios é quase sempre sequencial. No geral, os relacionamentos vão desde o primeiro
estágio ao último, passo a passo, à medida que se iniciam e se deterioram. Não significando que
todos passarão pelos dez estágios. Muitos iniciam os relacionamentos e fixam em algum estágio.
O modelo proporciona uma ilustração sobre as possíveis formas de desenvolvimento dos
relacionamentos, e não um caminho único para todos.
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b) Ser significativo;
Joseph Luft e Harry Ingham 7, elaboraram um modelo que denominaram como “Janela
de Johari”, que é um modelo conceitual onde analisa como o indivíduo ou o grupo elaboram
informações. Observam como a eficácia individual ou a grupal podem ser avaliadas de acordo
A janela de Johari foi descrita dividida em quatro partes, chamadas também de células,
quadrantes ou regiões. Este gráfico representativo procura representar a interação de duas fontes
de informação: a da própria pessoa e a dos outros. Sendo delimitada em duas grandes áreas: o
que a pessoa conhece de si mesma e o que não conhece; o que os outros conhecem dela e o
que não conhecem. Este modelo pode ser aplicado tanto a pessoas como a grupos, e por isso se
tornou tão popular nos estudos sobre o relacionamento interpessoal nas organizações.
O modelo da janela de johari parte do princípio de que cada um de nós tem (ou pode
ter) quatro imagens distintas:
1. Imagem aberta: você sabe quem é e os outros sabem quem você é.
2. Imagem cega: você não sabe que é mas os outros sabem que você é.
3. Imagem secreta: você sabe quem é mas os outros não sabem que você é.
A imagem aberta é aquela que revelamos plenamente. Ou seja, sabemos que somos
assim e todos sabem isso também. É como um retrato em que nos identificamos imediatamente e
todos são capazes de nos identificar. Demonstra que as informações de que tanto você quanto a
outra pessoa estão conscientes.
Já a imagem cega é aquele lado desconhecido por nós mesmos, mas facilmente
percebido pelos outros. E são através dos feedbacks que temos consciência desse lado “cego”.
A imagem desconhecida é a mais enigmática de todas. Nem nós nem os outros têm
acesso a ela dentro dos padrões convencionais de comunicação interpessoal. Normalmente é
aquela imagem que envolve nossas potencialidades e todo o nosso subconsciente.
Pensando que a nossa capacidade de nos comunicar surge da facilidade que oferecemos
para a “decodificação” da nossa imagem, compreende-se que quanto mais aberta for a nossa
imagem, mais interação pode causar no meio em que vivemos.
d) Contágio emocional: esse estágio ocorre quando uma pessoa pode influenciar
sentimentos de outra, sem que nenhum dos “eus” de ambas tenha consciência da origem
do sentimento ou da comunicação.
Assim, me coloco na avaliação de 360 graus, onde eu me avalio, sou avaliado pelos
meus gestores, amigos, subordinados e pelos meus pais. Importante lembrar que esse movimento
deverá será realizado com todos, ou seja, ora eu avalio e ora sou avaliado.
Após refletirmos sobre a janela de Johari, vamos agora observar as pesquisas grupais
realizadas por Enrique Pichon-Rivière 8, o mesmo desenvolveu o “Esquema Conceitual Referencial
Operativo” (ECRO) o qual é explicado por Berstein (1989) como um conjunto articulado dos
conceitos universais que permite abranger uma vasta generalização acerca do trabalho em grupo,
abordando diferentes objetos particulares e operando no campo grupal.
8 Enrique Pichon Rivière (Genebra, 25 de junho de 1907 - Buenos Aires, 16 de julho de 1977) foi um
psiquiatra e psicanalista suiço nacionalizado argentino.
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Estes papéis segundo o autor são funcionais e rotativos, fato que torna saudável o
crescimento do grupo. O porta-voz tem um papel crucial nos grupos. Ele é o membro que em
determinado momento denuncia o que ocorre no grupo, como as fantasias que norteiam, as
ansiedades e necessidades de todo o grupo. O porta-voz fala pelo grupo e nele se conjuga o que
o autor chama de verticalidade e horizontalidade grupal. A Verticalidade é aquilo que se expõe da
história pessoal do sujeito, e horizontalidade é o processo atual que acontece no aqui e agora, na
totalidade dos membros.
5. Quinta etapa — comunicação: Leva em conta não só o conteúdo, mas também “O como
e o quem” da mensagem. Se surgir oposições, pode-se iniciar um conflito.
7. Sétima etapa — telê: termo definido por Moreno (psicodrama). Analisa como uma
disposição positiva ou negativa presente ao se trabalhar com um dos membros do grupo
que configurará o clima. É algo de “pele”.
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8. Oitava etapa — atitude ante a mudança: Pichon Rivière define-a como situação central do
grupo operativo. Ela se modifica em termos de aumento ou resolução de ansiedades. Um
dos princípios básicos da técnica operativa é que quanto maior a heterogeneidade dos
membros e quanto maior a homogeneidade em relação à tarefa, adquire-se o ritmo de
uma progressão geométrica, enriquecendo como parcialidade a cada um dos integrantes
e, como totalidade, ao grupo – maior a produtividade que se obtém.
Se você estiver pensando essa obviedade, vou problematizar: Será que nos espaços
formais (como uma instituição militar) as pessoas usam as linguagens do mesmo modo que usam
em ambientes informais? E as informações que trocam são as mesmas pelas quais se interessam
num ambiente informal? E os meios que utilizam, será que são os mesmos?
Pois é, penso que não. E não sendo, entendo que o espaço ou ambiente em que a troca
de informações acontece envolve outros elementos e motivos.
→ Quer saber qual é a diferença? Vou colocar um exemplo para analisarmos juntos.
Na instituição em que você trabalha tem murais, não tem? Pelo menos um deve ter. Para
que servem os murais? Para comunicar, é óbvio. Os murais são meios de comunicação, pelos
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quais as pessoas se relacionam umas com as outras, mesmo não estando cara a cara. Nos murais
de sua instituição as mensagens são endereçadas a pessoas específicas? Às vezes sim, se o mural
tiver esse objetivo, como muita gente faz na geladeira de casa. Você faz isso? Deixa recados para
seus familiares em algum lugar da casa? Eu deixo na geladeira. Minha geladeira é um mural.
Mas, parece que os murais da instituição não têm esse objetivo. Pelo menos não todos.
Tudo bem que as informações do mural não são para pessoas específicas, mas elas são colocadas
nele por alguma pessoa. Sim, é claro. Mas são informações sobre essas pessoas que fazem o
mural que são divulgadas nele? Normalmente não, não é? Então, o mural é um meio de
comunicação usado na / pela instituição e não por pessoas individuais para transmitir informações
à comunidade militar e não a pessoas específicas. Veja que, mesmo que sejam pessoas que
coloquem informações no mural para que outras pessoas tomem conhecimento delas, as
informações não são de pessoas para pessoas. São da instituição à comunidade militar. As
pessoas estão envolvidas pelo processo de troca de informações, mas não são o começo nem o
fim dele. O mural não é meio de comunicação das pessoas, mas é um instrumento institucional da
base militar.
Você conseguiu perceber a diferença? Ainda não? Então pense: no boletim interno da
FAB dá para informar qualquer coisa, com qualquer linguagem, sobre qualquer assunto? Não! As
informações contidas no boletim da FAB dizem respeito a assuntos da FAB (trabalhos realizados
por militares, publicações, escalas, entre muitos outros). Então, as informações a serem publicadas
no boletim da FAB são informações de interesse da instituição militar, na qual as pessoas
assumem certas posições: superiores hierárquicos, subordinados militares e civis (que trabalham
na organização) e dependentes de militares. São os sujeitos ou atores da FAB.
→ O que você descobriu, então, sobre a diferença que proponho entre comunicação interpessoal
e comunicação institucional?
civis, soldados são pessoas a serviço da instituição. Outra diferença é que a comunicação
interpessoal acontece entre pessoas específicas, enquanto que a institucional envolve pessoas que
representam cargos e funções, acontece entre a institucional e o público com que ela se relaciona
bem como entre instituições.
Isso é fácil de perceber quando a FAB tem informações novas, transmite à comunidade
militar e não a outras pessoas, nem à sociedade inteira, a não ser em casos particulares, que não
problematizarei aqui.
Embora existam essas diferenças, é bom deixar claro que há uma semelhança
fundamental entre os dois tipos de comunicação: ambos são relações sociais que colocam as
pessoas em interação no próprio ato da troca de informações. Com isso, você já percebe que as
linguagens e os meios de comunicação são muito importantes na vida social. Seja para a
instituição, seja para as pessoas.
Se você prestar atenção, parece que em todas as instituições militares os assuntos mais
importantes são os mesmos: disciplina, hierarquia, ordem e outros.
As pessoas que possuem esse tipo de comportamento tem suas relações desgastas,
apresentando gastos de energia altíssimos, a relação envolvida aqui é de “poder”, dominar o
outro é de fato o mais importante. No entanto, esses indivíduos são tomados inconscientemente
por uma sensação de insegurança e complexo de inferioridade, ser o detentor do “Poder” traz a
falsa sensação que tudo está sob controle.
9 Disponível em https://www.nature.com/nathumbehav/
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O livro “Living with the Passive-Aggressive Man” enumera alguns comportamentos que
sinalizam comportamento passivo-agressivo como:
a) Ambiguidade ou discurso enigmática como forma de imprimir um sentimento de
insegurança nos outros;
c) Medo de competição;
d) Medo de dependência;
h) Má-vontade deliberada;
i) Procrastinação;
j) Mal humor ostensivo como forma de desanimar as pessoas ao redor a pedir coisas
Crianças que reprimem profundamente sua agressividade podem nunca superar tal
comportamento. Se tornam incapazes de desenvolver estratégias para se expressar, se tornam
adultos que, debaixo de uma postura doce e frágil, ecoam intenções vingativas. Martin Kantor 10
sugere três tipos de problemas que contribuem para constituição de estratégias passivo-
agressivas nos indivíduos: conflitos sobre dependência, controle e competição.
Os autores citam alguns passos importantes para se ter empatia frente a um cargo de
chefia:
a) explore o interesse, saiba ouvir;
c) compartilhe informações;
Uma pessoa assertiva tem mais aptidão em se comunicar, além de expressar mais
confiança e segurança para aqueles ao seu redor.
Importante refletir que ser uma pessoa assertiva não é abrir mão dos seus direitos,
desejos e objetivos. No entanto, ser assertivo não significa falar tudo o que quiser sem pensar e
nem deixar de contribuir com outras pessoas. Uma pessoa assertiva manifesta segurança ao agir,
se comporta de maneira firme e clara, apontando resolução e decisão em suas palavras.
situações de conflito. Ser uma pessoa assertiva significa ser capaz de encontrar soluções sem
anular seus desejos e necessidades.
Por exemplo, Imagine que, em uma situação de conflito, uma pessoa poderá ter diversas
posturas diferentes para resolvê-lo.
✔ Observe:
O chefe de Maria solicitou que cobrisse um turno em um horário para o qual ela não
teria disponibilidade. Os horários de trabalho foram previamente combinados e não previam
turnos nesse período de tempo. Maria pode:
a) Aceitar o turno, comprometendo suas outras responsabilidades (comportamento passivo)
b) Informar o chefe que não poderá cobrir o turno, devido outras responsabilidades.
Reforçar que os horários combinados não previam esse tipo de modificações e oferecer
soluções. (comportamento assertivo).
c) Aceitar o turno, se for possível reorganizar seus outros compromissos. Deixar claro que
está cancelando compromissos e que nem sempre essa ação será possível. Requisitar que,
em situações futuras, você seja avisado com maior antecedência. (comportamento assertivo)
d) Recusar-se a cobrir o turno e ficar nervoso, reclamando com o chefe pela quebra de
acordo. (comportamento agressivo).
Refletindo sobre o exemplo exposto acima, notamos que enquanto uma pessoa passiva
coloca-se em uma situação difícil aceitando um turno que não pode cobrir, uma pessoa assertiva
expressa de maneira clara e decisiva que não poderá cumprir o horário. Enquanto uma pessoa
agressiva acaba perdendo a razão pela forma como age.
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A assertiva resolve a situação de maneira pacífica e construtiva. Ser uma pessoa assertiva,
portanto, é apontar suas necessidades e desejos de maneira clara, decisiva e respeitosa. É
solucionar conflitos de maneira construtiva para todos, sem abrir mão de sua posição.
Uma pessoa assertiva se sente confortável com a rua rotina, isso porque ao expor suas
necessidades de maneira clara, ela desvia situações indesejáveis ou estressantes.
→ Respeito: entende os limites dos seus direitos e não passa por cima de outras pessoas para
assegurá-los.
→ Confiança: fala o que pensa e sabe fazê-lo com firmeza e bom senso.
→ Saber estabelecer limites: em vários situações na vida profissional como pessoal, a assertividade
é essencial para definir e manter limites e regras.
Agora nos atentaremos em fornecer algumas dicas para que você consiga obter um
comportamento assertivo em suas relações, pensando que o comportamento é algo que pode ser
moldado:
→ Sobre a situação: primeiramente é preciso se inteirar sobre o que está acontecendo, quem são
os envolvidos na situação e quais serão as repercussões.
→ Escuta ativa: todos os envolvidos devem ter oportunidade de serem ouvidos e de serem
compreendidos. Importante demonstrar que os entendeu. Isso pode ser feito através de falas
como “deixe-me ver se entendi: você quer dizer que se sentiu x quando eu fiz y?”
→ Comunicação adequada: analisar a si mesmo, pergunte se o seu tom de voz está adequado, se
você está usando palavras rudes e se está, de fato, falando o que pensa.
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→ Intenção da sua fala: o que você pretende comunicar? Aquilo que você está falando é eficiente
em ilustrar suas necessidades?
→ Consequências das suas palavras: evitar falas negativas que façam com que as pessoas se
sintam tristes, com raiva ou atacadas.
→ Linguagem corporal: você está usando gestos agressivos, como apontar o dedo ou cruzar os
braços? E quanto a gestos passivos, como evitar contato visual ou ocultar o rosto?
→ Seja claro e fale de comportamentos e situações: por exemplo, em vez de dizer “você é
irresponsável”, prefira “você agiu de maneira irresponsável quando deixou de me avisar sobre o
atraso”.
→ Expressar seu desconforto: Se estiver falando sobre algo que faz com que você se sinta mal,
informe sobre o seu desconforto.
No exemplo apresentado, sobre um turno no trabalho que não poderá ser coberto,
podemos citar algumas soluções construtivas:
a) Solicitar que, no futuro, mudanças de horário seja manifestada com antecedência;
b) Explicar que, como mudanças não estavam previstas no acordo inicial, você possui outros
compromissos;
c) Expressar com respeito, demonstrando empatia. Por exemplo: “Entendo que seja uma
situação excepcional. No entanto, tenho outros compromissos que me impedem de cobrir
esse turno.”
indesejadas. Uma boa comunicação e garantir o respeito dos seus limites pessoais, é maravilhoso
para nossa rotina.
b) Escuta ativa: buscar escutar e compreender o que é falado para você, assim será possível
ajudar a pessoa se comunicar de maneira mais clara;
c) Modular o tom de voz: analisar constantemente o tom de voz que você está usando. Ele
deve ser brando, mas firme;
d) Seja claro: nunca invente desculpas ou fale de maneira confusa para evitar conflitos. Seja
conciso e sincero sobre seus limites e necessidades;
e) Se conheça melhor: procure se conhecer através dos feedbacks daqueles ao seu redor,
porque é impossível comunicar seus limites e desejos se você não os conhecer;
g) Seja flexível: não tenha medo de mudar de opinião ou se expor às novas situações.
✔ Caso você identificou que é uma pessoa com comportamento passivo e deseja
se tornar assertivo, os autores fornecem algumas dicas para você, como:
a) Aprenda a dizer não: essa não é uma palavra proibida. Você não precisa aceitar fazer
tudo que lhe é solicitado;
d) Não ceda com insistências: ao comunicar um limite e a outra pessoa insistir, responda
algo como “como eu já expliquei, não será possível.” Se necessário, reforce: “Eu gostaria que
você compreendesse a minha decisão.”;
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e) Desenvolva confiança: passar de um padrão passivo para um assertivo pode dar muito
trabalho! É importante trabalhar sua confiança e autoestima para que os comportamentos
assertivos fluam de maneira mais espontânea;
f) Entender que seus desejos também são importantes: saber que as soluções encontradas
devem ser benéficas para todos envolvidos, inclusive para você, isso é um passo
importantíssimo para se tornar mais assertivo.;
g) Você também pode solicitar coisas: pessoas passivas costumam a não pedir ajuda ou
favores, mesmo quando necessitam deles. Lembre-se que você também pode pedir coisas
para as outras pessoas (e que elas podem aceitar ou não).
b) Ser assertivo não significa abrir mão dos seus direitos: é possível assegurar uma solução
que se ajuste seus desejos sem agir de maneira agressiva;
c) Tom de voz e linguagem corporal: talvez seu comportamento assertivo esteja sendo
percebido como agressivo em virtude do tom de voz utilizado, ou até mesmo de linguagem
corporal. Procure analisar como você se comporta em situações de conflito e diminua os
comportamentos que podem ser atenuados ou corrigidos;
d) Esteja disposto a ceder: ceder não significa abrir mão dos seus limites. Quase sempre é
possível encontrar um equilíbrio e fazer concessões diferentes para solucionar conflitos de
maneira construtiva para ambas as partes;
e) Substitua afirmações e acusações: em vez de dizer “você me irrita”, prefira algo como
“quando você faz x, me sinto irritado”. Perceba que você não está deixando de comunicar
seus sentimentos, mas está fazendo isso de maneira mais acessível e construtiva.
Óbvio que pessoas diferentes passaram por suas próprias experiências e aprenderam
seus comportamentos de maneira diferente. Portanto, essas dicas podem não se aplicar a todas as
pessoas. Passar por um processo de autoavaliação e autoconhecimento é essencial para garantir
que você se torne uma pessoa mais assertiva.
Ser uma pessoa assertiva parece ser uma tarefa complicada, isso ocorre porque no
nosso meio social o comportamento mais estimulado e elogiado é o passivo, ou seja, você anula
os seus desejos em favor dos desejos do outro. A dificuldade em dizer não é elogiado e
recompensado pela sociedade. Para alguns indivíduos, a passividade acaba sendo o caminho mais
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fácil, que garante o falta de conflitos. No entanto, a anulação constante dos seus limites pode te
levar a quadros de estresse, ansiedade e até mesmo adoecimento.
Aprender a ser assertivo, no começo, pode ser muito difícil. No entanto, essa é uma
habilidade extremamente necessária para aqueles que pretendem alcançar a sucesso nos
relacionamentos e no ambiente de trabalho.
Vídeo 4 – Personalidade
PSICOLOGIA: reflexão e critica, 2004, 17 (3) pp 367-380.Maria Isabel da Silva Leme – Universidade de
São Paulo.
SHELTON N. e BRUTON S. Assertiveness Skills. Editora: American Media Inc.; Edição: New edition (1 de
junho de 1996)
BERSTEIN, Serge “A cultura política”. In RIOUX & SIRINELLI (Org. 5 pág. .... Lcs Gênérations, Vingrieme
siêclc. RCI'"C (I'histoire, 11.0 22, Abril 1989.
Thibaut, J. W., & Kelley, H. H. (1959). The social psychology of groups. Oxford, England: John Wiley.
MAILHIOT, G. B. Dinâmica e gênese dos grupos. 3. ed. São Paulo: Livraria Duas Cidades, 1976.