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SUMÁRIO

1. PROGRAMA DA DISCIPLINA ........................................................................... 1


1.1 EMENTA .......................................................................................................... 1
1.2 CARGA HORÁRIA TOTAL ................................................................................... 1
1.3 OBJETIVO ....................................................................................................... 1
1.4 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO ............................................................................. 1
1.5 METODOLOGIA ................................................................................................ 1
1.6 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO ............................................................................... 1
1.7 BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA .......................................................................... 2
CURRICULUM VITAE DO PROFESSOR ....................................................................... 2
1

1. PROGRAMA DA DISCIPLINA

1.1 Ementa
Ambiente Econômico e o Sistema Financeiro Nacional. O comportamento do consumidor.
Entendendo a Demanda. O preço de reserva e o excedente do consumidor. Elasticidades e
discriminação de preços. Custos e escala de produção. O princípio da dualidade: a ligação
entre tecnologia e custo. A função lucro. As restrições de mercado. Estruturas de mercado.

1.2 Carga horária total


24 horas-aula

1.3 Objetivo
Conhecer, determinar e utilizar conceitos econômicos no contexto do ambiente de
negócios, para a tomada de decisão na empresa.

1.4 Conteúdo programático


Origem e Desenvolvimento da Moeda;
Características do Sistema Fiduciário;
Liquidez e Meios de Pagamento;
Relação do sistema bancário com o crédito;
Política Monetária;
Taxa Selic, COPOM, IPCA;
Recolhimento Compulsório;
Mercado Aberto de títulos públicos;
Política Fiscal;
Emissão de Títulos públicos e financiamento dos Gastos Governamentais;
Estrutura das contas públicas e avaliação do Superávit Primário;
Balanço de Pagamentos do Brasil;
Reservas Internacionais;
Regimes cambiais;
PIB.

1.5 Metodologia
Exposições dialogadas, estudos de caso e vivências.

1.6 Critérios de avaliação


30% referentes às participações em sala de aula;
70% referentes à avaliação individual, sob a forma de prova, a ser realizada após
o término da disciplina.

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1.7 Bibliografia recomendada


1. Conway, Edmund. 50 ideias de economia que você precisa conhecer. São
Paulo: Planeta,2015.
2. Castro, Paulo Rabello de. O Mito do Governo Grátis. O mal das políticas
econômicas ilusórias e as lições de 13 países para o Brasil mudar. Rio de
Janeiro: Edições de Janeiro, 2014.
3. Economês em bom português - http://www.porque.com.br

4. Atenção: Todo o material complementar desta disciplina está no e-book


‘Economia Empresarial’ da Coleção FGV Management.

Curriculum vitae da professora


Prof.ª Carla Beni é Mestra em História Econômica pela Unicamp. Possui MBA em Finanças
Empresariais pela FGV/Ohio University College of Business. Especialista em Economia e
Didática no Ensino Superior pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Economista pela
Fundação Armando Álvares Penteado/FAAP. Foi Professora de Economia da Pós-Graduação
da Universidade Mackenzie. Professora de Economia nos cursos da FGV Management desde
2005. Recebeu em 2009, 2010, 2013 e 2014 o Prêmio Excelência em Economia da rede
FGV – o FGV Management. Recebeu em 2013 e 2014 o Prêmio Excelência Acadêmica IBE
FGV Campinas. Professora homenageada nos anos de 2015,2016,2017, 2018 e 2019.
Professora Oradora nas formaturas dos anos 2017 e 2019. E-mail:
carlabeni09@gmail.com.
Material acadêmico publicado no site www.profcarlabeni.com.br

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1) SISTEMA FIDUCIÁRIO, POLÍTICA MONETÁRIA, POLÍTICA FISCAL E PIB

1. Origem e Evolução da Moeda:

1.1 Escambo
1.2 Moedas Mercadorias
1.3 A opção pelos Metais
1.4 Moeda Papel
1.5 Papel Moeda ou Moeda Fiduciária
1.6 Moeda Escritural ou Moeda Bancária
1.7 Funções da Moeda
1.8 Características da Moeda

2. Características do Sistema Fiduciário;

3. Liquidez;

4. Meios de Pagamento;

5. Definição e Instrumentos de Política Monetária;

6. Política Fiscal;

7. Mensuração da Atividade Econômica – PIB

“O dinheiro é estritamente uma invenção


humana por se tratar, em si mesmo, de uma
metáfora.”
Jack Weatherford em A História do Dinheiro, p.46.

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1. ORIGEM E EVOLUÇÃO DA MOEDA


1.1 Escambo
1.2 Moedas Mercadorias
1.3 A opção pelos Metais
1.4 Moeda Papel
1.5 Papel Moeda ou Moeda Fiduciária
1.6 Moeda Escritural ou Moeda Bancária
1.7 Funções da Moeda
1.8 Características da Moeda

1.1 ESCAMBO

ESCAMBO: operação rudimentar realizada diretamente em espécie, sem a presença de


intermediários financeiros.

“Um produto só se converte em ativo monetário se os membros do grupo o aceitarem


em pagamento das transações que se efetivam. Tal aceitação é uma espécie de crença
social, à qual todos se rendem. Além disso, como a moeda representa um poder de
aquisição, desde o momento em que é recebida até o momento em que é dada em
pagamento de outra transação, ela também se caracteriza como uma reserva de valor.”
1

1.2 MOEDAS – MERCADORIAS

Primeiras moedas eram mercadorias aceitas pelo grupo.

Valor de uso era garantia pelo valor de troca. Exemplos: sal, trigo, gado, chá, arroz, etc.

Problema central: eram perecíveis. Isto afeta a função central da moeda que é a reserva
de valor!

Qual é o problema da inflação na economia?

1.3 A OPÇÃO PELOS METAIS

Princípios econômicos: Custo e Raridade relativa.


Vantagens: durabilidade, facilita a acumulação de estoques pois a variação da produção
tem pequeno efeito sobre a oferta. Divisibilidade material e econômica.
Estágio inicial em barras ou pequenos lingotes, mas foi com a Cunhagem que o processo
mudou. A perda do caráter privado para o público legitimou a confiança. Pureza, peso e
valor passaram a ser marcados oficialmente.
Novidades: Curso legal, poder liberatório (credor e devedor obrigados a aceitar),
cobrança de tributos.

1 Lopes, J. do C. e Rosseti, J. P. “Economia Monetária


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1.4 MOEDA PAPEL ou MOEDA REPRESENTATIVA


Com o desenvolvimento dos mercados temos a elevação do número de bens e serviços,
das operações de troca, do volume de moeda em circulação e dos valores das
transações. O transporte passa a ser desaconselhável – excesso de peso e risco.
SOLUÇÃO: Emissão de certificados de depósitos de moedas metálicas
Certificados Nominais no 1º momento. Lastro integral ou 100%. Aceitação generalizada.

1.5 PAPEL MOEDA ou MOEDA FIDUCIÁRIA

“O dinheiro começou como artigo específico e tangível, como as conchas e os discos de


pedra, os grãos de cacau e pepitas de metal. Em sua segunda fase, tomou forma de
papel que reteve sua tangibilidade, mas perdeu seu valor quanto artigo. Não era
possível comer papel moeda, como era o caso do sal ou do cacau, nem podia ser
derretido e transformado em instrumentos ou ornamentos, como as moedas de cobre,
lata, ouro e prata. O papel moeda não tinha utilidade senão como dinheiro. O uso de
moedas e outros artigos envolvia tremenda abstração, mas o uso do papel tornou o
dinheiro ainda mais abstrato.”

Jack Weatherford em A História do Dinheiro, p.30.

MOEDA NÃO LASTREADA EM METAIS


TRANSMISSÍVEL AO PORTADOR
VALOR VARIÁVEL
PAGÁVEL À VISTA
EMISSÃO DE PARTICULARES – 1º MOMENTO
RUÍNA DO SISTEMA ENTRE 1793 E 1817
LEI DO PADRÃO OURO EM 1900
1ª GUERRA MUNDIAL 1914 A 1918
CRISE DE 1929 A 1933 GRANDE DEPRESSÃO
2ª GUERRA MUNDIAL 1939 A 1945
JULHO DE 1944 – INÍCIO DE BRETTON WOODS

As conferências de Bretton Woods, definindo o Sistema Bretton Woods de


gerenciamento econômico internacional, estabeleceram em julho de 1944 as regras para
as relações comerciais e financeiras entre os países mais industrializados do mundo. O
sistema Bretton Woods foi o primeiro exemplo, na história mundial, de uma ordem
monetária totalmente negociada, tendo como objetivo governar as relações monetárias
entre Nações-Estado independentes.

Definindo um sistema de regras, instituições e procedimentos para regular a política


econômica internacional, também foram estabelecidos o Banco Internacional para a
Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) e o Fundo Monetário Internacional (FMI). Essas
organizações tornaram-se operacionais em 1946, depois que um número suficiente de
países ratificou o acordo.

As principais disposições do sistema Bretton Woods foram, primeiramente, a obrigação de


cada país adotar uma política monetária que mantivesse a taxa de câmbio de suas moedas

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dentro de um determinado valor - mais ou menos um por cento—em termos de ouro, e


em segundo lugar, a provisão pelo FMI de financiamento para suportar dificuldades
temporárias de pagamento. Em 1973, diante de pressões crescentes na demanda global
por ouro, Richard Nixon, então presidente norte-americano, suspendeu unilateralmente o
sistema de Bretton Woods, cancelando a conversibilidade direta do dólar em ouro.

• DESMATERIALIZAÇÃO DA MOEDA

• INEXISTÊNCIA DE LASTRO METÁLICO

• INCONVERSIBILIDADE ABSOLUTA

• MONOPÓLIO ESTATAL DAS EMISSÕES

• SISTEMAS MONETÁRIOS FIDUCIÁRIOS

“O dólar norte americano não é um dólar de prata nem de ouro. O governo dos EUA
não irá trocar uma nota de dólar por outra coisa além de uma nota de dólar. O dólar
é simplesmente uma moeda por reconhecimento. O dólar sustenta-se no poder do
governo e na fé das pessoas que o usam. Fé em que ele poderá comprar algo
amanhã, fé em que o governo dos Estados Unidos continue existindo e aceitando
dólares no pagamento de impostos e que outras pessoas continuarão acreditando
nele. Além dessa fé, nada mais sustenta o dólar.”

Jack Weatherford em A História do Dinheiro, p.185.

1.6 MOEDA ESCRITURAL OU BANCÁRIA

SURGIMENTO PARALELO À MOEDA FIDUCIÁRIA, DE FORMA ACIDENTAL NO BANCO DA


INGLATERRA.
MOEDA INVISÍVEL = SEM EXISTÊNCIA FÍSICA

MOEDA ESCRITURAL = CORRESPONDE A LANÇAMENTOS A DÉBITO E A CRÉDITO,


REGISTRADO NAS C/C DOS BANCOS.

1.7 FUNÇÕES DA MOEDA

INTERMEDIÁRIA DE TROCAS (Maior eficiência)


MEDIDA DE VALOR (Denominador comum)
RESERVA DE VALOR (Liquidez por excelência)
LIBERATÓRIA (Poder de saldar dívidas)
PADRÃO DE PAGAMENTOS DIFERIDOS (Facilidade de distribuição dos
Pagamentos ao longo do tempo)
INSTRUMENTO DE PODER (Poder Econômico / Político)

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1.8 CARACTERÍSTICAS DA MOEDA

VALOR / PORTABILIDADE / DURABILIDADE / HOMOGENEIDADE / DIVISIBILIDADE /


ESTABILIDADE DE VALOR / IDENTIFICABILIDADE / CUNHABILIDADE

TEXTO COMPLEMENTAR ORIGEM E EVOLUÇÃO DA MOEDA

Escambo

A moeda, como hoje a conhecemos, é o resultado de uma longa evolução. No início não
havia moeda. Praticava-se o escambo, simples troca de mercadoria por mercadoria, sem
equivalência de valor. Assim, quem pescasse mais peixe do que o necessário para si e seu
grupo trocava este excesso com o de outra pessoa que, por exemplo, tivesse plantado e
colhido mais milho do que fosse precisar. Esta elementar forma de comércio foi dominante
no início da civilização, podendo ser encontrada, ainda hoje, entre povos de economia
primitiva, em regiões onde, pelo difícil acesso, há escassez de meio circulante, e até em
situações especiais, em que as pessoas envolvidas efetuam permuta de objetos sem a
preocupação de sua equivalência de valor. Este é o caso, por exemplo, da criança que troca
com o colega um brinquedo caro por outro de menor valor, que deseja muito. As
mercadorias utilizadas para escambo geralmente se apresentam em estado natural,
variando conforme as condições de meio ambiente e as atividades desenvolvidas pelo
grupo, correspondendo a necessidades fundamentais de seus membros. Nesta forma de
troca, no entanto, ocorrem dificuldades, por não haver uma medida comum de valor entre
os elementos a serem permutados.

Moeda Mercadoria

Algumas mercadorias, pela sua utilidade, passaram a ser mais procuradas do que outras.
Aceitas por todos, assumiram a função de moeda, circulando como elemento trocado por
outros produtos e servindo para avaliar-lhes o valor. Eram as moedas–mercadorias. O
gado, principalmente o bovino, foi dos mais utilizados; apresentava vantagens de
locomoção própria, reprodução e prestação de serviços, embora ocorresse o risco de
doenças e da morte. O sal foi outra moeda–mercadoria; de difícil obtenção, principalmente
no interior dos continentes, era muito utilizado na conservação de alimentos. Ambas
deixaram marca de sua função como instrumento de troca em nosso vocabulário, pois, até
hoje, empregamos palavras como pecúnia (dinheiro) e pecúlio (dinheiro acumulado)
derivadas da palavra latina pecus (gado). A palavra capital (patrimônio) vem do latim
capita (cabeça). Da mesma forma, a palavra salário (remuneração, normalmente em
dinheiro, devida pelo empregador em face do serviço do empregado) tem como origem a
utilização do sal, em Roma, para o pagamento de serviços prestados. No Brasil, entre
outras, circularam o cauri – trazido pelo escravo africano –, o pau-brasil, o açúcar, o cacau,
o tabaco e o pano, trocado no Maranhão, no século XVII, devido à quase inexistência de
numerário, sendo comercializado sob a forma de novelos, meadas e tecidos. Com o passar
do tempo, as mercadorias se tornaram inconvenientes às transações comerciais, devido à
oscilação de seu valor, pelo fato de não serem fracionáveis e por serem facilmente
perecíveis, não permitindo o acúmulo de riquezas.

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Metal

Quando o homem descobriu o metal, logo passou a utilizá-lo para fabricar seus utensílios
e armas, anteriormente feitos de pedra. Por apresentar vantagens como a possibilidade de
entesouramento, divisibilidade, raridade, facilidade de transporte e beleza, o metal se
elegeu como principal padrão de valor. Era trocado sob as formas mais diversas. A
princípio, em seu estado natural, depois sob a forma de barras e, ainda, sob a forma de
objetos, como anéis, braceletes etc. O metal comercializado dessa forma exigia aferição
de peso e avaliação de seu grau de pureza a cada troca. Mais tarde, ganhou forma definida
e peso determinado, recebendo marca indicativa de valor, que também apontava o
responsável pela sua emissão. Essa medida agilizou as transações, dispensando a pesagem
e permitindo a imediata identificação da quantidade de metal oferecida para troca.

Moeda em Formato de Objetos

Os utensílios de metal passaram a ser mercadorias muito apreciadas. Como sua produção
exigia, além do domínio das técnicas de fundição, o conhecimento dos locais onde o metal
poderia ser encontrado, essa tarefa, naturalmente, não estava ao alcance de todos. A
valorização, cada vez maior, destes instrumentos levou à sua utilização como moeda e ao
aparecimento de réplicas de objetos metálicos, em pequenas dimensões, que circulavam
como dinheiro. É o caso das moedas faca e chave que eram encontradas no Oriente e do
talento, moeda de cobre ou bronze, com o formato de pele de animal, que circulou na
Grécia e em Chipre.

Moedas Antigas

Surgem, então, no século VII a.C., as primeiras moedas com características das atuais:
são pequenas peças de metal com peso e valor definidos e com a impressão do cunho
oficial, isto é, a marca de quem as emitiu e garante o seu valor. São cunhadas na Grécia
moedas de prata e, na Lídia, são utilizados pequenos lingotes ovais de uma liga de ouro e
prata chamada eletro. As moedas refletem a mentalidade de um povo e de sua época.
Nelas podem ser observados aspectos políticos, econômicos, tecnológicos e culturais. É
pelas impressões encontradas nas moedas que conhecemos, hoje, a efígie de
personalidades que viveram há muitos séculos. Provavelmente, a primeira figura histórica
a ter sua efígie registrada numa moeda foi Alexandre, o Grande, da Macedônia, por volta
do ano 330 a.C. A princípio, as peças eram fabricadas por processos manuais muito
rudimentares e tinham seus bordos irregulares, não sendo, como hoje, peças
absolutamente iguais umas às outras.

Ouro, Prata e Cobre

Os primeiros metais utilizados na cunhagem de moedas foram o ouro e a prata. O emprego


destes metais se impôs, não só pela sua raridade, beleza, imunidade à corrosão e valor
econômico, mas também por antigos costumes religiosos. Nos primórdios da civilização,
os sacerdotes da Babilônia, estudiosos de astronomia, ensinavam ao povo a existência de
estreita ligação entre o ouro e o Sol, a prata e a Lua. Isto levou à crença no poder mágico
destes metais e no dos objetos com eles confeccionados. A cunhagem de moedas em ouro
e prata se manteve durante muitos séculos, sendo as peças garantidas por seu valor

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intrínseco, isto é, pelo valor comercial do metal utilizado na sua confecção. Assim, uma
moeda na qual haviam sido utilizados vinte gramas de ouro, era trocada por mercadorias
neste mesmo valor. Durante muitos séculos os países cunharam em ouro suas moedas de
maior valor, reservando a prata e o cobre para os valores menores. Estes sistemas se
mantiveram até o final do século passado, quando o cuproníquel e, posteriormente, outras
ligas metálicas passaram a ser muito empregados, passando a moeda a circular pelo seu
valor extrínseco, isto é, pelo valor gravado em sua face, que independe do metal nela
contido. Com o advento do papel-moeda a cunhagem de moedas metálicas ficou restrita
a valores inferiores, necessários para troco. Dentro desta nova função, a durabilidade
passou a ser a qualidade mais necessária à moeda. Surgem, em grande diversidade, as
ligas modernas, produzidas para suportar a alta rotatividade do numerário de troco.

Moeda de Papel

Na Idade Média, surgiu o costume de se guardarem os valores com um ourives, pessoa


que negociava objetos de ouro e prata. Este, como garantia, entregava um recibo. Com o
tempo, esses recibos passaram a ser utilizados para efetuar pagamentos, circulando de
mão em mão e dando origem à moeda de papel. No Brasil, os primeiros bilhetes de banco,
precursores das cédulas atuais, foram lançados pelo Banco do Brasil, em 1810. Tinham
seu valor preenchido à mão. Com o tempo, da mesma forma ocorrida com as moedas, os
governos passaram a conduzir a emissão de cédulas, controlando as falsificações e
garantindo o poder de pagamento. Atualmente quase todos os países possuem seus
bancos centrais, encarregados das emissões de cédulas e moedas. A moeda de papel
evoluiu quanto à técnica utilizada na sua impressão. Hoje a confecção de cédulas utiliza
papel especialmente preparado e diversos processos de impressão que se complementam,
dando ao produto final grande margem de segurança e condições de durabilidade.

Formatos Diversos

O dinheiro variou muito, em seu aspecto físico, ao longo dos séculos.

As moedas já se apresentaram em tamanhos ínfimos, como o stater, que circulou em


Aradus, Fenícia, atingindo também grandes dimensões como as do dáler, peça de cobre
na Suécia, no século XVII. Embora, hoje, a forma circular seja adotada em quase todo o
mundo, já existiram moedas ovais, quadradas, poligonais etc. Foram, também, cunhadas
em materiais não metálicos diversos, como madeira, couro e até porcelana. Moedas de
porcelana circularam, neste século, na Alemanha, quando, por causa da guerra, este país
enfrentava grave crise econômica. As cédulas, geralmente, se apresentam no formato
retangular e no sentido horizontal, observando-se, no entanto, grande variedade de
tamanhos. Existem, ainda, cédulas quadradas e até as que têm suas inscrições no sentido
vertical. As cédulas retratam a cultura do país emissor e nelas podem-se observar motivos
característicos muito interessantes como paisagens, tipos humanos, fauna e flora,
monumentos de arquitetura antiga e contemporânea, líderes políticos, cenas históricas etc.
As cédulas apresentam, ainda, inscrições, geralmente na língua oficial do país, embora em
muitas delas se encontre, também, as mesmas inscrições em outros idiomas.

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Sistema Monetário

O conjunto de cédulas e moedas utilizadas por um país forma o seu sistema monetário.
Este sistema, regulado através de legislação própria, é organizado a partir de um valor que
lhe serve de base e que é sua unidade monetária. Atualmente, quase todos os países
utilizam o sistema monetário de base centesimal, no qual a moeda divisionária da unidade
representa um centésimo de seu valor. Normalmente os valores mais altos são expressos
em cédulas e os valores menores em moedas. Atualmente a tendência mundial é no sentido
de se suprirem as despesas diárias com moedas. As ligas metálicas modernas
proporcionam às moedas durabilidade muito superior à das cédulas, tornando-as mais
apropriadas à intensa rotatividade do dinheiro de troco. Os países, através de seus bancos
centrais, controlam e garantem as emissões de dinheiro. O conjunto de moedas e cédulas
em circulação, chamado meio circulante, é constantemente renovado através de processo
de saneamento, que consiste na substituição das cédulas gastas e rasgadas. O dinheiro,
seja em que forma se apresente, não vale por si, mas pelas mercadorias e serviços que
pode comprar. É uma espécie de título que dá a seu portador a faculdade de se considerar
credor da sociedade e de usufruir, através do poder de compra, de todas as conquistas do
homem moderno.
A moeda não foi, pois, genialmente inventada, mas surgiu de uma necessidade e
sua evolução reflete, a cada momento, a vontade do homem de adequar seu
instrumento monetário à realidade de sua economia.

“O ouro é uma coisa maravilhosa”, escreveu Colombo, da Jamaica, aos reis


de Espanha em 1503, “seu dono é o senhor de tudo que deseja; o ouro faz
até mesmo as almas entrarem no paraíso.” A fé no padrão-ouro e a crença
no paraíso cristão saíram combalidas do correr dos séculos, mas o poder do
dinheiro se mantém incólume. O que lhe dá essa força? Papel-moeda ou bit
digital, o poder do dinheiro na sua carteira depende da falta dele na carteira
dos demais. Se os outros não precisassem dele nem os desejassem, ele de
nada valeria. O dinheiro é o poder de mando sobre o trabalho e os bens
disponíveis no mercado – sua função nos circuitos das trocas -, mas ele vai
muito além disso: o dinheiro representa uma singular fonte de poder nas
relações interpessoais.”

Eduardo Gianetti em Trópicos Utópicos, p. 100.

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Tabela de conversão das moedas com as mudanças dos padrões monetários


brasileiros.

Obs: Foi instituída a URV (Unidade Real de Valor) em 30/06/1994 sendo 1URV= CR$
2.750,00.

2. CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA FIDUCIÁRIO

• NÃO HÁ LASTRO METÁLICO;


• PAPEL MOEDA EMITIDO POR ÓRGÃO GOVERNAMENTAL;
• CONFIANÇA DO PÚBLICO NA MOEDA E NA NORMALIDADE OPERACIONAL DOS
BANCOS.

3. CONCEITO DE LIQUIDEZ
Liquidez é a capacidade, ou facilidade de converter um Ativo em Moeda, no menor espaço
de tempo, com o menor custo possível.

4. CONCEITO DE MEIOS DE PAGAMENTO


BACEN NT48 – Novembro2018
https://www.bcb.gov.br/publicacoes/notastecnicas/revisaometodologicameiospagamento

Os agregados monetários permanecem indicadores relevantes para acompanhar os


efeitos da política econômica, o grau de preferência do público pela liquidez e a oferta de
crédito pelo sistema financeiro, inclusive em regime de metas para a inflação.

• São ativos monetários utilizados na aquisição de bens e serviços.

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Atenção: Cheque, cartão de crédito, cartão de débito, TED e DOC, não são Meios de
Pagamento!! São FORMAS DE PAGAMENTO.

M1 = papel-moeda em poder do público + depósitos à vista, incluindo cooperativas de


crédito.

M2 = M1 + depósitos de poupança + títulos privados emitidos pelas instituições


financeiras depositárias, incluindo cooperativas.

M3 = M2 + cotas de fundos de investimento depositários + operações compromissadas


com títulos públicos e privados.

M4 = M3 + títulos públicos emitidos pelo Governo Federal, adquiridos em operações


definitivas.

Questão 1: Considerando os dados da pesquisa de 2018 feita pelo Banco Central (


https://www.bcb.gov.br/content/cedulasemoedas/Documents/pesquisabrasileirodinheiro/
Apresentacao_brasileiro_relacao_dinheiro_2018.pdf ) e sabendo que a composição dos
Meios de Pagamentos no Brasil é dada, em média, por 53% em papel moeda em poder do
público (PMpp) e 47% em Depósitos à Vista (DV), aponte quais são os fatores principais
que explicam esta distorção no Brasil.

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TEXTO COMPLEMENTAR MEIOS DE PAGAMENTO


Autora: Carla Beni
Fonte: http://repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/286147

Nas economias contemporâneas, os meios de pagamento (ativos utilizados na aquisição


de bens e serviços), são compostos de duas partes: uma parte manual - papel-moeda e
as moedas metálicas em poder do público (PMpp), que normalmente correspondem a 20%
da totalidade dos meios de pagamento; e, outra parte escritural - os depósitos à vista nos
bancos comerciais (DV) - com os 80% restantes. Estes são os ativos com maior liquidez,
os Meios de Pagamento Restritos, ou M12. M1 = PMpp + DV.
O papel-moeda e as moedas metálicas em circulação são emitidas por órgão
governamental, a Casa da Moeda, a pedido do Banco Central. O Estado exerce o monopólio
das emissões. Não existem bancos privados emitindo papel-moeda. Não há lastro metálico
(estoque em ouro ou prata) que garanta a conversibilidade do papel-moeda em circulação.
O sistema é integralmente fiduciário3 - inexistência de lastro metálico, inconversibilidade
absoluta e monopólio estatal das emissões.

A moeda escritural, ou moeda bancária, caracterizada pelos depósitos à vista feitos nos
bancos comerciais, é mais utilizada que a moeda manual, por ser mais segura e prática.
Os usuários podem utilizar instrumentos como o cheque e os cartões de débito, para
manipular o saldo de suas contas correntes. Além da praticidade, esta moeda apresenta
uma característica fundamental no desenvolvimento da economia – seu efeito
multiplicador.

Ao término da propagação do efeito multiplicador da moeda escritural, os meios de


pagamento resultarão maiores do que o valor originalmente emitido. Isto porque, os
bancos comerciais, ao receberem um volume de moeda em seu caixa (proveniente, por
exemplo, de uma redução de alíquota de recolhimento compulsório ou da venda de títulos
públicos), tendem a fornecer empréstimos aos seus clientes – a atividade central de uma
instituição bancária. Estes clientes, por sua vez, ao contraírem os empréstimos, retêm uma
diminuta parcela sob a forma de moeda manual (PMpp). A parcela restante é devolvida ao
sistema bancário, sob a forma de novos depósitos, que gerarão outros empréstimos a
outros clientes. Neste procedimento, os empréstimos criam novos depósitos, que criarão
novos empréstimos. Multiplica-se a moeda escritural.
O Banco Central emite a chamada moeda primária, mas o volume de moeda circulando na
economia é maior que esta emissão inicial. Isto porque os bancos comerciais criam moeda
secundária, através dos empréstimos. Este é o multiplicador bancário ou multiplicador da
moeda escritural. Com este mecanismo, o Banco Central emite apenas uma parte do
volume total em circulação. A outra parte, maior que a inicial, fica a cargo dos bancos
comerciais.

” 2 Existem também os Meios de Pagamento Ampliados, ou agregados monetários. Seus conceitos e


metodologias são determinados pelo BACEN. São eles: M2 = M1 + depósitos especiais remunerados
+ depósitos de poupança + títulos privados. M3 = M2 + quotas de fundo de renda fixa + operações
compromissadas registradas no Selic. M4 = M3 + títulos públicos de alta liquidez.
3 Do latim, fidúcia significa confiança. O sistema fiduciário caracteriza-se pela confiança do público na moeda e na normalidade

operacional dos bancos.

Economia Empresarial
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A magnitude do multiplicador4 varia em função dos recolhimentos compulsórios exigidos


pelo Banco Central, do interesse dos bancos em aumentar a liquidez do sistema e das
taxas de juros cobradas nos empréstimos. Lembrando que o fato dos bancos oferecerem
novas linhas de crédito, não implica, necessariamente, que os clientes irão usá-las
integralmente. A conjuntura exerce papel crucial nestas decisões.

Os bancos não podem emprestar a totalidade dos depósitos à vista que possuem. Uma
parte destes depósitos é enviada ao Banco Central, sem remuneração. Este percentual é a
alíquota de recolhimento compulsório, imposto por lei, que pode oscilar de 0% a 100%,
dependendo dos objetivos monetários a serem alcançados.
Esta esterilização da moeda escritural é feita com duas finalidades básicas: manter um
volume de reservas em poder das autoridades monetárias, para eventuais problemas de
liquidez no sistema e, controlar o volume de crédito fornecido pelos bancos comerciais.
Quanto maior for a alíquota de recolhimento compulsório exigida pelo Banco Central,
menor será o volume disponível para as linhas de crédito. O multiplicador da moeda
escritural é função inversa da alíquota de recolhimento compulsório.

Este é um dos instrumentos monetários utilizados na execução de políticas monetárias que


visam contrair os meios de pagamento – política monetária contracionista – ou expandi-
los – política monetária expansionista. Esta, feita com a redução da alíquota.
O Banco Central altera esta alíquota, reduzindo ou aumentando-a, em reuniões do Comitê
de Política Monetária (COPOM). Estas alterações são feitas visando o cumprimento de
objetivos traçados pela política monetária adotada pelo governo. As taxas de inflação são,
atualmente, os balizadores destas alíquotas. Quanto maior for a pressão inflacionária,
menores serão os volumes de crédito disponíveis aos consumidores. O governo, então,
eleva as alíquotas de recolhimento compulsório, fazendo política monetária contracionista.

Outro instrumento de política monetária é o mercado aberto (open market), onde são
realizadas as operações de compra e venda de títulos públicos. Este instrumento é usado
para financiar o governo ou regular a liquidez da economia. Neste mercado são vendidos
os papéis, ou títulos, da dívida pública.

O Banco Central faz a emissão primária destes títulos e negocia com intermediários, que
são bancos comerciais específicos – os dealers – que incorporam estes papéis em suas
carteiras e negociam com outras instituições, no mercado secundário. As negociações são
feitas através de leilões: formais (propostas por escrito) ou informais (contato telefônico).

Nestes leilões, são realizadas a compra e venda de títulos do Tesouro Nacional, da carteira
do Banco Central, ou de emissão própria, como os Bônus do Banco Central – BBC. A
rentabilidade varia de acordo com o prazo e indexadores ofertados – pré e pós-fixados.
O Banco Central atua como agente financiador do governo. Quando o Banco Central deseja
expandir a oferta monetária, aumentar a liquidez do sistema, resgata os títulos da dívida
pública das carteiras dos bancos, através dos leilões. Há uma “troca” de papéis por moeda,
com o pagamento de uma taxa de juros. Esta prática caracteriza a política monetária de

4
Para exemplificar: se o multiplicador bancário for igual a 1,5, temos que: para cada 100 unidades monetárias injetadas no
sistema bancário, pelo Banco Central, o volume final produzido – através dos empréstimos fornecidos pelos bancos comerciais
- é 50% maior. Resultando em 150 unidades monetárias.
Fonte BACEN: entre jan./2000 e jan./2014, a magnitude do multiplicador bancário variou de 1,29 a 1,549.

Economia Empresarial
16

expansão. O sistema inverso, o Banco Central vendendo títulos da dívida aos bancos, retira
disponibilidade de caixa dos bancos, reduzindo a liquidez do sistema.

Para regular e fiscalizar o Sistema Financeiro Nacional (SFN), temos cinco autoridades
monetárias: Conselho Monetário Nacional (CMN); Banco Central do Brasil (BACEN);
Comissão de Valores Mobiliários (CVM); Banco do Brasil (BB); e o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

O Conselho Monetário Nacional (CMN) é o órgão supremo do Sistema Financeiro Nacional.


Foi criado em 31 de dezembro de 1964, com a Lei nº 4.595. É um órgão normativo sem
funções executivas, que é responsável pelas diretrizes das políticas monetária, creditícia e
cambial. O Ministro da Fazenda preside esta instituição.
O Banco Central do Brasil (BACEN) é o órgão executivo central do Sistema Financeiro
Nacional. Suas principais atribuições são: emitir normas, fiscalizar, autorizar o
funcionamento e fazer intervenções nas instituições financeiras; receber depósitos
compulsórios; fazer operações de redesconto; emitir, comprar e vender títulos públicos
federais; emitir papel-moeda e controlar o meio circulante; administrar a dívida pública
interna e externa e gerir as reservas internacionais.
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é o órgão normativo responsável pelo
desenvolvimento e fiscalização do mercado de ações e debêntures.
O Banco do Brasil (BB) hoje é um banco múltiplo. Também opera como agente financeiro
do Governo Federal, no tocante à execução da política oficial de crédito rural.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), criado em 1952, é a
instituição responsável pela política de investimentos de longo prazo do Governo Federal.
Apóia os investimentos estratégicos necessários ao desenvolvimento do país,
particularmente ao fortalecimento da indústria privada. Seus programas de financiamento
contam com recursos próprios e com empréstimos e doações de entidades nacionais e
estrangeiras.

Economia Empresarial
17

5. DEFINIÇÃO E INSTUMENTOS DE POLÍTICA MONETÁRIA

“A Política Monetária tem por objetivo controlar a expansão da moeda e do


crédito e exercer o controle sobre a taxa de juros, procurando adequá-los às
necessidades de crescimento econômico e estabilidade de preços.”

Banco Central do Brasil

5.1) OBJETIVOS: Variam em função do estágio de desenvolvimento econômico, da


ideologia política, problemas conjunturais e valores morais da coletividade.

• Promoção do crescimento e do desenvolvimento econômico;

• Promoção do mais alto nível de emprego;

• Estabilidade de preços;

• Controle da inflação;

• Promover uma melhor distribuição de renda.

“Ao afetar a inflação, o produto interno bruto e o emprego, a política monetária


tem efeitos sobre a economia como um todo, mas tem também impactos sobre a
distribuição de recursos da economia. Por exemplo, dentre outras coisas, a
inflação é um imposto sobre o dinheiro que portamos. Uma alta nos preços de
10% significa que a nota de dez reais perde parte de seu valor, porque esta nota
agora só compra o que antes custava um pouco mais de 9 reais. Como os mais
ricos guardam uma fração ínfima de seus recursos em dinheiro vivo ou em contas-
correntes sem remuneração, esse imposto inflacionário atinge principalmente os
pobres, que carregam seus (poucos) recursos em dinheiro. São estes os que mais
sofrem com a perda do valor do dinheiro imposta pela inflação.”

A Riqueza da Nação no século XXI, Bernardo Guimarães, p.64

5.2) INSTRUMENTOS (MEIOS):

1. Taxa SELIC

2. Recolhimento Compulsório

3. ‘Open Market’ ou Mercado Aberto.

Economia Empresarial
18

1. Taxa Selic

Tx Selic %a.a.
50,00
45,00
40,00
35,00
30,00
25,00
20,00
15,00 Tx Selic %a.a.
10,00
5,00
0,00
01/03/1999
01/03/2000
01/03/2001
01/03/2002
01/03/2003
01/03/2004
01/03/2005
01/03/2006
01/03/2007
01/03/2008
01/03/2009
01/03/2010
A taxa Selic é a taxa básica de juros da economia. É o principal instrumento de política 01/03/2011
monetária utilizado pelo Banco Central (BC) para controlar a inflação. Ela influencia todas
as taxas de juros do país, como as taxas de juros dos empréstimos, dos financiamentos e
das aplicações financeiras.

A taxa Selic refere-se à taxa de juros apurada nas operações de empréstimos de um dia
entre as instituições financeiras que utilizam títulos públicos federais como garantia. O BC
opera no mercado de títulos públicos para que a taxa Selic efetiva esteja em linha com a
meta da Selic definida na reunião do Comitê de Política Monetária do BC (Copom).

Obs: O nome da taxa Selic vem da sigla do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia.
Tal sistema é uma infraestrutura do mercado financeiro administrada pelo BC. Nele são
transacionados títulos públicos federais. A taxa média ajustada dos financiamentos diários
apurados nesse sistema corresponde à taxa Selic.

Fonte: https://www.bcb.gov.br/controleinflacao/taxaselic

Questão 2: Quando a taxa Selic sobe, qual é o impacto na economia? E quando o


BC reduz a taxa? Qual é a relação entre a Taxa Selic e o crédito?
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________

Economia Empresarial
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Observe os períodos de Política Monetária de Expansão e de Contração,


praticados pelo Banco Central, nos últimos anos.

https://www.bcb.gov.br/controleinflacao/historicotaxasjuros

Economia Empresarial
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TEXTO COMPLEMENTAR COPOM E SELIC

O Copom foi instituído em 20 de junho de 1996, com o objetivo de estabelecer as diretrizes


da política monetária e de definir a taxa de juros. A criação do Comitê buscou proporcionar
maior transparência e ritual adequado ao processo decisório, a exemplo do que já era
adotado pelo Federal Open Market Committee (FOMC) do Banco Central dos Estados
Unidos e pelo Central Bank Council, do Banco Central da Alemanha. Em junho de 1998, o
Banco da Inglaterra também instituiu o seu Monetary Policy Committee (MPC), assim como
o Banco Central Europeu, desde a criação da moeda única em janeiro de 1999. Atualmente,
uma vasta gama de autoridades monetárias em todo o mundo adota prática semelhante,
facilitando o processo decisório, a transparência e a comunicação com o público em geral.
Desde 1996, o Regulamento do Copom sofreu uma série de alterações no que se refere ao
seu objetivo, à periodicidade das reuniões, à composição, e às atribuições e competências
de seus integrantes. Essas alterações visaram não apenas aperfeiçoar o processo decisório
no âmbito do Comitê, como também refletiram as mudanças de regime monetário.
Destaca-se a adoção, pelo Decreto 3.088, em 21 de junho de 1999, da sistemática de
"metas para a inflação" como diretriz de política monetária. Desde então, as decisões do
Copom passaram a ter como objetivo cumprir as metas para a inflação definidas pelo
Conselho Monetário Nacional. Segundo o mesmo Decreto, se as metas não forem atingidas,
cabe ao presidente do Banco Central divulgar, em Carta Aberta ao Ministro da Fazenda, os
motivos do descumprimento, bem como as providências e prazo para o retorno da taxa de
inflação aos limites estabelecidos.
Formalmente, os objetivos do Copom são "implementar a política monetária, definir a meta
da Taxa Selic e seu eventual viés, e analisar o 'Relatório de Inflação'". A taxa de juros
fixada na reunião do Copom é a meta para a Taxa Selic (taxa média dos financiamentos
diários, com lastro em títulos federais, apurados no Sistema Especial de Liquidação e
Custódia), a qual vigora por todo o período entre reuniões ordinárias do Comitê. Se for o
caso, o Copom também pode definir o viés, que é a prerrogativa dada ao presidente do
Banco Central para alterar, na direção do viés, a meta para a Taxa Selic a qualquer
momento entre as reuniões ordinárias.
As reuniões ordinárias do Copom dividem-se em dois dias: a primeira sessão às terças-
feiras e a segunda às quartas-feiras. Mensais desde 2000, o número de reuniões ordinárias
foi reduzido para oito ao ano a partir de 2006, sendo o calendário anual divulgado até o
fim de outubro do ano anterior. O Copom é composto pelos membros da Diretoria
Colegiada do Banco Central do Brasil: o presidente, que tem o voto de qualidade; e os
diretores de Política Monetária, Política Econômica, Estudos Especiais, Assuntos
Internacionais, Normas e Organização do Sistema Financeiro, Fiscalização, Liquidações e
Desestatização e Administração. Também participam do primeiro dia da reunião os chefes
dos seguintes Departamentos do Banco Central: Departamento Econômico (Depec),
Departamento de Operações das Reservas Internacionais (Depin), Departamento de
Operações Bancárias e de Sistema de Pagamentos (Deban), Departamento de Operações
do Mercado Aberto (Demab), Departamento de Estudos e Pesquisas (Depep), além do
gerente-executivo da Gerência-Executiva de Relacionamento com Investidores (Gerin).
Integram ainda a primeira sessão de trabalhos três consultores e o secretário-executivo
da Diretoria, o assessor de imprensa, o assessor especial e, sempre que convocados,
outros chefes de departamento convidados a discorrer sobre assuntos de suas áreas.
No primeiro dia das reuniões, os chefes de departamento e o gerente-executivo
apresentam uma análise da conjuntura doméstica abrangendo inflação, nível de atividade,

Economia Empresarial
21

evolução dos agregados monetários, finanças públicas, balanço de pagamentos, economia


internacional, mercado de câmbio, reservas internacionais, mercado monetário, operações
de mercado aberto, avaliação prospectiva das tendências da inflação e expectativas gerais
para variáveis macroeconômicas.
No segundo dia da reunião, do qual participam apenas os membros do Comitê e o chefe
do Depep, sem direito a voto, os diretores de Política Monetária e de Política Econômica,
após análise das projeções atualizadas para a inflação, apresentam alternativas para a
taxa de juros de curto prazo e fazem recomendações acerca da política monetária. Em
seguida, os demais membros do Copom fazem suas ponderações e apresentam eventuais
propostas alternativas. Ao final, procede-se à votação das propostas, buscando-se, sempre
que possível, o consenso. A decisão final - a meta para a Taxa Selic e o viés, se houver -
é imediatamente divulgada à imprensa ao mesmo tempo em que é expedido Comunicado
através do Sistema de Informações do Banco Central (Sisbacen).
As atas em português das reuniões do Copom são divulgadas às 8h30 da quinta-feira da
semana posterior a cada reunião, dentro do prazo regulamentar de seis dias úteis, sendo
publicadas na página do Banco Central na internet ("Notas da Reunião do Copom") e para
a imprensa. A versão em inglês é divulgada com uma pequena defasagem de cerca de 24
horas.
Ao final de cada trimestre civil (março, junho, setembro e dezembro), o Copom publica,
em português e em inglês, o documento "Relatório de Inflação", que analisa
detalhadamente a conjuntura econômica e financeira do País, bem como apresenta suas
projeções para a taxa de inflação.

IMPORTANTE!

A taxa Selic é a taxa usada para financiar os títulos do governo federal


que estão nela custodiados. Essa taxa serve de balizador para as
instituições que operam esses papéis, e é a taxa de juros referência
para todas as operações financeiras no país. Portanto, ela representa
o custo de oportunidade primário para qualquer alternativa de
investimento, ou seja, um projeto de investimento produtivo,
para ser atrativo, tem que gerar uma rentabilidade maior do
que a taxa Selic.

“Economia aplicada: empresas e negócios”, Coleção FGV Management, p. 115.

O que é inflação?
Inflação é o aumento dos preços de bens e serviços. Ela implica diminuição do poder de
compra da moeda. A inflação é medida pelos índices de preços. O Brasil tem vários índices
de preços. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é o índice utilizado
no sistema de metas para a inflação.

Economia Empresarial
22

O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), medido mensalmente pelo IBGE


(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), foi criado com o objetivo de oferecer a
variação dos preços no comércio para o público final. O IPCA é considerado o índice
oficial de inflação do país.
O período de coleta do IPCA vai do dia 1º ao dia 30 ou 31, dependendo do mês. A pesquisa
é realizada em estabelecimentos comerciais, prestadores de serviços, domicílios (para
verificar valores de aluguel) e concessionárias de serviços públicos. Os preços obtidos são
os efetivamente cobrados ao consumidor, para pagamento à vista. São considerados nove
grupos de produtos e serviços: alimentação e bebidas; artigos de residência; comunicação;
despesas pessoais; educação; habitação; saúde e cuidados pessoais; transportes e
vestuário. Eles são subdivididos em outros itens. Ao todo, são consideradas as variações
de preços de 465 subitens.
O indicador reflete o custo de vida de famílias com renda mensal de 1 a 40 salários
mínimos, residentes nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo
Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Salvador, Recife, Fortaleza e Belém, além do Distrito
Federal e do município de Goiânia.

Causas da inflação
A inflação pode ter várias causas, que podem ser agrupadas em:

1. pressões de demanda
2. pressões de custos
3. inércia inflacionária e
4. expectativas de inflação

Fonte: https://www.bcb.gov.br/controleinflacao/oqueinflacao

Economia Empresarial
23

Consequências da inflação

A inflação gera incertezas importantes na economia, desestimulando o investimento e,


assim, prejudicando o crescimento econômico. Os preços relativos ficam distorcidos,
gerando várias ineficiências na economia. As pessoas e as firmas perdem noção dos preços
relativos e, assim, fica difícil avaliar se algo está barato ou caro. A inflação afeta
particularmente as camadas menos favorecidas da população, pois essas têm menos
acesso a instrumentos financeiros para se defender da inflação.

Inflação mais alta também aumenta o custo da dívida pública, pois as taxas de juros da
dívida pública têm de compensar não só o efeito da inflação mas também têm de incluir
um prêmio de risco para compensar as incertezas associadas com a inflação mais alta.

Por que a deflação é também indesejável?

O Banco Central trabalha para manter a inflação baixa – não para que os preços declinem.
A perspectiva de que os valores cobrados sejam relativamente estáveis ao longo do tempo,
com inflação baixa e previsível, é importante para o planejamento de todos. Ao contrário
do que possa parecer, preços em queda podem ser prejudiciais para o bom funcionamento
da economia. Um comerciante poderá ter prejuízo se ganhar menos amanhã pelo estoque
que fez hoje. As famílias e as empresas poderão adiar suas decisões de consumo e
investimento se houver a perspectiva de que os preços serão mais baixos amanhã,
deprimindo a atividade econômica.
A deflação posterga o consumo.
https://www.bcb.gov.br/ em 12/12/2019

Economia Empresarial
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2. Recolhimento Compulsório

Quando uma pessoa vai a um banco e realiza um depósito, parte do valor é recolhido pela
instituição financeira no Banco Central na forma de um depósito compulsório.
O recolhimento compulsório é mais um dos mecanismos que o Banco Central (BC) tem à
disposição na sua caixa de ferramentas, na manutenção da estabilidade financeira e de
combate à inflação. Trata-se de parcela do dinheiro dos correntistas que os bancos são
obrigados a manter depositada no BC.
Embora tenham sido criados, originalmente, para influenciar a quantidade de moeda na
economia, os recolhimentos compulsórios assumem também o papel de “colchões de
liquidez”, isto é, reservas de emergência que podem ser utilizadas pelas instituições
financeiras, a critério do BC, em situações de crise como a que ocorreu em 2008. Além
disso, na medida em que parte dos recursos captados pelos bancos fica recolhido no Banco
Central, estes emprestam menos do que poderiam, reduzindo, assim, a sua exposição ao
risco de crédito (risco de “calote”).

Recolhimentos compulsórios – alíquotas


Período Recursos Depósitos Poupança
à vista a prazo Habitacional Rural

"
2013 Jul " " 18%
"
2014 Jul 45% " 19%
"
Out " " 13%
"
2015 jun " 24,5% 15,5%
Ago " 25% " "
2017 Jan " 36% " "
"
Jul " " 21%
Dez 40% 34% " "
"
2018 Abr 25% 20% 20%
Dez 21% 33% " "
2019 Jul 21% 31% " "

https://www.bcb.gov.br/acessoinformacao/legado?url=https:%2F%2Fwww.bcb.gov.br%
2Fhtms%2Finfecon%2Fseriehistreccomp_p.asp

Quando o BACEN eleva a alíquota de recolhimento compulsório, há uma redução no


volume de meios de pagamento. A consequência é uma Política Monetária de
Contração.

Quando o BACEN reduz a alíquota de recolhimento compulsório, há uma elevação no


volume de meios de pagamento. A consequência é uma Política Monetária de
Expansão.

Economia Empresarial
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3.“Open – Market” - Compra/Venda de Títulos Públicos

Definição: O controle da liquidez através de operações do mercado aberto consiste na


compra ou venda de títulos do Tesouro Nacional.

O que são títulos públicos?

As intervenções (compras e vendas de títulos pelo BC) são de dois tipos: operações
compromissadas e operações definitivas.

1. Ajuste Diário da liquidez – Operações Compromissadas


2. Captação de Recursos – Operações Definitivas

Venda de títulos pelo BC ao sistema bancário = Política monetária de Contração.

Compra de títulos pelo BC ao sistema bancário = Política monetária de Expansão.

OPERAÇÕES DE MERCADO ABERTO

O controle da liquidez através de operações do mercado aberto consiste na


compra ou venda de títulos do Tesouro Nacional.

Na execução da política monetária, a venda de títulos pelo BC ao sistema


bancário provoca a redução das reservas bancárias e o contrário ocorre no caso
de compra de títulos. O controle do papel-moeda emitido e das reservas bancárias (que,
juntos, formam o passivo monetário do BC ou a Base Monetária) implica o controle dos
meios de pagamento (papel-moeda em poder do público e depósitos à vista nas instituições
financeiras), uma vez que, em geral, espera-se a ocorrência de uma relação mais ou menos
estável entre os meios de pagamento e a base monetária.

As intervenções (compras e vendas de títulos pelo BC) são de dois tipos:


operações compromissadas e operações definitivas.

Nas operações compromissadas, o BC toma (ou empresta) recursos por um prazo


definido – usualmente um dia (overnight) – vendendo (ou comprando) títulos com o
compromisso de recomprá-los (ou revendê-los) em data combinada, a um determinado
preço. Nesse tipo de operação (dito leilão informal ou go-around), o BC atua no mercado
através de instituições dealers, que são aquelas credenciadas periodicamente pelo BC,
selecionadas entre as mais atuantes do Sistema Financeiro.

O ajuste diário da liquidez é realizado através das operações compromissadas,


com várias intervenções do BC. O processo pode ser descrito, sinteticamente, da seguinte
forma: antes de o mercado começar a operar, o BC estima se há excesso de reservas no
sistema bancário ou deficiência de reservas. Esta estimativa é obtida através de consultas
a diversas fontes, entre as quais os dealers, referentes a operações que afetam as reservas
bancárias. O BC, assim, atua diariamente no mercado de reservas bancárias, no sentido
de ajustar a liquidez do sistema bancário.

Economia Empresarial
26

Como resultado, se, por exemplo, o Tesouro Nacional realiza despesas, ou se o BC liquida
operações de compra de moeda estrangeira, surge a necessidade de compensar a
expansão do nível de reservas bancárias, tomando recursos excedentes. Essa operação se
materializa pela venda de títulos que podem ser recomprados, nos moldes utilizados por
todo banco central do mundo que execute operações de mercado aberto. Da mesma forma,
quando ocorre escassez momentânea de reservas, causada por uma arrecadação
significativa de impostos federais, ou por conta da liquidação da venda de câmbio pelo BC,
a mesa de operações realiza operações de compra de títulos que podem ser revendidos no
dia seguinte.

Considerando, portanto, essa estimativa, bem como outros fatores tais como as taxas do
mercado futuro de juros, os índices de inflação e suas projeções e a política monetária
corrente, é estabelecida a taxa desejada de juros, a qual é normalmente sinalizada para o
mercado através de um go-around. No final do expediente, é realizado um ajuste fino das
reservas, que consiste em neutralizar eventuais desequilíbrios provocados pelas atuações
descritas acima.

Nas operações definitivas, o título incorpora-se à carteira da instituição compradora. Os


leilões de títulos do Tesouro Nacional, em geral, ocorrem no último dia útil de cada mês.
O BC opera nos leilões formais com títulos novos e com os que fazem parte de sua carteira,
e, portanto, já tem prazo decorrido. Nesta modalidade participam os dealers, todas as
instituições financeiras e também as pessoas físicas através do Tesouro Direto. A
finalidade é de Captação de recursos.

Dealers
Os dealers são instituições financeiras credenciadas pelo Tesouro Nacional e pelo Banco
Central do Brasil com o objetivo de promover o desenvolvimento dos mercados primário e
secundário de títulos públicos. Os dealers atuam tanto nas emissões primárias de títulos
públicos federais como na negociação no mercado secundário desses títulos. Atualmente,
o Tesouro Nacional possui 12 dealers, dos quais dez são bancos e dois são corretoras ou
distribuidoras independentes.

O desempenho de cada instituição é avaliado a cada seis meses e aquelas com o pior
desempenho são substituídas. A seleção é feita mediante avaliação de desempenho
baseada, sobretudo, em operações definitivas e compromissadas com o mercado, nas
participações em ofertas públicas e no secundário dos títulos públicos.

As regras e os critérios do sistema de dealers estão definidos nos Atos Normativos


Conjuntos nº 28 e nº 29, que estabelecem seus direitos e deveres.

As instituições financeiras atualmente credenciadas para atuar como dealers com o


Tesouro Nacional (CODIP) e Banco Central (DEMAB) e os títulos selecionados para
negociação por cada instituição são os seguintes:

Economia Empresarial
27

Fonte: https://www4.bcb.gov.br/Pom/demab/dealers/rel_dealers_100819_310120.pdf

Curiosidades sobre a trajetória do Tesouro Nacional

A Secretaria do Tesouro Nacional, criada em 10 de março de 1986, por meio do


Decreto nº 92.452, veio assumir as atribuições da Comissão de Programação Financeira e
da Secretaria de Controle Interno do Ministério da Fazenda, incorporando também as
funções fiscais até então desempenhadas pelo Banco Central e Banco do Brasil S/A.

Pertencente à da estrutura do Ministério da fazenda, torna-se órgão central do


Sistema de Administração Financeira Federal e do Sistema de Contabilidade
Federal.

Sua criação representou um passo fundamental para o fortalecimento das finanças públicas
do país, consolidando a modernização institucional e a sistematização da gestão
responsável dos recursos públicos.

O desafio do Tesouro era, então, colocar em ordem as contas públicas do Brasil. Isso
consistiu em substituir, em 1988, a conta Movimento do Governo no Banco do Brasil pela
Conta Única do Tesouro no Banco Central (Bacen); permitir que a administração e o
controle das finanças federais ficassem associados à execução financeira das unidades
gestoras; unificar os orçamentos, atrelando os gastos governamentais à prévia autorização
do Congresso Nacional, dentre outros.

Economia Empresarial
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CONHEÇA O TESOURO DIRETO - https://www.tesourodireto.com.br/conheca/conheca-


o-tesouro-direto.htm

O QUE É?

O Tesouro Direto é um Programa do Tesouro Nacional desenvolvido em parceria com a B3


para venda de títulos públicos federais para pessoas físicas, de forma 100% online.

Lançado em 2002, o Programa surgiu com o objetivo de democratizar o acesso aos títulos
públicos, permitindo aplicações a partir R$ 30,00.

O Tesouro Direto é uma excelente alternativa de investimento pois oferece títulos com
diferentes tipos de rentabilidade (prefixada, ligada à variação da inflação ou à variação da
taxa de juros básica da economia - Selic), diferentes prazos de vencimento e também
diferentes fluxos de remuneração. Com tantas opções, fica fácil achar o título indicado para
realizar seus objetivos!

Além de acessível e de apresentar muitas opções de investimento, o Tesouro Direto oferece


boa rentabilidade e liquidez diária, mesmo sendo a aplicação de menor risco do
mercado.

Importante!
O Tesouro Direto é um investimento de renda fixa. Isso significa que, no momento
da aplicação, você sabe quanto vai receber se mantiver o título até a data de
vencimento. Mas isso não quer dizer que os preços e taxas dos títulos são
constantes ao longo do tempo.

Veja o site e os vídeos explicativos:


https://www.tesourodireto.com.br/mercado-de-titulos-publicos.htm

https://youtu.be/_-fR0WU6lg0
https://youtu.be/_-fR0WU6lg0

Economia Empresarial
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Última atualização: 30/12/2019 • 11h51min


https://www.tesourodireto.com.br/titulos/precos-e-taxas.htm

Economia Empresarial
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6. POLÍTICA FISCAL

Política fiscal reflete o conjunto de medidas pelas quais o Governo arrecada receitas e
realiza despesas de modo a cumprir três funções: a estabilização macroeconômica, a
redistribuição da renda e a alocação de recursos. A função estabilizadora consiste na
promoção do crescimento econômico sustentado, com baixo desemprego e estabilidade de
preços. A função redistributiva visa assegurar a distribuição equitativa da renda. Por fim,
a função alocativa consiste no fornecimento eficiente de bens e serviços públicos,
compensando as falhas de mercado.

“O papel do Estado na economia pode, de maneira simplificada, ser organizado


em duas dimensões. Na primeira, temos o Estado que dá maior segurança aos
cidadãos e procura reduzir a desigualdade de oportunidades por meio da oferta
de serviços públicos como saúde, educação, programas de assistência social etc.

Na segunda, está o grau de intervenção direta do poder público sobre o


funcionamento dos mercados: papel e extensão das empresas estatais, marcos
regulatórios setoriais, concessão de crédito subsidiado para incentivar alguns
setores da economia em detrimento de outros, grau de fechamento da economia
ao comércio internacional etc.

Um exemplo ajuda na distinção das duas dimensões: Estado de bem-estar social


e Estado interventor. É possível haver um amplo e generoso programa público de
seguro-desemprego, como ocorre, por exemplo, nos países nórdicos, e, por outro
lado, haver grande liberdade contratual entre o trabalho e o capital, também
situação vigente entre os escandinavos.”

Samuel Pessoa em 30/10/2018, O papel do Estado na provisão de serviços públicos e no


desenvolvimento econômico.
https://blogdoibre.fgv.br/autores/samuel-pessoa

Economia Empresarial
31

Economia Empresarial – FGV Management, p.115.

Economia Empresarial
32

DÍVIDA PUBLICA FEDERAL (DPF)

A Dívida Pública Mobiliária Federal Interna (DPMFi) é o estoque de títulos em


mercado emitidos pelo Tesouro Nacional. Cabe observar que o artigo 34 da Lei de
Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar 101), de maio de 2000, vedou a emissão de
títulos da dívida pública pelo BCB a partir de 2002.

Problema: Nossa dívida pública é cara e concentrada no curto prazo.

Economia Empresarial
33

Fonte:http://www.tesouro.fazenda.gov.br/divida-publica-federal/-
/asset_publisher/Rhu8uJONidEZ/content/a-divida-em-grandes-numeros

Economia Empresarial
34

A LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) compreende as metas e prioridades da


administração pública federal, incluindo as despesas e o resultado para o ano subsequente.
As metas foram criadas no final da década de 1990 como parte da política de tripé
macroeconômico que sustenta o Plano Real. O cumprimento de metas de superávit é um
sinal de que o governo está comprometido com o equilíbrio das contas públicas e com a
estabilização de suas dívidas. Quanto piores os resultados primários do governo e
menor a credibilidade em seus compromissos, mais altos serão os juros que ele
vai pagar para se financiar. Isso tem impacto em toda a economia, inclusive na
inflação.

Atenção!
Resultado fiscal primário é a diferença entre as receitas primárias e as
despesas primárias durante um determinado período. O resultado fiscal
nominal, por sua vez, é o resultado primário acrescido do pagamento líquido de
juros. Assim, fala-se que o Governo obtém superávit fiscal quando as receitas
excedem as despesas em dado período; por outro lado, há déficit quando as
receitas são menores do que as despesas.

Necessidade de Financiamento do Setor Público (NFSP) = Resultado Nominal

• Quais são as fontes de financiamento do déficit público?

1. Emissão de Moeda.
2. Aumento dos Impostos.
3. Emissão de títulos públicos.
4. Empréstimos ou financiamentos no mercado interno e/ou externo.

Economia Empresarial
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Questão 3: Considerando o texto abaixo de Ana Carla Abrão, publicado em


02/04/2019 ( https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,gente-
humilde,70002776014 ), explique qual é a relação existente entre Déficit Fiscal
Nominal , concentração de renda e inflação.

“A Síntese de Indicadores Econômicos, também publicada pelo IBGE com base na Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios Contínua - PNAD Contínua, mostra que temos quase
55 milhões de brasileiros vivendo abaixo da linha de pobreza. Nesse conjunto estão nada
menos do que 43% das nossas crianças de 0 a 14 anos. Há ainda os que vivem em extrema
pobreza, com renda mensal inferior a R$ 140. Esses já eram mais de 15 milhões de pessoas
em 2017, quase 1 milhão a mais do que no ano anterior.

Somos o País com a 3ª maior desigualdade do mundo, segundo o Banco Mundial, que
também mostra que no Brasil há 29,5 homicídios por 100 mil habitantes. Número que nos
coloca entre os 10 países mais violentos do mundo. Dados do Instituto Trata Brasil
mostram que 48,1% da nossa população, ou mais de 100 milhões de brasileiros, não têm
acesso a coleta de esgoto. A qualidade da nossa educação, medida pelo Pisa - Programa
para Avaliação Internacional de Estudantes, atingiu 395 pontos em 2015, abaixo da média
da América Latina e dos demais emergentes e muito distante dos países membros da OCDE
(apesar de gastarmos mais do que eles).

Infelizmente as evidências negativas não param por aí. Brasileiros morrem nas filas dos
hospitais públicos por ausência de médicos, carência de leitos e falta de remédios. Milhões
de trabalhadores se espremem diariamente em sistemas de mobilidade urbana
ultrapassados e com infraestrutura e serviços precários enquanto o mundo se move
aproveitando novas tecnologias. Nossos jovens pobres são cooptados pelo crime que
domina as comunidades carentes em que milhões de brasileiros se amontoam em
aglomerados urbanos ignorados pelo Estado. Ali moram sem coleta de lixo, sem escolas,
sem postos de saúde, sem lazer ou segurança.

... O Estado brasileiro se tornou o maior motor de reforço das nossas desigualdades sociais.
Ao não garantir educação, saúde e segurança de qualidade, ele condena a população de
baixa renda a continuar na pobreza. Ao não avaliar os gastos e as políticas públicas, ao
não colocar o cidadão no centro das decisões e ao ceder aos interesses privados em
detrimento da coletividade, ele alija os que não têm alternativas e protege os que não
precisam – ou não deveriam ser protegidos. E assim o poder público garante privilégios e
benesses para aqueles que já são privilegiados na partida.”

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• Exercício individual. Leia e conceitue os termos grifados.

Volta de superávit primário pode ficar para próximo governo

“...Cálculos do próprio Tesouro Nacional apontam para um resultado positivo apenas


em 2023, após as próximas eleições presidenciais. Menos otimista com o ritmo do
ajuste fiscal, a Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado projeta superávits
ainda mais tardios - a partir de 2026.
Para este ano (2019), a meta fiscal autoriza um rombo de até R$ 139 bilhões nas
contas do governo central - que engloba Tesouro, Banco Central e INSS. Mas,
ajudada pelo megaleilão do pré-sal e pelo empoçamento de recursos que os
ministérios não conseguiram aplicar neste ano, a equipe do ministro Paulo Guedes
(Economia) aposta em déficit inferior a R$ 80 bilhões em 2019.

Mesmo assim, sem poder contabilizar a repetição de fatores atípicos no próximo


ano, a meta de déficit primário em 2020 foi mantida em três dígitos, chegando a R$
124,1 bilhões, ou 1,53% do Produto Interno Bruto (PIB, a soma das riquezas
produzidas pelo País). Pelas projeções oficiais do Tesouro, a inversão dos resultados
para o campo positivo só deve acontecer em 2023 - já em um novo governo -,
quando o superávit federal deve atingir 0,26% do PIB.

O descontrole do gasto público e a maior recessão do País levaram a trajetória das


contas públicas a registrar sucessivos déficits desde 2014. Mesmo com a aprovação
do teto de gastos em 2016 e da reforma da Previdência neste ano, o governo ainda
está longe de arrecadar mais do que os compromissos com as despesas obrigatórias
que precisam ser pagas a cada ano...”
Estado de SP postado em 27/12/2019

Nunca é demais repetir que o equilíbrio fiscal de longo prazo é


fundamental. Da política monetária só se pode pedir que evite
maiores flutuações do nível de atividade e balize as expectativas
de inflação. Sem credibilidade fiscal, a política monetária é
impotente.

André Lara Resende em “Juros, Moeda e Ortodoxia”, p.127.

Economia Empresarial
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7. MENSURAÇÃO DA ATIVIDADE ECONÔMICA

Crescimento em voo de galinha não é o mesmo que ciclo econômico


sustentado!

PIB = CONSUMO FAMILIAS + GASTOS DO GOVERNO + INVESTIMENTO PRIVADO +


INVESTIMENTO DO GOVERNO + (EXPORTAÇÕES – IMPORTAÇÕES)

PIB = C + G + IP + IG + X – M

Lembrando que:

C + IP = Política Monetária (BC)

G + IG = Política Fiscal (Executivo e Legislativo)

X – M = Política Cambial (BC)

Economia Empresarial
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Questão 4: Com base no texto abaixo, publicado no UOL em 19/03/2019, (Autor: Vladimir
Goitia em https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2019/03/19/brasil-baixa-
produtividade-competitividade-comparacao-outros-paises.htm ), analisem os “fatores que
conspiram contra a produtividade” brasileira, considerando a fórmula:
PIB = C + G + IP + IG + X – M e a experiência profissional do grupo.

“O trabalhador brasileiro leva uma hora para fazer o mesmo produto ou serviço que um
norte-americano consegue realizar em 15 minutos e um alemão ou coreano em 20
minutos. Isso significa que a produtividade do Brasil é baixa, mas não quer dizer que o
brasileiro seja preguiçoso ou inapto. Há atrasos na formação e na infraestrutura das
empresas, o que afeta os resultados, dizem especialistas.
Em termos de riqueza, o Brasil produz em uma hora o equivalente a US$ 16,75, valor que
corresponde apenas a 25% do que é produzido nos EUA (US$ 67). Comparado a outros
países, como Noruega (US$ 75), Luxemburgo (US$ 73) e Suíça (US$ 70), o desempenho
do país é ainda pior. As informações são do professor José Pastore, presidente do Conselho
de Emprego e Relações do Trabalho da Fecomercio-SP. Estes dados equivalem à relação
entre o total produzido na economia (PIB) e o número total de horas trabalhadas,
metodologia mais comum para medir a produtividade de um país, de acordo Pastore.

"A produtividade média do brasileiro é de apenas um quarto da do trabalhador americano


e de um terço da do alemão ou do coreano. Perdemos muito mercado [lá fora] porque a
baixa produtividade dá como resultado baixa competitividade", disse Pastore.
Isso não quer dizer que o brasileiro seja um trabalhador pior do que os outros. É preciso
melhorar as condições, como educação dos funcionários e equipamentos nas empresas.
Renan Pieri, professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas), afirmou que, além das correções
estruturais necessárias para melhorar a produtividade, o Brasil precisa trilhar dois
caminhos: Melhorar a educação em todos os níveis (inclusive técnico) com investimentos
e investir na modernização do capital físico (máquinas e equipamentos das empresas).

"Esses dois aspectos têm a ver com o Estado, que precisa gerar um ambiente econômico
que permita, por sua vez, o aumento dos investimentos, tanto público como privado",
declarou Pieri. Na opinião dele, o trabalhador precisa chegar às empresas com
conhecimento consolidado, e não "tão sem base" como chega hoje. "Precisamos de um
programa que aproxime a demanda das empresas da oferta das escolas, sejam do ensino
superior, do ensino médio ou do ensino técnico." Segundo Pastore, a eficiência do trabalho
no Brasil está praticamente estagnada desde a década de 1980, salvo raras exceções.
"Estamos parados, enquanto outros países estão melhorando. A distância tem
aumentado”.

Pieri disse que o acesso a certos recursos no Brasil, como capitais humano, físico e
financeiro, entre outros, é insuficiente e desfavorável se comparado ao de outros países.
Entre os fatores que conspiram contra a produtividade, ele enumera: Baixa
qualificação e capacidade dos trabalhadores (capital humano) Tecnologia atrasada e mal
administrada nas empresas (capital físico) Investimento caro e abaixo do necessário
(capital financeiro) Infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos insuficientes e
sucateados) Burocracia complicada Ambiente de negócios perverso.

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39

"Melhoramos nossa escolaridade média nos últimos 25 anos, mas foi insuficiente para
aumentar a qualidade do capital humano e, assim, atender às necessidades das empresas",
disse o professor da FGV. Para Pastore, o alastramento do trabalho informal também
agrava o quadro de baixa produtividade no país. "Afinal, temos cerca de 40 milhões de
pessoas nessa situação hoje. Isso significa que não é apenas o trabalhador que tem baixa
qualidade, é o seu emprego que é de baixa qualidade", afirmou.

Setores nos quais a eficiência melhorou: Agricultura (devido à incorporação maciça de


inovações tecnológicas) Financeiro (devido ao salto dado com base às tecnologias do
mundo digital) Indústria automotiva e Embraer (devido à robotização e racionalização do
trabalho) Uma pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria) divulgada na semana
passada mostra que a produtividade do trabalho na indústria de transformação no ano
passado aumentou 0,9%, em relação a 2017, quando já havia crescido 4,5%, em
comparação a 2016. Trata-se do quarto ano consecutivo de crescimento do indicador, mas
ainda insuficiente para ganhar competitividade.

O setor industrial brasileiro ainda é 23% mais caro que o norte-americano, segundo
estudos da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) citados pelo professor
Pastore. Renda per capita dobraria com melhor produtividade. Um relatório do Banco
Mundial sobre produtividade, lançado em 2018, aponta que a renda per capita brasileira é
aproximadamente 20% da renda per capita dos EUA. Se o Brasil tivesse a mesma
produtividade que a norte-americana, a renda do país seria mais de 50% da dos EUA,
mesmo sem investimento adicional em máquinas ou capital humano. Ou seja, a renda per
capita atual mais do que dobraria somente com melhorais na produtividade.
Jorge Arbache, economista e estudioso do assunto, mostrou que em 1980 a produtividade
do trabalhador brasileiro era 670% maior do que a do trabalhador chinês e 70% menor do
que a americana. Em 2013, o Brasil perdia nos dois casos: a do trabalhador brasileiro era
80% inferior à americana e 18% menor à chinesa. No período, a eficiência dos chineses
cresceu 895%. Já a dos brasileiros, meros 6%. E os números que conspiram contra o Brasil
não param por aí. Pieri afirmou que a relação PIB/trabalhador em 1994 no Brasil era de
R$ 25 mil. Em 2016, já considerada a inflação no período, passou para R$ 30 mil. Isto é,
em 22 anos aumentou apenas 20%. "Nesse mesmo intervalo, a relação PIB/trabalhador
nos EUA cresceu 48%", disse o professor da FGV”.

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O Produto Interno bruto


O PIB, sigla para Produto Interno Bruto, representa a soma de todos os produtos finais
produzidos por um país em um intervalo de tempo. Nessa conta, entram todos os bens e
serviços consumidos pelas pessoas, empresas e governo. Somente o que é novo na
economia entra na conta do PIB. O que isso significa? O cálculo do PIB considera somente
bens e serviços finais produzidos no trimestre ou no ano em questão. Assim, o PIB
representa somente o valor adicionado gerado por todas as atividades da economia de um
país, ou seja, os produtos e serviços novos.

Economia Empresarial
40

Outro item importante é que a matéria-prima usada para se fazer um produto não entra
no cálculo. O exemplo clássico é o do pão, onde não é considerado o preço do trigo
importado, mas sim o valor dos pães feitos a partir dessa matéria-prima, o que inclui as
horas de trabalho do padeiro, a energia elétrica e água consumidas, e assim por diante.
O PIB é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
São 3 óticas de cálculo: ótica da oferta, ótica da demanda e a ótica da renda. Todos os
cálculos devem apresentar o mesmo resultado.
Para chegar aos dados finais, o IBGE coleta informações sobre agricultura, indústria e
serviços. Essa é a maneira de enxergar o PIB a partir da ótica da oferta, ou seja, do que
foi produzido.
Outra maneira de calcular o PIB é sob a ótica da demanda, por meio da fórmula
apresentada no gráfico acima: PIB = C + G + IP + IG + X – M. Por fim, também é possível
calcular o PIB a partir das informações sobre a ótica da renda. Nesse item, entram
salários, aluguéis, lucros e juros. Assim, o IBGE checa como as pessoas, empresas e
governos estão ganhando dinheiro. Para calcular o PIB são analisados: 128 produtos e 68
atividades econômicas.
Lembrando que: PIB nominal é calculado a preços correntes, ou seja, considera os preços
registrados no período em que o produto foi produzido e comercializado. Já no cálculo do
PIB real são excluídos os efeitos da inflação.

Para melhor entendimento assista o vídeo no site do IBGE e responda a questão abaixo:
https://youtu.be/lVjPv33T0hk
https://www.ibge.gov.br/explica/pib.php

• O PIB é o total de riqueza existente num país ou um indicador de fluxo de novos


bens e serviços finais, produzidos durante um período?

2) BALANÇO DE PAGAMENTOS E REGIMES CAMBIAIS

1. Balanço de Pagamentos Brasileiro

2. Taxa de Câmbio e Regimes cambiais;

“A inflação dói, mas o balanço de pagamentos mata.”


Mario Henrique Simonsen

Economia Empresarial
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1. BALANÇO DE PAGAMENTOS BRASILEIRO

O BPM6 define o Balanço de Pagamentos como a estatística macroeconômica que


sumariza transações entre residentes e não residentes, ao longo de um período,
normalmente 1 ano. Compreende a conta de bens e serviços, conta de renda primária,
conta de renda secundária, conta de capital e conta financeira.

US$ milhões
BALANÇO DE PAGAMENTOS - BPM 6

1. Transações correntes

A) Balança comercial
Exportações
Importações
B) Serviços
Viagens
Transportes
Aluguel de equipamentos
Demais serviços
C) Renda primária
Salários
Juros
Lucros e dividendos
D) Renda secundária

2. Conta capital

3. Conta financeira
Investimentos Direto
Investimento em Carteira
Empréstimos
Amortizações
Derivativos
Ativos de reserva
4. Erros e omissões

1. TRANSAÇÕES CORRENTES (A + B + C + D)

O Balanço de Transações Correntes inclui a Balança Comercial (exportações e importações


de bens), a Balança de Serviços (exportação e importação de serviços como turismo,
fretes, seguros e outros), a Balança de Rendas Primárias (exportação e importação de
lucros, juros e dividendos do setor público e privado) e a Balança de Renda Secundária
(exportação e importação de transferências de migrantes e doações).

IMPORTANTE! O saldo desta conta pode ser positivo ou negativo. No Brasil o saldo em
conta corrente é normalmente negativo (déficit). Neste caso, o país é devedor em relação
ao resto do mundo. Se houver déficit na conta corrente, ele terá de ser zerado com o

Economia Empresarial
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superávit na Conta Financeira, que é a entrada de investimentos no país, ou então terá de


usar suas reservas. Caso não tenha reservas? FMI.

• Todos os dados a seguir possuem a mesma fonte:

Transações correntes - Saldo (Nova Metodologia - BPM6)


Frequência: Anual
Fonte: Banco Central do Brasil, Balanço de Pagamentos (BPM6) (BCB / BP (BPM6))
Unidade: US$ (milhões)
Atualizado em: 24/09/2019. http://www.ipeadata.gov.br/

A) BALANÇA COMERCIAL

A balança comercial é o resultado das exportações e das importações de bens. Abrange 3


categorias: básicos, manufaturados e semimanufaturados.

Exemplos de produtos básicos: minério de ferro, petróleo em bruto, carne bovina, carne
suína, farelo de soja, fumo em folhas, soja em grão, carne de frango, café em grão,
algodão em bruto, milho em grão e minério de cobre.

No grupo dos manufaturados: óleos combustíveis, máquinas para terraplanagem, motores


e geradores, bombas e compressores , açúcar refinado, motores para veículos e partes,
autopeças, polímeros plásticos, plataforma p/extração de petróleo, tubos flexíveis de
ferro/aço, laminados planos, aviões, veículos de carga, óxidos e hidróxidos de alumínio,
automóveis de passageiros e papel e cartão.

No grupo dos semimanufaturados: ferro fundido, couros e peles, açúcar em bruto, ferro-
ligas, alumínio em bruto e semimanufaturados de ferro/aço, madeira serrada, ouro em
forma semimanufaturada, óleo de soja em bruto e celulose.

Os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic)


continuam como base das estatísticas do balanço de pagamentos, mas o BC agora soma
informações relativas à compra de energia (eletricidade, água e gás), exportações com
“saída fictícia” – exportações fictas- (quando o bem não deixa o país, caso das plataformas
de petróleo) e busca dados também com a Receita Federal e grandes empresas.

Economia Empresarial
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B) BALANÇA DE SERVIÇOS

Abrange o Setor Terciário – seguro, transportes, pesquisa e desenvolvimento,


telecomunicação, computação, serviços de informação, propriedade intelectual, sistema
financeiro, etc.

C) RENDA PRIMÁRIA
Contabilizam lucros remetidos, lucros investidos, juros - pagamentos de cupons de títulos
ou debêntures e dividendos.

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D) RENDA SECUNDÁRIA

Antiga conta de Transferências Unilaterais que introduz o conceito de transferências


pessoais. Nesta atual forma contábil é necessário apenas que o emissor ou receptor das
remessas sejam pessoas físicas, não importando a forma como os recursos financeiros
tenham sido gerados. O escopo desta rubrica foi ampliado.
Registra as transferências de qualquer espécie (moeda ou mercadoria) entre residentes e
não residentes de uma economia sem que haja contraprestação, financeira ou não, por
parte do beneficiário. Incluem-se as contribuições a entidades de classe, a entidades
associativas e a organismos internacionais, bilhetes e prêmios de loterias oficiais,
impostos, taxas, indenizações não amparadas por seguros, aposentadorias, pensões e
reparações de guerra. Incluem, também, as transferências efetuadas por migrantes
(remessas de trabalhadores), doações, heranças, vales e reembolsos postais e prêmios
auferidos em competições.

2. CONTA CAPITAL

Relaciona-se com a venda ou compra de marcas ou patentes. Esta série iniciou-se em


2000, quando foram criados os códigos de natureza das operações para a cessão de marcas
e patentes. Anteriormente, só existia a codificação para a licença de uso de marcas e
patentes (alocadas em serviços - royalties e licenças, no modelo BPM5).

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3. CONTA FINANCEIRA

O saldo desta conta compreende a soma dos Investimentos diretos, investimentos em


Carteira, Empréstimos, Amortizações, Derivativos e Ativos de Reserva.

3.1) Investimentos Diretos

Representa o somatório dos valores líquidos de: Investimento brasileiro direto no exterior
e Investimento estrangeiro direto no Brasil. Compõem os investimentos diretos a
participação no capital de empresas e os empréstimos intercompanhia (agora operações),
nos quais vale o critério de ativos e passivos a partir da identificação de residências do
credor e do devedor. O investimento direto é caracterizado por uma participação
duradoura e um significativo grau de influência na direção da empresa. Em termos
quantitativos, o Manual de Balanço de Pagamentos define como investimento direto a
aquisição de 10% ou mais de ações ordinárias ou do total de votos. No caso brasileiro
existem normativos diferenciados para os investimentos em carteira e diretos, que
atendem de forma eficiente ao conceito de participação efetiva na empresa, apesar de não
mencionar o limite de 10%.

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3.2) Investimentos em Carteira

Registra os fluxos líquidos de ativos: Investimento brasileiro em carteira - IBC) e passivos


Investimento Estrangeiro em Carteira- IEC), constituídos por valores mobiliários
comumente negociados em mercados secundários de títulos. Ações e Títulos.

3.3) Derivativos
Registra os fluxos financeiros relativos à liquidação de haveres e obrigações decorrentes
de operações de swap, opções e futuros e os fluxos relativos aos prêmios de opções. Não
inclui os fluxos de depósitos de margens de garantia vinculados às operações em bolsas
de futuros, alocados em outros investimentos de curto prazo.

3.4) Outros Investimentos


Representa o somatório dos depósitos, empréstimos, créditos comerciais e outros ativos
e passivos.

Fonte: Instituição Fiscal independente.


http://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/536464/RAF12_JAN2018.pdf

3.5) Ativos de Reserva

Conceito: Ativos de reserva compreendem ativos externos prontamente disponíveis, sob


controle da autoridade monetária, cuja principal função é o financiamento de desequilíbrios
no balanço de pagamentos ou a regulação da magnitude desses desequilíbrios, pelo ajuste
do nível da taxa de câmbio mediante intervenção no mercado de câmbio. As reservas

Economia Empresarial
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oficiais compreendem os seguintes ativos: depósitos, títulos, ouro, Dólares, Direitos


Especiais de Saque (DES), outros haveres em moeda estrangeira e a posição de reserva
no FMI.
A principal fonte de dados é a contabilidade do Banco Central do Brasil. O FMI fornece
dados da posição de reserva do Brasil com o FMI.

4. ERROS E OMISSÕES
Ao se realizar lançamentos no Balanço, com base em diversas fontes de informações,
obtêm-se um conjunto coerente de lançamentos a crédito e a débito, cujo total líquido é
teoricamente igual a zero.
Na prática, contudo, o Balanço totaliza Saldo Líquido diferente de zero em razão,
principalmente das discrepâncias temporais nas fontes de dados utilizadas. Isso torne
necessário o lançamento de partida equilibradora para o tal balanceamento das contas.
Os Erros e Omissões se prestam a compensar toda a superestimação ou subestimação dos
componentes registrados. A magnitude da partida equilibradora não é necessariamente
um indício da exatidão geral do balanço, uma vez que falhas na compilação podem ser
compensadas dentro do mesmo período.

RESERVAS INTERNACIONAIS

As reservas internacionais são os ativos do Brasil em moeda estrangeira e funcionam como


uma espécie de seguro para o país fazer frente às suas obrigações no exterior e a choques
de natureza externa, tais como crises cambiais e interrupções nos fluxos de capital para o
país.

No caso do Brasil, que adota o regime de câmbio flutuante, esse colchão de segurança
ajuda a manter a funcionalidade do mercado de câmbio de forma a atenuar oscilações
bruscas da moeda local - o real - perante o dólar, dando maior previsibilidade e segurança
para os agentes do mercado.

Essas reservas, administradas pelo Banco Central, são compostas principalmente por
títulos, depósitos em moedas (dólar, euro, libra esterlina, iene, dólar canadense e dólar
australiano), direitos especiais de saque junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI),
depósitos no Banco de Compensações Internacionais (BIS), ouro, entre outros ativos.

Economia Empresarial
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A alocação das reservas internacionais é feita de acordo com o tripé segurança, liquidez e
rentabilidade, nessa ordem, sendo a política de investimentos definida pela Diretoria
Colegiada do Banco Central.
https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/reservasinternacionais

RESERVAS INTERNACIONAIS DO BRASIL


400.000,0000

350.000,0000

300.000,0000

250.000,0000

200.000,0000

150.000,0000

100.000,0000

50.000,0000

0,0000
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
Reservas internacionais
Frequência: Anual de 1994 até 2017
Fonte: Banco Central
Unidade: US$ (milhões)
Comentário: Trata-se do estoque em dezembro do ano de referência.
Atualizado em: 07/06/2018

Para ver dados diários consulte:


https://www3.bcb.gov.br/sgspub/consultarvalores/consultarValoresSeries.do?method=co
nsultarSeries&series=13621

2. TAXA DE CÂMBIO E REGIMES CAMBIAIS

Taxa de câmbio é o preço de uma unidade monetária de uma moeda em unidades


monetárias de outra moeda.

A taxa de câmbio reflete, assim, o custo de uma moeda em relação a outra, dividindo-se
em taxa de venda e taxa de compra. Pensando sempre do ponto de vista do banco (ou
outro agente autorizado a operar pelo banco Central, a taxa de venda é o preço que o
banco cobra para vender a moeda estrangeira (a um importador, por exemplo),
enquanto a taxa de compra reflete o preço que o banco aceita pagar pela moeda
estrangeira que lhe é ofertada (por um exportador, por exemplo).

Portanto, o câmbio é uma das variáveis mais importantes da macroeconomia,


sobretudo no que se refere ao comércio internacional. Quando se deseja negociar

Economia Empresarial
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ativos de um país para outro, quase invariavelmente temos de mudar a unidade de conta
do valor desses ativos – da moeda doméstica para a moeda estrangeira. Nesse sentido,
pode-se definir a taxa de câmbio de um país como o número de unidades de moeda de um
país necessário para se comprar uma unidade de moeda de outro país. Em outras palavras,
é o preço de uma moeda em termos de outra.

Taxa de Câmbio Nominal – é a taxa à qual se pode trocar uma moeda de um país pela
moeda de outro país. É a cotação que aparece diariamente no noticiário de economia.

Taxa de Câmbio Real – é a taxa à qual se pode trocar os bens e serviços de um país
pelos bens e serviços de outro país. Há um ajuste da Taxa de Câmbio Nominal mediante a
inclusão das taxas de inflação interna e externa.

O que significam as taxas de "câmbio comercial", "câmbio turismo" e


"paralelo"?

Inicialmente destacamos que existe um único mercado de câmbio legal no País.


A terminologia "câmbio comercial", ou "dólar comercial", e "câmbio turismo", ou
"dólar turismo", no entanto, é utilizada pelo mercado para indicar as diferentes
taxas praticadas de acordo com a natureza da operação.

Assim, as expressões "câmbio turismo" ou "dólar turismo" são utilizadas


comumente para classificar as operações relativas a compra e venda de moeda
para viagens internacionais, geralmente em espécie. As expressões "câmbio
comercial" ou "dólar comercial" são usadas para as demais operações realizadas
no mercado de câmbio, tais como: exportação, importação, transferências
financeiras, etc. Essas expressões são utilizadas mesmo quando as operações são
realizadas em outras moedas estrangeiras, como o euro, iene, etc.

As operações de câmbio têm diferentes características, de acordo com a


natureza de cada uma, com custos administrativos e financeiros também diversos.
Assim, a taxa de câmbio pode variar de acordo com a natureza da operação, da
forma de entrega da moeda estrangeira e de outros componentes tais como valor
da operação, cliente, prazo de liquidação, etc. As taxas de câmbio divulgadas
normalmente são médias apuradas para simples referência.

Quanto ao mercado paralelo, trata-se de mercado ilegal, à margem da legislação


e regulamentação vigentes, sujeitando seus participantes às sanções cabíveis.

Fonte http://www.bcb.gov.br/pre/bc_atende/port/taxCam.asp

Regimes cambiais

Existe uma variedade bastante ampla de diferentes arranjos de câmbio adotados pelos
países ao longo da história. Todos esses arranjos podem ser agrupados em dois segmentos
básicos: regimes cambiais fixos ou flutuantes.

Economia Empresarial
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A diferença básica entre esses dois regimes é que, enquanto no caso dos câmbios fixos a
taxa de câmbio é definida pelas autoridades monetárias nacionais, em câmbios flutuantes
essa mesma taxa é formada no mercado cambial, através dos movimentos de oferta e
demanda por ativos em moeda estrangeira.

A oferta e demanda, mais precisamente o ‘Mercado’, é definido pela interação dos Agentes
Econômicos: Famílias, Empresas, Instituições financeiras, Instituições Não financeiras,
Governo e Setor Externo.

O ‘preço’ do Câmbio é dado pela interação entre estes agentes, que ora ofertam dólares e
ora demandam dólares.

Os regimes cambiais são definidos pelo grau e tipo de intervenções utilizadas pelo banco
central. Em um regime de câmbio flutuante, teoricamente, não deveriam ocorrer
intervenções no mercado de câmbio, entretanto, o que observamos em grande parte dos
países que se denominam pertencerem aos seguidores do câmbio flutuante, é uma espécie
de “flutuação suja” (dirty float).
Dependendo do período analisado e da política adotada, países pertencentes a esta
categoria podem diferir bastante no que se refere às intervenções.
Regimes caracterizados por possuírem flutuação livre são raros, principalmente dentre os
países em desenvolvimento.
Metade dos países adota regimes intermediários em relação ao grau de flutuação quando
considerado o regime de câmbio exercido na prática, que como sabemos pode diferir muito
daquele anunciado.

O Brasil, por exemplo, em janeiro de 1999, experimentou uma mudança de regime


cambial, migrando de um regime de câmbio fixo para um regime de câmbio flutuante.

O regime cambial adotado no Brasil, desde então, é Flutuante ou Flexível, ou seja, o valor
do Dólar em Real depende da sua demanda e oferta no mercado. Assim, se sobram Dólares
no mercado, existe uma tendência de o preço do Dólar cair, e se faltam Dólares no
mercado, o preço do Dólar tende a subir.

Apesar do nosso câmbio ser flutuante, o Banco Central compra e vende a moeda americana
com o intuito de controlar o valor. Se o Dólar está muito valorizado, o Banco Central realiza
leilões de venda para forçar o preço para baixo, e quando o Dólar cai demais o Banco
Central intervém comprando com o intuito de elevar a sua cotação.

O nosso regime cambial, portanto, é conhecido como flutuação suja ou "Dirty


Floating", expressão utilizada para representar o regime cambial flutuante, mas
com intervenção do Banco Central.

Regime de Metas para Inflação no Brasil

Introdução

A partir de junho de 1999 o Banco Central do Brasil (BC) adotou o regime de metas para
inflação. Nesse regime, cabe ao BC conduzir a política monetária de forma a cumprir a

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51

meta de inflação determinada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para os dois anos
subsequentes.

Em linhas gerais, o regime de metas não difere significativamente entre os países que o
adotam, grande parte das diferenças parecem estar na avaliação e no peso que cada banco
central atribui a algumas variáveis pertinentes à política monetária. É de se esperar que a
condução da política monetária varie conforme os distintos históricos de estabilidade
monetária e econômica específicos a cada país.

O Regime de Metas para Inflação no Mundo

O regime de metas foi inicialmente adotado pela Nova Zelândia, em 1990. Até meados da
década de 90 o regime foi implementado, sobretudo por países desenvolvidos, exceção
feita ao Chile. A Espanha e a Finlândia abandonaram o regime de metas em 1998 em
função do ingresso na União Monetária Europeia.

A proposta do regime de metas é tornar pública a taxa de inflação a ser alcançada pelo
banco central, bem como os instrumentos a serem efetivamente empregados visando este
objetivo e as análises que amparam o processo de tomada de decisão.

A adoção do regime permite que os agentes econômicos passem a ter uma referência da
inflação futura de modo que o processo de formação de preços no presente se balize por
essa perspectiva de inflação. Espera-se que à medida que o banco central ganhe
credibilidade e transparência na perseguição de seu objetivo, mais efetivo seja o regime,
ou seja, maior a capacidade do banco central trazer as expectativas de inflação dos agentes
ao encontro da meta.

Em tese, a instituição do regime favoreceria a convergência da inflação


corrente para a meta de inflação.

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O Regime de Metas para Inflação no Brasil


Histórico do Regime de Metas

O Decreto 3.088 de 21/06/1999 instituiu no Brasil o regime de metas para inflação. De


1994 a 1999, a estabilização monetária se valeu em grande medida de um regime
caracterizado por câmbio quase fixo; o regime de metas para inflação surgiu como
alternativa à política monetária após a passagem para o regime de câmbio flutuante.

O Regime de Metas para Inflação no Brasil


Histórico do Regime de Metas

O Decreto 3.088 de 21/06/1999 instituiu no Brasil o regime de metas para inflação. De


1994 a 1999, a estabilização monetária se valeu em grande medida de um regime
caracterizado por câmbio quase fixo; o regime de metas para inflação surgiu como
alternativa à política monetária após a passagem para o regime de câmbio
flutuante.
Ano Norma Data Meta (%) Banda (p.p.) Limites (%) (IPCA % a.a.)
1999 8 2 8,94
2000 Resolução 2.615 30/6/1999 6 2 4-8 5,97
2001 4 2 2-6 7,67
2002 Resolução 2.744 28/6/2000 3,5 2 1,5-5,5 12,53
2003* Resolução 2.842 28/6/2001 3,25 2 1,25-5,25 9,3
Resolução 2.972 27/06/2002 4 2,5 1,5-6,5
2004* Resolução 2.972 27/06/2002 3,75 2,5 1,25-6,25 7,6
Resolução 3.108 25/06/2003 5,5 2,5
2005 Resolução 3.108 25/6/2003 4,5 2,5 2-7 5,69
2006 Resolução 3.210 30/6/2004 4,5 2 2,5-6,5 3,14
2007 Resolução 3.291 23/06/2005 4,5 2 2,5-6,5 4,46
2008 Resolução 3.378 29/6/2006 4,5 2 2,5-6,5 5,9
2009 Resolução 3.463 26/6/2007 4,5 2 2,5-6,5 4,31
2010 Resolução 3.584 01/7/2008 4,5 2 2,5-6,5 5,91
2011 Resolução 3.748 30/6/2009 4,5 2 2,5-6,5 6,5
2012 Resolução 3.880 22/6/2010 4,5 2 2,5-6,5 5,84
2013 Resolução 3.991 30/6/2011 4,5 2 2,5-6,5 5,91
2014 Resolução 4.095 28/6/2012 4,5 2 2,5-6,5 6,41
2015 Resolução 4.237 28/6/2013 4,5 2 2,5-6,5 10,67
2016 Resolução 4.345 25/6/2014 4,5 2 2,5-6,5 6,29
2017 Resolução 4.419 25/6/2015 4,5 1,5 3,0-6,0 2,95
2018 Resolução 4.499 30/6/2016 4,5 1,5 3,0-6,0 3,75
2019 Resolução 4.582 29/6/2017 4,25 1,5 2,75-5,75
2020 Resolução 4.582 29/6/2017 4 1,5 2,5-5,5
2021 Resolução 4.671 26/6/2018 3,75 1,5 2,25-5,25
2022 Resolução 4.724 27/6/2019 3,50 1,5 2,00-5,00
* A Carta Aberta, de 21/1/2003, estabeleceu metas ajustadas de 8,5% para 2003 e de 5,5% para 2004.

https://www.bcb.gov.br/controleinflacao/historicometas

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A inflação ficou fora do intervalo de tolerância em cinco anos: 2001, 2002, 2003, 2015 e
2017. Como manda o sistema, o presidente do Banco Central escreveu carta aberta ao
presidente do Conselho Monetário Nacional (CMN), contendo descrição detalhada das
causas do descumprimento da meta, as providências para assegurar o retorno da inflação
aos limites estabelecidos e o prazo no qual se espera que as providências produzam efeito.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

“A maioria dos mamíferos sai do útero como cerâmica vidrada saindo


do forno – qualquer tentativa de moldá-los novamente apenas irá
rachá-los ou quebrá-los. Os humanos saem do útero como vidro
derretido saindo de uma fornalha. Podem ser retorcidos, esticados e
moldados com surpreendente liberdade. É por isso que hoje podemos
educar nossos filhos para serem cristãos ou budistas, capitalistas ou
socialistas, belicosos ou pacifistas.”

Yuval Noah Harari em Sapiens, p.25.

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