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Integração

Lavoura Pecuária
Boletim Técnico

A B E A S

CONVÊNIO Nº 420013200500139/SDC/MAPA

A B E A S
Apresentação
Esta publicação, produto do esforço do Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento-MAPA,
em parceria com a Associação Brasileira de
Índice
Educação Agrícola Superior-ABEAS, é dirigida a
Apresentação 3
técnicos que atuam em atividade de fomento,
assistência técnica e assessoria a produtores
rurais e que desejam ter acesso a experiências Integração Lavoura-Pecuária 4
com os sistemas de integração lavoura-pecuária.
1. Objetivos da integração lavoura-pecuária 6
Este boletim apresenta informações sobre os
principais sistemas de integração agricultura e
pecuária adotados nos Cerrados, e visa despertar 2. Benefícios da integração lavoura-pecuária 8
o interesse de profissionais que buscam
tecnologias sustentáveis para o agronegócio. 3. Alternativas de integração lavoura-pecuária 14

Ao longo do texto são apresentadas informações 4. Estratégias para testar e divulgar a tecnologia de
sobre o conceito de integração lavoura-pecuária e integração lavoura-pecuária 17
os principais benefícios gerados pela adoção de
tais sistemas e dessas tecnologias. O boletim
5. Como implantar um projeto de integração lavoura-
sugere, ainda, estratégias para que o técnico
implante, valide e divulgue projetos baseados no pecuária 20
sistema de integração lavoura-pecuária, bem
como apresenta indicações de centros de 6. Resultados obtidos em sistemas de integração lavoura-
divulgação tecnológica onde poderá obter pecuária 25
informações adicionais sobre o assunto.
7. Financiamento para projetos de Integração
Além dos sistemas de integração lavoura-
Lavoura-Pecuária 30
pecuária, o boletim aborda, também a Medida
Provisória nº 2.166-67, que altera o Código
Florestal. A matéria relativa ao Código Florestal 8. Centros de referência e de divulgação dos Sistemas de
visa proporcionar aos técnicos informações Integração Lavoura-Pecuária 33
atualizadas sobre o texto legal em vigor, essencial
para nortear a sua conduta diante da necessidade
de orientar os produtores a produzir e, ao mesmo
O Código Florestal e a atividade
tempo, preservar os recursos naturais.
agropecuária 34
A publicação colocada à disposição dos
profissionais de Ciências Agrárias não pretende Fontes Consultadas 38
esgotar os temas citados, mas oferecer um
panorama geral da recuperação de pastagens
degradadas com a utilização de sistemas de
integração e despertá-los para a necessidade de
pensar a produção rural sob o ponto de vista da
sustentabilidade ambiental, social e econômica.
Pretende-se, também, incentivar os profissionais Produção Técnica e Editoração
para que busquem, continuamente, melhorias de Ludigraf Editora Ltda.
qualidade, inovação e competitividade no contexto Consultores:
das diversas cadeias produtivas, pois não basta Eng. Agr. João Lustosa
mais apenas produzir bem. É necessário conhecer Tec. de Marketing Abdiel Rocha
o mercado e antecipar às suas demandas e
exigências para garantir a lucratividade no
processo produtivo.
Brasília, abril de 2007

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INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA
A integração lavoura-pecuária consiste de diferentes sistemas produtivos de
grãos, fibras, madeira, carne, leite e agroenergia, implantados na mesma área,
em consórcio, em rotação ou em sucessão, envolvendo o plantio, principalmente,
de grãos e a implantação ou recuperação de pastagens.

O sistema de integração lavoura-pecuária otimiza o uso do solo, com aumento da


produção de grãos em áreas usualmente cultivadas com pastagens, e aumenta a
produtividade das pastagens em decorrência da sua renovação ou
aproveitamento da adubação residual da lavoura de grãos. Aliada a práticas
conservacionistas, se constitui em uma alternativa econômica e sustentável para
recuperar áreas degradadas, como pastagens com baixa produção de forragens
e lavouras com problemas de produtividade.

O plantio de lavouras para proporcionar a redução dos custos da recuperação de


pastos degradados não é novo. Pelo contrário, é uma fórmula usada há muitas
décadas para, através da receita produzida por culturas anuais, amortizar a
recuperação da fertilidade e da capacidade produtiva de um pasto degradado. A
novidade é que hoje isto pode ser feito com a adoção de técnicas combinadas que
geram altas produtividades. Uma dessas técnicas é o plantio direto, que prioriza a
redução de impacto da agricultura sobre o meio ambiente na implantação dos
sistemas produtivos que compõem o Sistema de Integração Lavoura-Pecuária
em grande número de casos.

A formação de palhada é condição essencial para a utilização do sistema plantio direto

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Segundo LOS (1997), citado por Ake Bernard van der Vinne por ocasião do II
Seminário sobre o Sistema Plantio Direto realizado em 1999 na Universidade
Federal de Viçosa, é possível enumerar formas alternativas de integração da
lavoura com a pecuária:

§ Introdução de forrageiras num sistema agrícola desenvolvido


com culturas anuais;
§ Introdução de cultivos agrícolas em áreas sob exploração
pecuária;
§ Introdução de exploração pecuária em áreas agrícolas;
§ Recuperação de solos agrícolas com a introdução de pastagens;
§ Implementação de culturas agrícolas para a renovação de
pastagens.

Os benefícios decorrentes da adoção dos sistemas produtivos de integração


lavoura-pecuária, segundo o Eng. Agr. Márcio Scaléa, especialista em plantio
direto, em seu trabalho Viabilização da Propriedade Rural Através da Integração
Lavoura-Pecuária, “abrem uma perspectiva revolucionária para o Brasil”. Justifica
seu entusiasmo afirmando que “através da integração lavoura-pecuária, o País
pode fazer frente às acusações internacionais sobre derrubadas indiscriminadas
de florestas para a expansão da fronteira agrícola, pois basta incentivar o plantio
de grãos sobre os mais de 40 milhões de hectares de pastagens degradadas para
estender a fronteira sem derrubar um metro de mata.”

Plantio Direto na Palha

O sistema de plantio direto na palha compreende um conjunto de técnicas


integradas que visa melhorar as condições ambientais (água-solo-planta), para
explorar da melhor forma possível o potencial genético de produção das culturas,
respeitando-se três requisitos mínimos:

§ O não revolvimento do solo;


§ A rotação de culturas; e
§ O uso de culturas de cobertura para formação de palhada, que servirá de
proteção para o solo.

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1. Objetivos da Integração
Lavoura-Pecuária
No passado, a produção de grãos integrada com a atividade pecuária nos trópicos
limitava-se a restritas opções. Hoje são inúmeras as ofertas tecnológicas
aplicáveis aos mais diversos anseios e situações socioeconômicas dos
produtores. Da mesma forma, os objetivos da integração também são variados.

Os principais objetivos da integração lavoura-pecuária podem ser enumerados


como se segue:

Recuperar ou reformar pastagens degradadas.


Nesse sistema, as lavouras são utilizadas a fim de que a produção de grãos
pague, pelo menos em parte, os custos da recuperação ou da reforma das
pastagens. Na área da pastagem degradada, cultiva-se grãos por um, dois ou
mais anos e, depois, volta-se com a pastagem, que vai aproveitar os nutrientes
residuais das lavouras na produção de forragem.
Para evitar outro ciclo de degradação, é necessário elaborar um cronograma de
adubação de manutenção da pastagem recém-implantada (Alvarenga, 2004).
Após esse período, a pastagem sofre novo ciclo de degradação, devido ao
esgotamento dos nutrientes que entraram no sistema via adubação das lavouras.
Então, é necessário cultivar lavouras novamente na área para reposição de
nutrientes (Moraes, 1993).

Pastagem recuperada por meio da integração lavoura-pecuária. Observa-se a gramínea dominando o


campo de pastejo após a colheita do milho

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Melhorar as condições físicas e biológicas do solo com a pastagem em
áreas de lavoura
As pastagens deixam quantidades apreciáveis de palha sobre o solo e de raízes
no perfil do solo. Isso tende a aumentar a matéria orgânica, que é fundamental na
melhoria da sua estrutura física. Ela também é fonte de carbono para os
organismos do solo. Além disso, a decomposição das raízes cria uma rede de
canalículos no solo, que facilita as trocas gasosas e a movimentação
descendente de água (Moraes, 1993, Macedo e Zimmer, 1993). Esse novo
ambiente, criado no solo pela integração lavoura-pecuária, é fundamental para
impactar positivamente tanto a sua sustentabilidade quanto a produtividade do
sistema agropecuário.

Recuperar a fertilidade do solo com a lavoura em áreas de pastagens


degradadas
A correção química do solo e a adubação para cultivo de lavouras recuperam a
fertilidade do solo, aumentando a oferta de nutrientes para o pasto e, por
conseguinte, o seu potencial de produção (Alvarenga, 2004).

Produzir pasto, forragem e grãos para alimentação animal na estação seca


Além da produção de silagem e de grãos, a integração lavoura-pecuária
possibilita que a pastagem produzida no consórcio seja utilizada durante a
estação seca. A correção do perfil de solo proporciona melhor desenvolvimento
do sistema radicular da forrageira que, assim, aprofunda-se no perfil e absorve
água a maiores profundidade (Alvarenga, 2004).

Reduzir os custos, tanto da atividade agrícola quanto da pecuária


Como há ganho em produtividade tanto das lavouras quanto das pastagens,
menor demanda por agrotóxicos e melhor aproveitamento da mão-de-obra, os
custos de produção são reduzidos (Alvarenga, 2004, Maraschin, 1985).

Diversificar e estabilizar a renda do produtor


A diversificação de culturas nos sistemas de rotação e o aumento de
produtividade conferem maior estabilidade de renda, pois diminuem os riscos
inerentes ao cultivo de uma única cultura (Alvarenga, 2004).

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2. Benefícios da Integração
Lavoura-Pecuária
Para o produtor, os benefícios da integração lavoura-pecuária podem ser assim
sintetizados: agronômicos, por meio da recuperação e manutenção das
características produtivas do solo; econômicos, por meio da diversificação da
oferta de produção e obtenção de maiores rendimentos por unidade de área;
ecológicos, por meio da redução de pragas e doenças nocivas às espécies
cultivadas sob sistema de monocultivo, diminuição no uso de agrotóxicos e
redução da erosão dos solos; e sociais, pela geração de mais empregos.

A integração lavoura-pecuária se baseia na utilização dos recursos disponíveis na


propriedade, por meio da combinação do uso dos fatores de produção requeridos
para desenvolver cada uma dessas atividades.

Os benefícios do sistema de integração lavoura-pecuária, segundo relata o Eng.


Agr. Márcio Scaléa em seu trabalho intitulado Viabilização da Propriedade Rural
Através da Integração Lavoura - Pecuária, pode ser dividido em três grupos:

1- Benefícios da pecuária para a lavoura;


2- Benefícios da lavoura para a pecuária;
3- Benefícios decorrentes do plantio direto.

Consórcio de cultura anual com pastagem proporciona maior retorno econômico para o produtor

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Benefícios da pecuária para a lavoura

A palhada, representada pela pastagem dessecada com herbicida, vem


solucionar um dos problemas crônicos da agricultura sob plantio direto, que é a
deficiência desse “insumo”, base para o sucesso de qualquer programa que utiliza
essa técnica. Este talvez seja o grande benefício que a pecuária traz para o
sistema de integração. Inúmeros outros benefícios decorrentes da produção de
palha são listados a seguir:

§ Supressão de plantas daninhas;


§ Reciclagem de nutrientes (extraídos de camadas profundas graças ao
sistema radicular das gramíneas); e
§ Retorno de matéria orgânica ao solo (com seus benefícios físicos,
biológicos e químicos na fertilidade e estrutura dos agregados).

O sistema de integração oferece, ainda, benefícios típicos da rotação de culturas,


como a quebra do ciclo de pragas, de plantas daninhas e de doenças. E, por
último, um grande benefício, representado pela sinergia entre as atividades
agrícolas e pecuárias.

O sistema radicular das gramineas possui capacidade de extrair nutrientes das camadas mais profundas
do solo. Essa reciclagem de nutrientes reduz a despesa com fertilizantes por ocasião do plantio da cultura
anual, que será realizada após a dessecação da pastagem

Benefícios da lavoura para a pecuária

Qualquer lavoura implantada e conduzida razoavelmente bem sobre uma


pastagem degradada, acaba por gerar uma receita que paga parte dos custos da
lavoura em si ou até mesmo deixa sobras, amortizando, em meses, o que a
pecuária levaria anos para pagar.
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De acordo com o agropecuarista Ake Bernard van der Vinne, relatando
experiências com o sistema de integração na Fazenda Cabeceira, localizada em
Maracaju–MS, durante o II Seminário sobre o Sistema Plantio Direto realizado em
Viçosa em 1999, a integração oferece os seguintes benefícios para a pecuária:

§ Aproveitamento do resíduo das adubações da lavoura;

§ Produção de forragem de melhor qualidade;

§ Recuperação da produtividade da pastagem;

§ Menor custo na implantação de uma nova pastagem;

§ Aumento da produtividade de carne (abate com 18,4 arrobas aos 24


meses de idade); e

§ Ganho de peso dos animais, mesmo na época seca.

O aproveitamento do resíduo da adubação aplicada na cultura anual, além de proporcionar


forragem de melhor qualidade, reduz o custo de implantação da nova pastagem

Benefícios decorrentes do plantio direto

Os benefícios da adoção do plantio direto são de ordem econômica,


agronômica e ambiental, conforme se explica a seguir:

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Benefício econômico:
O plantio direto reduz a necessidade de máquinas na atividade
produtiva (até 48% a menos do que um plantio convencional), de mão-
de-obra (até 70%) e de óleo combustível (até 74%). Promove, ainda, o
controle de ervas daninhas e conseqüente redução de capinas
mecânicas ou químicas. Tudo isso somado se traduz em custos
menores e menor aporte de capital para viabilizar a implantação e
manutenção da lavoura.

Benefício agronômico:
O plantio direto traz o benefício da sustentabilidade. Todos os sistemas
convencionais de plantio, baseados em arados e grades, são
responsáveis pelos quadros de degradação verificados atualmente nos
solos de diversas regiões do país. O plantio direto, pela adição de palha,
proporciona o aumento de matéria orgânica nos solos, seja em
quantidade, seja em qualidade.

Observa-se a camada de palha sob plantio de cultura anual em sistema de plantio direto. A palha
proporciona maior retenção de umidade e adição de matéria orgânica no solo

Benefício para o meio ambiente:


A importância do plantio direto na palha é notória: reduz a compactação
e controla a erosão em face da redução do escorrimento superficial e
aumento na infiltração da água no solo. Os benefícios são: retenção de
umidade do solo, redução do assoreamento e da contaminação dos
cursos d'água e maior aporte de água ao lençol freático.

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Plantio de lavoura anual sobre a palhada dessecada proporciona a redução das perdas de solo

Dados citados por PRIMAVESI (1980), constantes da tabela 1, mostram que o


plantio direto com a utilização de palhada com no mínimo 5cm de espessura é
muito eficaz para reduzir as perdas de solo.
Tabela 1 – Perda de solo em latossolo vermelho com textura argilosa em terreno com 10% de declive
submetido a diferentes modos de preparo

Fonte: Anais do 8º Encontro de Plantio Direto no Cerrado, 2005, Tangará da Serra, Mato Grosso.
Extraído do texto Plantio Direto e Sustentabilidade.

A prática continuada do sistema de integração lavoura-pecuária com o uso do


plantio direto tem proporcionado ganho de matéria orgânica e conseqüente
melhoria da estrutura física, química e biológica do solo. Com isso se consegue
uma maior retenção de umidade e melhora da fertilidade desse solo. Todos esses
benefícios repercutem na produtividade, redução dos custos e na conservação do
meio ambiente.

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Plantio direto na palha proporciona reduzida perda no stand mesmo se houver pequenos períodos de
estiagem no pós-plantio, vez que retém maior umidade no perfil do solo

Benefícios do Sistema de Integração Lavoura-Pecuária

· Maior produção de forragem na seca


· Fornecimento de nutrientes para a pastagem
· Facilita a troca de espécie forrageira
· Aumento da produtividade da pastagem
· Redução nos custos de implantação da pastagem
· Possibilita expandir a produção de grãos sem a necessidade
de novas derrubadas de floresta
· Aumento da renda com a atividade rural
· Reduz a compactação do solo
· Promove o controle da erosão
· Quebra dos ciclos de praga, doenças e plantas daninhas
· Aumento da matéria orgânica no solo
· Redução na contaminação e assoreamento dos cursos d'água

Além dos benefícios já citados, a integração lavoura-pecuária promove maior


geração de tributos e de empregos diretos e indiretos, fixação do homem no
campo e conseqüente redução da favelização das cidades.

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3. Alternativas de Integração
Lavoura-Pecuária
As principais alternativas de integração lavoura-pecuária na região dos Cerrados,
considerando-se principalmente as condições edafo-climáticas, são detalhadas a
seguir.

3.1) Integração em áreas com pastagem e solo degradados

Consórcios, rotações e sucessões lavouras-pastagens são recomendados para a


recuperação de solos e pastagens degradados. A produção de grãos visa,
fundamentalmente, o ressarcimento parcial ou total dos dispêndios realizados
com insumos e serviços.

Consórcio de culturas anuais com forrageiras: Pastagens


degradadas em solo degradado podem ser recuperadas consorciando-se arroz
com forrageiras dos gêneros Brachiaria sp, Andropogon e leguminosas
forrageiras, em solos menos férteis e mais ácidos, utilizando-se tecnologia
apropriada para a cultura anual. A produção de grãos tem sido suficiente para
amortizar, parcial ou totalmente, os gastos despendidos com a
recuperação/renovação das pastagens (Yokoyama et al., 1995). Em solo
previamente corrigido com calcário, preferencialmente com seis meses de
antecedência, pode-se consorciar milho, sorgo, girassol ou milheto com
forrageiras dos gêneros Brachiaria, Andropogon, Panicum e leguminosas
forrageiras (Oliveira et al., 1996; Kluthcouski et al., 1999).

Sucessão lavoura-pastagem anual e/ou perene: A sucessão de


culturas anuais com forrageiras anuais tem sido utilizada quando o objetivo é
produzir forragem para ensilagem ou pastejo, principalmente na entressafra.
Refere-se, quase sempre, à sucessão anual de cultura de verão (milho ou soja)
seguida de cultivo de espécie forrageira na safrinha, especialmente milheto ou
sorgo pastejo, semeados em fevereiro-março.

Rotação cultura anual–forrageira: Em áreas com pastagem e solo


degradados também é possível estabelecer a rotação lavoura–pastagem,
envolvendo principalmente as culturas de arroz e soja, desde que a área seja
devidamente corrigida.

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Rotação pastagem-feijão em sistema de plantio direto. Observa-se a boa cobertura do solo após a
dessecação da pastagem

3.2) Integração em áreas com pastagem degradada

Incluem-se aqui as áreas que, depois de devidamente corrigidas, principalmente


em relação à acidez do solo, tenham sido transformadas em áreas de pastagem,
onde, com o passar do tempo, foi exaurida a reserva de um ou mais nutrientes do
solo. Nestas condições, com o objetivo de restabelecer um bom índice de
produtividade da pastagem, podem ser adotadas as modalidades de integração
relacionadas a seguir.

Consórcio de culturas anuais com forrageiras: Pastagem degradada


pode ser recuperada pelo consórcio de culturas anuais (milho ou sorgo) com
braquiárias e Panicum, e soja com braquiária, estabelecidos no início do período
chuvoso. Com isso, após a colheita da cultura anual, a forrageira ainda terá chuva
suficiente para o seu pleno estabelecimento.

Consórcio cultura anual com forrageira. Observa-se que não há competição entre o milho e a
gramínea
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Rotação/sucessão de culturas anuais com forrageiras: Nesta situação,
recomenda-se que pastagens implantadas em solos ainda não degradados,
sejam recuperadas pela rotação com soja. O procedimento consiste da correção
do solo, se recomendado pela sua análise, e semeadura direta da soja sobre a
palhada da braquiária. Caso seja necessário manter a rotação por mais de um
ano, para melhor condicionamento da fertilidade do solo, pode-se, a cada
entressafra, estabelecer forrageiras anuais na área, além da ressemeadura
natural que geralmente ocorre nesta situação.

À esquerda, a pastagem sucederá o milho após a sua colheita, mantendo-se a cobertura do solo e
garantindo alimentação para o rebanho na época seca. À direita, soja solteira, que dará lugar à
gramínea na safra seguinte

3.3) Integração em áreas de lavoura sob solo corrigido

Em solos corrigidos, sob exploração de lavouras, as alternativas de integração


visam principalmente a produção forrageira para a entressafra. Por tratar-se de
áreas destinadas à produção de grãos, as opções de integração não devem
interferir no cronograma de atividades e de exploração das culturas anuais no
período de verão.
Consórcio de culturas anuais com forrageiras: No consórcio de
culturas anuais com forrageiras, são possíveis as associações de milho e sorgo,
graníferos e forrageiros, com Brachiaria e Panicum, e soja com Brachiaria.
Rotação cultura anual-forrageira: Esta alternativa de integração reúne
todas as vantagens inerentes ao plantio de grãos e de pastagens, se considerado
isoladamente. O efeito da adubação residual da cultura repercute positivamente
na manutenção de altas produtividades nas pastagens e na produção de grãos.
Os componentes principais são o milho e a soja, rotacionados principalmente com
forrageiras dos gêneros Brachiaria sp e Panicum sp.
Sucessão anual cultura anual-forrageira anual: A sucessão anual de
culturas anuais com forrageira objetiva, temporariamente, a produção forrageira
para a entressafra ou período seco. Consiste em semear, na safrinha, após a
colheita da cultura de verão, particularmente a soja, forrageira anual como o sorgo
pastejo ou o milheto. Esta modalidade de integração é recomendada
particularmente para o sistema plantio direto.

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4. Estratégias para testar e
divulgar a tecnologia de Integração Lavoura-
Pecuária
Apesar de não se tratarem de tecnologias novas, os sistemas produtivos
usualmente difundidos no processo de integração lavoura-pecuária representam
uma mudança no modelo de exploração agropecuária. Para que esses sistemas
sejam implantados, os órgãos de fomento deverão adotar estratégias de forma
que demonstre aos produtores rurais os ganhos econômicos e a sua
sustentabilidade.

Para difundir os benefícios dos sistemas produtivos, os órgãos de fomento


poderão adotar métodos tradicionalmente utilizados pelo serviço de extensão
rural. Tais métodos de difusão de tecnologias, experimentados ao longo das
últimas décadas pelos serviços estaduais de extensão rural, têm se mostrado
eficazes para promover a modernização do campo. Assim, em função do estágio
de conhecimento sobre os sistemas produtivos existentes na região, os órgãos de
fomento ou técnicos interessados poderão adotar a unidade de observação ou a
unidade demonstrativa para avaliar e difundir a combinação tecnológica mais
adequada às características da exploração efetuada pelo produtor rural.

Após a instalação de unidades demonstrativas o técnico deverá executar outros


métodos para promover a divulgação dos sistemas produtivos. A unidade
demonstrativa, em si, é apenas a base física que servirá para mostrar as
tecnologias que compõem o sistema de produção.

Na sequência, seguem sugestões de métodos de difusão tecnológica que


poderão ser usados para testar e divulgar os sistemas de integração lavoura-
pecuária.

4.1) Instalação de unidades de observação

Recomenda-se utilizar este método de extensão rural para comprovar, no local


em que será aplicada a integração lavoura-pecuária, as tecnologias geradas e
testadas que tiveram êxito em outros lugares e verificar sua adaptação sob o
ponto de vista agrotécnico e econômico. Neste sentido, o técnico deverá buscar
apoio institucional – serviço de extensão rural, instituição de pesquisa,
cooperativa etc. – e obter a parceria de um produtor rural propenso a adotar
inovações tecnológicas.

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Unidade de observação permite que o técnico teste tecnologias ainda não difundidas em sua região.
Na foto observa-se teste de consórcio de cultura anual com leguminosas e gramínea

Acompanhamento técnico e avaliação das unidades de observação

Durante todo o ciclo do sistema produtivo o técnico deverá avaliar a unidade de


observação, ocasião em que serão observados a germinação, o desenvolvimento
vegetativo, a evolução do experimento e o monitoramento de pragas, doenças e
plantas invasoras visando a validação tecnológica regional das espécies em
teste.

É imprescindível que o produtor rural parceiro acompanhe todas as etapas do


processo de implantação do sistema produtivo em teste.

4.2) Instalação de unidades demonstrativas

A unidade demonstrativa, como o nome indica, objetiva demonstrar as


tecnologias já testadas. O técnico, com o apoio institucional retromencionado,
poderá se valer desse método de extensão rural para difundir as tecnologias
relacionadas aos sistemas produtivos de integração lavoura-pecuária.

Unidade demonstrativa é utilizada para difundir tecnologias já testadas. Na foto, produtores e técnicos
participam de dia de campo sobre o programa de integração lavoura-pecuária

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Acompanhamento técnico, avaliação e divulgação dos resultados das
unidades demonstrativas

O acompanhamento técnico e avaliação dos resultados em uma unidade


demonstrativa ocorre da mesma forma que em uma unidade de observação. A
diferença é que na unidade demonstrativa os resultados são divulgados ao longo
das etapas de sua implantação, pois seu objetivo é difundir tecnologias já
comprovadas na região.

Para divulgar os sistemas produtivos ou cada uma das etapas que compõe o
projeto, poderão ser realizadas reuniões, dias de campo ou excursões
direcionadas para produtores rurais, profissionais da área de ciências agrárias e
autoridades municipais. A divulgação dos resultados obtidos na unidade
demonstrativa é o ponto culminante do trabalho do técnico. Mesmo que o
resultado não seja conclusivo, o técnico tem a oportunidade de apresentar para o
público interessado todas as tecnologias que compõem o sistema produtivo,
etapa por etapa.

Técnico apresenta o sistema de integração lavoura-pecuária em dia de campo

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5. Como implantar um projeto de Integração
Lavoura-Pecuária

Para implantar um sistema de integração lavoura-pecuária, após devidamente


comprovada a possibilidade de reprodução do processo na região, o profissional
deverá executar procedimentos técnicos usualmente adotados para implantar um
empreendimento agropecuário. Assim, deverá executar um diagnóstico da
propriedade, definir qual o sistema mais adequado às necessidades do produtor
rural, e, depois, elaborar, implantar e acompanhar o projeto.

Fluxograma para implantação do projeto

PASSO 2

PASSO 3
Planejamento

Elaboração
PASSO 1 do Projeto

Diagnóstico da
Propriedade

PASSO 4

Implantação,
Acompanhamento e Avaliação
do Projeto

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Passo 1
FAZER O DIAGNÓSTICO DA PROPRIEDADE

Antes de iniciar o projeto, o técnico deverá visitar cada propriedade que será
trabalhada a fim de levantar a situação atual das atividades desenvolvidas. O
diagnóstico nada mais é do que uma fotografia da propriedade que permitirá a
identificação das potencialidades e limitações existentes. É este diagnóstico que
vai possibilitar o planejamento e, consequentemente, o estabelecimento de
objetivos, metas, cronograma de atividades e avaliação dos resultados do
sistema de integração lavoura-pecuária.

Para fazer o diagnóstico da propriedade, o técnico deverá munir-se de um roteiro


para nortear o levantamento das informações requeridas para elaborar o projeto.
Tal roteiro deverá ser elaborado de forma a obter, dentre outras informações, os
índices técnicos de cada uma das principais atividades desenvolvidas na
propriedade, características das práticas tecnológicas e de gestão do negócio
atualmente utilizadas. Assim, o roteiro deverá permitir a coleta de dados e de
informações de forma a possibilitar a identificação da área plantada, dos índices
de produtividade, dos custos de produção, da aptidão dos solos, da situação
quanto à degradação dos solos, do nível de degradação das pastagens, das
práticas conservacionistas adotadas, dos recursos naturais e
instalações/equipamentos/máquinas disponíveis, da situação quanto às
características físicas e de fertilidade dos solos etc.

No que se refere às características físico-químicas dos solos, recomenda-se que


seja obtida análise de material coletado em diferentes perfis (0 a 20cm e 20 a
40cm). A quantidade de amostras deverá ser representativa da área e das
características do terreno, conforme manual técnico agronômico sobre o
assunto.

Um bom diagnóstico da propriedade possibilita um melhor planejamento do uso da terra. A aptidão de


cada gleba de terra é um princípio básico a ser considerado na hora de planejar a utilização da
integração lavoura-pecuária

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Passo 2

ELABORAR O PLANEJAMENTO DA PROPRIEDADE

Ao final do diagnóstico o técnico e o produtor terão todas as informações básicas


necessárias à avaliação dos negócios desenvolvidos na propriedade, tanto do
ponto de vista técnico quanto do ponto de vista econômico. Assim, munido dessas
informações, poderão elaborar o planejamento da propriedade de forma a
contemplar os novos sistemas produtivos, privilegiando desta feita a integração
lavoura-pecuária.

O planejamento é individual e feito para cada produtor. Deve priorizar a utilização


dos recursos disponíveis na propriedade e prever a execução de um ou de vários
sistemas produtivos.

Se a opção de integração contemplar a rotação de culturas, o técnico e o produtor


devem estar cientes de que essa opção envolve o cultivo de diferentes espécies
numa mesma safra e, portanto, aumenta o número e a complexidade das tarefas
na propriedade. Exige o planejamento do uso do solo segundo princípios básicos,
onde deve ser considerada a aptidão agrícola de cada gleba. A área destinada à
implantação do sistema de integração deve ser dividida em tantas glebas, ou
piquetes, quantos forem os anos de rotação. Após essa definição, estabelecer o
processo de implantação sucessivamente, ano após ano, nos diferentes talhões,
previamente determinados.

A execução do planejamento deve ser gradativa para não causar transtornos


organizacionais ou econômicos ao produtor, devendo ser iniciada em uma parte
da propriedade e ir anexando novas glebas até que toda a área esteja incluída no
esquema de rotação.

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Passo 3

ELABORAR PROJETO TÉCNICO DE INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA

O projeto técnico é função das características da propriedade, obtida a partir do


diagnóstico feito anteriormente. Nesta etapa, o técnico e o produtor rural deverão
eleger o sistema produtivo que será adotado. Poderá ser definido mais de um
sistema produtivo em função da aptidão dos solos, do estado geral da pastagem
atualmente cultivada, das características da produção vigente, das necessidades
projetadas, do acesso a máquinas, equipamentos e infra-estrutura para fazer face
à demanda decorrente dos sistemas produtivos a adotar, do nível tecnológico do
produtor e da sua vontade de se engajar na mudança do modelo de exploração
atual.

Para a elaboração do projeto, o técnico deverá buscar informações sobre as


tecnologias aplicadas a cada um dos sistemas, utilizando-se dos centros de
referência mencionados ao final desta publicação. O financiamento para
implantar o projeto poderá vir dos agentes financeiros e/ou de recursos do
produtor.

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.23
Passo 4

IMPLANTAR E ACOMPANHAR O PROJETO

Como se trata de práticas tecnológicas em fase de introdução na região, o técnico


deverá estar atento para o cumprimento de todas as etapas previstas na
implantação do sistema de integração, conforme preconizado nos sistemas de
produção disponíveis nos centros de referência mencionados ao final desta
publicação. O técnico deverá, sempre, buscar mais informações sobre o assunto
para reduzir as possibilidades de insucesso.

Deve ser lembrado, ainda, que a efetividade do projeto é medida continuamente


por meio de discussões entre as partes envolvidas (técnico e produtor) sobre os
resultados alcançados. Desta forma, os erros cometidos poderão ser corrigidos a
tempo, evitando-se o descrédito no sistema de integração lavoura-pecuária.

A utilização do sistema de integração lavoura-pecuária, ao aproveitar melhor os recursos


da propriedade, proporciona maior lucratividade para o produtor

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6. Resultados obtidos em sistemas
de Integração Lavoura-Pecuária
A tabela 1 mostra os benefícios da integração ao comparar os índices zootécnicos
nacionais com os índices obtidos em sistema de integração lavoura-pecuária na
região de Campo Grande-MS.
Tabela 1. Índices zootécnicos médios do rebanho nacional e em sistemas
tecnológicos mais evoluídos, em Campo Grande-MS

Índice Média Sistema Otimizado


Brasileira Integração
Lavoura-Pecuária
Natalidade 60% 85%
Mortalidade até à 8% 2,7%
desmama
Taxa de desmama 54% 80%
Mortalidade pós 4% 1%
desmama
Idade por ocasião da 1ª 4 anos 2 anos
cria
Intervalo entre partos 21 meses 12 meses
Idade ao abate 4 anos 1,5 anos
Taxa de abate 17% 40%
Peso da carcaça 200Kg 230Kg
Rendimento da carcaça 53% 55%
Fonte: Embrapa Gado de Corte (2000)

No gráfico abaixo pode-se ver o resultado de dois anos de pastagem de braquiária


interrompendo a monocultura da soja. A produtividade aumentou 14% e o
consumo de agrotóxicos caiu 70%, segundo Márcio Scaléa, em seu trabalho
Viabilização da Propriedade Rural Através da Integração Lavoura-Pecuária.

4000
3500
3000
Soja Contínua
2500
2000 Soja após 2 anos
. 1500 de pasto
1000
500
0
Produtividade

Defensivos
Consumo

(litros)
(kg/na)

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.25
Resultados Obtidos em Pastagens Reformadas com o Plantio Direto

O uso do plantio direto veio agregar valores do ponto de vista


econômico, ambiental e de sustentabilidade ao sistema de integração lavoura-
pecuária. Por não revolver o solo, é mantida sua estrutura física natural,
conservando a matéria orgânica e aumentando a infiltração de água, reduzindo
um dos maiores problemas da agropecuária, que é a erosão e perda do solo. Do
ponto de vista econômico, o plantio direto proporciona a redução de 10 a 25% nos
desembolsos com a reforma da pastagem. Além disso, devido à rapidez do
processo e à maior eficiência técnica, o plantio direto permite a amortização dos
investimentos já no primeiro ano, enquanto que no plantio convencional isso não é
possível (Ambrosi, 1999). As tabelas 2 e 3 retratam os ganhos com o sistema
plantio direto.

Tabela 2. Custos médios e retorno esperado no primeiro ano para


pastagens reformadas com sistema de preparo de solo convencional
Insumos e Serviços R$/unidade Unidade/ha R$/ha
INSUMOS
Calcário 40,00 2,5t 100,00
Super simples 0,39 300kg 117,00
Semente de capim 5,00 10kg 50,00
Uréia 580,00 0,3t 174,00
Total 1 441,00
OPERAÇÕES
Terraceamento 60,00 0,8 h/m 48,00
Grade aradora 50,00 1,5 h/m 75,00
Grade intermediária 40,00 0,6 h/m 24,00
Grade niveladora 30,00 0,4 h/m 12,00
Plantio e compactação 20,00 2,5 h/m 50,00
Distribuição de calcário 30,00 0,2 h/m 60,00
Total 2 215,00
Total Geral dos Gastos
(1+2) 656,00
8
Ganho esperado (*) arrobas/ha

Receita bruta com R$ 440,00


venda do gado Arroba a R$ 55,00
(-) R$
Receita líquida 216,00
(negativa)

Fonte: Ambrosi, 1999


(*) Composição do ganho esperado: pastejo durante dois meses (fevereiro a março),
com lotação de 4 ua/ha; ganho de peso: 1 kg/dia/ua; ua = 450kg de peso vivo; ganho
de peso total = 60 dias x 4 ua x 1 kg/dia/ua/2 = 8 arrobas

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Tabela 3. Custos médios e retorno esperado no primeiro ano para pastagens
reformadas com sistema plantio direto
Insumos e Serviços R$/unidade Unidade/ha R$/ha
INSUMOS
Calcário 40,00 2,4t 96,00
Adubo 8-20-10+Zn 0,85 300Kg 255,00
Dessecante 20,40 2,5Kg 51,00
Semente de capim 5,00 14Kg 70,00
Semente de sorgo 5,00 12KG 60,00
Total 1 532,00
OPERAÇÕES
Pulverização 30,00 0,50 h/m 15,00
Plantio 45,00 1,00 h/m 45,00
Distribuição de calcário 30,00 0,20 h/m 6,00
Total 2 66,00
Total Geral dos Gastos (1+2) 598,00
Ganho esperado (*) 27 arrobas

Receita Bruta R$ 1.485,00


Arroba a R$ 55,00
Receita Líquida R$ 887,00
Fonte: Ambrosi, 1999
(*) Composição do ganho de peso esperado: pastejo durante 135 dias (15 de
novembro a 30 de março), lotação: 6 ua/ha, Ganho de peso: 1 kg/dia/ua, ganho
de peso total: 135 dias x 6 ua x 1 kg/dia/ua/2 = 27 arrobas

A Tabela 4 mostra um estudo comparativo de custos para renovação de


pastagem de B. brizantha feita a partir do plantio da soja em sistema convencional
e em sistema plantio direto.
Tabela 4. Custo e receitas comparativas da renovação de uma área de
Brachiaria brizantha com a utilização do plantio convencional versus plantio
direto (cultura de soja)
Insumos e operações Plantio Plantio Direto
mecânicas Convencional (US$/ha)
(US$/ha)
Sementes 34,75 42,62
Adubos 104,92 109,25
Herbicidas 11,33 126,34
Tratamento de sementes 4,30 3,40
Inseticidas 26,50 21,68
Máquinas 117,26 39,17
Colheita 24,22 22,74

CUSTO TOTAL 383,28 365,20


Produtividade da soja 58,90 60,60
(saco/ha)
Receita total (US$/ha) 523,03 538,12
Receita líquida (US$/ha) 139,75 172,92
Fonte: Kichel et al., 2003

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.27
Resultados Obtidos em Consórcio de Grãos com Pastagem

Com o objetivo de avaliar técnicas de recuperação de pastagens em consórcio,


Yokoyama et al. (1999) realizaram experimento em módulos T1 (milho +
Brachiaria brizantha), T2 (arroz + B. brizantha) e T3 (arroz + B. brizantha +
Calopogonium mucunoides), renovados de acordo com a técnica preconizada
pelo sistema Barreirão. O módulo T4 foi formado de acordo com método
convencional da região com B. brizantha. Os módulos T5 e T6 foram selecionados
nas proximidades dos demais módulos como testemunhas, predominando a B.
humidícula no módulo T5 e B. humidícula e B. decumbens no módulo T6. A
avaliação econômica foi baseada na produção de grãos, ganho de peso e na
lotação animal. Observa-se que a produção de grãos nos módulos T1, T2 e T3
amortizou o custo de produção da renovação da pastagem em 49%, 82% e 95%,
respectivamente (Tabela 5).

Tabela 5. Custo de produção (US$/ha) da formação de pastagem em consórcio com


culturas anuais (T1, T2 e T3) e formação de pastagem convencional (T4)
ITENS Módulo Módulo Módulo Módulo
T1 T2 T3 T4
(US$/ha) (US$/ha) (US$/ha) (US$/ha)
Preparo do solo 31,06 31,06 31,06 31,06
Plantio 259,16 202,24 237,33 70,43
Tratos culturais 136,71 62,64 62,64 -
Colheita 44,33 48,25 50,29 -
Administração 15,43 11,20 11,20 2,81
CUSTO TOTAL 486,69 355,39 392,52 93,93
Receita com a cultura 238,68 292,50 374,40 -
Custo líquido da 248,01 62,89 18,12 -
formação da pastagem
% DE AMORTIZAÇÃO DA 49 82 95 -
PASTAGEM
Fonte: Adaptado de Yokoyama et al. (1999)
T1 (milho + Brachiaria brizantha); T2 (arroz + B. brizantha); T3 (arroz + B. brizantha
+Calopogonium mucunoides; T4 (B. brizantha solteira)

Os resultados encontrados nos sistemas analisados nos módulos T1, T2, T3 e T4


demonstram que a exploração da pecuária bovina de corte, no pasto recuperado,
é uma atividade economicamente lucrativa, e que os módulos T1, T2 e T3
apresentam vantagem comparativa, devido à produção de grãos que cobre parte
dos custos de formação de uma pastagem de superior qualidade comparada às
testemunhas T5 e T6 (Tabela 6).

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Tabela 6. Ganho de peso de carcaça kg/ha/ano, kg/100 ha e arrobas/100 ha/ano
Módulos Kg/ha/ano Kg/100ha Arroba/100ha/ano

T1 699,45 69.945,00 2.005,09 (186)


T2 610,11 61.011,00 1.748,98 (162)
T3 673,60 67.360,00 1.930,99 (179)
T4 619,03 61.903,00 1.774,55 (165)
T5 387,09 38.709,00 1.109,66 (103)
T6 375,49 37.549,00 1.076,46 (100)
Obs.: Valores entre parêntesis são percentagens relativas, onde T6 = 100%

Os dados da tabela 7, apresentada na seqüência, demonstram que a integração


lavoura-pecuária tem condições de viabilizar uma propriedade, pois proporcionou
um incremento de 66% na rentabilidade da atividade produtiva em sistema de
integração, quando comparada com uma cultura de milho solteiro.
Tabela 7. Rentabilidade de um sistema de integração em comparação com lavoura solteira
MILHO MILHO CONSORCIADO COM BRACHIARIA
DISCRIMINAÇÃO SOLTEIRO BRIZANTHA
Custo da lavoura (R$) 1.967,00 2.007,00
Receita da lavoura (R$) 2.400,00 2.400,00
Renda da lavoura (R$) 433,00 393,00
Custo do Manejo de Ervas com 40,00 0,00
Roundup (Manejo pós-colheita) (R$)

Custo da Pecuária no Inverno (R$) 0,00 150,85


Receita da Pecuária (R$) 0,00 251,37
Renda da Pecuária (R$) 0,00 251,37
Renda Total (R$) 389,00 (100%) 644,37 (166%)
Fonte: Extraído do trabalho Viabilização da Propriedade Rural Através da Integração Lavoura-Pecuária, de autoria
do Eng. Agr. Márcio Scaléa, sintetizando os resultados obtidos na Fazenda Boa Fé (Uberaba-MG)

Resultados Obtidos em Pastagens Rotacionadas com a Soja

A Tabela 8 mostra resultado obtido em propriedade localizada em Lucas do Rio


Verde, município situado no norte do Mato Grosso, onde a introdução de Panicum
maximum, cultivar Tanzânia, em rotação com a soja, possibilitou elevar a maioria
dos índices zootécnicos do rebanho e, principalmente, a possibilidade de
produção de novilho precoce a pasto.
Tabela 8. A utilização continuada do sistema de integração lavoura-pecuária eleva os índices zootécnicos do rebanho

Fator Observado Pecuária Tradicional Sistema Integração Lavoura-Pecuária


Natalidade (%) 55 85
Mortalidade de Bezerros (%) 10 5
Idade de Abate (anos) 4 2 a 2,5
Peso de Abate (arrobas) 17 16 a 16,5
Intervalo Entre Partos (meses) 22 14
Fonte: extraído da publicação denominada Integração Lavoura-Pecuária, de autoria de João Kluthcouski e outros

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.29
7. Financiamento para projetos
de Integração Lavoura-Pecuária
O financiamento de projetos de integração lavoura-pecuária poderá ser obtido
com recursos do Programa de Integração Lavoura-Pecuária - PROLAPEC e dos
Fundos Constitucionais (FNO, FNE e FCO), conforme regras estabelecidas nos
termos do Capítulo 13, Seção 9, do Manual de Crédito Rural – MCR do Banco
Central. Os recursos do PROLAPEC poderão ser obtidos, ainda, via Banco
Nacional de Desenvolvimento econômico e Social – BNDES.

Objetivos do PROLAPEC
§ Intensificar o uso da terra em áreas já desmatadas por meio do estímulo à
adoção de sistemas de produção que integrem a agricultura e pecuária;
§ Aumentar a produção de produtos agropecuários em áreas já
desmatadas;
§ Tornar a produção sustentável, do ponto de vista econômico e ambiental;
§ Disponibilizar recursos para investimentos necessários à implantação de
sistemas de integração de agricultura com pecuária;
§ Aumentar a produção agropecuária em áreas já desmatadas, a oferta
interna e a exportação de carnes, produtos lácteos, grãos, fibras e
oleaginosas;
§ Estimular a adoção do plantio direto;
§ Diversificar a renda do produtor rural;
§ Estimular a adoção de sistemas de produção sustentáveis do ponto de
vista econômico e ambiental;
§ Assegurar condições para o uso racional e sustentável das áreas
agrícolas e de pastagens, reduzindo problemas ambientais causados
pela utilização da prática de queimadas, pela erosão, pela monocultura,
pela redução do teor de matéria orgânica do solo e outros; e
§ Diminuir a pressão de desmatamento de novas áreas.

Beneficiários

§ Produtores rurais, pessoas físicas ou jurídicas;


§ Cooperativas de produção e associação de produtores rurais, desde que
se dediquem à atividade produtiva no setor rural.

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Itens financiáveis:
· Adequação do solo para o plantio, envolvendo preparo do solo,
aquisição, transporte, aplicação e incorporação de corretivos
agrícolas (calcário e outros), a marcação e construção de terraços, a
realocação de estradas e plantio de cultura de cobertura do solo;
· Aquisição de sementes e mudas para formação de pastagens;
· Implantação de pastagens;
· Construção e modernização de benfeitorias e de instalações
destinadas à produção no sistema de integração;
· Aquisição de máquinas e equipamentos para a agricultura e/ou
pecuária associados ao projeto de integração objeto do
financiamento, não financiáveis pelo Programa de Modernização da
Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e
Colheitadeiras – MODERFROTA;
· Adequação ambiental da propriedade rural à legislação vigente;
· Aquisição de bovinos, ovinos e caprinos para reprodução, recria e
terminação;
· Aquisição de sêmen de bovinos, ovinos e caprinos;
· Capital de giro associado ao investimento; e
· Assistência técnica.

O financiamento para o custeio deverá estar associado a projetos


de implantação e ampliação de sistemas de integração de agricultura
com pecuária.

As máquinas e os equipamentos para implantar o projeto de integração lavoura-pecuária são


financiados ao abrigo do PROLAPEC

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.31
Condições de Financiamento

Taxa de Juros: 8,75% a.a., incluída a remuneração da instituição financeira


credenciada.
Prazo: até 60 (sessenta) meses, incluídos até 24 meses de carência.
Limite de Financiamento: cada beneficiário poderá ter financiamentos
contratados, neste Programa, no período de 01.07.2006 a 30.06.2007, no valor de
até R$ 300.000,00 por produtor, independentemente de outros empréstimos
concedidos ao amparo de recursos controlados do crédito rural. Este limite
poderá ser elevado para até R$ 345.000,00 para o beneficiário que comprovar:

· A existência de reservas legais e de áreas de preservação permanente no


empreendimento, na forma prevista na legislação ambiental; ou
· Apresentar plano de recuperação com anuência da Secretaria Estadual
do Meio Ambiente, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) ou do Ministério Público
Estadual.

Elaboração de Projeto e Assistência Técnica

O agente financeiro exige a apresentação de projeto técnico detalhado, indicando


as características da área e das técnicas de integração lavoura-pecuária, a
capacidade de amortização do investimento e o fluxo de caixa do projeto.

Outras informações sobre o PROLAPEC poderão ser obtidas no Banco do


Brasil, Banco da Amazônia, Banco do Nordeste e BNDES.
Consulte:
www.bndes.gov.br, na Internet.

Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo - SDC


Departamento de Sistemas de Produção e Sustentabilidade - DEPROS
Coordenação Geral de Desenvolvimento Sustentável - CGDS
Coordenação de Manejo Sustentável dos Sistemas Produtivos - CMSP
Telefones: (61) 3218.2417 e 3218.2433 - Fax: (61) 3223.5350
Brasília - Distrito Federal

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8. Centros de referência e de
divulgação dos Sistemas
de Integração Lavoura-Pecuária
Os interessados em conhecer melhor as tecnologias e os sistemas produtivos
para integração da lavoura-pecuária poderão buscar informações na Internet
(www.lavourapecuaria.com.br) ou nos centros de referência listados a seguir:

a) Associação de Plantio Direto no Cerrado – APDC (www.apdc.com.br);

b) Centros da Embrapa (www.embrapa.br);

c) Cooperativas agrícolas;

d) Grupo CAMPO (www.campo.com.br)

e) Institutos de pesquisas agrícolas;

f) Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (www.agricultura.gov.br);

g) Superintendências Federais do Ministério da Agricultura nos estados;

h) Serviço de Extensão Rural nos Estados (Emater ou equivalente);

I) Organização das Cooperativas Brasileiras (www.ocb.org.br);

j) Fundações de apoio à pesquisa:

k) Sindicatos rurais;

l) Universidades, faculdades e escolas agrotécnicas.

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.33
O CÓDIGO FLORESTAL E A ATIVIDADE
AGROPECUÁRIA
A Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, conhecida como Código Florestal,
estabelece diversas normas que garantem a preservação das florestas. Apesar
de serem consideradas restritivas por muitos produtores rurais, tais normas
deverão ser cumpridas sob pena de autuação por parte dos órgãos ambientais e,
também, enquadramento no Código Penal e na Lei de Contravenções Penais. Os
infratores da lei estão sujeitos a penas que vão desde a multa à prisão. Assim, no
ato de planejar as atividades agropecuárias, os técnicos e produtores deverão
estar atentos para o cumprimento dessa lei.

O Código Florestal sofreu diversas alterações ao longo dos últimos quarenta


anos. Atualmente tramita no Congresso Nacional a Medida Provisória nº 2.166-
67, reeditada em 24 de agosto de 2001, que introduziu diversas modificações na
referida lei. A Medida Provisória, em vigor, promoveu modificações substanciais
na Lei nº 4.771 no que se refere à supressão da cobertura florestal e às medidas
impostas para a recomposição de reservas legais.

Área de Preservação Permanente

Conforme a Lei nº 4.771, a área de preservação permanente é uma fração de terra


protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de
preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a
biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-
estar das populações humanas. Os produtores rurais deverão estar atentos
porque essas áreas não poderão ser submetidas a corte raso da sua cobertura
vegetal. O conceito e as regras relativas à área de preservação permanente não
foram alteradas pela Medida Provisória nº 2.166/67.

De acordo com a Lei nº 4.771, de 1965, consideram-se de preservação


permanente as florestas e demais formas de vegetação natural situadas:

· ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu nível mais alto,
em faixa marginal cuja largura mínima será estabelecida em função da largura do
curso d`água.
· ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou artificiais;
· nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados olhos
d'água, qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo
de 50 (cinqüenta) metros de largura;
· no topo de morros, montes, montanhas e serras;
· nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°;
· nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues;

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· nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do
relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais; e
· em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a
vegetação.

São consideradas, ainda, de preservação permanente, quando assim declaradas


por ato do Poder Público, as florestas e demais formas de vegetação natural
destinadas:

· a atenuar a erosão das terras;


· a fixar as dunas;
· a formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias;
· a auxiliar a defesa do território nacional a critério das autoridades
militares;
· a proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico ou histórico;
· a asilar exemplares da fauna ou flora ameaçados de extinção;
· a manter o ambiente necessário à vida das populações indígenas;
· a assegurar condições de bem-estar público.

Desmatamento descontrolado levou à erosão em área de preservação permanente:


crime ambiental sujeito à punição, de acordo com a legislação ambiental

Preservação de Matas Ciliares

O art. 2º da Lei nº 4.771, de 1965, dispositivo não alterado pela Medida Provisória
nº 2.166-67, estabelece que deverão ser preservadas as florestas e demais
formas de vegetação natural situadas ao longo dos rios ou de qualquer curso
d'água desde o seu nível mais alto. A lei define, também, a faixa marginal de
vegetação que deverá ser preservada:

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.35
· 30 (trinta) metros para os cursos d'água de menos de 10 (dez) metros
de largura;
· 50 (cinqüenta) metros para os cursos d'água que tenham de 10 (dez) a 50
(cinqüenta) metros de largura;
· 100 (cem) metros para os cursos d'água que tenham de 50
(cinqüenta) a 200 (duzentos) metros de largura;
· 200 (duzentos) metros para os cursos d'água que tenham de 200
(duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura;
· 500 (quinhentos) metros para os cursos d'água que tenham largura
superior a 600 (seiscentos) metros.

Em cursos d’água que tenham de 10 a 50 metros de largura deverão ser preservadas faixas
marginais de 50 metros da cobertura florestal

Reserva Legal (de acordo com a Lei nº 4.771)

De acordo com a legislação, reserva legal é uma área localizada no interior de


uma propriedade ou posse rural, excetuada a de preservação permanente,
necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação e
reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao
abrigo e proteção de fauna e flora nativas. A vegetação da reserva legal não pode
ser suprimida, podendo apenas ser utilizada sob regime de manejo florestal
sustentável, de acordo com princípios e critérios técnicos e científicos.

Segundo a Lei nº 4.771, de 1965, a reserva legal, assim entendida a área de, no
Mínimo, 20% (vinte por cento) de cada propriedade rural, não poderá ser
submetida a corte raso da cobertura vegetal. Na Região Norte e na parte Norte da

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Região Centro-Oeste a exploração a corte raso só é permissível desde que
permaneça com cobertura arbórea em pelo menos 50% da área de cada
propriedade.

Reserva Legal (de acordo com a M.P. nº 2.166-67)

A Medida Provisória nº 2.166-67, de 2001, que altera a Lei nº 4.771, de 1965,


amplia as áreas de reserva legal. O art. 1º da citada Medida Provisória estabelece
que as florestas e outras formas de vegetação nativa, ressalvadas as situadas em
área de preservação permanente, assim como aquelas não sujeitas ao regime de
utilização limitada ou objeto de legislação específica, são suscetíveis de
supressão, desde que sejam mantidas, a título de reserva legal, no mínimo:

I - oitenta por cento, na propriedade rural situada em área de floresta


localizada na Amazônia Legal;

II - trinta e cinco por cento, na propriedade rural situada em área de


cerrado localizada na Amazônia Legal, sendo no mínimo vinte por cento na
propriedade e quinze por cento na forma de compensação em outra área, desde
que esteja localizada na mesma microbacia, e tenha sido averbada;

III - vinte por cento, na propriedade rural situada em área de floresta ou


outras formas de vegetação nativa localizada nas demais regiões do País; e

IV - vinte por cento, na propriedade rural em área de campos gerais


localizada em qualquer região do País.

Enquanto o Congresso não decidir sobre o assunto, a Medida Provisória nº 2.166-


67, de 2001, continua em plena vigência, conforme prevê o art. 2º da Emenda
Constitucional nº 32, de 11 de setembro de 2001.

Os produtores deverão estar atentos para a necessidade de efetuar a averbação


da reserva legal à margem da inscrição da matrícula do imóvel, no registro de
imóveis competente. Deve ser lembrado, ainda, que a reserva legal, uma vez
averbada, não poderá sofrer alteração de sua destinação nos casos de
transmissão, a qualquer título, ou de desmembramento da área.

Nota
1) Apesar de não ter sido apreciada pelo Congresso Nacional, a Medida Provisória nº 2.166-67, de
2001, está em vigor, conforme prevê a Emenda Constitucional nº 32, de 11 de setembro de 2001, em
seu art. 2º: “As medidas provisórias editadas em data anterior à da publicação desta emenda
continuam em vigor até que medida provisória ulterior as revogue explicitamente ou até deliberação
definitiva do Congresso Nacional”. A Medida Provisória nº 2.166-67 foi publicada em 25.08.2001.

2) Informações adicionais sobre o assunto poderão ser obtidas na unidade estadual do IBAMA ou em
www.planalto.gov.br (legislação).

www.lavourapecuaria.com.br
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Fontes Consultadas
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