Você está na página 1de 1

A POÉTICA DO ESTUPRO

Estupro de uma dona-de-casa,


Da linda e indefesa normalista
Desgarrada da canção; da heroína
Da história e de uma secretária
Entre patrões e parangolés.

Estupro da senhora elegante


Reduzida aos mulambos, rasgada,
Tendo as pernas afastadas e a alma
Atochada num beco e sua escuridão.

Estupro da menina inocente, da meretriz


Pelo cliente e de uma mulher por vários
Marginais.
Estupro punido, perdoado, assitido, repulsivo
E até desejado!

Estupro que se dá numa sala, na alcova,


Na família, na igreja ou numa mesa de biliard.
Estupro em todas as classes, campos,
terrenos(baldios), flancos, formas e posições!

Estupro de Sodoma, Lesbo, Nanking e em qualquer


Lugar.
Hediondo para a vítima, prazeroso para o seu algoz.
Excitante para alguns, revoltante para muitos outros.
Estupro do qual nascemos, somos abortados,
E que torna uma virgem, mulher.

Estupro do vento que esvoaça aquela saia!


Cometido por um boto, espírito santo, incubus
E mandrová.
Arma de guerra, lei da cela, bárbarie de vândalos
E dragões contra uma donzela.
Estupro em poemas, filmes, ocorrências, jornais,
Intenções e cicatrizes.

MEU BLOG POÉTICO:


http://reinodalira.wordpress.com

Você também pode gostar