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Orientações Pedagógicas

Discutindo Conceitos

II - FASCÍCULO

Universidade Estadual de Ponta Grossa


Secretaria de Estado da Educação do Paraná
Discutindo conceitos:
Violência, indisciplina, incivilidade, bullying

Elaborado por
Profª Soeli Terezinha Scorsim

Orientado por
Profª Mestre Maria das Graças do Espirito Santo Tigre

Fevereiro/2008
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APRESENTAÇÃO

Caros Professores e Professoras

Este caderno pedagógico foi especialmente elaborado pensando em você e no seu


cotidiano de sala de aula, considerando seus saberes e sua experiência profissional para atuar
em uma realidade complexa e diversificada, onde poderão aplicá-lo ou adaptá-lo de acordo
com a realidade da escola onde lecionam.
Este material é uma produção resultante dos estudos realizados no Programa de
Desenvolvimento Educacional- PDE e visa a melhoria da qualidade de ensino embasada no
enfrentamento de uma das problemáticas mais recorrentes no cotidiano de nossas escolas: a
violência e a indisciplina dos alunos.
O caderno pedagógico que ora lhe apresentamos faz parte de uma coletânea de 4
(quatro) Cadernos Pedagógicos, elaborados sobre a mesma temática e assim apresentados:
Fascículo I - Violência na escola: construção coletiva de um plano de intervenção
Fascículo II – Discutindo conceitos de violência, indisciplina, incivilidade e bullying
Fascículo III – Contratos pedagógicos e estatutos de convivência: alternativas para o
enfrentamento da violência e da disciplina na escola
Fascículo IV – Por uma educação pela não-violência
Este material não pretende esgotar o assunto um assunto tão complexo. Tem como
intenção, servir de referência e estímulo ao professor na grande tarefa de conduzir os alunos
ao conhecimento e a uma formação cidadã.
Desejo que você professor tenha excelentes resultados com a utilização deste material
didático na escola.
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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ..................................................................................................01
INTRODUÇÃO........................................................................................................03
OBJETIVOS DO FASCÍCULO .............................................................................04
DISCUTINDO CONCEITOS.................................................................................05
SUGESTÕES DE ATIVIDADES ...........................................................................06
UNIDADE – I
VISÃO GERAL SOBRE A VIOLÊNCIA
1 – PRINCIPAIS AGENTES DA TAREFA DE EDUCAR .....................................07
2 - DISCUTINDO O CONCEITO DE VIOLÊNCIA ...............................................09
3 - INTERFERÊNCIA DA VIOLÊNCIA NO AMBIENTE ESCOLAR..................12
4 - CONCEITUANDO VIOLÊNCIA ESCOLAR ....................................................14
UNIDADE – II
IDENTIFICANDO AS DIFERENTES MANIFESTAÇÕES DA VIOLÊNCIA
1 - DISCIPLINA ESCOLAR.....................................................................................16
2 – DEFININDO A INDISCIPLINA ESCOLAR .....................................................19
3 – DISCIPLINA NA ESCOLA E NA SALA DE AULA........................................21
4 – DELIMITANDO AÇÕES ...................................................................................23
5 – AÇÕES NECESSÁRIAS PARA A CRIAÇÃO DE UMA
NOVA DISCIPLINA.................................................................................................24
6 – CAUSAS DA INDISCIPLINA NA VISÃO DOS ENVOLVIDOS....................26
7 – INCIVILIDADE ..................................................................................................27
8 – BULLYING .........................................................................................................29
9 – COMO SE DESENVOLVE O FENÔMENO BULLYING
EM SALA DE AULA – ABUSOS ENTRE COLEGAS ..........................................32
10 – ATORES DO BULLYING................................................................................34
11 – CONSEQÜÊNCIAS DO BULLYING..............................................................37
UNIDADE – III
NECESSIDADES EDUCACIONAIS
1 -SEGURANÇA.......................................................................................................40
2 - ESPAÇO ESCOLAR – CONSTRUÇÃO COLETIVA ......................................42
3 - COMO MUDAR NOSSA REALIDADE ............................................................43
CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................45
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................46
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INTRODUÇÃO

Um problema que assola a sociedade em geral, e em especial os professores, é a


violência. No ambiente escolar ela manifesta-se de diversas formas, como por exemplo,
através da indisciplina, incivilidade e do bullying.
Considerando que essa é uma temática complexa, convido-os a trilhar um caminho
importante na construção de um ambiente propício ao processo ensino-aprendizagem e à
melhoria das relações interpessoais. É um caminho que passa por diversas abordagens sobre
as diferentes manifestações da violência no ambiente escolar, oferecendo aos professores
várias possibilidades de compreendê-la.
Esse é um trajeto interessante, vivo, comprometido com a reflexão crítica e associado
a nossa vivência, buscando subsidiar a compreensão desta problemática e possibilitar a
intervenção sistemática para amenizá-la.
Alguns assuntos aqui apresentados já são conhecidos e vivenciados pela maioria dos
professores, entretanto uma re-leitura dos mesmos sempre oportuniza novas reflexões, novos
pontos de vista.
Compreender as diversas manifestações da violência na escola é fundamental para
planejarmos ações voltadas para transformar o ambiente escolar em um ambiente mais
acolhedor, um espaço de convivência harmoniosa, solidária e de respeito aos direitos de todo
ser humano.
Para tanto, temos que aprender a observar e ouvir nossos alunos, afinal quando se
expressam querem sempre nos contar ou questionar sobre alguma coisa. Devemos olhar a
escola, do ponto de vista do aluno, da sua cultura e da classe social na qual está inserido.
Desta forma o aluno se sentirá parte do mundo, da história e respeitado como cidadão,
confiando que nossas ações são direcionadas na defesa de seus direitos abrindo caminhos para
um futuro mais igualitário, mais solidário e mais feliz.
Para a discussão conceitual o presente caderno foi divido em três unidades, composta
de textos específicos para a maior visão do tema que propôs-se apresentar.
* UNIDADE – I = VISÃO GERAL SOBRE A VIOLÊNCIA, composta de textos que
abordam a questão da violência e a sua interferência no processo ensino-aprendizagem.
*UNIDADE – II = IDENTIFICANDO AS DIFERENTES MANIFESTAÇÕES DA
VIOLÊNCIA, busca esclarecer sobre as diferentes formas que a violência apresenta.
Essa identificação é primordial para que se dirijam ações eficazes.
*UNIDADE – III = NECESSIDADES EDUCACIONAIS, aborda questões que irão
contribuir para amenizar as manifestações violentas, assim como as possibilidades de se
construir um ambiente mais propício à tarefa educativa.
Contamos com a companhia de todos nesta desafiadora jornada pelo mundo, vivido
por nossos alunos, que a nós são confiados. É preciso orientá-los, respeitá-los e ensiná-los a
conviver socialmente, estabelecendo relações mais humanas, justas e solidárias.
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OBJETIVOS DO FASCÍCULO

Pretende-se que este caderno seja um importante instrumento de trabalho para os


profissionais em educação oportunizando a ampliação dos conhecimentos, a reflexão crítica
da realidade vivenciada.
Sem contemplar a legalidade de tais abordagens, não direcionar ações neste sentido é
no mínimo altamente questionável uma vez que a violência provoca um indevido e
injustificado constrangimento a alunos que na maioria das vezes são as verdadeiras vítimas.
O combate à violência deve buscar suas raízes, que evidentemente se encontram além
dos limites da escola, sendo que a mesma precisa assumir sua missão legal e constitucional de
promover, junto aos educandos, “o pleno desenvolvimento da pessoa” e “seu preparo para o
exercício da cidadania” (art. 205, caput da Constituição Federal verbis/omissis), e não se
tornar em mais um foco de opressão e desrespeito aos direitos fundamentais de crianças e
adolescentes.
A escola como espaço de interações interpessoais não pode eximir-se desta
responsabilidade. Afinal, educar indivíduos e formar futuros adultos que devem comportar-se
de maneira responsável, autônoma e democrática, é uma das funções da escola.
Para tanto serão analisadas as manifestações de violência que ocorrem no ambiente
escolar. Violência Escolar, Indisciplina, Incivilidade e Bullying.
Com esse Caderno Pedagógico desejamos:
• Despertar a atenção dos professores para o problema da violência escolar.
• Oferecer subsídios para a elaboração conceitual da Violência Escolar, Indisciplina,
Incivilidade e Bullying.
• Chamar a atenção para a responsabilidade dos educadores na intervenção dessa
situação problema.
• Motivar os profissionais em educação a elaborar ações eficazes de intervenção.
Espera-se que esse trabalho contribua para a melhor compreensão da sua realidade, e
motive-o a aceitar o desafio de contribuir para a transformação social, dirigindo ações de
intervenção nos problemas de violência.
Educar! Tarefa complexa, árdua. Entretanto, emocionante, apaixonante, gratificante.
Problemas? Quem não os tem? Eles são a prova da dinamicidade e imprevisibilidade do
trabalho educacional. Já temos muitas responsabilidades. Transformar este mundo violento
num mundo mais humano e pacífico? É um grande desafio, mas...

Lidar com a esperança, com a utopia faz parte da


essência do trabalho do professor.
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DISCUTINDO CONCEITOS

“... nós somos o resultado de milhões de relações que estabelecemos


no decorrer de nossa existência. Somos como que ancoradouro para
onde chegam milhões de naus. Algumas apenas se aproximam de nós.
Outras chegam até nós, deixam conosco alguns de seus bens. Outras
penetram nosso ser. E nós vamos nos construindo, quais seres
humanos, como resultado dessas milhares de relações que
estabelecemos cotidianamente.
(Guareschi, 1998. p. 153)

A escola é, por excelência, o local onde ocorrem diversas relações interpessoais,


interferindo direta ou indiretamente na formação dos alunos.
Ao dirigirmos um olhar mais atento ao ambiente escolar percebemos um universo
deslumbrante de emoções, histórias, expectativas, sentimentos. Os alunos são seres sedentos
de compreensão e depositam na escola a esperança de realizações pessoais, novas amizades,
convivência harmoniosa. Alguns apresentam-se calados, tímidos, outros, em contrapartida,
são vivos, alegres e extrovertidos.
Analisando o cotidiano desse espaço vivo, percebe-o repleto de situações de
desrespeito aos direitos individuais e/ou do grupo. Convive-se diariamente com
comportamentos inadequados dos alunos. Nas salas, durante as aulas é comum o aluno chegar
atrasado sem justificativa plausível; sair da sala sem pedir permissão nem avisar aonde vai;
atrapalhar as explicações do professor com atitudes de desinteresse, pouco caso, conversas
paralelas não pertinentes ao conteúdo; deboches; uso de celulares; uso de palavras de baixo
calão; desrespeito com colegas ou com o professor; gazeações e até agressões físicas, entre
outros. Nessa dinamicidade as escolas e profissionais percebem-se sem conhecimento
suficiente para intervir e resolver essas questões que tanto influenciam o trabalho pedagógico.
Segundo Rego (2007 p.23), estes comportamentos não resultam de fatores isolados,
mas de uma multiplicidade de influências, não recebidas passivamente pelos sujeitos, e, sim
na medida em que “o indivíduo internaliza, de modo ativo e singular, o repertório de seu
grupo social.” Os comportamentos inadequados dependem das experiências vividas, da
história educativa e herança das características do grupo social e da época histórica em que
está inserido. É aprendido e indicam que a educação está falha. Como principais formadores,
a família e a escola devem estar atentas.
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SUGESTÕES DE ATIVIDADES
"os motivos têm função energizante, eles provocam comportamento"
(Snnygg - 1962)

Para trabalhar as questões relativas à violência e indisciplina no ambiente escolar,


sugiro o trabalho em grupos, utilizando-se dos questionamentos para direcionar a discussão. A
distribuição de temas entre os grupos serve para fomentar o debate e buscar a identificação
dos problemas.
Para apresentar o tema, sensibilizar e motivar a intervenção, uma boa alternativa é a
dramatização feita pelos próprios profissionais, retratando o maior número possível de
situações e comportamentos inadequados ao ambiente escolar.

Essas colocações nos remetem a vários questionamentos.


• Estamos preocupados com os relacionamentos que fazem parte do cotidiano
escolar?
• Percebemos as relações que tanto interferem no processo ensino-aprendizagem
assim como no resultado?
• Dedicamos tempo para analisar e planejar ações voltadas às relações interpessoais?

Nessas relações que estabelecemos algumas vezes nos sentimos impotentes, outras nos
realizamos. Algumas vezes nos indagamos sobre nossas ações, principalmente quando nos
deparamos com situações em que nos sentimos impotentes.

Já se deparou com esta situação? Enquanto professor, que situações o afligem?


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Vamos ver o que pensam os autores que dedicam a sua vida estudando, pesquisando e elaborando
ações que auxiliem nessa problemática.
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UNIDADE – I

VISÃO GERAL SOBRE A VIOLÊNCIA

1 – PRINCIPAIS AGENTES DA TAREFA DE EDUCAR

“Educar não significa somente formar a inteligência mas, formar o


homem todo, portanto, também o coração e o caráter.”
(autor desconhecido)

Falar sobre educação é de importância inquestionável,


entretanto, não é tarefa simples, uma vez que envolve o ser
humano em todas as suas dimensões.
A educação é um fenômeno social e universal, sendo
necessária à existência e ao funcionamento de todas as
sociedades. Cabe a cada uma delas cuidar da formação dos
indivíduos, auxiliando no desenvolvimento de suas capacidades
físicas e espirituais, preparando-os para a participação ativa e
transformadora da sociedade.
A família é o principal modelo de conduta, a primeira instituição de formação de
valores e o primeiro contexto de socialização da criança. A atitude dos pais, suas práticas de
criação e a educação são aspectos que exercem grande influência na formação dos indivíduos.
Não se pode negar “a importância e o impacto que a educação familiar tem sobre o indivíduo
do ponto de vista cognitivo, afetivo e moral. Entretanto, seu poder não é absoluto e irrestrito”
(Rego, 2007, p. 24), uma vez que a família deixou de ser o centro de convivência e espaço de
formação básica do ser humano.
A escola, em sua ação educativa, também exerce influência sobre os indivíduos que
por sua vez reproduzirão essa influência em suas relações sociais, através dos conhecimentos,
experiências, valores, crenças, modos de agir, técnicas e costumes acumulados, transmitidos,
assimilados e recriados em cada geração.
Cada sujeito apresenta um universo próprio, tornando necessário o estabelecimento de
espaços interativos, no contexto educacional, orientado à promoção de relações de troca, de
esforços partilhados construindo soluções comuns, para alcançar objetivos coletivos. Essa
dinâmica pode gerar conflitos que culminam na violência e indisciplina escolar que
prejudicam a percepção que os alunos têm em relação ao espaço físico da escola, bem como à
sua aprendizagem. Sendo responsabilidade da escola e, conseqüentemente do professor,
resgatar o verdadeiro sentido da escola como lugar de conhecimento, de formação do ser e da
educação efetivando-a como um local, por excelência, de aprendizagem, de socialização e de
diálogo.

ATIVIDADE

Após essas primeiras considerações, podemos perceber que educar é tarefa complexa.
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Mas afinal, como fazer da escola esse local de aprendizagem, socialização e diálogo se a
violência e a indisciplina interferem negativamente em nossa prática? O que quer dizer
violência? Enumere por escrito, situações que ocorrem no ambiente escolar e você percebe
como violência.
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2 - DISCUTINDO O CONCEITO DE VIOLÊNCIA

A paz é a primeira condição do verdadeiro progresso. A paz é indispensável


para os homens e povos viverem em liberdade.”
(Papa João Paulo II)

Segundo Souza (2004) a violência deve ser vista


como uma “realidade histórica, ... forjada no ventre da
civilização, ... como realidade nossa.” Análises buscam uma
compreensão mais ampla da violência como uma expressão
da própria civilização. Acompanhando a história das idéias
éticas, desde a Antigüidade clássica (greco-romana) até os
dias atuais, percebemos que, o problema da violência e dos
meios para evitá-la, diminuí-la, controlá-la é parte central.
As diferentes formações sociais e culturais criaram padrões
de conduta com base em um conjunto de valores éticos, de
relações intersubjetivas e interpessoais, de comportamentos
sociais que garantissem a segurança física e psíquica de
seus membros, para garantir a conservação do grupo social.
Segundo Martin Baró (1983), um autor, educador salvadorenho, todos nós temos uma
abertura radical à agressão e à violência. Essa disposição não transforma-se em ação sem as
influências provenientes do contexto social mais amplo, uma vez que a condição humana é
atravessada pelas possibilidades e pelos limites demarcados nas relações sociais, estabelecidas
pela relação de poder.
Segundo, Souza, (2004) quem exerce o poder amplia as possibilidades, apoiando-se na
autoridade exige o reconhecimento de uma força legítima que deve ser respeitada. Quando há
ausência de autoridade ela poderá ser obtida por meio de uma força imposta até mesmo
utilizando-se da coerção física, forjando um poder diante da impossibilidade de possuí-lo de
fato. Não existe espaço imune aos atos violentos, ou atos de força. A lógica é que todos os
seres humanos exerçam o domínio, mudando apenas a abrangência e os espaços. A violência,
seja na dimensão individual ou de grupos, é identificada como de pertencimento a um lugar
(real ou imaginário) como condição à cidadania. “O pertencimento implica sentimento de
estar junto, do coletivo, que pode articular-se ou sobrepor-se ao individual.” (Souza, 2004).
Na elaboração do conceito de violência deparamo-nos com as formas e o grau de
como se percebem as suas manifestações, pois há uma grande diversidade no grau de
tolerância quanto às suas manifestações. Existem práticas consideradas inaceitáveis para
alguns grupos sociais, enquanto outros percebem como inevitáveis essas mesmas práticas. Por
manifestar-se em diversos níveis e padrões, tanto econômico quanto cultural e, pelo fato de
cada indivíduo interferir na construção de um juízo comum, o fenômeno torna-se difuso.
Para definir a violência, as formas diferenciadas de percepção e abrangência, ficam
evidentes como podemos notar nos conceitos abaixo:

“Uso intencional da força física ou do poder, real ou em ameaça, contra si


próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade, que
resulte ou tenha grande possibilidade de resultar em lesão, morte, dano
psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação.” (OMS, 2002; in:
Silva, 2005 p.15)
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“Há violência quando, numa situação de interação, um ou vários atores agem


de maneira direta ou indireta, maciça ou esparsa, causando danos a uma ou
várias pessoas em graus variáveis, seja em sua integridade física, seja em sua
integridade moral, em suas posses, ou em suas participações simbólicas e
culturais.” (Michaud, 2001; in: Silva, 2005 p. 15)

“A violência tem uma expressão multifacetada: seria tudo o que se vale da


força para ir contra a natureza de um agente social; todo ato de força contra a
espontaneidade, a vontade e a liberdade de alguém (é coagir, constranger,
torturar, brutalizar); todo ato de transgressão contra o que uma sociedade
define como justo e como direito. Conseqüentemente, violência é um ato de
brutalidade, sevícia e abuso físico e/ou psíquico contra alguém e caracteriza
relações intersubjetivas e sociais definidas pela opressão e intimidação, pelo
medo e o terror.” (Chauí apud Sallas, 1999:25; in: Silva, 2005 p.15)

Por estas definições podemos perceber um número significativo de situações em que a


violência se revela, tendo como agentes principais o agredido e o agressor e, manifestando-se
com a dominação de um ser sobre o outro, violando a humanidade do agredido e também do
agressor.
A manifestação de domínio também é percebida no ambiente escolar, em todos que
compõem esse ambiente, manifestando-se através da imposição, do medo, das ameaças, das
insubordinações que permeiam o cotidiano escolar. Pela insegurança sentida pelos
profissionais em educação, muitas vezes delegamos a outras esferas sociais a responsabilidade
de intervenção. Entretanto, é função da escola intervir nesta problemática, pois ela retorna à
escola como podemos perceber no quadro a seguir elaborado por Tigre (2002):
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QUADRO DELINEADO PELA VIOLÊNCIA

VIOLÊNCIA NA ESCOLA

↓ ↓ ↓

Família Aluno A culpa também é da:

↓ ↓ ↓
Desestrutura social
Sente-se culpada, mas impotente Reclama da impunidade
Ausência de valores

↓ ↓ ↓
AÇÃO DA ESCOLA
↓ ↓ ↓

Chama a família Dá advertências ao aluno Encaminha ao Conselho Tutelar

↓ ↓ ↓

Considera que a maioria dos


Esse não considera a
Essa não sabe como agir casos encaminhados não é de sua
advertência uma punição
responsabilidade

↓ ↓ ↓
O PROBLEMA DA
VIOLÊNCIA VOLTA
PARA A ESCOLA

ATIVIDADE

A abordagem efetuada nos oportuniza a reflexão de alguns fatores que podem desencadear
manifestações de violência.

Analisando o seu cotidiano, procure responder aos seguintes questionamentos:


Pensando que a lógica é o domínio de todos os seres humanos, como sentem-se os jovens até
mesmo no ambiente escolar? Como eles demonstram seu poder de pertencimento?
Como a violência juvenil atual se apresenta no seu local de trabalho?Ela interfere na sua
prática pedagógica?
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3 - INTERFERÊNCIA DA VIOLÊNCIA NO AMBIENTE


ESCOLAR

"Educar é um exercício de imortalidade. De certa forma continuamos


a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver a vida pela magia de
nossas palavras. O educador assim, não morre jamais."
(Rubem Alves)

Embora a violência seja um


fenômeno histórico da humanidade,
durante a última década tem se
mostrado alarmante tanto pela
gravidade das suas manifestações
quanto pela sua natureza e magnitude,
principalmente entre os jovens.
Também no ambiente escolar a
ocorrência de violência não é fenômeno
recente apesar de não se expressar em
grandes números assim como em
gravidade, ainda assim este é um
fenômeno preocupante pelas seqüelas
que causa nas pessoas que participam e
naqueles que testemunham a ação. Esse fato tem provocado a apreensão da opinião pública,
do meio acadêmico e das instituições públicas e privadas, nacionais e internacionais.
Os tipos mais comuns de violência escolar são: vandalismo, roubos e, também, as
agressões interpessoais, mais freqüentemente veiculadas pelos noticiários, jornais e revistas,
envolvendo aluno-aluno, aluno-professor. Normalmente roubos e vandalismo são executados,
por agentes externos e, muito raramente por agentes internos.
Segundo Abramovay (2002) os estímulos mais comuns às agressões físicas são o
pertencimento a facções ou gangues rivais, que atuam fora da escola. As jovens também
formam gangues e praticam atos de violência dentro e fora do ambiente escolar,
desmistificando a idéia de fragilidade e passividade, que passaram a ser estereótipos sem
sustentação.
“As situações de violência comprometem o que deveria ser a identidade da escola –
lugar de sociabilidade positiva, de aprendizagem de valores éticos e de formação de espíritos
críticos, pautados no diálogo, reconhecimento da diversidade e da herança civilizatória do
conhecimento acumulado.”(Abramovay, 2002, p. 154) Interrompendo, assim, a idéia de que a
escola é lugar de conhecimento, de formação do ser e da educação, local por excelência de
aprendizagem, de socialização, da ética e do diálogo como meios de comunicação.
A violência na escola não é uma característica de uma ou outra escola ou do sistema
escolar, manifestam-se em todas as esferas e lugares.
Tanto alunos quanto pais e professores constatam que o ambiente escolar deixou de
ser um lugar seguro, tornando-se um grave problema social, além de um importante objeto de
reflexões. Afinal, a condição essencial para garantir educação contínua e de qualidade é a
segurança. Porém, a escola e seus profissionais formam um universo capaz de criar condições
para que ocorram aprendizagens e interações significativas propiciando o desenvolvimento do
aluno. Para que possamos intervir na realidade, objetivando estabelecer um ambiente
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agradável, seguro, próprio para a efetivação da aprendizagem é necessário que, ao


detectarmos o problema busquemos respaldo teórico para estabelecer ações de combate ou
minimização do problema. Ter clareza da conceituação é primordial. Pela dimensão que a
conceituação de violência escolar assume, abordaremos as situações consideradas como
violência escolar, indisciplina, incivilidade e bullying.

ATIVIDADE

Sendo a violência fenômeno antigo, que afeta a sociedade em geral causando tanta
preocupação é essencial a existência de intervenções para inibi-lo.

Por se tratar de fenômeno antigo e geral, em seu local de atuação desenvolvem-se ações
conjuntas a fim de minimizá-lo ou inibi-lo? Todos os comportamentos inadequados podem
ser considerados como “violentos”?
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4 - CONCEITUANDO VIOLÊNCIA ESCOLAR

“O primeiro princípio da ação não-violenta é a não-cooperação com


tudo que é humilhante.”
(Mahatma Gandhi)

Observa-se em todos os países crescente desvio das gerações jovens em relação aos
mais velhos e a sociedade na qual estão inseridos. Rebeldia referente à discordância
intelectual entre o que os jovens sentem e os valores e mensagens que lhes são transmitidos
pela sociedade e pela família.
Os fatores arrolados como causas, fatores de risco ou determinantes desta moderna
eclosão de diversos tipos de violência, apresenta enorme multiplicidade. Entre elas a
percepção e o sentimento de estabilidade que deixaram de existir, ou foram substituídos pelo
oposto. A fragilização das normas sociais e a tendência ao isolamento. A perda da
credibilidade das próprias normas e a descrença nas instituições de deveriam preservar essas
normas. Romperam-se os laços de solidariedade mais amplos, prevalecendo os códigos
privados de comportamentos e valores.
No enfrentamento dos novos problemas sociais, é indispensável conhecer com
precisão os mecanismos sociais e culturais dessa descrença total da juventude atual.
Os problemas vivenciados nas escolas, inicialmente eram percebidos como
indisciplina escolar. Hoje o termo ‘violência’ é empregado sem receios, para definir os
conflitos enfrentados também nos ambientes escolares, segundo Debarbieux (1996),apresenta
relevantes mudanças, tanto no que é considerado violência, como no olhar a partir do qual o
tema é abordado. Pelo significado que assume, as concepções sobre violência nas escolas vêm
ampliando sua definição, incluindo na atualidade, situações consideradas práticas sociais
corriqueiras.
A ênfase estava no sistema escolar, principalmente na violência de professores contra
alunos, agora privilegia-se a análise da violência entre alunos, das depredações e em menor
proporção àquelas que envolvem profissionais da educação.
A finalidade da alteração da ênfase é identificar diferentes formas de violência e
também definir seus significados, muito embora o conceito de violência seja “potente demais
para que (um consenso) seja possível” segundo Arblaster (Abramovay, 2002, p. 19) uma vez
que a caracterização da violência varia de acordo com o lugar, o tempo e os agentes que a
analisam.
Na conceituação de violência escolar houve alguns avanços. Charlot (1997)
classificou-a em três níveis:

I – Violência – agressões físicas, vandalismo, etc.


II – Incivilidade – violências físicas ou psicológicas com caráter de
espetáculo.
III – Violência simbólica ou institucional – vivenciadas de forma oculta no
ambiente escolar e sobre as quais detemos pouco ou nenhum poder
decisório.

Autores como Dupâquier (1999) alertam sobre a necessidade de estarmos atentos para
os diversos tipos de violência na escola, tanto àqueles que ferem os direitos humanos, como
pela sua expressão e crescimento.
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ATIVIDADE

No combate à violência é fundamental redirecionar a ação pedagógica, adotando uma postura


atitudinal de não-violência.

Na sua opinião a violência juvenil social reflete-se na escola? Como ela se manifesta?
Você concorda com esta nova ênfase da violência, voltada aos problemas relativos ao
ambiente escolar? Já vivenciou algum momento violento em seu ambiente de trabalho, como
educador? Em caso afirmativo, aquele momento interferiu na sua ação educativa do dia?
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UNIDADE – II

IDENTIFICANDO AS DIFERENTES MANIFESTAÇÕES DA


VIOLÊNCIA
1 -DISCIPLINA ESCOLAR

“As crianças imitam o que os adultos fazem, não o que dizem. Seja
exemplo do tipo de moral e comportamento que você espera de seu
aluno.”
(retirado do livro Terapia da Auto-estima)

Sendo o reflexo da indisciplina


social, a indisciplina escolar é um grande
desafio que os educadores têm
encontrado. Ela se manifesta através de
algazarra em classe, brigas, xingamentos,
depredação e até agressões a professores.
Gritos ou ameaças não acabam com estas
manifestações de violência, angustiando
cada dia mais os educadores, em especial
os professores. O processo de educação
escolar é extremamente complexo e
exigente por se tratar da formação
simultânea de um grande número de
pessoas e a disciplina apresenta-se apenas
como um dos aspectos deste processo.
Para possibilitar atitudes de
combate à indisciplina é essencial termos
uma visão clara do significado de
disciplina, qual a sua origem, a que se refere e a necessidade de sua prática.
O termo disciplina vem do verbo discere, que significa aprender. A sua origem
etimológica é a mesma que discípulo ou discente. Seu sentido é muito variado.
No dicionário de Língua Portuguesa é traduzida como:

Regime de ordem imposta ou mesmo consentida; ordem que convém ao bom


funcionamento de uma organização (escolar, militar); relações de
subordinação do aluno ao mestre; observância de preceitos e normas;
submissão a um regulamento. (Ferreira, 1999, p.689)

Segundo Gotzens, (2003) um dos principais obstáculos para o bom desenvolvimento


do tema é o desconhecimento da sua dimensão conceitual. Segundo a autora, disciplina na
perspectiva de ensino “é o conjunto de normas e procedimentos dos quais dependem a ordem e a
harmonia de que a sala de aula necessita para poder trabalhar e conviver” (p. 24). Consiste “em um
enfoque global da organização e da dinâmica do comportamento na escola e na sala de aula, coerente
com os propósitos de ensino” (p. 22).
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A idéia de ordem, como requisito para qualquer atividade racional, é um dos primeiros
significados atribuídos à disciplina. Esta idéia vem sofrendo alterações ao longo da
construção histórica da humanidade, sem, no entanto negar a sua essência.
Baseando-se na sua origem constatamos que a disciplina refere-se à aprendizagem
comportamental.
As ações do ser humano dependem de querer e poder, que se relacionam objetiva e
subjetivamente, ao requisitar condições mínimas para a ação e o saber fazer. As duas
dimensões relacionam-se quando a ação sofre alteração consciente como resultado da
aprendizagem efetivada. Nos fazemos seres éticos quando reconhecemos que fizemos o que
deveríamos ter feito, negando a auto benevolência, a vontade, os desejos e o bem-estar
próprio, com a finalidade consciente de atingir um objetivo.
Segundo Gotzens (2003, p. 23) a disciplina é um instrumento cuja principal finalidade
é a de garantir a ordem necessária no grupo para facilitar seu funcionamento e, desse modo,
solucionar problemas que venham a surgir. Para que isto seja possível, é necessário que a
disciplina seja consciente e interativa. Sendo um processo de construção cognitiva da auto-
regulação do grupo ou do indivíduo e que acontece na interação social. Possui caráter
funcional e instrumental contribuindo para o “bom funcionamento na sala de aula e ao
estabelecimento de uma dinâmica positiva na escola em geral”. O caráter instrumental é vital
para o “bom desenvolvimento dos processos de aprendizagem e socialização que se realizam
na classe”. O valor funcional da disciplina escolar é favorecer o desenvolvimento dos
processos de ensino-aprendizagem e a consecução dos objetivos acadêmicos e de caráter
socializador propostos e vinculados ao contexto. Cabe a escola favorecer relações socialmente
desejáveis e respeitosas entre os indivíduos, desenvolvendo assim “comportamentos
adequados e coerentes com os padrões de relação e de interação humana que a sociedade
considera desejáveis” Gotzens (2003, p. 25).
Para Foucault (1991) o termo disciplina está estritamente ligado ao conceito de poder,
a escola ou o professor decidem o comportamento que o aluno deve demonstrar, negando a
liberdade, limitando a ação. Por isso a indisciplina pode ser vista como um contra-poder, uma
resistência a ele. “O poder é, portanto, uma prática social e ninguém passa incólume por ela.
Pensamos no poder como sendo supressivo, como algo que nos nega a liberdade, o
movimento. Na verdade ele nos limita, mas também só existe onde há, justamente,
possibilidade de limitar a ação, portanto onde há ação” (Fortuna, 1995, p. 107, IN: Xavier,
2002, p. 89).
Vista como contra-poder a indisciplina pode ser interpretada como positiva, pois “se
há ação, também há energia para a resistência ao poder” Foucault ( 1991, p. 77) assim aborda
o poder: “(...) todos aqueles que o reconhecem como intolerável, podem começar a luta onde
se encontram e a partir de sua atividade (ou passividade) própria”.
Devemos acreditar na possibilidade de mudança do outro, de si mesmo e da realidade.
Afinal, apesar de haver no sistema fortes focos de poder, vários agentes sociais também o
detém na sua ação diária.
Como diz Paulo Freire (2000, p.40) na sua primeira carta em Pedagogia da
Indignação: “A consciência de mim, inviabiliza a imutabilidade do mundo. A consciência do
mundo e a consciência de mim me fazem um ser não apenas no mundo mas com o mundo e
com os outros. Um ser capaz de intervir no mundo e não de a ele se adaptar.” Sabemos que os
problemas mais cedo ou mais tarde aparecem e precisamos contar com isso, bem como prever
quais são e os mais prováveis, em que momento podem ocorrer e quais os procedimentos que
se deve adotar para tentar solucioná-los.
18

ATIVIDADE

Relembrando - Os conceitos atuais referem-se à disciplina como sendo o conjunto de


procedimentos, normas e regras mediante os quais se mantém a ordem e a harmonia de que
a sala de aula necessita para poder trabalhar e conviver, e cujo valor é basicamente o de
favorecer a consecução dos objetivos propostos ao longo do processo de ensino-
aprendizagem do aluno. Portanto, deve fazer parte do planejamento dos processos de
ensino.

Nas turmas em que você atua, existem estes conjuntos de procedimentos, normas e
regras? Todos os alunos têm conhecimento? Como são trabalhados? Quem os elaborou?
Em caso negativo, se não há normas pode haver indisciplina?
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2 - DEFININDO A INDISCIPLINA ESCOLAR


“A correção e a disciplina são os caminhos da vida”.
(Provérbio de Salomão)

Muitos problemas que enfrentamos no ambiente


escolar, têm origem na questão do desrespeito às normas
vigentes, determinadas por aqueles que detêm o poder, tendo
por finalidade considerar certas ansiedades existenciais. Essa
situação se reflete no ambiente escolar, sendo de modo geral
definida como ausência ou negação de um comportamento
desejável. Visto sob o ângulo da negação, não oportuniza o
encontro de explicações que auxiliem a prática pedagógica.
Deve ser observado o lado positivo, pois é rico de
informações. Escapando do controle, o aluno questiona os
efeitos do processo de ensino-aprendizagem, e da sua
individualidade.
Dialogando sobre os conceitos de indisciplina escolar
o conceito refere-se ao não cumprimento de regras:

“indisciplina é não-cumprimento de regras; é rebeldia contra qualquer regra


construída; é desrespeito aos princípios de convivência combinados, sem
uma justificativa viável; é o não-cumprimento de regras criando transtornos;
é a incapacidade de se organizar e de se relacionar de acordo com normas e
valores estabelecidos por um grupo” (Fortuna, 2002, p.90).
Outra resposta também revela a idéia de rebeldia quando o autor Fortuna afirma que
“indisciplina é contestar, rebelar-se e romper com a forma harmônica do meio”.
A autoridade é essencial para o processo de formação da personalidade do aluno. A
autoridade não existe por si só, ela é fixada dentro de um contexto histórico e concreto. O
espaço escolar atravessa um momento de acúmulo de funções, fazendo-se necessária a sua
ressignificação, bem como o esclarecimento de seu papel atual, restituindo a autoridade ao
professor. Esta autoridade deve ser construída através do diálogo e de firmes propósitos. A
autoridade docente exige sustentação contínua e deve ser reinaugurada constantemente, pois a
disciplina não é reação espontânea ou dever natural dos alunos.
A indisciplina escolar pede uma atitude interpretativa, buscando as causas do
desencadeamento do fenômeno possibilitando o entendimento de que a agressividade e a
destrutividade são um teste quanto à capacidade do aluno em provocar agressões e a
capacidade da escola em contê-la de forma positiva, impondo limites e tendo o professor
como referência, portanto, passíveis de intervenção.
Segundo Vasconcellos (1992) “A autoridade pedagógica é uma prática complexa e
contraditória” uma vez que ela refere-se à construção da autonomia, que é estabelecer direção
e orientação sem, no entanto, coibir a liberdade e a espontaneidade do educando. Para tanto o
professor deve argumentar com o aluno sobre a postura atitudinal adequada considerando
sempre a necessidade do grupo e os objetivos visados, estabelecendo critérios de orientação
para a tomada de decisão de seus alunos.
Conhecendo o objetivo de cada atividade e a melhor maneira de atingi-los, oportuniza
a instauração da disciplina em sala de aula.
20

Educar é um grande desafio, assim como administrar a disciplina, por isso é


primordial que o professor seja formado, capacitado e tenha condições mínimas para exercer
melhor o seu trabalho.

ATIVIDADE

Analisando o texto, na sua opinião o que desencadeia os comportamentos


indisciplinados?Com que tipo de disciplina você, educador, sonha? Cientes de que a
indisciplina escolar é passível de solução, que atitudes podem ser tomadas? Afinal, o que é e
onde pode ocorrer a indisciplina?
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3 - DISCIPLINA NA ESCOLA E NA SALA DE AULA

Tomando por referência estudos realizados por


Gotzens (2003), a disciplina escolar e a da sala de aula
são muito diferentes. A disciplina escolar constitui o
marco de referência legal relativamente
contextualizado do que deve e pode ser, enquanto que
a disciplina na escola é a expressão real das diversas
formas de interação existentes entre as pessoas e os
contextos de ensino, se pode observar abaixo:
DISCIPLINA NA ESCOLA - Um dos principais
instrumentos da organização escolar é o Regimento
Escolar, documento obrigatório previsto na LDB, que
deve ser elaborado pela própria escola, observando as
legislações afins em vigência, no caso a LDB e o ECA, impedindo o estabelecimento escolar
de promulgar ações que as contradigam.
O Regimento Escolar refere-se a um plano escolar geral e tem como objetivo fixar a
organização administrativa, didática, pedagógica e disciplinar da escola, além de oficializar os
múltiplos direitos e deveres de todos os segmentos da comunidade envolvidos na instituição
escolar. Seguem um mesmo padrão discursivo, declarando a busca pela ‘consciência crítica’,
pela ‘participação ativa’, pelo ‘fomento da cidadania’. Afeta a escola em sua totalidade,
inclusive a disciplina de sala de aula sendo marco de referência para comunidade educacional
da escola possibilitando um funcionamento ordenado, onde as atividades fluam de forma
segura e serena. Aborda questões de importância vital para o bom funcionamento da escola,
deve conter um número reduzido de normas para orientar toda a comunidade escolar e ser
assumida por ela, apesar das interações entre seus membros acontecerem de forma esporádica.
As normas disciplinares costumam ser uma versão caseira dos regimentos e quase
sempre direcionadas aos alunos, definindo o que não pode ser feito e nunca ou raramente o
que se espera que eles façam.
Alguns regimentos e/ou normas disciplinares prevêem medidas alarmantes e ilícitas,
sendo um contra-senso ao discurso elaborado.
As normas sobre regime disciplinar não servem para comunicar ao professor como ele
deve aplicar a disciplina em sua sala de aula, mas, em todo caso serve para estabelecer limites
a esta atuação.(Gotzens, 2003, p.168).
DISCIPLINA NA SALA DE AULA - A disciplina em sala de aula deve alicerçar-se nas
normas e regulamentos pré-estabelecidos pela escola e dos quais é preciso captar o espírito
para que cada professor tome decisões de acordo com suas próprias características assim
como as de seus alunos.
Segundo Gotzens (2003), além do valor socializador, a disciplina é imprescindível
para o cumprimento de todo e qualquer objetivo curricular proposto, tanto nas especificidades
das disciplinas quanto às questões de desenvolvimento pessoal, de aquisição de aptidões e de
hábitos sociais. Deve estar em consonância com as diretrizes da disciplina escolar e com as
características dos elementos que a compõe. Respeitando, dentro dos limites estabelecidos e
pactuados, as peculiaridades de cada grupo de ensino, bem como, manter a flexibilidade, uma
dinâmica de sala de aula requer, espontaneidade, diversidade e adaptabilidade.
O professor é um gestor das condições de ensino sendo dele a responsabilidade de
decidir que atitudes são necessárias para que o processo ensino-aprendizagem se desenvolva.
22

Poucos são os profissionais em educação com um nível de competência alcançado de


forma intuitiva ou como “aptidão de sobrevivência” que os colocam em situação privilegiada
de atuação no que diz respeito à disciplina.
A disciplina escolar deve ser resultado de acordos entre as partes, contemplando as
pautas de convívio, esboçadas a partir das rotinas e das expectativas. Na conservação diária da
disciplina durante as aulas, e a extinção dos conflitos entre professor e aluno, uma medida
eficaz são os contratos didáticos. O contrato é um combinado e garante o diálogo.
O diálogo, como ferramenta de resolução de problemas, não é instantâneo, é processo
e, como tal, aprende-se gradualmente. É resultado de reflexão contínua, de permuta, de pontos
de vista e da coerência dos procedimentos empregados.
Ensinar disciplina é trabalhar com dedicação, acreditando que o aluno que ainda não
tem disciplina pode perfeitamente aprender a ter. A disciplina na escola e na sala de aula deve
responder a um planejamento de ensino globalizador com vistas à prevenção do problema e,
com o objetivo básico de viabilizar a aprendizagem e a socialização do aluno.

ATIVIDADE

Se o Regimento Escolar é de vital importância para o bom funcionamento de toda a


organização da escola, como ele é trabalhado? Todos têm acesso a ele? Houve a
participação de toda a comunidade escolar na sua elaboração?Você o segue na sua prática
docente?
O que se pode fazer para evitar que surjam situações de indisciplina na sala de aula
e, assim, garantir a ordem necessária para que o grupo funcione adequadamente? Como
ensinar disciplina? Punir simplesmente, resolverá?
Na escola onde atua existe um planejamento relativo às condutas disciplinares?Ele
atende as necessidades cotidianas? Como ele é realimentado?
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4 - DELIMITANDO AÇÕES

Para possibilitar uma ação apropriada aos casos de disciplina escolar faz-se necessário
delimitar os âmbitos de ação, a fim de identificar o que é de sua responsabilidade. Não cabe à
escola resolver todo e qualquer problema comportamental de um aluno, existe outros setores
da sociedade também responsáveis pela educação e desenvolvimento dos sujeitos.
São de responsabilidade da escola, as intervenções relativas aos problemas
comportamentais passíveis de serem regulados, segundo as normas e procedimentos
estabelecidos pela instituição escolar. Os alunos que apresentam problemas como
agressividade, hiperatividade devem receber atendimento especializado. Para tanto, cabe à
escola encaminhá-lo a um especialista.
Segundo Gotzens (2003) as questões de âmbito escolar podem ser agrupadas em três
categorias:
− Os temas de caráter preventivo incluem aqueles relacionados com o planejamento de
conteúdos, de procedimentos e de materiais, envolvendo a distribuição de espaço e de
tempo, previsão de normas básicas para o funcionamento do grupo e de facilitação de
aprendizagem, de hábitos e de atitudes, assim como os procedimentos e as estratégias para
sua aplicação.
− Os relativos à contextualização, direcionados à adaptação e ao ajuste das normas e dos
procedimentos pré-estabelecidos antes do contato com a realidade concreta da sala de aula
e do ambiente escolar.
− Os relativos à intervenção referem-se às intervenções sobre os problemas de
comportamento, sejam de caráter pontual ou específico, que representam a transgressão
das normas e das formas de organização previstas e estabelecidas.
As categorias apontadas surgem da combinação de três tipos fundamentais de ação
disciplinar, a que resulta de planejar a ordem, a que se refere ao estabelecimento de ajustes e
de adaptações ao ambiente escolar específico ao qual é destinada a aplicação e, a centrada na
intervenção e na resolução de problemas e de alterações concretas que surgem nas situações
de ensino, relevantes para a ordem e a socialização dos grupos que integram a instituição
escolar.

ATIVIDADE

Se não esclarecermos nosso campo de intervenção torna-se desgastante e improdutivo todo


o esforço dispendido, causando stress e o sentimento de impotência frente aos problemas
vivenciados.

Alguém do grupo já vivenciou semelhante situação? Relate ao grupo, enfatizando os


sentimentos desencadeados.
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5 - AÇÕES NECESSÁRIAS PARA A CRIAÇÃO DE UMA NOVA


DISCIPLINA

A idéia de disciplina esteve sempre relacionada aos limites


(restrição, frustração, interdição, proibição etc.) e de objetivos
(finalidades, sentido para o limite colocado). A crise de objetivos e
de limites que vivenciamos está associada à crise da disciplina
escolar. Um componente essencial da disciplina nas escolas mais
flexíveis e democráticas é o respeito aos limites, entendido como
“a criação de um espaço protegido dentro do qual o indivíduo
poderá exercer sua espontaneidade e criatividade sem receios e
riscos. Não existe conteúdo organizado sem um continente que lhe
dê forma” (Outeiral, 1994:34 IN: Fortuna, 2002, p.101). Somente
articulado a um objetivo o limite adquire sentido.
É considerado aluno indisciplinado aquele que não respeita limites nem os sentimentos
alheios, enfim, apresenta dificuldade de auto governar-se. Cabe à escola trabalhar sobre estas
características.
Partir da realidade concreta é essencial para iniciarmos a construção de uma nova
disciplina, restabelecendo o sentido da escola, do estudo, dos limites e das possibilidades.
Esta construção deve ser um dos objetivos da escola, e o conflito percebido como
oportunidade de discussão de valores e das relações interpessoais, conscientizando o aluno de
que ele não tem o direito de transformar o espaço público em espaço privado.
Construir uma nova disciplina é extremamente difícil, devido à complexidade dos
fatores que interferem nos comportamentos. As ações devem abranger todas as interferências.
Para o seu enfrentamento a visão de processo é essencial, uma vez que as mudanças ocorrem
por aproximações sucessivas que devem ser valorizadas mesmo nos mínimos avanços, desde
que sejam concretos e coletivos. As possibilidades de êxito serão maiores, quanto maior for a
participação no processo.
A participação dos alunos nas decisões relativas ao cotidiano escolar dando-lhe a
oportunidade de participar na elaboração das normas, eliminará o conceito de disciplina visto
como mecanismo de repressão ou controle que submete o aluno às normas autoritárias,
educando para a obediência, para a submissão e para a passividade.
A disciplina resultante da decisão comum do grupo, proposta e assumida, deve ser
revista constantemente e com a participação de todos os integrantes do grupo, podendo ser
alterada, mantida ou substituída.
Esta forma de planejamento participativo motiva a postura política e crítica da
cidadania, oportunizando a formação de pessoas capazes de encarar criticamente esta
convivência social, desvendando-a e mesmo repropondo-a, respeitando os interesses da
maioria. Desta forma, respeitando a realidade pessoal e o contexto sócio-histórico-cultural,
nos quais estão inseridos. A disciplina pessoal deve manifestar-se num posicionamento
individual e social aceitáveis, perante o dinamismo e a problemática do grupo pertencente
assim como das atividades propostas para efetivação da mudança ou da estruturação. A
disciplina social deve influenciar a disciplina individual e garantir o inverso do processo, a
disciplina individual influenciando a disciplina do grupo.
25

ATIVIDADE

Na sua opinião, o envolvimento do educando nas decisões escolares contribuirá para


melhorar a postura disciplinar e as relações interpessoais? Esta atitude não influenciará na
nossa autoridade diminuindo-a?
Vamos nos dividir em dois grupos. O primeiro será a favor e defenderá a idéia
argumentando, enquanto o outro será contra.
Esta atividade serve para a análise dos diversos argumentos.
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6 - CAUSAS DA INDISCIPLINA NA VISÃO DOS ENVOLVIDOS

Os estudos realizados apontam para uma visão


diferenciada das causas da indisciplina, segundo a
posição que os atores envolvidos no processo se
encontram.
Segundo Rego (2007), para os professores a culpa é dos
pais devido à dissolução do núcleo familiar além de não
estabelecerem limites ou não educarem seus filhos nos
princípios básicos de convivência como saber se
comportar, respeitar os outros, saber esperar a sua vez,
etc.
Os pais e os profissionais da educação associam a
indisciplina exclusivamente à falta de autoridade do
professor, assim como ao seu poder de controle e a
aplicação de estratégias punitivas ou as sanções. Parecendo que a solução encontra-se no
poder de administração e controle da turma ou na aplicação medidas punitivas rigorosas.
Confunde-se autoridade com autoritarismo.
Já os alunos criticam o sistema escolar. Os principais fatores na visão do educando são
o autoritarismo, a qualidade das aulas, a quantidade de matérias incompreensíveis, pouco
significativas e desinteressantes. Além de aulas monótonas, alguns professores mostram-se
ásperos outros muito espontâneos, além da obrigação de permanecerem sentados. A ausência
de regras, o excesso de falta de professores, a enorme pressão que sofrem quando buscam a
aprovação no vestibular.
Estudos atuais demonstram como as ‘dinâmicas turbulentas’ presentes retratam, entre
outros aspectos, os equívocos da escola frente às necessidades, aos interesses e às
possibilidades do aluno. Segundo esses trabalhos, o comportamento indisciplinado está
diretamente relacionado a uma série de aspectos associados à ineficiência da prática
pedagógica desenvolvida, como propostas curriculares problemáticas e metodologias que
subestimam a capacidade do aluno, cobrança excessiva da postura sentada, inadequação da
organização do espaço da sala de aula e do tempo para a realização das atividades, excessiva
centralização na figura do professor e, conseqüentemente, pouco incentivo à autonomia e às
interações entre os alunos, constante uso de sanções e ameaças visando ao silêncio da classe,
pouco espaço ao diálogo, entre outros.

ATIVIDADE

Percebemos que cada um dos atores coloca a causa da indisciplina como sendo um fator
externo a ele. Deste modo insenta-se da responsabilidade. Entretanto, pelos estudos
efetuados nota-se que todos encontram-se envolvidos e a cada um dos atores cabe uma
responsabilidade específica.

Utilizando-se da explosão de idéias, enumerem intervenções viáveis registradando-as


no quadro de giz para posterior análise e seleção.
27

7 – INCIVILIDADE

As relações interpessoais que


permeiam o ambiente escolar
desorganizando-o são ações de desrespeito
e referem-se a condutas contrárias às regras
da boa convivência.
Para denominar o que acontece
nesse ambiente específico, Latterman
(2000) utilizada a palavra “incivilidade”
que representa um meio termo entre a
violência e a indisciplina.
incivilidade deriva de civil, que é
"relativo às relações dos cidadãos entre si ... ;
social, civilizado; cortês, polido" (Ferreita, 1999, p. 482) e refere-se também à má-criação,
indelicadeza, grosseria, descortesia.
A análise histórica dos costumes da humanidade, feita por Elias (1993 e 1994), citado
por Tigre (2002), aponta as mudanças das regras sociais e de como eram percebidas pelo
indivíduo modificando comportamento e sentimentos. Assim, o que consideramos educado
hoje, é resultado de séculos de pequenas transformações nos costumes e no modo de pensar.
Os nossos hábitos encontram-se em determinado estágio da evolução secular, podendo vir a
ser considerado por nossos descendentes “grosseiros" e surpreendentes tanto quanto nós
consideramos os costumes de um passado ainda recente.
Segundo análise da autora, para Elias (1993), o termo civilizado era utilizado pela
sociedade francesa referindo-se a ela e indicando o final de um processo, podendo somente
ser aperfeiçoado. Ser civilizado, na origem do termo,é o ponto de chegada do mundo
ocidental. Como a França estava civilizada, podia levar para outras nações essa civilização,
espalhando-a. Nesta ótica, ser civilizado é concordar com a moral e os costumes europeus,
procedente dos franceses e ingleses.
Para Charlot (op. Cit.), são “incivilidades” a agressão física e a pressão psicológica
que aparecem espetacularmente.
A palavra "incivilidade" também é utilizada em relação aos pequenos furtos, agressões
verbais e físicas, humilhações, brigas e descaso pela escola.
Conforme explicita Debarbieux (apud Latterman, 2.000, p. 37):

Por incivilidade se entende uma grande gama de fatos indo da indelicadeza,


má criação das crianças ao vandalismo, passando pela presença de
vagabundos, grupos juvenis. As incivilidades mais inofensivas parecem
ameaças contra a ordem estabelecida transgredindo códigos elementares da
vida em sociedade, o de código de boas maneiras. Elas podem ser da ordem
do barulho, sujeira, impolidez, tudo que causa desordem. Não são então
necessariamente comportamentos ilegais em seu sentido jurídico mas
infrações à ordem estabelecida, encontradas na vida cotidiana. Elas são,
segundo Roche, o elo que falta e que explica a insegurança sentida pelas
pessoas, mesmo que elas não foram vítimas de crimes e delitos; mas a vida
cotidiana se degrada efetivamente e não imaginariamente. Indo mais além,
as incivilidades, pela impressão de desordem que geram, são para os que as
sofrem a ocasião de um compromisso, uma defesa em causa da organização
28

do mundo. Através delas a violência se toma uma crise de sentido e contra


sentido. Elas abrem a idéia de caos.

A incivilidade refere-se a condutas de pouca gravidade e previsibilidade, sendo difícil


a sua identificação como as transgressões cotidianas.
Engloba comportamentos que rompem as normas de convivência social e com a
expectativa do que é considerado uma conduta social apropriada. Expressa-se na forma de
insensibilidade aos direitos humanos. Como tal não restringe-se somente aos comportamentos
dos alunos, estende-se aos problemas administrativos como a inadequação do funcionamento
escolar, a omissão, o desrespeito e falta de diálogo dos profissionais em educação.
No ambiente escolar expressam-se de formas complexas e atendem a diferentes
finalidades e representam a principal ameaça para o funcionamento e a convivência do
ambiente escolar.

ATIVIDADE

Dividir em pequenos grupos para discussão e elaboração de ações. Após socializar.


Na ótica da “incivilidade” os problemas disciplinares a nível escolar não são em sua
maioria incivilidades? Que ações podemos desenvolver ou coordenar para substituí-las por
condutas aceitáveis?
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8 - BULLYING

O fenômeno bullying está relacionado a atitudes


agressivas, intencionais e repetidas num período
prolongado de tempo, ocorrendo sem motivações
evidentes e, em que um ou mais agressores atacam
a(s) mesma(s) vítima(s), causando dor, angústia e
sofrimento, levando a vítima à exclusão, causando
danos físicos, morais e materiais, numa relação
pautada pelo desequilíbrio de poder. (Fante, 2005).
“Bullying: palavra de origem inglesa, adotada
em muitos países para definir o desejo consciente e
deliberado de maltratar uma outra pessoa e colocá-la
sob tensão.” (Fante, 2005, p.27) Nos estudos sobre o
problema de violência escolar é utilizado para
conceituar os comportamentos agressivos e anti-sociais.
Segundo Fante (2005), pode ser definido como subconjunto de comportamentos
agressivos, caracterizado por sua natureza repetitiva e por desequilíbrio de poder, e também
pela incapacidade da vítima em defender-se facilmente. Bully - substantivo significa:
valentão, tirano. Verbo - brutalizar, tiranizar, amedrontar.
Comportamentos deliberados e danosos como; pressão, intimidação, gozação,
apelidos, etc. podem evidenciar o bullying.
Inexiste um termo da língua portuguesa para expressar as situações de Bullying. Para
fins de esclarecimento relatamos algumas ações que caracterizam o Bullying: apelidar, zoar,
gozar, humilhar, causar sofrimento, discriminar, excluir, isolar, ignorar, perseguir, assediar,
aterrorizar, amedrontar, tiranizar, dominar, agredir, bater, chutar, empurrar, ferir, roubar,
quebrar pertences ou usurpá-los.
Podem ocorrer de duas formas, ambas aversivas e prejudiciais ao psiquismo da vítima.
Diretamente, utilizando-se de agressões físicas (bater, tomar pertences, etc) verbais (insultar,
apelidar pejorativa e discriminatoriamente). Indiretamente, forma que provoca maior prejuízo
e pode criar traumas irreversíveis ao psiquismo de suas vítimas, “acontece através da
disseminação de rumores desagradáveis e desqualificantes, visando à discriminação e
exclusão da vítima de seu grupo social”.Fante, 2005, p.50).
É um comportamento que acontece no interior da escola, caracteriza-se por maus-
tratos habituais e graves, ligados à agressividade física, verbal ou psicológica muito difundido
entre as crianças e adolescentes, podendo também ocorrer em qualquer ambiente e faixa
etária. É um fenômeno complexo e de difícil identificação por manifestar-se de maneira sutil e
velada, propagando-se pela lei do silêncio. É percebido como um
comportamento cruel intrínseco nas relações interpessoais que se
apresenta na perspectiva oculta, no desconhecimento e na indiferença,
tendo sua força na ausência de valorização pessoal daqueles que
sofrem como vítimas. Entretanto, nem todos os conflitos sociais ou
interpessoais são agressivos ou conduzem à violência e à vitimização.

Breve histórico da ocorrência do bullying


Fenômeno mundial, antigo. Apesar da consciência da problemática
existente entre agressor e vítima, somente na década de 1970 surgiu na Suécia um grande
30

interesse de toda a sociedade. Na Noruega foi motivo de preocupação, mas somente em 1982,
após o suicídio de três crianças desencadeado pelos maus-tratos que sofriam pelos seus
companheiros de escola, é que o Ministério da Educação da Noruega fez uma campanha em
escala nacional contra os problemas entre agressores e vítimas. Olweus desenvolveu uma
pesquisa onde constatou que a cada sete alunos um estava envolvido em casos de bullying
este fato originou uma campanha nacional, que reduziu em 50% os casos de bullying,
incentivando outros países a promoverem campanhas de intervenção.
Hanke (1996) nos alerta que para uma melhor compreensão da natureza, extensão e
associações entre violência e vitimização não basta simplesmente evidenciar atos extremos ou
criminosos. Outros autores também defendem a idéia de que outros tipos de violência podem
apresentar gravidade tal, que provoque traumas, indicando a necessidade de ouvir os
indivíduos vitimados para se construir noções sobre violência, mais próximos da realidade.
Pesquisadores de todo o mundo atentam para este fenômeno, apontando aspectos
preocupantes quanto ao crescimento e a faixa etária dos envolvidos, ocorrendo nos primeiros
anos de escolaridade. No Brasil pesquisa realizada em 2003 no Rio de Janeiro mostra que
40,5% dos alunos admitiram estar envolvidos em bullying, como agressor ou vítima;
apresentando índice superior aos dos países europeus.
Segundo Fante (2005), atualmente, a matéria mais difícil de ser aprendida para muitos
alunos em qualquer série que estejam freqüentando é a convivência harmoniosa, devido à
intolerância e a ausência de parâmetros que os orientem assim como a falta de habilidades
para resolver os conflitos que surgem no ambiente escolar.
È necessário que a comunidade escolar conscientize-se da existência e das
conseqüências advindas do bullying, percebendo-o como fonte geradora de outras formas de
violência. Esta consciência é fator decisivo para que ao se desenvolver estratégias de
intervenção para que se obtenha-se êxito.
Pesquisas revelam que a maioria das crianças já sofreu ou sofrem Bullying. Entretanto,
nem todas as relações caracterizam-no, devemos perceber a diferença entre brincadeiras
próprias da idade.
Mesmo a violência pode ser evitada e seu impacto minimizado, para reduzi-lo é
imprescindível sensibilizar e envolver toda a comunidade escolar. Visando a redução da
violência, nas últimas décadas a reflexão pedagógica centrou-se em valores humanos como a
ética, a moral e a cidadania. Anteriormente, acreditava-se que os valores estavam implícitos
na tarefa educativa. Os ‘temas transversais’ considerados ideais para se educar em valores
esbarraram nos problemas metodológicos que inviabilizaram a sensibilização, estimulação e
orientação das atitudes individuais ou coletivas dos alunos.
É possível ensinar comportamentos não violentos para lidar com as frustrações e a
raiva, assim como utilizar meios pacíficos para solucionar conflitos interpessoais. É urgente a
necessidade de estimular valores como a tolerância, a solidariedade, a convivência pacífica
para a construção de um mundo melhor, um mundo de paz. “O diálogo, o respeito e as
relações de cooperação precisam ser valorizados e assumidos por todos os envolvidos no
processo educacional” (Fante, 2005, p. 93).
Em reuniões de autoridades com especialistas são apresentadas soluções paliativas,
com ênfase preventiva focada em estratégias que visam coibir a entrada de armas e drogas nas
escolas como se as causas estivessem naquilo que os alunos trazem nas
mochilas, esquecendo-se daquilo que trazem no coração. (Fante, 2005, p. 30)
31

Para refletir - Somos o resultado de situações que vivenciamos. Perceber as emoções dos
alunos é fundamental para identificarmos os problemas que está vivenciando. Através do
diálogo podemos conhecer melhor os alunos, descobrindo o que estão sentindo, quais as
suas emoções e expectativas. A educação em valores é uma das formas de inibir
comportamentos de desrespeito aos semelhantes.

ATIVIDADE

Na sua trajetória de educador já deparou-se com alguma situação em que um aluno


veio até você reclamar da atitude do colega? Deu importância à reclamação? Que atitude
você tomou?
Existe na escola onde trabalha algum projeto neste sentido? Todos concordam com a
sua importância e se envolvem?
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9 - COMO SE DESENVOLVE O FENÔMENO BULLYING EM


SALA DE AULA - ABUSOS ENTRE COLEGAS

Bullying. Realidade inegável e responsável pelo clima de medo e perplexidade das


vítimas e da comunidade educativa.
A ação individual do agressor acaba se transformando em ação coletiva, onde os
admiradores repetem as condutas do agressor em geral na mesma vítima, podendo também ser
uma outra. O agressor impõe sua autoridade, torna-se modelo de identificação a ser seguido.
Um aluno adere ao grupo ou se converte em agressor por pressão ou como estratégia de
defesa, para não ser vítima, não ser banido do grupo ou para garantir popularidade.
As causas desses comportamentos são derivadas da “carência afetiva, ausência de
limites, modo de afirmação do poder dos pais sobre os filhos, por meio de ’práticas
educativas’ que incluem maus-tratos físicos e explosões emocionais violentas” (Fante, 2005,
p.61).
O agressor tem necessidade de reproduzir maus-tratos, exercer autoridade, se fazer
notado ou então por ser a única maneira aprendida de lidar com as inseguranças pessoais,
diante do grupo buscando reconhecimento, auto-afirmação e satisfação pessoal.
A ausência de modelos educativos humanistas que orientem à convivência social
pacífica e crescimento moral e espiritual induz a intolerância, a não-aceitação das diferenças
sempre notórias e abrangentes.
O principal agravante da situação é o aluno não possuir maturidade para admitir as
conseqüências resultantes do seu envolvimento neste tipo de comportamento, nem adquirir
habilidades necessárias para lidar com ele, só concebida através da conscientização
preventiva. O bullying varia sua forma de manifestação de acordo com a idade dos alunos. No
ensino médio, constata-se a formação de gangues na escola com a participação de alguns
alunos agressores associadas a gangues de fora que interviriam a qualquer momento que
precisassem, mediante chamada por celular. Esse envolvimento estimula outras formas de
violência explícita, até à marginalidade, delinqüência, uso de armas, drogas, etc.
A participação feminina vem crescendo, estão copiando condutas agressivas inclusive
maus-tratos. O uso da internet e do celular tem contribuído para a perseguição entre as
meninas.
Os professores têm dificuldade em lidar com os maus-
tratos e a violência, muitas vezes alguns profissionais vem
reagindo com agressividade, tornando-se modelos para
muitos alunos que repetem as condutas agressivas de seus
mestres (postura de autoritarismo e intimidação), para obter
poder e controle do grupo.
É indispensável o conhecimento das proibições
explícitas da escola no que se refere ao abuso entre colegas.
“É comum entre os alunos de uma classe a existência
de diversos tipos de conflitos e tensões”.(Fante, 2005, p.47).
As interações agressivas funcionam como diversão ou para a
auto-afirmação.
No caso de abusos entre colegas, tanto o agressor
quanto a vítima necessitam de auxílio, ambos apresentam
dificuldades de relacionamento satisfatório.
33

O fenômeno bullying apresenta os seguintes atores. Alvos, os alunos que só sofrem o


Bullying; alvos/autores, alunos que ora sofrem, ora praticam; autores, alunos que somente
praticam e o espectador ou testemunha que somente presencia, não sofre nem pratica, convive
com o problema, adota a lei do silêncio por medo de se tornar vítima. Os expectadores são a
maioria e podem sentir-se inseguros e incomodados. Seu direito de aprender em um ambiente
seguro e solidário foi violado, podendo interferir e dificultar o processo de construção do
conhecimento.

ATIVIDADE

Discutam sobre o assunto em questão


Após esta breve explanação sobre o assunto e revendo sua história de vida, você
identifica-se como vítima, agressor ou expectador de casos de Bullying? Que sentimentos a
situação despertou em você?
Reflita sobre os questionamentos e sentindo-se confortável, relate sua história aos
colegas.

Vivemos um momento em que a “adultecência” encontra-se em voga e ninguém se dispõe a


ser modelo para os jovens e as crianças, muito embora seja de valor incalculável.
Educadores são exemplos e não devem esquecer-se disto.

A atitude autoritária ou agressiva adotada pelo professor, em relação ao poder que


detém, não está contribuindo para que alguns alunos utilizem estas mesmas atitudes em
relação aos seus colegas? É capaz de identificar um aluno que possa estar sendo vítima de
Bullying? Justifique.
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10 - ATORES DO BULLYING

Utilizando-se da classificação dos principais atores do Bullying e da classificação dos


diferentes papéis desempenhados, em Fante, 2005, p.71 a 73) foram elaboradas as tabelas
abaixo, com alguns aspectos apresentados pelo agressor e pelos diferentes tipos de vítima (s),
a fim de traçar um perfil e oportunizar uma visão geral.

Atores Características Comportamento Sentimento Reação


- comportamento - necessidade de
- vitimiza os mais fracos
agressivo ameaçar - utiliza estratégias
inteligentes para safar-
- interações ásperas - manifesta pouca empatia - dominar
se das conseqüências
- temperamento - malvado, duro, mau- - subjugar de forma dos atos
irritadiço caráter impositiva
- necessidade imperiosa - reação intensa e
- força física
de subjugar violenta - satisfação com o
- falta de empatia ataque pessoal ou do
Agress - impõe-se mediante poder grupo
para com os - superioridade
or e ameaça
sentimentos do outro
- dificuldade de adaptar-se
- supremacia
às normas
- inexistência do - não tolera ser - tendência à hostilidade
- forma guangues considera fonte de
sentimento de culpa contrariado, nem atrasos
conflito e agressão
- adota condutas anti- qualquer
sociais como roubo, relacionamento
vandalismo, uso de álcool
35

Atores Características Comportamento Reação Consequência


- índole de não-defesa
- cala-se em relação - a não violação a - evadir-se carregando
- auto-estima baixa aos acontecimentos lei do silêncio as conseqüências
- características - suportar calada os
psicológicas - - acredita não ter valor
- temem denunciar ataques
ansiedade,
- ser merecedor dos seus agressores - diminuição da auto-
insegurança,
Vítimas passividade, timidez ataques estima
- isola-se do grupo - intensificação do
- dificuldade de impor- - reputação denegrida - conformismo, rancor aos colegas e à
se e de ser agressivo pelas gozações e vergonha de se escola
ataques expor ou medo de
- converte-se em
gozações maiores
- fisicamente indefeso caça-vítima

- indivíduo pouco - reproduz maus-


- aspecto físico frágil
sociável tratos
- ineficaz nos esportes
- sofre repetidas vezes - intervenção
e brigas - transforma-se em
familiar em
- insegurança, baixa vítima agressora
- não consegue reagir situações drásticas
auto-estima
- dificuldade de - relaciona-se melhor
- medo que a vítima - sofrem pelo
Vítima típica aprendizado com adultos
sofra represálias do despreparo dos
- não se impõe ao agressor profissionais
- ansiedade
grupo
- conduta habitual não- - sentem-se
- aspectos depressivos
agressiva coagidos à
omissão, à - não podem contar
- presa fácil para conivência e à com os companheiros
abusos cumplicidade, por
medo
- gênio ruim
- revida de maneira
- expectadores
- pode ser hiperativa, ineficaz quando
atacada passivos, não se
inquieta, dispersiva
Vítima atrevem a denunciar
provocadora - tola, ofensora,
imatura
- costumes irritantes
- causa tensões onde se - provoca e atrai
Vítima encontra reações agressivas
agressora
- reproduz maus-tratos
sofridos em indivíduos
36

ATIVIDADE

Percebendo o agressor como vítima em outra esfera social, será que somente punir irá
cessar as agressões, ou somente as fortalecerá uma vez que a agressividade é uma forma de
“autodefesa”.

Se fôssemos os alunos de hoje que atitudes esperaríamos de nossos professores?


Para a apresentação utilizem técnicas variadas como música, desenho, dramatização.
37

11 - CONSEQÜÊNCIAS DO BULLYING

“O importante não é o que fizeram comigo, mas o que faço com o que
fizeram comigo.”
(Sartre)

O bullying apresenta como característica mais grave a


propriedade de causar traumas ao psiquismo de suas vítimas. Sua
ação maléfica pode acompanhar a vítima por toda a vida ou impeli-
la a atitudes trágicas.
Afetam todos os envolvidos, sobretudo as vítimas. Pode ou
não haver superação dependendo das características individuais. A
não superação afetará todas as fases da vida da vítima, com
conseqüências bastante graves. “Dependendo da intensidade do
sofrimento vivido em conseqüência do bullying, a vítima poderá
desenvolver reações intra-psíquicas, com sintomatologias de
natureza psicossomática: enurese, taquicardia, sudorese, insônia,
cefaléia, dor epigástrica, bloqueio de pensamentos e de raciocínio,
ansiedade, estresse e depressão, pensamentos de vingança e de suicídio, bem como reações
extrapsíquicas, expressas por agressividade, impulsividade, hiperatividade e abuso de
substâncias químicas”. (Fante, 2005, p. 80)
Para a autora citada, “o agressor (de ambos os sexos) envolvido no fenômeno estará
propenso a adotar comportamentos delinqüentes, tais como: agregação a grupos delinqüentes,
agressão sem motivo aparente, uso de drogas, porte ilegal de armas, furtos, indiferença à
realidade que o cerca, crença de que deve levar vantagem em tudo, crença de que é impondo-
se com violência que conseguirá obter o que quer na vida... afinal foi assim nos anos
escolares”. É grande a relação entre o bullying e a criminalidade.

ATIVIDADE

Para melhor compreensão das conseqüências do Bullying - Utilizar o filme Bang


Bang Você morreu e os textos complementares que relatam situações identificadas como
casos de Bullying
Os textos podem ser distribuídos para análise em grupo e posterior socialização.

Situações identificadas como casos de Bullying


Relatos recentes abordando diferentes situações. Os nomes dos envolvidos foram
alterados para preservar a identidade dos mesmos. Estes relatos foram retirados do Livro
Bulling: como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz Fante, Cleo, p.31 a 39.

Caso 1 – João Paulo, um garoto da 5ª série, 11 anos, vinha sofrendo perseguições de alguns
colegas porque não gostava de jogar futebol. Por ser tímido, chorava com facilidade e não
conseguia responder aos ataques de alguns companheiros da escola, passando a ser rejeitado pelos
meninos da turma. Ninguém queria sua participação nos trabalhos em grupos ou nos jogos em
equipe. Não tendo outra saída, aproximou-se de algumas meninas e, como resultado, ganhou o
apelido de Bicha. Por isso, estava sendo perseguido e humilhado no horário do recreio, como
passatempo de vários alunos agressores. João Paulo faltava às aulas com freqüência, alegando que
estava doente, que tinha muita dor de cabeça e que não dormia direito. Seu aspecto era triste e
38

deprimido. Parecia que estava sempre com medo de que algo ruim lhe acontecesse. Uma colega de
classe disse para a professora que o menino estava pensando em mudar-se de escola, mas temia
que lá também fosse alvo de gozações. Ele não sabia o que fazer nem como lidar com a questão. O
fato é que estava sofrendo muito e queria unicamente que o deixassem em paz.

Caso 2 – Humberto, 16 anos, sentiu na pele o que é o terror na esccola. Foi apelidado de Bob
Esponja e Bombril por causa dos seus cabelos crespos e do seu jeito calado e tímido. Aos poucos
foi se sentindo rejeitado e isolou-se da turma. Disse que, quanto mais os colegas caçoavam dele,
mais se isolava e sofria. Expressou sua angústia dizendo que gostaria de desaparecer e nunca mais
ouvir falar em escola.

Caso 3 – A aluna Márcia , 14 anos, disse que a sua vida na escola nunca fora boa porque sempre
fora humilhada, desde a 1ª série. “Todos têm problemas, sou uma delas. Zoam de mim porque não
falo direito. Eles não sabem o mal que me fazem.” Márcia pensou várias vezes em abandonar a
escola. No início do ano letivo apresentou problemas psicossomáticos graves, entrando em quadro
depressivo. Após uma consulta, o médico atestou que deveria mudar de período, porque os
problemas enfrentados em sala de aula estavam agravando sua saúde. Lamentavelmente ela não
resistiu às humilhações e acabou por abandonar a escola.

Caso 4 – Miriam era uma boa aluna, tirava excelentes notas em todas as matérias. Algumas
meninas, enciumadas com o seu bom desempenho e com o “paparico” de muitos professores,
resolveram se unir para interferir em suas amizades. Espalharam boatos de que ela era “sapatão”.
Logo suas amigas foram se afastando dela, deixando-a de lado. Sem saber o que estava
acontecendo, aproximava-se delas buscando melhorar os relacionamentos. Convidava as colegas
para irem ao shopping ou ao cinema, mas elas sempre arrumavam desculpas para não ir. Faziam
festinhas e encontros porém não a convidavam. Aos poucos Miriam foi se isolando e, quando
percebeu, já estava excluída de todo o grupo. No horário do recreio, preferia ficar na sala de aula
ou se trancava no banheiro. Somente entendeu o que estava ocorrendo quando viu, no muro da
escola, a inscrição: “Miriam = sapatão”. A garota ficou desesperada e não encontrou outra
alternativa a não ser mudar de escola, piorando o seu desempenho escolar. Hoje, adulta, Miriam
tem dificuldades em relacionar-se e a todo momento faz questão de demonstrar sensualidade, às
vezes chegando à vulgaridade. Segundo ela, trata-se de uma estratégia para mostrar que realmente
é uma mulher.

Caso 5 – O aluno Carlos, da 5ª série, foi vítima de alguns colegas por muito tempo, porque não
gostava de futebol. Era ridicularizado constantemente, sendo chamado de gay nas aulas de
educação física. Isso o ofendia sobremaneira, levando-o a abrigar pensamentos suicidas, mas antes
queria encontrar uma arma e matar muitos dentro da escola.

Caso 6 – Depoimento – “Minha vida é muito triste. Para dizer a verdade, sou uma menina vítima:
apanho da minha irmã mais velha e da minha mãe. Às vezes, até minha avó e meus tios me batem.
Na escola, tem alguns meninos que também me batem e colocam apelidos feios em mim. Não dá
mais para agüentar esta situação...” (aluna da 3ª série, 9 anos).

Caso 7 – “Johnny, um menino tranqüilo de 13 anos, durante dois anos foi brinquedo de seus
companheiros de classe. Os adolescentes importunavam-no para que ele lhes desse dinheiro,
obrigavam-no a tragar ervas e a beber leite misturado com detergente, golpeavam-no no pátio e
atavam-lhe uma corda no pescoço, para passear como um cachorrinho... Quando perguntaram aos
torturadores de Johnny sobre suas intimidações, disseram que perseguiam a sua vítima porque era
divertido.”
39

Caso 8 – “O aluno Philip C. foi levado à morte por culpa das intimidações e dos maus-tratos de
que era objeto no pátio da escola. Enforcou-se depois de sofrer contínuas ameaças, empurrões e
humilhações por parte de três companheiros de classe. Dias antes do exame, roubaram desse
menino tímido de 16 anos, todas as suas anotações. Não podia mais resistir. Tinha medo de dizer
para seus pais, por isso decidiu morrer. Ao regressar do colégio, enforcou-se com uma corda, na
porta de sua casa.”

Para refletir:
Se o Bullying é extremamente danoso para todos os envolvidos e se repercute em toda
a vida, porque não tem o destaque que merece? O que está faltando para a conscientização
social? Que políticas de intervenção podem ser adotadas? Que caminhos podemos seguir no
sentido de erradicar esta forma de violência?
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40

UNIDADE III

NECESSIDADES EDUCACIONAIS

1 - SEGURANÇA

Garantir a segurança nas escolas é


primordial em um contexto como o dos tempos
atuais. A criança tem que ter segurança e proteção
na escola. O poder público tem que garantir
segurança para nossos jovens e crianças e os pais
têm que ter consciência do risco de ter uma arma
em casa. A escola deve estar preparada para evitar
que armas de fogo entrem em suas dependências,
senão o ambiente escolar deixará de ser o espaço de
construção do conhecimento para tornar-se
extensão da rua, uma rua de violência e medo. O
entorno das escolas é tão importante quanto as
escolas em si. Por isso, não se deve poupar recursos
humanos e financeiros em ações que promovam a
segurança tanto dentro das dependências das escolas quanto em suas imediações. Essa é uma
questão prioritária e urgente.
As escolas não podem ser espaço de insegurança e medo. Ao contrário, devem
preservar a sensação de proteção e conforto de todos os seus alunos.”As escolas devem ser
vistas como santuários invioláveis. Quem os violar merece todo o rigor da lei” (Abramovay,
2006). Escolas mais seguras resultam de uma ‘construção coletiva’. O direito à educação
exige a fiscalização das escolas por parte da comunidade, bem como o seu envolvimento na
solução dos problemas que ela enfrenta, participando ativa, crítica e conscientemente, enfim,
exercendo a sua cidadania.
A dinâmica de integração escola-comunidade exige a configuração de ações
recíprocas. Do lado da escola, se espera que a mesma tenha sensibilidade e capacidade
suficientes para reconhecer quais as particularidades da comunidade, suas necessidades e
preocupações, suas formas de organização, seus
componentes éticos e morais. Para que a
comunidade se aproprie do espaço escolar é
necessário, também, construir os espaços de
participação e os modos de articulação, porque ela
precisa ser promovida e fundamentalmente
viabilizada. Esse processo tem que acontecer sobre
a base do reconhecimento do outro, que exige o
estabelecimento do diálogo permanente e do
respeito-mútuo.
Os familiares dos estudantes devem
envolver-se diretamente na vida escolar de seus
filhos, durante toda a jornada estudantil. Não basta enviá-los à escola, é preciso acompanhar
41

seus estudos, cobrar-lhes assiduidade e disciplina, monitorar adequadamente suas atividades


extra-escolares, desta forma conhecer melhor aquela criança ou adolescente que está
aprendendo a (com) viver fora de casa. Este acompanhamento deve incluir as garotas também.
Afinal, a fragilidade e a passividade femininas já provaram ser um mito.
Os maiores problemas, normalmente provém das famílias mais ausentes da vida
escolar de seus filhos, distanciamento que às vezes provém do relacionamento que a escola
estabelece com a família, ao não oportunizar momentos que resultem em futuros planos de
atuação conjunta.
É de extrema importância para a minimização da violência, em todas as formas de
manifestação, o envolvimento da comunidade na vida da escola. A dinâmica de integração
escola/comunidade exige a configuração de ações recíprocas para se obter bons resultados,
fazendo os alunos mudarem o modo de agir e de pensar.
Cabe à escola colaborar com os pais no que se refere à disciplina familiar em relação à
autoridade dos pais e aos limites que muitas vezes são equivocados, frágeis e outras vezes
apresentam caráter autoritário, punitivo, resultando em crianças desajustadas em suas relações
sociais repercutindo no meio escolar.
A precariedade da participação coletiva das famílias na escola pode ser compensada
pelo maior nível de envolvimento individual. A relação construtiva entre escola e família
amplia as possibilidades de êxito escolar. Devendo a escola primar pela sua tarefa
socializadora baseada em componentes éticos e morais mais universais.

ATIVIDADE

Questionamentos para discussão, em pequenos grupos, culminando com elaboração


de cartazes com sugestões para o envolvimento familiar.
Quais as sensações de segurança do entorno de seu local de atuação são vivenciadas?
Sendo o envolvimento familiar decisivo para que o ensino aprendizagem se efetive num
ambiente saudável, que ações de inserção familiar a sua escola desenvolve? Como se
apresenta a participação familiar? Existem alguns projetos envolvendo a comunidade?
Quais? Os pais envolvem-se nos projetos? Em caso negativo, como trazê-los para dentro da
escola?
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2 - ESPAÇO ESCOLAR – CONSTRUÇÃO COLETIVA

Segundo Fortuna (2002), existe


uma dicotomia em relação às tarefas
educativas sob o ângulo das interações
sociais, naquilo que compete à escola e
ao que compete à família. A repartição
das tarefas educativas entre escola e
família é amplamente difundida entre
professores, tocando à escola a educação
dos “conhecimentos” e à família a
educação “moral”. Com esta visão a
escola está percebendo a dimensão epistêmica como algo abstrato, desconsiderando que ela se
realiza em sujeitos psicológica e moralmente concretos. Outro equívoco ocorre quando se
elege responsável pelos “conteúdos”, com conotação de algo abstrato, como se o aluno ou a
família não fossem participantes do processo de construção do “patrimônio cultural da
humanidade”. Deve-se lembrar a função instrumental da escola para as crianças que tem sua
origem fortemente atrelada às necessidades da era industrial. Para a autora

A despeito da compartimentação dos saberes e das culturas, a moralidade e


os conhecimentos científicos vão se construindo não só nas classes sociais,
mas também às custas do conflito entre elas. Todos os seus membros são
protagonistas neste processo, mesmo que as versões consagradas do
conhecimento produzido estejam a serviço das classes dominantes. Isto
explica porque as classes populares através de suas famílias têm seu lugar no
processo de conhecimento que gera os conteúdos escolares, assim como
explica porque os preceitos morais subjacentes às exigências e
comportamentos disciplinares têm inelutável participação da escola.
(Fortuna, 2002, p.93)

A dinâmica de integração escola-comunidade exige a configuração de ações


recíprocas. Do lado da escola, se espera tenha sensibilidade e capacidade suficientes para
reconhecer quais as particularidades da comunidade, suas necessidades e preocupações, suas
formas de organização, seus componentes éticos e morais. Para que a comunidade se aproprie
do espaço escolar é necessário, também, construir os espaços de participação e os modos de
articulação, porque ela precisa ser promovida e fundamentalmente viabilizada. Esse processo
tem que acontecer sobre a base do reconhecimento do outro, que exige o estabelecimento do
diálogo permanente e do respeito-mútuo.

ATIVIDADE

A construção coletiva do espaço escolar é um processo, e como tal deve ser pautado num
projeto bem estruturado. Para direcionar as atitudes de responsabilidade da escola,
faremos algumas considerações. Após essas considerações analisar a hipótese de
implementá-la, partindo da realidade que a escola tem.
43

3 - COMO MUDAR A NOSSA REALIDADE

Para a mudança da realidade é preciso trabalhar


em cima de projetos, de compromissos, já que o contexto
apresenta-se extremamente difícil, complexo.
A organização coletiva através de “projetos
sociais compartilhados e adequada provisão ambiental”
(Fortuna, 2002, p.105) são essenciais para a construção
do conhecimento e de novas formas de sociabilidade.
Ao contrário da prática o discurso educacional
apresenta mudanças numa velocidade incrível.
Incorporar-se “no discurso, é um desafio, pois tira o
eventual caráter transformador das idéias, já que não vem
acompanhada de uma ética, de um compromisso com a
efetiva mudança da realidade.” (Vasconcellos, p. 242)
Devemos resgatar o sentido da tarefa educativa,
reconhecendo o conhecimento como instrumento de compreensão do mundo para dele
usufruirmos e transformá-lo, e a escola como elemento de mudança das relações sociais.
Uma das funções da escola é educar indivíduos e formar futuros adultos que devem
comportar-se de maneira responsável, autônoma e democrática, é lógico que na escola
articulem-se mecanismos e estruturas que tornem isso possível.
Sendo a escola local que possibilita uma vivência social diferente do grupo familiar, já
que proporciona o contato com o conhecimento sistematizado e com um universo amplo de
interações, com pessoas, ambientes e materiais, tem um relevante papel, que não é como já se
pensou, o de compensar carências culturais, afetivas e sociais e sim, o de oferecer a
oportunidade para que ele tenha acesso a informações e experiências novas e desafiadoras,
capazes de provocar transformações e desencadear novos processos de desenvolvimento e
aprendizagem.
Mesmo as crianças provenientes de ‘’lares comprometidos’ terão condições de superar
adversidades se tiverem a oportunidade de vivenciar, em outros contextos educativos, um
modelo diferente de educação.
Segundo Rego (2007) a prática escolar deve oportunizar a construção e a
interiorização de atitudes valorizadas socialmente como solidariedade, cooperação e respeito,
bem como o desenvolvimento de mecanismos de controle auto-reguladores de sua conduta,
desta forma não isentando-se de sua tarefa educativa no que diz respeito à disciplina. Na
opinião da autora

Caso a indisciplina esteja instaurada em determinada prática, suas causas,


assim como as possíveis soluções para esse fenômeno, devem ser buscadas
nos fatores intra-escolares, os quais incluem, porém extrapolam, o espaço da
sala de aula, já que envolvem a escola como um todo. Em outras palavras,
mais do que esperar a transformação das famílias ou de lamentar os traços
comportamentais que cada aluno apresenta ao ingressar na escola, é
necessário que os educadores concebam tais antecedentes como ponto de
partida e, sobretudo, façam uma análise aprofundada e conseqüente dos
fatores responsáveis pela ocorrência da indisciplina na sala de aula (Rego,
2007, p. 24).
44

Através desta avaliação interna pode-se chegar à conclusão de que os motivos que
desencadeiam comportamentos indisciplinados, alegados pelos alunos são consistentes,
oportunizando intervenção nesta direção.

ATIVIDADE

Refletindo - Como pudemos perceber através da fundamentação teórica utilizada, todas as


variáveis merecem igual atenção quando nos propomos à mudanças e, especialmente no
ambiente escolar que é de uma complexidade extrema. Antes de qualquer ação, devemos
fazer o diagnóstico da nossa realidade. Para tanto alguns questionamentos são essenciais.
O que ocorre? Por que? Como? Quando? Com que intensidade? Quais as conseqüências?

Retome a relação das situações que ocorrem no ambiente escolar e que você percebe
como violência, enumeradas no início dos trabalhos: Unidade I – 1ª seção. Agora procure
classificá-las, como indisciplina, incivilidade ou bullying. Identificá-las é essencial para
determinarmos que ações são apropriadas a cada situação.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tomando por referência Vasconcellos (1997), muitos professores, também vítimas da


“lógica desumana e excludente”, sentem-se impotentes e sonham com uma “solução mágica”
colocando inconscientemente a solução dos problemas comportamentais fora do sujeito,
negando assim o caráter processual de mudança da realidade. Ao tomar esta atitude de
transferência, esvaziando sua competência profissional e existencial, perde o senso crítico e a
autoridade.
Segundo o mesmo autor, “A negação da escola começa pela negação do próprio
professor”. É necessário superar este processo de falta de autonomia do professor. Um dos
maiores desafios é o resgate do professor como agente de transformação, através do exercício
de uma das funções básicas do ser humano, a reflexão. “Refletir, buscar, comprometer-se”.
O resgate do respeito ao professor é um ponto a ser abordado com urgência, pois se o
professor é submetido a uma “seqüência de desrespeito, fica difícil estabelecer um
relacionamento de respeito com seus alunos”. O professor vive eterna tensão, a dualidade
entre “dirigir, orientar, decidir, limitar e possibilitar, deixar fluir, correr, ouvir, acatar.”
(Vasconcellos, 1997 p. 248) Esta incoerência é constante, resolvida em diferentes momentos
e, em consonância com os objetivos almejados. O professor libera e retém numa dinâmica
constante que jamais pode ser anulada, tendo como parâmetro de ação o contexto e os
objetivos do trabalho.
Transformar a escola em um ambiente de idéias e ideais renovados, local de
convivência democrática, livre, participativa, responsável e crítica. Local de respeito, de apoio
mútuo, que possibilite a discussão das divergências para culminarem com decisões e objetivos
comuns.
Uma disciplina dinâmica, consciente, criativa, que impulsione para a responsabilidade
pelo social, pelo senso comunitário, onde todos se respeitem e se apóiem, enfim, uma
disciplina participativa.
É difícil? Mas possível!
Para iniciarmos a busca desse sonho, recomendo que utilizem os demais volumes
dessa coletânea, pois os mesmos trazem importantes maneiras de intervir nessa complexa
dinâmica, com abordagens simples, práticas e eficazes para a construção desse ambiente
harmônico.

"Educai as crianças, para que não seja


necessário punir os adultos". (Pitágoras)
46

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABRAMOVAY, Miriam (et al.). Gangues, galeras, chegados e rappers: juventude,


violência e cidadania nas cidades da periferia de Brasília. Rio de Janeiro: Garamond,
2002.
ABRAMOVAY, Miriam. OPINIÃO. www.violenciasnasescolas.org.br/declaracoes.php
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América Latina: desafios para políticas públicas. – Brasília: UNESCO, BID, 2002.
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Paulo: Moderna, 2003.
CODO, Wanderley (coordenador). Educação: carinho e trabalho. Petrópolis, Rio de
Janeiro: Vozes/Brasília: Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação:
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língua portuguesa. 3ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.
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Porto Alegre: Mediação, 2002.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São
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