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Discutindo Conceitos
II - FASCÍCULO
Elaborado por
Profª Soeli Terezinha Scorsim
Orientado por
Profª Mestre Maria das Graças do Espirito Santo Tigre
Fevereiro/2008
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APRESENTAÇÃO
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ..................................................................................................01
INTRODUÇÃO........................................................................................................03
OBJETIVOS DO FASCÍCULO .............................................................................04
DISCUTINDO CONCEITOS.................................................................................05
SUGESTÕES DE ATIVIDADES ...........................................................................06
UNIDADE – I
VISÃO GERAL SOBRE A VIOLÊNCIA
1 – PRINCIPAIS AGENTES DA TAREFA DE EDUCAR .....................................07
2 - DISCUTINDO O CONCEITO DE VIOLÊNCIA ...............................................09
3 - INTERFERÊNCIA DA VIOLÊNCIA NO AMBIENTE ESCOLAR..................12
4 - CONCEITUANDO VIOLÊNCIA ESCOLAR ....................................................14
UNIDADE – II
IDENTIFICANDO AS DIFERENTES MANIFESTAÇÕES DA VIOLÊNCIA
1 - DISCIPLINA ESCOLAR.....................................................................................16
2 – DEFININDO A INDISCIPLINA ESCOLAR .....................................................19
3 – DISCIPLINA NA ESCOLA E NA SALA DE AULA........................................21
4 – DELIMITANDO AÇÕES ...................................................................................23
5 – AÇÕES NECESSÁRIAS PARA A CRIAÇÃO DE UMA
NOVA DISCIPLINA.................................................................................................24
6 – CAUSAS DA INDISCIPLINA NA VISÃO DOS ENVOLVIDOS....................26
7 – INCIVILIDADE ..................................................................................................27
8 – BULLYING .........................................................................................................29
9 – COMO SE DESENVOLVE O FENÔMENO BULLYING
EM SALA DE AULA – ABUSOS ENTRE COLEGAS ..........................................32
10 – ATORES DO BULLYING................................................................................34
11 – CONSEQÜÊNCIAS DO BULLYING..............................................................37
UNIDADE – III
NECESSIDADES EDUCACIONAIS
1 -SEGURANÇA.......................................................................................................40
2 - ESPAÇO ESCOLAR – CONSTRUÇÃO COLETIVA ......................................42
3 - COMO MUDAR NOSSA REALIDADE ............................................................43
CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................45
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................46
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INTRODUÇÃO
OBJETIVOS DO FASCÍCULO
DISCUTINDO CONCEITOS
SUGESTÕES DE ATIVIDADES
"os motivos têm função energizante, eles provocam comportamento"
(Snnygg - 1962)
Nessas relações que estabelecemos algumas vezes nos sentimos impotentes, outras nos
realizamos. Algumas vezes nos indagamos sobre nossas ações, principalmente quando nos
deparamos com situações em que nos sentimos impotentes.
Vamos ver o que pensam os autores que dedicam a sua vida estudando, pesquisando e elaborando
ações que auxiliem nessa problemática.
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UNIDADE – I
ATIVIDADE
Após essas primeiras considerações, podemos perceber que educar é tarefa complexa.
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Mas afinal, como fazer da escola esse local de aprendizagem, socialização e diálogo se a
violência e a indisciplina interferem negativamente em nossa prática? O que quer dizer
violência? Enumere por escrito, situações que ocorrem no ambiente escolar e você percebe
como violência.
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VIOLÊNCIA NA ESCOLA
↓ ↓ ↓
↓ ↓ ↓
Desestrutura social
Sente-se culpada, mas impotente Reclama da impunidade
Ausência de valores
↓ ↓ ↓
AÇÃO DA ESCOLA
↓ ↓ ↓
↓ ↓ ↓
↓ ↓ ↓
O PROBLEMA DA
VIOLÊNCIA VOLTA
PARA A ESCOLA
ATIVIDADE
A abordagem efetuada nos oportuniza a reflexão de alguns fatores que podem desencadear
manifestações de violência.
ATIVIDADE
Sendo a violência fenômeno antigo, que afeta a sociedade em geral causando tanta
preocupação é essencial a existência de intervenções para inibi-lo.
Por se tratar de fenômeno antigo e geral, em seu local de atuação desenvolvem-se ações
conjuntas a fim de minimizá-lo ou inibi-lo? Todos os comportamentos inadequados podem
ser considerados como “violentos”?
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Observa-se em todos os países crescente desvio das gerações jovens em relação aos
mais velhos e a sociedade na qual estão inseridos. Rebeldia referente à discordância
intelectual entre o que os jovens sentem e os valores e mensagens que lhes são transmitidos
pela sociedade e pela família.
Os fatores arrolados como causas, fatores de risco ou determinantes desta moderna
eclosão de diversos tipos de violência, apresenta enorme multiplicidade. Entre elas a
percepção e o sentimento de estabilidade que deixaram de existir, ou foram substituídos pelo
oposto. A fragilização das normas sociais e a tendência ao isolamento. A perda da
credibilidade das próprias normas e a descrença nas instituições de deveriam preservar essas
normas. Romperam-se os laços de solidariedade mais amplos, prevalecendo os códigos
privados de comportamentos e valores.
No enfrentamento dos novos problemas sociais, é indispensável conhecer com
precisão os mecanismos sociais e culturais dessa descrença total da juventude atual.
Os problemas vivenciados nas escolas, inicialmente eram percebidos como
indisciplina escolar. Hoje o termo ‘violência’ é empregado sem receios, para definir os
conflitos enfrentados também nos ambientes escolares, segundo Debarbieux (1996),apresenta
relevantes mudanças, tanto no que é considerado violência, como no olhar a partir do qual o
tema é abordado. Pelo significado que assume, as concepções sobre violência nas escolas vêm
ampliando sua definição, incluindo na atualidade, situações consideradas práticas sociais
corriqueiras.
A ênfase estava no sistema escolar, principalmente na violência de professores contra
alunos, agora privilegia-se a análise da violência entre alunos, das depredações e em menor
proporção àquelas que envolvem profissionais da educação.
A finalidade da alteração da ênfase é identificar diferentes formas de violência e
também definir seus significados, muito embora o conceito de violência seja “potente demais
para que (um consenso) seja possível” segundo Arblaster (Abramovay, 2002, p. 19) uma vez
que a caracterização da violência varia de acordo com o lugar, o tempo e os agentes que a
analisam.
Na conceituação de violência escolar houve alguns avanços. Charlot (1997)
classificou-a em três níveis:
Autores como Dupâquier (1999) alertam sobre a necessidade de estarmos atentos para
os diversos tipos de violência na escola, tanto àqueles que ferem os direitos humanos, como
pela sua expressão e crescimento.
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ATIVIDADE
Na sua opinião a violência juvenil social reflete-se na escola? Como ela se manifesta?
Você concorda com esta nova ênfase da violência, voltada aos problemas relativos ao
ambiente escolar? Já vivenciou algum momento violento em seu ambiente de trabalho, como
educador? Em caso afirmativo, aquele momento interferiu na sua ação educativa do dia?
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UNIDADE – II
“As crianças imitam o que os adultos fazem, não o que dizem. Seja
exemplo do tipo de moral e comportamento que você espera de seu
aluno.”
(retirado do livro Terapia da Auto-estima)
A idéia de ordem, como requisito para qualquer atividade racional, é um dos primeiros
significados atribuídos à disciplina. Esta idéia vem sofrendo alterações ao longo da
construção histórica da humanidade, sem, no entanto negar a sua essência.
Baseando-se na sua origem constatamos que a disciplina refere-se à aprendizagem
comportamental.
As ações do ser humano dependem de querer e poder, que se relacionam objetiva e
subjetivamente, ao requisitar condições mínimas para a ação e o saber fazer. As duas
dimensões relacionam-se quando a ação sofre alteração consciente como resultado da
aprendizagem efetivada. Nos fazemos seres éticos quando reconhecemos que fizemos o que
deveríamos ter feito, negando a auto benevolência, a vontade, os desejos e o bem-estar
próprio, com a finalidade consciente de atingir um objetivo.
Segundo Gotzens (2003, p. 23) a disciplina é um instrumento cuja principal finalidade
é a de garantir a ordem necessária no grupo para facilitar seu funcionamento e, desse modo,
solucionar problemas que venham a surgir. Para que isto seja possível, é necessário que a
disciplina seja consciente e interativa. Sendo um processo de construção cognitiva da auto-
regulação do grupo ou do indivíduo e que acontece na interação social. Possui caráter
funcional e instrumental contribuindo para o “bom funcionamento na sala de aula e ao
estabelecimento de uma dinâmica positiva na escola em geral”. O caráter instrumental é vital
para o “bom desenvolvimento dos processos de aprendizagem e socialização que se realizam
na classe”. O valor funcional da disciplina escolar é favorecer o desenvolvimento dos
processos de ensino-aprendizagem e a consecução dos objetivos acadêmicos e de caráter
socializador propostos e vinculados ao contexto. Cabe a escola favorecer relações socialmente
desejáveis e respeitosas entre os indivíduos, desenvolvendo assim “comportamentos
adequados e coerentes com os padrões de relação e de interação humana que a sociedade
considera desejáveis” Gotzens (2003, p. 25).
Para Foucault (1991) o termo disciplina está estritamente ligado ao conceito de poder,
a escola ou o professor decidem o comportamento que o aluno deve demonstrar, negando a
liberdade, limitando a ação. Por isso a indisciplina pode ser vista como um contra-poder, uma
resistência a ele. “O poder é, portanto, uma prática social e ninguém passa incólume por ela.
Pensamos no poder como sendo supressivo, como algo que nos nega a liberdade, o
movimento. Na verdade ele nos limita, mas também só existe onde há, justamente,
possibilidade de limitar a ação, portanto onde há ação” (Fortuna, 1995, p. 107, IN: Xavier,
2002, p. 89).
Vista como contra-poder a indisciplina pode ser interpretada como positiva, pois “se
há ação, também há energia para a resistência ao poder” Foucault ( 1991, p. 77) assim aborda
o poder: “(...) todos aqueles que o reconhecem como intolerável, podem começar a luta onde
se encontram e a partir de sua atividade (ou passividade) própria”.
Devemos acreditar na possibilidade de mudança do outro, de si mesmo e da realidade.
Afinal, apesar de haver no sistema fortes focos de poder, vários agentes sociais também o
detém na sua ação diária.
Como diz Paulo Freire (2000, p.40) na sua primeira carta em Pedagogia da
Indignação: “A consciência de mim, inviabiliza a imutabilidade do mundo. A consciência do
mundo e a consciência de mim me fazem um ser não apenas no mundo mas com o mundo e
com os outros. Um ser capaz de intervir no mundo e não de a ele se adaptar.” Sabemos que os
problemas mais cedo ou mais tarde aparecem e precisamos contar com isso, bem como prever
quais são e os mais prováveis, em que momento podem ocorrer e quais os procedimentos que
se deve adotar para tentar solucioná-los.
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ATIVIDADE
Nas turmas em que você atua, existem estes conjuntos de procedimentos, normas e
regras? Todos os alunos têm conhecimento? Como são trabalhados? Quem os elaborou?
Em caso negativo, se não há normas pode haver indisciplina?
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ATIVIDADE
ATIVIDADE
4 - DELIMITANDO AÇÕES
Para possibilitar uma ação apropriada aos casos de disciplina escolar faz-se necessário
delimitar os âmbitos de ação, a fim de identificar o que é de sua responsabilidade. Não cabe à
escola resolver todo e qualquer problema comportamental de um aluno, existe outros setores
da sociedade também responsáveis pela educação e desenvolvimento dos sujeitos.
São de responsabilidade da escola, as intervenções relativas aos problemas
comportamentais passíveis de serem regulados, segundo as normas e procedimentos
estabelecidos pela instituição escolar. Os alunos que apresentam problemas como
agressividade, hiperatividade devem receber atendimento especializado. Para tanto, cabe à
escola encaminhá-lo a um especialista.
Segundo Gotzens (2003) as questões de âmbito escolar podem ser agrupadas em três
categorias:
− Os temas de caráter preventivo incluem aqueles relacionados com o planejamento de
conteúdos, de procedimentos e de materiais, envolvendo a distribuição de espaço e de
tempo, previsão de normas básicas para o funcionamento do grupo e de facilitação de
aprendizagem, de hábitos e de atitudes, assim como os procedimentos e as estratégias para
sua aplicação.
− Os relativos à contextualização, direcionados à adaptação e ao ajuste das normas e dos
procedimentos pré-estabelecidos antes do contato com a realidade concreta da sala de aula
e do ambiente escolar.
− Os relativos à intervenção referem-se às intervenções sobre os problemas de
comportamento, sejam de caráter pontual ou específico, que representam a transgressão
das normas e das formas de organização previstas e estabelecidas.
As categorias apontadas surgem da combinação de três tipos fundamentais de ação
disciplinar, a que resulta de planejar a ordem, a que se refere ao estabelecimento de ajustes e
de adaptações ao ambiente escolar específico ao qual é destinada a aplicação e, a centrada na
intervenção e na resolução de problemas e de alterações concretas que surgem nas situações
de ensino, relevantes para a ordem e a socialização dos grupos que integram a instituição
escolar.
ATIVIDADE
ATIVIDADE
ATIVIDADE
Percebemos que cada um dos atores coloca a causa da indisciplina como sendo um fator
externo a ele. Deste modo insenta-se da responsabilidade. Entretanto, pelos estudos
efetuados nota-se que todos encontram-se envolvidos e a cada um dos atores cabe uma
responsabilidade específica.
7 – INCIVILIDADE
ATIVIDADE
8 - BULLYING
interesse de toda a sociedade. Na Noruega foi motivo de preocupação, mas somente em 1982,
após o suicídio de três crianças desencadeado pelos maus-tratos que sofriam pelos seus
companheiros de escola, é que o Ministério da Educação da Noruega fez uma campanha em
escala nacional contra os problemas entre agressores e vítimas. Olweus desenvolveu uma
pesquisa onde constatou que a cada sete alunos um estava envolvido em casos de bullying
este fato originou uma campanha nacional, que reduziu em 50% os casos de bullying,
incentivando outros países a promoverem campanhas de intervenção.
Hanke (1996) nos alerta que para uma melhor compreensão da natureza, extensão e
associações entre violência e vitimização não basta simplesmente evidenciar atos extremos ou
criminosos. Outros autores também defendem a idéia de que outros tipos de violência podem
apresentar gravidade tal, que provoque traumas, indicando a necessidade de ouvir os
indivíduos vitimados para se construir noções sobre violência, mais próximos da realidade.
Pesquisadores de todo o mundo atentam para este fenômeno, apontando aspectos
preocupantes quanto ao crescimento e a faixa etária dos envolvidos, ocorrendo nos primeiros
anos de escolaridade. No Brasil pesquisa realizada em 2003 no Rio de Janeiro mostra que
40,5% dos alunos admitiram estar envolvidos em bullying, como agressor ou vítima;
apresentando índice superior aos dos países europeus.
Segundo Fante (2005), atualmente, a matéria mais difícil de ser aprendida para muitos
alunos em qualquer série que estejam freqüentando é a convivência harmoniosa, devido à
intolerância e a ausência de parâmetros que os orientem assim como a falta de habilidades
para resolver os conflitos que surgem no ambiente escolar.
È necessário que a comunidade escolar conscientize-se da existência e das
conseqüências advindas do bullying, percebendo-o como fonte geradora de outras formas de
violência. Esta consciência é fator decisivo para que ao se desenvolver estratégias de
intervenção para que se obtenha-se êxito.
Pesquisas revelam que a maioria das crianças já sofreu ou sofrem Bullying. Entretanto,
nem todas as relações caracterizam-no, devemos perceber a diferença entre brincadeiras
próprias da idade.
Mesmo a violência pode ser evitada e seu impacto minimizado, para reduzi-lo é
imprescindível sensibilizar e envolver toda a comunidade escolar. Visando a redução da
violência, nas últimas décadas a reflexão pedagógica centrou-se em valores humanos como a
ética, a moral e a cidadania. Anteriormente, acreditava-se que os valores estavam implícitos
na tarefa educativa. Os ‘temas transversais’ considerados ideais para se educar em valores
esbarraram nos problemas metodológicos que inviabilizaram a sensibilização, estimulação e
orientação das atitudes individuais ou coletivas dos alunos.
É possível ensinar comportamentos não violentos para lidar com as frustrações e a
raiva, assim como utilizar meios pacíficos para solucionar conflitos interpessoais. É urgente a
necessidade de estimular valores como a tolerância, a solidariedade, a convivência pacífica
para a construção de um mundo melhor, um mundo de paz. “O diálogo, o respeito e as
relações de cooperação precisam ser valorizados e assumidos por todos os envolvidos no
processo educacional” (Fante, 2005, p. 93).
Em reuniões de autoridades com especialistas são apresentadas soluções paliativas,
com ênfase preventiva focada em estratégias que visam coibir a entrada de armas e drogas nas
escolas como se as causas estivessem naquilo que os alunos trazem nas
mochilas, esquecendo-se daquilo que trazem no coração. (Fante, 2005, p. 30)
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Para refletir - Somos o resultado de situações que vivenciamos. Perceber as emoções dos
alunos é fundamental para identificarmos os problemas que está vivenciando. Através do
diálogo podemos conhecer melhor os alunos, descobrindo o que estão sentindo, quais as
suas emoções e expectativas. A educação em valores é uma das formas de inibir
comportamentos de desrespeito aos semelhantes.
ATIVIDADE
ATIVIDADE
10 - ATORES DO BULLYING
ATIVIDADE
Percebendo o agressor como vítima em outra esfera social, será que somente punir irá
cessar as agressões, ou somente as fortalecerá uma vez que a agressividade é uma forma de
“autodefesa”.
11 - CONSEQÜÊNCIAS DO BULLYING
“O importante não é o que fizeram comigo, mas o que faço com o que
fizeram comigo.”
(Sartre)
ATIVIDADE
Caso 1 – João Paulo, um garoto da 5ª série, 11 anos, vinha sofrendo perseguições de alguns
colegas porque não gostava de jogar futebol. Por ser tímido, chorava com facilidade e não
conseguia responder aos ataques de alguns companheiros da escola, passando a ser rejeitado pelos
meninos da turma. Ninguém queria sua participação nos trabalhos em grupos ou nos jogos em
equipe. Não tendo outra saída, aproximou-se de algumas meninas e, como resultado, ganhou o
apelido de Bicha. Por isso, estava sendo perseguido e humilhado no horário do recreio, como
passatempo de vários alunos agressores. João Paulo faltava às aulas com freqüência, alegando que
estava doente, que tinha muita dor de cabeça e que não dormia direito. Seu aspecto era triste e
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deprimido. Parecia que estava sempre com medo de que algo ruim lhe acontecesse. Uma colega de
classe disse para a professora que o menino estava pensando em mudar-se de escola, mas temia
que lá também fosse alvo de gozações. Ele não sabia o que fazer nem como lidar com a questão. O
fato é que estava sofrendo muito e queria unicamente que o deixassem em paz.
Caso 2 – Humberto, 16 anos, sentiu na pele o que é o terror na esccola. Foi apelidado de Bob
Esponja e Bombril por causa dos seus cabelos crespos e do seu jeito calado e tímido. Aos poucos
foi se sentindo rejeitado e isolou-se da turma. Disse que, quanto mais os colegas caçoavam dele,
mais se isolava e sofria. Expressou sua angústia dizendo que gostaria de desaparecer e nunca mais
ouvir falar em escola.
Caso 3 – A aluna Márcia , 14 anos, disse que a sua vida na escola nunca fora boa porque sempre
fora humilhada, desde a 1ª série. “Todos têm problemas, sou uma delas. Zoam de mim porque não
falo direito. Eles não sabem o mal que me fazem.” Márcia pensou várias vezes em abandonar a
escola. No início do ano letivo apresentou problemas psicossomáticos graves, entrando em quadro
depressivo. Após uma consulta, o médico atestou que deveria mudar de período, porque os
problemas enfrentados em sala de aula estavam agravando sua saúde. Lamentavelmente ela não
resistiu às humilhações e acabou por abandonar a escola.
Caso 4 – Miriam era uma boa aluna, tirava excelentes notas em todas as matérias. Algumas
meninas, enciumadas com o seu bom desempenho e com o “paparico” de muitos professores,
resolveram se unir para interferir em suas amizades. Espalharam boatos de que ela era “sapatão”.
Logo suas amigas foram se afastando dela, deixando-a de lado. Sem saber o que estava
acontecendo, aproximava-se delas buscando melhorar os relacionamentos. Convidava as colegas
para irem ao shopping ou ao cinema, mas elas sempre arrumavam desculpas para não ir. Faziam
festinhas e encontros porém não a convidavam. Aos poucos Miriam foi se isolando e, quando
percebeu, já estava excluída de todo o grupo. No horário do recreio, preferia ficar na sala de aula
ou se trancava no banheiro. Somente entendeu o que estava ocorrendo quando viu, no muro da
escola, a inscrição: “Miriam = sapatão”. A garota ficou desesperada e não encontrou outra
alternativa a não ser mudar de escola, piorando o seu desempenho escolar. Hoje, adulta, Miriam
tem dificuldades em relacionar-se e a todo momento faz questão de demonstrar sensualidade, às
vezes chegando à vulgaridade. Segundo ela, trata-se de uma estratégia para mostrar que realmente
é uma mulher.
Caso 5 – O aluno Carlos, da 5ª série, foi vítima de alguns colegas por muito tempo, porque não
gostava de futebol. Era ridicularizado constantemente, sendo chamado de gay nas aulas de
educação física. Isso o ofendia sobremaneira, levando-o a abrigar pensamentos suicidas, mas antes
queria encontrar uma arma e matar muitos dentro da escola.
Caso 6 – Depoimento – “Minha vida é muito triste. Para dizer a verdade, sou uma menina vítima:
apanho da minha irmã mais velha e da minha mãe. Às vezes, até minha avó e meus tios me batem.
Na escola, tem alguns meninos que também me batem e colocam apelidos feios em mim. Não dá
mais para agüentar esta situação...” (aluna da 3ª série, 9 anos).
Caso 7 – “Johnny, um menino tranqüilo de 13 anos, durante dois anos foi brinquedo de seus
companheiros de classe. Os adolescentes importunavam-no para que ele lhes desse dinheiro,
obrigavam-no a tragar ervas e a beber leite misturado com detergente, golpeavam-no no pátio e
atavam-lhe uma corda no pescoço, para passear como um cachorrinho... Quando perguntaram aos
torturadores de Johnny sobre suas intimidações, disseram que perseguiam a sua vítima porque era
divertido.”
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Caso 8 – “O aluno Philip C. foi levado à morte por culpa das intimidações e dos maus-tratos de
que era objeto no pátio da escola. Enforcou-se depois de sofrer contínuas ameaças, empurrões e
humilhações por parte de três companheiros de classe. Dias antes do exame, roubaram desse
menino tímido de 16 anos, todas as suas anotações. Não podia mais resistir. Tinha medo de dizer
para seus pais, por isso decidiu morrer. Ao regressar do colégio, enforcou-se com uma corda, na
porta de sua casa.”
Para refletir:
Se o Bullying é extremamente danoso para todos os envolvidos e se repercute em toda
a vida, porque não tem o destaque que merece? O que está faltando para a conscientização
social? Que políticas de intervenção podem ser adotadas? Que caminhos podemos seguir no
sentido de erradicar esta forma de violência?
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UNIDADE III
NECESSIDADES EDUCACIONAIS
1 - SEGURANÇA
ATIVIDADE
ATIVIDADE
A construção coletiva do espaço escolar é um processo, e como tal deve ser pautado num
projeto bem estruturado. Para direcionar as atitudes de responsabilidade da escola,
faremos algumas considerações. Após essas considerações analisar a hipótese de
implementá-la, partindo da realidade que a escola tem.
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Através desta avaliação interna pode-se chegar à conclusão de que os motivos que
desencadeiam comportamentos indisciplinados, alegados pelos alunos são consistentes,
oportunizando intervenção nesta direção.
ATIVIDADE
Retome a relação das situações que ocorrem no ambiente escolar e que você percebe
como violência, enumeradas no início dos trabalhos: Unidade I – 1ª seção. Agora procure
classificá-las, como indisciplina, incivilidade ou bullying. Identificá-las é essencial para
determinarmos que ações são apropriadas a cada situação.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS