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“Que Deus detenha esta tragédia – foi a oração do Papa Francisco –, que
detenha esta pandemia. Que Deus tenha piedade de nós e que cesse
também as outras pandemias tão ruins: a da fome, a da guerra, a das
crianças sem instrução. E peçamos isso como irmãos, todos juntos. Que
Deus nos abençoe a todos e tenha piedade de nós.”
Nós não esperávamos esta pandemia, veio sem que nós a esperássemos,
mas agora está aí. E muitas pessoas morrem. E muitas pessoas morrem
sozinhas e muita gente morre sem poder fazer nada. Muitas vezes se pode
pensar: “Não me diz respeito, graças a Deus me salvei”. Mas pense nos
outros! Pense na tragédia e também nas consequências econômicas, nas
consequências sobre a educação, as consequências... naquilo que virá
depois. E por isso hoje, todos, irmãos e irmãs, de toda e qualquer confissão
religiosa, rezemos a Deus. Talvez alguém possa dizer: “Isso é relativismo
religioso e não se pode fazer”. Como não se pode fazer, rezar ao Pai de
todos? Cada um reza como sabe, como pode, como recebeu da própria
cultura. Nós não estamos rezando um contra o outro, esta tradição religiosa
contra aquela, não! Estamos todos unidos como seres humanos, como
irmãos, rezando a Deus, segundo a própria cultura, segundo a própria
tradição, segundo os próprios credos, mas irmãos rezando a Deus, isso é
importante! Irmãos, fazendo jejum, pedindo perdão a Deus pelos nossos
pecados, para que o Senhor tenha misericórdia de nós, para que o Senhor
nos perdoe, para que o Senhor detenha esta pandemia. Hoje é um dia de
fraternidade, olhando para o único Pai, irmãos e paternidade. Dia de
oração.
Nós, no ano passado, aliás, em novembro do ano passado, não sabíamos o
que era uma pandemia: veio como um dilúvio, veio abruptamente. Agora
estamos nos acordando um pouco. Mas existem tantas outras pandemias
que fazem as pessoas morrer e não nos damos conta disso, olhamos para
outro lado. Somos um pouco inconscientes diante das tragédias que se
verificam no mundo neste momento. Gostaria simplesmente de citar a
vocês uma estatística oficial dos primeiros quatro meses deste ano, que não
fala da pandemia do coronavírus, fala de outra. Nos primeiros quatro meses
deste ano morreram de fome 3 milhões e 700 mil pessoas. Existe a
pandemia da fome. Em quatro meses, quase 4 milhões de pessoas. Esta
oração de hoje para pedir que o Senhor detenha esta pandemia nos deve
levar a pensar nas outras pandemias do mundo. Há muitas pandemias! A
pandemia das guerras, da fome e muitas outras. Mas o importante é que,
hoje - juntos e graças à coragem que o Alto Comitê para a Fraternidade
Humana teve, juntos fomos convidados a rezar cada um segundo a própria
tradição e a fazer um dia de penitência de jejum e também de caridade, de
ajuda aos outros. Isso é importante. No livro de Jonas ouvimos que o
Senhor, quando viu como o povo tinha reagido – que tinha se convertido –,
o Senhor cessou, desistiu daquilo que Ele queria fazer.
Que Deus detenha esta tragédia, que detenha esta pandemia. Que Deus
tenha piedade de nós e que cesse também as outras pandemias tão ruins:
a da fome, a da guerra, a das crianças sem instrução. E peçamos isso como
irmãos, todos juntos. Que Deus nos abençoe a todos e tenha piedade de
nós.