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2.

OS RECURSOS NATURAIS DE QUE A POPULAÇÃO


DISPÕE: USOS, LIMITES E POTENCIALIDADES

2.1. RECURSOS DO SUBSOLO

2.1.1. AS ÁREAS DE EXPLORAÇÃO DOS RECURSOS MINERAIS

RecursosdoSubsolo-são explorados através da indústria extrativa são constituídos, regra geral, por
recursos energéticos para a produção de energia e por matérias-primas para uso na indústria,
construção civil e obras públicas; as matérias-primas são usualmente agrupadas nas seguintes
categorias:

• Minerais metálicos - minerais que apresentam na sua constituição substâncias metálicas (ferro,
cobre, estranho, volfrâmio)

• Minerais não metálicos - minerais que apresentam na sua constituição substâncias não
metálicas (sal-gema, quartzo, feldspato, gesso)

• Minerais energéticos - minerais que podem ser utilizados para a produção de energia (carvão,
petróleo, urânio, gás natural)

• Rochas industriais - rochas utilizadas sobretudo como matéria-prima para a indústria ou para a
construção civil e obras públicas (calcário, granito, argila, margas)

• Rochas ornamentais - rochas utilizadas na decoração de edifícios, peças decorativas ou


mobiliário (mármore, granito, calcário microcristalino)

• Águas minerais - águas que se destinam ao engarrafamento ou aproveitamento termal Estes


são os principais recursos do subsolo.

A importância dos recursos do subsolo: Os recursos do subsolo podem contribuir para o


desenvolvimento de algumas atividades económicas(agricultura, construção civil, joalharia,
indústrias química, metalúrgica, siderúrgica, cerâmica...). Podem também contribuir para as
exportações, importantes para a economia do país. Portugal, atendendo à sua superfície,
pode considerar-se rico quando À diversidade dos recursos, especialmente no que se refere a
alguns minerais metálicos (cobre, rochas, recursos hídricos subterrâneos).

Áreas de exploração dos recursos do subsolo: Verificam-se desigualdades espaciais no que se


refere à distribuição das áreas de exploração destes recursos.
Localizar os Recursos do Subsolo:

A localização das principais áreas de exploração dos recursos minerais é marcada,


fundamentalmente, pelas características geomorfológicas. Em Portugal Continental existem 3
unidades geomorfológicas:

1. Maciço Antigo ou Maciço Hespérico: unidade mais antiga do território, constituída


fundamentalmente por granitos e xistos. É nesta unidade que se localizam as jazidas
mais importantes de minerais metálicos (cobre, volfrâmio, ferro e estanho), energéticos
(carvão e urânio) e de rochas ornamentais (mármore e granito).

2. Orlas sedimentares (ocidental e meridional): constituídas essencialmente por rochas


sedimentares, os recursos minerais mais explorados são as rochas industriais (calcário, areias,
argilas, arenitos)

3. Bacias do Tejo e do Sado: correspondem à unidade geomorfológica mais recente do território,


formada pela deposição de sedimentos de origem marinha e fluvial. Os recursos minerais mais
explorados são rochas industriais (areias e argilas)

4. Regiões Autónomas: dominam as rochas magmáticas vulcânicas (basalto e pedra-pomes),


mas a sua exploração não tem relevância económica.

Jazida - é a área de grande concentração de substâncias minerais.


A Indústria Extrativa no Contexto da Economia Nacional

Fig1- exportações da indústria extrativa Fig2- valor da produção da industria extrativa

Apesar da indústria extrativa pesar pouco no contexto da economia nacional, o valor da produção
registou um ligeiro aumento nos últimos anos. Este aumento resulto do crescimento de todos os
subsetores, com exceção do subsetor dos minerais não metálicos, irrelevante em comparação
aos restantes (Fig. 2).

Assimetrias Regionais e Recursos Naturais

A nível regional, a importância económica do setor extrativo


apresenta grandes contrastes.

O Alentejo é a região com maior valor de produção, e o Algarve é a


que detém menor valor (juntamente com as Regiões Autónomas).
Também os diferentes subsetores da indústria extrativa
apresentam expressões regionais diversas, sendo de destacar o
Alentejo, quer pela exploração de jazidas de minerais metálicos
(cobre, estanho e ferro das minas de Neves Corvo e de Cercal), quer
pela exploração de rochas ornamentais (mármore e o granito, em
numerosas pedreiras).

Nas regiões Norte e Centro, a exploração de águas minerais e a


extração de rochas ornamentais (granito e xisto), em pedreiras,
detêm o maior peso e valor da produção.

Na região de Lisboa e Vale do Tejo, as rochas indústrias têm o maior


valor da produção.
A exploração e distribuição dos minerais metálicos

Este subsetor, apesar da importância das reservas de alguns destes minerais, registou um decréscimo
no valor da produção. Atualmente os principais minerais metálicos extraídos são:

• O cobre - extraído principalmente no Alentejo (minas de Neves Corvo), Portugal


possui as maiores reservas de cobre da EU e é o maior produtor na União Europeia. A
principal aplicação deste recurso é na indústria de componentes elétricos (pois é
um bom condutor de eletricidade).

• O volfrâmio - extraído unicamente nas minas da Beira Alta (Panasqueira), Portugal


possui reservas abundantes. No entanto deu-se uma crise na produção deste
minério, que resultou da entrada no mercado internacional de volfrâmio a baixos
preços proveniente da China, com os quais Portugal não consegue competir. A
crise também resultou da substituição deste produto por outros mais baratos e
eficazes. Este é utilizado no fabrico de ligas metálicas e filamentos para lâmpadas
incandescentes.

• O estanho - provém, na sua maior parte, do Alentejo (minas de Neves Corvo).

• O ferro - utilizado fundamentalmente como matéria-prima na indústria siderúrgica,


é atualmente explorado no Alentejo (Cercal), e a produção é insuficiente face à
procura, o que faz com que seja necessário importar este mineral para dar
resposta às necessidades do país.

A exploração e distribuição dos minerais não metálicos

Reservas pouco significativas. Em 2009 mantiveram um valor de produção diminuto. Atualmente os


principais minerais não metálicos são:

• O sal-gema - utilizado fundamentalmente na indústria química e agroalimentar,


explorado em três minas dos distritos de Leiria, de Lisboa e de Faro.

• O quartzo e o feldspato - destinam-se à indústria de vidro e cerâmica. Explorado em


vários locais do país, no Norte, no Centro e no Alentejo.

• O caulino - matéria-prima para a indústria cerâmica. Explorado em vários locais,


próximos do litoral, com especial destaque para o Norte.
A exploração e distribuição das rochas industriais e ornamentais

Sector em crescimento quer em número de explorações, quer em valor de produção. O aumento


da exploração resulta não só do aumento da procura, mas também da qualidade dos produtos e do
elevado número de jazidas.

As rochas industriais: têm o maior valor de produção deste sector. As mais exploradas são as areias
comuns, o calcário e as argilas. Constituem importantes matérias-primas para a indústria do vidro, da
cerâmica, da construção civil e obras públicas e das cimenteiras. Exploram-se um pouco por todo
o país, tendo como referência as características geológicas do território.

As rochas ornamentais: Os mármores e os granitos são os mais importantes. Portugal possui reservas
importantes e está entre os grandes produtores de rochas ornamentais do mundo.

• Os mármores: são rochas carbonatadas, localizando-se a principal área de


exploração no Alentejo.

• Os granitos: pertencem ao grupo de rochas siliciosas e as principais áreas de


exploração localizam-se no Alentejo (apesar de algumas explorações no Norte
começarem a ganhar, cada vez mais, uma expressão relevante)

A exploração e distribuição das águas subterrâneas

Portugal possui importantes recursos hidrominerais, sendo de assinalar o crescimento deste setor quer
em valor de produção quer no número de explorações dedicadas ao engarrafamento.

• As águas minerais (naturais, gaseificadas ou não): caracterizam-se pela sua riqueza em


determinados sais minerais, o que lhe confere propriedades terapêuticas.

• As águas de nascente: sem qualidades particulares para fins terapêuticos, destinam-


se ao consumo diário. Distribuindo-se por todo o território, as unidades de
engarrafamento são sobretudo no Norte e no Centro do país. Como a produção
excede a procura, uma parte significativa destina-se à exportação.

• As águas termais: ricas em minerais e utilizadas para os mais variados fins terapêuticos,
constituem um subsector com tendência para se expandir. A par desta evolução
está o investimento nelas feito, tornando-as atrativas e apelativas turisticamente.
Este desenvolvimento turístico é encarado como fator de dinamização regional, já
que promove a criação de postos de trabalho, a fixação de população, a
melhoria da qualidade de vida, a preservação do património e a divulgação da
região. Com um território muito rico em nascentes termais, é no Norte e no Centro
do país que se regista a maior concentração.
2.1.2. A EXPLORAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DOS RECURSOS ENERGÉTICOS

A modernização e o desenvolvimento tecnológico dos vários setores de atividade, a evolução dos


transportes e a própria qualidade de vida humana dependem, cada vez mais, do crescente consumo
de energia. O consumo de energia per capita constitui assim uma variável utilizada como
indicador de desenvolvimento. É possível classificar os recursos energéticos em:

• Recursos energéticos não renováveis: os combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás


natural), e os minérios radioativos (urânio)

• Recursos energéticos renováveis: radiação solar, vento, água, plantas e calor interno
da terra

Caracterização Nacional dos Recursos Energéticos

Na produção: O território nacional é pobre em recursos


energéticos. A fonte energética com maior produção é a
hídrica (centrais hidroelétricas) seguida pela eólica. A
energia produzida nas centrais hidroelétricas (fonte
energética mais importante) tem pouco peso nos
consumos nacionais. Assim é necessário recorrer à
importação de recursos energéticos para satisfazer a
procura.

o consumo: Portugal consome mais do que produz - a


indústria e os transportes são os maiores consumidores.
Existem fortes contrastes regionais pois o litoral tem os
maiores valores de consumo de energia (pois possui uma
maior concentração populacional e industrial).

Consumimos sobretudo: petróleo, gás natural e carvão (que


não produzimos). A balança comercial é assim negativa
neste subsetor: as exportações são inferiores às importações.
Portugal tem assim uma forte dependência externa, o que
se traduz numa situação de incómoda vulnerabilidade.
Logo, é importante aumentar a contribuição das energias
renováveis: hídrica, eólica, solar, geotérmica, biogás e
lenhas e resíduos.
Exploração e distribuição do carvão

Combustível fóssil, não renovável. Os recursos carboníferos em Portugal são escassos. Face à dificuldade
de extração do carvão e à fraca qualidade do mesmo, a última mina encerrou, em 1994. Desde
então, todo o carvão consumido (centrais termoelétricas, indústrias siderúrgica e cimenteira) é
importado.

Exploração e distribuição do petróleo

Combustível fóssil, não renovável. É o recurso energético mais utilizado em Portugal (tal como no
mundo). Serve de matéria-prima de muitas indústrias químicas. Não existe em Portugal, pois ainda não
foi encontrada nenhuma jazida petrolífera cuja exploração fosse economicamente viável. Assim,
todo o petróleo consumido no nosso país é importado. O petróleo, que chega a Portugal por via
marítima, é descarregado nos Portos de Leixões e de Sines, onde é refinado.

Exploração e distribuição do gás natural

Combustível fóssil, não renovável. É mais vantajoso do que o carvão ou do que o petróleo
porque é mais barato, fácil de transportar, menos poluente e as reservas mundiais são mais
vastas do que as de petróleo. Não existe em Portugal, logo é totalmente importado. É usado
em centrais termelétricas, transportes e no abastecimento doméstico. É descarregado no Porto de
Sines e introduzido na rede de gasodutos nacional.

Exploração e distribuição do urânio

Mineral energético radioativo, não renovável. É utilizado na produção de energia nuclear, que
pode ser transformado em eletricidade.

Existe em Portugal (importantes reservas), mas não é consumido, pois não possuímos nenhuma central
nuclear. A extração, tem vindo a diminuir e destina-se totalmente à exportação. A exploração deste
mineral apresenta impactes ambientais, devido às suas substâncias radioativas.

Exploração e distribuição da energia geotérmica

Energia renovável, utiliza o calor libertado pelo interior da Terra. Produzida nos Açores (ilha de São
Miguel) para produção de energia elétrica. Irrelevante à escala nacional mas com
potencialidades. No território nacional, esta forma de energia está associada a nascentes de
águas termais, o que tem conduzido à dinamização de vários projetos, sendo uma energia com
potencialidades.
Exploração e distribuição das energias renováveis

A produção de energia em Portugal tem origem maioritária nas renováveis. Energia Hídrica: maiores
potências instaladas nas regiões do Norte e do Centro. Energia Eólica: maior potência instalada na
região do Norte.

2.1.3. OS PROBLEMAS NA EXPLLORAÇÃO DOS RECURSOS DO SUBSOLO

Dependência Externa – A dependência externa de Portugal face aos recursos energéticos é muito
elevada. No setor dos recursos energéticos a dependência externa é total (os recursos de origem fóssil,
os mais consumidos, não são produzidos). Na energia a balança comercial é negativa, e existe
uma grande vulnerabilidade, económica e política, face aos mercados abastecedores, por parte
de Portugal. Esta dependência é agravada pela deficiente articulação da indústria
transformadora com a indústria extrativa, que está na origem de uma valor elevado de produtos
exportados e a baixo preço.

Impacto Ambiental – O setor extrativo é muito poluente, quer a exploração se faça ao ar livre ou no
interior do subsolo. Impactos:

• Contaminação dos solos e das água superficiais ou subterrâneas, uma vez que na
extração são utilizados produtos químicos, por vezes altamente tóxicos.

• Destruição de solos agrícolas e florestais

• Degradação das paisagens, acompanhada da alteração do relevo

Custos de exploração – Apesar da relativa riqueza do subsolo português em recursos minerais (água e
rochas), a sua exploração nem sempre se revela fácil e economicamente viável devido aos seus
custos de exploração.

Fraca acessibilidade das jazidas – Muitas jazidas encontram-se em áreas de difícil acesso, que elevam os
custos de transporte e portanto os custos finais do produto, o qual perde, assim, competitividade. Em
algumas áreas, a inexistência até de infraestruturas viárias impossibilita a própria exploração das
jazidas.

Qualidade do minério – O baixo teor de muitos minérios, associado à difícil extração, devido à elevada
profundidade das jazidas, aumenta os custos de exploração e tem conduzido ao encerramento de
muitas explorações.

Dimensão das empresas – A maioria do setor extrativo são empresas de pequena dimensão
(dimensão familiar). Nestes casos, a capacidade financeira das empresas é insuficiente para garantir
investimentos na área da modernização tecnológica e na qualificação da mão-de-obra, entrando
em colapso económico por falta de competitividade com outras empresas, nomeadamente
estrangeiras.

Articulação entre a indústria transformadora e a indústria extrativa – A deficiente articulação da


atividade extrativa com o setor da indústria transformadora conduz à exportação dos produtos em
bruto. Nessa situação, o seu valor comercial é baixo, não se tornando rentável a sua
comercialização.

Novos Produtos – As inovações tecnológicas têm conduzido à substituição de muitos produtos


minerais por novos materiais, que se revelam mais eficazes e com menores custos, originando uma
redução da procura de recursos minerais.

Falta de segurança – A falta de segurança para os trabalhadores em geral e para a população que
vive próximo das explorações, é outro aspeto a considerar. Muitas explorações estão na origem de
elevados níveis de poluição sonora e atmosférica, que acabam por afetar a saúde e bem-estar
da população.

2.1.4. NOVAS PERSPETIVAS DE EXPLORAÇÃO E UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS DO


SUBSOLO

• utilização de novas técnicas de prospeção que permitam um conhecimento mais


rigoroso dos recursos do subsolo;

• redimensionamento das empresas, a fim de atingirem capacidade económica que


permita a introdução de técnicas e tecnologias mais modernas e mais rentáveis;

• implementação de medidas de requalificação ambiental e a valorização económica de


áreas recuperadas;

• desenvolvimento da indústria transformadora a jusante da extração, que evita a


exportação em bruto;

• investimento nos subsetores com mais potencialidades, como é o caso das rochas e das
águas, minerais e termais;

• aumento da produção de energia a partir do aproveitamento dos recursos renováveis


(solar, eólica, biomassa, geotérmica, etc), a fim de diminuir a dependência externa ao
nível dos recursos de origem fóssil;

• racionalização do consumo de energia, a fim de melhorar a eficiência energética;

• recuperação de áreas mineiras abandonadas.


2.2. A RADIAÇÃO SOLAR

2.2.1. A AÇÃO DA ATMOSFERA SOBRE A RADIAÇÃO SOLAR

Radiação solar: Quantidade de energia eletromagnética emitida pelo sol, de natureza


variável que se propaga pela atmosfera. Só uma parte é recebida pela superfície da terra ,
cerca de 48%.

Constante solar: Quantidade de energia solar recebida no topo da atmosfera numa superfície
de 1m2, perpendicularmente aos raios solares em cada minuto.

1) Absorção

• Ocorre maioritariamente no ozono


estratosférico que absorve grande parte da
radiação ultravioleta
• Também o vapor de água, CO2, poeiras e
nuvens existentes na troposfera retêm
radiações, (maioritariamente as
infravermelhas)
• Em média, apenas 21% da radiação solar é
absorvida pela atmosfera

2) Reflexão

• A radiação solar, ao incidir sobre qualquer corpo, vai, em maior ou menor quantidade,
sofrer uma mudança de direção, sendo reenviada para o espaço por reflexão
• A esta relação dá-se o nome de albedo que varia em função da superfície

Albedo: Razão entre a radiação solar refletida por uma superfície e a radiação total que sobre
ela incide, o albedo varia consoante as características da superfície:
3) Difusão

• A radiação solar dispersa-se pelo espaço uma vez que é refletida em várias direções
• Uma pequena parte desta radiação atinge a Terra:
o De forma indireta – radiação difusa - energia que atinge indiretamente a superfície
terrestre e que se mede em Langley, que corresponde a cerca de 16 % da
radiação solar incidente no topo da atmosfera
o De forma direta – radiação solar direta – radiação que atinge o planeta
diretamente e que corresponde a cerca de 32%

• Radiação solar global (48 %) = radiação direta + radiação difusa

32% 16%

Quando a radiação global é absorvida pela superfície terrestre converte-se em energia


calorífica que é reenviada para a atmosfera – radiação terrestre (Radiação emitida pela
superfície terrestre. Processa-se em grande comprimento de onda – radiação infravermelha.

Equilíbrio térmico da Terra

A temperatura mantém-se mais ou menos constante porque:

• A Terra não acumula continuamente a energia solar que recebe


• Pelo contrário, a Terra perde uma quantidade de energia equivalente à que recebe

Radiação solar <=> radiação terrestre

Equilíbrio térmico

• É também permitido pelo efeito de estufa, função natural da atmosfera que evita a perda
de calor para as altas camadas da atmosfera e o intenso arrefecimento noturno, porque
o vapor de água e o CO2 absorvem, na troposfera, a radiação terrestre, devolvendo à
Terra parte da energia que esta refletiu por um fenómeno de contrarradiação, mantendo
a temperatura mais ou menos constante.

2.2.2. A VARIAÇÃO DA RADIAÇÃO SOLAR

A intensidade da radiação solar é variável de lugar para lugar e num mesmo lugar ao longo
do dia devido a fatores como:

1. Inclinação dos raios solares/ângulo de incidência


2. Massa atmosférica percorrida
3. Duração do dia natural
4. Duração da insolação
5. Latitude
6. Relevo

1) Inclinação dos raios solares/ ângulo de incidência

O ângulo de incidência varia ao longo do dia e ao longo do ano como consequência dos
movimentos de rotação e de translação, determinando:

• Duração do dia e da noite


• Sucessão das estações do ano

Raio A

• Ângulo de incidência máximo: os raios solares incidem na perpendicular da superfície


terrestre
• A área recetora de energia é pequena
• Há uma maior concentração de energia recebida por unidade de superfície
Raio B

• ângulo de incidência é menor que em A e maior que em C


• A área recetora de energia é maior que em A e menor que em C
• Concentração de energia recebida por unidade de superfície é menor que em A e maior
que em C.

Raio C

• Ângulo de incidência menor que em B e A: representa o menor ângulo de incidência =


maior inclinação dos raios solares
• Área recetora de energia mais extensa que em A e B
• Menor concentração de energia por unidade de superfície.

Conclusão: Quanto maior a inclinação dos raios solares, maior a superfície que recebe
radiação, assistindo-se a uma maior dispersão da mesma, do que resulta uma menor
quantidade de energia recebida por unidade de superfície. Pelo contrário, se a inclinação
dos raios solares for reduzida (maior ângulo de incidência possível = 90º), a superfície a receber
radiação é menor, logo, a quantidade de energia recebida por unidade de superfície é maior
porque esta se encontra menos dispersa.

2) Massa atmosférica percorrida

As perdas de energia entre o limite superior da atmosfera e a superfície terrestre são tanto
maiores quanto maior a massa atmosférica a atravessar pelos raios solares
Analisando a figura conclui-se:

• Ângulo de incidência é maior em A do que em B ou C


• Em A, a superfície que recebe energia solar é menor que em B ou C
• Em A, as radiações solares atravessam uma menor quantidade de atmosfera para atingir
a superfície que em B ou C.

Logo:

• As perdas de energia são menores em A porque as radiações:


o Percorrem uma menor quantidade de atmosfera
o Possuem um maior ângulo de incidência
• Em B e C as perdas de energia aumentam porque:
o Aumenta a quantidade de atmosfera percorrida
o Diminui o ângulo de incidência

Conclusão: Quanto maior a inclinação dos raios solares, maior é a espessura da camada
atmosférica percorrida, o que se reflete numa maior perda energética pelos processos de
absorção, reflexão e difusão.

3) Duração do dia natural

• A duração do dia natural é variável ao longo do ano como consequência do movimento


de translação e da inclinação do eixo terrestre
• Esta variação terá influências diretas na variação da intensidade da radiação solar pois:
o Quanto maior a duração do dia natural, maior o período de tempo de receção
de radiação solar pela superfície terrestre

4) Duração da insolação

• Quanto maior a insolação, menor a quantidade de radiação solar perdida na atmosfera,


sendo maior a quantidade de energia que atinge a superfície terrestre

5) Latitude

• O facto de a Terra ser esférica contribui para a diferente inclinação com que os raios
solares atingem a superfície terrestre, diminuindo o ângulo de incidência (porque aumenta
a inclinação dos raios solares) à medida que a latitude aumenta
• À medida que a latitude aumenta, aumenta a inclinação dos raios solares, o que se traduz
numa maior superfície recetora de energia, assim como uma maior espessura da
atmosfera percorrida, resultando numa menor receção de energia

6) Relevo

• Com a altitude aumenta a nebulosidade o que se traduz numa menor insolação e, como
consequência, numa menor intensidade da radiação solar recebida.
• Em Portugal, o facto de o Norte apresentarem relevo mais acidentado justifica a menor
insolação registada nesta região.
• A orientação das vertentes também influencia a quantidade de radiação solar recebida.

• No caso português, o movimento diurno aparente do sol justifica a diferente distribuição


da radiação solar nas vertentes voltadas a norte ou a sul
VARIAÇÃO DIURNA E ANUAL DA RADIAÇÃO SOLAR GLOBAL

1) VARIAÇÃO DIURNA DA RADIAÇÃO SOLAR

Consequência de:

• Movimento de rotação
• Inclinação dos raios solares

Provoca:

• Sucessão dos dias e das noites


• Variação do ângulo de incidência
• Variação da massa atmosférica atravessada pelos raios solares

NASCER DO SOL:

• Ângulo de incidência nulo


• Radiação solar praticamente inexistente
SOL COMEÇA A ELEVAR-SE NO HORIZONTE:

• Aumenta o ângulo de incidência


• Diminui a massa atmosférica percorrida
• Aumenta a radiação solar

MEIO-DIA SOLAR:

• Altura em que os raios solares incidem com menor obliquidade e a massa atmosférica
percorrida é a menor possível
• Intensidade da radiação solar é a mais elevada possível

APÓS O MEIO-DIA SOLAR:

• Sol inicia movimento descendente, o que se traduz em:


o Maior inclinação dos raios solares
o Aumento da massa atmosférica percorrida
o Aumento das perdas de energia
o Diminuição da radiação

CONSEQUÊNCIAS NA TEMPERATURA

Temperatura mínima atinge-se


imediatamente antes de o sol
nascer porque a Terra atingiu o
imite máximo de horas sem
receber radiação solar

O meio-dia solar deveria ser a


altura do dia em que a
temperatura deveria atingir o valor
máximo, mas tal não acontece
porque:

o Terra continua a absorver calor até atingir a “saturação”, altura em que deixa de
absorver a radiação recebida e começa a irradiar o excedente
o Radiação solar e a radiação terrestre aumentam a temperatura da camada de
ar em contacto com a superfície algumas horas após o meio-dia solar
o Durante a noite a temperatura diminui progressivamente devido à inexistência de
radiação solar e à perda de calor por radiação terrestre.
VARIAÇÃO ANUAL DA RADIAÇÃO SOLAR

Consequência de:

• Movimento de translação
• Inclinação do eixo da Terra em relação ao plano da sua órbita

Provoca:

• Variação da duração dos dias e das noites (exceto no Equador)


• Variação da inclinação dos raios solares de lugar para lugar.

SOLSTÍCIO DE JUNHO

• Raios solares incidem com menor obliquidade (na perpendicular do Trópico de Câncer):
• Maior quantidade de energia recebida
• Menor superfície de receção de energia
• Menor espessura de massa atmosférica percorrida
• Maior duração do dia natural
• Período de insolação mais longo

Logo maior quantidade de energia recebida

SOLSTÍCIO DE DEZEMBRO

• Maior inclinação dos raios solares (que incidem na perpendicular do Trópico de


Capricórnio):
• Menor duração do dia natural
• Maior massa atmosférica percorrida
• Maior superfície de receção de energia
• Menor período de insolação
Menor quantidade de energia recebida

EQUINÓCIOS (SETEMBRO E MARÇO)

• Sol incide na vertical do Equador


• Duração do dia igual à da noite = 12 horas
• Obliquidade dos raios solares e massa atmosférica percorrida igual para qualquer
lugar situado à mesma latitude (norte ou sul)

2.2.3. A DISTRIBUIÇÃO DA GEOGRÁFICA DA RADIAÇÃO SOLAR

DISTRIBUIÇÃO SAZONAL DA RADIAÇÃO GLOBAL EM PORTUGAL CONTINENTAL

No verão, o máximo de radiação solar ocorre no litoral


algarvio. Segue-se toda a região a sul do Tejo, com
prolongamento para norte, numa faixa oriental ao
longo da fronteira com Espanha, e a região do Porto. Os
valores mínimos registam-se entre os cabos Carvoeiro e
Mondego, prolongando-se, gradualmente e em todas
as direções, em torno desta mancha. Salienta-se ainda
a região do Noroeste.

A latitude e a proximidade do mar são os principais fatores que explicam estas variações. As
regiões do Sul recebem sempre maior quantidade de radiação solar, devido à menor
inclinação dos raios solares.

A influência da proximidade do mar sobre a nebulosidade – quantidade de céu coberto por


nuvens num dado momento – faz com que as regiões do litoral, sobretudo a norte do Tejo,
recebam a radiação solar com menor intensidade, pois as nuvens refletem e absorvem parte
da radiação solar incidente. Assim, torna-se importante considerar a insolação – número de
horas de sol descoberto, acima do horizonte.
A distribuição da insolação reflete também a influência da latitude e da proximidade do mar,
pelo que, em geral, aumenta de norte para sul e de oeste para este.

VARIAÇÃO ESPACIAL DA INSOLAÇÃO MÉDIA ANUAL - PORTUGAL CONTINENTAL


A variação espacial da insolação evidencia ainda a influência da altitude no aumento da
nebulosidade e, em consequência, na redução do número
de horas de Sol descoberto. O desenho das principais serras
do território continental revela-se nos fracos valores de
insolação.

A exposição das vertentes também influencia a insolação:

• As vertentes voltadas a sul estão mais expostas ao Sol


e, como tal, têm maior insolação – encostas
soalheiras;
• As vertentes voltadas a norte têm mais horas de
sombra e, por isso, nelas a insolação é menor
– encostas umbrias.
2.2.4. A DISTRIBUIÇÃO DA TEMPERATURA NO TERRITÓRIO NACIONAL

CONTRASTES E FATORES EXPLICATIVOS:

• Latitude: quanto menor a latitude maior a radiação solar porque a inclinação dos raios
solares é menor, logo o sul apresenta uma radiação solar mais elevada que o norte
• Proximidade/afastamento do mar: locais mais próximos do mar apresentam maior
humidade e nebulosidade, o que diminui a intensidade de radiação solar devido à menor
insolação
• Altitude: o aumento da altitude provoca um aumento da nebulosidade e uma redução
da insolação, o que reduz a radiação solar
• Exposição geográfica das vertentes: as vertentes voltadas a sul encontram-se mais
expostas ao sol e recebem radiação solar durante mais tempo enquanto as vertentes
expostas a norte recebem radiação solar por períodos de tempo mais curtos,
aumentando as perdas de energia
• A insolação apresenta uma variação semelhante uma vez que também aumenta de
norte para sul e do litoral para o interior. Os valores mais elevados registam-se no interior
do Alentejo e no Algarve e os valores mais baixos nas montanhas minhotas

FATORES EXPLICATIVOS DA VARIAÇÃO DA TEMPERATURA

• LATITUDE

À medida que aumenta a latitude, diminui o ângulo de incidência.

• No norte, a temperatura média anual é mais reduzida porque:


o Maior latitude
o Menor ângulo de incidência
o Maior massa atmosférica percorrida

Diminuição da radiação solar

Diminuição da temperatura

• No sul, a temperatura média anual é mais elevada porque:


• Menor latitude
• Maior ângulo de incidência
• Menor massa atmosférica percorrida

Maior quantidade de radiação solar recebida

Aumento da temperatura

…mas também, a influência das massas de ar quente e seco provenientes de África fazem
aumentar a temperatura nesta região

• RELEVO
À escala local, as elevações do solo e respetiva orientação condicionam a quantidade de
radiação solar recebida e a temperatura.

Assim temos:

⇒ ALTITUDE

• À medida que aumenta a altitude diminui a temperatura porque:


• Há uma menor absorção da radiação solar e da radiação terrestre devido à diminuição
do vapor de água, CO2 e partículas sólidas e líquidas

⇒ ORIENTAÇÃO GEOGRÁFICA DAS MONTANHAS EM RELAÇÃO AOS RAIOS SOLARES

• Vertentes viradas a sul recebem mais radiação solar, logo registam temperaturas mais
elevadas
• Vertentes voltadas a norte recebem menos radiação solar, logo registam temperaturas
mais reduzidas

⇒ ORIENTAÇÃO GEOGRÁFICA DAS MONTANHAS EM RELAÇÃO À LINHA DE COSTA

Relevo concordante: montanhas paralelas à linha de costa são um obstáculo à passagem de


ventos húmidos:

• No seu trajeto, os ventos húmidos vão-se tornando mais secos, o que explica que à
mesma latitude uma região do interior seja mais quente no verão e mais fria no inverno
• Em Portugal isto ocorre no noroeste continental com as Serras Peneda-Gerês
• Relevo discordante: montanhas perpendiculares ou oblíquas à linha de costa facilitam
a entrada de ventos húmidos, amenizando as temperaturas ao longo do ano nas
regiões do interior:

o Em Portugal, isto verifica se com a Cordilheira Central

C) PROXIMIDADE/AFASTAMENTO DO OCEANO CONTINENTALIDADE

• Oceanos exercem influência moderadora sobre a temperatura devido à influência dos


ventos húmidos
• Influência diminui:
• De norte para sul, devido ao traçado da linha de costa que recua para este a sul do Cabo
da Roca
• De oeste para este porque os ventos húmidos vão perdendo humidade, tornando-se mais
secos
• Aumento do afastamento do mar provoca um aumento da amplitude térmica anual.
Assim:
• Áreas próximas do oceano apresentam uma amplitude térmica mais fraca
• Regiões do interior sofrem maior influência das massas de ar provenientes do interior do
continente europeu:
• No inverno, as massas de ar frio seco de leste provocam uma diminuição da temperatura
• No verão, as massas de ar quente e seco de leste provocam um aumento da temperatura

D) CORRENTES MARÍTIMAS

• Correntes quentes provocam uma maior evaporação da água do mar, aumentando a


humidade, o que provoca um aumento da temperatura
• Correntes frias provocam uma fraca evaporação, tornando a atmosfera mais seca, que
conduz a temperaturas mais quentes no verão e mais frias no inverno

2.2.5. VALORIZAÇÃO DA RADIAÇÃO SOLAR

1) APROVEITAMENTO DA ENERGIA SOLAR

Vantagens:

• Diminuir a dependência energética do exterior relativamente aos combustíveis fósseis


• Diminuir o défice da balança comercial
• Contribuir para o equilíbrio ambiental porque é uma energia limpa e inesgotável

Condicionamentos:

• Variação diurna e anual da intensidade da radiação solar e variação em função dos


estados de tempo
• Dificuldades de captação de energia durante a noite ou em áreas de intensa
nebulosidade
• Dificuldades de captação de energia em áreas onde o dia natural é muito curto
• Problemas de armazenamento, pois nem a energia solar nem a eletricidade que dela
provém se podem armazenar em grandes quantidades

FORMAS DE APROVEITAMENTO DA RADIAÇÃO SOLAR

a) Sistemas solares térmicos

• Consiste no aquecimento de um fluido (líquido ou gasoso) através de coletores solares


para aquecimento de águas de uso doméstico, edifícios, piscinas
• Forma de utilização mais vulgarizada em Portugal
• Aproveitamento desta forma de energia tem ficado aquém do desejável devido a:
• Má imagem resultante de algumas más experiências na década de 80, associadas à falta
de qualidade dos equipamentos e, sobretudo, das instalações
• Falta de informação específica sobre as potencialidades e vantagens desta tecnologia
junto dos potenciais utilizadores
• Elevado custo do investimento inicial
• Barreiras técnicas e tecnológicas à inovação ao nível da indústria de construção e da
instalação de equipamentos térmicos
• Insuficiência e inadequação das medidas de incentivo

b) Sistemas solares passivos

• Consiste no aproveitamento da energia solar para aquecimento de edifícios através de


uma conceção cuidada e utilização de técnicas de construção inovadoras, ou seja,
baseia-se em soluções de eficiência energética.
• Pode ser obtida, por exemplo, através de:
o Orientação do edifício
o Isolamento térmico dos edifícios, como:
▪ Paredes duplas com isolamento intermédio
▪ Janelas com vidro duplo
▪ Paredes com inércia térmica, que armazenam o calor e posteriormente
irradiam-no

c) Sistemas fotovoltaicos

• Consiste na produção de energia elétrica por via foto voltaica, produzida recorrendo a
células solares que convertem a radiação solar em eletricidade

Vantagens:

• Em termos ambientais, não liberta gases com efeito de estufa e não produzem ruído
• Permite o aproveitamento da radiação solar difusa
• Energia elétrica produzida apresenta uma elevada fiabilidade
• Apresenta baixos ou nenhuns custos de manutenção
• Permite a criação de novos postos de trabalho, sobretudo a uma escala local

2) TURISMO

Importância da atividade turística devido:

• Divisas estrangeiras que gera


• Permite o equilíbrio da balança comercial
• Efeitos multiplicadores:
o Criação de postos de trabalho
o Dinamização de atividades de serviços, transportes, construção civil, …
o Dinâmica territorial
o Preservação do património arquitetónico, paisagístico, gastronómico, …
Importância do turismo em Portugal deriva de:

• Clima
• Extenso litoral com praias de areia branca
• Diversidade paisagística
• Património histórico e cultural
• Características hospitaleiras da população portuguesa
• Melhoria das acessibilidades
• Proximidade geográfica aos países geradores de grandes fluxos turísticos

Desenvolvimento do turismo, em particular turismo balnear

Problemas da atividade turística em Portugal:

• Caráter sazonal
• Concentração da oferta num reduzido número de mercados
• Dependência do produto sol/praia

Solução: aproveitamento dos recursos endógenos através de:

• Campanha de promoção da imagem de Portugal como destino turístico quer no


mercado interno quer no externo
• Dinamização e apoio à realização de grandes eventos e congressos internacionais
• Apoios a programas e parcerias que visem o aumento da taxa de ocupação, de forma a
atenuar a sazonalidade e a promover a procura em áreas turísticas menos conhecidas
• Incentivo seletivo ao investimento e à requalificação de infraestruturas hoteleiras e de
apoio e na gestão da exploração de forma a valorizar a oferta nacional.

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