Você está na página 1de 5

Com a visita de Sua Santidade o Papa Bento XVI, encetou-se uma discussão que a

muito vem dividindo as opiniões na sociedade brasileira: A legalização do aborto. 


As opiniões são divididas: de um lado, grupos que apóiam a vontade e a decisão da
mulher de escolher o que fazer com o seu corpo, grupo esse, representado pelos
movimentos feministas. De outro lado, grupos religiosos que condenam à prática
abortiva, garantindo o DIREITO à vida para os nascituros. Sabemos que no Brasil o
aborto é crime e só tem exceções para os casos de estupro e risco de vida/saúde da
mulher. 

Em 2004, o ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Mello, liminarmente,


criou mais uma exceção, no caso dos fetos anencéfalos. Tal decisão foi revogada pelo
plenário da Suprema corte pressionado pelos grupos religiosos de maneira geral. Aliás,
a Suprema Corte brasileira não poderia tomar decisão diferente, visto que, uma decisão
de tamanha importância não poderia ter sido tomada sem consulta popular como
defendem alguns, ou por quem não tem o múnus de legislar como é o caso. Justificar
com o argumento de que os nascituros viverão apenas algumas horas, cria uma
procedência perigosa para os casos de demência, eutanásia e coma prolongado. Não se
pode aceitar que com uma canetada só o Ministro decida o que é um ser vivo e o que
não é um ser vivo. A sociedade brasileira vive uma grande crise de moral e as mulheres
de maneira geral, entregam-se cada vez mais cedo ao sexo irresponsável e desenfreado,
mas não podemos por isso, impor aos seres humanos que são fruto dessa
irresponsabilidade uma pena de morte sem direito a julgamento. Nada justifica um
homicídio, já que o aborto deve ser considerado com tal. A vida é dada por Deus e
somente ele deve tirá-la. Sem entrar no mérito político e religioso, faz-se necessário
realmente uma discussão ampla e irrestrita sobre os malefícios do aborto para a mulher
e a crueldade para com os nascituros. 

Aqueles que são defensores da legalização do aborto argumentam que legalizá-lo, não
significa considerá-lo um ato ético, simplesmente extinguir-se-ia a pena. Como se
considerar a hipótese de não punir àqueles que cometeram um crime? É no mínimo
risível tal argumentação a favor da legalização do aborto. 

Uma discussão sobre o hilomorfismo, pouco acrescentará ao conhecimento e


discernimento da população. Não interessa se o feto tem alma aos quarenta ou oitenta
dias, até por que a ciência já se pronunciou sobre isso. Segundo a Drª. Lílian Piñero,
especialista em biologia molecular, duas ou três horas depois da fecundação, o feto já se
comunica com a mãe, mostrando claramente que logo após a fecundação o feto já
começa a ter contato com o mundo externo por meio de sua mãe. 

Os métodos abortivos, mesmo em fetos anencéfalos, que teoricamente viverão somente


algumas horas após o nascimento são muito cruéis. No caso dos anencéfalos, em
abortários americanos, como no resto do mundo, o feto com mais de 1 kg é retirado em
uma cesariana, depois ainda vivo é jogado em uma lata de lixo onde agoniza por horas,
raramente o feto é queimado. 

Quando o aborto é realizado de forma clandestina, a crueldade é ainda maior, levando-


nos a repudiar essa forma de homicídio que muitos defendem em nome de uma falsa
liberdade feminista, que só traz prejuízos à sociedade brasileira. 

É fato também, que a legalização do aborto não diminuirá nem os índices de


criminalidade, nem os riscos para as mulheres. 
O Estado brasileiro deve se preocupar com a fiscalização e o investimento no
acompanhamento pré-natal das mulheres de baixa renda, bem como melhorar o sistema
de saúde pública que, aliás, no nosso país é precário. Se no Brasil os índices de
desemprego fossem baixos, as oportunidades de vida fossem iguais para todos, a
educação chegasse realmente a todos os brasileiros, com certeza nossas mulheres não
seriam levadas ao engano da gravidez indesejada e ao conseqüente aborto clandestino
que, aliás, todos nós sabemos que é muito perigoso 
O aborto é a interrupção de uma gravidez.

É a expulsão de um embrião ou de um feto antes do final do seu desenvolvimento e viabilidade em


condições extra-uterinas.
O aborto pode ser espontâneo ou induzido. São várias as causas e os motivos que podem levar a que
uma gravidez seja interrompida, quer espontaneamente, quer por indução.
O aborto pode ser induzido medicamente com o recurso a um agente farmacológico, ou realizado por
técnicas cirúrgicas, como a aspiração, dilatação e curetagem.
Quando realizado precocemente por médicos experientes e com as condições necessárias, o aborto
induzido apresenta elevados índices de segurança
Tipos de Aborto

 Aborto Espontâneo
 Aborto Induzido
 Aborto Ilegal

Aborto Espontâneo
Surge quando a gravidez é interrompida sem que seja por vontade da mulher. Pode
acontecer por vários factores biológicos, psicológicos e sociais que contribuem para que
esta situação se verifique.

Aborto Induzido
O aborto induzido é um procedimento usado para interromper uma gravidez.
Pode acontecer quando existem malformações congénitas, quando a gravidez resulta de
um crime contra a liberdade e autodeterminação sexual, quando a gravidez coloca em
perigo a vida e a saúde física e/ou psíquica da mulher ou simplesmente por opção da
mulher.
É legal quando a interrupção da gravidez é realizada de acordo com a legislação em
vigor (ver legislação).
Quando feito precocemente por médicos experientes e em condições adequadas
apresenta um elevadíssimo nível de segurança. 

Aborto Ilegal
O aborto ilegal é a interrupção duma gravidez quando os motivos apresentados não se
encontram enquadrados na legislação em vigor ou quando é feito em locais que não
estão oficialmente reconhecidos para o efeito.
O aborto ilegal e inseguro constitui uma importante causa de mortalidade e de
morbilidade maternas. O aborto clandestino é um problema de saúde pública.

Complicacões do aborto.
Embora o aborto, realizado adequadamente, não implique risco para a saúde até às 10
semanas, o perigo aumenta progressivamente para além desse tempo. Quanto mais
cedo for realizado, menores são os riscos existentes.
Entre as complicações do aborto destacam-se as hemorragias, as infecções e
evacuações incompletas, e, no caso de aborto cirúrgico, as lacerações cervicais e
perfurações uterinas. Estas complicações, muito raras no aborto precoce, surgem com
maior frequência no aborto mais tardio.
Se nos dias seguintes à intervenção a mulher tiver febre, com temperatura superior a
38ºC, perdas importantes de sangue, fortes dores abdominais ou mal-estar geral
acentuado,deve contactar rapidamente o estabelecimento de saúde onde decorreu a
intervenção.

Todos os estabelecimentos que prestam este serviço têm de estar equipados de forma a
reconhecer as complicações do aborto, com pessoal treinado quer para lidar com elas,
quer para referenciar adequadamente as mulheres para cuidados imediatos.
Não há evidência de que um aborto sem complicações tenha implicações na fertilidade
da mulher, provoque resultados adversos em gravidezes subsequentes ou afecte a sua
saúde mental. 

A Pesquisa Nacional do Aborto apresentou números alarmantes sobre


a magnitude do aborto no Brasil: uma em cada cinco mulheres aos 40 anos já
fez, pelo menos, um aborto – isso significa que 4,7 milhões de mulheres já
abortaram.
Em 2015, foi mais de meio milhão. Uma mulher por minuto faz aborto no Brasil.
Faça um teste sobre o que isso significa: pare a leitura e ligue o cronômetro. Ao
final, transforme os minutos em mulheres. Pense em cada uma delas, em
particular nas que já conheceu ou ouviu histórias.

Elas são mulheres comuns. Se não souber a história de segredo de alguma


mulher de sua família – ou se não for a sua própria história – a imagine como
uma mulher muito próxima de você. Você conhece mais de cinco mulheres de
40 anos. Uma delas já fez aborto e, se quiser oferecer um rosto aos números,
pense nela. Ser uma mulher de seus vínculos de afeto ou cuidado, aproximará
os números da vida cotidiana.
São milhões de mulheres que importam, mas há algumas que são mais
especiais que outras, pois talvez sejam sua mãe, avó, tia, filha, irmã ou vizinha.
Mas a mulher comum que aborta é religiosa; acredita em deuses diferentes, é
verdade, mas 88% delas se declara católica, evangélica, protestante, ou
espírita. Ela sabe o que é a maternidade, pois a grande maioria delas tem
filhos. Talvez, ontem, domingo, tenha ido ao culto ou à missa. Mais de dois
milhões e meio de mulheres católicas já abortaram no Brasil: para elas, o papa
Francisco ofereceu o perdão.
Imagine agora essa mulher comum de seu círculo afetivo sentindo muito medo:
medo de morrer, de arriscar a vida ou de ser presa. Em 2015, foram mais de
meio milhão de mulheres comuns que abortaram no Brasil. Elas usaram
remédios para abortar, mas não se sabe como ou onde os conseguiram. A
verdade é que nem elas sabem exatamente o risco que correram, por isso
algumas morreram pela ilegalidade do aborto.

Entre 18 e 39 anos, neste momento no Brasil, são 4,7 milhões de mulheres que
já fizeram aborto. Não é exagero – é uma multidão de mulheres comuns
aterrorizadas com a lei penal que as ameaça de cadeia. Se todas fossem
presas, pois o aborto é um crime com pena de prisão, seriam 6 milhões de
filhos sem mães. Um desastre para as famílias brasileiras, grande parte delas
chefiada e cuidada por mulheres.

Uma mulher por minuto. Uma mulher comum, católica ou evangélica, jovem, e
com filhos, que a cada minuto atravessa a fronteira da legalidade para
interromper ilegalmente uma gestação.
Mulheres nordestinas pobres, negras ou indígenas, fizeram mais aborto que as
mulheres brancas e com maior escolaridade. Volte agora ao tempo, esqueça
os minutos, lembre-se das mulheres. Em particular, das mulheres comuns que
conhece – muitas delas são tão comuns que já fizeram um aborto escondido na
vida. 

Em alguns países, porém, o aborto é totalmente legalizado — ou permitido em


alguns estados, como é o caso dos Estados Unidos. Há também aqueles que liberam
o aborto por razões socioeconômicas, permitindo às mulheres o acesso a
procedimentos seguros. Outras nações, no entanto, exigem a permissão dos pais ou
do marido. E algumas têm duras penas para mulheres que abortam: em El
Salvador, elas podem ser condenadas a até 30 anos de prisão por homicídio.

BRASÍLIA — A interrupção da gravidez resultante de estupro é permitida no Brasil


desde a década de 1940, mas, 75 anos depois, uma pesquisa inédita financiada pela
Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) mostra que a rede especial de
assistência às vítimas ainda é precária. No país todo, há 37 serviços voltados para o
aborto legal, sendo que sete estados sequer contam com essa infraestrutura. Há dez
anos essa rede não passa por uma expansão. Além disso, alguns centros de
atendimento fazem exigências fora da lei.

Em 14% dos serviços analisados, as mulheres tiveram que registrar o estupro


na delegacia e apresentar boletim de ocorrência para terem direito ao aborto.
Em 11%, foi pedido parecer do comitê de ética da unidade de saúde. E 8% dos
locais só realizaram abortos mediante alvará judicial. A norma técnica do
Ministério da Saúde estabelece que não é necessário nenhum documento de
comprovação, sob o princípio da veracidade da palavra da mulher.

Para uma das autoras do estudo, a antropóloga Debora Diniz, professora da


Faculdade de Direito da Universidade de Brasília (UnB) e pesquisadora do
Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero (Anis), são “vergonhosas” as
exigências impostas pelos serviços de aborto legal no país. O estudo levantou os
dados dos centros voltados para a interrupção da gestação nos três casos permitidos
por lei: estupro, anencefalia e risco de morte para a mãe. Um deles é o ultrassom para
verificar se o tempo da gestação confere com a data da violência relatada, além de
atendimentos psicológicos e assinatura de documentos. Mas a dúvida sobre a
veracidade da violência, segundo o médico, ainda é um grande obstáculo nos
serviços.

Você também pode gostar