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Como o seu enfoque é a Capitania de Goyaz, o autor destaca uma parte da história
goiana: a da produção aurífera no Cerrado (pg. 23). Ele trabalha sobre a narrativa da ocupação
do território da capitania depois da descoberta de ouro nesta, que antes pertencia à Capitania
de São Paulo (pg. 24). A partir daí, a importância da capitania se elevaria bastante com a
fundação de vários núcleos populacionais e tendo a sua ligação com a administração
metropolitana cada vez mais direta (pg. 25). Junto com essa ocupação acelerada, deve-se
acrescentar os habitantes indígenas que já povoavam o ambiente, onde as diferentes nações
indígenas transformavam a paisagem em um campo de enfrentamentos entre as tribos rivais
(pg. 27, 29 e 30).
Para explicar o que o autor chama de “tempo de rendição”, ele se utiliza dos processos
de ocupação do território da capitania e dos conflitos provenientes desta ocupação, que foi
típica de sociedades cuja febre do ouro se fez presente, através de choques culturais e morais
verificados (pg. 32 e 33). Os indígenas, que já habitavam a região, entraram em confronto
com os colonizadores, estes utilizaram até mesmo forças auxiliares de outras capitanias como
ajuda nos conflitos com o gentio hostil (pg. 36). Mesmo assim, as tentativas de aldeamentos
dessas populações eram correntes, porém quase todas fracassaram (pg. 37). Todavia, a derrota
dos indígenas não veio por meio das armas, afirma o autor, mas sim pelas mudanças
climáticas que se tornaram um forte inimigo dos índios (pg. 38, 43 e 44). O autor utiliza os
termos Nímia Secura e Sobeja Pluviosa para explicar os momentos de seca e chuvas
torrenciais na Capitania (pg. 43), pois causaram mortes de animais, destruição das lavouras,
causando assim, falta de recursos vitais para a alimentação dos povos ali residentes (pg. 44).
Com os recursos da pesca e caça escassos, a fome se abateu nesses povos. Nesta
situação, a única maneira de sobrevivência seria a rendição aos colonizadores indo viver nos
aldeamentos e vilas próximas, submetendo-se ao poder da metrópole, tornando-os vassalos do
rei. A administração da Capitania ‘acolheu’ os povos rendidos (pg. 46) por seus próprios
interesses: com a crise advinda da decadência da mineração, a população da capitania decaia,
e por se tratar de área de fronteira, havia a necessidade de se povoar, e os índios iriam fazer
parte desta tarefa de ocupação. Os vários acontecimentos, tanto climáticos, como bélicos e de
absorção dos indígenas pela sociedade colonial naquela capitania, é o que o autor chama de
‘tempo de rendição’.