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Paulo Paixão

César S a n t o s Silua

J o r g e Luiz Brand

H
e nipnose
sem Mania

Remodelada e ampliada

EMENDE E ACRESCENTE QUEM SOUBER, APRENDA QUEM


NÃO SOUBER, MAS TODOS DÊEM GLÓRIA AO SENHOR

1.7,'. , "77RIipe Nunes. Arte da Pintura - apud História das


BitlllOteCa Páftld ^$01 Literaturas de Manuel Bandeira).
l i

«cmb. fvíacedc Soares»

"BPM EM"
M. Soares
Gráfica e Editora Padre Berthier
Passo Fundo - RS - Brasil CATANDUVA-SP
1995
Copyright by Paulo Paixão
César Santos Silva e
Jorge Luiz Brand, 1995

• •

Direitos de propriedade reservada para os autores.


Interdita qualquer transcrição, no todo ou em parte, sem citação da
fonte de origem e permissão dos autores.

Endereço para correspondência:


Dr. Paulo Paixão
R. Vise. Cabo Frio, 30
20510-160. Rio de Janeiro-RJ
Tel.: (021) 268-4753

Pedidos para:
Dr. Jorge Luiz Brand
R. Rocha Pombo, 311
Toledo-PR
CEP: 85904-030
Tel.: (045) 277-1473

Impresso nas oficinas da


Grafica e Editora Padre Berthier
Caixa postal 202
Tel.: 054-313-3255
Passo Fundo - RS - Brasil
CEP: 99070-220
ÍNDICE:

Explicação necessária ........... 9

Cap. I - Letargia 11
Çap. II - Respiração Culturista 17
Çap. III - Exercícios Letárgicos , 23
Cap. IV - Bases da Letargia 33
Cap. V - Resumo da Técnica Letárgica 45
Cap. VI - Acupuntura e Letargia 53
Cap. VII - Estados Letárgicos 63
Cap. VIII - Regressão de Memória 71
Cap. IX - O caso Bridey Murphy , 75
Cap. X - A Igreja Católica e a Hipnose 81
Çap. XI - Prática da Hipnose , • • 83
Cap. XII - Auto-hipnose 93
Cap. XIII - Sugestões Noturnas para corrigir maus
hábitos infantis r . . . . 99
Cap. XIV - Que é o Tratamento Autógen? 105
Cap. XV - Liberte sua Personalidade. ............. 109
Cap. XVI - Letargia nos Esportes ,.,, 115
Cap. XVII - IBRAP 123

Apêndice •• 125

O Livro de San Michele 127

Glossário •• • 135

Agradecimentos , 142

Bibliografia 143

Referências . ••• 147


MAX D E S S O I R , grande cientista
a l e m ã o , c r i a d o r do n e o l o g i s m o -
P A R A P S I C O L O G I A - em junho de
1SS9. E s t e v e no B r a s i l , f a z e n d o
conferências, em 1927, e ofereceu esta
fotografia com dedicatória ao eminente
médico brasileiro, prof. A. da Silva
Mello. Max Dessoir nasceu em 1867 e
faleceu em 12 j u n h o de 1947 em
Konigstein, Alemanha.

R O B E R T AMADOU é autor da obra


consagrada mundialmente - A
P A R A P S I C O L O G I A - traduzida para
6 idiomas. E apontado como o maior
parapsicólogo vivo. Foi Secretário
G e r a l do I C o l ó q u i o de E s t u d o s
Parapsicológicos realizado em Utrecht
(Holanda), em agosto de 1953. O prof.
A m a d o u é Doutor em T e o l o g i a e
Etnologia.

" O que havia em todos esses homens era unia confiança ímpar no que faziam.
Uma convicção poderosa de que teriam êxito. Uma segurança absoluta no seu
m o d o de o p e r a r . Sem isso, não h á modelo conceituai, reflexológico,
cibernético, X ou Y, que funcione".
Dr. George Alakija em Hipnose Pitoresca, página 76.
LIVROS DE PAULO PAIXÃO
IRMÃO V I T R Í C I O E A LETARGIA
Coletânea - 4 Edição - Rio, 1960 (Esgotado)
a

Ed. Gráfica Uruguai


NOÇÕES DE LETARGIA
Rio de Janeiro, 1961 (Esgotado)
Ed. Gráfica Uruguai
M I S T É R I O S E MISTIFICADORES DA LETARGIA
Porto Alegre, 1962 (Esgotado)
P R O B L E M A DA P R O S T I T U I Ç Ã O (tese)
Rio de Janeiro, 1946 (Esgotado)
LETARGIA E HIPNOSE MODERNA
C o m a colaboração de César Santos Silva
Ed. Andrei, São Paulo, 1990
PAÍSES BAIXOS OÜ PAÍS DAS FLORES?
Crônicas de viagens pela Holanda - Curitiba, 1957 (Esgotado)
C A R C E L SIN R E J A S (Prisão sem Grades)
Buenos AirèSj 1952 (Esgotado)
L E T A R G I A PASSADA A L I M P O
Ed. Andrei, 8 Edição, São Paulo, 1964 (Esgotado)
a

P A R A P S I C O L O G I A , CIÊNCIA OU MAGIA?
C o m a colaboração do Dr. César dos Santos da Silva
Ed. IBRAP, 15 Ed., Rio de Janeiro, 1978 (Esgotado)
a

E L H I P N O T I S M O DE H O Y
da Dra. Galina Solovey, 4 ed. a

Ed. Hachette, Buenos Aires, 1988


Prefácio, atualização e ampliação de César Santos Silva e Paulo Paixão.
A HIPNOSE DE H O J E
de Galina Solovey, 5 ed. a

Ed. 1995
Prefácio, atualização ampliação de Paulo Paixão, César Santos Silva e
Jorge Luiz Bratid
L E T A R G I A E HIPNOSE SEM MAGIA
de Paulo Paixão, César Santos Silva e Jorge Luiz Brand.
8 Êd. Editora Padre Berthier
a

Passo Fundo - RS - Brasil, 1995


Fig. 2 - IRMÃO VITRÍCIO - Introdutor da Letargia no Brasil.
Atualmente, Padre Luiz Benjamim Henrique Rech. Vide resumo
biográfico na página 12.
Fig. 3 — Vestido com a camisa JESUS, o excelente cirurgião brasileiro radi-
cado nos Estados Unidos Dr. JOSE NERI é exemplo de verdadeiro cristão.
Antes de cada cirurgia ele invoca a ajuda de DEUS. Em 1994, fez 82 transplan-
tes de fígado com ABSOLUTO SUCESSO. Ele segue as palavras de Wundt
Wilhelm, fundador da Moderna Psicologia Experimental: "Todo Médico
deveria ser Pastor e todo Pastor deveria ser Médico ". O Médico consciencioso,
que emprega todas as suas energias na luta contra a doença, não pode ignorar
a mensagem Daquele que se chamou Senhor da Vida e da morte e que provou
essa afirmação com numerosos prodígios, especialmente o da Ressurreição.
Não pode ignorar, sobretudo, que Cristo promete a todos os homens, dóceis à
sua palavra, fazê-los participar um dia de seu triunfo definitivo. O Dr. Neri
pratica a hipnologia educacional. Ainda nafoto, à esquerda doDr. NERI: César
Santos Silva, operado por ele; atrás, sua esposa Débora, Maria Helena, Paulo
Paixão e Henriquez Michele. Foto tirada em Miami (USA) em 9 de junho de
1994.
EXPLICAÇÃO NECESSÁRIA
Não se sabe ainda quantas superstições há na
Ciência nem quanta Ciência há nas superstições.
Padre Maximiliano Hell

A Hipnose sempre teve o condão de atrair o grande público. Contudo,


até m e s m o pessoas instruídas desconhecem o assunto. As bibliotecas con-
tinuam cheias de livros que não fazem mais do que repetir conceitos
fantasiosos e absurdos. Muitas pessoas nunca viram ninguém hipnotizado,
salvo em cinema, teatro ou novela.
Este livro, de modo especial, visa a fornecer ao leitor interessado nos
fenômenos hipnóticos - uma síntese atualizada - do desenvolvimento
científico dos modernos estudos sobre a matéria.
Pretendemos, apenas, fazer um esquema dos diversos matizes da
hipnose, e não um tratado exaustivo de qualquer de seus aspectos.
Além da prática, da observação e produção experimental dos fenôme-
nos hipnóticos, estudamos e compilamos os diversos mestres no assunto,
empregando todo esforço para resumir-lhes as lições com possível simpli-
cidade e clareza. Nem sempre citamos, no correr dos textos, os autores de
que nos aproveitamos. Os números que aparecem entre parênteses - no final
de alguns parágrafos, correspondem à obra - encontrada na bibliografia -
e de cujo texto foi extraída a citação. Nossa intenção ao publicar este
volume, foi colocar, ao alcance da inteligência e do bolso dos estudantes,
u m conjunto de noções que só esparsas se encontram em numerosos livros
grossos e caros. Este resumo não se destina aos doutos ou cientistas, mas,
sim, ao grande público - mesmo porque - de outro m o d o não exerceria o
seu papel de divulgar. Pretendemos resumir fontes, não expandi-las. Buscar
a verdade, não ferir adversários. Comparar idéias, não julgar pessoas. Ter
leitores amantes da verdade, não fanáticos de suas próprias opiniões, erros
e preconceitos. Distinguir religião e ciência, não confundi-las e nem divor-
ciá-las, porque a verdadeira Ciência conduz a Deus.
Este é um trabalho despretensioso e essencialmente prático, visa
apenas a traçar um roteiro para os que se iniciam no estudo da Letargia e
da Hipnose. Pretende, ainda, estimular o interesse de cada um, na medida
das suas possibilidades, a fim de que todos possam praticar os exercícios
letárgicos, reconhecidamente benéficos e salutares, incentivar a pesquisa
pessoal e alargar os horizontes de seus conhecimentos sobre fenômenos
tidos c o m o misteriosos. Já disse acertadamente, há mais de duzentos anos,

M. Soares
CAIANDUVA-SP
o Padre Maximiliano Hell: "não se sabe ainda quantas superstições há na
Ciência e quanta Ciência há nas superstições".
Para os críticos apressados e, por isso m e s m o , expostos à superficiali-
dade no julgamento, esclarecemos que os vários senões existentes, resulta-
ram da rapidez c o m que foram elaboradas estas páginas. Os erros serão
facilmente corrigidos pelo leitor honesto e inteligente.
C o n v é m frisar u m a palavra que nos apraz repetir, convencido que
estamos da sua profunda verdade psicológica: o melhor método, o melhor
c o m p ê n d i o e os melhores processos muito pouco, e m rigor quase nada
valem, sem a contribuição pessoal, decisiva e sempre meritória do próprio
"iniciado".
Cada u m a das questões indicadas poderia dar m a r g e m a intermináveis
debates. A conceituação dos estudos letárgicos, magnéticos e hipnóticos
não se mostram, de fato, definida de m o d o pacífico.
Entregamos à publicidade e à crítica dos doutos este modesto trabalho
de equipe, não olvidando, porém, a sentença de Chateaubriand: "quand la
critique est juste, j e me corrije: quand le mot est plaisant, j e ris; quand il est
grossier, j e Foublie."
Pedimos aos interessados que nos escrevam apontando as falhas e
deficiências, enviando suas sugestões para que sejam aproveitadas numa
provável e futura edição.
Até lá, repetimos as palavras que se encontram na primeira página
deste livro: "Emende e acrescente quem souber, aprenda quem não souber,
mas todos dêem glória ao Senhor".

Paulo Paixão
César Santos Silva
Jorge Luiz Brand
CAPITllO I

LETARGIA

1 - RESENHA HISTÓRICA
É fato incontestável que a introdução da Letargia, ou Técnica Letárgi-
ca, no Brasil, pelo internacionalmente famoso - Irmão Vitrício (Padre Luiz
Benjamim Henrique Rech) - superou a toda e qualquer expectativa. Resu-
midamente, relataremos os fatos.
E m 1956, em visita à Casa Provincial dos Irmãos Maristas em Bruxe-
las, pelo marista Frère Médard, ouvimos falar das proezas realizadas pelo
Frère Vitrício. E m 1957, tivemos conhecimento que o Prof. lecionava no
Colégio Marista de Santa Maria (RS). Fomos até lá e assistimos à primeira
demonstração de Letargia. Lá mesmo, fizemos um curso intensivo c o m o
Irmão Vitrício. Posteriormente, assistimos a diversos cursos por ele minis-
trados. E m dezembro de 1957, o convidamos a fazer uma demonstração no
Colégio São José, no Rio de Janeiro. O Jornal O Globo (Rio, 21/12/57)
divulgou o sucesso da demonstração inserindo o seguinte comentário -
"Todas as demonstrações foram muito aplaudidas, porém, as que mais
entusiasmo causaram foram as de transe moderado e agitado". Naquela
época o Irmão Vitrício já era bastante conhecido no Rio Grande do Sul,
mas, ainda desconhecido no resto do Brasil.
Ele ministrou o primeiro curso de sua técnica em São José do Rio Preto
(SP), a convite da Sociedade Rio-pretense de Hipnologia. O jornal - A
Notícia - (São José do Rio Preto, 19/07/58) noticiou: "Acompanhando o
ilustre visitante chegou a esta cidade, proveniente do Rio de Janeiro,
numerosa comitiva." Em dezembro de 1958, ele ministrou novo curso de
Letargia no Colégio São José (Rio de Janeiro). O período de 1958 a 1962
marcou o auge de suas atividades, tendo sua fama atravessado as fronteiras
do Brasil. Portanto, é lícito dizer-se que o aparecimento da Letargia no
Brasil ocorreu em 1958.
Depois de 4 0 anos de estudos e prática divulgamos a Letargia em
diversos países da América do Sul e da Europa - sempre c o m agrado geral.
O método sempre atraiu a preferência dos praticantes do hipnotismo clás-
sico. Todos, sem exceção alguma, foram unânimes em afirmar: "A Letargia,
como método de indução hipnótica, é dos melhores que conhecemos."
Todos ficam impressionados com a rapidez da Técnica Letárgica na obten-
ção de alguns fenômenos.

2 - IRMÃO VITRÍCIO
- Padre Luiz Benjamim Henrique Rech
Resumo Biográfico - O Padre Luiz Benjamim Henrique Rech (Irmão
Vitrício) nasceu em 16/08/1917, em Santa Cruz do Sul (RS - Brasil).
Descendente de pais alemães: Nicolau Rech e A n a Rech.
Iniciou seus estudos no Colégio Marista de Santa Cruz do Sul (RS),
completando-os em Porto Alegre. Aos 2 de janeiro de 1933, entrou para a
Congregação dos Irmãos Maristas (Frères Maristes des Écoles) recebendo
o nome religioso de Irmão Vitrício. Foi um dos fundadores da Faculdade
de Ciências Políticas e Econômicas Santa Maria (RS) e também da Facul-
dade de Direito, daquela cidade. E m ambas, foi Professor e Secretário
durante vários anos. E m 1953, fez o segundo noviciado em Saint Paul Trois
Châteux (França). Em 1956, publicou um fascículo, "Não Leiam Letargia",
desde há muito completamente esgotado, o qual foi refundido e ampliado
em nosso livro Noções de Letargia. N o período de 1958 a 1962, nas
principais cidades brasileiras, fez demonstrações e ministrou cursos de
Letargia em diversas Faculdades e Associações Científicas, sendo focaliza-
do em mais de 300 reportagens (cujos recortes estão no arquivo do I B R A P )
pelos grandes jornais e revistas do Brasil e exterior. Em 1962, visitou
Portugal, onde pronunciou diversas conferências, sempre com grande su-
cesso, e ministrou cursos de Técnica Letárgica, em Lisboa.
Em 1966, deixou a Congregação Marista, registrou-se c o m o Psicólogo
Clínico, casou-se com Aparecida Carneiro Rech, passou a residir e m
Itanhandu (MG) e a exercer a sua profissão. Tendo deixado os Maristas,
perdeu o nome religioso de Irmão Vitrício, mas adotou-o como pseudôni-
mo, pois com ele ficara conhecido no Brasil e no exterior. Foi Patrono da
Associação Brasileira de Estudos Letárgicos (hoje desaparecida) e u m dos
fundadores do I B R A P (Instituto Brasileiro de Parapsicologia), 1958.
Para todos - o Irmão Vitrício é o Introdutor da Letargia no Brasil, mas
para alguns - ele é o próprio Criador da Letargia.
Em 1988, ficou viúvo e logo depois ordenou-se Padre. Atualmente
(1995), o Padre Luiz Rech é o pároco da cidade de Serranos (MG) que dista
60 km da cidade hidro-mineral de Caxambu (MG).
3 - OPINIÕES
I- Dr. Vinitius da Costa Rodrigues, um dos mais arguntos pesquisadores
do Hipnotismo e da Letargia, escreve:
"Reina certa controvérsia entre aqueles que acreditam ser a Letargia
apenas u m a modalidade do Hipnotismo e outros que só admitem as
duas técnicas completamente diferenciadas. N ã o obstante, impõem-se,
desde já, as seguintes observações: I ) A denominação de "Letargia"
a

não pode ser confundida aqui com o primeiro grau hipnótico ("sono-
lência ou letargia"). 2 ) As técnicas de indução hipnótica e letárgica,
a

embora aparentadas, são diversas entre si. 3 ) É dispensável ao hipno-


a

tismo a aplicação do estímulo físico no paciente, mas não o psicológi-


co; ao passo que o estímulo físico é indispensável à indução letárgica.
4 ) Diferentes, também, são as discriminações de seus sistemas expe-
a

rimentais: - o hipnotismo é aceito e posto em prática sob três graus


("sonolência", "hipotaxia" e "sonambulismo"), ao passo que a letargia
se desdobra em 18 estados, indicados, a seguir. 5 ) A indução letárgica
a

efetua-se em tempo mais curto do que a hipnótica. 6 ) A indução a

letárgica depende mais amplamente da aquiescência do paciente do


que a hipnótica.
O estímulo físico no paciente é chamado de "toque". São locais
adequados aos toques, várias regiões periféricas do corpo h u m a n o ,
eleitas.
N.A. /

LA LÉTHARGIE (Résumé) - Le Frère Vitrício (brésilien), pseudonyme du psychologue -


Louis Benjamin Henri Rech, est le créateur de la Léthargie ou Technique Léthargique et
aussi le chef mondial de l'Ecole Léthargique. Lui-même a commencé sa diffusion au Brésil,
par la publication d'un petit livre - Ne lisez pas - Léthargie - en 1956. Ce petit livre a été
refondu et amplifié dans le livre de Paul Paixão - Notions de Léthargie - Rio de Janeiro,
1961.
Le Frère Vitrício, pendant les années 1958-1962, a fait une grande diffusion de sa
Léthargie^ en donnant des classes et en procédant à des démonstrations dans les plus
grandes Écoles et Universités du Brésil. En 1963, il a donné des classes au Portugal. Il est
devenu célèbre, car, avant tout, il est un sujet doué et um métagnome de bonnes qualités.
H est aussi un des fondateurs de l'Institut Brésilien de Parapsychologie (IBRAP). 1959.

On ne peut pas faire confusion entre la Léthargie du Frère Vitrício et


la léthargie de Charcot. Il faut observer ce qui suit:
1) Les techniques d'hypnotisme et de léthargie sont tout à fait différentes;
2) Dans l'hypnotisme, on emploie la stimulation psychique: dans la léthar-
gie, on emploie l'estimulation physique, q u ' o n apelle attouchements;
3) L ' h y p n o t i s m e classique est divisé en trois ou quatre degrés; la léthargie
en 18 degrés;
4) L'induction léthargique est plus rapide que celle de l'hypnotisme clas-
sique;
5) La Léthargie a son fondement dans la technique chinoise de l'Acupunc-
ture (introduction lente d'une aiguile fine d'acier, d'or, d'argent ou de
platine, de 10 à 15 cent., dans la partie malade ou dans son voisinage,
dans les cas de névralgies).

LES OPINIONS
L a léthargie a été crée pour ordonner et simplifier l'hypnotisme (Frère
Vitrício).
C'est une méthode d'hypnotisme qui produit des résultats immédiats
et surprenants.
Au Brésil, la Léthargie est très employée dans les expériences E S P
(Paulo Paixão).
Dans ma spécialité d'odontopédiatre, j ' a i obtenu de bons résultas par
la méthode de Léthargie du Frère Vitrício (Dr. Alberto Lerro Barretto).
En tant que procédé initial d'induction hypnotique, la léthargie est un
des meilleurs que nous connaissions, à tel point qu'il est pratiqué de routine
dans notre clinique. Il présente par rapport aux autres procédés initiaux qui
se pratiquent (battement synchronique des paupières, soulèvement du bras,
fixation du regard, etc.) certains avantages qu'il ne faut pas oublier.
L e principal avantage que le procédé léthargique offre par rapport à
tous les autres est de ne pas exiger du sujet la fatigue musculaire initiale des
paupières et du regard. (Osmard Andrade Faria).

II - Osmard Andrade Faria diz o seguinte:


"A Letargia, como procedimento inicial de indução hipnótica, é dos
melhores que conhecemos, tanto que o vimos praticando de rotina na
clínica. Leva sobre os demais procedimentos iniciais em prática (pes-
tanejamento sincrónico, levantamento do braço, fixação do olhar, etc.)
algumas vantagens que é preciso não olvidar. Tal fato faz com que o
procedimento letárgico se esteja tornando o preferido de quantos
praticam a hipnose científica. A principal vantagem do procedimento
letárgico sobre todos os outros - exceto talvez o da representação
cênica - é que não exige do paciente o inicial cansaço muscular
palpebral e visual. Em qualquer dos outros procedimentos iniciais em
uso na prática, exploramos, de saída, uma fadiga incondicionada pelo
uso dos músculos oculares, braquiais, etc. Aqui, na Letargia, o paciente
posta-se diante de nós de olhos fechados, em posição de repouso, corpo
acomodado na posição que melhor lhe convier, recostado ou deitado.
T a m b é m para o operador não exige uma postura determinada. Outra
vantagem da Letargia é que, decorrente da obnubilação inicial que
provocamos no paciente, surge de imediato uma razoável insensibili-
zação geral de todo seu corpo, permitindo-nos, um minuto após ou
pouco mais, j á uma prova de anestesia sensivelmente profunda, como
VII - George Alakija, e m seu livro - F e c h e os O l h o s R e l a x e e D u r m a ! -
diz o seguinte:
"Chegou a Letargia. Foi também em 1957 que ela apareceu n o Brasil.
D e início surgiu u m a confusão decorrente do nome. Até então conhecia-se
o vocábulo c o m o u m dos estados hipnóticos clássicos. São eles: letargia,
catalepsia e sonambulismo. Surgiram os esclarecimentos:
Letargia é u m a técnica de influência pessoal s e m provocar sono.
E m b o r a se considere, atualmente, u m a técnica de indução hipnótica, logo
quando surgiu foi apresentada por muitos extremistas que asseguravam
nada ter a m e s m a a ver c o m hipnose. Esta seria apenas u m estado daquela.
Ficou conhecida no Brasil pelo trabalho de introdução e divulgação do prof.
L U I Z R E C H , irmão V I T R Í C I O , e do Dr. P A U L O P A I X Ã O .
Trata-se, e m resumo, de u m a técnica de indução hipnótica que utiliza
basicamente toques, sons, posturas, às vezes e m conjunto, às vezes isola-
damente, obtendo u m a série de estados peculiares que p o d e m ser usados
c o m diferentes finalidades, especialmente terapêuticas." Pág. 4 8 . (1)

A N A T O L M I L E C H N I N , conhecido
internacionalmente, é autor de inúmeros
trabalhos sobre o tema versado e de
Dr . 3
GALINA SOLOVEY, HYPNOSIS, Ed. John Wright, 2 ed,
autoridade internacional em Londres, 1967. Vide biografia de Anatol
hipnose médica, é autora do no livro a Hipnose de Hoje de Galina
best-seller A H I P N O S E DE Solovey.
H O J E - Ed. Berthier, Passo Ele criou a frase: las gatitas de Charcot.
Fundo, RS, Brasil, 1995. Vide biografia de Anatol, no livro - A
No Brasil, já ministrou cursos em: HIPNOSE DE HOJE- de Galina Solovey
Brasília, Rio de Janeiro, Recife e . Ed. Berthier, Passo Fundo - RS - Brasil,
João Pessoa. 1995.

1, Milechnin, Anatol - Hypnosis - Ed. John Wright & Sons Ltd. 2". ed. Londres, 1967, página 158.

16 LETARGIA E HIPNOSE SEM M A G I A


CAPITULO II

RESPIRAÇÃO CULTURISTA
N u n c a é demais insistir sobre a importância da respiração, cujo valor
simbólico é bastante conhecido: não épor meio de uma inspiração violenta
que entramos em contato com o mundo? E não é dando o "último suspiro"
que terminamos nossa jornada? O exercício respiratório deve preceder a
todo e qualquer tipo de relaxamento. T a m b é m na técnica letárgica exigimos
que o paciente pratique exercícios respiratórios. A respiração culturista foi
idealizada pelo Prof. Mareei Rouet, cujos ensinamentos resumiremos nas
linhas abaixo.
P o d e m o s , voluntariamente, apressar ou retardar o ritmo respiratório,
prender ou suspender a respiração. A técnica da respiração nasceu dessa
faculdade de controlar tão importante função vital, atingindo seu apogeu na
índia, na seita dos iogues. E m u m a respiração normal, inspiramos e expira-
mos cerca de meio litro de ar, enquanto numa respiração profunda inspira-
mos è expelimos de quatro a cinco litros. São evidentes as imensas
vantagens que essa supersaturação da superfície pulmonar pode trazer ao
organismo: o sangue, amplamente oxigenado, fixará esse oxigênio no
âmago das células, principalmente nos tecidos musculares e nas células
nervosas, proporcionando-lhes uma total depuração e u m a regeneração
permanente.
Após a respiração completa experimenta-se u m a sensação de b e m - e s -
tar e de euforia que seria inútil negar. Após u m a sessão de educação física,
qualquer fadiga física será dissipada por alguns instantes de respiração
completa como por encanto.
Aqui estão as características da respiração completa: existem três tipos
de respiração: o tipo costal superior, o costal inferior e o abdominal. O
primeiro é típico da mulher, que respira elevando a parte superior do peito;
o segundo levanta as últimas costelas e o terceiro dilata a base dos pulmões.
Este último é, geralmente, característica do homem. A respiração completa
utiliza-se desses três processos para atingir ao máximo^a superfície dos
pulmões.
A respiração completa pode ser executada de pé, sentado ou andando;
deve ser praticada; sempre que possível, ao ar livre ou diante de u m a janela
bem aberta.
O corpo deve ser esticado sobre uma superfície dura, assoalho ou chão,
os músculos descontraídos, os braços descansando relaxados, as mãos meio
fechadas, a cabeça sobre o chão. A inspiração e a expiração devem ser feitas
muito lentamente, pelo nariz. Deve-se contar mentalmente, durante o
.exercício, na razão de um número por segundo. Para começar, você pode
contar até 5 para inspirar e outro tanto para expirar, continuando, você pode
elevar esse número até 15 ou mesmo 20. Eis c o m o deve proceder: sem
mover as costelas, você inspira lentamente, elevando o ventre o m á x i m o
possível. E a respiração diafragmática ou abdominal (primeira fase). Sem-
pre inspirando, você deve levantar a parte superior do peito sem abaixar a
parede abdominal e sem retrair a parte superior do tórax; é a respiração
costal superior. Assim, em uma única respiração você reuniu os benefícios
das três maneiras de respirar e encheu os pulmões ao m á x i m o . Para expirar,
deTxe o ar escapar lentamente pelo nariz e force, no fim da respiração, em
uma contração enérgica dos músculos expiradores, expulsando assim com-
pletamente o ar viciado (quarta fase). A inspiração e a expiração efetuam-se
sem interrupções, pois a três fases citadas não são distintas mas contínuas
e o tempo de passagem d e uma para outra é imperceptível.
E necessário chegar, pelo treino, a efetuar respiração completa sem
esforços excessivos, sem tensão inútil. Quando você conseguir inspirar
contando até 15, poderá introduzir variações na respiração para obter
resultados diferentes.
T e n d o inspirado até 10, retenha o ar nos pulmões contando sempre
mentalmente até 5 e pensando intensamente: "Eu armazeno nos meus plexos
toda a força vital contida no ar", depois expire lentamente pelo nariz,
contando até 10, pensando. "Eu expulso de meu organismo todas as forças
más, todas as coisas doentias que lá podem estar". Esse processo pode
parecer pueril, mas se você estiver doente (se for doença pulmonar é
aconselhável procurar a orientação de u m médico) você conseguirá benefí-
cios inacreditáveis e obterá talvez o restabelecimento da saúde. Depois de
expirar a fundo, fique sem inspirar, com a boca fechada, cinco segundos, e
então inspire. Você pode levar o tempo de inspiração a 12 ou 16 e ficar sem
inspirar 6 a 8 segundos.
Depois de algum tempo desse exercício, você sentirá que se estabele-
ceu no seu organismo um ritmo regular. É esse ritmo que você deve cultivar,
contando mentalmente de acordo com seu ritmo cardíaco, isto é, cada
número deve corresponder a uma pulsação do seu coração. Você consegui-
rá, assim, a respiração rítmica, chave de todos os poderes. Você sabe que o
ritmo que rege a natureza toda é uma força considerável. Essa força será
sua quando sua respiração tornar-se perfeitamente ritmada. Você sentirá
então seu organismo vibrar no ritmo de uma gigantesca pulsação. E essa
espantosa força do ritmo vai ser utilizada por você para o desenvolvimento
muscular como poderá ser empregada para o desenvolvimento de suas
faculdades mentais ou para influir à distância sobre seus semelhantes ou
curar uma doença. Pense com força, com o ritmo firme: "A força que existe
em mim vai agir sobre um tal grupo de músculos e contribuir para o seu
desenvolvimento"; faça um esforço mental para projetar toda a força
acumulada em seus plexos em direção à região do corpo que pretende
desenvolver ou ao órgão que pretende fortificar. Você obterá assim resul-
tados espantosos.
Para vencer a emoção, para fortificar seu plexo solar, eis uma variante
da respiração completa: inspire da forma habitual mas sem levantar a parte
superior do tórax; retenha o ar; depois, sem expirar, projete bruscamente e
o máximo possível o ventre para a frente, em seguida, retraia o ventre
bruscamente, fazendo o ar subir às regiões mais altas dos pulmões, projete
novamente o ventre para a frente. Assim cinco ou seis vezes, sem expirar,
depois expire profundamente.

Figura 6. Exercício n" 1 — Braços


estendidos diante do corpo, na
altura dos ombros. Inspiração:
afastar os braços. Expiração:
juntar os braços.
Figura 7-Exercício n° 2 - Braços
ao longo do corpo. Inspiração:
levantar os braços verticalmente.
Expiração: abaixar os braços.

Figura 8. Exercício n° 3 - Busto


ligeiramente inclinado para a
frente, braços prolongando o
corpo. Inspiração: levar os braços
para trás. Expiração: levar os
braços para a frente.
I
,
,, ,,'

,
'..• .•. _-

Figura 9. Exercício nO4 - Braços


estendidos diante do corpo, à
altura dos ombros. Inspiração:
levar os cotovelos para trás.
Expiração: levar os braços para a
frente.
RESPIRAÇ A O
COMPLETA:
I fase:
a
Inspirar
forçando a parede
abdominal para a
frente; 2° fase:
Continuar inspi-
rando, dilatando o
tórax; 3 fase: Con-
a

tinuar a inspirar,
fazendo o ar atingir o
ponto mais alto dos
pulmões e levantan-
do ligeiramente os
ombros; 4a
fase:
Expirar, encolhendo
os ombros e, no fim
da respiração,
contrair vigoro-
samente os mús-
culos abdomi-
nais.

Figura 10 - I fase.
a
Figura 11 - 2 fase.
a

Figura 12 - 3 fase.
a
CAPÍTULO III

EXERCÍCIOS LETÁRGICOS
Quando rezamos, unimo-nos à força motriz
inexaurível que liga o universo. Faça orações em
toda a parte: nos transportes, no escritório, nas
lojas, na escola, assim como na solitude de seu
próprio quarto ou na igreja. A verdadeira prece
é a luz da vida. Hoje como nunca a oração
representa uma grande necessidade na vida do
homem e das nações.
Aléxis Carrel

1 - PRELIMINARES
Os conhecimentos atuais sobre a matéria e a energia, as últimas
descobertas psicofisiológicas têm aproximado de maneira singular as deli-
mitações da matéria e do espírito, mantendo, entretanto, a irredutibilidade
essencial desses dois elementos. As referidas descobertas nos facilitam a
compreensão de u m a união misteriosa no homem, microcosmo, síntese
perfeita da Criação.
"É a alma que, começando pela microscópica célula que lhe serve
de suporte, constrói seu corpo de conformidade às leis da evolução
biológica e, este corpo, ela o constrói à sua i m a g e m e semelhança.
N ã o haverá, portanto, propriamente, luta alguma entre ambos os
elementos, visto que nada há neles contraditório, pelo contrário, da
parte da alma - elemento superior - há formação, educação, direção,
e, da parte do corpo - elemento inferior - docilidade e colaboração."
(D
(1) O R. P. Gratry, numa obra de perpétua atualidade: Do conhecimento da alma; o R. P. Poucel em Plaidoyer
pour le corps; os Doutores Biot e Carton bem como o Dr. Carrel têm manifestado admiravelmente essas harmonias
entre a alma e o corpo. '

LETARGIA E HIPNOS

M. Soares
CATANDUVA-SP
As leis psicofisiológicas nos ensinam que u m corpo é mais forte, mais
sadio e mais calmo estando sob a influência do espírito do que abandonado
aos seus caprichos e instintos. A lei do corpo está no espírito.
Os exercícios letárgicos têm por finalidade precípua preparar o pacien-
te para entrar nos diversos estados. D e v e m ser praticados diariamente,
durante quinze minutos pelo menos. A repetição dos exercícios confere ao
praticante: autodomínio e sensibilidade. D e v e m ser praticados tanto pelo
operador quanto pelo paciente; mas sobretudo pelo paciente.
Alguns dos exercícios abaixo mencionados são t a m b é m executados
pelos yoguins, rozacruzes e umbandistas, o que vem demonstrar que
realmente produzem efeitos misteriosos.

2 - PRÁTICA DOS EXERCÍCIOS


I EXERCÍCIO
o

O primeiro exercício é chamado "exercício dos oradores". M ã o s postas


como para a oração, mas em que somente se tocam as pontas dos dedos com
exceção dos polegares que são mantidos mais afastados possível; fazer em
seguida u m leve esforço de compressão nas pontas dos dedos, apertando e
afrouxando lentamente, umas dez vezes, ao m e s m o tempo a respiração se
faz lenta e profunda pelo nariz,
mantendo-se a boca fechada e
os olhos vagos, como que per-
d i d o s no h o r i z o n t e . D e n t r e
pouco tempo o sangue j á co-
meça a irrigar todo o couro
cabeludo; sensação de calma,
de bem-estar.
Nesta posição, se impri-
mirmos às mãos um forte m o -
vimento de rotação, de dentro
para fora, de baixo para cima,
conseguimos maior segurança
nas mãos quando delas preci- Figura 14 - Exercícios de sensibilização e
sarmos para alguma interven- autodomínio: este é o primeiro exercício
ção delicada (Figura 14). letárgico - São 15 ao todo. O o
I também
chamado: exercício dos oradores.
24 - LETARGIA E HIPNOSE SEM M A G I A
O segundo exercício corresponde ao "emblema da Letargia": mãos
abertas postadas na frente do corpo: a direita com a palma para frente e a
esquerda com a palma para trás, ou vice-versa, paralelamente ao corpo, na
linha vertical; há u m a inicial dificuldade quanto à colocação dos dedos:
basta unir em extensão os dedos médio e anular, mantendo os demais bem
afastados num m e s m o plano; em seguida aplicá-los uns contra os outros,
de m o d o que o indicador da direita toque na ponta do mínimo da esquerda
e vice-versa, formando dois triângulos opostos pela base; os polegares são
mantidos o mais afastados possível. (Figura 15).
Nesta posição, os braços no m e s m o plano dos ombros, procurar
movimentá-los, mantendo-os bem firmes para a frente, flexionando somen-
te os cotovelos e os pulsos, estes para a frente, ora para trás, formando
ângulos agudos, ora ângulos obtusos, respirando naturalmente pelo nariz.

Figura 15 - 2 exercício letárgico. A posição das mãos forma o emblema da


o

letargia.
O terceiro exercício é feito com os dedos entrelaçados, mãos esticadas
à altura da região mamilar, sem apoiá-las; procurar contrair bruscamente os
músculos peitorais ao se fazer pressão contra as raízes dos dedos; a contra-
ção brusca do músculo peitoral poderá ser percebida pelo ouvido e m u m a
percussão surda.
Executamos este exercício com u m movimento de aproximação e
afastamento das mãos (só das falanges), sem que os dedos se despreguem
(Figura 16). Respirar naturalmente pelo nariz.

4 o
EXERCÍCIO
É destinado à oxigenação do cérebro, pela normalização da respiração;
idêntica posição dos dedos e das mãos que são levadas à altura do queixo
ou da boca, palmas abaixo; a respiração é feita pela boca e não pelo nariz;
portanto, respirar fortemente pela boca, olhando vagamente o horizonte.
(Figura 17).

Figura 16 — 3 exercício letárgico. Observar bem a posição das mãos.


a
Figura 17 - 4 exercício letárgico. Dedos entrelaçados, mãos esticadas,
o

polegares separados, palmas para baixo, na altura do queixo ou da boca.


Respirar fortemente pela boca (aberta).

Figura 18 - 5 exercício letárgico. Dedos entrelaçados, mãos sobre a cabeça,


o

cotovelos baixos. Posição de descanso.


5 EXERCÍCIO
o

É feito em idêntica posição dos precedentes: levamos as mãos a


descansar no alto da cabeça procurando acomodá-las na redondeza do
crânio, abaixando os cotovelos, sem esforço, bem descansados, olhar vago;
respiramos lenta e profundamente pelo espaço de contar mentalmente até
dez. (Figura 18).

6" EXERCÍCIO
É feito na posição do precedente, só que viramos as palmas das mãos
para cima, polegares para frente, procurando apoio máximo sobre a cabeça,
um pouco mais para frente, deixando descansar os cotovelos, mantendo-se
a pressão contra a cabeça. Se movimentarmos a cabeça para frente, para
trás, para a direita, para a esquerda ou em círculo, os músculos do pescoço
é que devem impelir ou arrastar os braços. O tempo deste movimento
corresponde ao de contarmos mentalmente até dez; haverá u m a certa
dificuldade em soltar as mãos nas pessoas sensíveis. (Figura 19).

7 EXERCÍCIO
o

Corresponde ao primeiro movimento assimétrico: os exercícios desta


natureza são um pouco mais difíceis do que os anteriores, porque são para

Figura 19 — Exercício 6. Mãos em posição contrária ao do exercíco 5.


Figura 20 — Exercício 7. O primeiro movimento assimétrico efeito com as mãos.
Uma delas bate, a outra esfrega. Repetir o movimento dez vezes e trocara posição
das mãos.

educar, para testar o controle mental da


pessoa. Os outros foram para sensibili-
zar.
O primeiro movimento assimétrico
é feito com as mãos: enquanto u m a delas
bate, a outra esfrega sobre um plano;
repetir este exercício umas dez vezes e

Figura 21 - Oitavo exercício letárgico. Uma


das mãos esfrega a testa enquanto a outra
bate sobre o estômago. Seguir as instruções
do exercício anterior.
trocar a posição e operação das mãos. Este
exercício é chamado "exercício do açou-
gueiro": corta e separa. (Figura 20).

8° EXERCÍCIO
Corresponde ao segundo movimento
assimétrico: é também feito com as mãos -
uma bate na cabeça enquanto a outra esfrega
o peito. O movimento é depois repetido
trocando-se as mãos. Deve-se procurar rea-
Fig, 22 lizar os movimentos com desembaraço e
perfeição. (Figura 21).

9 EXERCÍCIO
o

Corpo erecto, sem esforço, bra-


ços como se fossem abraçar um bar-
ril. M ã o s estendidas, dedos unidos,
polegares afastados. Os braços em
arcos ficam à altura dos ombros.
Agora eleva-se o corpo sobre a pon-
ta dos pés umas dez vezes. Não es-
quecer a respiração pelo nariz, nem
tão pouco o olhar vago. (Figura 22).

10° EXERCÍCIO
C h a m a d o a "posição do Papa
Pio XII"; posição inicial idêntica à
anterior: de pé, braços estendidos,
mãos esticadas, palmas levemente
voltadas para cima.
Eleva-se o corpo sobre a ponta dos pés umas dez vezes. Respirar
fortemente pelo nariz. Fig. 23.
N. AA "Não tendo havido na dinastia gloriosa dos Vigários de Cristo
um Papa, que tanto e tantas vezes tenha falado aos médicos como Pio XII,
poderíamos com toda justiça intitulá-lo: "o Papa dos Médicos".
A Universidade de Brasil, a 5 de dezembro de ¡957, homenageou a
Pio XII, em atenção a seus numerosos e exímios trabalhos sobre a medicina
e suas relações com a religião.
A medicina era uma das ciências que mais o atraíam. Sua Santidade
sempre traçou diretrizes claras e seguras, preocupado com seu Movimento
por um Mundo Melhor, um mundo mais santo e mais digno dos filhos de
Deus."
O Prof. Galeazzi-Lisi, médico particular de Pio XII, informou que ele
praticava exercícios letárgicos diariamente. Por ocasião da morte de Pio
XII, o Prof. Galeazzi-Lisi provocou um escândalo - vendendo a diversas
revistas - as fotos particulares do Papa praticando exercícios.

11° EXERCÍCIO
Posição de joelhos, braços arqueados para frente, como querendo
envolver algo e fazer movimentar os pés, flexionando os joelhos para frente
e para trás, o mais possível. E u m a posição meio incômoda; procuramos
calcar sobre as rótulas e sobre a ponta dos dedos dos pés. Verificaremos u m
certo tremor nos braços, conseqüência de estarem sendo mantidos rígidos.
Fig. 24

12° EXERCÍCIO
O quarto exercício do equilíbrio é um movimento de oscilação; colo-
camo-nos de pé, u m pé na frente do
outro; abrimos as mãos e procuramos
equilibrar-nos fazendo força com os pés
de encontro ao solo e flexionando os
joelhos. D e v e m o s andar na posição in-
dicada durante u m minuto. Depois tro-
camos os pés e repetimos os mesmos
movimentos. A posição dos braços não
muda. As vezes, parece que vamos cair,
mas o próprio joelho traz ajuda à reali-
zação dos movimentos c o m segurança.
Tudo é feito c o m a boca fechada respi-
rando-se pelo nariz. Fig. 2 5 .
Figura 25a. - Deitado de costas - a mais repousante e
neuroléptica.
~
CAPITULO IV

BASES DA LETARGIA
A Letargia pode ser produzida desde que fa~amos uso dos meios
adequados, todos eles extern os, oferecidos pel a nossa tecnica. Esta tecnica
coloca a nossa disposi~ao os seguintes procedimentos: 1) toques baseados
no princfpio da acupuntura; 2) acupuntura; 3) sons; 4) posturas; 5) combi-
nar;;aodos itens anteriores.

Em determinadas regi6es, especial mente sensfveis, da cabe~a, do peito


e das costas. A crian~a que adormece nos bra~os da mae, enquanto esta lhe
da palmadinhas nas costas ... e vftima de toques letargicos. 0 co~ar-se na
face, nas fontes ... adormece; e, ao acordar, passar da semiconsciencia para
o estado de vigflia, co~ando-se, e tecnica letargica. 0 bocejar, 0 esfregar
dos olhos e urn exercfcio para se libertar da Letargia.
Em determinados pacientes nao e 0 toque apenas, que conduz a
Letargia, mas uma serie de fatores conjugados (sobretudo 0 fator emocio-
nal) que conduzem ao que se deseja, muito embora, com toques apenas, sem
nenhuma sugestao, se possa provocar diversas analgesias.
Lembra acertadamente 0 Dr. Horace Chanel que ninguem negara a
importancia dos toques em zonas er6genas. Entretanto, em determinadas
circunstancias, eles nao produzirao efeito algum.
Quando se toca a pele diretamente intervem sensa~6es semelhantes as
produzidas por carfcias, as quais sao sensfveis ate os animais. Segundo Jean
Dauven: "a epiderme e urn tecido abundantemente nervoso cuja trama nao
esta identificada e cujas fun~6es sao ainda, em muitos casos, misteriosas.
Ja no primeiro curso de Letargia, ministrado em 1958, dizia 0 Irmao
Vitrfcio: "urn born letargista deve conhecer urn minimo de acupuntura".
Naquela epoca a tecnica chinesa era praticamente desconhecida, nao so-
mente do grande publico, mas tambem dos medicos. Hoje, ha entre nos
inumeros livros versando sobre a materia. Em 1959, em nosso livro, Irmiio
Vitrfcio e a Letargia, abordamos 0 assunto.
Com 0 titulo de Hipnose e Acupuntura, 0 Dr. Erwin Wolffenbutel, de
Sao Paulo, escreveu interessantes artigos, inseridos na Revista Brasileira de
Medicina, no ana de 1967.
I - Zonas Hipnogenas - Pitres (1848-1928) acrescentava aos procedi-
mentos usuais a explorayao metodica das zonas hipnogenas descober-
tas empiricamente por Mesmer e depois por diversos fisiologos como
Purkinje (1787-1869) e Laborde (1831-1903) que inventou as traf;f5es
rftmicas da lingua em caso de asfixia. A existencia de zonas hipnoge-
nas continua sendo discutida ate hoje.
Richet, Binet, Fere, Charcot e outros autores tambem admitiam a
existencia de zonas hipnogenas, segundo informa Jean Dauven.
"A assim chamada letargia, uma tecnica de indur;iio hipn6tica, reviveu
o interesse pelas zonas hipn6genas". Erwin Wolffenbuttel, in separata
da Revista Brasileira de Medicina, n° 9, setembro de 1967.
II - 0 toque, que poderfamos chamar de cirupressura (do grego: ciru =
mao, e, pressura = pressao) ou datilopressura (do grego: dactilo = dedo
e pressura = pressao) e baseado no princfpio da acupuntura.
Para frisar bem a importancia dos pontos sensiveis do corpo humano,
damos aqui ligeiras informayoes sobre a Acupuntura (acus = agulha,
punctura = picada). :E processo medico de origem extremo oriental
baseado na teoria filosofica antiga da alternancia do equilIbrio cosmico
aplicado ao organismo animal, uma forya negativa, (vago-tonica)
chamada "Inn" e uma forya positiva (simpatico-tonica) "Yang". Utili-
za-se de pontos cutaneos sensiveis para diagnosticos e terapeutica;
esses pontos sao ligados entre si por linhas mais ou menos verticais
chamadas "Kings" ou meridiano de orgaos, e "Mos" ou feixes extraor-
dinarios onde circula a Energia Vital.
- agulhas de DurOintroduzidas na profundidade devida no ponto terminal
do meridiana do corayao, que esta situado proximo da unha do dedo
mfnimo, tonifica a funyao cardiaca;
agulhas de prata postas na proximidade do cotovelo, nas terminayoes
nervosas que tern seu raio de ayao na face, acalmam dores nevralgicas ou
dores devidas a infecyoes na regiao da face.
34 - LETARGIA E HIPNOSE SEM MAGIA
uma agulha de prata posta no ponto sedativo do King dos rins, situado
na sola do pe, q.escongestiona 0 rim do lado respectivo.
o padre Harvieu, missionario no Celeste Imperio, foi 0 primeiro a
publicar, em 1671, na Fran<;a, alguns segredos da medicina chinesa. Daf por
diante, numerosos tratados de acupuntura apareceram par toda a Europa.
Entre nos era praticamente desconhecida ate 0 ana de 1955, quando foi
introduzidano Brasil pelo Dr. Frederico J. Spaeth. 0 Dr. Spaeth e hoje
figura-de proje<;ao internacional, sendo seus trabalhos acatados pel as maio-
res autoridades no assunto na: China, Japao, Coreia e em varios pafses da
Europa. Naturalizado brasileiro, ja representou 0 Brasil em varios congres-
sos internacionais de acupuntura. Em 1979, foi eleito Presidente Honorario
da Academia Sueca de Medicina TradicionaI. No Brasil, 0 Dr. Frederico J.
Spaeth e 0 mestre dos mestres em acupuntura.
Sao de autoria do Dr. Spaeth as seguintes observa<;6es:
"ELUCIDA<;OES SOBRE A ACUPUNTURA E A SUA UTILIDA-
DE".
a) A Acupuntura e uma terapeutica que nos vem do Oriente, onde esta
sendo praticada ha mais de 5.000 anos, sobretudo na China. Ela e
baseada no equilibrio psicossom<itico, criadora da perfeita harmoniza-
<;aoentre 0 vago e 0 simpatico, de acordo com 0 tipo do paciente.

Figura 26 - Regioes do
abdome.
1) Diafragma; 2) Hipoc6ndrio
direito; 3) Regiiio umbilical; 4)
Regiiio lombar dire ita; 5)
Espinha ilfaca anterior e
superior; 6) Regiiio fliaca
dire ita; 7) Bordo lateral do reto
anterior do abdome, na espinha
pubica lateral; 8) Epigastrio; 9)
Hipoc6ndrio esquerdo; 10) loa
costela; 11) Bordo lateral do
musculo reto (linha semilunar);
12) Regiiio lombar esquerda;
13) Regiiio iliaca esquerda; 14)
Hipogastrio.
b) a China e no Japao, a acupuntura e ensinada nas escolas tecnicas e
especializadas e, apos a conclusao de urn curso de 5 anos, e uma vez
aprovados nos rigorosos ex ames de aptidao, recebem os diplomas que
lhes dao 0 direito de exercer a fun<;ao de acupunturista nos territorios
respectivos.
c) Introduzida na Europa, a acupuntura se desenvolveu sucessivamente,
ate que, nas ultimas decadas, chegou a ser ensinada em larga escala pel a
"Societe Internacionale D' Acupuncture" atraves do seu "Institut du
Centre D' Acupuncture de France", em cursos com a dura<;ao de dois
anos, e vem sendo aceita e praticada por cerca de 6.000 medicos
acupunturistas, organizados em sociedades e sindicato (Syndicat Natio-
nal des Medecin§ D' Acupuncture de France).
Na Alemanha, Austria, Italia, Suecia, Dinamarca e Portugal tambem
foram organizadas sociedades de Acupuntura, as quais estao filiadas a
"Societe Internacionale D' Acupuncture" de Fran<;a.
Nas Americas, a acupuntura esta progredindo rapidamente. Na Argen-
tina, 0 Dr. Rebuelto foi 0 introdutor da acupuntura. No Uruguai, Para-
guai, Equador e Peru ja existe grande divulga<;ao da tecnica chinesa.
d) A terapeutica na acupuntura e praticada pela introdu<;ao subcutanea de
agulhas finfssimas, numa profundidade mInima, nos pontos predetermi-
nados, as quais provocam reflexos procurados, estimulando a fun<;ao do
organismo.
e) 0 campo da sua utilidade e restrito a:
I) A<;ao profilatica (pel a manuten<;ao do equilibrio energetico do or-
ganismo);
II) A<;ao antialgica em geral (reumatismo, cefaleia, neuralgias, ecze-
mas);
III) A<;ao regularizadora dos disturbios funcionais: digestivos, respira-
e
torios urogenitais.

N. A. - Em 12/04/81, estavamos em Caiena (Cuiana Francesa) quando assistimos, pela


TV, a uma oper(l(;ao de amputGJ(xlode perna realizada no Brasil (Teres6polis-RJ) pelo
cirurgiao Dr. CERALDO ARA VJO FILHO. A anestesiafoifeita unicamente com acupun-
rura pelo Dr. SPAETH. 0 paciente falou durante a opera~ao, dizendo que nao sentia dol',
e, apenas ouvia 0 barrulho da serra. 0 referido programa tambem foi transmitido pelo
"Fantastico" da TV Clobo.
No seculo passado, James Esdaille realizou varias opera~oes de amputa~ao de perna,
usando, apenas, passes e toques para provocar anestesia. As opera~8es foram realizadas
no Hospital Medico de Calcuta, Indicl.
o Dr. William Fitzgerald, de Hartford, Estados Unidos, depois de
afirmar ser possIvel determinar insensibilidade, distante ou proxima em
determinadas partes do corpo humano, exclusivamente pela pressao fez uma
demonstra~ao pnitica do seu metodo denominado anestesia local inibitiva.
o metodo foi assim descrito:
A anestesia de uma ou mais partes do corpo (inclusive anestesia geral)
pode ser obtida por uma pressao aplicada em determinado ponto do corpo
humano.
A pressao, feita pel os dedos ou por urn corpo rombico, e exercida sobre
as proeminencias osseas, as mucosas ou os nervos, durante dois ou tres
minutos.
Comumente, a anestesia e precedida de uma sensa~ao de dlimbra,
semelhante a do bra~o adormecido, logo seguida da anestesia completa ou
parcial da regiao. Em certos casos, 0 paciente acusa uma certa sensa~ao em
todo 0 trajeto nervoso ate a por~ao terminal.
As areas estao assim estabelecidas:
Pressao no dedo indicador da mao esquerda: anestesia dos premo lares
esquerdos superiores e inferiores; dedo indicador da mao direita; anestesia
dos mesmos dentes do lado direito.
Pressao do dedo medio: anestesia do primeiro molar inferior.
Pressao do anular: anestesia do terceiro molar.

Figura 27 - Toque geral na cabe(,:a.


Pressiio continua com 0 dedo Figura 28 - Toque para analgesia
indicador. da arcada dental inferior.
Figura 30 - Toque para suprimir
Figura 29 - Toque na regtao dor de caber;a e para condur;iio ao
indicada na figura para suprimir r estado letargico. Use 0 polegar
dor de caber;a. Pressiio contlnua para massagearcomforr;a. 0 ponto
com a ponta do dedo indicador. eo VB 20, indicado nafig. 46.

Pressao do dedo grande do pe: anestesia dos centrais, laterais e caninos


superiores e inferiores, sendo lado direito para os dentes do mesmo lado e,
lado esquerdo, para os do lado esquerdo.
Pressao do angulo da mandfbula, pr6ximo ao nervo dentario inferior:
anestesia da hemiface direita ou esquerda.
Pressao no labio superior: anestesia da ab6bada palatina.
Pressao na ap6fise mast6ide: alivia dores do ouvido.
o Dr. De Ford, comentando 0 fitzgeraldismo, assinalou as mesmas
areas e estabelece as seguintes regras: para anestesia dos premolares com-
prime-se lateral mente, com os dedos polegar e indicador, a segunda articu-
lac;ao do dedo indicador do paciente pOI'urn minuto e, a seguir, urn ou dois
minutos as partes superior e inferior, desta feita, porem, com maior pressao
ainda que cause uma pequena dor.
Os dois primeiros molares sao anestesiados pela pressao exercida na
segunda falange do dedo medio, enquanto que 0 terceiro molar e os tecidos
adjacentes podem ser insensibilizados pela pressao exercida na segunda
articulac;ao do dedo anular ou do quarto dedo do pe, sendo este ultimo 0
mais conveniente.
A pressao na segunda articulac;ao do dedo mfnimo produz anestesia
do ouvido, tendo chegado mesmo a permitir operac;oes mastoidianas sem 0
uso de qualquer anestesico.
Colocadas as pontas dos dedos umas contra as outras e exercida uma
pressao durante tres minutos, ha 0 relaxamento de todos os musculos e
tecidos do corpo.
o Dr. Fitzgerald afirmou que, entrela~ando os dedos das maos, que
deverao ficat na frente do corpo e sempre sob forte pressao de uma sobre
outra, e comprimindo lateral mente os dedos em todas as articula~6es ao
mesmo tempo, uma completa anestesia de todos os dentes se verifica muito
rapidamente.

Figura 31 - 0 Prof Paulo Paixiia letargiza Susana Farina para


extrar;iia dentaria. A paciente, completamente anestesiada, sarri sem
meda e sem dor. Observe os toques no peito e na caber;a. Muitos
pacientes, ao entrarem em estado hipn6tico, tem um riso incontrolavel;
e 0 chamado risa louco (risa loca). Poucos tem crise de choro. As
crianr;as recem-nascidas riem muito novas, sem ter a menor ideia do que
e engrar;ado. 0 riso incontrolavel e a riso fisico, niio 0 riso cerebral. A
jovem dentista e a excelente odont610ga Dr. Susana Monz6n. Paraguai,
1995.
Figura 32 - Dr. FRANZ ANTON MESMER (1734-1815), precursor da
psicoterapia moderna (Apud Franz Volgyesi). Criador da teoria dos flu{dos
magnificos, foi adulado, invejado, admirado e caluniado. Teve as maio res
gl6rias e terminou no ostracismo. Segundo Stefan Zweig - "foi a pedra angular
da moderna psiquiatria".
Notemos que 0 sucesso de Mesmer foi imenso, mesmo fora do campo da
Terapeutica, pois a sua doutrina teve influencia ate no movimento cultural da
epoca. Ela penetrou nafilosofia atraves das obras de Schelling, Hegel, Fichet,
Schopenhauer, assim como na literatura, pelas de Balzac, Poe, Brentano, T.A
Hoffmann e diversos OLttroS.Mesmer possu{a e tocava diversos instrumentos
musicais, tendo se tornado a sua casa um refugio de arte e ciencia, onde
apareciam Haydn, Mozart, Beethoven, sem contar inumeros sabios e artistas
ranceses, assim como as figuras mais representativas da epoca.
Em 23 de maio de 1780, os admiradores de Mesmer, reunidos para celebrar
seu aniversario, cantaram a seguinte quadra:
"Sao os nervos, sao os nervos.
Que dominam 0 Universo!
Pelos nervos, pelos nervos
Vamos ter 0 Universo".
"Mesmer, com porte majestoso, vestido com longa tUnica de seda Was,
circulava no salao entre os enfermos, como um Prfncipe em sua corte. Na mao,
empunhava um bastao que dizia magnetico. Segundo Wagner- 0 Was e a cor
dos desejos espirituais" (Jean Dauven).
Sons que impressionam profundamente 0 paciente, variando a altura
e a intensidade de acordo com os indivfduos. A mae, que cantarola 0 "tutu
maramba ..." e outras cantigas de ninar e adormece a crianc;a, e "tecnica" em
hipnagogia. 0 orador que nao varia a voz, que nao foge do tom hipnagogico,
acaba por adormecer todos aqueles, e so aqueles, que tiverem 0 ouvido
hipnestesico "afinado" com a voz dele.
Esse tom hipnag6gico e 0 tom que a tecnica letargica empregaria para
obter 0 sono artificial.
Basta que 0 orador mude de tonalidade para que os "cabec;a-baixa" se
"recordem" que nao devem apoiar com 0 queixo, mas com a razao. Se 0 que
fala se fixa agora num outro tom, 0 resultado sera que urn outro grupo
adormecera.
Daf a necessidade de 0 que fala em publico ter ouvido musical que 0
possibilite a captar 0 "tom" da plateia e baseado neste tom, construir "acorde
perfeito". Se nao houver consonancia entre a voz do orador e a "voz" da
plateia, esta se irritara (os hipersensfveis, os hipnoticos) ou adormecera (os
hipossensfveis, os hipnestesicos).
o operario que atende uma maquina, por maior barulho que esta fac;a,
po de adormecer, entrar em "sono letargico". Despertara, porem, ao menor
rufdo estranho. Acontece que 0 barulho e hipnagogico para ele em particu-
lar. Outro operario, nao "acostumado" (que nao "educou" 0 ouvido) nunca
adormecera ao lado da maquina, mas, acordado, nao percebera rufdos
estranhos a maquina.
o dirigente de orquestra, alheio a tudo 0 que acontece ao redor dele,
(verdadeira hipnolepsia) "acorda" e se irrita (hipnofobia) a mfnima desafi-
naC;ao.
Pierre Well* observa muito bem a importancia da vibraC;aosonora.
- A importancia da musica em Psicoterapia e na produC;ao de certos
estados de espfrito.
- 0 uso de sons vibratorios na hipnose.
- 0 uso de trombetas em Jerico para derrubar muralhas.
- A existencia de tratamentos por "ultra-sons" .
.- 0 uso do ritmo do tambor nos rituais iniciaticos em todas as culturas,
ritmo semelhante ao do coraC;ao.
- 0 uso de certos gritos nas lutas orientais (KIAI, por exemplo) para
concentrar a energia no centro ffsico do abdomen.
- A repetic;ao de certas rezas com uso do rosario no cristianismo e
islamismo e do lapa-Mala no hindufsmo e budismo.
Em diversos pafses da America do SuI, usamos com grande sucesso a
musica do folclore paulista, Lampitio de Gas, para induzir ao relaxamento
e estado letargico.
Entre os lutadores de judo, e bem conhecido 0 KIA!.
o "Kiai" e urn grito muito especial, utilizado primeiramente pelos
samurais e hoje pelos praticantes de judo, muito alto e que, bem lanc;ado,
provoca uma especie de inibic;ao do adversario, podendo ir, teoricamente,
ate a sfncope.
Imp5e-se uma referencia: qualquer rufdo estridente pode provocar uma
especie de inibic;ao, mas este mesmo rufdo pode fazer cessar uma lipotfmia;
o "Kiai" pode ser tanto urn inibidor como urn meio de reanimac;ao (e entao
o "Kwatsu").
Y. Tarle, de Bourges (Rev. Oto-Neurol. 1959,31, n° 288) procurou as
modificac;5es eletroencefalognificas provocadas por este grito.
o "Kiai" provoca modificac;5es nftidas de E.E.G.: trac;ado mais rapido,
ponta-ondas, amplas disfasicas.
Isto poderia provar que 0 "Kiai" age nao somente por intermedio de
labirinto mas provavelmente ainda mais por propagac;ao intracerebral das
ondas de choque, com impacto ao nfvel do diencefalo e do cortex.
Os rufdos que ouvimos - agradiiveis e desagradaveis - produzem
completas reac;5es fisiologicas, inclusive alterac;5es nos hormonios. Isto foi
o que revelou 0 Dr. Robert Henkin, da Escola de Medicina da Universidade
da California, em Los Angeles, que e diplomado em Musica e Medicina.
Numa pesquisa anterior, 0 Dr. Henkin conseguiu demonstrar uma
reac;ao fisiologica mensunivel de urn indivfduo a uma determinada pec;a de
musica e que podia determinar 0 que 0 mesmo achava da obra, isto e, ate
que ponto 0 agradava ou desagradava.
A medic;ao fisiologica foi a reac;ao galvanica da pele, urn importante
elemento do detentor de mentiras.
Os sons desagradaveis podem produzir urn quadro de hormonios
caracterfsticos do "stress". Os sons agradaveis, como a musica, podem
produzir ou manter uma situac;ao organizada de hormonios.
A musica que nao entendemos parece nao ter urn efeito fisiologico
diferente do silencio, segundo afirmou 0 pesquisador da Universidade da
California. Em outras palavras, se nao entendemos, talvez nao a percebamos
como musica.
N.A. - Alguns iogues tambem conseguelll 0 "Estado de transe" por meio da musica. Caio Miranda diz 0 seguinte:
depois de obtido 0 "relax" tota!. passa 0 praticante a ser subllletido a a~iio de Mantrans especiais. como tambem
a de perfumes queilllados durante a sessiio rejuvenescedora. Entra entiio numa especie de delicioso torpor,
conservando, niio obstante isso, a plena consci€ncia de si mesmo. Nesse estado de letargia e abandono, passa
algum tempo, que varia confonne as necessidades do caso.
men os possIvel, pois em nossa tecnica se emprega a linguagem universal
dos toques.
A Letargia e uma tecnica que deve ser aprendida com urn professor
competente e s6 se.adquire pelo exercfcio diario. Nem todos conseguidio
os mesmos resultados, pois uma grande parte e reservada a capacidade
intuitiva dos operadores e a sensibilidade tMil das suas maos: esses dois
requisitos SaG uma especie de dadiva divina como 0 dom de urn musico ou
de urn escultor.
Mas, tambem seria de pouco valor essa dadiva se 0 seu possuidor nao
a desenvolvesse pela pratica constante.

..L
Figura 33 - Cilena e 0 encantamento de cobras venenosas
Embora alguns animais possam sentir-se surpreendidos ou ate aterrorizados
ao enfrentarem uma cobra, nenhum zoologo aceita a ideia de que os repteis
possuam poderes hipnoticos. Contudo, diversos aspectos ainda nao foram
abordados cientificamente. Por sua vez, 0 encantamento de serpentes e uma
forma de hipnotismo a que a cobra e sujeita. As cobras, que tem um sentido
auditivo muito limitado, apenas detectam sons de baixa freqiiencia. Elas ficam
presas pelo ritmo batido pelo pe. pela osci/arao do corpo e da flauta - e nao
pela musica que 0 encantador toea. A reputarao hipnotica da serpente procede
de que suas palpebras, soldadas entre si, sao transparentes e recobrem 0 olho
com uma especie de redoma de cristal. Como 0 globo ocular tem pouca
mobilidade, resulta um olhar jixo que se chama de fascinador.
Franz Volgyesi, eximio hipnotista hungaro, realizou centenas de experiencias
com anima is no zoologico de Budapest, relatadas em seu livro - "Hypnosis of
Man J:1 Animals", Ed. Bailiere, Tindal J:1 Cassel, Londres, /962.
~
CAPITULO V

I'

RESUMO DA TECNICA I'

LETARGICA

Como ja dissemos, a Letargia tern seus fundamentos em tres pontos


principais: 1) toques; 2) sons; 3) posturas, 4) combina<;ao dos itens anterio-
res.
o procedimento de indu<;ao aos estados Ietargicos varia de acordo com
a natureza do "sujet". Como e sobejamente conhecido "nao encontraremos
dois pacientes iguais". Em medicina se afirma: ha doentes e nao doen<;as.
Por conseguinte e necessario que haja concordancia entre a natureza do
paciente e os procedimentos a serem empregados. Dns reagirao mais
facilmente pelos toques, outros pela musica, estes em pe, aqueles sentados,
etc., etc.
Todos os estados letargicos podem ser obtidos com 0 paciente acorda-
do ou dormindo, consciente ou inconsciente. Excetuam-se 0 16° e 0 18°
estados em que 0 paciente sempre perde a consciencia. Nem todas as pessoas
entram indistintamente em qualquer estado letargico.

RESUMO DA PRATICA
1) 0 paciente podera estar de pe, sentado ou deitado. Com 0 paciente de.
pe, pedimo-Ihe que junte os pes, que se relaxe ao maximo,junte as maos,
entrelace os dedos e feche os olhos.

N.A. - Este capitulo foi extraido na integra de uma grava~ao feita durante 0 curso de Letargia ministrado pelo
Irmao Vitricio em Sao Paulo, em 1961.
N.A. - Metodos ~ Nao devemos confundir metodos com processos e com normas. Metodo e 0 conjunto de
processos para atingir um determinado fim. E cada processo e que segue determinadas normas.
2) Ao mesmo tempo em que se fez ligeira compressao com as maos que
deverao estar na posi<;ao indicada pelas figuras 37 e 38 procedemos a
uma oscila<;ao, figura 36. Por essa oscila<;ao verificaremos 0 maior ou
menor grau de barreira emocional do paciente. Em seguida, observare-
mos a posi<;ao do globo ocular, cuja reversao nos dani a c1assifica<;aodo
paciente.. Quanto maior for a reversao mais sensfvel sera 0 paciente.

I'-
~

II" ~
/~~

(I II \

\ ,. ,. .
I

FIG. B

FIG. C

Figura 34 - Toques letargicos. Os pontos circulares e retangulares das figuras A


e C devem ser correspondentes com os das maos, assinalados nas figuras BeD.
46 - LETARGIA E HIPNOSE SEM MAGIA
Figura 35 - Principais pontos letargicos no homem. Percorrendo-se a coluna
vertebral com a ponta dos dedos de cima para baixo, conforme indica a figura,
tambem poderemos colocar 0 paciente em transe, depois de ter procedido aos
toques basicos.

3) Quando balan<;armos 0 "sujet" faremos uma contagem de 1 a 5 em


diapasao decrescente. Nao e a contagem que leva 0 paciente ao estado,
mas 0 lapso de tempo decorrido entre 0 toque e a contagem. Esta poderia
ser substitufda par musica, mfdos, etc.
4) 0 tempo que 0 operador leva para produzir 0 primeiro estado de letargia
pode variar entre 15 a 60 segundos, confarme a natureza do paciente.
Se ele exigir mais do que isso, teremos urn hipn6fobo.
5) Para as senhoras colocamos apenas 0 dedo sobre 0 esterno. Como nao
poderemos balan<;a-Ias, em pe, Ua que estamos tocando com os dedos),
e preferfvel que estejam sentadas, balan<;amos apenas a cadeira. De
qualquer modo deve haver 0 balan<;o.
6) Os toques amplos podem ser: toques basicos, limites e auxiliares (figs.
37,38,39 e 40, etc).
7) Com toques amplos e auxiliares 0 paciente esta apto a produzir de per
si pelo menos os seis primeiros estados.
8) As principais regi5es a serem tocadas sao as seguintes: a) abdome -
regi5es epigastric a, mesogastrica e hipogastrica; b) cabe<;a- VG 19, VB
20 e INN TRANG, todos assinala-
dos nas figuras 45, 49 e explicados
no capitulo seguinte; c) membro su-
perior - regiao deltoidiana - abaixo
do acromion sobre 0 tendao da lon-
ga pon;ao do bfceps; neste ponto
calcar com a ponta dos dedos; d)
cotovelo - comprimi-Io entre 0 po-
legar e 0 medio; e) membro inferior:
1) acima do grande trocanter, entre
este e a crista ilfaca; 2) no meio da
coxa; 3) na articula9ao do joelho; 4)
no meio da perna; f) na mulher:
sobre a crista do ilfaco (na regiao
costoilfaca). Todos os pontos estao
indicados na fig. 35).
9) Os toques devem ser executados Figura 36 - Execuf;fio do balanf;o
caracterfstico da tecnica letargica
com perfei9ao e quando percuss6- para induf;iio aos diversos estados.
rios, de modo seco.
10) 0 toque que induz a urn estado, ao
ser repetido, retira ou anula este estado. Assim por exemplo: a indu9ao
conseguida pelo alisamento dos cabelos ou pelo movimento circular
sobre a fonte, e anulada quando se faz movimento em sentido contnirio.
11) Os unicos comandos que damos aos pacientes saG os seguintes: quero
que se sinta bern, quero que se sinta descansado, quero que se sinta
calmo, que normalize sua respira9ao, seu sistema nervoso, etc. Deve-se
falar mais baixo posslvel, junto do ouvido do paciente. 0 toque na
coluna vertebral de cima para baixo leva ao transe: de baixo para cima
a prostra9ao.
12) Para se fixar 0 paciente em determinado estado, pois caso contnirio ele
ira passando automaticamente ate 0 100, colocam-se as maos espalma-
das sobre os ombros, polegares sobre a coluna vertebrallado a lado, ate
se perceber que houve urn completo relaxamento.
13) Para se retirar 0 paciente de determinado estado, desconta-se a partir
do estado em que se acha, ate zero. Em seguida, mandamos que bata
as maos.
14) Pode-se tambem tirar 0 paciente de alguns estados com urn leve sopro
no ouvido.
15) CONSELHOS - 1 na pratica da Letargia use 0 maximo de dignidade
0
)

para com 0 paciente; 2) nao empregue a Letargia com finalidade de


diversao publica ou privada; 3) antes de praticar a Letargia, consulte 0
paciente sobre seus habitos, sua vida e sua saude; 4) elogie e agrade9a
48 . LETARGIA E HIPNOSE SEM MAGIA
sempre a colabora<;ao do paciente no final do exerdcio; 5) nunca leve
o l?aci~nte alem do sexto estado, ao submete-lo a tecnica letargica pel a
pnmeua vez.

Figura 37 - Toque basico com 0 Figura 38 - Toque basico com 0


paciente de frente. paciente de costas.

Figura 39 - Toque basico nas


costas com a mao em sentido Figura 40 - Toque auxiliar entre a
vertical. 3a e 4a vertebras.
Aqui fica 0 Aqui fica 0 Aqui fica 0
cora9ao estomago ffgado

Aqui fica 0 Aqui fica 0 Aqui ficam


ceco ba90 os rins
RESUMEN DE LA
TECNICA LETARGICA

La tecnica de induccion en los estados letargicos, cambia con la


natureza del sujeto. Como ya es por demas conocido no iremos a encontrar
dos sujetos iguales, unos entranln mas facilmente en estado letargico por
los toques, otros por medio de la musica, otras sentados, otras acostados,
etc.

Practica
1) El sujeto podra estar parado, sentado 0 acostado. Con el sujeto parado,
solicitamos que junte los pies y se relaje al maximo, junte las manos y
cierre los ojos. .
2) Al mismo tiempo que se hace una compresion indicada de la figura (36)
haremos un balanceo, con este balanceo, verificamos el mayor 0 menor
grado emocional del sujeto, enseguida observaremos la posicion que
tiene el ojo, cuya reversion nos dara el estado y grado en que esta el
sujeto. Cuando mayor fuera la reversion, mas sensible sera el sujeito.
3) Cuando hacemos el balanceo vamos al mismo tiempo contando de cinco
a cera para que se marque un tiempo necesario en el cual el sujeto ser
relajara.
4) Pedimos luego al sujeto que se siente comodamente en un siIlon,
decimos, yo voy a con tar de uno a cinco y luego Ud, cierre los ojos y
respire profundamente por la nariz y expire por la boca. Cuando Ilega-
mos a cinco decimos cierre los ojos y respire. Al mismo tiempo tocamos
el pecho del paciente como esta indicado en la fig. 37 e 38.
5) Para las senoras haremos el mismo ejercicio pera tocaremos con el fndice
y el pulgar de la mana derecha en el esternon en la parte alta.
6) Los mandos dados al sujeto son los seguientes: quiera se sienta bien,
calma, tranquila y muy feliz. Debemos hablar bajo y al ofdo del sujeto.
7) Para que se prafundice los estados, se procede con las tecnicas clasicas
de la sugestion.
8) Para regresar al sujeto del estado letargico al estado normal comenzamos
a contar de cinco a cera diciendo antes. Mientras cuente de cinco a cera
y all Ilegar a cera yu, ud, vol vera al estado normal con toda calma,
tranquilidad y muy feliz. Para los sujetos que presenten algun mareo ou
obnubilacion ordenamos que aplauda con fuerza.
9) Depues de cada experimentacion debemo agradecer al sujeto la colabo-
racion.
~~"

Figura 42 - Toque basico com a paciente de frente. Observe 0 ponto


em que se toea e a posir;iio dos dedos.
,
CAPITULO VI

ACUPUNTURA E LETARGIA

as pontos de acupuntura conservaram a denominac;ao chinesa. Entre-


tanto, por ter sido aFran~a 0 primeiro pais ocidental a divulgar a acupuntura,
tornaram-se correntes as denomina~6es francesas para os diversos pontos.
Aos letargistas interessam apenas alguns pontos. Por isso, daremos a
denomina~ao chinesa com as iniciais francesas e respectiva traduc;ao.
Sao 12 os Meridianos Laterais Simetricos e 2 os Circuitos Medianos
(ou levemente Paramedianos).
As siglas que correspondem aos meridianos lateralS simetricos sao:
Para 0 "Meridien du Coeur": a sigla C. (meridiano do corac;ao).
Para 0 "Meridien de l'Intestin Grele": a sigla I.G. (meridiano do
intestino delgado).
Para 0 "Meridien de la Vessie": a sigla V. (meridiano da bexiga).
Para 0 "Meridien des Rins": a sigla R. (meridiano dos rins).
Para 0 "Meridien Maitre du Coeur et de la Sexualite: a sigla M.C.S.
(meridiano do corac;ao e da sexualidade).
Para 0 "Meridien des Trois Rechauffeurs": a sigla T.R. (meridiano dos
tres reaquecedores).
Para 0 "Meridien de la Vesicule Biliaire": a sigla V.B. (meridiano da
vesicula biliar).
Para 0 "Meridien du Foie": a sigla F. (meridiano do ffgado).
Para 0 "Meridien des Poumons": a sigla P. (meridiano dos pulm6es).
Para 0 "Meridien du Gros Intestin": a sigla G.I. (meridiano do grosso
intestino).
Para 0 "Meridien de l'Estomac": a sigla E. (meridiano do estomago).

o~~~~
M. ~oares
CA TAN lIll~- S.:i
Para 0 "Meridien du Rate-Pancreas": a sigla RP. (meridiano do
ba~o-pancreas).
Sao dois os Circuitos Medianos (ou ligeiramente para-medianos):
"Vaisseau MerveiIIeux de la Conception": cuja sigla e V.c. (vaso maravi-
lhoso da concep~ao. .
"Vaisseau MerveiIIeux Gouverneur": cuja sigla e V.G. (vaso maravi-
lhoso timoneiro).
o numero de pontos em cada meridiano:
Em C: ha 9 pontos.
Em !.G.: 19
Em V: 67
Em R: 27
EmM.C.S.: 9
Em T.R: 23
Em V.B.: 44
Em F.: 14
Em P.: 11
Em G.!.: 20
Em E.: 45
Em RP.: 21
Em V.c.: 24
Em V.G.: 27. Figura 45 - Observe 0 ponto INN
TRANG indicado nafigura.
Para designar urn "ponto" qualquer situado em "meridiano" usa-se a
sigla do meridiano mais 0 numero de "pontos": por exemplo: C. 2; !.G. 16;
V. 67; R 22; M.C.S. 7; T.R II; V.B. 43; F. 13; P. 7; G.!. 4; E. 24; RP. 21.
V.c. 19; V.G. 12.
Aos letargistas, de modo especial, interessam os seguintes pontos:
Fong Chen (VB 20); VesfculaBiliar; Tien Tchou (V 10); Vesicula; Pae Roe
(VG 20); Vaso Governador, e, 0 Inn-Trang, fora dos meridianos, e situado
entre os dois cflios (Fig. 45).
Outrossim, ensina 0 Dr. Frederico Spaeth: "para os excessos de
nervosismo que incluem tambel11.uma agitar;aoj{sica - 0 triangulo da calma
- Chen Tchou - VG 11, Vaso Governador e Sinn Iu (V 15). Parafacilitar
a indur;ao hipn6tica, como mencionei acima, usa 0 Inn Trang - Fong Chenn
(VB 20). Tien Tchou (V 10) e 0 Pae Roe (VG 19) como sedativo" (Apud,
revista - Acupuntura - Sao Paulo, ana II, n° 2, pag. 19).

N.A. - Separata da Revista Brasileira de Medicina, volume 25, junho de 1968, n° 6, Rio de Janeiro. 0 Dr. Ervin
Wolffenblittel reside em Sao Paulo (SP).
o Dr. Ervin Wolffenbtittelpublicou na Revista Brasileira de Medicina
uma serie de substanciosos artigos intitulados - Hipnose e Acupuntura, nos
quais aborda 0 assunto com discernimento e imparcialidade. Data venia,
transcrevemos suas palavras no que se refere a zonas hipn6genas.
"Curioso e que parte dos "pontos" indicados pela Acupuntura para
dispor 0 indivfduo a aceitar a induerao hipn6tica mais facilmente encontra~se
dentro das assim chamadas "zonas hipn6genas".
Alguns dos "pontos" de Acupuntura recomendados para dispor 0
organismo a aceitar mais facilmente a hipnose situam-se dentro das chama-
das "zonas hipn6genas" neste trabalho referidas.

Lista de "Zonas hipn6genas" que contem "pontos" de acupuntura


"favorecedores" da induerao hipn6tica.
NB. - Cada "zona hipnogena" marcada com (+) contem um ou mais "pontos" de
acupuntura que favoreceriam 0 preparo do terre no para melhor aceitar a indurao
hipnotica.

(+) No alto do cranio. Nas protuberancias


occipitais.

Abaixo das boss as occipitais:


V. 10 e VB. 20.

- Justamente onde a face posterior do pesco~o Na extremidade do apendice xif6ide


se junta com as pro!. occipitais. e onde falta 0 aparelho xif6ide em lugar corres-
pondente: Vc. 15.

Na face iintero-lateral da espadua ao nfvel da


articula~ao acr6mio clavicular G I. 15.

Nos cotovelos.
Nos c6ncavos dos cotovelos.
(+) Nos punhos. No meio da prega do punho: MeS. 7.
Na extremidade inferior da goteira radial:
P.9.

(+) Nas maos.


Nos polegares.
Nus extremidades dos dedos.
Na face t:xterna, na parte mais saliente do
grande trocenter: VB. 30.

Na face 5.ntero-externa (entre a tibia e 0 peroneo),


um grosso dedo transversa para fora da
crista tibial, um pouco acima da horizontal que
passa pelo cola do peroneo: E. 36 (SANN-Ll).
Na fact: t:xterna da perna, diante do bordo
anterior do peroneo, 5 dedos trans versos acima
do ponto mais saliente do maleolo externo: VB. 38 .

.Nos cocavos politeos. Abaixo do maleolo interno: R. 6.


(+) Nos tornozelos. Abaixo do maleolo externo: V. 62.
Entre a maleolo externo e a tend5.o de Aquiles,
sobre a bordo superior do calcanea: V. 60.

(+) Nos pes. Na face superior do pe.


Nas plantas dos pes. Entre 0 10 e 20 artelho: F. 2.
Entre 0 10 e 20 metartasiano: F. 3.

Na linha mediana, justamente abaixo


da ap6fise espinhosa da 3' vertt:bra dorsal: VG J I.
Nas linhas para-medianas, a direita e esquerda da
linha mediana, a dois dedos trans versos da linha
mediana, entre as ap6fises transversas das 5' e 6'
vertebras dorsais: V. 15.

2 - APLICA <;OES PM TICAS


aS gregos chamavam a Hercules tambem de "Daktylos", que significa
dedo; eo nome latino "medicus" (medico) nao e outra coisa senao 0 dedo
medio. A tradi<;ao chinesa ensina: 1) os dois primeiros dedos de cada mao
(0 polegar e 0 indicador) san tonificantes; 2) os tres ultimos dedos de cada
mao (0 medio, 0 anular e 0 mlnimo) san calmantes.
Como utilizar os pontos? Na tecnica letargica ou dactilopressura,
convem pressionar fortemente 0 ponto, tao logo ele seja bem localizado,
com 0 dedo indicador ou outro. as pontos que nos interessam estao
indicados nas figuras 46, 47 e 48. E necessario praticar urn movimento
circulat6rio no sentido dos ponteiros do rel6gio. Este movimento deve
prolongar-se até que se obtenham os resultados desejados que podem exigir
um tempo mais ou menos longo, mas, geralmente, bastam alguns minutos.
Os pontos podem ser pressionados ou massageados.
A seguir mostraremos alguns procedimentos para abolir dor de cabeça,
dor de dentes e combater os vícios de drogas.

Dor de cabeça - O ponto é o VB


20 indicado na figura 49. Outro ponto
essencial, quando a dor está localizada
na nuca, está indicado na figura 49.
Dobra-se a mão até o meio e vê-se
desenhar a grande ruga, conhecida
como "linha de cabeça". É aí que é
necessário massagear. Ao tocar-se o
ponto, sente-se, quase sempre, uma pe-
quena sensação dolorosa. Fig. 46

Dor de dente - O ponto é IG.


I. Pressão contínua com o dedo
polegar, conforme está indicado na fi-
gura 47. Poderá pressionar também os
pontos indicados nas figuras.
Convém frisar que os pontos aci-
ma indicados não irão curar ninguém
de uma cárie ou abscesso dentário; mas
permitirão que se espere a hora de che-
gar ao dentista. Fig. 47

Para combater drogas - Para


combater drogas, principalmente o
tabagismo, o ponto fica no crânio,
em sua face lateral, exatamente na
vertical do ponto mais alto do pavi-
lhão da orelha, a cinco dedos de
distância para cima (fig. 48). Con-
tudo, há outros 2 pontos situados na
orelha e também indicados na figo
48. O 1 ponto fica situado nessa pequena ponta que de certa forma constitui
0

a raiz da orelha.
O segundo no meio deste buraco que se forma ao pavilhão; é seme;-
lhante de tal forma ao interior de uma ostra - que se chama concha. E
necessário pressionar e esfregar várias vezes por dia esses pontos para
livrar-se do tabagismo.

3 - INDUÇÃO À LETARGIA
Primeiro balançamos o paciente conforme está indicado na figura 36.
Depois mandamos que respire profundamente pelo nariz e expire pela boca,
enquanto contamos até cinco. Logo após, pedimos que feche os olhos e que
imagine uma sensação de calma, de bem-estar ou que viva em pensamento
uma situação que lhe foi agradável. Logo depois do balanço inicial o
paciente deverá deitar-se ou sentar-se (o melhor é sempre deitar-se). Em

Figura 49 - Os pontos que interessam aos letargistas são: Fong Chen (VB 20);
Tien Tchou (V 10); Paé-Roé (Ve 20); Chao-Ting (Ve 19), todos assinalados na
figura acima, e também o 1nn-Trang, fora dos meridianos e assinalado na figura
45.
58 - LETARGIA E HIPNOSE SEM MAGIA
Figura 50 - Observe a posição dos dedos da mão direita no toque básico. Os
pontos VG 11 e V 15 (duplos) devem ser abrangidos pela mão como indicam
as figuras 39 e 40, e, pressionados quando se procede ao balanço inicial
indicado nafigura 36.
Para suprimir a tensão, comprimir e soltar alternadamente o ponto VB 21 e
toda área do ombro.
seguida tocamos o ponto INN-TRANG, o VB 20, V 10 e o VG 19. Com o
paciente sentado ou deitado de lado, poderemos ainda dedilhar a coluna
vertebral, várias vezes, de cima para baixo. Com o procedimento acima
indicado o paciente entrará rapidamente no primeiro estado letárgico, ou
seja, obnubilação.

Para combater a insônia - deite-se de costas, deixe cair o braço e a


perna esquerda fora da cama (fig 51). Respire profundamente umas 6 vezes.
Dentro de alguns minutos, sentirá uma dormência ou formigamento no
braço e perna. Neste momento, troque de posição e faça a mesma coisa com
o lado direito. Depois, repita a operação deitando-se de bruços. (Sempre
respirando).
A seguir, faça um "coquetel mental" que consiste em evocar uma escala
completa de recordações sensoriais tranqüilizantes: lembrança de uma
música suave, um quadro harmonioso, uma fruta saborosa, um perfume
suave, uma sensação cutânea agradável, a que se tem com um banho quente,
por exemplo.
60 - LETARGIA E HIPNOSE SEIVIIVIAGIA
Acrescente-se que o sono é grandemente facilitado pela absorção,
antes de deitar, de um copo de coalhada ou iogurte misturado com uma
colher de sopa de leite em pó e de uma colher de sopa de melaço preto.
Leite e melaço levam ao organismo o íon Cálcio Ca++ e a Vitamina
B6, reconhecidamente sedativos e tranqüilizantes devido ao equilíbrio
humoral que contribuem para estabelecer.

Há cerca de trinta anos, alguns médicos e psiquiatras, reunidos nos


Estados Unidos, começaram a se interessar pela influência que as cores
podem exercer sobre a mente humana.
Foi assim que nasceu a cromoterapia.
Os pacientes passaram a ser tratados em quartos com paredes de cor
considerada benéfica ao seu estado de saúde, podendo a mesma técnica ser
utilizada sob a forma de vidros ou de lâmpadas de cor.
Para ajudá-Ios a pôr em prática uma cromoterapia caseira, preparamos
o esquema que se segue:
- o vermelho excita, aumenta a circulação sangüínea e a atividade respira-
tória. Ele provou ser um aliado eficaz contra a neurastenia, a melancolia,
a apatia e a depressão nervosa;
o rosa facilita o sono;
o amarelo é a cor do sol, por isso esquenta, exalta, estimula o organismo ...
reanima os linfáticos, mas excita os nervosos. Seu poder tonificante é
excelente contra a fadiga geral;
- o azul, cor do céu e do mar, repouso, calma, equilíbrio ... Favorece o sono.
Um ambiente onde predomina o azul é ideal para o tratamento das dores
de cabeça, das crises nervosas, da asma ... O azulão possui forças mais
ativas do que o azul-céu, contribui para o pleno restabelecimento dos
convalescentes e auxília na cura das doenças anêmicas;
o verde, símbolo da natureza, é calmante por excelência. Ele relaxa,
acalma as pessoas estafadas, previne as perturbações nervosas e cardía-
cas. Excelente remédio contra o enfarte, o verde-claro convida à boa vida,
à preguiça. O verde-esmeralda tonifica, aumentando, ao que tudo indica,
os desejos sexuais;
- o laranja estimula sem excitar. Tem se revelado excelente no combate à
indolência, à depressão e às doenças mentais;
- o violeta, tendendo para o azul, acalma; para o vermelho, enerva. O
violeta médio abranda as paixões.
- o marrom, assim como a cor de vinho, aumenta a resistência do doente
e facilita a compreensão intelectual;
- o cinza é uma cor neutra e, como tal, facilita o equilíbrio e torna as funções
orgânicas mais lentas. (Alain-Rollat). *

* (Apud Louise Chauchard. Truques para


Vencer a Angústia, Ed. Nova Fronteira, Rio,
1974, página 33).
~
CAPITULO VII

ESTADOS LETÁRGICOS 1*)

1° ESTADO: OBNUBILAÇÃO
É um estado especialíssimo de nossa natureza, quando estamos com a
musculatura relaxada; toda ela está em "resolução". Esta é a denominação
técnica que adotamos. Em termos mais simples: relaxamento muscular.

Fig. 52 - Toque básico para


indução ao r estado letárgico.
Obeserve a posição da mão do
operador.
Neste estado o paciente cochila e fica semiconsciente. A impressão é
de quem está para adormecer. Não tem idéia exata do que está acontecendo
com ele, apesar de sentir o "gozo" de quem está adormecendo. Faz movi-
mentos com os braços, cochila, como quem quer dar mostras que não dorme
e, contudo, está mais para lá do que para cá, em assunto de sono. Pode dar-se
com ele o que acontece com qualquer pessoa próxima de adormecer: acordar
sobressaltado, como quem leva um susto ao "pressentir" que cai num
precipício; houve um desequilíbrio, e a reação veio para repô-Io em estado
normal. Este "susto" é conseqüência da entrada em ação da medula. Estes
fenômenos (cochilos, a convicção que não dorme, ou não sonha e, contudo,
dorme e sonha ...) se dão mais vezes quando se dorme sentado e ... durante
conferências, discursos, sessões solenes ...

Difere muito do estado hipnótico porque a palavra hipnose significa


dormir, estado de dormência, e o nosso 2° estado de letargia é apenas estado
de adormecimento, mas não uma verdadeira inconsciência; a consciência
está perfeita, - apenas o indivíduo sente-se como que cansado, e tem
vontade de dormir.
Sem hipnestesia, isto é, sem nenhuma sensação de sono, o paciente
dorme; fecha os olhos; faz a revolução do globo ocular, que instantes após,
fica completamente insensibilizado; respira cadenciado, ritmo perceptível
e naturalmente passa para o 3° estado.

o indivíduo não sente dor na epiderme e na derme - zonas onde a


sensibilidade é mais aguda, onde estão localizados os terminais nervosos,
últimas ramificações do sistema nervoso.
Pode ser beliscado, batido, puxado pelos cabelos e nada sentirá. Isso
não contradiz o que foi afirmado acima: na letargia tudo é consciente. O
que se dá é o seguinte: o paciente não se dá conta, não reage, por não sentir,
não ver o que se passa com ele. Nada há nada na inteligência que não tenha
passado pelos sentidos.

N.A. - Extraído do fascículo esgotado: "Não leiam (Letargia)".


O próprio Irmão Vitrício foi o primeiro a publicar, em 1956, em fascículo sobre sua especialidade, intitulado
"NÃO LEIAM ... (LETARGIA)".
Posteriormente, incumbiu-nos de refundir e ampliar o mencionado trabalho, desde há muito completamente
esgotado. Foi o que fizemos em nosso livro - NOÇÕES DE LETARGIA - que além do histórico, da bibliografia
especializada, e do glossário bastante aumentado, apareceu com capítulos que não constavam daquela publicação.
As assertivas do presente capítulo são de inteira responsabilidade do Irmão VitrÍcio.
Este estado foi muito utilizado por Charcot nas suas demonstrações na
Salpêtriere.

Fig. 53 - O Comissário Severino Rocha no 6° estado letárgico, sob as vistas de


Federico Abente, é estapeado pela jovem sem sentir a menor dor.
Rocha, aos 86 anos (aparenta 60), faz prodígios com auto-hipnose e deslumbra
os aficiOlwdos.

5° ESTADO: FLACIDEZ MUSCULAR OU


RELAXAMENTO
Atinge a flacidez e o verdadeiro amolecimento muscular (perda do
tônus).
6° ESTADO: INSENSIBILIDADE MUSCULAR
PROFUNDA
Embora com a sensação de estar acordado, o paciente não sabe o que
acontece consigo. Varadas suas massas musculares por longas agulhas, só
quando o letargísta chama sua atenção percebe que está transpassado por
agulhas .

.~ . :@-.; ~
Fig. 54 - Quarto e quinto estado letárgicos acumulados, rigidez de alguns
membros e flacidez de outros.

7° ESTADO: PRÉ-SUGESTÃO
Iniciam-se os estados predominantemente psíquicos. O paciente tor-
na-se sugestionável. Alguns antecipam o fenômeno de "andar dormindo"
(sonambulismo), que é a característica do 13° estado.

8° ESTADO: SUGESTÃO
Impropriamente chamado alucinação, se bem que nele se possa pro-
duzir alucinação. Quem diz alucinação, confunde a parte com o todo,já que
isto é um dos fenômenos possíveis de serem realizados neste estado.
As sensações características são de frio, calor, bem-estar, mal-estar,
medo, confusão de bebidas, coragem; tocar os mais variados instrumentos,
cantar como um "Caruso" e muitas variantes outras; personifica o pescador,
o jóquei, o dançarino exímio, com ou sem par, o esportista, o orador, o
maestro de música, executando todos os movimentos, tomando todas as
atitudes para "encarnar" os papéis todos com perfeição. É o estado "teatral",
e o mais empregado, nas representações ,e exibições dos artistas, dos quais
falamos na primeira parte deste estudo. E a diversão do povo.
Este estado pode ser provocado pelo éter, pelo lança-perfume ... e o
Carnaval que fale! Sugestionados, por exemplo, na dança, agüentam noites
inteiras, demonstrando uma resistência incrível (uma pessoa dançando
desenvolve capacidade de caminhar 50 ou mais quilômetros, sendo que a
dança de uma valsa normal exige um "passeio" de mais de mil metros, de
acordo com observações e experiências realizadas). Daí o abuso de bebidas,
de narcóticos, que favorecendo a sugestão, aumentam a capacidade de
movimentos, até o frenesi, nas festas mundanas.
0
Coloca-se o paciente no 8 estado para receber sugestões de melhorar:
nos estudos, nos esportes, memorizar com facilidade, abandonar vícios, etc.

9° ESTADO: INSENSIBILIZAÇÃO VISCERAL


PROFUNDA
Relaxação muscular completa, em virtude da insensibilidade acumu-
lada dos estados, 30 e 60, agora em apogeu. O paciente nada sente. Perce-
bem-se as vísceras isoladas sob a capa abdominal. Isquemia. Anestesia
operatória.

10° ESTADO: HIPNOSE PROPRIAMENTE


DITA OU HIPNOTISMO
Cremos que entramos aqui no terreno que interessa à medicina, psico-
logia e odontologia por causa da denominação de "hipnose propriamente
dita". Mas em letargia a hipnose é o acúmulo de todos os estados anteriores,
quer dizer, é um acúmulo de estados.

Neste estado os fenômenos começam a se estender em amplitude. Até


agora tínhamos falado em insensibilidade fisiológica. Começa então uma
outra, insensibilidade psíquica. Entramos no psiquismo, na terapêutica
psiquiátrica. É campo experimental para o vencimento de complexos, tiques
nervosos, abulias, amnésias, escrúpulos, ansiedade, frustrações, inibições,
tartamudez (gagueira); para incutir medo, coragem; para produzir pânico;
corrigir defeitos, vícios, tiques, hábitos. É terreno vasto para a moral
pastoral.
Os fenômenos característicos deste estado são: regressão da memória.
O paciente recorda cenas da infância, torna -se capaz de verificar exatamente
em que idade aprendeu a falar, ler, contar, escrever, a andar de gatinhas, a
chorar, a mamar, etc ...

Transição para o sonambulismo. Aumenta no paciente a capacidade


de direção. Procura, portanto, dirigir-se dormi,ndo para tudo e para todos
que sente ou que pressente no seu perimundo. E, de certa forma, um estado
de ansiedade que tende para a definição do sonambulismo.

Anda dormindo, de olhos abertos ou fechados. Perfeição das sensações


cinestésicas. Estando-lhe suprimida a visão, apresenta hiperestesia de com-
pensação nos outros sentidos.

14° ESTADO: PRÉ-TRANSE (*)


Aproxima-se a culminância do psiquismo na escala letárgica. Tendên-
cia à hlpersensibilização (pólo oposto da insensibilização). Se o paciente
não consegue transpor esse estado, regressa a um dos anteriores que melhor
se coadune com sua natureza em particular. Se o transpõe, alcança o
"transe".

15° ESTADO: TRANS~MODERADO


Estado hipniátrico, de hipniatria. É amplitude do subcosciente. Nesta
fase letárgica o paciente torna-se apto, após exercícios, para reproduzir
poesias de autores vivos e mortos; para fazer, na hora, versos de cadência
e rimas indicadas; para fazer diagnósticos; para descrever cenas acontecidas
há muitos anos; para escrever os "ditados", as "mensagens" do "além" para
o aquçm; para falar e escrever em línguas estranhas, etc.
E uma condição psicológi,ea, porque há um levg.ntamento psicológico,
ao lado de um, vamos dizer, abatimento fisiológico. E nesse estado de transe
que somos também religiosos, que temos um ideal, que adquirimos a idéia
de fidelidade, de harmonia, de cooperação. Todos são estados reduzidos de
transe, mas necessários.
(*) N.A. - o transe pode ser desencadeado por diversos procedimentos:
a) na letargia: com toques letárgicos, música, batuques;
b) no hipnotismo: por indução hipnótica;
c) nas sessões espíritas: toques, passes, batuques, ponto cantado, ponto riscado;
d) na medicina: drogas químicas;
e) emoção: uma emoção violenta também conduz ao transe;
f) autotransej
g) transe espontâneo: (quase sempre patológico).
"Observando com atenção a atividade dos médiuns e das videntes,
descobrimos logo que a maioria dos fenômenos de conhecimento extra-sen-
sorial se produzem quando o "percipiente" (dotado de percepção) se
encontra num estado especial de dissociação psicológica que libera o
subconsciente da intervenção do Eu consciente. Este estado é caracterizado
pelo relaxamento da atenção, uma espécie de distração em relação ao meio
e, de abandono do controle consciente, realizando o que se chama de transe.
Tornamos a encontrá-Io, em graus diversos, em todas as manifestações
mediúnicas: na entrada em contato com a mesinha como no "sim-sim", na
escrita automática, no copo falante, na psicoterapia, etc.
Sempre o operador deve pôr-se num estado de relaxação, de recolhi-
mento que é constituído mais de receptividade do que de atividade; mais de
passividade do que de tensão: é necessário apagar ou pelo menos reduzir
do mínimo possível a consciência psicológica para permitir que o subcons-
ciente aflore, domine sem ser molestado por nenhuma censura reflexa ou
por contr91e voluntário, e se manifeste sem a intervenção do Eu que foi
abafado. E então o "Outro Eu" que predomina com todas as suas insondáveis
riquezas de percepção e sobretudo de associações espontâneas de imagens.
Quanto mais uma pessoa está treinada, tanto mais rapidamente entra
nesse estado de transe, da mesma maneira que as pessoas acostumadas a
adormecer por auto-sugestão chegam muito depressa ao estado de sono
quando elas querem.
A entrada em transe pode ser o efeito de um esforço voluntário de
relaxação total, como quando não encontrando uma palavra esquecida, um
nome, dizemos: "Não procuremos mais; não pensemos mais nisso: isso
voltará sozinho", a fim de deixar o subconsciente continuar só a investiga-
ção sem ser perturbado pelo esforço voluntário de procura. Esta concentra-
ção do transe tem isto de notável por não ser uma tensão em direção a um
objeto já visto e sobre o qual aplicaríamos o olhar da imaginação: é antes
um esforço de abstração em relação a todas as sensações, a todas as
representações intelectivas ou imaginativas, a fim de tornarmo-nos inteira-
mente passivos e receptivos em relação ao subconsciente".
Mas existe também o transe provocado. Ele pode ser desencadeado
por meio de drogas e estupefacientes. Pouco importa se é a escopolamina
doratosa e o doruro de amônio usado pelos médicos para narcoanálise ou
se é o peyote ("a planta que faz os olhos maravilhosos") dos índios
mexicanos, o yague dos peruanos ou mesmo a morfina dos nossos terreiros,
ingerida para receber espíritos. O fim é diferente, mas o estado provocado
será sempre e essencialmente o mesmo. Existe toda uma literatura consa-
grada aos meios de provocar a evasão aparente do homem para fora de si
ou seu contato com seres misteriosos.
O modo mais habitual e corrente para conseguir o transe será a sugestão
verbal direta e temos então, como resposta, a hipnose propriamente dita.
Mas ela só difere dos outros transes no modo como é provocado. Igualmente
sobre isso existe vasta literatura especializada, não raras vezes misturad:
com muita fantasia e formidáveis exageros".

Se o paciente não regressar espontaneamente, ou se não for recondu


zido aos estados anteriores, atinge a uma situação desarmônica, que s(
caracteriza por maior ou menor descontrole muscular e nervoso do tipe
convulsivo. Seus músculos adquirem plasticidade e resistência incríveis
Contorções e quedas vi,olentas, sem entretanto, contundir-se praticamente

17° ESTADO: PRÉ.PROSTRAÇÃO


Do cansaço proveniente do estado anterior, surge certo erijecimentc
muscular, seguido de relaxação. O paciente deixa-se ficar deitado no chão.
gemendo baixinho.

18° ESTADO: PROSTRAÇÃO


Define-se o aniquilamento psicossomático. Sobrevém o torpor. Neces-
sidade de descansá completo. Dura, em geral, 2 minutos.
São esses, brevemente comentados, os 18 estac!os da Letargia, nos
quais estão incluídos a "catalepsia" e a "hipnose". E, sem dúvida, uma
acepção nova, para produção e experiência, em extensão e minúcias, dos
fenômenos paranormais, até então dominados pelos processos hipnóticos.

Fig 54 - O DI'. César Santos Silva toca com um canivete o globo ocular de uma
paciente allestesiada pela técnica letárgica. Observe a reversão do globo ocular.
Dentre os sinais físicos, indicativos de estado de hipnose, destaca-se a posição
dos olhos
"
CAPITULOvm

REGRESSÃO DE MEMÓRIA
I- Um dos capítulos mais interessantes e mais controvertidos da hipnose
é a regressão de memória ou regressão de idade. Para os leigos é uma
panacéia que soluciona todos os traumas.
A regressão de idade é um fato ou um artefato? É uma realidade ou
uma fantasia?
À luz dos trabalhos de Erickson, Kubie e Weitzenhoffer há 3 tipos de
regressão: Tipo I - é chamado desempenho de um papel, isto é
artefato; Tipo 11- um verdadeiro retorno a um estado psicofisiológico
passado; Tipo 111 - estado em que as duas condições anteriores
coexistem. A regressão tipo 11só se consegue com o paciente em estado
de hipnose profunda.
Nenhum tribunal aceita confissão de réu em estado de regressão,
porque os próprios especialistas se contradizem.
Para esclarecer o tema vamos citar a opinião de quatro autores abali-
zados. Os leitores tirarão suas próprias conclusões.
11- JUNG - Para vários autores, Jung em particular, consideram a regres-
são como uma espécie de peça teatral onde o paciente é um ator que
desempenha seu papel.
111- JEAN DAUVEN (médico e hipnólogo francês:
Regressões à Primeira Infância
As regressões experimentais no tempo podem ser comparadas às
façanhas do grande período do sonambulismo. Não se diz mais ao
indivíduo hipnotizado que ele está viajando para outro continente ou
para a lua, mas sim que ele é novamente uma criança. E o indivíduo
regride a esta idade em poucos momentos. Os experimentadores não
ficam perturbados pelo fato de o indivíduo, que, supostamente, não
tem mais do que seis meses de idade, entenda o que eles estão lhe
LETARGIA E HIPNOSE SEM MAGIA - 71
dizendo. Não pensam, nem por um momento, que uma criança tão
nova seria incapaz de entender o que eles querem, e que, portanto,
não poderia obedecer às instruções de retornar à idade normal - e,
assim, teria de permanecer na idade a que havia regredido!
Ninguém parece ter notado este detalhe; no entanto, as reportagens e
artigos nunca param de criticar as circunstâncias destas regressões. Os
indivíduos regredid'os são testados para que se certifiquem de que eles não
regrediram mais do que à idade prescrita. Então, os incidentes ou cenas da
infância a que eles se referem são conferidos para verificar se realmente
/ aconteceram.
A concentração da memória certamente permite que alguns indivíduos
lembrem-se de detalhes esquecidos e, sem dúvida, permite-lhes reviver
acontecimentos distantes que não fazem mais parte da sua memória norma!.
Porém, são necessárias provas melhores que testes de interpretação de
borrões de tinta ou de desenhos infantis, antes de podermos afirmar que a
hipnose pode obliterar tudo do cérebro, de modo que o indivíduo não se
lembre de nada além da idade a que regrediu, a não ser as palavras que irão
terminar com a regressão. Os testes de borrões de tinta e desenhos podiam
ser feitos com a mesma inocência por indivíduos que não estivessem
hipnotizados. Tampouco os gestos e as entonações infantis dos indivíduos
regredidos são provas adequadas de regressão absoluta; imitadores lúcidos
podem reproduzir versões que são tão boas quanto estas.
Associando estas duas possibilidades, alguns investigadores concluí-
ram que, sob hipnose, o paciente devia conseguir lembrar-se da vida feta!.
Alguns indivíduos até corresponderam a esta expectativa. Em 1953, no
Journal ofMental Science (Revista de Ciência Mental), o Dr. D.E.R. Kelsey
publicou as lembranças pré-natais de uma mulher que, sob hipnose, lem-
brou-se de que sua mãe havia usado um bico de clister para tentar interrom-
per a gravidez na sexta semana. Regredindo ainda mais, lembrou-se de sua
ovulação e do doloroso impacto causado pela ejaculação dos esperma-
tozóides. Um paciente lembrou-se de sua própria fertilização e também
do desconforto que lhe causava a determinação de seu pai em manter
seus deveres conjugais.
O famoso caso Bridey Murphy, ocorrido nos Estados Unidos, em
1956, que relataremos a seguir, deu origem a milhares de reuniões onde as
pessoas se "reencarnavam" à vontade. Um hipnotizador chegou até a
anunciar que podia encontrar uma existência anterior para qualquer pessoa
que lhe pagasse uma taxa de 25 dólares, é claro.
No mesmo período, um tal de Dr. Tawney, almejando o mesmo
sucesso, publicou uma regressão de cinco mil anos. Uma mulher lembrou-se
até de ter vivido no Egito dos Faraós, três mil anos A.c. Sete sessões
hipnóticas, alguns capítulos introdutórios e o livro estava escrito, tendo a
sua primeira edição vendido centenas de milhares de cópias. O atraente
subtítulo anunciava que a hipnose fornecia provas de reencarnação. O autor
era descrito como "Presidente da Associação Nacional dos Hipnotizadores
e Terapeutas". O prefácio era escrito por Bordeaux, "Consultor de Psicolo-
gia e Psicoterapia". A. Bordeaux, que era também autor de um trabalho, e
Le Cron, de Los Angeles, foi atribuída a indução hipnótica em 60 fraciona-
mentos (re-hipnotizações múltiplas em uma sessão) - recorde mundial.
Estando a hipnose reduzida a isto, é fácil compreender por que os
grupos científicos sérios dos Estados Unidos franzem o cenho ao escu-
tarem a palavra "hipnose". (15)
IV -GEORGE ALAKIJA (médico psiquiatra e hipnólogo):
Em determinadas fases da vida, o indivíduo vai encontrando aconte-
cimentos que estavam esquecidos e que muitas vezes representam
soluções definidas para o seu problema atual, pois esclarecem porque
o paciente está apresentando determinados sintomas. Não se pense que
isso acontece sempre resolvendo assim facilmente todos os casos
clínicos, curando todas as neuroses. Nem todos os distúrbios psíquicos
podem ser tratados dessa forma.
Regressão a vidas passadas e terapia de vida passada não constituem
matéria de hipnose e sim de parapsicologia: Nunca utilizei esses procedi-
mentos na minha clínica. *
A Regressão está dentro de um posicionamento analítico e seu uso
terapêutico consiste, como já falamos, em ir buscar em alguma época da
vida atual do paciente as causas de seu sofrimento.
Quando se regride um paciente a um determinado período de sua vida
e se descobre acontecimentos traumatizantes, a terapia está começando. Não
basta isso para curar ou aliviar o indivíduo. Não basta ser médico e
hipnotizar bem, mas é necessário, se não for psiquiatra, que esteja familia-
rizado com aquele tipo de terapia. Os relatos impressionantes feitos por
pessoas leigas e, o que é pior, também por profissionais não habilitados,
dão uma visão distorcida desta técnica. Uma única sessão de regressão,
mesmo quando os resultados são miraculosos, nada significará se o paciente
não for acompanhado, fazendo outras sessões hipnoterápicas e também em
vigília. (1)

* N.AA. A escola de Rhine, nos USA, não faz nenhuma experiência parapsicológica com pacientes hipnotizados.
O próprio Rhine, Pai da moderna Parapsicologia Experimental, afirmava: "a hipnose já foi egressa e promovida
da Parapsicologia". Contudo a escola francesa e a escola russa utilizam a hipnose.
News Experiments in Parapsychology - J. B. Rhine. FRNM, DURHAM, N. C. (U. S. A.), 1980.

LETARGIA E HIPNOSE SEM MAGIA - 73


v- DAVID AKSTEIN (médico psiquiatra e hipnólogo):
Erickson procurou provar ser a regressão um fato e não um artefato,
regredindo um paciente hipnotizado de trinta anos para um ano de
idade. Colocou-o em um tipo especial de cadeira, cujo encosto, em um
dado instante, podia cair subitamente. Uma pessoa adulta ou uma
criança de mais idade em geral reage estendendo os braços e pernas
no sentido de obter um equilíbrio do corpo. No entanto, no paciente
regredido àquela idade, aquela reação não apareceu; contudo, outra,
inesperada, apareceu: o paciente urinou nas calças! Teria havido
simplesmente um desempenho de papel?
- É difícil de se provar, devendo-se também levar em conta que
Erickson é um dos mais experimentados hipnologistas da atualidade
e, por certo, não se deixaria enganar com facilidade. Todavia deve-se
aguardar novas experiências semelhantes para uma total avaliação do
problema.
Diversos testes psicológicos têm sido feitos para provar que é uma
realidade a regressão hipnótica em vários níveis de idade. Assim, têm
sido feitos testes de associações verbais como, por exemplo, aquele
em que são feitas perguntas que o indivíduo não sabia responder na
idade a que foi regredido. Este teste é falho, pois permite facilmente a
simulação. Outro teste é o da velocidade da leitura, a qual é medida na
idade regredida, para comparação com a que o paciente apresenta no
estado normal de vigília. Também, pela mesma razão anterior, pouco
valor tem. Os testes de inteligência (exemplo: de Binet-Simon), igual-
mente aplicados com a mesma finalidade, são também sujeitos a falhas,
resultantes principalmente da simulação. Os testes de memorização,
em que os pacientes recordam fatos nas várias idades regredidas e que
podem ser comparados com um grupo de controle, podem ser consi-
derados de grande valor. O hipnotista, porém, deve precisar bem as
datas e os fatos a serem memorizados pelo paciente em cada idade
regredida.
O EEG tem servido de meio de pesquisas para aferição da verdade
sobre a regressão de idade. Entretanto, cremos que é absolutamente
impossível, por exemplo, mediante uma regressão à bem tenras idades,
obter um traçado indicando EEG imaturo. Foi o que observaram
Schwarz e colaboradores, True e Stephenson, McCranie, Crasil-
neck e Teter, e outros, que submeteram ao EEG pacientes sob·
regressão hipnótica a idades bem tenras, não tendo verificado qualquer
modificação no traçado que pudesse indicar EEG imaturo. (2)
~
CAPITULO IX

I- O CASO BRIDEY MURPHY


o mais famoso caso de pseudoreencarnação, ocorrido nos Estados
Unidos da América do Norte, já foi analisado com detalhes por autores de
escol. Entre outros: Anatol Milechnin, Galina Solovey, Jean Dauven,
Robert Amadou, Léon Chertok e Dom Estêvão Bettencourt, OSB.
"Em 1956, apareceu nos Estados Unidos, de repercussão internacional,
traduzido para vários idiomas, inclusive português, o livro The Search for
Bridey Murphy (Em Busca de Bridey Murphy), escrito pelo comerciante
e hipnotizador aficionado Morey Bernstein, de Pueblo Colorado (USA).
Berstein não era especialista no assunto, mas dado o sensacionalismo
despertado, em poucas semanas venderam-se 170.000 exemplares.
li - Transcreveremos a seguir o resumo do relato feito por Dom
Estêvão Bettencourt, no seu excelente livro: Reencarnação: Prós e Con-
tras, cuja leitura recomendamos. *
Que se terá dado propriamente?
Depois de haver colocado a Sra. Ruth Simmons em profundo estado
hipnótico, Bernstein ligou o seu gravador a fim de fixar fielmente a trama
do diálogo que ele estava para empreender com a paciente. A seguir,
começou a sugerir-lhe regressão no tempo, levando-a a descrever episódios
ocorridos aos seus sete anos de idade, aos cinco, aos três, ... Depois de haver
feito Ruth atingir a idade de um ano, pediu-lhe que retrocedesse para tempos
ainda mais remotos, desse "o grande salto" e se esforçasse por descrever os
locais e as cenas correspondentes a uma vida anteriormente passada aqui
na terra (destarte Bernstein queria tentar uma experiência que ele mesmo

* N.AA. Ruth Simmons é o pseudônimo de Virginia Tighe. No citado livro ela aparece sempre com o pseudôrnino.
N.AA - REENCARNAÇÃO: PRÓS E CONTRAS. Ed. Maler Eclesia.
Pedidos para: Escola Mater Eclesia. Rua Benjamin Constant. 23 - 3° ando 20241-150 - Rio de Janeiro - RJ.
nunca fizera, mas que ele sabiajá ter sido realizada por médicos, psiquiatras,
engenheiros e outros técnicos do hipnotismo).
Ruth, de fato, rendeu-se a intimação e pôs-se a contar uma história
nova, que ela foi desenvolvendo em sucessivas sessões de hipnotismo, até
completá-Ia; entrementes, Bernstein e os demais observadores se admira-
vam grandemente: Bridey Murphy (assim se teria ela chamado nessa vida
anterior) haveria nascido em Cork, na Irlanda, aos 20 de dezembro de 1798,
como filha do casal Duncan Murphy, advogado, e Kathleen Murphy.
Habitâvam em uma casa de madeira. Aos 17 anos de idade, conheceu
o filho do advogado John MacCarthy, o jovem Brian MacCarthy, com o
qual se casou mais tarde, indo ambos residir em Belfast; moravam perto de
Dooley Road, numa pequena mansão freqüentemente visitada pelo Pe. John
Goran, da igreja de Santa Teresa. Bridey comprazia-se então tocar lira,
dançar o bailado irlandês chamado "jiga matinal" e jogar cartas (o jogo dito
"da fantasia"). Seu marido lecionava Direito na "Queen's University" de
Belfast e escrevia para o periódico "News-Letter" dessa cidade; Bridey
lembrava-se muito bem de que comprava sua roupa na loja "Cadenns
House". Enquanto falava, a paciente tomava sotaque genuinamente irlan-
dês, usava de expressões raras e típicas da Irlanda, de modo a não deixar
dúvida de que realmente estava revivendo episódios históricos. Finalmente
narrou a sua morte, ocasionada por um tombo; descreveu, outrossim, os
seus funerais e a sua existência subseqüente no "astral", após a qual se teria
de novo encarnado no ano de 1923 nos Estados Unidos da América.
À guisa de ilustração, transcrevemos aqui um dos trechos finais do
diálogo de Bernstein com Bridey Murphy:
Prossigamos até o tempo de sua morte ... Você disse que assistiu aos
seus próprios funerais. Viu como a enterravam. Não é?
-É.
- Bem. Se se lembrava disso, deve lembrar-se também do ano em que
morreu. Talvez o tivessem marcado na cova ou numa lápide ou onde se
costuma fazer. Provavelmente presenciou isso. Em que ano foi?
- Foi ... em mil oitocentos ... uhmmm ... mil... um-oito-seis ... quatro.
- Um-oito-seis-quatro?
- Estava na lápide ... um-oito ... creio ... Vi um-oito-seis-quatro (1864).
- Está vendo a lápide agora?
- Estou.
- Que diz ela? Leia tudo o que está escrito, além dos números. Que
está escrito?
- Ah ... Bridget ... Kathleen ... Uhmmm ... M ...MacCarthy ...
- Talvez os primeiros números lhe possam dizer quando nasceu.
- Um ... sete ... nove ... oito.
- Bem. Agora, que dizem os outros números?
(Nesse ponto ela fez um movimento com a mão, ao dizer "Há um
traço").
- Um ... Há um traço ... um traço e depois ... um-oito-seis e quatro.
- Está certo. Esqueçamos isso. Descanse e relaxe o corpo.
Tão minuciosas é verossímeis eram as informações fornecidas por
Bridey Murphy a respeito da sua "pré-vida" que os observadores se impres-
sionaram. Resolveram então enviar à Irlanda uma comissão de repórteres e
peritos encarregados de examinar até que ponto tais notícias podiam cor-
responder à realidade; os resultados do inquérito deram a ver que, ao lado
de elementos imprecisos ou incoerentes, Bridey havia referido muitos dados
que, de fato, eram fiéis à realidade.
À guisa de espécimes, citamos aqui os seguintes tópicos:
Bridey: Teria nascido em Cork no dia 20 de dezembro de 1798, e
morri do em Belfast num domingo do ano de 1864.
Realidade: Os registros irlandeses de nascimentos não são anteriores
ao ano de 1864; nenhum deles refere nascimento ou morte de Bridey
Murphy. Também não se encontrou diretório da cidade de Cork que
mencionasse a sua família. Poder-se-ia supor que, como esposa de um
advogado, tivesse deixado um testamento, coisa da qual não foi encontrado
vestígio. Nem a imprensa de Belfast noticiou a morte de Mrs. Bridey
MacCarthy em 1864.
Bridey: "Raspei toda a pintura de minha cama ... de metal", quando
tinha 4 anos (1802).
Realidade: Antes de 1850 não se usavam camas de metal na Irlanda.
Bridey: Como criança, teria feito uma excursão a Antrim. "Aí há
alcantis. A água corre, as águas dos riachos correm rápidas e formam
redemoinhos ... quando chegam ao mar. .. Os alcantis são realmente bran-
cos".*
Realidade: Descrição notavelmente exata.
Bridey: Ter-se-ia casado com Sean Brian MacCarthy.
Realidade: Brian é o segundo nome do esposo atual de Virgínia Tighe
(ou Ruth Simmons).
Bridey: Brian teria sido professor de Direito na "Queen's University"
de Belfast e haveria escrito alguns artigos para o "News-Letter" dessa
cidade.

* N.AA. ALCANTIL: I) Despenhadeiro


2) Rocha escarpada, talhada a pique.
escarpado.

' "BPM ElVt

t
LETARGIA E HIPN •. SMEM~jê'S

CATAI'JDUVA·SP
7
Realidade: A "Queen' s Uni\'ersilY" só foi fundadLl em 1908: desde
1849 havia, sim, um "Queen' s College" em Belfast. mas nenhuma Facul-
dade de Direito. - Quanto ao "News-Letter" de Belfast, existiu, mas em seus
arquivos não se encontra artigo algum de Brian.
Bridey: Muitas vezes preparava para Brian "um bom prato irlandês":
um cosido de carne de vaca e cebolas.
Realidade: Tal prato só nos últimos cinqüenta anos é comum na
Irlanda; anteriormente, a alimentação típica se preparava com toucinho e
couve.
Bridey: Teria morado perto de Dooley Road. "Eu freqüentava a igreja
de Santa Teresa ... na rua principal ... quase na esquina de Dooley Road."
Realidade: Segundo John Bebbington, bibliotecário de Belfast, nunca
existiu nessa cidade uma dita "Dooley Road"; quanto à igreja de Santa
Teresa, data de 1911.
Bridey: Haveria comprado sua roupa no "Caddens House"; recodava-
se até de ter pago certa vez uma libra e seis pences por uma camisola.
Realidade: Não se descobriu vestígio do "Caddens House"; na época
pressuposta seria acontecimento muito estranho vender-se uma camisola
por preço tão elevado.
Bridey: Referindo-se aos seus conhecimentos musicais, declarou que
tocava a lira.
Realidade: Richard Hayward, conceituado harpista irlandês, assegura
que a lira nunca foi conhecida na Irlanda.
Bridey: Interrogada acerca dos nomes de algumas companhias de
Belfast, declarou: "Havia uma grande companhia de tecelagem.
Sim, uma tabacaria ... "
Realidade: Com efeito. Uma das mais importantes fábricas de cigarros
de Belfast, Murray Sons and Company, foi fundada em 1805; a "Belfast
Rop work Company", constituída em 1876, formou-se de pequenas empre-
sas que já tinham muitos anos de existência.
Todavia, ao lado de tão entusiastas adeptos, havia também observado-
res e cientistas que mantinham suas reservas em torno do caso "Bridey
Murphy". Sabiam que o hipnotismo, no decorrer da história, já apresentara
semelhantes fenômenos de regresso à "encarnação anterior", fenômenos
que podiam, sem dúvida alguma, ser explicados por impressões colhidas
pelo paciente dentro dos trâmites mesmos da vida corrente. Sendo assim,
puseram-se a pesquisar atentamente o currículo de vida juvenil de Virgínia
Tighe e chegaram finalmente a uma explicação do caso bem diferente da
preconizada (veja-se a respeito o pronunciamento de abalizada comissão de
médicos e psicólogos que estudaram o caso na obra "A scientific Report on
78 - LETARGIA E HIPNOSE SEM MAGIA
'The Search for Bridey Murphy''', edited by Milton V. Kline - The Julian
Press, Inc. New York, N. Y. 1956).
Mais precisamente, pergunta-se, que descobriram os estudiosos?

11- A GENUíNA INTERPRETAÇÃO


Em Chicago o Rev. Wally White, pastor de um templo que Virgínia
Tighe outrora freqüentava, aplicou-se à análise cuidadosa das circunstân-
cias da juventude dessa paciente, conseguindo finalmente atingir as fontes
de suas "revelações" ...
Verificou, sim, que Virgínia, por muito tempo, a partir dos seus sete
anos de idade, habitara em Chicago, do outro lado da mesma rua em que
residia uma senhora irlandesa denominada Bridie (não Bridey) Murphy
CorkeJl; ajovem freqüentava assiduamente a casa dessa pessoa, que ofere-
cia ambiente tipicamente irlandês, onde Virgínia dançava a "jiga" e decla-
mava poesias regionais da Irlanda, reproduzindo até mesmo a pronúncia e
as expressões lingüísticas dos habitantes desse país; Virgínia aos poucos
tornou-se mais e mais interessada por quanto via e ouvia nesse meio
irlandês, já que entrou em namoro com o filho de Bridie Murphy Corkell,
chamado João (Sean, em irlandês regional); no seu pretenso enredo de
encarnação anterior, "Bridey Murphy" chegava a dizer que se casara com
Sean MacCarthy!. .. Ficou outrossim averiguado que aos sete anos de idade
Virgínia raspara realmente a pintura de sua cama, e em conseqüencia fora
severamente punida (o que lhe causara, por certo, profunda impressão). Os
peritos reconheceram igualmente que muitos nomes de pessoas e lugares
da Irlanda, assim como certos episódios da vida na Irlanda descritos por
Bridey Murphy no seu enredo, haviam sido manifestados à Virgínia pelo
contato assíduo que a jovem tinha com a colônia irlandesa freqüentadora
da casa de Bridie Murphy Corkell. Assim puderam os estudiosos chegar à
conclusão de que os pormenores, por vezes tão vivos e realistas, da
"pré-vida"de Virgínia Tighe nada mais eram do que noções adquiridas pela
paciente no decorrer mesmo da vida atual, tornando-se então inútil e
arbitrária a explicação reencarnacionista.
A revista "Life" (edição inglesa) de 6/VIIU56 encarregou-se da divul-
gação dos resultados dessas novas pesquisas sobre o caso de "Bridey
Murphy", esclarecendo assim a opinião pública; o mesmo foi feito pela
"Seleções" no Brasil.
Em conseqüência, a comissão de médicos e psicólogos norte-america-
nos mencionados atrás exortava seriamente o público a não empreeender
nem tolerar a prática da hipnose a mero título de divertimento. Os hipnoti-
zadores autodidatas ou amadores, ignorando o alcance da sua técnica, assim
como a responsabilidade moral que sobre eles pesa, podem facilmente
deformar a personalidade de alguém, incutindo-lhe atitudes mais ou menos
permanentes de dupla personalidade, de devassidão moral, de desequilíbrio
mental, etc.
Assim se desfez o sensacionalismo em torno do caso de Bridey
Murphy. Não houve regressão a vidas passadas.
"
CAPITULO X

,
A IGREJA CATOLICA
E A HIPNOSE
A Igreja, através do pronunciamento de três Papas: Pio IX, Leão XII
e Pio XII, já se pronunciou favorável ao emprego da hipnose como coadju-
vante de terapia - desde que sejam respeitadas as prescrições da ética e da
moral.
Importante discurso de conteúdo atualíssimo pronunciou o Papa Pio
XII, no dia 24 de fevereiro de 1957, perante uma seleta assembléia de
clínicos, cirurgiões, cientistas e anestesistas.
Na ocasião o Santo Padre falou em francês. O texto que aqui reprodu-
zimos é dos Serviços de imprensa do Vaticano.
O IX Congresso Nacional da Sociedade Italiana de Anestesiologia, que
se realizou em Roma de 15 a 17 de outubro de 1956, apresentou-nos, por
intermédio do Presidente da Comissão organizadora, o Professor Pedra
Mazzoni, três questões, sobre os aspectos religiosos e morais da analgia
considerada perante a lei natural, e sobretudo perante a doutrina cristã
contida no Evangelho e proposta pela Igreja.

"Mas a consciência pode também ser alterada por meios artificiais.


Obter este resultado, ou pela aplicação de narcóticos ou pela hipnose (que
se pode chamar um analgésico psíquico), não difere essencialmente sob o
ponto de vista moral. A hipnose, contudo, mesmo considerada só em si, está
submetida a certas regras. Seja-nos permitido a este propósito lembrar a
breve alusão ao uso médico da hipnose, que fizemos no princípio da
alocução de 8 de janeiro de 1956, sobre o parto natural indolor.
Na questão que nos ocupa presentemente, trata-se de uma hipnose
praticada pelo médico, a serviço de um fim clínico, observando as precau-
ções que a ciência e a moral médicas requerem, tanto do médico que a
LETARGIA E HIPNOSE SEM MAGIA· 81
emprega, como do paciente que a aceita. A esta utilização determinada da
hipnose, aplica-se o juízo moral que formulamos sobre a supressão da
consciência.
Mas, não queremos que se estenda, pura e simplesmente, à hipnose em
geral, o que dizemos da hipnose ao serviço do médico. Com efeito, esta,
como objeto de investigação científica, não pode ser estudada por quem
quer que seja, mas só por um sábio sério e dentro dos limites morais, que
valem para toda a atividade científica. Não é este o caso de qualquer círculo
de leigos ou eclesiásticos que a praticassem como coisa interessante, a título
de pura experiência ou mesmo por simples passa-tempo."

CONCLUSÕES
I- A hipnose praticada pelo médico, psicólogo e odontólogo, a serviço
de um fim clínico, observando togas ~s precauções tanto da ciência
médica como da ética médica - E LICITA - porque neste caso, a
supressão da consciência é permitida pela moral natural e compatível
com o espírito do Evangelho.
U - É LÍCITA também a hipnose praticada por pessoa competente para
fins científicos.
lU - N~O $ qCIT A a hipnose praticada por pessoa que não é competente.
IV - NAO E LICITA a hipnose praticada como divertimento num grupo de
pacientes, seja por leigos, seja por eclesiásticos. (REB Jun. 1957).
Convém notar que a maioria dos autores condena de maneira formal
a hipnose praticada como divertimento e os shows de hipnose pela
t~levisão por pseudos "professores".
E ainda conveniente recordar que os hipnotizadores teatrais mesclam
suas demonstrações de "hipnotismo" com truques engenhosamente
preparados que dão a falsa idéia de "um poder sobrenatural" que eles
não têm. Decreto lei n° 51.0009 de 22.07.1961.
O Decreto-Lei de 22.07.1961 que proibia espetáculos de hipnotismo
em circo, teatro e televisão, foi revogado pelo ex-presidente ColloL
V - MORALIDADE
"Sendo a palavra bíblica: Darás à luz na dor, uma assertiva e não um
mandamento, tudo o que pode aliviar o sofrimento dos humanos, seus
inconvenientes graves, para a saúde física ou moral das pessoas em
causa, é não somente permitido, mas louvável. As investigações
destinadas a aliviar as dores do parto são boas; a lembrança de dores
menos intensas pode favorecer na mulher, liberta de um excesso de
ansiedade, a perspectiva de novos nascimentos". (Código Social de
Malinas ou .~sboço da Doutrina Social Católica - Código Familiar,
Capo IV - Pa 56). b.

N. A. - o Papa Pio XII solicitado a externar a opinião da Igreja sobre o palpitante assunto do "Parto sem dor",
fê·lo nUIll congresso em que se reuniram 700 ginecologistas em Roma, provenientes de vários países. Sua
Santidade chegou à conclusão <k que a Escril"ra não proíbe Pano sem Dor. A íntegra deseu discurso foi publicada,
no seutexlO francês original. na e<.li,ão de "L'Ossel'valore Romano" de 10 de janeiro de 1957.
CAPÍTULO XI

,
PRATICA DA HIPNOSE
Ninguém jamais se manifestou contra o
hipnotisnw próprio, senão unicamente contra o
hipnotismo dos outros.

PRELIMINARES
É curioso observar que em cada período áureo do hipnotismo tenham
procurado mudar a terminologia. Mesmer o chama de Magnetismo: Braid
de Hipnotismo; Irmão Vitrício de Letargia. Alfonso Caicedo de Sofrologia,
e, finalmente Alberto Lerro Barreto de Panose.
Hipnose ou Hipnotismo? Qual o certo? Como queiram, responde o Dr.
L. Chertok em seu livro: L' Hypnose: leurs problémes théoriques et
pratiques (Paris 1989). "Pode-se usar um ou outro. Na prática, são vocábu-
los sinônimos, entretanto alguns autores preferem dizer que: hipnotismo é
a técnica e hipnose o estado conseguido pela técnica". Braid depois de 4
anos de ter proposto o neologismo - hipnotismo - já se lamentava da infeliz
escolha e propôs - monodeísmo. Ia adotar: - consciência dupla - quando
morreu em 1860.
No Brasil, o I Congresso Pan-Americano de Hipnologia realizado no
Rio de Janeiro, em 1961, recomendou que HIPNOSE seria a praticada pelo
médico, psicólogo e odontólogo, e seus praticantes serão chamados de
hipnotistas ou hipnologistas. Hipnotismo é o praticado no teatro e circo pelo
hipnotizador, sempre misturado com truques e fraudes.
Atualmente, a palavra hipnose é utilizada nos meios científicos de
quase todos os países.
Um bom hipnotista é o que sabe improvisar métodos. Todos os
métodos podem ser resumidos em: preâmbulo, relacionamento interpessoal
e técnica.
O hipnotista tem necessidade de possuir uma técnica e não um poder.
Todos os estados hipnóticos podem ser resumidos em 3 fases: leve, médio
e profundo, apesar de haver inúmeras classificações que variam de 3 a 50
estados. Segundo KarI Weissmann: "Hipnotismo é também uma arte. É a
arte de convencer. Hipnotizar é convencer. E convencer é sugestionar. Só
sugestiona quem convence. E só quem. convence hipnotiza".
Para se hipnotizar uma pessoa, 5 requisitos são necessários: prestígio,
preâmbulo, relação interpessoal ou rapport, técnica e paciência.

1) PREÂMBULO
William T. Heron recomenda o seguinte preâmbulo (contudo cada
hipnotista deverá esquematizar seu próprio preâmbulo que poderá variar de
acordo com os pacientes e com as circunstâncias):
"O processo de nos submetermos à hipnotização é algo que uma pessoa
normal pode aprender, da mesma forma que aprendemos a dançar, a
escrever, etc. É necessário que você coopere comigo e que siga as minhas
instruções, para adquirir perfeita capacidade. O máximo que posso fazer é
ajudá-Io a seguir o caminho certo. "A idéia é a seguinte: - Não pare para
analisar ou calcular o que estou tentando fazer. Deixe apenas que as minhas
palavras penetrem em seus ouvidos e saiam novamente sob a forma de ação
sugestionada, sem fazer quaisquer indagações a respeito de si próprio.
"Você sabe que quando se bate na região que fica abaixo do joelho, a
perna faz um ligeiro movimento. A pancada feita no tendão envia impulsos
para dentro e eles voltam novamente sob a forma de ação. Você não pára a
fim de pensar se deve mover a perna ou se ela se move, simplesmente. Da
mesma forma, as minhas palavras devem penetrar nos seus ouvidos e
retomar sob a forma de ação".
"Estou tentando explicar-lhe o significado da Hipnose da melhor
maneira possível. Para verificarmos o seu grau de aprendizado, teremos que
submetê-I o a alguns testes. Estes terão a forma de movimentos musculares
simples e você os deve encarar como simples testes de diagnóstico. Eles
serão muito simples e você os achará muito fáceis".
Se for n~cessário usar a palavra "sono" em sua fraseologia ao paciente,
seria interessante explicar-lhe, que está sendo usada diferentemente do
significado ·comum. A vossa frase deve aproximar-se destas linhas: -
"Quan,d~ eu usar a palavra "sono" não estarei me referindo ao sono noturno.
Você sabe que quando está adormecida à noite, você está inconsciente. Mas
84· LETARGIA'E HIPNOSE SEM MAGIA
nesta espécie de sono você não ficará inconsciente, porque sempre poderá
ouvir as minhas palavras. Usamos a palavra "sono" para que você possa
relaxar-se e ficar mais à vontade. Seus olhos poderão se fechar e se alguém,
eventualmente, vê-Io, poderá pensar que está dormindo. Você achará que é
uma condição muito agradável".
Os cometários devem ser feitos num tom de voz calmo e seguro e, no
final, seria interessante obter-se uma expressão de afirmação do paciente.
Isto poderá ser feito dizendo-se: - "Certo?" de forma interrogativa, ou do
modo mais natural possível.
Agora, ao se usar uma cadeira, o paciente, invariavelmente, cruzará as
pernas. Se ele assim proceder, pedi-lhe que as descruze, explicando-lhe que
no estado hipnótico há pouco movimento espontâneo e que se as pernas
ficarem cruzadas durante longo tempo, ocorrerá uma interferência na
circulação sanguínea e isto poderá causar um desconforto. De qualquer
modo, pedi ao paciente que ponha os pés no chão e deixe que as mãos caiam
naturalmente no colo ou nos braços da cadeira. "Quando você entrar no
estado hipnótico, terá pouca vontade de mover os braços ou as pernas.
Portanto, para começar, queremos que eles fiquem confortavelmente. A
experiência toda será agradável".
Com tudo isso, estaremos, não somente trabalhando para livrar a
pessoa de quaisquer ansiedades que possa ter, como, também, para bom-
bardeá-Ia com sugestões com o fito de induzi-Ia fortemente a submeter-se
ao estado hipnótico.
Cada uma das frases é verdadeira e, conquanto sugestivas, não produ-
zem malefícios. O hipnotista pode proferir estas frases, confiando plena-
mente em que, se o paciente se submete ao estado hipnótico é porque
considerou corretas estas frases, desde que o hipnotista seja suficientemente
habilidoso para não dar sugestões que façam com que o paciente pense de
outra forma.
O propósito oculto, através da movimentação do paciente de uma
cadeira para outra ou de fazê-Ia ter os pés em posição normal, é o de fazê-Ia
apresentar uma disposição receptiva. Ninguém se negará a realizar estas
instruções e, quando o faz, se aproxima da aceitação de outras sugestões.
Tanto quanto possível, procurai sempre dar ao paciente uma razão pelo
seu comportamento. Ele vai para a outra cadeira "porque é mais confortá-
vel". Ele descruza as pernas "para que não seja interrompida a corrente
sanguínea", etc. Lembrai-vos - o vosso objetivo é fazer com que o paciente
fique em posição passiva, portanto, nunca lhe dando a oportunidade de
perguntar por que motivo deve fazer isto ou aquilo. Dai-lhe as respostas,
tornando-as lógicas. Não provoqueis a sua credulidade. Ao mesmo tempo, ....

LETARGIA E HIPNo\~BP~d~M';
~yt -.;O a ! e s
CA1ANDlIVA-SP
lançai sugestões sobre a maneira pela qual ele deve agir ou sentir, tais como
"a perna cruzada pode produzir desconforto, porque há pouco movimento
espontâneo no estado hipnótico". Não queremos que o paciente comece a
movimentar-se enquanto está no estado hipnótico. Queremos que os seus
movimentos sejam razoavelmente controlados pelo mecanismo verbal do
hipnotista.
Procurai, também, dar ao paciente a sugestão de que ele é responsável
pelo que acontecer. A única coisa que lhe poderá impedir de entrar no estado
hipnótico é a sua própria incapacidade de seguir ádequadamente as instru-
ções que lhe são dadas.
O hipnotista é somente um professor e, aquilo que pode fazer, depende
da espécie de material com o qual ele tem de trabalhar.
Estas frases são também corretas, mas sua principal finalidade é lançar
a responsabilidade ao paciente, de modo que, em caso de ocorrer alguma
falha o prestígio do hipnotista não seja atingido. *

2)RELAÇÃOINTERPESSOAL
Diz a Dra. Galina Solovey.
"O contato hipnótico não é mais um instante teórico o qual pode
desvanecer-se em seguida, ou constituir o ponto de partida duma relação
interpessoal hipnótica, mais ou menos profunda e duradoura. Na nossa vida
diária abundam os contatos hipnóticos fugazes e as relações hipnóticas
incompletas ou breves, ao ponto de se poder dizer que nossa vida se encontra
repleta deles.
O próprio caráter cotidiano de tais experiências faz com que não se
lhes preste maior atenção nem se lhes tome como objeto de estudo. Entre-
tanto, elas constituem a base das relações que tem lugar no consultório do
médico ou dentista hipnólogo, no laboratório do pesquisador psicólogo, ou
no palco do hipnotizador de teatro.
Por conseguinte, é evidente que a disposição emocional do sujeito (a
"extremidade-sujeito" do todo que constitui o "bom rapport" de vários
autores) para entrar em transe hipnótico não se obtém com sugestões de
levantamento da mão, fechamento dos olhos, etc., mas pela "preparação"
sutil que as precede e graças à qual o "sujet" pode atender tanto às
mencionadas sugestões como a outras adequadas que se lhes faça.

* N.A. - o livro de William T. Heron - Aplicações Clínicas da Sugestão e da Hipnose, Ed. Monte Scopus, 3'
ed., Rio, 1958, é especialmente recomendado para médicos e odontólogos.
Watkins disse, com razão, que "a indução dum transe hipnótico não é
questão de manipulação técnica, mas um problema de compreensão e
interação no ambiente duma relação interpessoal íntima". *
Sobre o rapport escreve o Dr. Envin Wolffenbüttel: "Uma definição
de rapport é difícil, uma explicação será mais fácil: "Mesmer descobriu que
precisa desenvolver-se um interesse entre o médico e o paciente. Ele
descreveu isso como rapport, um conceito francês que quer dizer "hanno-
nia" ou "conexão". Esta palavra tem permanecido em uso, na psiquiatria,
até o presente, para descrever a relação na qual o médico conquistou o
interesse e a cooperação de seu paciente."
"Excelente maneira de estabelecer ou
reforçar o rapport com o paciente é fazê-Io
falar a respeito do seu estado de saúde. E,
se necessário, fazê-Io contar ainda mais ou
novamente". "Também, deixá-Io contar os
seus êxitos" (e ouvi-Io com simpatia).
Há, pois, no rapport "uma dupla cor-
rente de sentimentos entre o operador e o
paciente".

3) TÉCNICA
É natural que métodos hipnóticos de
épocas passadas pareçam antiquados aos
jovens. Entretanto, desta opinião não par-
tilham destacados psicólogos, como bem
acentua J. H. Schultz. Além da técnica é
necessário que se tenha muita paciência.

a) O MÉTODO DE BERNEHEIM
"Eu começo por hipnotizar - diz Ber- ••
Fig. 55 - Uma das provas de
neheim - da ~guinte maneira: inicio di- sugestionabilidade.
zendo ao paciente que acredite que grandes O operador sugere ao paciente:
benefícios advirão para o seu caso, através "Ao retirar minhas mãos de seus
da terapêutica sugestiva, e que é perfeita- ombros, você sentir-se-á atraída
para trás ". O mesmo teste poderá
mente possível curá-I o ou pelo menos me- serfeito com o paciente defrente,
lhorar o seu estado de saúde por meio de se elefor para trás, como mostra
hipnose. Acrescento que nada há de peno- a figura, será facilmente
so ou de estranho nesse processo, que é um hipnotizável.

* N.A. - Galina Solovey, EI Hipnotismo de Hoy, Ed. Hachelle, 4' Ed. Buellos Aires, 1988, pág. 56.

LETARGIA E HIPNOSE SEM MAGIA - 87


sono no sentido normal da palavra ou então um estado de torpor que pode
ser produzido em qualquer pessoa, estado esse que restaura o equilíbrio do
sistema nervoso. Se necessário hipnotizo uma ou duas pessoas na presença
do candidato, a fim de mostrar-lhe que nada é doloroso nesse processo e
que não há sensações estranhas a acompanhar o estado hipnótico. O paciente
já não se mostrará desconfiado e refratário ao nosso intento. Ato contínuo,
digo-lhe:
- "Olhe para mim e não pense senão unicamente no sono. Suas
pálpebras estão ficando cada vez mais pesadas; sua vista cansada, começa
a piscar. Seus olhos, estão se fechando. Estão úmidos. Já você não enxerga
nitidamente. Seus olhos vão se fechando, fechando ... Fecharam".
Pacientes há que fecham os olhos e entram em transe quase que
instantaneamente. Já com outros é preciso repetir e insistir.
- "Preste mais atenção nas minhas palavras. Preste mais atenção. Mais
concentração" .
Às vezes pode esboçar-se um gesto. Pouco importa o tipo do gesto que
esboça. Entre outros, dois dedos em forma de V. Pedimos ao paciente se
fixe os olhos nos dedos. E incitando-o ao mesmo tempo a concentrar-se
intensamente na idéia do sono, repetimos:
- As suas pálpebras estão pesadas. Estão se fechando. Já não consegue
manter os olhos abertos. E agorajá não consegue abrir os olhos. Seus braços
estão ficando pesados. Suas pernas já não sentem o corpo. Suas mãos estão
imóveis. Vai dormir. Em tom imperativo acrescento: "DURMA!"
Em muitos casos esta ordem tem ação decisiva, e resolve o problema.
O paciente fecha imediatamente os olhos e dorme. Pelo menos sente-se
influenciado pela hipnose. Assim que noto que uma das sugestões está
sendo aceita aproveito-a para formular a seguinte.
Às vezes recomendo ao paciente acompanhar a experiência por meio
de movimentos com a cabeça. Peço-lhe que faça um sinal com a cabeça,
afirmativo ou negativo. Cada sugestão a que o paciente responde afirmati-
vamente é considerada uma conquista e é preciso aproveitá-Ia para outras
consecutivas, dizendo ao paciente:
- "Está vendo como funciona bem, como está cOlTespondendo? Seu
sono está se aprofundando realmente. Seus braços cada vez mais pesados.
Já não consegue baixar os braços, etc."
- Se o paciente intenta baixar o braço, eu lhe resisto, dizendo:
- "Não adianta, meu velho. Quanto mais se esforça para baixar o braço,
mais o seu braço vai se levantando. Vou fazer agora com que seu braço seja
atraído pela sua própria cabeça, como se a cabeça fosse um ímã".
Aconselha Berneheim não sugerir a catalepsia dos braços, senão da
segunda ou terceira sessão em diante. Insiste o mesmo autor em que não se
deve fazer o paciente fixar a vista demasiado tempo. Um minuto, no
.
máximo .

b) O MÉTODO DA AUTO-VISUALIZAÇÃO
Um dos métodos mais tipicamente subjetivos é o da autovisualização.
O paciente, acomodado em uma cadeira, poltrona ou leito, recebe a
recomendação de imaginar-se a si mesmo (assentado ou deitado) de olhos
fechados, enquanto ele próprio se esforça durante algum tempo por manter
os olhos abertos.
Imagine-se, pois, de olhos fechados, dormindo. Mas enquanto a sua
imagem visualizada está de olhos fechados, você continuará de olhos
abertos, enquanto puder. Você está conseguindo imaginar-se a si mesmo de
olhos fechados, dormindo? (O paciente responderá afirmativamente, com
um movimento da cabeça ou da mão). Você vai sentindo sono também ... A
exemplo de sua imagem, você vai entranclo também num profundo sono ...
Você está sentindo sono, também ... Você não consegue ficar com os olhos
abertos, pensando em si mesmo de olhos fechados Você também vai
fechando os olhos ... Já está querendo dormir também etc, etc ..."
Este método tem-se mostrado particularmente eficiente com certos
"sujets" refratários aos processos menos subjetivos de indução. Já se disse
que a hipnose se baseia acima de tudo nas leis da imaginação. E imaginar
é, antes de mais nada, visualizar, ver mentalmente.

Com ligeiras variantes, ditadas pelas circunstâncias e natureza do


paciente, o método de Wolberg e Erickson consiste no que se segue: o
operador, sentado defronte ou ao lado do "sujet", preferentemente em uma
cadeira comum, inicia o processo de indução, com estas palavras:
"Afrouxe os músculos. As mãos sobre os joelhos ... Vá prestando toda
atenção nas suas mãos. Procure registrar tudo que sentir em relação a elas.
É possível que sinta o calor ou o peso das mãos sobre as pernas. Às vezes,
um formigamento ... Não importa qual seja a sensação que experimentar. O
que importa é registrá-Ia ... Vá prestando atenção no que sentir... Repare,
agora, na imobilidade das mãos ... Como estão imóveis! Mas isso não vai
continuar assim ... Em breve, um dos dedos começará a se mover. Qual deles
se moverá primeiro? O indicador? O mínimo? O polegar? Não se pode
prever. Será primeiro um dedo da mão direita? Ou um da esquerda? Repare:
umjá começou a mover-se. Preste atenção ... Outro ... Agora, os dedos vão
se braços se levantam ... Quando as suas mãos chegarem à altura de seu rosto,
você estará profundamente adormecido (ou hipnotizado). À medida que as
suas mãos se aproximam de seu rosto, o seu sono (ou hipnose) se aprofunda.
Ao tocarem o rosto, você estará em sono profundo. Durma tranqüilamente ...
Nada o molesta, nada o preocupa ... Sua mente não abriga nenhum pensa-
mento ... Você está perfeitamente à vontade ... Está se sentindo perfeitamente
bem É uma sensação agradável de perfeito bem-estar. .. Só ouve a minha
voz Só eu posso acordá-Io etc, etc.".

SINAIS DE HIPNOSE: Geralmente em alguns pacientes manifesta-se


uma crise de riso, chamado o riso louco. Em outros, crises de choro. Outro
fenômeno intrínseco da hipnose é a analgesia, e nQS estados profundos
anestesia. Entre os sinais psicológicos estão certa passiviàad~ inclinação
de não falar. Ser hipnotizado, mesmo em estado profundo, na~nifica
estar inconsciente.
Convém frisar que o Hi pnotismo somente mobiliza as capacidades quê"
estão dentro do indivíduo. É puramente fantasioso o enredo do filme
"Svengali", exibido no Brasil em 1932, com grande sucesso, e extraído da
novela de George Du Maurier. Na refeíida película, a heroína Trilby,
totalmente incapaz de cantar, transformou-se numa grande cantora sob a
influência das sugestões dadas pelo hipnotizador "Svengali". A mentalida-
de de Trilby, acreditando nos poderes mágicas de Svengali, ainda perma-
nece na crença de muitas pessoas no que se refere à hipnose.
Em nosso livro - PARAPSICOLOGIA: CIÊNCIA ou MAGIA?
(Rio de Janeiro, 1974), escrevemos o seguinte:
Para alcançar o sucesso, Geller se vale de suas inegáveis qualidades
de "showman". Mas isso lhe custa tenaz oposição dos mágicos e ilusionistas
dos Estados Unidos. Eles o acusam de colega desleal, pois lança mão de
argumentos sobrenaturais para camuflar seus truques bem feitos. De fato,
um desses profissionais, JAMES RANDI, assistiu a uma exibição de Uri
Geller e saiu de lá convencido de que pode reproduzir seus truques. Diz
Randi: "Nada do que Geller realizou na minha presença se situa no âmbito
do paranormal".
Convém lembrar as palavras do Prof. Robert Tocquet: "Até hoje os
fenômenos paranormais são espontâneos e incontroláveis. Resulta, portan-
to, que todas as experiências chamadas paranormais que podemos ver em
teatro e apresentadas_ com regularidade são necessariamente EMBUS~S
ou CONTRAFACÇOES".
Já dizia Camilo Castelo Branco": "Os antigos videntes fê-Ios a santi-
dade; a corrupção faz os profetas contemporâneos" .

\
.
,:.
Fig. 56 - Dr. Alberto Lerro Barretto coloca a paciente em estado de hipnose
profunda. Observe a reversâo do globo ocular. A reversâo total indica um estado
de hipnose profunda.
Fig. 57 - O assombroso prestidigitador-JAMES RANDI-observando o baralho
Zener. Este ilusionista norte-americano afirma que está em condições de igualar
e repetir os truques de Uri Geller e Tômas Morton. O que eles fazem, afirma:
"não tem nada que se possa qualificar de paranormal. "
~
CAPITULO xn

AUTO-HIPNOSE
o melhor e mais rápido método para aprender auto-hipnotizar-se é ser
primeiramente hipnotizado por um hipnotista.
A maior barreira em conseguir auto-hipnose é não saber reconhecer o
estado de hipnose. Por isso, é bom gravar os seguintes pontos que são de
suma importância:
1) Hipnose é um estado normal e natural. É um fenômeno da vida diária.
2) A não ser em estados profundos a pessoa não adormece e nem perde a
consciência.
3) É um estado de hipersugestibilidade.
4) A única prov'a da hipnose eficaz ou da auto-hipnose é a reação post-hip-
nótica.
5) São requisitos necessários para aprender auto-hipnose: mente normal,
vontade de aprender e prática constante.
Com auto-hipnose, um de nossos amigos, Severino Rocha, faz verda-
deiras proezas, mas ele a pratica há mais de quarenta anos.
Para um programa de treinamento observe o seguinte:
Estude estas primeiras regras: Você deve: (1) querer relaxar, (2)
compreender que isso não é uma novidade, porém uma prática antiqüíssima
e evidentemente racional; (3) decidir a fazê-lo em intervalos regulares, e
compreender que auto-hipnose não pode ser forçada.
Noutras palavras, não cometa erro de tentá-lo de maneira demasiado
árdua, pois isso, simplesmente, o impediria de relaxar totalmente. Modera-
da, suave, paciente, deve ser a sua linha de introdução. Se de maneira
demasiado árdua ou tornar-se impaciente, você criará um sentimento de
tensão, o qual implica em contração muscular, que é justamente o que nos
esforçamos por evitar. *
Escolha um lugar e uma hora durante a qual esteja seguro de não ser
incomodado. Isto é vital. Você faz a tentativa de eliminar toda sensação.
* PAUL ADAMS - Ajuda-te pela Nova AUlo-hipnose, Ed. !BRASA, 4' edição, página 46, São Paulo, 1978.

LETARGIA E HIPNOSE SEM MAGIA - 93


Se alguém irrompe subitamente no quarto, você será arrancado abrupta
e desagradavelmente de seu enlevo. Portanto, o lugar destinado ao Relaxa-
mento Profundo deve ser tão plácido quanto possível.
Frank S. Caprio e Joseph R. Berger, em seu livro - Ajuda-te pela
Auto-Hipnose, recomendam a técnica da auto-hipnose em quatro etapas:
auto-relaxamento, auto-sugestão, auto-análise e auto terapia.

r fase: Auto-Relaxamento.
Para indução ao estado de auto-relaxamento dinâmico, siga, cuidado-
samente, as seguintes instruções:
1) Escolha um lugar ou quarto em sua casa onde possa estar mais ou menos
seguro de não ser perturbado pelo t,elefone ou por outros ruídos e, ainda,
por desnecessárias interrupções. E aconselhável cerrar as cortinas ou
escurecer o ambiente. Verificamos também, pela experiência, que quase
sempre urna música suave põe o paciente mais depressa em estado de
ralaxamento hipnótico. Você poderá querer fazer uma experiência,

Fig 58 - Nizugan, o grande maglco e iLusionista suL-americano, recebe o


certificado do curso de LETARGIA.
escolhendo um tipo de música que lhe seja um verdadeiro calmante e
capaz de conduzi-Ia a um estado de entorpecimento semelhante ao do
sono.
2) Deite-se numa cama, num sofá confortável ou numa poltrona semi-in-
clinada, pondo os pés num tamborete ou um apoio firme que acomode
bem. Desaperte as roupas.
3) Respire profundamente três vezes. Respire fundo e lentamente.
4) Feche os olhos.
5) Diga para si mesmo.
Vou relaxar todos os músculos do meu corpo ... começando da cabeça
até os pés ... os músculos do rosto e os do pescoço estão se relaxando ...
os músculos do ombro e do peito estão frouxos ... Estou começando a
me sentir livre de toda tensão muscular. .. Meus traços estão ficando
moles e frouxos. Os músculos de minhas coxas, pernas e pés estão
frouxos ... Enquanto respiro fundo e devagar, todo o meu corpo está
realmente relaxado. Sinto-me completamente calmo e relaxado.
6) Durante esse estado de auto-relaxamento, lembre a si mesmo que o
relaxamento é um estado de espírito. Significa "soltar-se", alívio de
ansiedade e tensão, estar livre de medos e preocupações, pensar coisas
agradáveis.
7) Diga também a si mesmo. "O auto-relaxamento trará grandes benefícios
para a minha saúde. Vou dedicar quanto tempo e esforço puder para
praticar a técnica do auto-relaxamento. Se não obtiver resultados ime-
diatos, nem por isso vou me sentir desanimado. Com o tempo, acabarei
por dominar a arte do auto-relaxamento. A cada novo exercício, ele se
tornará mais fácil".
Método rápido de auto-relaxamento. Após ter praticado todos os
dias, por mais de uma semana, o método de relaxamento acima descrito, e
verificar que é capaz de relaxar-se completamente, você estará preparado
para usar um método mais rápido de auto-relaxamento. Isso exige o uso de
uma palavra-chave ou frase-chave, tal como "solte-se". "Acalma-se". "Re-
laxe os músculos". "Controle os pensamentos". Pode ser qualquer palavra
ou expressão desse gênero. O importante é que a palavra ponha imediata-
mente em atividade o processo de auto-relaxamento. E preciso que você
resolva de antemão o que vai fazer, logo que der a si mesmo uma determi-
nada palavra-comando. Isto pode implicar em fechar os olhos, respirar
fundo duas ou três vezes e sugerir que todos os seus músculos, da cabeça
aos pés, estejam ficando moles e distendidos, repentinamente.

N.A. o teste foi extraído de Melvin Powers - Técnicas avançadas de Hipnotismo, Ed. Glem, 5' ed. Buenos Aires.
página 41.
Escolha algum objeto que esteja colocado acima do nível dos seus
olhos, de modo que para olhá-Ia você tenha que fazer um ligeiro esforço
tanto do globo ocular como da pálpebra. Pode ser, por exemplo, uma
mancha no teto. Tente fazer com que as suas pálpebras se fechem, enquanto
você conta até dez. Se você sentir uma necessidade irresistível de fechar os
olhos no instante em que você chegar a dez ou antes, isso significa que você
está em estado de alta sugestibilidade ou de auto-hipnose. Se você não
conseguir o objetivo da primeira vez, é possível que você não esteja
suficientemente relaxado.
Se os seus olhos não se fecham involuntariamente, feche-os volunta-
riamente e, a seguir, faça as sugestões pós-hipnóticas desejadas, tal como
se você estivesse em estado hipnótico.
Eis aqui algumas sugestões que você poderá usar para realizar o teste
de fechamento dos olhos. Não decore as palavras com exatidão, o impor-
tante é obedecer a forma:
Quando eu completar a contagem até dez, minhas pálpebras se tornarão
muito pesadas, úmidas e cansadas. Até mesmo antes de chegar a dez,
poderei ser obrigado a fechar os olhos. No instante em que eu fechar os
olhos, cairei em estado de auto-hipnose. Estarei plenamente consciente,
ouvirei tudo e poderei dirigir sugestões à minha mente subconsciente. Um ...
minhas pálpebras estão ficando muito pesadas ... Dois ... minhas pálpebras
estão ficando úmidas ... Três ... minhas pálpebras estão ficando muito can-
sadas ... Quatro ... Mal posso manter os olhos abertos ... Cinco ... Estou
começando a fechar os olhos ... Seis ... Minhas pálpebras estão se fechando
cada vez mais ... Sete ... Estou completamente relaxado e à vontade ... Oito ...
Quase não posso mais ficar com as pálpebras abertas ... Nove ... Meus olhos
estão fechados, estou em estado auto-hipnótico ... Dez ... Posso dar a mim
mesmo qualquer sugestão pós-hipnótica que quiser.
Você aprendeu a técnica do auto-relaxamento e pôs à prova a sua
própria sugestibilidade. Como dissemos anteriormente, a capacidade de
fazer essas coisas sempre existiu em você - tal como um músculo não usado.
Agor51você está pondo essa força a trabalhar - possivelmente pela primeira
vez. E como se estivesse ligando um interruptor de força. Você está pronto
para dar a si mesmo sugestões no sentido de analisar e resolver problemas
pessoais, destruir um hábito, adquirir melhor personalidade ou uma filosofia
de vida mais positiva.

3 fase: Auto-análise.
3

Comece' com o auto-relaxamento. A seguir, ponha em prática a técnica


do fechamento dos olhos. Depois dê ª-si mesmo a sugestão de que agora
está pronto para resolver o problema específico que o aflige. Analise todos
os lados' do problema. Remonte ao passado até o ponto que for necessário.
Procure associar os acontecimentos e circunstâncias de sua vida que con-
duziram ao seu problema atual. Essa espécie de busca em sua alma cai na
categoria de auto-análise hipnótica. A expressão se explica por si mesma.
Refere-se ao fato de você analisar-se e comp~eender a si mesmo, enquanto
se acha em estado de hipnose auto-induzida. E útil porque lhe permite obter
a resposta.a muitas perguntas que gostaria de fazer a si mesmo, como por
exemplo.
Que espécie de pessoa sou?
Até que ponto minha saúde é influenciada pela minha maneira de
pensar?
Até que ponto sou hipersensível?
Quero, realmente, aperfeiçoar-me?
Que planos tenho feito para o futuro?
Tenho tendência para culpar meus pais ou outras pessoas por minhas
deficiências?
Qual é a minha atitude em relação ao sexo, ao amor, ao casamento?
Você ficará assombrado com o acervo de coisas que aprenderá sobre
si mesmo. Este método permitir-Ihe-á compreender suas falhas, de modo
que lhe será mais fácil corrigi-Ias. Tome uma ou duas perguntas de cada
vez e procure pensar em tantas respostas quantas lhe for possível. Assim
que desperte de seu estado auto-hipnótico, anote as respostas num caderni-
nho. Estude cuidadosamente tudo que anotou e procure chegar a alguma
conclusão sobre os motivos por que pensa e age e de que maneira o faz.
Lembre-se de que o conhecimento de si mesmo é a chave para uma boa
autodisciplina. \
Anote, separadamente, em seu caderno, duas perguntas fundamentais:
"Que tenho aprendido sobre mim mesmo?" e a outra "Que progresso tenho
alcançado no seu aperfeiçoamento". Você verá que, mais cedo do que
esperava, a sua mente lhe tem proporcionado o progresso. Os bons resulta-
dos o encorajarão a continuar o método. Você notará que é significativo o
seu desenvolvimento e que um novo passo foi dado na aquisição de bons
hábitos mentais.

4 fase: Autoterapia.
3

A autoterapia consiste em condicionar a sua mente ao pensamento


positivo e a um plano de ação positivo, por meio do uso de sugestões
pós-hipnóticas.
Não nos é possível, nesta altura, dar-lhe instruções específicas, sobre
o que deverá dizer a si mesmo ou o que deverá fazer, pois isso depende do
objeto específico que deseja atingir ou do problema que você está procu-
rando resolver. Por outras palavras, os pormenores desta quarta etapa de
auto-hipnose estão incluídos nos capítulos subseqüentes deste livro. Por
exemplo, ser-Ihe-ão dadas sugestões terapêuticas pós-hipnóticas para vários
problemas de corrigir hábitos, como comer demais, D!.1J1CU:. " er
, I~RPM tM"
LETARGIA E HIP~OSE SEM MAGIA - 7
. r\k ~ oares
\ CA1ANlIUVA-SP
I
demais. Nesses capítulos, que tratam de tensão nervosa, depressão, medos
e desenvolvimento da personalidade, dar-Ihe-emos, ainda, uma lista de
sugestões pós-hipnóticas, que você poderá seguir ou que lhe servirão de
guia para ajudá-Io a formular suas próprias instruções autoterapêuticas.
Por autoterapia queremos dizer aqui autoterapia hipnótica, que se
baseia no princípio consubstanciado nesta afirmativa: "Eu posso - eu
preciso - eu conseguirei atingir meu objetivo. Eu tenho a força mental
necessária para aceitar e pôr em prática certas sugestões que darei a mim
mesmo e que me permitirão vencer praticamente todas as dificuldades,
melhorar minha personalidade e adquirir uma filosofia de vida mais sã".
Sempre imaginar que já está conseguindo o que deseja.
Nesta altura, você pode começar a dar a si mesmo sugestões específi-
cas. Estas sugestões devem ser cui-
dadosamente planejadas, antes da in-
dução, de modo que você saiba o que
irá dizer ao seu subconsciente.
Que tal você achou esses testes?
Ficou impressionado com sua pró-
pria sugestibilidade - ou teve apenas
um grau razoável de reação às suas
próprias sugestões? Não importa o
muito ou pouco êxito que você teve,
lembre-se de que poderá melhorar.
Sim, podemos garantir-lhe isto: o
êxito virá. Quando, por meio do
exercício, você chegar a concluir es-
ses testes satisfatoriamente, terá ex-
perimentado o primeiro e leve estado
hipnótico. Você poderá então conse-
guir resultados maravilhosos, utili-
Fig. 59-L1L1AN ROMERO, cantora, zando sugestões pós-hipnóticas.
foi treinada em estado letárgico para Começará a experimentar o poder da
perder o medo e a timide~ de cantar sua própria mente - e se tornará
em público. Com três sessões, apenas,
obt('!le muito sucesso e venceu quatro senhor do seu próprio destino. À me-
concursos de canto. Um ww depois dida que praticar a auto-hipnose e
tornO/l-se profissional. utilizá-Ia como uma força para o
Bem, você verá que o seu próprio
"domínio mental" poderá influenciar
seus hábitos. Você se tornarácânscio
daquilo que o Dr. S. 1. Van Pelt
chama de "PODER INTERIOR".
"
CAPITULOxm

SUGESTÕES NOTURNAS PARA


CORRIGIR MAUS HÁBITOS
INFANTIS

Em nossa especialidade de Odontopediatria, lidando diariamente com


muitas crianças, tivemos ocasião de observar que são muitos e vários os
hábitos perniciosos infantis. Estes são mais evidentes quanto maior for a
desarmonia do ambiente em que vive a criança. São quase todos de origem
psíquica e psicossomática.
Os hábitos, devido a sua persistência e duração, influem de maneira
decisiva na personalidade do indivíduo, tanto física como mentalmente.
Segundo Copen, o efeito da angústia mental é o recaIque, no subcons-
ciente da pessoa, de um mal inevitável, que não pode resistir à verdade.
Inúmeros homens e mulheres preferem sofrimentos "físicos", sob a forma
de enfermidades aceitáveis, ao reconhecimento de seu estado emocional.
Tais pessoas preferem padecer de uma afecção física ou de um permanente
estado de ansiedade com sintomas físicos, a resignar-se a um papel solitário
de um ser não desejado ou amado.

N.A. Atendemos a inúmeros pedidos e, com a devida autorização do autor. reproduzimos o excelente trabalho
do Df. Alberto Lerro Barreto, Cirurgião-Dentista, inserido na n;vista "Seleções Odontológicas", nO43,julho-agos-
to, 1953, e já traduzido para diversos idiomas. Omitimos os relatórios. que avaliam a eficácia do método. O
procedimento do Df. Barreto também poderia ser chamado de HIPNOPEDIA (vide significado no glossário).

LETARGIA E HIPI'JOSE SEM MAGIA - 99


Um exemplo clássico deste mecanismo foi dado por Freud: uma jovem
preferia inconscientemente sofrer de dor aguda em seu braço a enfrentar a
causa verdadeira de frustrações de sua vida amorosa e a indiferença de seu
prometido. Muitas autoridades crêem que esta observação de Freud marca
o começo da "Medicina psicossomática", se bem que este termo não tenha
sido empregado por ele. A condição da paciente ilustra claramente o efeito
da emoção sobre o corpo. Este efeito emocional produzia uma forma de
reação em que a dor física era preferível a enfrentar a dor original (mental)
de não ser amada.
São estas "Dores psicossomáticas" que na maioria das vezes são
responsáveis por muitos hábitos perniciosos infantis, havendo também
certas atitudes viciosas que, como os hábitos perniciosos, de fundo emocio-
nal, requerem correção precoce. Citaremos alguns:
1) Usar chupeta,
2) Roer as unhas (onicofagia),
3) Chupar o dedo,
4) Atitude viciosa de dormir, com a mão ou braço debaixo do rosto,
5) Atitude viciosa de ler, apoiando a face sobre a mão,
6) Dormir de boca aberta (às vezes devido a adenóides),
7) Ranger os dentes, à noite ou durante o dia,
8) Morder a língua,
9) Chupar balas e comer doce em excesso,
10) Urinar na cama (enurese),
11) Sono agitado,
12) Falar à noite (hipnagógica),
13) Sonambulismo,
14) Ter medo de escuridão,
15) Ter medo de isolamento,
16) Irritabilidade,
17) Teimosia,
18) Desobediência,
19) Inapetência,
20) Não querer estudar,
21) Colocar o dedo no nariz,
22) Colocar a mão nos órgãos genitais freqüentemente (peotilomania),
23) Chorar facilmente,
24) Tique de piscar o olho,
25) Fazer caretas,
26) Mentir (mitomania),
27) Furtar ou roubar (cleptomania).
28) Arrancar os cabelos (tricotilomania),
29) falar com dificuldade (gagueira),
30) Negativismo, etc ...
Nós, dentistas, principalmente os odontopediatras e ortodontistas,
temos a obrigação de corrigir esses hábitos, principalmente os nove (9)
primeiros, pois são causas responsáveis por diversas maloclusões dentárias,
prejudicando enormemente a arcada dentária.
Para corrigir esses hábitos, usam-se geralmente métodos físicos e
traumáticos dos mais variados, tais como: amarrar as mãos, colocar pimenta
nos dedos, usar luvas, aparelhos mecânicos ortodônticos, inclusive um que
tivemos a oportunidade de ver, que parecia um verdadeiro "ancinho",
traumatizando a língua além de outros variados castigos.
São todos métodos ineficientes, pois o método físico só poderá algu-
mas vezes agir no psíquico do paciente depois de muita insistência.
Os hábitos psíquicos na criança podem ser removidos na maioria das
vezes pela psicanálise da criança, pela dos pais e principalmente pelo estudo
do ambiente, o que os possibilitaria descobrir a verdadeira causa do mau
hábito, conseguindo-se, pela sua eliminação, a cura radical.
Como sabemos, as curas psicanalíticas são morosas, durando meses
ou anos e exigindo entrevistas quase diárias. Isto a coloca fora das possibi-
lidades materiais da grande maioria da população. É impraticável para estes
hábitos tão comuns, que se apresentam em certa época da vida infantil,
(dando, às vezes, recalques ou defeitos físicos permanentes), principalmen-
te nos "filhos únicos", ou com nascimento de um segundo filho, pois o
primeiro sentirá o efeito da mudança do ambiente no lar, surgindo então
uma neurose provocada pelo "ciúme".
O problema da psicoterapia contemporânea é, pois, o de conciliar as
vantagens da psicanálise com as da sugestão. O método ideal, no que
respeita a sua difusão prática, seria aquele que proporcionasse os mesmos
resultados duradouros da psicanálise e permitis,se, por outro lado, uma cura
rápida, como é a cura sugestiva e como é o método que passaremos a
descrever:
Sugestões noturnas.
Para a correção de todos estes maus hábitos poderemos empregar o
"Método das Sugestões Noturnas" que não é novo, pois emjunho de 1897,
Lourenço Prado menciona-o num trabalho intitulado "A educação durante
o sono" e cerca de um ano depois o Dr. Paul Ferez, na França, escreveu uma
série de artigos perfilhando esse tratamento e os seus resultados. Também
Emile Coué apóia este método, que é, cremos nós, completamente ignorado
pela Odontologia.
O Prof. Baudoin, o famoso psicólogo suíço, afirma que o êxito deste
princípio, em muitos casos observados por ele mesmo, foi extraordinário.
Também nós já o experimentamos várias vezes e tivemos a satisfação
de verificar sua grande eficiência e sua facilidade de execução. É como um
analgésico para uma dor de cabeça, agindo sintomaticamente. Se tivemos
o dom psicológico de descobrir a causa, o resultado será ainda mais
surpreendente.
Q- Método das Sugestões Noturnas" deve ser feito da seguinte manei-
lI

ra: Depois que a criança estiver adormecida, o pai, a mãe ou qualquer pessoa
que tenha autoridade sobre ela, deve entrar no quarto, chegar à distância de
50 centímetros a 1 metro da cabeça da criança e, concentrando-se, repetir
de 10 a 20 vezes uma frase curta, simples, de preferência que não tenha a
palavra NÃO, falando em primeiro lugar o nome da criança e em seguida
dizendo o "PORQUÊ" ela deve corrigir o defeito, isto durante uns 10 a 20
dias seguidos e sem interrupção.
A criança não deve despertar porque perder-se-ia então o valor da
sugestão que é o de agir no subconsciente e não no consciente. A frase será
feita de acordo com o mau hábito que a criança apresenta. Usa-se em
primeiro lugar o nome da criança ou seu apelido para chamar a atenção do
subconsciente. Em seguida deve dizer-se o "PORQUÊ" não deve continuar
com o defeito, pois a criança também tem a sua lógica e um dom intuitivo
do certo ou errado.
Quanto menos se chamar a atenção da criança, durante o dia, sobre o
mau hábito, será melhor. Geralmente as crianças não "negativistas", isto é,
tendem sempre a fazer o contrário. Quando sabem que os pais querem
alguma coisa, aí é que não a fazem, porque sentem-se aborrecidas o dia todo
por mandarem-nas comer, dormir, estudar, etc ... Aproveitam-se então disto
para vmgarem-se.
Em casos de enurese poderia dizer-se, assim: - "Carlinhos, é feio
urinar na cama e lhe faz mal. "
Quando bem aplicado, o "Método das Sugestões Noturnas" corrige de
uma maneira maravilhosa, de 4 a 5 dias, qualquer mau hábito. Mas mesmo
assim devemos continuar usando-o durante 20 dias mais ou menos, para
que a sugestão fique bem gravada no subconsciente. Poder-se-ia comparar
o cérebro da criança a um disco virgem de vitrola, em que, gravada a frase,
esta aparecerá no consciente quando se fizer qualquer ato involuntário. Nós
sabemos que a nossa personalidade é comandada pelo subconsciente, e é
este que transmite ao consciente a maneira de agir.
Para melhor compreensão, poderemos considerar o cérebro dividido
em 3 partes: 1) Consciente, 2) Censura e 3) Subconsciente.
A noite, quando dormimos, ou quando estamos sob a ação da hipnose
ou de um hipnótico, a censura relaxa a sua vigilância e daí o aparecimento
dos sonhos, que são as imagens do subconsciente transmitidas ao conscien-
te. São endógenas, isto é, vêm de dentro para fora. Pelo "Método das
Sugestões Noturnas", agiremos de modo inverso, de fora para dentro e as
imagens são exógenas.
Uma das principais causas dos maus hábitos infantis é o "Ciúme". Isto
se dá comumente em filhos únicos, tratados com todos os mimos e como
pequenos "Reis" do lar, e cujos pais têm depois um segundo filho. Esta
criança sente-se desamparada e desambientada, pois acha (no seu subcons-
ciente), que os pais dão mais atenção ao menor e, portanto, gostam mais
dele. De maneira nenhuma o ambiente será o mesmo e daí aparecendo os
mais variados maus hábitos, tendo como fin'alid~e principal chamar a
atenção dos pais sobre ele.
Infelizmente e para maior dificuldade de aplicação do "Método das
Sugestões Noturnas", há muitos pais que não compreendem o papel do
subconsciente dominando o consciente, aceitando sem maior preocupação
a afirmação do filho quando este diz que gosta muito do irmão ou quando
afirma que deseja deixar o mau hábito.
No caso de "ciúme" (subconsciente) é surpreendente o resultado, uma
vez que se repita durante umas 10 vezes, à noite, por 10 a 20 dias, a seguinte
frase: "Zezinho, a mamãe e o papai gostam tanto de você como do Jorge".
Depois de uns IO dias, fazer a frase de acordo com o mau hábito, se é
que este já não desapareceu só com a simples frase citada.
Tivemos um caso interessante de uma menina cuja gagueira, bem
pronunciada, aparecia somente quando estava nervosa. Havia outra irmãzi-
nha de 1 ano. Mandamos que a mãe fizesse a frase acima. Verificamos, em
3 dias apenas, uma melhora extraordinária na criança, que já havia percor-
rido diversos médicos psiquiatras para corrigir este defeito; sem resultado
algum.

Fig. 60 - Dr. Alberto Lerro Barretto, um dos pioneiros da Hipnose Científica no


Brasil, repete afaçanha do Padre Kircher - Hipnotizando o galo. Para alguns
autores, a hipnose animal é chamada de -fascinação.
"
CAPITULO XI\

,
QUE E O TREINAMENTO
,
AUTOGENO?

o treinamento autógeno de Schultz deriva-se da hipnose Schultz,


porém partiu dos métodos tradicionais, no sentido de que o treinamento
autógeno é um método de condicionamento fisiológico racional destinado
a produzir uma alteração psicobiológica geral no indivíduo, no qual todas
as manifestações obtidas pela hipnose superficial tornam-se possíveis. Isto
é obtido sem que se recorra a técnicas psicológicas para ganhar a confiança
do paciente e sem que se insista para que deixe de lado seu livre-arbítrio e
consinta em ser influenciado. Assim, evita-se uma das principais objeções
levantadas contra a hipnose, o domínio do hipnotizador. A técnica de
Schultz é a "hipnotização fisiológica" ou "auto-relaxamento através da
concentração". Seu objetivo é desconcentrar o cérebro pensante do resto do
organismo. Conseqüentemente, como Paul Chauchard exprimiu muito bem,
"uma vez que a barreira da consciência não existe fisiologicamente no
córtex cerebral, o controle dos músculos voluntários estender-se-á também
aos músculos involuntários".
O indivíduo começa obtendo controle sobre os músculos voluntários,
já que isto lhe é bastante familiar. Depois, ele vai progressivamente desen-
volvendo o controle sobre o sistema circulatório, coração, respiração,
órgãos e, finalmente, a cabeça (pois o treinamento autógeno é um processo
terapêutico). Em sua própria casa, duas vezes por dia e nunca mais do que
três, o indivíduo realiza uma série graduada e progressiva de seis exercícios.
Fig. 61 - Em Miami (USA), o Prof Paulo Paixão letargizajovem muçulmana
para aprendizado de idiomas.

Depois de cerca de três meses, o indivíduo será capaz de colocar-se em um


estado de relaxamento perfeito, seguido por uma sensação de peso nos
membros e uma sensação geral de calor. Estas sensações constituem duas
das características da hipnose leve.
Primeiro exercício - O indivíduo está deitado ou sentado de olhos
fechados, e totalmente relaxado. Diz para si mesmo, cinco ou seis vezes em
qualquer ritmo que lhe agradar: "Meu braço direito está muito pesado" (o
braço direito se ele é destro e o esquerdo, se canhoto). Então, acrescenta
uma vez, para lembrar-se do objetivo básico de todo o treinamento: "Estou
totalmente relaxado." Este exercício dura poucos minutos, e, então, para
terminá-Ia o indivíduo estende e flexiona rapidamente o braço e respira
fundo. Depois disto, abre novamente os olhos.
Este exercício deve ser repetido durante duas semanas. Se for realizado
com sucesso, a sensação de peso, sentida primeiro no braço, torna-se
espontaneamente generalizada em todos os membros.
Segundo exercício - Uma vez que a sensação generalizada de peso foi
obtida (e verificada pelo médico), o indivíduo diz para si mesmo: "Meu
braço direito está muito quente". Leva duas ou três semanas para o calor
espalhar-se por todo o corpo de uma forma generalizada como aconteceu
com a sensação de peso. O indivíduo fica consciente disto, porém a sensação
não é uma simples impressão. Observou-se algumas vezes que a tempera-
tura da pele, sobe até dois ou três graus e a temperatura retal cai um pouco.
Terceiro exercício - Depois deste controle dos vasos sanguíneos, que
está vinculado ao aumento da temperatura, vem a regulação do coração, ou
"conscientização do coração". O indivíduo interessa-se pelo funcionamento
do seu coração e descobre que pode influenciá-lo. Algumas vezes ele é
capaz de acelerar ou diminuir as batidas consideravelmente. Um paciente
cuja pulsação normal era 76 foi capaz de produzir variações entre 44 e 144
batimentos cardíacos por minuto enquanto ainda estava imóvel e sem haver
nenhum trauma emocional precipitando a situação. Este exercício deve ser
feito durante duas ou três semanas.
Quarto exercício - O controle da respiração constitui o quarto estágio.
Não é tanto uma questão de controlar a respiração, mas sim de deixá-Ia
funcionar sem nenhum esforço consciente. Schultz escreveu: "Instruímos
os pacientes a abandonarem-se às suas respirações." Esta libertação causa
mudanças marcantes e permanentes no ritmo respiratório. Conseqüente-
mente, os exercícios anteriores agora tornam-se mais intensos e demons-
tram efeitos mais notáveis.
Quinto exercício - O indivíduo concentra a atenção no seu plexo solar
para integrar o controle dos órgãos abdominais aos órgãos controlados do
corpo. Ele imagina que o plexo solar está "repleto de calor". É comum
observar um relaxamento imediato do intestino com raio-X. Além disto,
todo o corpo está relaxado porque todos os cinco exercícios foram domina-
dos. Agora o indivíduo tem a sensação de emanar calor por todo o corpo:
um calor comparável ao de um banho, e, ~ fato, o método de Schultz foi
inspirado pelo psiquiatra Kraepelin, que havia descrito o banho como
calmante.
Sexto exercício - O indi víduo concentra-se na frase: "Minha fronte está
agradavelmente fria". Isto é o mesmo que colocar uma compressa fria na
testa do indivíduo quando ele está imerso em um banho quente.

N .A. OS exercícios de treinamento autógeno podem causar distúrbios no organismo. Portanto, é perigoso adotá-I os
sem supervisão médica.
-'
CAPITULO XV

LIBERTE SUA PERSONALIDADE

Na Bíblia, lemos que Jesus ensina: "O que quer que um homem
pense, assim ele o será". Num sentido muito real, nós somos o que
acreditamos ser.
Princípios Gerais
A "auto-imagem" é a chave da personalidade humana e do comporta-
mento humano. Mudemos a auto-imagem e mudaremos a personalidade e
o comportamento.
Mais ainda: a "auto-imagem" estabelece as fronteiras das realizações
individuais. Expandir a auto-imagem é expandir a "área do possível". A
aquisição de uma auto-imagem realista, adequada, parece insuflar no indi-
víduo novas faculdades, novas aptidões e, literalmente, transformar o
fracasso em sucesso.
A psicologia da auto-imagem não apenas foi comprovada graças a seus
próprios méritos, como também explica muitos fenômenos que desde há
muito tempo eram conhecidos, mas que não foram devidamente compreen-
didos no passado. Por exemplo: existem hoje no campo da psicologia
individual, da medicina psicossomática e da psicologia industrial, irrefutá-
veis provas clínicas de que há "personalidades do tipo sucesso", e "perso-
nalidades do tipo fracasso", "personalidades propensas à felicidade" e
"personalidades propensas à infelicidade", e "personalidades propensas à
saúde" e "personalidades propensas à doença". A psicologia da auto-ima-
gem projeta nova luz sobre o "poder do pensamento positivo" e, o que é
mais importante, explica por que este "dá certo" com alguns indivíduos e
não com outros.
Para compreender a psicologia da auto-imagem e poder aplicá-Ia em
sua própria vida, você precisa conhecer um pouco do mecanismo que ela
emprega para atingir seus objetivos.·Há abundância de provas científicas
que mostram que o cérebro e o sistema nervoso humano operam delibera-
damente de acordo com os princípios conhecidos da Cibernética para atingir
os objetivos do indivíduo. O cérebro e o sistema nervoso constituem um
complicado e maravilhoso "mecanismo perseguidor de objetivos", uma
espécie de sistema inerente de orientação automática que trabalha para você
como um "mecanismo de êxito" ou contra você como um "mecanismo de
fracasso", dependendo de como "você", o operador, o opera.
A Cibernética, que por ironia começou como um estudo de máquinas
e princípios mecânicos, está contribuindo muito para restaurar a dignidade
do homem como um ser incomparável, dotado de espírito criador. A
Psicologia, que começou com o estudo da psique, ou alma humana, quase
110 - LETARGIA E HIPNOSE SEM MAGIA
acabou por privar o homem de sua alma. Os behavioristas, que não com-
preendiam nem o homem nem sua máquina, e portanto confundiam um com
a outro, nos afirmavam que o pensamento é o mero movimento de elétrons,
e a consciência simples reação química. A "vontade" e a "resolução" eram
mitos. A Cibernética, que começou com o estudo de máquinas, não comete
tais erros. A ciência da Cibernética não nos diz que o homem é uma máquina
mas sim que o homem tem e usa uma máquina. Além disso, ela nos ensina
como essa máquina funciona e como poder ser utilizada.
A nova ciência da Cibernética ( I) nos esclarece porque a auto-imagem
produz resultados tão surpreendentes e mostra que tais resultados consti-
tuem o funcionamento normal e natural da nossa inteligência e do nosso
cérebro. Ela encara o cérebro, o sistema nervoso e o sistema muscular do
homem como um "servo mecanismo" altamente complexo. (Uma máquina
automática de busca de objetivos, que "dirige" sua rota até a um alvo ou
objetivo, usando para isso dados de "retroação" e informações armazenadas,
e retificando automaticamente seu curso quando necessário). Como disse-
mos anteriormente, este novo conceito não significa que "você" é uma
máquina, mas que seu cérebro e seu corpo funcionam como uma máquina
que "você" opera. Esse mecanismo criador automático que há dentro de nós
atua em uma só direção. Ele precisa de um alvo em que atirar. Como disse
Alex Morrison, precisamos primeiramente ver com nitidez uma coisa em
nosso espírito, antes de podermos executá-Ia. Satisfeita essa condição, o
"mecanismo de êxito", que há em nós assume; o comando e faz o que precisa
ser feito melhor do que nós o poderíamos fazer por meio de esforço
consciente ou da "força de vontade".
Em vez de tentar fazer determinada coisa por meio de uma férrea força
de vontade, preocupando-se continuamente, imaginando tudo que poderá
sair errado, você deve simplesmente relaxar a tensão, interromper o esforço,
desenhar mentalmente o alvo desejado, e "deixar" que seu mecanismo de
êxito assuma a direção. Assim, desenhando mentalmente o objetivo visado,
você se obriga a um "pensamento positivo". Nem por isso você será, depois,
poupado de esforço e trabalho, mas seus esforços serão no sentido de
conduzi-Io para a frente, em direção do seu objetivo. Você não se perderá
em conflitos mentais, que ocorrem quando você "quer" e "tenta" fazer
determinada coisa, mas vê mentalmente outra coisa qualquer.

(I) N.T. - a) CIBERNÉTICA é a ciência da comunicação e da regulagem nas coisas. b) CIBERNÉTICA:


Denominação dada por WIENER (em 1948) ao estudo do controle e da eomunieação, tanto em relação ao
.comportamento do homem como do animal e também em relação aos sistemas e1etromecãnicos. Alguns modelos
já foram elaborados. Entre eles, destacam-se os CEREBROS ARTIFICIAIS e o Homcostato de Ashby. A
etimologia da palavra é grega, e, significa: timoneiro, governo. c) CIBERNETICA: Ciência moderna (1948) que
estuda o funcionamento das eonexôes nervosas nos seres vivos e os sistemas de comunieação. assim como a
regulagem automática com sistemas eletrônicos e mecãnicos semelhantes aos SUIS. É uma ciência interdiscipli-
nária com aplicaçôes na matemátiea, na biologia, na mecânica. na lingüística e sobretudo na informática com
seus complexos aparelhos eletrônicos.
Exercício
(Para ser praticado pelo menos 30 minutos diariamente).
Sente-se confortavelmente numa poltrona ou deite-se de costas. Cons-
cientemente, "solte" tanto quanto possível os vários grupos musculares, sem
fazer muito esforço nesse sentido. Também conscientemente, preste aten-
ção às várias partes do seu corpo e solte-as um pouco. Você descobrirá que
pode sempre relaxar-se, voluntariamente, até certo ponto. Você pode parar
de franzir o sobrolho, relaxando a fronte. Pode afrouxar um pouco a tensão
dos maxilares. Pode deixar as mãos, os braços, os ombros, as pernas, ficarem
um pouco mais relaxadas do que estão. Gaste nisso uns cinco minutos,
depois pare de prestar atenção aos músculos. Você tentará ir só a esse ponto,
mediante o controle consciente. Daí em diante você relaxará mais e mais,
usando seu mecanismo criador para que produza automaticamente um
estado de relaxação. Em suma, você vai usar "imagens de objetivos", que
manterá diante de sua imaginação, e deixar que seu mecanismo automático
alcance esses objetivos para você.

Quadro Mental N° 1
Mentalmente veja-se a si mesmo deitado numa cama, bem estirado.
Forme de suas pernas a imagem de como seria se fossem de concreto. Veja
a si mesmo deitado com duas pernas de concreto, muito pesadas. Veja essas
pernas afundando no colchão em virtude de seu peso. Agora procure ver
seus braços e mãos como se fossem de concreto. Seus braços e mãos são
também muito pesados e estão afundando no colchão e fazendo tremenda
pressão na cama. Com os olhos do espírito veja um amigo entrar no quarto
e procurar erguer suas pesadas pernas de concreto. Ele agarra seus pés e
tente levantá-Ios. Mas são muito pesados para ele; não consegue fazê-Io.
Repita isso com os braços, pescoço, etc.

Quadro Mental N° 2
Seu corpo é uma enorme boneca de pano. Suas mãos estão amarradas
aos pulsos, de maneira frouxa, por meio de um barbante. Seu antebraço está
frouxamente ligado ao braço e o braço frouxamente ligado ao ombro, por
meio de um barbante. Seus pés, pernas, coxas, também estão ligados um ao
outro por meio de barbante. Seu pescoço consiste de um pedaço de barbante
muito bambo. Os barbantes que controlam seus maxilares e mantêm juntos
os lábios afrouxaram-se de tal maneira que seu queixo caiu molemente no
peito. Todos os barbantes que ligam várias partes do seu corpo estão bambos
e em conseqüências seu corpo está esparramado na cama.

Quadro Mental N° 3
Seu corpo consiste de uma série de balões de borracha, cheios, duas
válvulas se abrem em seus pés, e o ar começa a deixar as pernas. Estas
começam a se esvaziar até não passarem de balões murchos largados sobre
a cama. Em seguida uma vál vula se abre em seu tórax, o ar começa a escapar
e todo o seu corpo fica murcho amarrotando-se sobre a cama. Contiriue com
os braços, cabeça e pescoço.

Quadro Mental N° 4
Muitos acham este exercício o mais relaxador de todos. Busque na
memória alguma aprazível e tranqüilizadora cena do passado. Há sempre
na vida de todos nós uma época em que nos sentimos repousados, à vontade,
em paz com o mundo. Escolha entre suas lembranças o quadro preferido e
procure recordar imagens com todos os pormenores possíveis. Suponhamos
que a cena é um lago na montanha, onde você foi pescar. Em tal caso, preste
atenção nas pequenas coisas incidentais que há nas redondezas. Lembre-se
do rumorejar da água. Que sons estavam presentes? Você ouvia o suave
sussurro das folhas. Ou talvez você se recorde de estar sentado, perfeita-
mente à vontade, e até um pouco sonolento, diante de uma lareira, há muito
tempo. Os troncos de maneira soltavam faíscas e estalavam? Que outros
sons e imagens estariam presentes? Você talvez prefira lembrar-se de
quando esteve deitado ao sol, numa praia. Qual era a sensação da areia em
seu corpo? Você sentia o calor repousante dos raios de sol que tocavam em
seu corpo quase como se fossem um objeto palpável. Havia uma aragem
muito leve? Havia gaivotas na praia? Quanto mais detalhes desse gênero
você puder lembrar e desenhar para si mesmo, melhores serão os resultados
do exercício.
A prática diária tornará esses quadros mentais, ou lembranças, cada
vez mais nítidos. O efeito do aprendizado será também cumulativo. A
prática fortalecerá a correlação entre a imagem mental e a sensação física.
Você terá cada vez maior perícia em conseguir relaxação, e isto será também
"lembrado" em futuros exercícios.

Quando nos decidimos a reduzir as atividades mentais e sociais, nos


embrutecemos a nós mesmos. Ficamos "fossilizados" em nossas maneiras
de ser, nos aborrecemos e abandonamos nossas esperanças. Não tenho a
menor dúvida de que poderíamos pegar um indivíduo saudável de 30 anos
LETARGIA E HIPNOSE SEM MAGIA. 113
e dentro de cinco anos fazer dele um "velho", se pudéssemos convencê-Io
de que ele estava velho, de que qualquer atividade física era perigosa, e de
que as atividades mentais eram inúteis. Se pudéssemos induzi-Io a sentar-se
o dia inteiro numa cadeira de balanço, abandonar os sonhos do futuro, o
interesse em novas idéias, e ver a si mesmo como "liquidado", "inútil", estou
certo de que poderíamos criar experimentalmente um velho. O Dr. John
Schindler, em seu famoso livro How to Live 365 Days a Year (Como Viver
365 Dias por Ano), salientou o que acreditava serem as seis necessidades
básicas de todo ser humano:
1. Necessidade de Afeição
2. Necessidade de Segurança
3. Necessidade de Expressão Criadora
4. Necessidade de Reconhecimento
5. Necessidade de Novas Experiências
6. Necessidade de Amor-Próprio
A essas seis eu acrescentaria mais uma necessidade básica: a necessi-
dade de mais vida - a necessidade de encarar o amanhã e o futuro com
experiência e alegria.
Extraído de Liberte sua Personalidade - de Maxwell Maltz, Ed.
Bestseller, 2a ed., São Paulo, 1971.

N.AA - A Máquina Humana.


Da máquina humana (do corpo humano) não, po<J~[irJ.r mais do que: uma agulha de aço, sete pequenos tabletes
de sabão, 2.000 palitos de: fósforo. artigos cujo pn:'o 'onjul1lo não exct:derá de UIl1dólar. O fato de que essa
máquina - que apenas vale um dólar - seja capaz de: pôr e:1I1movime:nto durante sua curta vida valores
extraordinários, e seja capaz de: subjugar for'as nalllrais aparel1l~me:l1le invencíveis, é fruto da ajuda anímico-es-
piritual que lhe dá um COl/Slrulorexterno e mais alto. Me:tade:da vida humana é biologia; a outra metade é espírito
e inspiração divina. As forças espirituais conseguem venCér e desatar as ligaduras [errenas do homem e o levam
para os ·ideais da beleza eterna. Levam 11 imortalidade - essa máquina que vale um dólar.
"'
CAPITULO XVI

LETARGIA NOS ESPORTES


A hipnose, considerada até o século passado como bruxaria, descar-
tou-se de seu aspecto mágico e serve como auxiliar de vários tratamentos e
treinamentos. Nos Estados Unidos, na U.R.S.S., na Alemanha, França e
Romênia, a hipnose, a título de ensaio, é empregada para aprendizagem e
no treinamento de atletas.
É sabido que o treinamento de um esportista tem como objetivo
principal prepará-Io para que fique em condições de render o máximo dentro
de suas capacidades e especialidades esportivas que pratique. Na evolução
histórica do treinamento de atletas, verificamos que no início ela se limitava
a ser um simples treinamento físico. Posteriormente, houve a preocupação
em atender aos aspectos médicos gerais, e nos últimos dez anos a influência
do psicólogo adquiriu uma importância relevante no âmbito das práticas
~~~~. -
Segundo concepções modernas, um treinamento'rigoroso e os aspectos
médicos gerais não são suficieQtes. Atualmente, abalizados psicólogos
consideram que a atitude mental representa mais de 50% da batalha que
cada desportista vai travar para conseguir uma boa atuação ou mesmo para
conseguir novos recordes.
Apenas, para citar alguns casos concretos, mencionaremos o êxito dos
nadadores australianos, dos atletas russos, romenos e de alguns futebolistas
europeus em que se introduziu a prática hipnótica com objetivo de se
conseguir o máximo de rendimento de cada atleta.
NAS OLÍMPIADAS
o Dr. Forbes V. Carlile, médico da equipe de natação da Austrália, na
última olímpiada, aproveitou a aplicação de sugestões post-hipnóticas para
treino de seus nadadores, e foi assim que a própria campeã olímpica de
natação ludy Joy Davies atribuiu seu recorde de 100 metros de nado de
costas ao processo hipnótico empregado pelo Dr. Carlile. Igual processo foi
utilizado com ajovem romena - Nádia Comaneci, de 14 anos de idade, que
assombrou o mundo com a sua ginástica acrobática. Juntamente com o Dr.
Carlile destacou-se o psicólogo australiano, Frank Cotton, sendo conside-
rados os pioneiros do hipnotismo aplicado à natação.
No caso dos jogadores de futebol, brasi leiros, con vém frisar desde logo
que o hipnotismo não é uma fórmula mágica que permita criar aptidões de
que careça um determinado jogador. Mas propiciaria o melhor aproveita-
mento das capacidades potenciais que ele possua. A hipnose é apresentada
como uma técnica que oferece muitas promessas de excelentes resultados,
desde que utilizada como parte do treinamento, e empregado por profissio-
nais competentes.

Alguns autores, entretanto, entendem que o emprego da hipnose no


treino dos jogadores seria uma espécie de "dopping". Atualmente, se
conceitua como "dopping" todo maior rendimento obtido por meiosartifi-
ciais. Isso faz com que o hipnotismo figure, para alguns, na lista negra dos
que encetaram a campanha contra o "dopping" nas práticas esportivas.
Contudo, o médico chileno Carlos Ramirez, em seu recente livro
intitulado - Temas de Hipnosis - diz o seguinte: "pessoalmente considera-
mos muito discutível o conceito atual de "dopping" e muito particularmente
no que se refere às sugestões post-hipnóticas tendentes a propiciar uma
maior resistência à fadiga, pois é sabido que hoje se permite ministrar
glicose e os derivados do ácido aspártico em pleno período de competição,
justamente para mitigar os efeitos do cansaço".
O emprego da hipnose nas práticas esportivas constitui um banco de
ensaio para aferição das reais possi bi Iidades do homem, pois já disse Wundt:
"Relegar o hipnotismo ao gabinete do médico é desconhecer sua verdadeira
natureza".
Não seria difícil demonstrar que quanto mais progride o homem na
conquista de seus poderes secundários - que são de origem mecânica, mais
retrocede na posse de seus poderes primários - que são de origem intuitiva,
e os quais vai perdendo sem cessar, numa época em que as preocupações
essenciais são mecânicas, espaciais e nucleares, isto é, de todas as espécies,
menos humanas.

Fig. 62 - Jogadora de voley faz treinamento em estado letárgico


VISUALlZANDO o alvo para arremesso correto. Relaxamento, imagem mental,
visualização de movimentos e prática constante constituem o segredo dos
grandes campeões nos esportes.
Uma das primeiras lições que se deve aprender é que a mente constitui
poderoso fator de tudo que se faz, inclusive de exercícios que parecem exigir
um máximo de força física.
Recordemos que, além da força mental, há dois fatores básicos: 1°) A
prática constante é o segredo do sucesso; 2°) auto-confiança. Auto-confian-
ça é um componente da crença de um atleta em sua vontade de vencer. Existe
também uma experiência interior que freqüentemente acompanha esses
momentos de confiança; trata-se da sensação de possuir poderes que ultra-
passam as experiências cotidianas.
Pelé, o Atleta do Século, em sua auto-biografia - My Life and the
Beautiful Game (Minha Vida e o Jogo Maravilhoso) pintou um quadro
vivo de tal momento: "Sentia que poderia correr todo o tempo da
partida sem me cansar, que poderia driblar qualquer jogador e toda a
equipe e quase poderia atravessá-los fisicamente".
Pelé, antes das partidas, praticava auto-relaxamento e visualizava as
jogadas.
Segundo Kellner, "o jogador que pensa demasiadamente fica inibido".
O jogo deve ser natural, automático e espontâneo. Kellner identifica quatro
etapas para conseguir este estado de atuação:
1 - Relaxamento da mente de do corpo; 2 - Descobrir o poder mental
das imagens; 3 - Aumentar a concentração mantendo imagens mentais do
resultado final desejado durante uns segundos; 4 - Prática constante.

O primeiro passo é você instalar-se tão confortavelmente quanto


possível. Estamos supondo que seus pés estejam apoiados de algum modo.
Mantenha-os descruzados e lado a lado, separados apenas por alguns
centímetros. Os braços devem estar também em repouso, o braço esquerdo
amparado no encosto lateral esquerdo e o direito pousado no encosto lateral
direito. Agora, recoste-se e recline a cabeça no respaldo da poltrona.
Você ainda não está relaxado.
Relaxar o corpo inteiro é mais difícil do que se imagina, exceto, é claro,
no caso em que hád~smaio. Mas sem que seja necessário desmaiar,
concentre-se no relaxam'ento de cada uma das partes do corpo. Comece pela
perna e pés esquerdos. Levante um pouco o pé e mantenha-o no ar por alguns
segundos; feito isso, deixe a perna cair pesadamente sobre o apoio. Passe,
agora, para a perna direita. Levante um pouco o pé direito, mantenha-o no
ar por alguns segundos e então solte a perna.
Agora, sem tirar o pé esquerdo do seu apoio, imagine que você o está
levantando. Você sente uma leve tensão na perna, uma leve tensão no pé.
Relaxe. Mantenha o pé direito imóvel e imagine-se levantando a perna no
ar. Outra vez, você sente uma leve tensão. Relaxe.
Concentre-se, agora, no braço esquerdo. Levante-o um pouco e man-
tenha-o no ar por alguns segundos. Deixe-o cair pesadamente, sem vida.
Faça o mesmo com o braço direito; levante-o no ar e solte-o.
Mantenha o braço esquerdo repousado e imagine que você está prestes
a levantá-Io. Você sente uma leve tensão no braço. Relaxe. Repita o mesmo
com o braço direito: imagine que está outra vez prestes a Ievantá-Io. Libere
a tensão e relaxe.
Volte sua atenção para a cintura. Desencoste o estômago e a parte
inferior do tronco da cadeira, espere um pouco, deixe-se cair. Permaneça
encostado, mas imagine que você está prestes a levantar-se. Sentirá uma
leve tensão. Relaxe. Agora, afaste os ombros e o tórax da cadeira, mante-
nha-se assim por alguns minutos e deixe-se cair outra vez. Sem se mover,
mantenha os ombros e o peito repousados e imagine-se levantando-se da
cadeira. Você sentirá leve tensão. Mantenha-se assim. Relaxe.
Finalmente, a cabeça. Desencoste-a da poltrona alguns centímetros.
Deixe-a cair. Imagine-se afastando-a outra vez do encosto. Sentirá uma leve
pressão. Relaxe. Sem mover a cabeça, contraia todos os músculos faciais,
mais e mais. Relaxe as feições. Sentirá uma leve tensão no rosto, ao redor
dos olhos, através do nariz e na boca. Relaxe.
Agora você está sentindo todo o seu corpo relaxado, pesado. Desd~ a
cabeça, o rosto, o pescoço, os ombros, todo o tronco, até as pernas e os pés.
Você sente o corpo todo pesado e morno, afundando na poltrona. Desfrute
desta sensação de relaxamento por um momento. Seu corpo parece estar
deslizando, afundando mais e mais na cadeira.

N.AA - Este tipo de relaxamento é aconselhado pelo Dr. Roger Bernhardth e David Martin no livro: Autodomínio
através da Auto-Hipnose, Ed. Recod, São Paulo, 1977. Vide outro tipo de relaxamento no capítulo: LIBERTE
SUA PERSONALIDADE.
IN,DUÇÃO
/ Agora passemos para o processo de indução propriamente dito. O
processo divide-se em três etapas que deverão ser cumpridas sucessivamen-
te:
Um. Levante os olhos em direção às sobrancelhas. Continue a levan-
tá-Ios cada vez mais em direção ao alto da cabeça.
Dois. Mantenha o olhar naquela posição, feche as pálpebras devagar
e inspire profundamente.
Três. Expire. Relaxe os olhos. Deixe-se flutuar.
Assim, de acordo com a nossa contagem progressiva, na primeira
etapa, você faz um único movimento: levanta o olhar. Na segunda etapa são
dois movimentos: fecha os olhos e inspira profundamente. Na terceira etapa,
são três movimentos: expira, relaxa os olhos e deixa-se flutuar.
Sentir-se relaxado e deslizando pela poltrona são sensações muito
agradáveis.
Agora, deixa-se abandonar neste relaxamento e tire umas férias ima-
ginárias. Imagine-se num lugar onde você já esteve ou gostaria de estar,
algum recanto onde você se sinta à vontade, em paz consigo mesmo e com
o mundo.
Muitas pessoas imaginam-se numa praia deserta, sob o calor do sol,
sentindo a bri a do mar, ouvindo o barulho das ondas. Outras imaginam-se
num isolado recanto nas montanhas. Há ainda aqueles que se imaginam
desfrutando de uma grande e morna piscina. Escolha o seu local predileto
para passar as féria . Imagine-se lá. E grátis.
Agora, você e [á no lugar com que sonhou. Seu corpo continua
deslizando mais e mai pela poltrona. Seu corpo agora é uma coisa à parte
de você. Você pode deixá-Io parado e distanciar-se dele. Agora, você pode
dar instruções ao seu corpo, dizer-lhe como ele deve agir.
Aqui entra a fase de indu, ão ao oitavo estado letárgico já descrito no
capítulo: estados letárgicos.
Convém frisar que o hipnoti mo somente mobiliza as capacidades que
estão dentro do indivíduo. É puramente fantasioso o enredo do filme
"Svengali", exibido no Brasil em 1932, com grande sucesso, e, extraído da
novela de George Du Maurier. a referida película, a heroína Trilby,
totalmente incapaz de cantar,· transforma-se numa grande cantora sob a
influência das sugestões dadas pelo hipnotizador "Svengali ". A mentalidade
de Trilby, acreditando nos poderes mágicos de Svengali, ainda permanece
na crença de muitas pessoas no que se refere à hipnose.
Você deve praticar a auto-hipnose algum tempo antes de qualquer
grande partida, jogo ou competição e a cada duas horas no dia do grande
desafio. Com o auxílio da auto-hipnose você se sentirá mais calmo e
confiante e, à medida que o grande momento for se aproximando, seus
músculos estarão relaxados, porém atentos, seu interesse pela próxima
competição será ávido. Além disso, você estará encorajando e incentivando
a sua equIpe.

NÁDIA COMANECI, SUCESSO MUNDIAL

Fig. 63 - NÁDIA COMANECI, a ginasta


romena, que aos 14 anos de idade,
assombrou o mundo nas Olimpíadas de
Montreal (Canadá, 1976), arrebatando
todas as medalhas de ouro. Ao voltar à f

Romênia, foi recebida como heroína


nacional: ganhou casa, automóvel e um
bom ordenado. Sua vida foi motivo de um
filme: LA CAMPIONA. Em 1989, fugiu
da Romênia· e exilou-se nos Estados
Unidos da América. Em entrevista à
imprensa, declarou: "Prefiro a liberdade
e o amor a todo sucesso que tinha na
Romênia".
Fig. 64 - Nádia entre seu pai (à
esquerda) e seu treinador
romeno Bela Karolyi que a
iniciou nos exercícios
letárgicos, ensaio mental e Fig. 65 - Atualmente (1995),
visualização. Desde 1981, Bela Nádia Camaneci, aos 33 anos, vive
Carolyi vive nos Estados no Canadá, onde é professora de
Unidos. educação física.

Fig. 66 - Nádia visitando a sede


da Sociedade Cultural
Brasi/-Romênia, em São Paulo,
1983. Ao seu lado - Dr. Augustin
Ri/a - presidente da referida
sociedade. Nádia esteve no Brasil
duas vezes.
,
CAPITULO XVII

INSTITUTO BRASILEIRO DE
PARAPSICOLOGIA (IBRAP)
o IBRAP (lntituto Brasileiro de Parapsicologia), primeira instituição
científica no gênero a surgir no Brasil, foi fundado em 06/0111958 - por
idéia e iniciativa do psicólogo Lázaro Brízzio (+ 1972) que o manteve
sempre atuante graças a seus esforços e ajuda financeira. O IBRAP foi
registrado no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, sob o n° 7335, Livro A5,
em 27/0111960, Rio de Janeiro, RJ. O padre Estêvão Bettencourt, O.S.B.
foi Presidente do Instituto Brasileiro de Parapsicologia durante 19 anos,
desde sua fundação até 12/03179.
Segundo o art. 1° dos Estatutos:
"O IBRAP, Sociedade Civil de intuito não lucrativo tem por finalidade:
a) Desenvolver o conhecimento científico da Psicologia, Parapsicologia e
demais ciências afins, através de pesquisas, cursos, conferências, e
publicações;
b) Manter um Centro de Pesquisas e outros Departamentos, em colabora-
ção científica com Institutos congêneres nacionais e internacionais."
Na Assembléia Geral, realizada em 6.6.1995, foi eleita a nova Diretoria
que está assim constituída:
Presidente: Dr. Paulo Paixão; Vice-Presidente: Dr. César dos Santos
Silva; Secretário Geral: Maria Alice Balestrero; Tesoureiro: Dr. Aristeo
Gonçalves Leite; 1° Diretor Assistente: Lúcia Helena do Nascimento; 2°
Diretor Assistente: Severino Rocha; Diretor do Centro de Pesquisa: Dr.
Flávio Infante Vieira; Diretor do Departamento de Psicologia Experimen-
tal: Dra. Teresa Balbi.
SÓCIOS FUNDADORES: Dr. Aristeo Gonçalves Leite; Dom Boa-
.ventura Kloppenburg, Bispo Diocesano de Novo Hamburgo (RS); Dr. César
dos Santos Silva; Padre Estêvão Bettencourt, OSB; Padre Luiz Benjamem
Henrique Rech (Irmão Vitrício); Dr. José Lopes e Dr. Paulo Paixão.
SÓCIOS CORRESPONDENTES no Brasil: Dr. Alberto Lerra Barre-
to; Dr. Avelino Sobrinho, Dr. Eurico da Silva Mattos; Dr. Jorge Luiz Brand;
Dr. Plínio Miranda; Dr. Osvaldo Monteiro Filho; Márcia Danielson; Dr.
João Pedro Matta; Dom Belchior Silva Neto (Bispo émerito de Luz (MG));
Prof. Percy Holanda, Dr. Rui Fernando Cruz Sampaio e Dr. Haeckel
Meyer.
SÓCIOS CORRESPONDENTES no Exterior: (Correspondents mem-
berships): Abdo Fadlala (Paraguai), América Glasfeld (Equador), Dr. Eu-
dora Falconi (Equador), Bianca Montague (Austrália),Célia Watanabe
(Tailândia), Dr. César Paredez (Equador), Df". Diana Lopes Nieto (Equa-
dor), Federico Abente (Paraguai), Df". Galina Solovey (Uruguai), Gilberte
Thirion (Bélgica), Grima Martinez (Equador), Dr. Henrique Guzman
(Equador), Dr. Hubert Larcher (França), Iva Thomson (USA), Larry Carr
(USA), Dra. Magda Volgyesi (Hungria), Padre MareeI Allard (Canadá),
Maria Mercedes Maricevich (Paraguai), Manuel Alfaro (Paraguai), Df".
Olinda Massare Kostianovsky (Paraguai), Df" Josefina Delia Ponce (Argen-
tina), Dr. Robert Amadou (França), Dr. Robert Toquet (França); Dr. Patricio
Bermudez (Equador); Ruth Garcia (Equador), Nizugan (Paraguai), Simon
Moskal (Bélgica), Susana Cairá (Argentina), Scotty Thomson (USA), Dr.
Van Halle (Bélgica) e Dr. Raul Rivelli (Paraguai).
PRESIDENTE DE HONRA: Em Assembléia do IBRAP, realizada em
12/03/81, foi aclamado Presidente de Honra do IBRAP o Padre Dom
Estêvão Bettencourt, OSB, que durante 19 anos dirigiu o IBRAP.

SEDE ATUAL: Av. N. S. de Copacabana, 1183, sala 1203.


Copacabana
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Tel: (021) 247-4278
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AV. PERU 255 E/ MCAL. LOPEZ Y ESPANA
TELEFONO 202363 FAX 213 091
ASUNClON - PARAGUAY
o LIVRO DE SAN MICHELE
o Livro de San Michele ** foi um best-seller na década de 1930.
Chegou a ser traduzido para 20 idiomas. A obra está esgotada
desde 1945. Osjovens não a conhecem. Atendendo a inúmeros
pedidos, vamos reproduzir parte dos capítulos XVIlI - A
Salpêtriere - e o capítulo XIX - O Hipnotismo. Repetimos que
reproduzimos apenas alguns trechos dos referidos capítulos com
nossos agradecimentos à Editora Globo. Os mencionados trechos
são de grande interesse para aqueles que se iniciam no estudo da
História da Hipnose.
Antes, porém, para esclarecer os leitores, faremos um resumo
biográfico de dois personagens envolvidos na história: Charcot e
Axel Munthe.

Jean Martin Charcot, filho de um carruageiro, nasceu em Paris a 29


de novembro de 1825. Foi educado no Lycée Saint-Louis, depois começou
a trabalhar como interno na Salpêtriere em 1852, do qual, posteriormente,
foi Diretor. O Hospital de La Salpêtriere foi construído para ser um hospício
de segurança máxima. Na chegada de Charcot, havia 4.000 internas. Ele
resolveu observar, anotar, e fotografar aquilo que chamava de "museu
patológico vivo". Um casamento com mulher rica e contatos influentes
permitiram-lhe dar a Salpêtriere uma projeção que nunca tivera antes. Foi
professor e amigo de Freud. Pioneiro da Neurologia, ele ensinou os cien-
tistas a enxergar a diversidade das doenças mentais.
Publicou as seguintes obras: Lições sobre as doenças do Sistema
Nervoso; Lições sobre as doenças do fígado; Lições de anatomia, em 9

* N. AA - Esclerose Lateral Amiotrófica ou Mal de Charco!. Doença descrita por Charcot no século passado, é
caracterizada por uma perda progressiva de neurônios, e se manifesta através de uma fraqueza que afeta
geralmente um dos membros e vem acompanhada de atrofia muscular. Com a evolução do mal outros músculos
são afetados. A morte normalmente é causada por colapso respiratório. A doença tem duas variações: a esclerose
periférica que atinge os músculos dos membros, e a do bulbo, que se manifesta inicialmente na fala e problemas
na degustação. O tempo de evolução da esclerose lateral amiotrófica é variável, mas em 50% dos casos a morte
ocorre num período de três a cinco anos depois do começo da doença.

** Munthe Axel- o livro de San Michele Tradução de Jayme Cortezão - 7' edição, Ed. Globo
Porto Alegre - RS, 1945
volumes; Iconografia fotográfica daSalpêtriere: Artropatia de ataxia
locomotora leva o nome: Doença de Charcot*. Era membro da Academia
de Medicina e da Academia de Ciências. Interessou-se pelo hipnotismo
depois de assistir a uma demonstração teatral feita pelo hipnotizador belga
Donato. A exploração do hipnotismo na Salpêtriere, juntamente com a
pesquisa sobre histeria tornou-se muito conhecida em Paris e em todo
mundo.
Charcot, apesar de seu talento em outros campos médicos, cometeu
erros grosseiros em suas considerações sobre hipnotismo e seu trabalho foi
prejudicado pela falta de sinceridade das pacientes e pelas futilidades de
algumas pesquisas. Ele era adorado na Salpêtriere pelas enfermas e enfer-
meiras. As pacientes faziam tudo para agradá-Ia, muitas vezes foi ludibriado
pelas gatitas de Charcot, como escreveu Anatol Milechnin. Rosalie, sua
paciente preferida, após a morte do Mestre, declarou que havia sempre
enganado o ilustre neurologista.
Charcot foi Presidente de Honra do Primeiro Congresso Internacional
de Hipnotismo realizado em Paris, no Hôtel de Dieu, de 8 a 12 de agosto
de 1889.
Figura polêmica e muito discutida, Charcot foi homenageado em Paris,
em 1993, por ocasião do centenário de sua morte. Na França, os capítulos

(\

Fig. 67 - O Castelo Torre de .(hJv)/iltl)


Materita onde Axel Munthe viveu /~
durante 33 anos. Anacapri Fig. 68 - Axel Monthe.
que vamos transcrever, por exigência do Editor, foram retirados da edição
francesa do Livro de San Michele.
Charcot morreu de edema pulmonar em 16 de agosto de 1893.

2 - AXEL MUNTHE
Axel Munthe nasceu em 31 de outubro de 1857, em Oskarshamn,
Suécia. Fez seus primeiros estudos em Estocolmo e se doutorou em Medi-
cina em Paris, aos 23 anos. Rápido foi o seu sucesso como médico, tanto
em Paris como em Roma. Em 1903, foi nomeado médico particular da
Rainha Vitória, da Suécia. Ficou muito conhecido, pelas suas reproduções
literárias até o seu triunfo mundial com o LIVRO DE SAN MICHELE,
publicado em 1929. Também fez curso de Hipnotismo com Charcot.
Axel Munthe passou a maior parte de sua vida na ilha de Capri (Itália).
Na verdade viveu na parte alta da ilha chamada Anacapri, primeiro na Vila
de San Michele (hoje museu muito visitado pelos turistas) e desde 1910 no
Castelo Torre de Materita. Emjunho de 1943, deixou para sempre Anacapri
e morreu em 11 de fevereiro de 1949 no Palácio Real de' Estocolmo, onde
viveu completamente cego, seus últimos seis anos, como hóspede da família
real. No Castelo Torre de Materita, César Santo Silva e Paulo Paixão
fizeram várias demonstrações de Letargia para médicos, psicólogos e_
odontólogos. Todos ficaram impressionados com a rapidez do método.
Ao deixar Anacapri, Axel Munthe escreveu: "A Vila de San Michele
eu a construí de joelhos para fazer um santuário ao Sol, onde busquei a
sabedoria e a luz do glorioso Deus, o qual adorei toda minha vida".

Um dos pavilhões do Asilo de Mulheres, fundado em 1657: "o maior hospício do


mundo". .' ._- _ II
LETARGIAE HIPN~S{SEM' MAGIA. 1 9
~, ~.~
i':
j
C""'at'eS
, ••••.•.
, 4 .

\ C,lqANDUVA.SP
Na suafal1!osa obra,
IcollografiafiJtográfica de
La Salpêtriere, Charcot
registrou nUlnitestaç6es
das quatro fases em que
dividiu o grande ataque
histérico. Acil1Ul, exemplos
das "atitudes passionais"
dafase de contorç6es. Ao
lado, sintol1Ul do período
epileptôide
Fig. 69 - Uma aula de Charcot na Salpêtriere (quadro de Brouilet, 1857-1914,
Museu Nacional de Nice). A histérica desfalece nos braços do Prof Babinski,
o que lhe era sugerido de antemão pela presença da padiola que devia levá-ia.
O resto da tela (que não é reproduzido aqui) se estende apresentando cerca de
30 personagens. Sentado à mesa, à direita de Charcot, o Dr. Paul Richer (Apud
Jean Dauven).
3 - A SALPÊTRIERE
"XVIII - SALPÊTRIERE - Nunca deixava de assistir às famosas
lições das terças-feiras do professor Charcot, na Salpêtriere, então dedicadas
à grande histeria e ao hipnotismo. O vasto anfiteatro regorgitava de um
público multiforme que acorria de todo o país; escritores, jornalistas, atores
e atrizes, semi-mundanas elegantes, todos espicaçados por uma curiosidade
mórbita de presenciar o surpreendente fenômeno do hipnotismo, quase
.esquecido, desde os dias de Mesmer e Braid.
Foi precisamente numa daquelas conferências que travei conhecimen-
to com Guy de Maupassant, já então famoso pelas suas Boule de Suif e a
inolvidável Maison Tellier. Falava sempre de hipnotismo e de toda a espécie
de perturbações mentais, e não se cansava de questionar-me para conhecer
o pouco que eu sabia dessas matérias. Reunia ele então materiais para a sua
terrível obra Le Horla, quadro fiel do seu trágico futuro. Uma vez acompa-
nhou-me até Nancy para visitar a clínica do professor Bernheim, o que me
abriu os olhos sobre os erros da escola da Salpêtriere quanto ao hipnotismo.

Fig 70 - As célebres experiências de hipnotismo na Salpêtriere: uma "gatita"


de Charcot em estado cataléptico. Fotografiafeita por Charcot, em 1890. (Apud
- EL ALMA LO ES TODO - de Franz Volgyesi.

132· LETARGIAE HIPNQSt:SEMMAGIA


Para mim, que durante anos dedicara a maior parte do tempo que tinha
livre a estudar o hipnotismo, aquelas representações no cenário da Salpê-
triere ante todo o público de Paris não eram mais que uma absurda farsa,
uma mescla inesplicável de verdade e mentira. Algumas daquelas mediuns,
eram sem dúvida verdadeiras sonâmbulas que executavam em estado de
vigília os diversos atos que lhe haviam sido sugeridos durante o sono-su-
gestões pós-hipnóticas. Muitas eram apenas charlatãs que sabiam o que
esperavam delas, contentes por se mostrarem em público, enganando os
médicos e até aquele com a surpreendente astúcia das histéricas, estavam
sempre dispostas para um ataque da grande histeria clássica de Charcot, a
exibir as suas três famosas fases do hipnotismo: letargia, catalepsia e
sonambulismo, inventadas todas pelo Mestre e muito raramente observada
fora da Salpêtriere. Algumas cheiravam com deleite um frasco de amoníaco,
se lhes afirmavam que era água de rosas; outras tragavam um pedaço de
carvão, se lho davam como chocolate. Arrastava-se outra de gatas pelo chão,
ladrando com fúria, se lhe diziam que era um cão. Esta agitava os braços
para voar, quando lhe insinuavam que era pomba. Aquela levantava as saias
gritando com horror, quando atiravam uma luva ao chão e lhe diziam que
era uma serpente. Outra enfim, embalava e beijava ternamente um cilindro
que lhe apresentavam como um filho seu. Hipnotizadas a torto e a direito,
dúzias de vezes ao dia por médicos e estudantes, muitas daquelas desgra-
çadas jovens passavam o dia em estado de semi-Ietargia, com os cérebros
aturdidos por toda a classe de sugestões absurdas, meio inconscientes e
seguramente sem ter responsabilidade dos seus atos, destinadas mais cedo
ou mais tarde a terminar os seus dias na Sala dos Agitados, ou no manicô-
mio. Ainda que condene esses espetáculos de gala das terças-feiras no
anfiteatro, como não científicos e indignos da Salpêtriere, seria injusto não
reconhecer que na sala se realizava um trabalho sério para investigar muitos
dos sintomas, ainda então obscuros, no hipnotismo. Também eu, com
autorização, do Chefe de Clínica, ensaiei algumas experiências de telepatia
com uma daquelas jovens, uma das melhores sonâmbulas que tinha encon-
trado.
Desde logo tive grandes dúvidas acerca da exatidão das teorias de
Charcot, que eram recebidas sem a menor oposição pelos seus discípulos,
e pelo público; o que pode explicar-se por uma espécie de sugestão coletiva.
Voltava eu da minha última visita à clínica do Professor Bernheim de
Nancy, obscuro mas decidido defensor da chamada escola de Nancy que se
opunha à lição de Charcot. Falar então da escola de Nancy na Salpêtriere
era quase considerado como um delito de lesa magestade. O próprio Charcot
só de ouvir o nome do Professor Bernheim ficava furioso. Um dos ajudantes
do Mestre, que me detestava cordialmente, mostrou-lhe um artigo meu na
Gazeta dos Hospitais, inspirado na minha visita a Nancy. Durante vários
dias Charcot simulou ignorar por completo a minha presença. Depois
apareceu no FígarQ um violento artigo firmado com o pseudônimo de
Ignotus, - um dos principais jornalistas de Paris - denunciando aquelas
demonstrações de hipnotismo em público, como espetáculos ridículos,
perigosos, sem valor científico e indignos enfim do grande Mestre da
Salpêtriere. Estava presente quando mostraram o artigo a Charcot durante
a sua visita matutina: e fiquei estupefato perante o ressentimento que
mostrou contra um simples artigo de jornal a que eu julgava não daria
importância. Entre os seus discípulos havia grande inveja, do que me tocava
abundante parcela. Não sei de quem partiu a mentira; mas em breve soube,
com horror, correr a voz de que Ignotus tinha sabido por mim a parte mais
nociva da sua informação. Charcot não me disse nunca uma palavra sobre
o assunto; mas desde aquele dia variaram muito as cordiais atenções que
tinha comigo. Breve recebi o golpe, um dos mais amargos que sofri na vida.
O destinopreparara a armadilha; e nela me deixei cair com a minha habitual
e louca temeridade.

XIX - HIPNOTISMO - As famosas representações no cenário da


Salpêtriere, causa daquela cena penosa, foram condenadas durante muito
tempo por todos quantos têm estudado a sério o fenômeno hipnótico. As
teorias de Charcot sobre o hipnotismo, impostas apenas pelo peso da sua
autoridade a toda uma geração de médicos, caíram em descrédito, depois
de terem atrasado por mais de vinte anos o nosso conhecimento acerca da
verdadeira natureza desse fenômeno. Demonstrou-se que quase todas as
teorias de Charcot relativas ao hipnotismo são errôneas. O hipnotismo não
é, como ele disse, uma nevrose introduzida artificialmente, que se encontra
apenas no histerismo, nos hipersensíveis, nos de mente débil e nos desequi-
librados. A verdade é o contrário disso. Os indivíduos histéricos são, em
geral, menos fáceis de hipnotizar do que as pessoas bem equilibradas e de
mente sã. As pessoas inteligentes, de caráter forte e dominadoras são mais
facilmente hipnotizáveis do que os patetas, os estúpidos, os superficiais e
os de escassa inteligência. Os idiotas e os loucos são os mais refratários à
influência hipnótica. Os que asseguram não acreditar no hipnotismo cons-
tumam ser os mais fáceis de adormecer. As crianças são facilmente hipno-
tizáveis. O sono hipnótico não pode produzir-se só com meios mecânicos.
As bolas de cristal, os-espelhitos adotadospelos caçadores de pássaros, os

N. AA - Era uma das "galitaScJe Charcot". como escreveu Anatol Milechnill.


imãs, o fixar os olhos no idivíduo, os clássicos passes mesmerianos usados
na Salpêtriere e na Charité, são verdadeiros contra-sensos.
Não é para desprezar o valor terapêutico do hipnotismo, como dizia
Charcot. Pelo contrário é considerável, se o adotam médicos competentes,
de clara inteligência e de mãos limpas, possuindo a sua complicada técnica.
As estatísticas de milhares de casos bem comprovados provam-no sem
discussão. Quanto a mim, que nunca fui o que se chama um hipnotizador,
mas apenas um especialista de enfermidades nervosas, obrigado a usar essa
arma quando os remédios são inúteis, obtive com freqüência resultados
maravilhosos desse mal compreendido método de curar. Transtornos men-
tais de várias classes, com perda da vontade ou sem ela, alcoolismo,
morfinomania, cocainomania, ninfomania, podem curar-se muitas vezes
por esse meio.
O grande benefício derivado da anestesia hipnótica nas operações
cirúrgicas e nos partos está hoje reconhecida por todos. E, mais surpreen-
dente é ainda, o efeito beneficioso deste método na mais dolorosa de todas
operações, que, regra geral, deve suportar-se sem anestesia, a morte. O que
me foi dado fazer a muitos dos nossos soldados morimbundos durante a
última guerra é suficiente para dar graças a Deus por me haver posto nas
mãos tão poderosa arma. No outono de 1915 passei dois dias e duas noites
inolvidáveis entre uns duzentos soldados moribundos, cobertos com capo-
tes ensangüentados, agrupados no pavimento da igreja de uma aldeia de
França. Não havia nem morfina, nem clorofórmio, nem anestésico de
nenhuma classe para aliviar os seus tormentos e abreviar a sua agonia.
Muitos morriam sob meu olhar, insensíveis e alheios, às vezes com o sorriso
nos lábios, a minha mão na sua fronte e nos ouvidos o som das minhas
palavras de esperança e de consolo, lentamente repetidas. A pouco e pouco,
dos seus olhos semicerrados ia desaparecendo o terror da morte.
Que misteriosa força era aquela que quase parecia emanar da minha
mão? De onde vinha? Procedia da corrente de consciência que circulava em
mim, sob a minha vida exterior? ou consistia, no fundo, no fluído magnético
de que falava Mesmer?
..,
GLOSSARIO
ACUPUNTURA (Acus = agulha; punctura = picada). Subo Fem. - Opera-
ção que consiste em se introduzir nos tecidos ou nos órgãos agulhas
especiais, quase capilares, que aí permanecem durante um tempo
variável, com finalidade terapêutica. (Dic. de Termos Tec. de Medic.
- Garnier Delamare).
AFERENTE - Diz-se do processo que se dirige para os centros nervosos;
a mensagem sensorial é conduzida por influxos aferentes.
ANALGESIA - Perda da sensibilidade dolorosa.
ANAMNESE - Conjunto de informações obtidas por interrogatório feito
ao paciente sobre seu passado e história de sua moléstia.
ANESTESIA - Perda da sensibilidade táctil.
ASANA - Postura. Postura ióguica.
CARISMA - Força divina conferida a uma pessoa, em vista da necessidade
ou utilidade da comunidade religiosa. Atribuição a outrem de qualida-
des especiais de liderança, derivadas de sanção divina, mágica, diabó-
lica ou apenas de individualidade excepcional. Conjunto dessas
qualidades de liderança.
CATALEPSIA - Suspensão parcial ou total da sensibilidade e dos movi-
mentos voluntários. Estado de plasticidade motora no qual o paciente
conserva as posições que lhe são dadas, como se tratasse de um boneco
de cera. Os músculos tornam-se como que mecânicos.
CAT ATONIA - Conjunto de signos patológicos que se observam, habi-
tualmente, na demência precoce e em certas doenças infecciosas (febre
tifóide, encefalite). - Caracteriza-se essencialmente por um estado de
* N.A - os vocábulos deste Glossário foram extraídos do fascículo esgotado - Não Leiam (Letargia) - escrito
pdo Irmão Vitrício. As palavras que não constavam daquela publicação têm aqui indicada a fonte de origem ou
um número entre parênteses, cuja obra correspondente é enconlrada na Bibliografia.
passividade e estupor, conservação das atitudes impostas ou espontâ-
neas e negativismo (recusa em falar, em comer). Muitas vezes, impul-
sos repentinos dilaceram esse conjunto: gritos, atos de violência, furor
e outras manifestações que tornam o doente perigoso para o seu meio.
O tratamento é realizado em centros psicoterápicos, onde se pode
recorrer aos métodos de choque (eletrochoque, insulina).
CATARSE - 1. Palavra grega, universalmente adotada com o sentido
figurado que lhe foi dado por Aristóteles, quando se referiu à catarse
das paixões, isto é, à sua liberação por derivação; 2. Técnica psicote-
rápica que visa ao desaparecimento dos sintomas por meio de exterio-
rização dos traumatismos realçados. Essa exteriorização pode
efetuar-se verbalmente, emocionalmente e por meio de ações. Breuer
promovia a catarse por meio de hipnose.
CIBERNÉTICA - Denominação dada por Wiener ao estudo das funções
de controle e de comunicação, tanto em relação ao comportamento do
homem e do animal, como em relação aos sistemas eletromecânicos
passíveis de substituí-Ios, dos quais, aliás, alguns modelos já se tem
elaborado. Entre esses, destacam-se os cérebros artificiais, como o
homeostato de Ashby, os cérebros eletrônicos. A origem do termo está
na palavra grega que significa: timoneiro, governo.
ESOTÉRICO - Todo ensinamento ministrado a círculo restrito de ouvintes.
Diz-se do ensinamento ligado ao ocultismo.
HATHA- YOGA - É a parte do ioguismo que trata da saúde e do equilíbrio
físico, HA = sol, THA = lua. Hatha será então a harmonização entre o
. Prâna Solar e o Lunar, no homem. A mesma coisa que o INN e o
YANG da acupuntura chinesa.
HIPNAGÓGICO - Que produz sono; alucinação e visões que se tem ao cair
no sono.
HIPNIATRO - Sonâmbulo que durante o sono hipnótico ou letárgico indica
remédios para suas doenças ou para as de outrem.
HIPNO - Palavra de origem grega significando sono.
HIPNOANESTESIA - Anestesia pelo sono.
HIPNOBATA - Sonâmbulo.
HIPNOFOBIA - Medo de dormir.
HIPNÓFONO - Aquele que fala durante o sono hipnótico.
i
HIPNOSE Conjunto de manifestações psicofisiológicas que aparecem em
qualquer estado emocional de intensidade aumentada (Galina Solo-
vey).

HIPNOSE - Estado particular do sistema nervoso no qual a inibição de


certas zonas permite uma ação inusitada.
HIPNOTISMO - Qualquer procedimento que possa desencadear uma
reação emocional no paciente (Galina Solovey).
HIPNOTISMO - Sugestão por meio de um agente (Max Doris).
HIPNOPÉDIA - Método educacional baseado em sugestões efetuadas
durante o sono do indivíduo. Neologismo criado por Huxley, em 1932.
HISTERIA - (gr. hustera, útero, posto se acreditasse, até bem pouco tempo,
que essa afecção tivesse origem no citado órgão), neurose que se
manifesta fisicamente. - As crises histéricas - convulsões turbulentas,
'paralisias, perda da visão ou da fala, etc. - Não assentam sobre
nenhuma base orgânica (o indivíduo afirma que não pode mais andar,
por exemplo, mas seus reflexos tendinosos permanecem em perfeito
estado); por outro lado, elas sobrevêm, praticamente, sempre em
presença dos outros. Por muito tempo imconpreendidas (na Idade.
Média, atribuía-se-lhes a ocorrência à possessão demoníaca; no seco
XIX, a supersolicitações sexuais), as crises histéricas foram minucio-
samente descritas por Charcot e depois explicadas por S. Freud. A
histeria é uma neurose expressional, e suas crises têm uma significa-
ção. São elas a manifestação, somática e espalhafatosa, de conflitos
inconscientes, e possuem mesmo o valor de uma linguagem.
HOLÍSTICO - O termo Holístico foi objeto deuma definição pela Univer-
sidade Holística Internacional, em Paris, em 1986. Eis o seu conteúdo:
"Holístico" (do grego Halas: Todo).
O paradigma holística "considera cada elemento de um campo como
um evento que reflete e contém todas as dimensões do CAMPO (Cf a
metáfora do holograma). É uma visão na qual "o todo" e cada uma
de suas sinergias estão estreitamente ligados, em interações constan~
tes e paradoxais".
INCONSCIENTE - 1. Domínio dos processos nervosos que escapam
inteiramente ao conhecimento pessoal, como a maioria das regulações
orgânicas, reflexos, automatismos, dos quais somente os efeitos po-
dem tornar-se conscientes. Diferencia-se dos processos igualmente
inconscientes, num momento dado, mas que, em outro, possam ser
objeto de conhecimento pessoal, domínio este chamado subconscien-
te. 2. Em sentido mais amplo, tudo quanto num determinado momento,
escape à consciência, sem diferenciar-se entre o subconsciente e o
inconsciente essencial. 3. No sentido de Freud, qualifica os processos
dinâmicos que eficazmente atuem sobre a ~onduta, sem que atinjam a
consciência; só se tornam conscientes esses processos quando rompam
as resistências, no sonho, no decorrer de estados psicóticos, ou me-
diante tratamento psicanalítico. Inco/lsciente coletivo. No sentido de
Jung, aquilo que no inconscien~ individual provenha de origem
ancestral (Cr arquétipo).

LA YA- YOGA - A palavra sânscrita LA Y A significa "dissolução". Ássim,


LA Y A- YOGA será "união com Deus por meio da dissolução da
personalidade" (segundo a crença dos iogues).

LETARGIA - Ou Técnica Letárgica. Conjunto de processos mecânicos e


fisiológicos para se induzir um paciente aos diversos estados letárgi-
cos.

LETARGIA - Estado em que as funções da vida estão atenuadas a ponto


de pareceram suspensas (Dic. Prát. - Jaime Séguier).

LETARGIA - Técnica de Indução hipnótica introduzida no Brasil pelo


Irmão Vitrício (Marista) em 1956. Hoje, Padre Luiz_ I3-~ch.

LETARGIA - Sono profundo em que parecem suspensas a circulação e a


respiração. (Dic. Cândido de Figueiredo).

LETARGIA - Sono profundo e prolongado durante o qual o âoente fala


sem saber o que diz, esquece o que disse, sem contudo deixar o estado
em que se encontra. (Dic. de Termos Téc. de Med. - Garnier Delama-
re).

LET ARGIZADO - Aquele que se acha sob a ação da Técnica Letárgica.

LET ARGIZAR - Produzir, pela Técnica Letárgica, um ou vários estados


letárgicos.

MAGNETISMO ANIMAL - Ação que uma pessoa exerce sobre o sistema


nervoso de outra em determinadas circunstâncias e por certas práticas,
infundindo-lhe um sono artificial e produzindo, às vezes, sonambulis-
LETARGIA E HIPNOSE SEM MAGIA· 139
mo. Segundo Mesmer, existe uma matéria sutilíssima que exerce seu
poder através do Universo e a mútua influência dos seres viventes em
virtude desta matéria deu o nome de "Magnetismo Animal", sustentava
que as enfermidades não eram outra coisa que perturbações deste
magnetismo. (Dic. Enciclopédico Salvat, Tomo VIII, pág. 1042,
1954).
MILAGRE - 1. Na linguagem comum, costuma-se entender por "milagre"
um fato maravilhoso ou extraordinário que suscite admiração ou
espanto, o termo miraculum latino vem da mesma raiz que admirari.
2. O milagre, na teologia e na apologética católicas, não é simplesmen-
te um feito que derrogue às leis da natureza, suscitando admiração e
surpresa nos seus observadores, mas é, antes do mais, um sinal ou uma
palavra "plástica" de Deus aos homens. Em conseqüência, entenda-se
por "milagre" um acontecimento real, que seja inexplicável aos olhos
da ciência contemporânea e que ocorra em autêntico contexto religioso
como resposta de Deus a esse contexto. O autêntico milagre, para a
apolongética católica, não poderá ser um fenômeno de experiência
meramente individual, que os homens não possam reconhecer por
critérios objetivos; nem um fenômeno ambivalente, isto é, suscetível
de dupla interpretação (a natural e a sobrenatural); nem uma cura de
moléstia funcional (requer-se moléstia orgânica tida como incurável
pela medicina contemporânea), nem algo que se verifique em ambiente
de imoralidade, charlatanismo, cobiça de lucros financeiros, sensacio-
nalismo, arrogância em relação a Deus ... Ao contrário, o autêntico
milagre se realiza em contexto de prece humilde, fé autêntica, e dá
frutos de conversão à verdade, repúdio do pecado, concórdia e caridade
entre os homens. - Caso seja a cura de alguma moléstia orgânica
devidamente, diagnosticada, requer-se que seja instantânea ou quase
instantânea. E mediante tais critérios que se podem distinguir de falsos
portentos (devido à ilusão ou a forças ocultas) os verdadeiros milagres,
sinais de Deus que confirmam uma mensagem ou um arauto da
verdadeira fé. O milagre, pOltanto, está sempre relacionado com algum
quadro religioso; Deus o produz para confirmar algo que aí deva ser
confirmado. Os feitos maravilhosos que não tenham este significado
de sinal religioso, não interessam diretamente à teologia, mas hão de
ser estudados primeiramente pelas ciências psicológicas e parapsico-
lógicas. (Padre Estêvão Bettencourt, OSB, Revista Pergunte e Respon-
deremos, n° 176, agosto de 1974, página 323).
OBNUBILAÇÃO - Estado vertiginoso, em que os objetos são vistos
através de uma nuvem.
OBNULATION - (Do lat. obnubilatus). Entouré comme dún nuage. Syn.
Eblouissemente, vertige.
PARANORMAL - Termo forjado por Wately Carington para substituir
"Supranormal". Literalmente significa: que está ao lado do normal ou
que se acrescenta ao normal. Sinônimo de "parapsicológico". No
Brasil, vem sendo usado erroneamente para designar percipiente,
médium, testador.
PARAPSICOLOGIA - Termo proposto emjunho de 1889 por Max Des-
soir. A Parapsicologia pretende pôr em evidência, estudar experimen-
talmente as funções psíquicas que ainda não estão incorporadas ao
sistema da psicologia científica, não com o fim de chegar a constituir-
se em alguma ciência autônoma e revolucionária (estas eram as pre-
tensões dos metapsiquistas da velha escola), mas com a modesta
finalidade de, aos poucos, incorporar suas descobertas na Psicologia,
ampliando-a e completando-a. Portanto, o lugar natural desta nova
Cadeira é ao lado da Psicologia, (ou atrás dela) nas Faculdades de
Filosofia.
PERCIPIENTE - Aquele que percebe. Em telepatia ou em clarividência, é
a pessoa que se submete a uma experiência ou manifesta um compor-
tamento de origem paranormal. (Indivíduos que têm capacidade para
ver a distância, sentir a distância e ouvir a distância).
PITIATISMO - (gr. peithein, "persuadir", e iatos "curável"), afecção
nervosa devida à sugestão e curável mediante a persuasão. O termo foi
criado por Babinski (190 I) para caracterizar a histeria dita de "conver-
são". (Dic. de Psicologia, ed., Larousse do Brasil).
PRANA - Energia vital.
RAPPORT - Relação interpessoal. Transferência positiva. Fator curativo
das diversas psicoterapias. Relação interpessoal entre o terapeuta e o
paciente.
RELAXAMENTO - Aliviar a mente e o corpo de toda a tensão e contração
consciente. Deriv-a-se do latim "laxare" que significa soltar ou afrou-
xar.

SAMADHI - Termo iogue. Estado de transe.


SARVAGANASANA - Termo iogue. Postura que contribui para o rej~e-
nescimento do indivíduo.
LETARGIA E HIPNOSE SEM MAGIA - 141
SAVASAN - Termo iogue. Postura da morte.
SÍNDRüME - Conjunto bem determinado de sintomas que não caracteri-
zam necessariamente apenas uma afecção patológica ou uma só mo-
léstia, mas podem traduzir uma certa modalidade patogênica.
Síndrome comocional. Conjunto de distúrbios neuropsíquicos, conse-
qüentes a explosões ocorridas próximo ao indivíduo sem que este seja
ferido ou apresente lesões nervosas localizadas (Mairet e Piéron,
1915). Os principais sintomas são: astenia, fatigalidade, aprossexia,
hipoestesias, cefaléias, vertigens, hiperrefletividade. Este síndrome
.depende de um confundindo-o com síndromes emocionais, psiconeu-
roses emotivas e manifestações histeriformes (ou pitiáticas). ü síndro-
me atópico (Grasset) dos feridos craniocerebrais, e que compreende
distúrbios independentes de lesões nervosas localizadas, confunde-se
na maioria dos casos com o síndrome comocional.
SUBCONSCIENTE - Domínio de processos mentais que escapam quase
completamente ao campo do conhecimento, emborajá tenham perten-
cido a ele e possam voltar ao foco da consciência. Exercem, contudo,
influência mais ou menos marcada sobre a vida mental. Sin: pré-cons-
ciente (FREUD), infraconsciente (BURLOUD).
SUGEST Ãü - Indução ou tentativa de indução de uma idéia, crença,
decisão ou ato, realizada na pessoa alheia, por meio de estímulos
verbais ou outros estímulos, à base uma argumentação exclusivista. É
um estímulo geralmente de natureza verbal, por cujo intermédio
intentamos levar uma pessoa a agir independente das suas funções
críticas e integradoras (Dic. de Termos Psic. de Warren).
SUGEST ÃO - Ação da vontade de um indivíduo sobre a de outro com o
objetivo de influir sobre seus atos ou idéias. (Dic. de Med. Dabout,
pág. 841, ed., 1948).
AGRA"DECIMENTOS
Aqui deixamos consignado o testemunho de nosso reconhecimento, de
nosso apreço e de nossa estima a todos que direta ou indiretamente nos
ajudaram na confecção deste modesto trabalho. Agradecemos de modo
particular:

Aos Doutores: Alberto Lerro Barretto, Yves Ponroy e João Pedro


Matta.

Aos amigos: Albertino Fonseca, Federico Abente, Manuel Alfaro,


Raul Rivelli e Severino Rocha.

Às modelos: Andressa Balbi, Carolina Maricevich, Lorena Lacarrub-


ba Toffoletti, Lúcia Helena do Nascimento, Malu, Marta de Castro, Roberta
Arantes e Susana Farifía.

Aos ESTÚDIOS KOV ÁCS, apontado como o melhor estúdio foto-


gráfico da América do Sul. Av. Peru 225 - entre Mariscal Lapes e Espanha.
Tel.: 202.;.363 e Fax: 2l3-031. Assunción - Paraguai.

Homenagem Póstuma: ao Dr. Anatol Milechnin e Dr. Milton H.


Erickson.

Moça da capa: LORENA LACARRUBBA TOFFOLETTI

Foto da capa: ESTÚDIO KOV ÁCS


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PAULO PAIXÃO.

"Os Doutores PAULO PAIXÃO e CÉSAR SANTOS SILVA já mi-


nistraram cursos sobre Letargia em todos os países da América do Sul e
também na Europa". Galina Solovey, M.D. - El Hipnotismo de HOY, 4a
ed., Ed. Hachette, Buenos Aires, 1988, pág. 44.
"O Dr. PAULO PAIXÃO já pronunciou numerossísimas conferências
em vários países ressaltando a importância da hipnose moderna". Dr.
Jimenez deI Oso - Teoria y Practica de Ia Hipnosis - Ed. Uve, Madrid,
1980, pág. 45.
"O Dr. PAULO PAIXÃO, autor de vários livros sobre hipnose, já
proferiu conferências em vários países enfatilizando que a hipnose é parte
integrante da vida cotidiana". Prof. D' Arbó - Magia dei Hipnotismo - Ed.
Ramon Plana, Barcelona, 1975, pág. 47.
O Dr. PAULO PAIXÃO é um dos grandes investigadores e divulga-
dores do hipnotismo contemporâneo e da Parapsicologia - Anatol Milech-
nin - Hypnosis - Ed. John Wright & Sons Ltda., Londres, 2a ed., 1967.
"No Brasil, o Dr. PAULO PAIXÃO é uma das maiores autoridades
em Letargia" - Franz Volgyesi - Hypnosis of Man & Animais - Ed.
Bailliere, Tindal & Cassei, Londres, pág. 3, 1962.
"Uma corrente variante - a indução por meio de toques - foi liderada
pelo Dr. PAULO PAIXÃO". Karl Weissmann - O Hipnotismo - Ed.
Martins, São Paulo, 1973, 3a ed., pág. 51.
"A Letargia ficou muito conhecida no BRASIL pelo trabalho de
introdução e divulgação do Irmão Vitrício, Marista (hoje Padre Luiz Rech)
e do Dr. PAULO PAIXÃO."
George Alakija - Feche os olhos, Relaxe e Durma - Ed. do Autor,
Salvador - Bahia, 1993.
"No Rio de Janeiro, temos entre outros, PAULO PAIXÃO que, pelos
seus méritos, é muito citado neste trabalho".
Haeckel Meyer - Acupuntura e Letargia nos Esportes - Ed. do Autor,
Salvador -Bahia, 1992.
"Dos famosos Hipnólogos - Dr. PAULO PAIXÃO Y Dr. CÉSAR
SANTOS SILVA darán mafíana, a Ias 10.00 a.m., en el Hotel Savoy una
conferencia de prensa. "EL COMERCIO, QUITO, 13/11/1978."
"Le livre de PAUL PAIXÃO, Parapsychologie, Science ou Magie?,
complété par des photos, des dessins, un lexique et une bibliographie, birlle
par Ia richesse des observations qu' il contient". - LE MONDE, Paris,
21/07177.
"El Prof. PABLO PAIXÃO, sefíalado como el mayor parapsicológo
de América do Sul, hizo impressionantes demonstraciones deI estado de
trance y de su tecnica letárgica, em Ia ciudad de Rosario" - LA RAZON,
Buenos Aires, 18/04178.
"El Dr. PAULO PAIXÃO, un grande deI hipnotismo, es una de Ias
figuras latinoamericanas más importantes de Ia hipnosis moderna". Revista
CARTELERA, n° 78, Asunción, 23/12/1988.
"Com a magia de sua oratória e com sua cultura invejável, o Prof.
Paixão fez impressionantes demonstrações do estado de transe, telestesia e
respondeu com precisão às mais variadas perguntas sobre o assunto". - O
GLOBO, Rio de Janeiro, 26/09176.
"El professor PAULO PAIXÃO, conocido internacionalmente y autor
de varios libros sobre hipnosis, dictará un cursillo intensivo de hipnosis ... "
ABC - Asunción 10.08.1992.
"El Prof. PAULO PAIXÃO es famoso internacionalmente y es citado
con destaque en varios libros de hipnosis por reconocidas autoridades en el
tema".
HOY-Asunción 11.10.1989.
"En demonstración de Letargia el professor PAULO PAIXÃO des-
lumbró aI auditorio".
EL PUEBLO - Bogotá, 24.07.1989.
El Dr. PAULO PAIXÃO, famoso internacionalmente, participó de
Conferencia de Carismaticos, juntamente con el Dr. CESAR SANTOS
SILVA, donde tivieron uh feliz encuentro con el no menos famoso sacerdote
EMILIANO TARDIF.
CRONICA - Asunción 02.06.1994.
El professor PAULO PAIXÃO, autor de varios libros sobre hipnosis,
habló para los carismaticos.
EL NUEVO HERALD - Miami (USA) 08.06.1994.
"El professor PAULO PAIXÃO, experto en hipnosis, brindará una
charla sobre Letargia y Terapia por imaginación".
ÚLTIMA HORA - Asunción, 20.10.1992.
EI professor PAIXÃO es conocido internacionalmente y es citado en
varis lib~os de hipnosis por autoridades en el tema.
DIARIO DE NOTICIAS - Asunción - 10.09.1989.
"PAULO PAIXÃO é um dos maiores propagadores mundiais da
Técnica letárgica" - FOLHA DE SÃO PAULO, São Paulo, 09/04/63.
"PAULO PAIXÃO é um dos mais renomados técnicos do país em
matéria de hipnotismo e letargia, cujo nome é citado com destaque no
exterior, em diversos tratados de hipnotismo" - Revista O CRUZEIRO, N°
20, Rio de Janeiro, 16/05/73.
Opiniões valiosas sobre as primeiras edições de "Parapsicologia:
Ciência ou Magia?" de PA ULO PAIXÃO E CÉSAR SANTOS SILVA.
"Je me ferai un tres grand plaisir de faire connaltre vos ouvrages aux
parapsychologues français, et en particulier, à mes collegues de I'IMI, Je
ne manquerai pas de citer vos travaux chaque fois que cela me sera
possible". - ROBERT TOCQUET, Diretor do Instituto de Metapsíquica
Internacional de Paris, 10.05.74.
"Felicito-o muito calorosamente pela publicação dessa obra-marco,
redigida com singular clareza, concisão e admirável sen o didático." - Prof.
ROCHA LIMA. Catedrático de Português do Colégio Pedro lI, Rio de
Janeiro, 22/06/74.
"Seu livro é excelente. Muito grata pela inclusão de resumo biográfico
de meu marido". - MAGDA VÓLGYESI, Diretora do In tituto deParap-
sicologia Franz Volgyesi de Budapest - Hungria, 06/0
"O Prof. RHINE felicita-o pela publicação de Parap icologia: Ciência
ou Magia?" - WALTER J. LEVY JR. Diretor do Instituto de Parapsicologia
da Fundação para Pesquisa da Natureza do Homem - .S.A 19/03/74.
"Agradecemos a Ud. que nos haga conocer u impresiones con
respecto a 10 expuesto más arriba y aI mismo tiempo ugerencias, tanto en
10 referente a Ia Revista, como a Ia relación de inter ambio cientifico de
nuestras actividades".
a) Dr. ISAAC GUBEL, Presidente de Ia Federación Latino-Americana de
Hipnosis Clínica Buenos Aires - Argentina, 1961.

I oibÍi~lcca fÚhlica Mu~icipal I


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~I J ~ •. --_
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50 - LETARGIA E HIPNOSE SEM MAGIA ._.-

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