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1 Material de Apoio | PROF.

: RONEY PERICLES

Medicina Legal
Asfixologia Forense

Prof.: Roney Pericles

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MEDICINA LEGAL

ASFIXOLOGIA FORENSE

1 - BREVE ANÁLISE DA FISIOLOGIA RESPIRATÓRIA


A função respiratória abrange uma série de fenômenos físicos, químicos e bioquímicos que se
destinam a fazer chegar às células concentrações de oxigênio compatíveis com a vida.

O ar atmosférico é uma mistura de gases que exerce pressão de 760mm Hg ao nível do mar, formada
principalmente pelo nitrogênio e pelo oxigênio. É essa mistura que inspiramos para oxigenar o sangue.

Antes de alcançar os alvéolos, o ar se dilui na mistura gasosa proveniente da última expiração.


Portanto, o ar que chega aos alvéolos é uma mistura de composição percentual diferente da do ar
atmosférico. Com as trocas que se efetuam nos alvéolos, novamente se modifica essa composição e o ar
alveolar passa a ter um teor bem maior de gás carbônico, e de vapor d’água. Assim, a percentagem de
oxigênio diminui e sua pressão parcial cai de 159 para 104 mmHg.

A pressão do vapor d’água no ar inspirado varia com a temperatura e o grau de umidade presente na
atmosfera. Já no ar alveolar, é igual à tensão de saturação à temperatura de 37°C, ou seja, 47 mmHg. O ar
alveolar é, portanto, mais úmido e mais quente que o ar atmosférico. A redução da tensão do nitrogênio no
ar alveolar é secundária às modificações da tensão do vapor e ao fato de haver, normalmente, maior
absorção do oxigênio do que produção de gás carbônico.

 TROCA DE GASES NOS PULMÕES

 TRANSPORTE DE O2 E CO2

 CONTROLE DA RESPIRAÇÃO

2 – CONCEITO DE ASFIXIA

A palavra asfixia vem do grego que significava “sem pulso”. Em geral, trata-se de um estado de
hipoxia (redução do teor de oxigênio) e hipercapnia (aumento do teor de gás carbônico) no sangue arterial.

De acordo com a doutrina de Helio Gomes, seria quando “cessadas as trocas orgânicas, devido a uma
causa patológica, ou a uma violência, surge o processo asfíxico terminal”.
Portanto, quimicamente, só dizemos que há asfixia em nível celular se houver falta de oxigênio –
hipoxia – e excesso de gás carbônico - hipercapnia ou hipercarbia. Só um dos dois não é asfixia, deve haver
a combinação de ambos.

A asfixia mecânica, que é tratada como uma energia vulnerante físico-quimica, porque age-se
inicialmente através de um agente físico, mecânico, e, ao final, provoca uma alteração química no

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3 – TRÍADE ASFÍXICA

 SANGUE FLUIDO

 ESCURO

 CONGESTÃO POLIVISCERAL

4 – SINAIS GERAIS DA ASFIXIA

Nas asfixias podem ser encontrados alguns sinais que indicam a possibilidade de diagnóstico, mas
não se tratam de elementos patognomônicos. Podem ser externos e internos.

Vejamos os sinais externos:

a) Manchas de hipóstase/livores de hipóstese;


b) Cianose facial;
c) Projeção ou protusão da língua;
d) Cogumelo de espuma;
e) Petéquias na pele e mucosas (manchas de Tardieu).

São sinais internos:

a) Equimoses viscerais;
b) Sangue fluido;
c) Congestão polivisceral.

5 – ASFIXIA EM AMBIENTE POR GASES IRRESPIRÁVEIS

 CONFINAMENTO
Falta de renovação do ar respirável que ocorre em ambiente restrito ou fechado. Diferente de
estarmos diante de um gás tóxico, que resultará em envenenamento ou intoxicação.

 MONÓXIDO DE CARBONO
Forma o composto estável denominado de carboxiemoglobina, impedindo o transporte do oxigênio
para as células.

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6 – ASFIXIA POR IMPOSSIBILIDADE DE PENETRAÇÃO DO AR NAS VIAS RESPIRATÓRIAS

 SUFOCAÇÃO DIRETA
Trata-se da obstrução dos orifícios respiratórios (boca e narinas). Cuidar para os possíveis vestígios:
estigmas digitais e ungueais na pele.
Outra forma de ocorrer tal sufocação, seria a obstrução das vias aéreas respiratórias mais inferiores
(laringe e traqueia).

 SUFOCAÇÃO INDIRETA

É caracterizada pela impossibilidade de expansão do tórax, ou seja, há uma compressão que está
impedindo a realização do movimento respiratório.

Quando você observa a cabeça da pessoa que estava com compressão do tórax, você percebe que
começa a aparecer um pontilhado hemorrágico. Esse pontilhado diz que há uma compressão e nem
precisa ser completo, bastando impedir o movimento necessário para a atividade respiratória. Ocorre um
acúmulo de sangue na cabeça, passando a extravasar de forma progressiva. Depois de algum tempo surge
o aspecto de uma máscara arroxeada, intitulada de máscara equimótica de Morestin.

A intensidade da referida máscara indica ao perito quanto tempo a pessoa ficou com o peso no peito.

Outra forma de sufocação indireta é a crucificação, sendo considerada uma forma anômala de
compressão do tórax. Alguns chamam de sufocação posicional. Consiste em deixar a pessoa presa na cruz, a
ação da gravidade impele o corpo para baixo, forçando a musculatura respiratória até a exaustão e, por
conseguinte, asfixia.

7 – ASFIXIA POR TRANSFORMAÇÃO DO MEIO GASOSO EM LÍQUIDO (AFOGAMENTO)

Trata-se, na lição de Genival França, de um tipo de asfixia mecânica, no qual há penetração de um


líquido ou semilíquido nas vias respiratórias, acabando por impedir a passagem de ar até os pulmões.

É possível o afogamento sem que o corpo esteja completamente submerso, desde que a boca e o
nariz estejam sendo chamado de incompleto.

O afogamento pode ocorrer em água doce ou salgada. A água salgada é mais concentrada de
partículas do que a água doce.

No momento em que há afogamento em água doce, como o sangue é mais concentrado, o glóbulo
vermelho começa a receber muita água e acaba por estourar, acarretando a liberação de potássio (K) que,
por sua vez, afetará a musculatura do coração e desencadeará o fenômeno da fibrilação ventricular, que é
uma alteração do ritmo cardíaco. Assim, o coração não consegue bombear o sangue.

Já na água salgada, acontecerá o contrário, ou seja, o sangue perde líquido.

No afogamento em água doce o sangue fica mais diluído, menos concentrado, menos denso. O

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sangue sai do pulmão e vai para o átrio direito, descendo para o ventrículo direito, circulando o corpo e
voltando para o coração, só que agora no átrio esquerdo, indo para o ventrículo esquerdo, voltando para o
pulmão e recomeçando o ciclo.

Assim, no afogamento por água doce, o sangue no átrio direito (primeiro) está mais diluído, menos
concentrado, do que no átrio esquerdo. Por isso, basta averiguar a densidade do sangue dos átrios ou
ventrículos direitos e esquerdos para saber em qual massa líquida ocorreu o fato, terá sido em água doce
caso a densidade do lado esquerdo for menor do que a do lado direito.

Carrara percebeu um fenômeno interessante e passou a explorar tal feito, aplicou técnicas de
temperatura de congelamento da água, que varia em decorrência da maior concentração de sal. Quando
você coloca sal na água, a temperatura de congelamento cai. Quanto mais sal você coloca, mais baixo fica o
ponto de congelamento. Assim, você pode estudar o ponto de congelamento do sangue encontrado nos
átrios esquerdo e direito para avaliar qual estava com mais sal e, dessa forma, saber se morreu em água
doce ou salgada.

Afogado Branco de Parrot: necropsia branca, pericia branca, morte branca. Toda vez que você
procura algo e não acha nada como causa da morte, você fala de perícia branca. A causa da morte é
indeterminada, pois não foi encontrada água nos pulmões. Sendo assim, para solucionar isso, alguns
estudiosos citam a possibilidade de choque térmico, parada cardíaca ou espasmo da glote. Portanto, o
afogado branco de Parrot, na verdade, não morreu afogado.

Afogado azul, por sua vez, é o afogado tradicional.

Outro modo de saber se a pessoa morreu afogada, inclusive em estágio avançado de putrefação, é
procurar algas microscópicas, chamadas diatomáceas (plâncton), que entram na corrente sanguínea e
espalham-se pelo corpo, inclusive nos ossos.

De acordo com as algas encontradas no cadáver, é possível estimar o local em que teria ocorrido o
afogamento, porque essas algas são diferentes de região para região.

Alguns doutrinadores estabelecem fases de afogamento, apontando para um total de cinco. Vejamos:

1ª fase - agitação, luta contra o afogamento;


2ª fase - apneia voluntária, segurando o ar;
3ª fase – aumento de concentração de gás carbônico vai estimular o bulbo, ocasionando uma
inspiração involuntária;
4ª fase - entra em coma asfíxico;
5ª fase - morte.

Outro sinal de afogamento importante está nos pulmões, pois a água rompe os alvéolos, causando
uma equimose. Assim, teremos as petéquias, as manchas de Tardieu e as manchas de Paltauf, estas são
exclusivas do afogamento.

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8 – ASFIXIA POR TRANSFORMAÇÃO DO MEIO GASOSO EM SÓLIDO PULVERULENTO


(SOTERRAMENTO)

É a penetração de substância sólida ou semissólida, pulverulenta ou granular, na árvore respiratória.


Não basta estar somente na boca. Trata-se, na maioria dos casos, de acidente.

 EM SENTIDO AMPLO

 EM SENTIDO ESTRITO

9 – ENFORCAMENTO

Trata-se de asfixia mecânica em que se utiliza um laço, sendo aplicada como força para apertar o
laço o próprio peso do corpo. Há interrupção do ar atmosférico até as vias respiratórias, como decorrência
desta força atuante. É mais comum nos suicídios. Vejamos algumas características:

 Sulco, em regra, não é contínuo;

 Linha argêntica/argentina;

 Posição na parte alta do pescoço

 SINAIS GERAIS E SINAIS PARTICULARES

 TIPOS DE ENFORCAMENTO

 ENFORCADO BRANCO X ENFORCADO AZUL

10 – ESTRANGULAMENTO

Hélio Gomes definiu como uma espécie de asfixia mecânica em que a constrição do pescoço se faz
por um laço, cuja força atuante é outra que não o peso da vítima. A causa predominante é o homicídio.

 SINAIS PARTICULARES

 DIFERENÇAS ENTRE ENFORCAMENTO E ESTRANGULAMENTO

11 – ESGANADURA

Trata-se da constrição do pescoço com as mãos, obstruindo a passagem do ar. Encontram-se marcas
de dedos e de unhas no pescoço.
 SINAIS PARTICULARES

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