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LEI MUNICIPAL Nº 1.268, DE 20/11/2007


DISPÕE SOBRE A PROTEÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL E NATURAL DO MUNICÍPIO DE ESTÂNCIA VELHA
E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS.

O Prefeito Municipal de Estância Velha/RS.

Faço saber que o Poder Legislativo aprovou e eu sanciono e promulgo a seguinte Lei:

Art. 1º Constitui imóveis de interesse histórico-culturais, o conjunto de bens imóveis existentes no Município, de
propriedade de pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado, portadores de referência à identidade, à
ação e à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade Estanciense, nos quais se incluem:
I - as obras, edificações e espaços destinados às manifestações artístico-culturais;
II - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e
científico.

Art. 2º Cabe à Secretaria Municipal do Planejamento Urbano, Secretaria Municipal de Educação e Cultura e
Procuradoria Geral do Município de Estância Velha, inventariar e Tombar os imóveis que se enquadram nos incisos I
e II do artigo 1º, desta Lei.
Parágrafo único. Os representantes de cada órgão referidos no caput constituirão Comissão de Tombamento, de
no mínimo, três membros, indicados por cada órgão e nomeados pelo Executivo Municipal.

Art. 3º Os imóveis enquadrados no artigo 1º desta Lei, constituirão processo de pesquisa interna cadastral,
aglutinando-se o maior número de dados possíveis sobre o objeto a sofrer a intervenção, juntando-se projetos, fotos,
documentos que atestem a importância do imóvel para o patrimônio histórico-cultural municipal.

Art. 4º A iniciativa da indicação dos bens a serem tombados é direito de qualquer pessoa física ou jurídica, de direito
público ou privado, que poderá fazê-lo através de exposição de motivos encaminhada ao Poder Executivo Municipal.

Art. 5º O tombamento se procederá de duas formas: provisório e definitivo.


§ 1º Será efetuado o tombamento provisório, após a aprovação do processo pela Comissão de Tombamento,
quando do encaminhamento ao proprietário do bem, da competente Notificação;
§ 2º Será efetuado o tombamento definitivo, após a conclusão dos procedimentos estabelecidos na presente Lei, o
ato for registrado no Livro do Tombo e expedida Portaria de Tombamento.

Art. 6º O proprietário do imóvel será notificado do tombamento provisório, por solicitação da Comissão de
Tombamento, através dos seguintes procedimentos:
I - Pessoal, quando o proprietário estiver domiciliado no Município;
II - Carta Registrada, com Aviso de recebimento (AR), quando o proprietário estiver domiciliado fora do Município;
III - Edital, quando o proprietário estiver em domicilio incerto ou desconhecido.

Art. 7º A Notificação do Tombamento provisório deverá conter os seguintes itens:


I - nome e endereço do órgão emitente e do proprietário;
II - fundamentação de fato e de direito que autorizam o tombamento e justificam o interesse público na sua
preservação;
III - descrição do bem quanto à espécie, local e valor de significação;
IV - O prazo para impugnação não superior a 30 (trinta) dias;
V - local, data e assinatura da autoridade responsável.

Art. 8º O proprietário, ao receber a Notificação, poderá opor-se ao tombamento, através de impugnação interposta
por petição escrita dirigida ao Poder Executivo.
§ 1º A impugnação deverá conter:
I - qualificação e titularidade do impugnante;
II - descrição e caracterização do bem;
III - fundamentação de fato e de direito pelo qual se opõe ao tombamento.
§ 2º Recebida a impugnação, o Poder Executivo determinará a remessa dos autos à Comissão para, no prazo de
15 (quinze) dias, emitir parecer fundamentado sobre a matéria arguida na impugnação; podendo ratificar, retificar ou
acrescentar o que for necessário para a efetivação do tombamento e a regularização do processo.
§ 3º A impugnação será liminarmente rejeitada, pela Comissão de Tombamento, quando:
I - intempestiva;
II - houver manifesta ilegitimidade do impugnante ou carência de interesse processual.

Art. 9º Após a execução dos procedimentos estabelecidos no artigo 8º, o processo será encaminhado ao prefeito
Municipal para homologação.
Parágrafo único. Homologado o processo de tombamento provisório, a Comissão de Tombamento, procederá o
tombamento definitivo, inscrevendo o bem cultural em questão no Livro do Tombo e emitindo a Portaria de
Tombamento, após o que deverá:
I - encaminhar cópia da Portaria de Tombamento ao proprietário;
II - divulgar publicamente o fato;
III - promover, a averbação do tombamento no Registro de Imóveis, para que se produzam os efeitos legais.
Art. 10. Para fins legais, o Tombamento Provisório terá os mesmos efeitos que o Tombamento Definitivo.

Art. 11. No entorno do bem imóvel tombado, não será permitida a execução de qualquer obra ou edificação que
possa impedir ou reduzir sua visibilidade, ou que, por suas características próprias prejudique sua ambiência, sob
pena de multa de 100 (cem) Unidades de Referência Municipal - URMs.

Art. 12. O projeto de toda e qualquer intervenção dentro do perímetro de entorno de um bem tombado deverá haver
manifestação da Comissão de Tombamento.
§ 1º Incluem-se neste caso as demolições de qualquer tipo.
§ 2º As obras que se encontrarem dentro do perímetro de entorno, construídas sem licença ou em desacordo com o
projeto aprovado, serão demolidas, por determinação do Município de Estância Velha, ouvida a Comissão de
Tombamento.

Art. 13. A preservação do Patrimônio Cultural Municipal ficará sob a responsabilidade da Comissão de Tombamento.

Art. 14. A manutenção e a conservação dos bens históricos/culturais tombados, é responsabilidade dos seus
proprietários.
§ 1º Os bens imóveis tombados, conservados pelos seus responsáveis e mantidos na sua forma original e integral
contarão com a isenção do IPTU, anualmente.
§ 2º Os respectivos proprietários que, comprovadamente, não dispuserem de recursos para proceder aos serviços
de reparação que o mesmo requer, levará o caso ao conhecimento do Comissão de Tombamento, que o
encaminhará no âmbito do Município, sempre condicionado à recursos orçamentários.

Art. 15. Os bens tombados ficam sujeitos à vigilância permanente da Secretaria Municipal do Planejamento Urbano,
que deverá inspecioná-los periodicamente.
Parágrafo único. Verificada a necessidade de realização de obras de conservação ou restauração em qualquer
bem cultural tombado, a Secretaria Municipal do Planejamento Urbano, poderá tomar a iniciativa de projetar e
viabilizar sua execução.

Art. 16. O imóvel considerado Patrimônio Histórico/Cultural, mediante parecer da Comissão citada no artigo 2º da
presente Lei, que por ventura ainda não tenha sido tombado, e que seja mantido, parcialmente, com as
características originais e relevantes historicamente, o proprietário do imóvel poderá ter:
I - Excepcionado, conforme o caso, a aprovação do projeto de reforma e/ou construção em relação ao Código de
Obras e/ou Plano Diretor, desde que importe em benefício ao patrimônio histórico-cultural municipal; ou
II - redução de 50% do Imposto predial e territorial Urbano - IPTU, anualmente atribuído ao imóvel, considerando-se
sua área atual ou a que vier a ser ampliada.

Art. 17. A excepcionalidade ou a concessão de qualquer benefício visando a conservação do imóvel que possa
enquadrar-se como patrimônio-histórico cultural, importa em:
I - lavratura de termo de compromisso, a ser averbado na matrícula do imóvel, perante o registro público, pelo
proprietário do imóvel, sendo este irrevogável e irretratável, servindo de base para o início do procedimento de
tombamento do bem ou de parte dele;
II - a observância do projeto aprovado pela Secretaria Municipal do Planejamento Urbano, visando a conservação
das características essenciais do bem;
III - descrição da excepcionalidade concedida ou a redução de 50% do valor do IPTU.

Art. 18. Cabe a Secretaria Municipal do Planejamento Urbano, quando da aprovação do Projeto de reforma ou
construção, analisar a excepcionalidade requerida pelo proprietário do imóvel e deferi-la, mediante Memorial
Descritivo justificando a excepcionalidade concedida e das características parciais mantidas no imóvel.

Art. 19. No caso de alienação onerosa de bens tombados, o Município terá direito à preferência e terá o prazo de 30
dias para se manifestar.

Art. 20. No caso de perecimento de bem cultural tombado, seu proprietário deverá dar conhecimento do fato a
Comissão de Tombamento, sob pena de multa de 100 (cem) Unidades de Referência Municipal - URMs.
Parágrafo único. Em caso de irreversibilidade do ocorrido, o fato deverá ser registrado no Livro de Tombo.

Art. 21. A Comissão de Tombamento, será renovada a cada dois anos, sendo permitida a recondução por até três
mandatos sucessivos.

Art. 22. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 23. Fica Revogada a Lei Municipal nº 817, de 1º de agosto de 2003.

Estância Velha, em 20 de novembro de 2007

________________
Elivir Desiam
Prefeito Municipal

Registre-se e Publique-se

________________________
Pedro Engelmann
Secretário da Administração

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