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A Ti, Carolina PDF
A Ti, Carolina PDF
Pensavas que o mundo cabia inteiro nas paredes da tua casa e quem lá
vivia eram os seus únicos habitantes. Tive de mostrar-te que isso não
era verdade.
Viste o mundo com as cores que eu pus em cada som e em cada gesto.
Olhaste para mim, aprendeste o meu nome, chamaste-me por tudo e por nada, geralmente por nada…que é
sempre tudo!
Tentei mostrar-te como se vive com os outros, como se aceita quem não é igual a nós, tal como se aprecia um
Tive de te dizer muitas vezes “não” sem me deixar levar pelo teu beicinho irresistível ou pela tua birra feia.
Mas também te disse muitas vezes “sim” e senti que era para mim que sorrias e estendias as mãos. Foste
sempre a menina que me colocou os melhores desafios, a sabichona, a que adorava trabalhos e brincadeiras e
que me lembrava muitas vezes de coisas que eu fingia esquecer, ou às vezes esquecia mesmo.
Levei-te ao recreio quando havia sol, observei-te, ensinei-te a assoar o nariz, a vestir-te sozinha, a brincar no
parque, ajudei-te a gostar de fruta (tentei com o Kiwi, mas não consegui), contei-te histórias e disse-te que
todas as meninas têm direito a ser princesas e que todos os meninos têm direito a ser piratas! E que o rosa e o
Senti que me levavas nos olhos, quando à tarde te despedias e esperava que me levasses também no coração…
flor da pele. Mas…caso me pusesses a suspirar pela hora de regressar a casa, ou me fizesses levar algumas
vezes as mãos à cabeça e pensar ou dizer coisas que não deveria…seria muito normal, porque és criança.
Dani