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Análise do livro

A história de O Sol é Para Todos se passa em uma cidade chamada Maycomb,


no Alabama, entre os anos de 1933 e 1935. Essa cidade fazia parte da parte do sul dos
Estados Unidos, estados esses que lutaram na guerra de secessão contra os estados do
norte, não escravistas, para manutenção da escravidão. Como o sul saiu derrotado da
guerra, as cidades que antes eram escravistas tiveram que deixar essa prática, entretanto,
o preconceito e a superioridade com que os brancas tratavam os negro, como se eles não
fossem humanos, ainda perdurou por muito tempo na região, incluindo na cidade fictícia
de Maycomb.
A narradora do livro é uma mulher lembrando de seus tempos de criança,
quando tinha 6 anos de idade, a Jean Louise, apelidada de Scout. Narradoras femininas
não são hoje a maioria na literatura e eram menos ainda quando o livro foi lançado em
1960, quando o livro foi lançado, sem contar que a narradora é uma criança. Jem, o
irmão 4 anos mais velho de Scout, e Dill, o sobrinho da vizinha 1 ano mais velho que
Scout que passa as férias com eles, são outros personagens que acompanham o
desenvolvimento da história.
Boo Radley, o apelido que as três crianças dão para Arthur Radley, é um
misterioso morador da residência Radley que não é visto por ninguém a muitos anos e
causa arrepios nas crianças devido as histórias que contam sobre ele, por exemplo,
dizem que ele só sai a noite de casa para devorar animais a sangue frio e olhar os
vizinhos pela janela durante a madrugada. Essa é um personagem comum em muitas
vizinhanças, uma pessoa reclusa e que quase não sai de casa, além de ser, muitas vezes,
solitária. Boo foi um personagem que assombrou as crianças principalmente durante o
primeiro ano da história, quando elas passavam correndo na frente da casa com medo de
alguém aparecer e que temiam fortemente até pisar no quintal dos Radley, mas que
salvou a vida de Jem e Scout quando os irmãos foram atacados no fim do livro, sendo a
história dele que abre e fecha o livro o principal arco.
Paralelamente, se desenvolve ao longo da história a defesa que o pai de Scout,
Atticus Finch, faz a defesa de um homem negro acusado de estuprar uma mulher
branca. Como no país vigoravam leis que segregavam os negros dos brancos, fortes
resquícios da escravidão, esse crime era muito pior do que se tivesse sido cometido por
um branco. Atticus, mesmo sabendo que ao aceitar aquele casa estaria de certa forma
indo contra toda a cidade dele, já que praticamente todos viam aquilo como um crime
que deveria ser severamente punido, principalmente por ter sido cometido por um
negro, defende Tom Robinson como teria defendido qualquer outro acusado. Mesmo
que essa escolha causasse problemas para imagem dele e da própria família Finch, ele
lutou com todas as forças para defender esse cidadão americano. Ele escolhe fazer isso,
mesmo sabendo que a vitória do caso era impossível, pois ele sabe que isso era o certo a
fazer e, principalmente, ele sabia que se não fizesse isso, não poderia olhar nos olhos de
seus filhos novamente e dizer que algo era certo ou errado, já que ele próprio teria feito
algo errado sabendo que era errado.
Atticus é um pai viúvo de 2 filhos que tenta ao longo da história ensinar para
Jem e Scout que eles devem tratar todos bem e com igualdade. Ele pede que seus filhos
o chamem de Atticus e não de pai, para mostrar que não há diferença entre eles, além
disso, responde a todas as perguntas que eles o fazem, não importando quais sejam.
Atticus também é contrário a qualquer tipo de preconceito e é pacifista, ou seja, tenta
resolver todos os problemas por meio do diálogo e da conversa, mesmo vivendo em um
país que permite e venera o uso de armas de fogo e mesmo ele próprio tendo uma
excelente pontaria com esse tipo de objeto. Além disso, mesmo vivendo em uma
sociedade machista, onde as mulheres têm de se comportar como damas, Atticus nunca
forçou Scout a isso, ele sempre deixou-a fazer, brincar e se vestir como quisesse.
Mesmo Atticus provando que Tom Robinson, um homem negro com o braço
esquerdo problemático, não seria capaz de ter causado os hematomas em Mayell, que se
encontravam no lado direito do corpo, mas, em contra partida, o pai de Mayell, canhoto
e com problema devido a bebida, teria facilmente espancado a filha e tentava condenar
um negro a morte para sair livre do acontecido. Entretanto, o júri decide que Tom era
culpado, pois não podiam ir contra as diretrizes da sociedade que viviam, mesmo que a
verdade tivesse sido expostas para todos por Atticus.
O título em inglês, To Kill a Monkingbird, que seria “ matar um Rouxinol”
significa matar a inocência, já que o Rouxinol é um pássaro que somente canta uma
bonita melodia, ele não faz mal a ninguém. Quando as crianças recebem armas de
preção como presente de natal, Atticus diz a elas que o fato de que elas vão matar
pássaros é triste, mas é inevitável. Ele fala que eles podem matar qualquer pássaro, mas
não podem matar um Rouxinol, pois ele não faz mal a ninguém, e isso seria um pecado.
Nessa história, percebe-se 2 principais rouxinóis, o Tom Robinson e o Boo Radley, pois
eles foram alvos injustos e indefesos das críticas e preconceitos da cidade.
No conflito final, quando o sr. Ewell tenta matar Scout e Jem, depois de ter
quebrado o braço de Jem e deixá-lo inconsciente no chão, Bob começa a enforcar Scout.
Felizmente, no meio da escuridão, alguém tira o sr. Ewell de cima de Scout e leva Jem
para casa de Atticus, essa pessoa que teve que matar Bob com uma facada para salvar as
crianças, foi Boo Radley. Atticus, logo pensa em como lidaria com isso juridicamente, e
conclui que a melhor forma é dizer que Jem matou Bob por legítima defesa, poupando
Boo de ser exposto como uma vilão para uns ou como um herói para outros, pois isso
seria horrível para alguém recluso como ele. O xerife não deixa Atticus fazer isso e
inventa a história de que o sr. Ewell teria caído na própria faca, para ninguém sair
culpado, explicação essa que Atticus aceita relutantemente. No fim, Scout disse que isso
era o certo a fazer, pois expor Jem daquela forma era errado e expor Boo seria como
matar um Rouxinol.
O livro, lançado em 1960, foi muito importante para os inúmeros movimentos
sociais que aconteceram naquela década. Os negros passaram a lutar intensamente para
acabar com as leis de segregação no país. Pode-se dizer que os Estados Unidos eram um
país antes do lançamento do livro e se tornaram outro após o lançamento do mesmo,
claro, levando em conta outros demais incentivos para essas causas sociais.
Ao longo do livro, diversas lições foram ensinadas, principalmente, pelo Atticus
para os seus filhos, sendo as principais:
Ponha-se no lugar dos outros, ou seja, tenha empatia, pense que ele é igual a você e que
algo que ele fez, você também poderia ter feito se estivesse em uma situação
semelhante.
Não mate os rouxinóis, não tire vantagens de pessoas mais fracas que você, pessoas que
não podem se defender, como no caso dos negro que pertencem a uma raça excluída e
marginalizada.
Continue lutando por aquilo que acredita ser certo, por aquilo que lhe representa,
independente das suas chances de ter sucesso naquilo
Resumo dos capítulos
Primeira parte

1
Na cidade de Maycomb, nos Estados Unidos, vivem uma família de três pessoas:
Atticus, um advogado, Jem, o irmão quatro anos mais velho, e Scout, a protagonista. Na
família deles, os Finch, também tem o irmão mais novo de Atticus, John, que fez
Medicina. Nas férias de verão quando Scout tinha 6 anos, ela e Jem conheceram Dill,
sobrinho da vizinha, Rachel. Ele era um ano mais velho que Scout e tinha o desejo que
o suspeito Boo Radley saísse da residência Radley, pois quase ninguém o tinha visto
fora de casa e as histórias diziam ele vagava pelas ruas durante a noite para observar as
casas e pegar um ar deixaram Dill ainda mais curioso. Por isso, desafiou Jem a fazer
Boo sair de casa, mas como Jem estava com muita hesitação, pediu que ele entrasse no
quintal e só tocasse na casa. Jem cumpriu o acordo para ganhar uma revista como
recompensa.
2
Depois que as férias acabaram e Dill teve que voltar para cidade dele, Scout
percebeu que finalmente começaria a ter aulas na escola. Jem disse para ela que não
queria que ela ficasse grudada nele o tempo todo, já que ela tinha que ela ficar com as
crianças do 1º ano e ele, com os do 5º ano. No primeiro dia de aula, a jovem e bonita
professora de 21 anos, Caroline Fisher, que mora na residência Maude escreveu o
alfabeto no quadro e chamou Scout para lê-lo. O fato de a garotinha já saber ler irritou
bastante a professora que disse para ela parar de estudar em casa com seja quem fosse
que a tivesse ensinado.
Os Cunningham eram uma família pobre e do meio rural que, como não tinha
dinheiro para pagar serviços, devolvia em forma de alimentos ou lenha os favores de
deviam. Walter Cunningham era um garotinho do interior, assim como muitos da sala,
que sofriam com dificuldades financeiras, seguia o lema de sua família de nunca aceitar
algo que não pudesse devolver. Por isso, quando a professora ofereceu a ele dinheiro
emprestado para comprar um lanche, já que ele não nem tinha para trazer, ele recusou
insistentemente até que Scout levantou-se e disse que a família dele não tinha dinheiro
em casa para que ele pudesse devolver e que a professora não aceitaria a forma de
pagamento deles, lenha, por exemplo. A professora enfureceu-se e deu meia dúzia de
reguadas na mão de Scout. Toda a turma começou a rir do fato e, por isso, a professora
passou a distribuir reguadas para todos até que a diretora chegou para reclamá-la do
barulho.
3

Como Louise tinha recebido uma bronca por tentar ajudar o Walter, ela depois
foi brigar com ele para descontar o que aconteceu. Jem a impediu e convidou Walter
capara comer na casa deles, como um pedido de desculpas. Quando Scout reclamou que
Walter estava colocando muito melado na comida, Calpúrdia colocou ela para comer
sozinha na cozinha. Na aula seguinte, a professora, além de se espantar com o fato de
ter saído uma pulga do cabelo de Burris Ewell, ela ficou mais assustada com o fato de
os vários Ewell da escola sempre irem somente o primeiro dia de aula. Durante a noite,
Scout conversou com Atticus sobre o fato de ela não querer ir mais para a escola, ele
combinou com ela que se ela continuasse indo, eles continuariam lendo juntos todas as
noites, ela aceitou.
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Jem só voltou a conversar com Scout 1 semana depois da noite que foi buscar a
calças. Ele finalmente disse que quando foi pegar a calça, ela estava costurada e dobrada
esperando por ele, mas não costurada corretamente, estava exatamente do jeito que o
próprio Jem faria. Scout não estava gostando muito do seu segundo ano, mas Jem disse
que as coisas iriam melhorar a partir do sexto ano. Eles continuaram a pegar os objetos
escondidos no buraco da árvore dos Radley, até que certo dia encontraram 2 bonecos de
sabão muito parecidos com eles, estranharam o fato, mas guardaram as esculturas. Nas
semanas seguintes eles encontraram um relógio quebrado, que Jem tentou consertar,
mas sem sucesso e um canivete. Por isso, Jem e Scout resolveram escrever uma carta de
agradecimento pelas presentes. Quando foram no dia seguinte deixar a carta no buraco
da árvore, se depararam com algo terrível: o buraco tinha sido coberto por cimento pelo
Sr. Nathan Radley, que disse que a árvore estava supostamente morrendo. Jem ficou
muito triste e até chorou por isso.
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Certo dia, um garoto chamado Cecil Jacob disse para Scout que o pai dela
defendia pretos e ela se irritou com isso e foi perguntar a Atticus se era verdade. Ele
explicou a ela que era um caso impossível de vencer, mas que ele não desistiria, e que
Scout não deveria falar preto, e sim negro, para não soar grosseiro. Depois disso, Scout,
Jem e Atticus foram passar o natal na casa da tia irmã de Atticus, e lá receberam duas
armas de pressão de presente, mas Atticus disse que não poderiam atirar em nenhum ser
vivo, sem uma boa razão. Além disso, durante esse natal, Scout esmurrou a cara de seu
primo Francis que chamou Atticus de adorador de pretos e disse que ele envergonhava a
família. O tio de Scout deu uma surra na menina para ela aprender que isso estava
errado, mas depois se arrependeu quando Scout disse a ele o que de fato aconteceu e
que ele deveria ter ouvido os dois lados da história. Tarde da noite Scout ouviu uma
conversa entre Atticus e o irmã dele sobre como ela tinha que aprender a se controlar.
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Certo dia, Scout chego à conclusão de que Atticus não era tão incrível quanto os
outros pais de seus colegas, pois ele não sabia fazer nada de legal e não jogaria no jogo
de futebol da escola por já ser muito velho. A senhora Maude disse a Scout que Atticus
era bem incrível, pois era muito bom no xadrez e era um excepcional advogado, mas
Scout não achava isso não legal assim. Outro dia, um cachorro da vizinhança estava
estranho e quando Jem o mostrou para Calpúrdia, ela soube na hora que ele estava louco
e tratou logo de avisar a todos que não saíssem de casa e ligou para Atticus. Momentos
depois, Atticus chegou com o xerife ao local e ele mesmo teve que dar o tiro para acabar
com a vida do cão. Atticus não se orgulhava disso, mas era um atirador incrível. Jem e
Scout acharam isso muito legal, mas Jem proibiu Scout de contar isso na escola.
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A senhora Henry Lafayette Dubose morava duas casas acima da de Atticus e


sempre que Scout e Jem passavam em frente a sua varanda ela reclamava algo com eles.
Até que certo dia, quando Jem ia comprar um brinquedo para ele e um para Scout com o
dinheiro que ganhara de aniversario, a senhora Dubose chamou Atticus de adorador de
pretos e esse fato irritou muito o Jem, que quando voltou da loja matou todas as
camélias do quintal da venha rabugenta senhora. Atticus quando soube disse mandou
Jem ir conversar com a senhora Dubose para se desculpar e ela exigiu que ele refizesse
o quintal e lesse para ela durante um mês, todos os dias. Ela mal prestava atenção na
leitura, mas Jem não se incomodava com esse fato. Após terminar de pagar sua
penitência, Jem e Scout ficaram quase 1 mês sem ver a senhora Dubose na varanda
reclamado de tudo, pois ela estava doente e quase morrendo. Quando ela morreu,
Atticus foi a casa dela e voltou com um presente dela para Jem. Dentro de uma caixa de
madeira, era uma linda camélia branca. Jem a jogou no chão, pois ainda não a tinha
perdoado por ter insultado Atticus.
segunda parte

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Jem estava com 12 anos e, segundo Scout, precisava de uma surra para deixar de
ser chato. Dill tinha trocado de pai e não pode vir nesse verão, pois ia construir um
barco, mas mandou uma carta para Scout dizendo que eles continuavam noivos. Como
Atticus tinha se ausentado 2 semanas para um trabalho do governo, Calpúrdia achou
melhor que Jem e Scout fossem com ela para a igreja, e os arrumou como se fossem
para uma grande festa, para mostrar o quão ela cuidava bem deles. Ao chegarem na
igreja dos negros, no sul da cidade, foram recebidos respeitosamente por todos lá, só
uma mulher chamada Lula que não concordava com a presença de brancos no local,
mas foi calada pela calorosa recepção dos demais. Durante a celebração, eles
estranharam o gasto livro de hinos e também o fato de o reverendo se referir a casos
específicos quando dava sermões e fazia pedidos. No momento da doação, o reverendo
fechou as portas e só as abriu novamente quando conseguiu arrecadar 10 dólares para
doar a esposa de Tom, que não achava emprego e tinha 3 filhos. No caminho para casa,
Scout questionou por que a mulher de Tom não conseguia emprego e por que Calpúrdia
falava errada quando estava com os outros negros na igreja.
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Quando estavam voltando da igreja, tia Alexandra estava esperando na varanda
de casa, pois agora ela iria morar com eles para ensinar Scout a se portar como uma
garota. Quando Atticus finalmente voltou, ele perguntou o que Scout achava da ideia e
ela mentiu dizendo que achava legal. A tia Alexandra achava que hereditariedade era
algo muito importante e definia as ações dos membros da família, esse fato até que fazia
sentido, já que a cidade foi construída distante dos rios e consequentemente, aqueles que
lá moravam faziam suas famílias com os vizinhos e até com parentes.
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Quando Atticus recebeu a pergunta de Scout, o que é estuprar ?, ele questionou
Scout sobre o que tinha acontecido no dia que ela perguntou isso a Calpúrdia e ela não
respondeu. Quando Louise disse que eles foram para igreja dos negros, Alexandra ficou
muito brava e discutiu com Atticus sobre a importância de Cal para família. No quarto,
depois disso, Jem e Scout se bateram porque Jem mandou que Scout não ficasse
dizendo coisas que pudessem incomodar a tia e ela achou muita petulância da parte
dela. Mais tarde da noite, Louise levantou-se e pisou em algo estranho no chão, por isso
chamou Jem, pois achava que era uma cobra, mas, na verdade, era Dill embaixo da
cama. Depois de Jem contar uma história absurda de como chegou lá, Jem chamou
Atticus para conversar com ele e Atticus disse para ele comer e tomar um banho
enquanto ele pediria a Sr. Rachel para que ele dormisse na casa dele. Dill foi dormir
com Jem, mas decidiu ir para cada de Scout, onde conversaram sobre como os pais de
Dill não davam atenção para ele e como eram feitos os bebes.
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Depois de muitas conversas, decidiram que Dill iria ficar na casa da tia Rachel.
Mais tarde, Atticus passou em casa e disse que só voltaria depois da hora de dormir.
Quando passou um tempo, Scout percebeu que Jem estava se preparando para sair e
disse que iria com ele e que Dill teria de ir junto também. Eles foram para a cadeia,
onde Jem pensou que Atticus estaria. Quando estavam voltando para casa, viram umas
pessoas voltando de carro e voltaram para ver o que eles queriam com Atticus. Quando
a conversa começou a esquentar, pois o homens queriam entrar na cadeia, Scout e os
demais foram correndo para perto de Atticus, que insistiu para que fossem embora, mas
não foram. Scout conversou com eles para tentar deixar o clima da conversa mais
calmo, até que eles finalmente foram embora. Atticus também voltou para casa com as
crianças, pois o perigo já tinha passado.
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Depois de voltarem para casa, Scout finalmente percebeu que algo horrível
poderia ter acontecido se eles não estivessem lá, por isso, ela começou a chorar e Jem
deixou que ela dormisse com ele naquela noite. No dia seguinte, Jem, Scout e Dill viram
muitas pessoas se dirigindo ao centro da cidade, pois hoje seria o dia do julgamento. O
trio não aguentou ficar longe e também se dirigiu para o tribunal. Como estava muito
lotado, eles não acharam um lugar para se sentar, mas, felizmente, o reverendo os
convidou para se sentarem junto aos negros, e eles aceitaram. Desse local, eles podiam
ver claramente o que aconteciam, e não podiam ser vistos por Atticus, que estava de
costas para eles.
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O primeiro a testemunhar foi o xerife, sr. Hank Tate, que disse que foi chamado
pelo sr. Ewell para ir a casa dele, pois a filha dele tinha sido atacada. A filha disse que
Tom Robinson tinha a atacado e o sr. Tate foi atrás dele. Atticus o perguntou sobre
como eram os ferimentos da moça, e ele disse que ela tinha o lado direito do corpo bem
machucado. O próximo a depor foi o sr. Ewell que disse que estava cortando lenha e
ouviu os gritos de sua filha e foi correndo para ajudá-la. Quando olhou pela janela, viu
Tom em cima da filha dele a abusando e quando Robinson fugiu, ele correu para chamar
o xerife. Atticus perguntou se ele concordava com a descrição dos ferimentos e ele disse
que sim. Após isso, Atticus pediu ao sr. Ewell que escrevesse numa folha o nome dele,
ao fazer isso, mostrou que era canhoto, fato que poderia indicar os ferimentos do lado
direito do rosto da filha.
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O julgamento prosseguiu com o depoimento da vítima, a filha do sr. Ewell. Ela
explicou que precisava de ajuda para cortar um armário e quando viu Tom passando,
pediu a ajuda dele em troca de uma moeda. Quando ela virou para ir pegar a moeda,
Tom a atacou, espancou e a abusou. Ela disse que concordava com a descrição dos
ferimentos e quando Atticus a perguntou se o pai dela o batia, ela disse que não.
Entretanto, Atticus a pressionou de uma forma para de dissesse exatamente o que tinha
acontecido, que ela disse que Tom a tinha abusado e não diria mais nada.
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Agora era a vez de Tom depor, ele disse que sempre passava na frente da casa
dos Ewell quando ia trabalhar e a filha do sr. Ewell, Mayell, sempre pedia a ajuda dele
para fazer algo, como cortar lenha ou concertar alguma coisa. Tom descreveu que no dia
do suposto ataque, ele passava na frente da casa e a Mayell o chamou para consertar
algo dentro de casa. Lá dentro ela o atacou e o beijou, desejando o corpo de um negro,
mesmo ela sendo branca. Quando o sr. Ewell chegou e viu a cena, Tom correu de medo
e ele espancou a filha por ter feito algo como seduzir um negro. O outro advogado
tratou Tom de maneira tão agressiva e preconceituosa que Dill começou a chorar de
nojo e Jem mandou que Scout fosse lá para fora com ele.
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Lá fora, eles conversaram com o sr. Raymond, que ofereceu sua bebida para Dill
beber e se acalmar. Todos pensavam que era bebida alcoólica, mas ao beber, Dill
percebeu que era somente Coca cola. O sr. Raymond gostava da companhia dos negros
e tinha vários filhos mestiços, e para não ser incomodado, fingia estar sempre bêbado.
Quando perceberam que estavam perdendo o julgamento, Scout e Dill voltaram para
dentro a tempo de ver Atticus suar ao dar suas impressões e pedidos finais ao júri.
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Logo após Atticus terminar, Calpúrdia chegou com uma carta da tia Alexandra
avisando que as crianças tinham sumido. Elas se revelaram e Atticus as mandou para
casa e desse que poderiam voltar depois do jantar, já que tinham assistido a
praticamente tudo. A tia não gostou do fato de eles terem presenciado o julgamento e
menos ainda de Atticus permitir que voltassem. Quando voltaram, seus lagares ainda
estavam guardados pelo reverendo. Entretanto, tiveram que esperar bastante tempo para
ouvir a decisão do júri, que fez Atticus sair de cabeça baixa: culpado.
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O trio voltou para casa junto com Atticus que os esperava na rua, fora do
tribunal. Jem não aceitava que as pessoas de Maycomb, que ele considerava justas,
tinham feito aquilo. Quando chegaram em casa, Atticus logo foi dormir, disse que
estava cansado, mas acabou passando parte da noite lendo. Ao acordar pela manhã, foi
surpreendido por uma grande quantidade de alimentos que diversas pessoas tinham
dado para ele em forma de agradecimento, ele emocionado, pediu que Calpúrdia
agradecesse a todos. Atticus foi para o trabalho e as crianças foram convidadas pela
senhora Maude para comer bolo. Lá ela disse para Jem não ter raiva, e não desacreditar
nas pessoas, pois ainda existiam muitas pessoas boas na cidade. Quando saíram da casa,
foram chamadas por Calpúrdia para voltarem para casa, pois o sr. Ewell tinha cuspido
no rosto de Atticus e prometido que acabaria com ele, no caminho para o trabalho.
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Jem e Scout ficaram um bom tempo com medo dessa ameaça, mas Atticus os
acalmou depois de um tempo. Outro dia, enquanto conversavam com a tia sobre as
famílias da cidade, Scout ficou irritado quando Alexandra chamou Walter de lixo e
conversando com Jem chegou à conclusão que só existe um tipo de gente: gente. Jem
disse que pensava o mesmo quando tinha a idade dela, mas que depois de ficar mais
velho, passou a ver as coisas com outros olhos.
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Dias depois, a tia Alexandra estava se reunindo na sala com outras mulheres
para fofocar os acontecimentos da cidade enquanto Calpúrdia as servia e Scout, mesmo
bem vestido, tinha receio de adentrar no local. Ela se ofereceu para ajudar Calpúrdia,
mas quando foi para a sala levar o chá, foi ordenada a ficar lá e conversar com os outras
mulheres. O clima ficou pesado quando Atticus chamou Calpúrdia, Alexandra, Jem,
Scout e a sr. Maude para dar a notícia de que Tom tinha tentado fugir da cadeia e foi
baleado e morto. Ele chamou Calpúrdia para ir com ele dar a notícia para a esposa de
Tom. As que ficaram se ajeitaram e voltaram para sala onde a maior preocupação era o
fato de Calpúrdia ter dado uma saidinha. Como a tia continuava se portando como uma
dama, Scout se esforçou para fazer o mesmo.
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Dill contava para Scout que pouco antes de voltar para casa, Jem estava
ensinando a ele a nadar no riacho quando viram Atticus passar de carro e acenaram para
ele. Quando souberam que ele iria com Calpúrdia ver a mulher de Tom, eles foram
junto, mas só puderam ver do carro ela desmoronando quando soube que ele havia sido
morto. A notícia logo foi para os jornais, mas o que preocupou Scout foi o fato do sr.
Ewell ter dito que um já foi e só faltavam mais 2.
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Agora a professora de Scout pedia que todos os alunos trouxessem uma notícia
atual do jornal para ler na frente da turma. Certo dia, alguém leu uma notícia sobre
como os judeus estavam sofrendo na Alemanha nazista e Scout percebeu como a
professora não gostava de Hitler e como ela o odiava pelas atitudes preconceituosas.
Scout foi conversar com Jem sobre isso, pois achou estranho a professora ter reclamado
do preconceito, sendo que ela ouviu a professora comentado, no final do julgamento,
que Tom merecia aquela sentença. Jem se irritou com isso, pois não queria mais ouvir
nada sobre o julgamento e gritou com Scout.
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Depois de um tempo, todos os envolvidos no caso de Tom foram esquecidos.
Somente a esposa dele que recebeu uma atenção especial do ex patrão de Tom. Ele a
deu emprego e a protegeu do sr. Ewell. Além, disso, como as crianças tinham
aprontado de mais no dia das bruxas anterior, elas esconderam os móveis de duas
senhoras surdas no porão delas, nesse ano, boa parte dos adultos e crianças se reuniram
para fazer algo mais organizado: uma apresentação no ginásio, sendo que Scout tinham
o importante papel de se fantasiar de presunto para figurar entre os alimentos mais
importantes para a economia de Maycomb. Atticus e Alexandra estavam muito
cansados para ir ao ginásio, mas Scout ficou feliz por eles terem visto a apresentação
dela na sala de casa, antes do evento oficial.
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Jem foi com Scout para o ginásio. Durante o caminho, eles tinham que passar
por um lugar muito escuro, próximo a um grande carvalho, não conseguiam ver
praticamente nada e por isso não viram Cecil chegar e tomaram um belo susto. Quando
chegaram no ginásio, Jem deu dinheiro para Scout se divertir com Cecil e ele foi ficar
com os meninos da idade dele. Depois de comerem e brincarem bastante, Scout e Cecil
foram chamados para vestirem suas fantasias, a apresentação já iria começar. A sr.
Merriweather ficou tanto tempo falando da história da cidade quem Scout dormiu e
quando finalmente chegou a vez de ela ser chamada, ela não acordou e só se mostrou no
final, quando todos se reuniram. No caminho de volta, por estar bastante envergonhada,
ela disse para Jem esperar a maioria das pessoas irem embora. Quando estavam indo,
passando pelo caminho escuro, começaram a ouvir alguns barulhos estranhos, mas
pensaram que certamente era Cecil querendo novamente assustá-los, ou melhor,
queriam que fosse isso. Entretanto, quando perceberam alguém correndo atrás deles,
eles correram, mas Scout caiu e ouviu sons de luta entre Jem e a pessoa. Em um
momento ela ouviu Jem gritar e encontrou alguém caído no chão, não era Jem. Longe
ela percebeu que Jem estava sendo levado por alguém e foi atrás da pessoa, ela só o
alcançou perto de casa, quando Atticus pegou Jem no colo e foi para dentro de casa com
o homem. Lá, examinaram Scout, que não estava gravemente ferida, diferente de Jem,
que sangrava. Ligaram para o médico que logo chegou e disse que Jem não corria risco
de vida, isso tranquilizou muito Scout. O xerife, que também foi chamado, disse que
examinou o local do ataque e encontrou o sr. Ewell morto com uma facada na costela.
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O xerife, sr. Tate, pediu para Scout dizem para ele o que tinha acontecido. Ela se
sentou no colo de Atticus e falou tudo que lembrava e que tinha visto ou ouvido. No
final, ela disse que alguém os ajudou, a pessoa que estava no canto do quarto, Boo
Radley.
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A descrição de Scout mostra que alguém esfaqueou o sr. Ewell enquanto ele
estava enforcando Scout, sendo que essa pessoa só poderia ser Boo Radley, já que Jem
estava com o braço quebrado. Atticus já se preocupava em como lidaria com isso
juridicamente e até cogitou dizer que Jem teria matado sr. Ewell, pois isso seria legítima
defesa, mas o xerife não aceitou isso. O médico voltou e pediu que todos se retirassem
para ele terminar de examinar Jem. Todos foram para a varanda, onde a luz era mais
franca e lá Atticus e o sr. Tate discutiram sobre como o sr. Ewell teria morrido; Atticus
estava convencido de que Jem teria o matado e o sr. Tate já estava convencido de que o
sr. Ewell teria escorregado e caído em cima da faca. Atticus teve que aceitar, relutante,
essa explicação.
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Boo acenou com o rosto para Scout e ela entendeu que ele queria ver Jem antes
de ir embora. Lá no quarto, Scout colocou a mão dele na cabeça de Jem e disse para
acariciá-lo, Jem nunca deixaria se tivesse acordado, ela disse. Depois disso, o sr. Arthur
pediu para ela o acompanhar até a casa dela, ela foi. Quando ele entrou dentro de casa,
ele viu daquela ponto de vista na varanda dos Radley como era o seu bairro. Quando
voltou para casa, se deparou com Atticus lendo sentado na cama de Jem. Ela se juntou a
ele, mas logo dormiu. Atticus a colocou para dormir e voltou para o quarto de Jem, ele
ficaria lá até que Jem acordasse, no outro dia.

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