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1o Seminário Nacional Sobre Engenharia do Vento – SENEV 2010

27-29 de Outubro, 2010, Belo Horizonte, MG, Brasil

METEOROLOGIA E AS LINHAS AÉREAS DE TRANSMISSÃO DE


ENERGIA ELÉTRICA
João Ignácio da Silva Filho, jignacio@cepel.br
CEPEL- Centro de Pesquisas de Energia Elétrica, Av. Horácio Macedo, 354 – Cidade Universitária – Rio de Janeiro, RJ

Resumo: Projetos de linhas de transmissão de energia elétrica (LTs) mais adaptados à realidade climática brasileira
e a recapacitação de linhas já em operação são dois objetivos que sempre serão perseguidos, na busca de sistemas
mais econômicos e mais seguros. Mais econômicos, pois a livre concorrência assim exige; mais seguros, porque a
sociedade mais e melhor informada assim obriga. Este informe técnico apresenta considerações práticas que podem
nortear e balizar alguns aspectos relacionados aos dois desafios citados: projetos mais realistas e a recapacitação de
LT's, com base em dados climáticos medidos no Brasil. Após uma discussão de como o meio ambiente e a LT se
interagem, o informe se concentra com mais detalhe num elemento climático, o vento, que sempre desperta grande
interesse em qualquer foro em que seja apresentado e discutido, controvertido que é, seja por suas características
devastadoras, que podem levar a queda de torres, rompimento de cabos ou balanço das cadeias e dos condutores
comprometendo o isolamento em ar, como, também, pelas suas influências benéficas no arrefecimento da temperatura
superficial de condutores aéreos, aumentando a capacidade de transporte das LTs. São apresentadas e comparadas
duas metodologias, Gumbel e Picos Acima de Valor Limite (ou Peaks Over Threshold - POT), para prognósticos de
velocidades de ventos fortes. Para exemplificar uma aplicação e ao mesmo tempo analisar a influência do clima no
projeto de LT, são aqui apresentados os estudos para as tensões de 230 kV e 500 kV considerando o clima de quatro
regiões geográficas do Brasil. Os resultados desses estudos mostram que em função do clima, os custos de instalação
pode sofrer variações de 11% a 6% para LT de 230 kV e de 6% para LT de 500 kV.

Abstrac:. In searching for more economic and safer electric power systems, designing overhead transmission lines
(OTL) more adequate to Brazilian climatic reality and increasing the capacity of existing lines are two important
subjects. Being more economic is an intrinsic demand requested by the free competition, and being safer is a need
claimed by a nowadays society better informed than never. In this direction, taking into account measured climatic
data in Brazil, this paper presents some practical considerations that can guide and define some important aspects
associated with more realistic TL designs and higher capacity TL. After discussing the interaction between the TL and
the environment, the paper focuses on the influence associated with a specific climatic element – the wind. The paper
brings about discussions over wind effects that are always present in any related forum, sometimes with lots of
controversy, as, from one side the wind devastating characteristics may lead to tower fall, cable rupture, and reduction
of insulating distances by insulators string swing or cable vibration, from the other side the wind effect coolers the
cable and therefore improve the TL capacity. Two prognostic methodologies for high velocity winds are also accounted
for and compared in this paper, namely the Gumbel and the Peaks Over Threshold (POT) methodologies. Finally, to
exemplify these methods and analyze the effects of the environment on TL designs, studies for 230 kV and 500 kV lines
considering the climate for four Brazilian geographic regions are presented. The obtained results show that these
different climate conditions lead to installation costs varying from 6 to 11% for 230 kV lines and around 6% for
500 kV lines.

Palavra-chave: Linhas de transmissão, dados meteorológicos, estatística, otimização, custo, segurança operacional

1. INTRODUÇÃO

O projeto de uma linha de transmissão de energia elétrica (LT) envolve uma seqüência de atividades, onde a
interdependência dos parâmetros elétricos, mecânicos e ambientais que interferem no dimensionamento são estudados
de modo a se obter o desempenho operacional, especificado para o empreendimento, aliado aos menores custos
possíveis.
Nas referências NBR5422 (1985), Silva Filho et al. (2001), Salari Filho et al. (2004), Silva Filho et al. (2007), Silva
Filho et al. (2009) têm-se discussões detalhadas de como se dá a iteração entre a LT e o meio ambiente e de quanto o
clima impacta no custo da LT, bem como uma vasta bibliografia sobre o assunto em pauta. Aqui serão apresentados
com menores detalhes alguns desses temas, remetendo os leitores às referências citadas, para maiores detalhes.
Os dimensionamentos elétricos e mecânicos de linhas e subestações de sistemas de transmissão de energia elétrica
são amplamente influenciados pelos fatores climáticos onde estas instalações serão implantadas. A avaliação precisa
dos parâmetros ambientais e a consideração de seus efeitos é fundamental para a confiabilidade e economia destes
empreendimentos. Cita-se, a seguir, exemplos que caracterizam a presença permanente dos dados ambientais em
atividades vinculadas a engenharia de sistemas elétricos.
Os estudos de isolamento entre as partes energizadas e desenergizadas baseiam-se na determinação da
suportabilidade dos materiais isolantes e do ar. A sua determinação requer o conhecimento da poluição e das condições
de pressão, umidade, temperatura e pluviosidade da região, e da solicitação do isolamento, pelo conhecimento das
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condições locais de vento, nível ceraunico e resistividade do solo. O fenômeno corona e seus efeitos são avaliados com
base em dados referentes à precipitação pluvial, umidade, temperatura, pressão e vento.
Apesar de modificar de alguma forma o meio ambiente, a LT é um empreendimento fundamental para o
desenvolvimento da região, justificando a sua construção. Todavia, os projetos devem considerar o maior número
possível de condicionamentos elétricos, mecânicos e ambientais inter-relacionados, de forma a manter o impacto
ambiental dentro de limites aceitáveis sem onerar sensivelmente o custo esperado da linha.

2. O MEIO AMBIENTE E A LT

2.1. Influência da LT no meio ambiente

A LT influência o meio ambiente de diversas formas, tais como: o impacto visual causado pelas dimensões
transversais e longitudinais da linha e a necessidade de uma faixa mínima de passagem, geralmente em torno de
algumas dezenas de metros, e que, por motivos de segurança, reduz as atividades de cultivo, circulação de pessoas,
veículos, entre outras, no entorno da LT. Atenção especial deve ser dada à eventual necessidade de desmatamento,
sobretudo em regiões de preservação ambiental.
Normalmente a faixa de passagem é especificada por critérios de balanço de cabos e de níveis máximos de campo
elétrico, campo magnético, radiointerferência e ruído audível junto ao solo. Entretanto, existem outros fenômenos
associados que merecem ser levado em conta ou ao menos ter sua potencial interferência estimada, nomeadamente as
induções de tensões e correntes entre torre e solo, entre dois pontos na superfície do solo, em tubulações metálicas
enterradas, em cercas, etc. A fonte de tais induções advém, naturalmente, das correntes e tensões transversais nos cabos
em situação normal de operação da linha, como também de correntes que circulem pelas torres e sistemas de
aterramento em direção ao solo, em condições normais ou de contingência.

2.2. Influência do meio ambiente na LT

Dentre as variáveis climáticas, a atuação do vento nas estruturas sempre conduz à necessidade de maior robustez dos
elementos que constituem as estruturas, assim como também a maiores espaçamentos (condicionado pelos balanços das
cadeias e condutores). Mas nem sempre ao vento pode ser atribuído um papel de elemento destruidor ou causador de
problemas. A capacidade de transporte das linhas de transmissão, doravante referida como ampacidade, pode ser
beneficiada quando as baixas velocidades do vento são modeladas estatisticamente. Historicamente, faz-se uso de uma
velocidade de 0,6 a 1,0 m/s para que se façam as avaliações da ampacidade de determinada LT. Esta velocidade é uma
mera conversão dos 2 ft/s de normas e catálogos internacionais como sendo um valor geral e capaz de reduzir os
complexos problemas da ampacidade a um patamar planetário. Os dados medidos permitem retratar estatisticamente a
freqüência de ocorrência das baixas velocidades de vento e avaliar, em bases mais realistas, as temperaturas de operação
dos condutores. O estudo do fenômeno vibratório dos cabos é fundamentado no conhecimento das condições de vento e
temperatura locais.
As demais variáveis meteorológicas relevantes (temperatura ambiente, pressão atmosférica, umidade do ar e
intensidade de precipitação atmosférica) agem no sentido de permitir maiores ou menores espaçamentos no ar.
Acrescenta-se que o estudo do comportamento de materiais metálicos e de revestimentos quanto a corrosão
atmosférica, aplicável ao aço estrutural, cabos condutores, isoladores e ferragens, apoia-se na disponibilidade de
diversos parâmetros meteorológicos, como: temperatura, umidade, taxa pluviométrica e de insolação, direção dos
ventos dominantes, ainda complementados pelos níveis de poluição. A agressividade dos solos, relevante ao estudo de
materiais para aterramento implica o conhecimento da taxa pluviométrica, temperatura e umidade, além da resistividade
e umidade do solo.
A geologia da região tem influência direta no sistema de aterramento e no número e tipo dos suportes das estruturas
e de suas fundações. O tipo de ocupação de solo determina a altura das estruturas de forma a manter as distâncias
mínimas de segurança entre os cabos condutores e o solo, distância que é definida na Norma NBR 5422 em função dos
obstáculos sob a LT.
Os conceitos técnicos para dimensionamento de sistemas elétricos têm evoluído no sentido de que o processo
determinístico, no qual um reduzido conhecimento das variáveis envolvidas era contrabalançado pela adoção de
coeficientes de segurança, vem gradualmente sendo substituídos por processos estatísticos. Nos processos estatísticos as
variáveis envolvidas são apresentadas sob forma de suas distribuições estatísticas, de maneira, a possibilitar a
consideração consciente de um determinado risco de falha, elétrico ou mecânico, face ás implicações econômicas do
grau de confiabilidade.
Um melhor conhecimento das condições climáticas passou a desempenhar um papel importantíssimo no
dimensionamento das instalações de transformação e transporte de energia elétrica, sendo que este conhecimento
implica, por sua vez, que haja em disponibilidade distribuições estatísticas confiáveis das variáveis climáticas
necessárias. É evidente que se não for feito um estudo aprofundado dos dados meteorológicos, a solução será utilizar
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valores elevados para os fatores de sobrecarga ou coeficientes de segurança que afetam o dimensionamento dos vários
componentes de uma LT.
Estando a LT exposta de forma contínua à ação do meio ambiente, os modelos climatológicos usados nos estudos
devem retratar toda a variabilidade temporal do fenômeno meteorológico em foco, o que implica numa coleta de dados
com taxa de amostragem horária ou até mesmo contínua. O período de coleta varia com a influência do fenômeno no
desempenho da linha e pode variar de 3 a 20 anos. Como a LT é um empreendimento que atravessa grandes regiões,
para o projetista de LT, a melhor forma para definir os parâmetros de interesse é através de mapas com a variabilidade
espacial dos elementos climáticos na região da LT.

2.3. Influência do clima no custo da LT

É intuitiva a noção de que quanto mais agressivo for o clima e menos favorável a geologia da região de implantação
da LT, mais elevado será o custo da linha, para que a mesma confiabilidade operacional seja mantida. Esse acréscimo
de investimento pode ser considerado como decorrência direta de se projetarem os suportes e cabos condutores de modo
a que sejam atendidos dois requisitos fundamentais, que são: as resistências mecânicas dos suportes e dos cabos
condutores devem ser compatíveis com as condições ambientais, e os espaçamentos estruturais entre partes vivas e
aterradas devem ser tais que os problemas de suportabilidade elétrica, corona e demais efeitos de campos elétricos e
magnéticos fiquem restritos a limites aceitáveis.
O projeto de uma linha de transmissão envolve uma seqüência de atividades, onde a interdependência dos
parâmetros elétricos, mecânicos e ambientais que interferem no dimensionamento são estudados de modo a se obter o
especificado desempenho operacional do empreendimento aliado aos menores custos possíveis.
Por não dispor de uma ferramenta que possa analisar simultaneamente todas as interdependências, na maioria das
vezes o projeto é desenvolvido dimensionando-se isoladamente cada componente da LT, o que torna difícil uma solução
ótima global do empreendimento. Uma solução mais próxima da ótima só pode ser obtida analisando simultaneamente
todas as interdependências dos parâmetros. Entretanto, devido à complexidade dos modelos de cálculos e o grande
número de dados necessários ao dimensionamento, a segunda abordagem só é possível através de uma ferramenta
computacional que agregue todas essas atividades.
Na busca da solução ótima global, foi desenvolvido no CEPEL um sistema computacional, chamado de ELEKTRA,
que seleciona uma faixa de feixes de condutores econômicos, onde as rotinas de cálculo representam o estado da arte
em termos de critérios, metodologias e procedimentos para os dimensionamentos elétrico e mecânico de LT. Este
sistema computacional se aplica tanto para projetos de transmissão em corrente alternada (CA) como em corrente
contínua (CC), e admite que os subcondutores dos feixes de uma mesma fase ou pólo sejam, ou não, iguais e
distribuídos simétrica ou assimetricamente ao redor das mais variadas formas geométricas.
Para exemplificar como o custo de uma LT varia com as condições climáticas da região de sua implantação, no
item 6 encontra-se apresentado os resultados de um estudo onde uma mesma LT foi dimensionada considerando climas
característicos das regiões geopolíticas brasileiras.

3. O VENTO E A LT

Pela grande influência que exerce no desempenho operacional da LT, o vento sempre desperta grande interesse em
qualquer foro em que seja apresentado e discutido, controvertido que é, seja por suas características devastadoras, que
podem levar a queda de torres, rompimento de cabos, por esforços diretos ou de vibração, ou balanço das cadeias e dos
condutores comprometendo o isolamento em ar, como, também, pelas suas influências benéficas no arrefecimento da
temperatura superficial de condutores aéreos, aumentando a capacidade de transporte das LTs. Por isso este item
concentra esforços na discussão de alguns aspectos da ação do vento em LTs.

3.1. O vento e a ampacidade

Um único valor de velocidade de vento, para qualquer local, dificilmente seria capaz de resolver um problema tão
atual e tão controvertido como é o da ampacidade. Um equacionamento mais aprofundado do problema vai exigir
alguma forma de estatística que melhor proveja o projetista ou operador de sistemas com informações mais detalhadas a
ponto de permitir decisões acertadas. Genericamente, as empresas que vêm se inclinando no sentido de tirar o melhor
proveito da ampacidade real ou latente de suas linhas fazem uso dos seguintes recursos, ou da combinação deles:
Tratam dados meteorológicos que permitam uma parametrização, com base estatística, mais próxima da sua
realidade ambiental, já que a ampacidade determinística quase sempre apresenta folgas.
Monitoram em tempo real, direta ou indiretamente, o movimento vertical dos condutores, evitando que a distância
mínima de segurança condutor-solo seja violada. Diretamente, pela medida real da temperatura do condutor, ou da
tensão mecânica do cabo ou da altura condutor-solo. Indiretamente, pela medida de dados meteorológicos aplicada aos
modelos de equilíbrio térmico.
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Utilizam programas computacionais de previsão que, a partir de dados meteorológicos prospectivos, ou da série
temporal real da variação vertical do condutor, determinam a ampacidade esperada para um determinado período de até
uma semana
Como o objetivo deste item é discutir o vento e as LTs, o que se segue atém-se ao primeiro recurso, através de
modelagens dos elementos climáticos atuantes sobre a ampacidade. No caso particular da ampacidade, pode-se dizer
que a ação do vento tem uma influência de primeira ordem, envolvendo algumas centenas de W/m retirados do
condutor por convecção forçada ou mista, sendo portanto da mesma grandeza que o aquecimento ôhmico. Há, no
entanto, outros fatores coadjuvantes que atuam no fenômeno e que são dependentes do ambiente externo: o ganho solar
e as perdas por irradiação, ambos de natureza aleatória.
Na Figura 1 estão apresentas curvas com a variação da temperatura do condutor Oriole com a velocidade do vento,
mantidos os demais parâmetros ambientais constantes (radiação solar: 1000 W/m2; temperatura do ar: 32oC; direção do
vento: perpendicular), para as correntes de 250 A e 500 A,. Nela pode ser observada a importância de medir bem os
ventos de baixa intensidade para os estudos de ampacidade, pois valores acima de 1,5 m/s, mesmo para correntes altas,
implicam em temperaturas inferiores as usuais em projetos (60-70oC).
Na ampacidade estatística, a temperatura do condutor é analisada através de seu histograma de freqüências, que para
ser levantado requer um banco de dados meteorológicos com no mínimo 2 a 3 anos de coleta simultânea de dados
horários. A cada valor de temperatura do condutor é associada uma probabilidade de ocorrência, tornando possível a
determinação do risco térmico. O risco térmico é a probabilidade de que uma dada temperatura do condutor seja
ultrapassada.

120

110

100
Temperatura condutor (C)

90

80

70 500 A

60

50 250 A

40
0 1 2 3 4 5
Velocidade vento (m/s)

Figura 1 – Variação da temperatura do condutor

No Brasil, a questão de banco de dados meteorológicos horários é preocupante. Os bancos disponíveis não estão
suficientemente sistematizados para serem utilizados de imediato na forma que seria desejada. Medições simultâneas de
dados meteorológicos não generalizadas e ausência de registros em meio magnético constituem principais dificuldades.
Esse é o motivo dos estudos de ampacidade estatística estarem restritos aos bancos de dados horários do CEPEL, da
CEMIG e da COPEL. Mais recentemente, a ONS e ANEEL instalaram algumas estações meteorológicas para estudos
de ampacidades. Nos últimos anos diversas empresas (INMET, INPE, IAPAR) instalaram em suas redes de estações
instrumentos com registros em meios magnéticos, mas seus dados não tem sido utilizados em estudos de ampacidade.
Esforços têm sido direcionados no sentido de obter séries históricas de dados através de modelos de tempo e clima, para
aplicação da metodologia de ampacidade estatística (Consentino,A., et al., 2009).

3.2. O vento e o projeto estrutural

Este item aborda aspectos da estimativa da velocidade máxima do vento, para fins de projeto estrutural e balanço
das cadeias e condutores, com base nos dados anemométricos medidos no país e disponíveis para uso imediato. Para um
melhor entendimento, apresenta-se uma descrição das ocorrências eólicas de elevada intensidade, mais freqüentes no
país, causadas pelas frentes e pelas atividades climáticas locais.

3.2.1. As frentes

No exame visual de anemogramas, os registros de ventos causados pelas frentes (ventos frontais) têm um aspecto
relativamente largo e alto (Fig. 2a), pois a esses registros estão associadas intensidade de vento bem acima da média
local, com duração de algumas até muitas horas. Outra característica é que os ventos frontais têm uma extensão
territorial de atuação considerável, sendo mais facilmente identificáveis em intensidade e duração em alguma estação
meteorológica. Além disso, ventos frontais têm fatores de rajada baixos (1.5, por exemplo, ou menores) e a ausência de
mudanças bruscas na direção.
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3.2.2. As tempestades locais

As tempestades, ou ventos de formação local, são devidas às instabilidades atmosféricas ocasionadas pelo
movimento convectivo ou orográfico do ar e, invariavelmente, estão associadas a nuvens do tipo cumulus-nimbus,
trovoadas, relâmpagos, chuvas fortes, queda da pressão atmosférica e mudanças bruscas da direção do vento e da
temperatura do ar. Tais fenômenos têm uma curta duração, podendo variar na ordem de minutos. Em anemogramas
(Fig. 2b), as tempestades se apresentam mais altas e estreitas, ou seja, com valor de pico em geral bem mais elevado do
que os ventos frontais, mas com tempos de duração bem mais curtos, numa média de poucos a vários minutos, com
células convectivas ciclônicas e fortes rajadas. Os coeficientes de rajada associados são bem mais elevados, em
comparação com o que se verifica com os ventos frontais, e tendem a aumentar com os valores máximos instantâneos, e
muitas vezes ultrapassam a 2,0. As tempestades têm altos índices de turbulência, com grande variabilidade espacial,
sendo portanto mais precisa a medição de seu valor médio quando comparada com o da máxima rajada. Em outras
palavras, é bem provável que a máxima rajada associada à tempestade não tenha passado pelo sensor do anemômetro.

3.2.3. Os sistemas mistos

As descrições anteriores quanto aos ventos frontais e as tempestades são aqui colocadas em termos gerais e teóricos
pois, freqüentemente os dois fenômenos ocorrem simultaneamente. São os sistemas mistos ou associados de sistemas
frontais com tempestades, o que introduz um terceiro bem definido e freqüente grupo (Fig. 2c). Podem ser enquadrados
nessa situação, os eventos em que, antecipando as frentes, ocorrem as linhas de instabilidades pré-frontais com
formação de células convectivas com nuvens do tipo cumulus-nimbus, onde o período de ventos com altas velocidades
tem duração mais longa do que os de formações locais apresentando, portanto, médias mais elevadas com altas rajadas.
As características de mudança de direção do vento, baixa pressão etc; típicas das nuvens cumulus-nimbus, estão
associadas a este tipo de fenômeno meteorológico. Os coeficientes de rajada de tal fenômeno são inferiores aos de
tempestades isoladas, o que conduz a respectivos ventos de 10 minutos relativamente mais elevados.

a b
c
Figura 2. Anemogramas típicos dos fenômenos meteorológicos. a) frontal, b) tempestade, c) mistos

3.3. Velocidade máxima prospectiva do vento

3.3.1. Diferenciação dos fenômenos

As velocidades máximas deveriam ser classificadas de acordo com o tipo de fenômeno meteorológico (frentes,
formações locais etc) que as causaram e até mesmo a direção de seu deslocamento. A princípio, no Brasil, isto se aplica
aos estados das regiões sul, sudeste e centro-oeste onde ocorrem os diferentes fenômenos. Poucos locais das regiões
norte e nordeste são atingidos pelas frentes e, quando são, raramente as frentes têm ventos fortes. Portanto, é grande a
possibilidade dos ventos fortes estarem associados às tempestades, não tendo, portanto, sentido prático a classificação
dos ventos para estas regiões.

A ciência da meteorologia dispõe de recursos para a identificação do fenômeno através das cartas meteorológicas
sinóticas e imagens de satélites. Entretanto, para fins de engenharia, a identificação através das características gráficas
dos anemogramas, descritas anteriormente, é suficientemente precisa. Para a maioria das estações anemográficas do sul
e sudeste, a classificação dos ventos por fenômeno resulta em séries de máximas anuais onde as velocidades de 10
minutos foram causadas por sistemas mistos e frentes, enquanto as rajadas máximas tiveram como origem as
tempestades e em alguns casos os sistemas mistos.
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3.3.2. Tamanho das séries e o período de retorno

As referências sobre a aplicação da estatística de valores extremos indicam como sendo, respectivamente, 10 e 20
anos, os períodos típicos para caracterização da média e do desvio padrão da série das velocidades máximas anuais.
Infelizmente, a maioria das séries de dados de velocidades máximas atende esse requisito.
Desta forma, uma boa prática para a utilização dos dados disponíveis é a regionalização do coeficiente de variação
(relação entre o desvio padrão e a média) com base nas séries mais extensas, mantendo para as estações com menores
períodos os valores das médias. A título de exemplo, para o estado de São Paulo as estações mais antigas apontam para
um coeficiente de variação regional de 0,15 a 0,17 para as velocidades de 10 minutos.
Outra questão relacionada com o tamanho da amostra é a da confiabilidade em estimativas para períodos de retorno
elevados, com 10 ou 20 anos de dados. A resposta está no intervalo de confiança para as estimativas, que aumenta com
o período de retorno e com a diminuição do tamanho da série. Uma solução prática para a questão é estimar a
velocidade para períodos de retorno de até 50 anos e aplicar um fator de correção para períodos de retorno maiores.
Esse fator de correção tem como base a distribuição de Gumbel, o período de coleta e o coeficiente de variação
regionalizado. Tomando como base os coeficientes de variação e o número de anos de coleta de todas as séries do banco
de dados, sugere-se os valores apresentados na Tab. 1, para serem aplicados na velocidade com período de retorno de
50 anos.
Tabela 1 – Fator de correção do período de retorno
Período de retorno (anos)
50 150 500
Fator 1,00 1,12 1,25

3.2.3. Tempo de integração da média

Os diversos componentes de uma LT respondem diferentemente à ação do vento, devido à sua inércia, graus de
liberdade, forma etc., de onde resulta a necessidade de que determinada velocidade de vento seja referida a diversos
intervalos de média, compatíveis com seu tempo de resposta.

Na literatura são citados diversos valores para correção da velocidade do vento em função do seu tempo de média.
A IEC60826 apresenta um ábaco, reproduzido na NBR5422, com fatores que cobre um período de 1 hora a 2 segundos,
para 4 coeficientes de rugosidade do solo. A comparação dos valores do ábaco com os obtidos nas medições
anemográficas realizadas no país apresenta grande discrepância.

Por exemplo, a IEC60826 sugere o valor de 1,4 para mudança da base de tempo de 10 minutos para 3 segundos, em
terreno de categoria B, enquanto que o tratamento estatístico dos ventos fortes aqui medidos aponta para valores entre
1,8 a 2,1 nas latitudes menores que 16o, e entre 1,5 a 1,9 nas demais.

4. MODELOS ESTATÍSTICOS PARA VALORES MÁXIMOS

Nos estudos estatísticos dos valores máximos de uma série de dados, a prática corrente faz uso de dois enfoques:
• No primeiro a série de dados é dividida em vários blocos com mesmo período de tempo, de onde é extraído o valor
máximo de cada bloco. Esses valores extremos são, então, estudados através da distribuição Generalizada de
Valores Extremos (GEV), que inclui as distribuições de Frèchet, Gumbel e Weibul.
• No outro enfoque, em cada bloco, são considerados todos os valores acima de um determinado patamar, e a esses
valores são aplicados a Distribuição Generalizada de Pareto, enfoque conhecido como Picos Acima de Valor Limite
(ou Peaks Over Threshold - POT) ou, ainda, séries de duração parcial.

4.1 Distribuição Generalizada de Valores Extremos (GVE)

A função de probabilidade acumulada da distribuição GVE é dada pela Eq. 1, onde µ, α, e θ são, respectivamente, os
parâmetros de locação, escala e forma, e y é o valor do máximo associado à probabilidade desejada. Dependendo do
valor de θ a GVE resulta em três tipos de distribuições, ou seja, para θ < 0 tem-se a distribuição de Frèchet, para θ > 0 a
distribuição de Weibul (reversa) e para θ tendendo a zero tem-se a distribuição de Gumbel (Eq. 2).

θ
( y − µ )] θ )
1
GVE = P(Y ≤ y ) = exp( − [1 − (1)
α

y−µ
P (Y ≤ y ) = exp( − exp( − ) (2)
α
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4.2 Distribuição Generalizada de Pareto (DGP)

A função de probabilidade acumulada da distribuição DGP é dada pela Eq. 3, onde µ, α, e θ são, respectivamente,
os parâmetros de locação, escala e forma, e y é o valor da variável acima do valor de truncamento ou corte u.

θ 1
DGPλ = P(Y − u ≤ y | Y > u ) = 1 − [ 1 − ( y − µ )] θ ) (3)
α

A probabilidade é definida em função do número de vezes em que u é excedido em cada bloco e está aqui
representada por λ. Em muitos estudos é comum considerar µ = u. A metodologia Picos Acima de Valor Limite vem
sendo aplicada em diversos estudos, tanto no que se refere a dados ambientais (vazão de rios, velocidade do vento),
como em estudos econômicos (bolsa de valores), com resultados considerados satisfatórios. A série parcial apresenta
como atrativo o fato de usar todos os eventos independentes com velocidade acima de um dado nível de truncamento ou
corte. Esta série é, portanto, composta de duas variáveis aleatórias: o número de eventos ocorridos em cada ano, e as
suas intensidades. O método de previsão da velocidade do vento de projeto envolve a modelagem de cada uma dessas
variáveis.

4.2.1 Modelagem do número de ocorrências

Um modelo bastante realista para a contagem do número de velocidades elevadas a cada ano é o de Poisson,
geralmente usado nos problemas de contagem de eventos raros. Uma variável aleatória X que obedeça à lei de Poisson,
com parâmetro ε > 0, tem E[X] = Var[X] = ε. Portanto um bom estimador para esse parâmetro é a média do número de
ocorrências das velocidades acima do valor de corte, ou seja: se k é o número de eventos, com velocidade acima de um
dado valor, em m anos, então λ = k / m, onde λ é o estimador de ε. Em termos de período de retorno em anos (R), a
probabilidade de que uma dada velocidade do vento seja excedida anualmente, na série de dados acima de um valor de
truncamento, é dada pela Eq. 4.

1
Pr ob(Y ≤ y ) = 1 − (4)
λR

4.3 Ajuste de distribuição estatística

O ajuste de uma distribuição paramétrica a uma série de dados consiste em estimar os parâmetros da distribuição a
partir dos dados amostrais. Existem vários métodos de estimação dos parâmetros, que podem levar a valores diferentes
na obtenção dos quantis da variável de interesse, sendo que um bom método sempre é aquele que resulta em
estimadores não tendenciosos e não viciados. No setor elétrico brasileiro, para o prognóstico da velocidade máxima do
vento de projeto através da distribuição de Gumbel, tem-se utilizado um método que considera o número de anos de
coleta, aqui chamado de fator de freqüência ou mínimos quadrados. Neste método, o aumento do número de anos de
coleta aproxima-o do chamado método dos momentos. No método dos momentos, os parâmetros são estimados
igualando-se os momentos amostrais àqueles da distribuição postulada. Este método tem como inconvenientes a sua
dependência do número de elementos da amostra e dos momentos dependerem de potências sucessivas dos desvios dos
dados em relação ao valor central. Em conseqüência, pequenas amostras tendem a produzir estimativas não-confiáveis,
principalmente para as funções de momentos de ordem superior, como a assimetria e a curtose. Como nem sempre o
método dos momentos é satisfatório, é comum utilizar-se do método de máxima verossimilhança. Um método
alternativo que vem se popularizando é o denominado método dos L-momentos, que são capazes de caracterizar
distribuições com caudas longas e de serem mais robustos à presença de outliers nos dados, quando estimados a partir
de uma amostra, principalmente as de pequeno tamanho. Simulações através das técnicas de Monte Carlo e de
“Bootstrap” mostram que os L-momentos estão menos sujeitos aos vícios de estimação, quando comparados com o
método dos momentos convencionais. Os métodos do fator de freqüência e dos momentos já são bastante difundidos
entre os projetistas de LTs e encontram-se descritos em várias referências. Indicam-se as referências citadas em Silva
Filho et al. (2007), para consulta das teorias dos métodos dos L-momentos e do método desenvolvido por De Haan que
serão aqui aplicados aos dados medidos no Brasil.

5. APLICAÇÃO DAS METODOLOGIAS PARA PROGNÓSTICOS DA VELOCIDADE DO VENTO

Os dados medidos em estações instaladas em várias regiões brasileiras foram utilizados para verificar a
aplicabilidade das metodologias aqui citadas e compará-las. Essas metodologias foram assim aplicadas:
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Com base em todos os anos de coleta, as velocidades máximas do vento foram calculadas, para um dado período de
retorno, através do ajuste da distribuição GVE, e além dessa, aquela de Gumbel, usando máximos anuais e considerando
os métodos dos momentos, mínimos quadrados e dos L-momentos.
Os valores obtidos pelos métodos alternativos (GVE e L-momentos) foram comparados com o método indicado na
IEC-60826 (mínimos quadrados), com o objetivo de validá-los.
Subseqüentemente, as séries de dados foram divididas em períodos inferiores aos totais disponíveis e a elas foram
aplicadas as metodologias da IEC e dos L-Momentos, normalmente postulada como sendo a que melhor se ajusta a
séries curtas. Com o objetivo de estudar o comportamento destas metodologias para séries com curto período de coleta,
foram geradas, por sorteio, 1000 reamostras da série total de dados, variando desde 5 anos até o período total da coleta
em cada estação.
O método de Picos Acima de Valor Limite (Peaks Over Threshold ou séries de duração parcial) foi aplicado aos
dados de uma estação.

5.1 Distribuição Generalizada de Valores Extremos e a distribuição específica de GUMBEL

As distribuições GVE e de Gumbel foram ajustados aos dados de velocidade de 3 segundos e da média de
10 minutos das estações de Passo Fundo (RS), Cambará (PR), Barra Bonita (SP) e Colinas (MA), que possuem 19, 17,
16 e 6 anos de coleta, respectivamente. Em seguida foram calculadas as velocidades correspondentes aos períodos de
retorno de 50 e 250 anos, apresentadas nas Tab. 2 e 3, onde valem as seguintes nomenclaturas: GumQua - Gumbel pelo
método dos mínimos quadrados; GumMon - Gumbel pelo método dos momentos; Gum2LM - Gumbel pelo método dos
L-momentos; GEV3LM - método da distribuição generalizada de valores extremos

Tabela 2 - Velocidades do vento de 10 minutos (km/h)

método Passo Fundo Cambará Barra Bonita Colinas


(retorno) 50 anos 250 anos 50 anos 250 anos 50 anos 250 anos 50 anos 250 anos
GumQua 95,0 108,5 91,6 104,1 84,2 98,8 57,9 67,9
GumMon 89,6 100,7 86,3 96,4 77,9 89,8 50,1 56,7
Gum2LM 99,9 112,0 95,7 106,6 88,8 101,5 57,0 64,3
GEV3LM 86,4 91,7 85,8 93,4 78,1 88,2 51,7 58,8

Tabela 3 - Velocidades do vento de 3 segundos (km/h)

método Passo Fundo Cambará Barra Bonita Colinas


(retorno) 50 anos 250 anos 50 anos 250 anos 50 anos 250 anos 50 anos 250 anos
GumQua 158,0 182,4 152,0 181,2 149,3 179,8 119,3 141,8
GumMon 148,3 168,4 142,5 167,5 136,8 161,7 101,8 116,5
Gum2LM 162,6 182,7 159,5 184,2 155,6 181,0 115,7 131,7
GEV3LM 155,6 191,2 145,4 176,6 133,8 153,2 114,9 158,8

Comparando-se numericamente os resultados encontrados para amostras tão diversas e provenientes de regiões com
dispersão continental, constata-se, numa análise geral, que os resultados encontrados, para os períodos de retorno de 50
e de 250 anos, são bastante dispersos pois, dependem do método utilizado para os ajustes estatísticos, em cada estação.
No entanto, quando se comparam os de resultados da distribuição de Gumbel ajustada pelo método dos mínimos
quadrados (GumQua), de uso comum e mais conservador, com os resultados do método denominado de L-momentos
(Gum2LM), tem-se boa identidade e esses dois métodos serão, portanto, usados na análise do item 5.2.

Tabela 4 – Parâmetro θ da distribuição GVE

V10min V3s
Passo Fundo 0,208 -0,157
Cambará 0,093 -0,063
Barra Bonita 0,060 0,069
Colinas 0,007 -0,286

A título de ilustração, estão apresentados na Tab. 4 os valores do parâmetro θ da distribuição GVE: se positivos, a
distribuição mais adequada é a de Weibul, se negativos, a distribuição ótima tende à de Frèchet e, se nulos, tendem à
distribuição de Gumbel. Nenhum teste estatístico para a significância dessas hipóteses será aqui feito, sendo os valores
de θ orientativos quanto a possíveis tendências.
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5.2 Prognósticos com pequenas amostras através da distribuição de GUMBEL

Pelo exposto em 5.1, este item concentra sua verificação no comportamento da distribuição de Gumbel ajustadas
pelos métodos GumQua e Gum2LM, para séries com reduzido período de anos de coleta. O seguinte procedimento foi
utilizado:
• para cada estação, a partir dos dados medidos foram feitas subamostragens aleatórias, com reposição, considerando
amostras variando de 5 anos até o número total de anos de dados da estação;
• para cada número de anos foram feitas 1000 subamostragens e calculada a média das velocidades prognosticadas em
cada caso;

Nas Fig. 2a e 2b estão apresentados os resultados e as conclusões para os dados de Passo Fundo e aplicam-se
analogamente às demais estações. Em cada uma dessas figuras, a linha cheia indica o valor prognosticado com a série
original de 19 anos e a linha tracejada refere-se à média das subamostragens em cada número de anos considerados,
desde 5 até 19 anos. A cor azul indica o método GumQua e a vermelha o Gum2L.

a) velocidade de 10 minutos b) velocidade de rajada

Figura 2 – Passo Fundo - Prognóstico das velocidade do vento com os anos de coleta (para 250 anos)

Consideradas as dispersões entre as linhas cheias e tracejadas, fica bem claramente definido que, para pequenas
amostras, o método dos L-momentos (linhas vermelhas) apresenta-se como mais realista, na medida em que desvios
menores são constatados, em relação à linha horizontal, que representa os resultados buscados pela simulação (período
de retorno de 250 anos).

5.3 Método de Picos Acima de Valor Limite

Como exemplo de aplicação do método de Picos Acima de Valor Limite (Peaks Over Threshold ou séries de
duração parcial), os dados de 23 anos da estação de Mirante Santana (SP) serão utilizados. Como esse método utiliza
outros valores além dos máximos anuais, não se pode aqui afirmar que, para esses outros valores, o tempo de
amostragem (3 segundos e 10 minutos) seja suficiente para classificar o vento quanto ao fenômeno meteorológico de
sua origem. Por isto, para separar os ventos de acordo com o tipo de fenômeno, no estudo da velocidade de 10 minutos,
foram considerados os ventos com fator de rajada menor que 1,6 e, para o estudo de 3 segundos, adotaram-se os ventos
com fator de rajada maior que 1,5. Este foi o critério de separação de ventos, quanto à sua origem, adotado neste
informe técnico. Para garantir a independência temporal entre os eventos que causaram as velocidades elevadas, foram
considerados os intervalos de 4 dias para os sistemas frontais e mistos e de um dia para os sistemas isolados ou locais.

Nas Fig. 3a e 3b estão apresentados graficamente os resultados da velocidade para o período de retorno de 50 anos,
ao considerar os seguintes métodos para ajuste dos parâmetros da distribuição generalizada de Pareto: método dos L-
momentos, com 2 e 3 L-momentos, e o método de De Haan, identificados nas Figuras 2a e 2b, respectivamente, pelas
siglas Par2LM, Par3LM e deHaan. A título de comparação, as velocidades prognosticadas pela distribuição de Gumbel
para o período de retorno de 50 anos são 82 km/h e 140 km/h, para as velocidades de 10 minutos e de 3 segundos,
respectivamente.
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a) tempo de média de 10 minutos b) tempo de média de 3 segundos


Figura 3 – Variação da velocidade para o período de retorno de 50 anos com a velocidade de truncamento

Os gráficos das Fig. 3a e 3b demonstram que bem mais importante do que o método de ajuste é a seleção do valor de
truncamento da série, reforçando a necessidade de uma análise cuidadosa dos resultados, para os vários valores de
truncamento que definirão a velocidade procurada. De qualquer forma, na medida em que a velocidade de corte vai
decrescendo, caso a curva apresente uma descontinuidade visível, passa a haver forte suspeita de que ventos que não
fazem parte dos extremos da amostragem estejam indevidamente sendo incorporados à amostra. Os casos apresentados
acenam com velocidades de truncamento de 50 km/h (10 minutos) e de 65 km/h (3 segundos). A construção de figuras
semelhantes às aqui apresentadas pode facilitar na definição da velocidade de corte pois, via de regra, os gráficos
possuem um patamar (quase plano) que indica ser aí o valor procurado. O problema aqui descrito como “velocidade de
corte ou de truncamento”, que certamente conduz a decisões subjetivas, enfatiza o cuidado com que a abordagem dessa
metodologia deva ser sempre realizada.

6. VARIAÇÃO DO CUSTO DA LT EM FUNÇÃO DO CLIMA BRASILEIRO

Para exemplificar a influência do clima no custo de LT, serão considerados os climas representativos de quatro
regiões geográficas brasileiras, para quais foram projetadas LTs em CA de 230 kV e 500 kV, com configurações de
feixes convencionais e não convencionais. As características meteorológicas básicas das regiões e alguns dos requisitos
de desempenho das LT estão descritos nas Tab. 5 e 6. As geometrias dos feixes da LT 500 kV não convencional
encontram-se na Tab. 7. As silhuetas das estruturas estão representadas esquematicamente na Fig. 4.
Os critérios adotados nos dimensionamentos das LT estão de acordo com as modificações propostas na atual revisão
da Norma NBR 5422 (1985) e com as recomendações da ANEEL (2005). As condições climáticas formam definidas
com base no banco de dados do CEPEL e os custos através do sistema OLT da ELETROBRÁS (2005). Os
dimensionamentos das LTs foram feitos com o programa computacional ELEKTRA – “Dimensionamento, custeio e
otimização de LTs em CA e CC com feixes genéricos de condutores”.

Tabela 5 – Dados meteorológicos característicos de quatro localidades do território brasileiro

Localidade 1 2 3 4
Velocidade máxima do vento médio de 10 minutos (km/h) 130 100 95 80
Velocidade máxima do vento médio de 30s (km/h) 130 105 100 85
Velocidade do vento para cálculo da temperatura do condutor (m/s) 1 1 1 1
Radiação solar (W/m2) 1000 1000 1000 1000
Temperatura do ar média máxima (oC) 25 29 29 33
Temperatura do ar média (oC) 18 22 22 26
Temperatura do ar média mínima (oC) 10 17 17 22
Densidade relativa do ar (p.u.) 0,90 0,92 0,90 0,96
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Tabela 6 - Características das LT estudadas

Tensão (kV) 230 500 500


Configuração do feixe convencional convencional não convencional
Potência transmitida (MW) 1000 200 1700
Fator de perdas 0,4 0,4 0,4
RI máximo na faixa de passagem - tempo bom (dB) 42 42 42
RA máximo na faixa - condutor molhado (dB(A)) 58 58 58
CE máximo na faixa de passagem (kV/m) 4,16 4,16 4,16
CM máximo na faixa de passagem (µT) 83,33 83,33 83,33
CE máximo sob a linha (kV/m) 8,33 8,33 8,33
Distância mínima cabo solo (m) 7,3 11 12
Distância fase-fase (m) variável (*) variável vide Tabela III
Comprimento das cadeias de isoladores (m) 2.8 4.1 -
Número de subcondutores 1 3 6
Faixa das bitolas dos cabos CAA avaliados (MCM) 477 a 2156 477 a 2156 477 a 2156
Cabo pára-raios 3/8" EHS 3/8" EHS 3/8" EHS
Tipo da estrutura autoportante auto. e estai. Estaiada
Tipo das cadeias de isoladores III IVI VVV
Subespaçamento dos feixes (cm) - 45,72 (18") vide Tabela III
Custo da energia (R$/kWh) 0,113 0,113 0,113
Taxa de juros (% a.a.) 10 10 10
Vida útil da linha (anos) 25 25 25
(*) Parâmetro varia em função do clima do local da LT.

Tabelas 7 - Coordenadas dos centros a meio do vão, raios externos e quantidade de subcondutores dos feixes não
convencionais dos estudos de 500 kV

feixe x (m) y (m) raio do feixe (m) condutores por fase


fase lateral à esquerda -3,65 18,30 1,00 6
fase central 0,00 12,00 0,95 6
fase lateral à direita 3,65 18,30 1,00 6

230 kV – Autoportante 500 kV – Autoportante 500 kV – Estaiada 500 kV – Estaiada


feixe convencional feixe convencional feixe convencional feixe não convencional

Figura 4 – Silhueta das estruturas consideradas no estudo

Executando-se o sistema ELEKTRA com os dados de cada uma das quatro localidades brasileiras e dos quatro tipos
de estruturas da Fig. 4, foram obtidas as configurações de feixes de condutores que proporcionaram os menores custos
totais da linha, considerando as composições dos custos das perdas e de instalação. As Tab. de 8 a 11 apresentam os
custos das configurações de feixe com os menores custos totais para cada combinação de clima e tipo de estrutura
considerado no estudo. Nestas tabelas, para facilidade de entendimento e comparação, os custos estão apresentados em
por unidade (p.u.) e são referenciados ao menor custo discriminado em cada uma das colunas das tabelas. Em outras
palavras, nas colunas com os custos das perdas o valor 1,00 p.u. refere-se ao menor custo de perdas obtido, enquanto
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que nas colunas de custos de instalação o valor 1,0 p.u. refere-se ao menor custo de instalação, sendo o mesmo critério
aplicado para as colunas do custo total.
Os resultados apresentados nas Tab. de 8 a 11 mostram o impacto da adversidade climática do Brasil nos custos de
instalação de LT convencionais de 230 kV e 500 kV . A comparação da LT com menor custo de instalação com a do
respectivo maior custo resultou em diferenças de cerca de 11% para estruturas autoportantes e de cerca de 6% para
estruturas estaiadas. Para LT de 500 kV com feixes não convencionais e estruturas estaiadas, a variação encontrada foi
também de cerca de 6% .
Considerando-se os custos das perdas pelos efeitos Joule e corona, a comparação do custo total de LT com feixes
convencionais, instaladas nos quatro locais estudados, apresentou uma variação de cerca de 9% para estruturas
autoportantes e de cerca de 5% para estruturas estaiadas. Para LT de 500 kV com feixes não convencionais e estruturas
estaiadas, a variação dos custos totais foi de cerca de 3% .

Tabela 8 – LT 230 kV com feixe convencional e estrutura autoportante

custos(p.u. do menor custo)


local configuração
perdas instalação total
1 1 × Bittern 1,04 1,11 1,09
2 1 × Dipper 1,00 1,05 1,03
3 1 × Dipper 1,00 1,04 1,02
4 1 × Dipper 1,01 1,00 1,00

Tabela 9 – LT 500 kV com feixe convencional e estrutura autoportante

custos(p.u. do menor custo)


local configuração
perdas Instalação total
1 3 × Rail 1,06 1,08 1,07
2 3 × Ortolan 1,00 1,05 1,03
3 3 × Ortolan 1,00 1,04 1,02
4 3 × Ortolan 1,01 1,00 1,00

Tabela 10 – LT 500 kV com feixe convencional e estrutura estaiada

Custos(p.u. do menor custo)


local configuração
perdas instalação total
1 3 × Rail 1,06 1,06 1,05
2 3 × Ortolan 1,00 1,04 1,02
3 3 × Ortolan 1,00 1,03 1,02
4 3 × Ortolan 1,01 1,00 1,00

Tabela 11 – LT 500 kV com feixe não convencional e estrutura estaiada

custos(p.u. do menor custo)


local configuração
perdas instalação total
1 6 × Tern 1,00 1,06 1,03
2 3 × Tern 1,01 1,02 1,01
3 3 × Tern 1,01 1,02 1,00
4 3 × Tern 1,03 1,00 1,00

7. CONCLUSÕES

Os dimensionamentos elétricos e mecânicos de linhas e subestações de sistemas de transmissão de energia elétrica


são amplamente influenciados pelos fatores climáticos onde estas instalações serão implantadas. A avaliação precisa
dos parâmetros ambientais e a consideração de seus efeitos é fundamental para a confiabilidade e economia destes
empreendimentos. Dentre as variáveis climáticas, a atuação do vento nas LTs é a que desperta maior interesse por parte
dos projetistas.
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A variação do vento ao longo do dia permite estabelecer uma ampacidade mais elevada para os horários de ponta,
pois coincidem com ventos mais favoráveis. Para fins de cálculo estrutural, o anemograma é suficiente para classificar o
fenômeno meteorológico pelas suas origens, frontal, local ou mista.
Em condições ideais, a mistura de séries de 10 minutos com as de 3 segundos, aqui representado os sistemas de
pressão de larga escala e as trovoadas severas, respectivamente, deveria tornar-se uma questão coadjuvante, na medida
em que há uma concordância generalizada quanto ao assunto. Metodologias quaisquer, até as já consagradas pelo uso,
têm, mesmo assim, prós e contras. As novas metodologias para inferência de velocidades extremas de vento que vêm
sendo cogitadas ao uso por parte dos setores elétricos de transmissão aérea não escapam desta preocupação permanente.
Quando se comparam os resultados da distribuição de Gumbel ajustada pelo método dos mínimos quadrados
(GumQua), de uso comum e mais conservador, com os resultados do método denominado de L-momentos (Gum2LM),
tem-se boa identidade. No entanto, constata-se que, na medida em que os anos de coleta vão diminuindo, o método dos
L-momentos permanece estabilizado nas suas inferências enquanto o método dos mínimos quadrados de Gumbel tende
a superestimativas. Essa é uma questão a ser avaliada pelo projetista, ou adotar uma solução mais realista ou mais
conservadora.
Já o método dos Pontos Acima de Valor Mínimo (PAVL ou POT) tem méritos teóricos bem definidos e constitui-se
numa alternativa viável a ser explorada de forma extensiva, sempre que novas estações com poucos anos de operação
venham a enriquecer os bancos de dados ora existentes. Requer, no entanto, uma escolha bem criteriosa do ponto de
truncamento que pode se dispersar entre limites consideráveis, em cada estação de coleta.
Ainda que descrito de forma resumida, este informe técnico demonstra que é grande e diversificada o número de
atividades (etapas) envolvidas no projeto eletromecânico de LT. Por isso, na escolha do feixe técnico-econômico ótimo
de cabos condutores, que requer um grande número de pré-projetos, é imprescindível dispor de um sistema
computacional que encadeie a seqüência de cálculos matemáticos e manipule a grande massa de dados de entrada e os
resultados do estudo. O sistema computacional ELEKTRA tem esse objetivo.
Para exemplificar a aplicação do sistema ELEKTRA, foi estudada a influência da diversidade climática do Brasil no
custo de LT. Considerando-se o clima de quatro diferentes localidades brasileiras, foram encontradas diferenças de
custos de instalação que chegam na ordem de:
11% para LT de 230 kV com estruturas autoportantes e feixe convencional de cabos condutores;
8% para LT de 500 kV com estruturas autoportantes e feixe convencional de cabos condutores;
6% para LT de 500 kV com estruturas estaiadas e feixe convencional de cabos condutores;
6% para LT de 500 kV com estruturas estaiadas e feixe não convencional de cabos condutores.
Considerando-se os custos das perdas pelos efeitos Joule e corona, a comparação do custo total de LT levou aos
seguintes valores:
9% para LT de 230 kV com estruturas autoportantes e feixe convencional de cabos condutores;
7% para LT de 500 kV com estruturas autoportantes e feixe convencional de cabos condutores;
5% para LT de 500 kV com estruturas estaiadas e feixe convencional de cabos condutores;
3% para LT de 500 kV com estruturas estaiadas e feixe não convencional de cabos condutores.
Por si só, os resultados demonstram a importância do projeto econômico de LT se calcar nas reais condições
climáticas da região onde será implantado o empreendimento, pois, além de serem evitados custos desnecessários, o
conhecimento do clima aumenta a confiabilidade operacional da LT, principalmente no que diz respeito às distâncias de
segurança entre as partes vivas e aterradas.
Foram considerados no estudo aqui apresentado quatro tipos de padrões estruturais e condições climáticas
características de quatro localidades brasileiras. É evidente que não houve aqui a intenção de exaurir o assunto sobre a
influência do clima no custo de LT, haja visto que outros padrões estruturais ou critérios de projetos, diferentes dos que
foram considerados, poderiam ter sido adotados, mas não é de se esperar que ocorressem grandes alterações dos valores
dos custos relativos que foram apresentados. De qualquer maneira, o que se deseja deixar evidenciado é que as
condições climáticas têm expressiva influência nos custos dos sistemas de transmissão. Além disso, tais diferenças
ultrapassam com larga margem os custos inerentes à coleta de dados que se faz necessária a um conhecimento climático
realístico que, muito mais do que beneficiar exclusivamente a transmissão de energia elétrica, tem possibilidades para
subsidiar inúmeros ramos de atividade econômica que dela dependem.

8. REFERÊNCIAS

Associação Brasileira de Normas Técnicas, “Projeto de Linhas Aéreas de Transmissão de Energia Elétrica –
Procedimentos”, Norma Brasileira no. 5422, 1985.
Silva Filho, J.I.,Gomes de Andrade, V.H., Silva Borges, J.B., Coutinho, C.E.O.,2001, “Considerações sobre vento no
projeto e recapacitação de linhas de transmissão” XVI SNPTEE – Seminário Nacional de Produção e Transmissão
de Energia Elétrica, Campinas, Brasil
Salari Filho,J.C, Silva Filho,J. I., et al., 2004, “Um sistema computacional integrador de modelos matemáticos para
cálculo e otimização de linhas de transmissão com feixes de condutores convencionais e não convencionais”, Anais
1o Seminário Nacional Sobre Engenharia do Vento – SENEV 2010
27-29 de Outubro, 2010, Belo Horizonte, MG, Brasil

do IX Simpósio de Especialistas em Planejamento da Operação e Expansão Elétrica (SEPOPE), Rio de Janeiro,


Brasil.
Eletrobrás, 2005, “Revisão das diretrizes para elaboração de orçamentos de linhas de transmissão – OLT”, Divisão de
Engenharia de Transmissão, Fevereiro.
ANEEL, 2005, Agência Nacional de Energia Elétrica, Edital do leilão no. 001/2005
IEC60826, 2005 - "Design criteria of overhead transmission lines".
Silva Filho, J.I., Menezes Jr.,A.A, 2007, “Determinação da velocidade do vento de projeto por meio de métodos
alternativos aos vigentes e uso de técnicas mais adequadas a redes anemométricas com coletas escassas” , XIX
SNPTEE – Seminário Nacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica, Rio de Janeiro, Brasil
Consentino,A., Kosmann,C, Colle, Sergio, Haas,Reinaldo, 2007 “Análise estatística da ampacidade sazonal da LT
525kV Areia - Campos Novos utilizando-se técnicas de dowscaling de dados meteorológicos, com apoio em
mapeamento a laser
Silva Filho,J.I., Salari Filho,J.C, Dart,F.C., 2009, “Integração de modelos matemáticos para dimensionamento
otimizado de linhas de transmissão para o dimensionamento otimizado de linhas de transmissão com feixes
convencionais e não convencionais” XIII ERIAC- Encontro Regional Ibero-americano do Cigré, Argentina.

9. TERMO DE CESSÃO DE DIREITOS AUTORAIS

O autor cede seus direitos autorais referentes aos trabalhos submetidos e aprovados à UFMG, para publicação nos
anais do 1º Seminário Nacional Sobre Engenharia do Vento.

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