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muito além de terem sido unicamente força motriz da economia. Os africanos trazidos
para o Brasil, tinham conhecimentos milenares sobre mineração por exemplo, afirmação
que a própria documentação material sobre a cultura Nok corrobora, além da criação de
gado entre outros conhecimentos que se destacavam em relação ao colonizador branco,
que em sua maioria sequer conseguia fazer cálculos matemáticos básicos, necessitando
de auxílio para tal tarefa. Segundo Freyre (1975, p 299) “A verdade é que importaram
para o Brasil, negros maometanos de cultura superior não só à dos indígenas como à da
grande maioria dos colonos brancos – portugueses e filhos de portugueses quase sem
instrução nenhuma, analfabetos uns, semianalfabetos na maior parte. Gente que quando
tinha que escrever ou fazer uma conta era pela mão do padre-mestre ou pela cabeça do
caixeiro (...).
É importante salientar que Freyre está se referindo a cultura formal, não fazendo
juízo neste caso de qual cultura estaria em patamar superior.
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Desertificação e migração
O êxodo destas populações foi gradual, apenas sendo notado com o passar dos
séculos, e não foram feitas por todas as populações ao mesmo tempo. Quando o Saara
nada mais era que quilômetros sem fim de estepe árida, diversos grupos ainda não
haviam migrado e, com o passar do tempo, se viam cada vez mais obrigados a fazê-lo.
À medida que o ambiente mudava e, cada vez mais, a quantidade de água diminuía, os
lagos e rios desapareciam, e com eles os animais e as plantas. A pesca e a caça não eram
mais uma forma viável de viver a vida. Tampouco a agricultura. Desta forma, não havia
opção a não ser caminhar, para sul, norte, leste ou oeste, no desenrolar de gerações, a
procura de uma terra que lhes permitisse viver. Ao mesmo tempo, estas populações
tornavam-se mais receptíveis a novas técnicas, já que as antigas se demonstravam
falhas. Inovar seria a chave de sobrevivência nesses percursos.
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Já que possuíam um ambiente favorável à sedentarizarão, é possível notar
populações que ali se instalaram, descendo o Níger e o Benué, mantendo-se em suas
margens ou não muito longe do curso de suas águas. Pequenas aldeias formaram-se em
toda a extensão do rio. Nelas, nota-se a habilidade de esculpir a pedra e barro, além do
utensílio da madeira. É possível então, pressupor, que possuíam o suficiente para o
surgimento inicial de organizações políticas.
Com o êxodo da região do Saara, estas populações tiveram contato umas com as
outras em diversos momentos. Desta forma, foi possível a troca de habilidades, mesmo
que não a sua aplicação naquelas terras áridas. No Níger, porém as que sobreviveram
podiam ser aplicadas. Via-se que os homens assentados nas savanas possuíam bagagens
tanto de culturas aquáticas quanto pastoris. Apesar de constituírem grupo étnicos
bastante distintos, por virem de lugares extremamente diferentes no continente, estas
populações possuíam, em sua maioria, algumas características em comum,
provavelmente pela área em que conviviam. Devido à questão climática da região e da
organização política que possuíam, em geral possuíam uma economia baseada na
subsistência, com plantação e pastoreio como maior atividade alimentícia. Sua
organização política era, naquele momento, embrionária; grupos de famílias ou clãs que
protegiam seu território, população e cultura. Entretanto, estas culturas não eram
totalmente fechadas entre si, havendo registros de uma maior abertura para outros
grupos, dependendo da necessidade. Aperfeiçoaram o cultivo e a domesticação de
novas técnicas agrícolas e agropecuárias. Utensílios e a construção de casas foram
melhorados ao passo que as sociedades deixaram de usar a cerâmica para cozer barro. E
por muito tempo continuaram a utilizar o barro cozido; os primeiros registros do uso do
ferro datam de aproximadamente 600 a.C.
Estes grupos são de extrema importância para a formação dos futuros reinos que
se formaram no continente africano no decorrer de milênios, cujas raízes se mostram
presentes até os dias de hoje. A intensificação da desertificação do Saara se mostrou
fundamental para que estas populações se deslocassem de seus locais de origem e
habitassem novas regiões do continente.
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O Saara já havia feito com que populações se deslocassem antes. Estudos
sugerem que, há cerca de dez mil anos, uma mudança no eixo de rotação do planeta
gerou uma grande alteração climática que viria a formar o deserto. A formação deste fez
com que populações que já haviam desenvolvido formas de vida sedentárias, baseadas
na agricultura e pastoreio, a se deslocarem para o leito do Rio Nilo. Algumas destas
populações, portanto, viriam a constituir o Império Egípcio.
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África Antiga, o clima e os fluxos migratórios.
Os saarianos que iam para direção Sul instalavam-se nas savanas sudanesas,
alguns contingentes populacionais começaram a descer o Rio Niger e Bonué e viver em
suas margens, com o tempo formaram-se aldeias com roçado e criação de gado, nelas já
se polia pedra, barro e o trabalho em madeira.
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formando novos grupos agrícolas. No Niger possuía amplos campos abertos que
facilitava a difusão humana e fragmentação dessas comunidades.
Aos poucos os homens que viviam ao sul foram somando da bagagem trazida
da indústria aquática pastoril, obtiveram aperfeiçoamento do cultivo da terra,
melhoraram seus utensílios de trabalho, e evoluíram sua cerâmica produzindo uma
técnica complexa obtida a alta temperatura, e cinco ou seis séculos antes de nossa era já
lidavam com o ferro e minério.
Apesar das grandes discussões acerca do início da Idade do Ferro para essas
tribos e aldeias, a incorporação do ferro remonta a metade do primeiro milénio antes de
Cristo. A cultura Nok usava o ferro ferro para produção de utensílios como lâminas,
pontas para lanças, flechas, argolas para braços, pulsos e tornozeleiras. Pesquisadores
acreditam que a sociedade Nok tenha recebido de Méroe o uso do ferro, que teria
chegados pelas rotas que iam do Nilo até o lago Chade ou até a grande curva do Níger.
Contudo uma segunda vertente contesta com o fato de que a fundição de ferro mais
frequente em Méroe começa a partir dos séculos IV a.C., sendo então contemporâneo ao
início da metalurgia da sociedade Nok. Sendo impossível a difusão de uma técnica em
tão curto espaço de tempo pelas savanas e estepes, do Nilo até o Planalto de Jós.
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É importante mencionar que tais povos contavam um fator natural favorável: a
abundância de minério de ferro a céu aberto, minério encontrado no solo lateríticos da
região, com grande concentração de hidróxidos de ferro e alumínio, minério que não
necessitas de altíssimas temperaturas para fundir-se, trabalho que poderiam ser feitos
em fossas semelhantes às de cozimento de cerâmica, talvez tal fator natural tenha
contribuído para que tais povos tenham sido dominadas mesmo sem conhecimento
prévio de técnicas metalúrgicas mais simples como o cobre o Bronze.
[...]
Localizado em Niger atual Nigéria a Civilização Nok apareceu entre 500 a.c. e
200 a.c. Apesar de ter esse nome, que só foi dado pelas esculturas terem sido
encontradas em um vilarejo chamado Nok, não sabemos o real nome da civilização.
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Há algumas teorias de como essa sociedade nasceu no oeste do território africano uma
delas esta no livro a seguir. O livro A Enxada e a Lança do autor Alberto da Costa e
Silva há a teoria de que com o ressecamento do deserto do Saara algumas populações
teriam se deslocado constantemente por conta do degaste do solo para pastagem, agua e
agricultura. Com esse deslocamento os viajantes tornavam-se cada vez mais habilidoso
em técnicas modernas de agricultura. Conforme as viagens constantes encontros com
outras culturas eram recorrente, e em um desses os saarianos se chocaram com os
Berberes e com isso os dois grupos acabaram por semear uma nova população.
População essa que se entranhou em Niger.
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a usar utensílios de pedra nas atividades em que os consideravam mais eficientes. Entre
esses artefatos incluem-se mós. seixos trabalhados e machados talhados ou polidos.”
Apesar de terem sido uma das sociedades mais inteligentes em questão de tradição
artística pouco se sabe sobre a civilização norte africana que teve seu declínio por volta
de 200 A. C. Há muitas hipóteses de como o seu fim chegou algumas delas são a fome,
mudanças climáticas e sujeição aos recursos naturais.
O fato de haver muitos poucos trabalhos dificulta sabermos mais sobre essa cultura,
além de que o pouco que sabemos não é compartilhado nas escolas, por mais que tenha
uma Lei que faz com que o ensino da história africana tem que existir nas salas de aula.
Essa inexistência ou fragilidade quando o assunto é afrocentrismo faz com que
esqueçamos do nosso passado rico e influente com as outras culturas. A Sociedade Nok
nos deixou um grande legado que não nos é dito e por consequência pode ser esquecido.
“Encontram-se tantos traços da cultura Nok, principalmente de sua arte, nas culturas
posteriores de outros lugares da África ocidental que é difícil de deixar de acreditar que,
tal como a conhecemos, essa cultura representa o tronco ancestral do qual deriva o
essencial das tradições esculturais dessa parte da África.” (WILLETT.1967)
“Até agora, a mais conhecida das sociedades da Idade de Ferro Antiga é talvez a de
Nok, que parece ter sido uma das mais antigas e influentes.” (MOKHTAR. 2010)
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Arquelogia Nok
Fonte: curionautas.com.br
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Figura 2 : Sitio arqueológico em Nok
Fonte: curionautas.com.br
Fonte: liebieghaus.de/en
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Arte Nok.
Fonte: Armariumlibri.blogspot.com
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Figura 2: Estatueta Nok
Fonte: Arquivosdoinsolito.blogspot.com
Nessa passagem da professora fica explicito que arte africana e direta e tem
como foco passar completamente a mensagem do artista sem abrir espaços para
diferentes interpretações.
Além disso as estatuetas eram marcadas por traços fortes, segundo alguns
especialistas eles retratavam a sociedade em que estavam inseridos. Não se sabe com
precisão para que eram usadas essas estatuetas alguns historiadores acreditam que
deveriam ser usadas em diferentes rituais religiosos.
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Quando as estatuetas da cultura nok chegaram na Europa somente no inicio
do século xx o que para muitos era arte primitiva teve grande importância para
expressando uma grande libertação para alguns artistas e influenciou grandes nomes
como Pablo Picasso.
Fonte: Arquivosdoinsolito.blogspot.com
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Conclusão
Tendo em vista a dificuldade criada ao longo dos séculos para o ensino da África
nas escolas de educação básica compreendermos a cultura material das sociedades
africanas, a questão que se impõe é a imagem que até hoje perdura da África, como se
até sua "descoberta", fosse esse continente perdido na obscuridade dos primórdios da
civilização, em plena barbárie, numa luta entre Homem e Natureza.
A história dos povos africanos é a mesma de toda humanidade ela é busca pela
sobrevivência material, mas também espiritual, intelectual e artística, porém tal história
ficou à margem da compreensão nas bases do pensamento ocidental, como se a África
estivesse em uma linearidade paralela ao mundo ocidental, a Europa propriamente dita.
A arte africana, seus mitos, sua arquitetura, sua vasta e múltipla cultura oriunda
de uma grande diversidades étnica é relegada a escanteio, como sendo mera coadjuvante
da história da humanidade.
A cultura Nok é uma das mais cobiçadas no mercado ilegal de arte africana,
meus de Nova Iorque e da Europa possuem enormes coleções da arte milenar que tanto
tem a nos falar sobre as origens do homem e tão pouco foi pesquisado ainda.
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É importante que a nova geração possa ter acesso a vasta cultura africana, ao sua
mitologia que assim como a grega ou romana possui um rico panteão de deuses e
deusas, é importante que as crianças que tem como fé as religiões de matriz africana
como o candomblé oriundo da cultura Iorubá, tenham conhecimento de sua origem, das
origens de sua fé e da importância do culto aos seus antepassados tão presente nas
religiões de matrizes africanas, é importante que os cientistas, escritores, médicos e
diversos doutores negros que fazem parte da formação cultural do Brasil, lotem os livros
didáticos é importante que nossos jovens enxerguem em Machado de Assis um homem
negro que nos deixou de legado sua literatura, que enxergue em Milton Santos um dos
maiores geógrafos do mundo um espelho, saibam que ao cruzar o famoso túnel da
capital carioca André Rebouças, saibam que seu idealizador era um engenheiro negro.
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Bibliografia
LEUBA Salum - Maria Heloisa – Por dentro e ao redor da arte africana – 2004.
Disponível em:
http://www.arteafricana.usp.br/codigos/textos_didaticos/001/por_dentro_e_ao_redor.ht
ml . Acesso em: 20 jan.2018.
MOKHTAR, Gamal. História Geral da África, v.II África Antiga. Paris: Unesco 2010
SILVA, Alberto da Costa. A Enxada e a Lança, A África antes dos portugueses. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 2009
WILLETT, F. 1967. Ife in the History of West African Sculpture. London, Thames &
Hudson.
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