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Sistema de hexacordes, vigente no século XVI:

Sistema de seis graus diatônicos que é a base de toda a solmização guidoniana, foi utilizada para o ensino
e prática da música europeia durante mais de seis séculos até o Renascimento no século XVI. Neste
sistema a leitura das alturas não tem nomes fixos e uma de suas características é a entonação do semitom
sempre com silabas “mi – fá”. O sistema hexacordal apresenta três gêneros: o hexacorde duro que se
inicia pela nota grave G da notação alfabética (nosso atual sol 1); o hexacorde natural que parte de C (ut)
que é nosso atual dó l; O hexacorde mole que se inicia sobre F (fá 1 moderno). Para se alcançar toda a
gama de notas diatônicas são realizadas mudanças (mutação) como as indicadas abaixo. Deste modo
numa linha melódica em que o âmbito é maior que uma sexta é necessário mudar de hexacorde
(Mutação). Não há uma sílaba para indicar nome para o moderno si. O si ♭sempre é entoado como Fá
pela utilização do hexacorde mole e o si ♮ (sempre entoado como Mi) é alcançado com o hexacorde duro:
Tipos de hexacorde:
Recta: inflexão não cromática Inflexões cromáticas

Ficta – notas (alteradas) dos


hexacordes
São as notas alcançadas pela solmização dos
hexacordes e por mutação entre eles •  - Causa necessitatis (por necessidade):
mi contra fa (evitar o trítono)
•  fa super la (sib acima do lá)

•  Causa pulchritudines (causadas por embelezamento


melódico):
•  cadentia (para embelezar ou fortalecer uma cadência)
•  subsemitonum modi (alteração do sétimo grau (sensível) do
modo
•  picardie (finalizar com terça maior)

•  Imitação estrita (alteração de nota do motivo melódico


para manter relação intervalar da imitação)
QUADRO DAS MUTAÇÕES DOS HEXACORDES DURUM (COM SI♮) E NATURAL (SEM A SÉLABA SI)
durum
natural

durum natural durum

durum
natural

natural durum
durum
QUADRO DA MUTAÇÕES DURA E NATURAL EM CLAVE MOLLE (SIb)
natural molle

molle

molle natural

molle natural

natural
molle
molle
Ao final do século XVI a música torna-se cada vez mais cromática principalmente para representar a dramaticidade dos
textos. A característica mais forte do cromatismo modal é essencialmente ligada à pintura de palavras e aos afetos.

Cipriano de Rore: Tu/ i madrigal a qua4ro voci


Edição de Angelo Gardano
(1577)

“Calami sonum ferentes Siculo levem numero “Os sopros que ressoam a leve canção siciliana
non pellunt gemitus pectore ab imo nimium graves;” Não conseguem impedir as lagrimas pesadas que vem das
profundezas do meu peito;”
A partir do século XVII o diatonismo modal progressivamente começa a ceder espaço para a estabilização e equilíbrio do

cromatismo tonal por meio das modulações. As alterações são realizadas de tal modo que criem diversidade tonal sem

anular a tonalidade principal. Numa criação musical tonal predominam as modulações para tonalidades

relacionadas (vizinhas) ao tom principal que é o centro atrativo para as demais regiões tonais.

Na notação da música tonal, o semitom ocorre de três maneiras diferentes:


1)  Diatônico: o mesmo que segunda menor, aquele tipo de semitom que ocorre nas escalas diatônicas; (por exemplo,
mi-fá e si-do, em DóM, fa#-sol e dó#-ré, em RéM.

2)  Cromático: uníssono aumentado utilizado na modulação diatônica (exemplos: fá-fá#, ré-réb);

3)  Enarmônico: terça mais-que-diminuta, utilizada em modulações enarmônicas (exemplos: mi-solbb, si#-réb,).
Mozart, Rondó da Sonata K545

Neste fragmento tonal o compositor faz


a música transitar por algumas regiões
relacionadas à tonalidade principal. As
alterações indicam as mudanças. É
preciso, no entanto, distinguir as
alterações que são mais de passagem de
outras que possuem função estrutural de
modulação.

Localizar as alterações estruturais e


determinar as regiões tonais alcançadas
Conceito de tonalidades vizinhas e homônimas

Tonalidades vizinhas são aquelas que possuem a mesma armadura ou diferem apenas quanto a um “#” ou um “b” (a

mais ou a menos).

Vizinhos diretos de uma tonalidade são as escalas correspondentes ao IV grau, ao V grau e a relativa da tonalidade

de base.

Vizinhos indiretos são as tonalidades relativas do IV grau e ao V grau respectivamente.

Tonalidades homônimas são as que possuem o mesmo nome, mas diferem quanto ao modo.
ESCALAS CROMÁTICAS TONAIS
Devem ser consideradas como esquemas resumidos das possibilidades cromáticas da música tonal

Escala cromática tonal (clássica) Maior:


Para a realização de uma escala cromática maior os semitons diatônicos devem ser mantidos. No movimento
ascendente as alterações cromáticas devem ser também ascendentes e no movimento descendente devem ser
alteradas descendentemente seguindo sempre o critério das notas pertencentes às tonalidades vizinhas ou à
homônima. Desse modo o sexto grau não se eleva, mas sim ascende para o sétimo grau rebaixado (sib em dó
maior), pois pertence à escala correspondente ao 4º grau da subdominante (Fá maior), tonalidade vizinha direta.
No movimento descendente somente uma exceção quanto às alterações descendentes: o V grau não é alterado,
mas o quarto grau é elevado (fa# em dó maior), pois o V grau rebaixado (solb em dó maior) resultaria em um
tom muito afastado da tonalidade de base. O II grau alterado não pertence a nenhuma tonalidade vizinha, mas se
comporta como uma “contra sensível” em relação à tônica.

Ascendente:
Do# - sensível da tonalidade correspondente ao II grau na forma harmônica (vizinho indireto)
Ré# - sensível do III grau na forma harmônica (vizinho indireto)
Fá# - sensível da tonalidade correspondente ao V grau ( vizinho direto)
Sol # sensível da tonalidade correspondente ao VI grau (vizinho direto)
Si b – IV da tonalidade correspondente ao IV grau (vizinho direto)
Descendente:
Si b – IV da tonalidade correspondente ao IV grau (vizinho direto)
La b – VI grau da tonalidade homônima (forma natural)
Fá# - sensível da tonalidade correspondente ao V grau ( vizinho direto)
Mi b – III da tonalidade homônima
Re b – contra sensível do I grau ( é uma exceção pois não pertence a nenhuma tonalidade vizinha
Escala cromá+ca tonal (clássica) menor:
Para a realização de uma escala cromáGca menor os semitons diatônicos também devem ser manGdos. No
movimento ascendente as alterações cromáGcas devem ser também ascendentes com exceção do I grau
(la# em lá menor), pois resultaria em uma nota pertencente a uma tonalidade distante, e deve ser
subsGtuído pelo II rebaixado (correspondente ao VI grau da tonalidade da subdominante - sib em lá
menor). O movimento descendente é igual ao ascendente de modo a manter o critério de alterações
relacionado às tonalidades vizinhas e homônimas.

Alterações ascendentes da escala menor melódica

Si b – VI da escala correspondente à subdominante – menor natural (vizinho direto)



Do# - sensível da escala correspondente à subdominante (vizinho direto)

Re # - sensível da escala correspondente ao V grau da tonalidade de base (vizinho direto)

Fa# - VI grau da forma melódica da própria escala da tonalidade de base

Sol # - sensível da própria escala de base na forma harmônica
Exemplo musical em que cromaGsmos presentes indicam a escala cromá+ca clássica menor: Fá# menor

César Franck, Variações Sinfonicas


Lam: II V7 Do M:

II V7 II
Lam:

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