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PROTÓTIPO LAJE MAAP - UTILIZAÇÃO DE GARRAFAS PET NA

FABRICAÇÃO DE LAJE MISTA MADEIRA E CONCRETO AUTO-


ADENSÁVEL NA REGIÃO AMAZÔNICA
PROTOTYPE SLAB MAAP - PET BOTTLES OF USE IN THE MANUFACTURE OF
WOOD AND MIXED SLAB SELF-COMPACTING CONCRETE ON AMAZON

(1) Rodrigo Rodrigues da Cunha; (2) Juliano Cunha Nascimento; (3) José Raimundo Serra Pacha

(1) Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Estado do Pará - IFPA - Campus
Indústrial Marabá - PA, Engenheiro Civil Mestrando, Universidade Federal do Pará - PPGEC

(2) Engenheiro Civil Mineradora Vale (3 )Prof. Engenheiro Civil Msc UFPA/FACI
Augusto Correa S/N Guamá - Pará

Resumo
O desenvolvimento de um sistema de lajes mista madeira e concreto, utilizando garrafas
PET (Polietileno Tereftalato) como material de enchimento tem finalidade de reduzir
custos e contribuir para a diminuição do impacto ambiental provocado pelo descarte das
garrafas de maneira desordenada. As garrafas PET apresentam características favoráveis
para a utilização como material de enchimento de lajes. São leves, apresenta bom
comportamento a isolação acústica, boa resistência a desgaste, e boa propriedade
térmica. O dimensionamento desta laje segue os mesmos critérios das lajes treliçadas. A
única alteração diz respeito ao cálculo dos momentos de inércia nos estádios I, II e II0,
pois havendo a mesa inferior formada por elementos pré-fabricados, tem-se uma seção I,
que apresenta valores bem maiores para esses momentos, o que melhora o desempenho
dessa laje com relação às deformações. Assim, as flechas estimadas para essa
geometria de seção transversal têm valores bem maiores, verificando-se com maior
facilidade os estádios limites de utilização, principalmente com relação ao ELS-DEF, que
normalmente é responsável pela necessidade de se aumentar as alturas das lajes com
armação treliçada. O protótipo da laje proposta foi projetada e desenvolvido para um vão
de 5,00 m, altura de 17 cm, carga permanente de 1,20kN/m² e simplesmente apoiada em
vigas nas extremidades. O concreto utilizado tinha resistência à compressão aos 28 dias
de 30Mpa e o aço dimensionado CA50.

Palavra-Chave: laje, concreto, faci

Abstract
The development of a system of mixed wood and concrete slabs using PET (Polyethylene
Terephthalate) as a filler has order to reduce costs and contribute to reducing the
environmental impact caused by dropping the bottles in a disordered manner. PET bottles
provide favorable characteristics for use as filler slabs. They are light, has good acoustic
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insulation performance, good wear resistance and good thermal property. The dimensions
of this slab follows the same criteria slabs lattice. The only change concerns the
calculation of moments of inertia in stages I, II and II0, because there the table below
formed by prefabricated elements, there is a section I, which has much higher values for
these moments, which improves the performance of this slab with respect to deformations.
Thus, the arrows estimated for this geometry cross section have higher values, checking in
with ease stages usage restrictions, especially regarding the ELS-DEF, which is usually
responsible for the need to increase the height of the slabs with lattice frame. The
prototype of the proposed slab was designed and developed for a span of 5.00 m, height
17 cm, permanent load of 1.20 kN / m² and simply supported beams at the ends. The
concrete used had compressive strength of 30MPa at 28 days and scaled steel CA50..
Keywords: slab, concrete, faci

1 INTRODUÇÃO

No projeto das estruturas, a concepção das lajes deve respeitar as peculiaridades


da construção, considerando simultaneamente os materiais e meios técnicos disponíveis
para que a solução adotada possa ser materializada de forma racional.
Nos edifícios de vários pisos, as lajes respondem por uma elevada parcela do
consumo de concreto. No caso de lajes maciças, esta parcela chega, normalmente, a
quase 2/3 do volume total da estrutura. Por esta razão, considera-se oportuno o estudo
aprofundado de critérios de escolha dos diversos tipos de lajes a serem empregadas,
tendo em vista a obtenção de soluções técnica e economicamente otimizadas.
As lajes nervuradas constituem-se uma evolução natural da laje maciça, resultante
da eliminação da maior parte do concreto abaixo da linha neutra, o que permite o
aumento econômico da espessura total das lajes pela criação de vazios em um padrão
rítmico de arranjo, formando-se um sistema estrutural altamente eficiente, constituído por
um conjunto de nervuras dispostas em uma ou duas direções, com espaçamento
regulares entre si. Propiciam um alívio do peso próprio da estrutura e um aproveitamento
mais eficiente do aço e do concreto. A essência da idéia de laje nervurada consiste na
utilização de elementos pré-fabricados na forma de vigotas capazes de suportar o seu
peso próprio e as cargas de construção, vencendo vãos delimitados pelas linhas de
cimbramento, e no emprego de materiais leves de enchimento no que seria a maior parte
da zona tracionada das lajes maciças.
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Atualmente, cada vez mais, têm-se uma preocupação com as questões ambientais.
No ramo da Engenharia Civil, não é diferente. Sabe-se que de todas as atividades
praticadas pelo homem, a construção civil é uma das que mais tem impacto no meio
ambiente. Por isso, novas idéias e tecnologias estão sempre surgindo para evitar que as
construções sejam o pilar de um caos ambiental.
Divulgações de pesquisas e informações, promovendo padrões consistentes e
educativos, seja sobre desenvolvimento de matérias ecológicos, construções sustentáveis
ou planejamento econômico ao espaço construído e aos materiais utilizados e
descartados (resíduos), são alguns passos importantes para que se tenha futuramente
uma sociedade mais consciente e com uma melhor qualidade de vida.
Desenvolvimento Sustentável é um tema muito importante no que diz respeito a
Construções Sustentáveis. Desenvolvimento Sustentável é o desenvolvimento capaz de
suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as
necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos
para o futuro. Construções Sustentáveis são construções que visam antes de qualquer
coisa um planejamento da obra de forma que sejam seguidas diretrizes que envolvem a
utilização consciente do meio ambiente, respeitando todas as normas éticas ambientais.
Sustentabilidade envolve diversos assuntos interessantes além da construção
sustentável e que serão abordados nesse artigo, que tem como objetivo mostrar a
preocupação da atual sociedade com a sua natureza e expor os novos, modernos e
ecológicos métodos da construção civil.

2 - AS LAJES PRÉ-FABRICADAS

As lajes com vigotas de concreto armado, tipo Volterrana, conhecidas no mercado


como lajes comuns, são as mais antigas e há muito tempo são comercializadas de forma
simplista, apresentando duas geometrias bem definidas, denominadas “lajes de piso e
lajes de forro”. Suas alturas, salvo raras exceções, variam entre 11 a 12cm e o
espaçamento entre vigotas, de 20 a 30cm. Sempre foram dimensionadas no estádio I,
utilizando-se de tabelas que há muito circulam entre seus fabricantes. Suas limitações
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devem-se basicamente ao processo construtivo das vigotas, à falta de hábito dos
fabricantes na produção de alturas maiores e à necessidade da utilização de
escoramentos com pequenos espaçamentos. Assim, com o surgimento de soluções mais
racionais estão caindo em desuso, estando sua utilização quase que restrita às pequenas
localidades.
Surgem, então, as lajes com sapatas de concreto com armação treliçada. Com um
processo de fabricação bem mais simples, permite o ganho de alturas com relativa
facilidade, possibilitando vãos maiores, maior espaçamento entre escoras e a treliça,
grande novidade do sistema, confere às sapatas a rigidez necessária para sua fabricação,
transporte e montagem. Fabricadas em diversas alturas e com barra de aço em vários
diâmetros, permitem vãos maiores de escoramento. A sapata de concreto passa a ser um
pouco mais larga que a vigota do sistema anterior, permitindo-se alojar corretamente uma
quantidade maior de armaduras adicionais às da treliça, com relativa facilidade. Assim, se
constitui em um sistema com bastante flexibilidade, permitindo além da variação da altura,
obtenção de intereixos maiores, uso de elementos de enchimento mais leves, melhor
ancoragem nas vigas de extremidade, baixo peso das sapatas de concreto, boa aderência
entre os elementos de concreto pré-fabricado e o concreto lançado no local, sem,
contudo, provocar grandes alterações nos procedimentos para seu dimensionamento.
Entretanto, apesar da evolução, esse sistema ainda apresenta algumas
inconsistências, tais como: cobrimento insuficiente para algumas aplicações, seção
resistente à compressão muito pequena nas proximidades dos apoios quando se precisa
lançar mão da continuidade, alto custo do elemento de enchimento quando se necessita
de alturas maiores e principalmente deformações elevadas face aos baixos valores da
inércia da seção transversal, o que via de regra acaba sendo o fator determinante quando
da verificação do estado limite de serviço de deformações excessivas. Ainda, pode-se
afirmar que a armação treliçada, responsável pela viabilização do sistema, representa
uma parcela significativa na composição do custo final da laje e não é totalmente utilizada
após a cura da mesma, pois apenas suas barras inferiores contribuem nas seções
resistentes das peças, sendo as demais, quase sempre, desnecessárias. A sinusóide,
raramente contribui no combate ao cisalhamento, pois na grande maioria dos casos o
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concreto resiste sozinho a estas tensões e quando se faz necessário é mais econômico
aumentarmos a altura da laje, que a altura da treliça, pois só se pode considerá-la como
armadura de cisalhamento se a barra do banzo superior estiver devidamente ancorada
nas proximidades da zona de compressão da capa de concreto.
Não demorou muito para que um novo tipo de laje surgisse no mercado: os mini-
painéis treliçados. Com larguras variando entre 0,25 e 1,25, têm como principal vantagem
a obtenção de tetos lisos onde se pode dispensar o tradicional revestimento constituído
por chapisco, emboço e reboco. Entretanto, além de não trazer soluções para os
problemas elencados anteriormente, ainda se aumenta o consumo das armações
treliçadas, necessita de equipamentos de montagem à medida que sua largura aumenta,
e consequentemente, com a elevação dos custos, são pouco utilizados.
Foi neste cenário que ocorreu a revisão das normas NBR 6118, NBR 15200, NBR
9062 e outras correlatas. A rigor nenhum dos tipos, pré-fabricados, acima citados
atendem aos quesitos da durabilidade e ao levarem-se em conta no dimensionamento as
não linearidades do concreto, o estado limite de deformações excessivas passa a ser
preponderante, exigindo a majoração das alturas destas lajes para vãos relativamente
pequenos.

3 - NOVO TIPO DE LAJE PRÉ-FABRICADA (LAJE MAAP)


A seção transversal deste novo tipo de laje pode ser visto na Figura 21. O sistema
se constitui numa somatória das antigas lajes de vigotas com seção “T” invertido com os
mini-painéis treliçados, entretanto, sem a utilização das armações treliçadas e trazendo o
espigão de PET como material de enchimento. Os painéis, com 28cm de largura, são
construídos com a peça de madeira deslocada do centro, destinada a dar a rigidez
necessária à sua fabricação, transporte e montagem. Na obra estes painéis são montados
justapostos, alinhados pela face, mas invertidos um em relação ao outro, formando-se
duas canaletas, sendo a maior destinada aos espigões de PET como material de
enchimento e a menor para receber as armaduras e o concreto, ambos colocados na
obra, se transformando na alma da seção resistente.

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Figura 1
Croquis da seção transversal da laje MAAP.

4 - VANTAGENS

O sistema da forma como foi concebido, apresenta várias novidades, dentre as quais
destacam-se:
• as armaduras que compõem as seções resistentes à flexão são colocadas na obra;
• ancoragem eficiente das barras longitudinais;
• utilização de espigão PET perfeitamente encaixados, contribuindo
significativamente para a reutilização das garrafas PET de maneira sustentável;
• permite a variação do cobrimento, podendo ser usado em qualquer ambiente,
possibilitando a utilização de armaduras com diâmetros maiores e adequando-se
às exigências das normas pertinentes;
• obtém-se regiões maciças juntos aos apoios com facilidade, quando se faz
necessário;
• pode ser trabalhado com espigões PET de garrafas de 1,5l, 2l, 2,5l, trabalhando
assim, com lajes de alturas diferentes segundo a necessidade.

5 - DIMENSIONAMENTO DA LAJE

O dimensionamento desta laje segue os mesmos critérios das lajes treliçadas. A


única alteração diz respeito ao cálculo dos momentos de inércia nos estádios I, II e II0,
pois havendo a mesa inferior formada por elementos pré-fabricados, tem-se uma seção I,

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que apresenta valores bem maiores para esses momentos, o que melhora o desempenho
dessa laje com relação às deformações. Assim, as flechas estimadas para essa
geometria de seção transversal têm valores bem maiores, verificando-se com maior
facilidade os estádios limites de utilização, principalmente com relação ao ELS-DEF, que
normalmente é responsável pela necessidade de se aumentar as alturas das lajes com
armação treliçada.

6 - MATERIAIS E MÉTODOS

A laje proposta foi projetada para um vão de 5,00 m, altura de 17 cm, carga
permanente de 1,20kN/m² e simplesmente apoiada em vigas nas extremidades. O
concreto utilizado tinha resistência à compressão aos 28 dias de 30Mpa e o aço escolhido
foi o CA50.
A fabricação desta laje se deu de forma artesanal, toda ela sendo executada pelos
alunos da Faculdade Ideal pertencente ao Grupo Faci Criativa, mostrando assim que a
laje é de fácil execução. Mesmo sendo confeccionada por alunos de Engenharia Civil, a
grande maioria não detinha o conhecimento prático de marcenaria, concretagem,
confecção de ferragens etc.
Lajes pré-fabricadas são confeccionadas em duas etapas. A primeira etapa é a
confecção dos painéis mistos que necessitam de um determinado período de maturação
para que possam ser transportados até o local de concretagem da laje. A segunda etapa
consiste na montagem dos mini painéis sobre as vigas para a distribuição dos espigões
PET, distribuição da malha de aço da capa e finalizada com a concretagem desta com o
CAA.

7 - Materiais Utilizados

7.1 Agregados

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Os agregados utilizados (areia, pó de brita e seixo fino) foram ensaiados conforme
a NBR 7217, NBR 9776 e NBR 7810 e com as peneiras de acordo com NBR 5734, cujas
características estão apresentadas nas tabelas abaixo.
Agregado Graúdo Agregado Miúdo Agregado Miúdo
Abertura das peneiras
(mm) Quantidade retida Quantidade retida Quantidade retida
acumulada % acumulada % acumulada %

12,5 54 - -
9,5 82 - 5
6,3 97 - 2
4,8 98 - 5
2,4 98 1 25
1,2 100 6 44
0,6 100 19 61
0,3 100 62 72
0,15 100 92 85
<0,15 100 100 100
Módulo de Finura 19 1,8 2,917

Dimensão Máxima 6,78 2,4 4,8


Limite Granulométrico Seixo Fino Areia Muito Fina Pó de Brita
Tab. 5 - Granulometria dos agregados graúdos e miúdos utilizados.

AGLOMERANTE/ Massa especifica Massa unitária BLAINE


AGREGADO-ADITIVOS (Kg/dm³) (Kg/dm³) (m²/kg)

CIMENTO 3,15 1,350 820


AREIA 2,62 1,62 -
PÓ DE BRITA 2,72 1,388 -
SEIXO FINO 2,63 1,560 -
TEC FLUID 1000 1,2 - -
MURAPOR 1,2 - -
Tab. 6 - Massas específicas, unitárias e Blaine dos materiais utilizados.

7.2 - Aglomerantes Hidraúlicos


O cimento Portland utilizado foi o CPIV 32 RS, marca Nassau. Sua massa
específica é de 3,15 (Kg/dm³), ensaiado de acordo com a NBR NM 23.

7.3 - Aditivos

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Foi utilizado o aditivo superplastificante a base de Naftaleno TEC FLUID 1000. É
um aditivo tensoativo que atua reduzindo a tensão superficial das moléculas de água.
Reduz, em média, 30% da água para o amassamento e promove a trabalhabilidade do
concreto. Esse aditivo foi fornecido pela Rheotec.
O modificador de viscosidade, MURAPOR ESTABILIZADOR, é geralmente utilizado em
concretos com baixo teor de finos, proporcionando ao conglomerado um aumento da
resistência à segregação e exsudação. Esse aditivo foi fornecido pela MC-Bauchemie.

8 - Métodos

8.2 - Mini-Painéis Mistos

Inicialmente deve ter uma pista de concretagem, onde serão feitos os mini-painéis
mistos de madeira e argamassa auto-adensável.
No nosso caso, foi utilizada a bancada do laboratório de materiais do curso de
Engenharia Civil da Faci. Por não apresentar uma superfície totalmente lisa e não permitir
a desfôrma do mini-painel, a bancada foi forrada com uma lona comum e colocados
peças metálicas laterais para fazer a forma, o que pode ser substituído por formas iguais
a dos mini-painéis treliçados.
O material da forma dará o tipo de acabamento à face inferior do mini-painel (teto),
dispensando qualquer tipo de revestimento no teto.
A peça de madeira com seção de 10x3cm deve ser preparada para dar aderência
com a AAA do mini-painel e com o CAA da capa da laje, por isso pregos devem ser
dispostos centralizados e igualmente espaçados tanto na face inferior quanto na face
superior da peça. Nos pregos inferiores ainda deve ser amarrada uma barra de aço para
dar resistência ao mini-painel e uma segunda barra com afastamento da borda igual ao
afastamento dado entre a borda contrária e a barra amarrada aos pregos.

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Figura 2
Peça de madeira com pregos para aderência e barras de sustentação do mini-painel.

A concretagem do mini-painel é realizada com argamassa auto-adensável (AAA)


de baixo custo. A argamassa auto-adensável desenvolvida no projeto proposto, tem como
característica básica e fundamental todos os princípios do CAA, porém como se trata de
argamassa foi utilizado apenas agregados miúdos com diâmetro máximo de 5 mm
caracterizando assim como argamassa com características de concreto auto-adensável
(CAA).

Figura 3
Concretagem dos mini-painéis mistos com AAA.
O processo de criação da argamassa auto-adensável utilizada no projeto foi
desenvolvido e feito da seguinte maneira:
A argamassa auto-adensável, foi desenvolvida durante o projeto MAAP, para
atender a necessidade do mini-painel desenvolvido pelo Grupo Faci Criativa no
laboratório da Faculdade Ideal.
A dosagem (anexo 2) foi baseada no princípio da fluidez espontânea evitando
assim a utilização de elementos vibratórios (Figura 28).
Após aplicação com a dosagem proposta, o mini-painel fica liberado para desfôrma
e transporte num período mínimo de 36 horas, pois neste período a resistência chega em
média 8Mpa.
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Figura 4
Mini-painel após aplicação da AAA.

8.2 - Disposições e Concretagem com CAA

A segunda etapa da construção da Laje MAAP se inicia com as disposições dos


mini-painéis mistos no local de sua concretagem. Essa disposição obedece a um critério
muito importante, estes painéis são montados justapostos, alinhados pela face, mas
invertidos um em relação ao outro, formando-se duas canaletas, sendo a maior destinada
aos espigões de PET como material de enchimento e a menor para receber as armaduras
e o concreto, ambos colocados na obra, se transformando na alma da seção resistente.

Figura 5
Disposição correta dos mini-painéis.

Além das vantagens já citadas anteriormente, mais duas vantagens podem ser
consideradas na Laje MAAP, uma delas, resultado da concretagem final com CAA será
visto mais adiante e a outra, é obtida com a concretagem dos mini-painéis com a AAA,
dando um acabamento liso na parte inferior da laje, dispensando o uso de qualquer
material para o forro, pois este já possui o acabamento necessário. Caso queira, o mini-
painel estará preparado para receber pintura diretamente sobre sua face.
O sistema também permite a utilização de formas texturizadas para os mini-painéis,
dando os mais variados acabamentos ao forro.

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Após a montagem dos mini-painéis, agora é hora de dispor sobre eles as garrafas
PET previamente preparada em forma de espigão. As garrafas são assim preparadas de
maneira a evitar desperdícios de concreto caso sejam apenas colocadas sobre os mini-
painéis de forma aleatória, pois os espaços reservados as garrafas não dão nenhum tipo
de resistência ao elemento.

Figura 6
Espigões PET colocados na laje MAAP.

A malha de aço superior segue os mesmo procedimentos de cálculo utilizados para


as lajes pré-fabricadas já utilizadas como a laje treliçada.
Chega à hora do último passo. A utilização do CAA vem aumentando
consideravelmente nos últimos anos, pois este novo tipo de concreto possibilita vários
ganhos. Mas problemas como a falta de normatização dos equipamentos para a medição
da trabalhabilidade, a falta de métodos de dosagem consagrados e a falta de
conhecimento técnico dos profissionais da área sobre este material têm limitado sua
disseminação. Com o método de dosagem proposto por Tutikian (2004), poderá ser mais
simples a dosagem do CAA. A utilização de materiais locais, inclusive a de resíduos
industriais em substituição ao cimento, pode estimular uma maior utilização do CAA.
O processo de transformação dos materiais em argamassa auto-adensável e
concreto auto-adensável é feito da mesma maneira com a inclusão dos agregados
graúdos para o CAA, este processo já foi descrito anteriormente.
Após a preparação do CAA, é feita a concretagem final da laje MAAP. Neste ponto
temos a outra vantagem da qual falamos anteriormente: a laje zero.
A laje MAAP com concreto auto-adensável possui outra grade vantagem, a
chamada laje zero. Trata-se, sobretudo, da obtenção da laje nivelada e acabada, para a
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aplicação direta da camada de acabamento, isso só é possível pela incrível capacidade
de escoamento e acabamento que o CAA possui.
O resultado nos mostra que a Laje MAAP atende às exigências da norma, e
consegue suportar uma sobre carga de até Sc=385,00 Kgf/m².
Um segundo cálculo, desconsiderando a resistência da madeira foi realizado com o
intuito de substituí-la por um espigão de PET armado, o que se mostrou possível de
realizar de acordo com os resultados obtidos nos cálculos abaixo:
Cálculo do Peso Próprio (pp) e da sobrecarga (sc) da seção I da Laje MAAP
(concreto fck de 30MPa), considerando as duas peças de madeira da seção apenas como
formo do sistema, desprezando sua resistência para este caso.

0,85.fcd .bf .0,8.x = As 1.fyd + As 2.fyd


0,8.43,48 + 0,8.43,48
x= ε s = 10mm / m
3 (DOMINIO 3)
0,85. .56.0,8 ε c < 3,5mm / m
1,4
(aço escoando com fyd)
x = 0,85cm < hf = 5cm (A LN está na mesa)
x 0,85
= (3.x = = 0,060)
d 15

A laje proposta é resistente a uma carga Qk = 435,06Kgf / m ² , subtraindo o peso


próprio pp = 238,6Kgf / m ² , chega-se finalmente a uma sobrecarga para a Laje de
sc = 230Kgf / m ² . O que mostra que é possível substituir a peça de madeira por outro
material que nos sirva de forma, no caso, um espigão de PET armado.

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9 Análise e Resultados

O CAA utilizado na confecção da laje ecológica tem custo inferior ao concreto


referência, para a mesma faixa de resistência à compressão, e para mesmas idades. Isso
porque o concreto alto adensável utilizado no projeto proposto pelo Professor José Pacha
tem baixo consumo de cimento e relação água/cimento mais elevada que o traço
referência não adensável.
Sendo assim, após este trabalho, concluiu-se, principalmente, que o concreto auto-
adensável pode substituir o concreto de trabalhabilidade convencional, ainda mais se for
em obras especiais, pois o custo poderá ser bem similar ou ate mais baixo, somados com
todos os ganhos permitidos pelo propriedades únicas do CAA. Mas para se ter certeza se
é economicamente vantajoso a substituição das misturas, deve ser feito um estudo global
da situação, tentando mensurar todos os parâmetros e situações críticas do processo.
Como mostrado neste trabalho de pesquisa o CAA fica com custo inferior ao
concreto referência não adensável, em decorrência disto foi realizado um levantamento
de custo comparativo entre lajes, no qual foi possível observar que a laje MAAP
apresentou menor custo em todo o estudo comparativo, o custo mais elevado ficou por
conta da laje maciça, em torno de 103% mais cara que a laje MAAP, seguida da laje
treliçada com EPS com 25% e 16% da Laje treliçada com blocos cerâmicos.
Vimos também que esta forma de reutilização do PET contribui consideravelmente
para diminuição dos problemas ambientais gerados pelo descarte inadequado deste
material, pois a quantidade de garrafas reutilizada neste sistema é muito maior que as
demais formas de reutilização empregadas atualmente.
Por tanto o objetivo principal do projeto foi alcançado com êxito, a criação de um
novo tipo de laje com finalidade de reduzir custos e contribuir para a diminuição do
impacto ambiental provocado pelo descarte das garrafas, utilizando concreto auto
adensável (CAA) de baixo custo.

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10 - REFERÊNCIAS

ABEPET. Associação Brasileira dos Fabricantes de Embalagens PET. Disponível em:


<www.abepet.com.br> Acesso em: jul. 2009
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118; Projeto de Estruturas
de Concreto Armado. Rio de Janeiro. ABNT, 2007
__________. NBR 14862: Armaduras treliçadas eletrosoldadas - Requisitos. Rio de
Janeiro. ABNT, 2002.
__________. NBR 6120: Cargas para o cálculo de estruturas de edificação. Rio de
Janeiro. ABNT, 1980.
__________. NBR 14859-1: Laje pré-fabricada – Requisitos. Parte 1: Lajes unidirecionais.
Rio de Janeiro. ABNT, 2002
__________. NBR 14859-2: Laje pré-fabricada – Requisitos. Parte 2: Lajes bidirecionais.
Rio de Janeiro. ABNT, 2002
__________. NBR 14860-1: Laje pré-fabricada – Pré-Laje – Requisitos. Parte 1: Lajes
unidirecionais. Rio de Janeiro. ABNT, 2002
__________. NBR 14860-2: Laje pré-fabricada – Pré-Laje – Requisitos. Parte 2: Lajes
bidirecionais. Rio de Janeiro. ABNT, 2002
HELENE, Paulo Terziam. Manual de Dosagem e Controle do Concreto. São Paulo. ,
Brasília, DF: SENAI. Pini, 1992.
CALAVERA, José. Proyecto y Cálculo de Estructuras de Hormigón. Tomos I e II.
Madrid: Intemac Ediciones, 1999
EL DEBS, Mounir Khalil. Concreto Pré-moldado: Fundamentos e Aplicações: São
Carlos.EESC-USP, 2000.
GERDAU. Guia de Instruções para Manuseio, Aplicação e Utilização de Lajes Pré-
Fabricadas com Vigotas Treliçadas: São Paulo, 2000.
PINHEIRO, Libânio M., Fundamentos do Concreto e Projeto de Edifícios. São Carlos:
EESC-USP, 2007.

HIBBELER, Russell C.. Resistências dos Materiais, 3ª Ed.. Rio de Janeiro: IME-RJ,
2002.
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