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MÓDULO 5

MECANISMO DE DESGASTE EM TURBINAS HIDRÁULICAS


MECANISMO DE DESGASTE EM TURBINAS HIDRÁULICAS

▪ Objetivo:

Proporcionar ao expectador o conhecimento básico sobre os principais tipos de desgastes


evidenciados em componentes metálicos de turbinas hidráulicas, sendo:

i. Definição conceitual de desgaste

ii. Identificar os principais tipos de desgaste

iii. Descrever o fenômeno de hidro-abrasão

iv. Conhecer os possíveis materiais de construção e revestimentos

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MECANISMO DE DESGASTE EM TURBINAS HIDRÁULICAS

Resumo Módulo 4:
Cavitação: É um fenômeno característico de turbinas hidráulicas
*Estar atentos aos limites operacionais!
*Monitoramento/Inspeção!

Instabilidades
profundidade volume

IEC 60609

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MECANISMO DE DESGASTE EM TURBINAS HIDRÁULICAS

▪ O que é desgaste?
O desgaste é definido como sendo a perda progressiva de matéria da superfície de um corpo
como consequência do movimento relativo de um segundo corpo sobre o primeiro. O
desgaste não é uma propriedade intrínseca do material pois depende de um conjunto de
fatores ou características de contato definidas como tribossistema. Este pode ser identificado
por quatro elementos básicos: Corpo sólido, Contra-corpo, Interface e Ambiente (Figueiredo
Neto, 2017).

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▪ Existe uma série de classificações diferentes para o desgaste. Segundo Figueiredo Neto (2017)
podem ser encontrados até 34 diferentes termos para discutir a nomenclatura sobre desgaste.

▪ Segundo Bayer (2004), apud Schuitek (2007), existem pelo menos 3 modos em que o desgaste
pode ser classificado:
▪ Pela aparência dos vestígios de dano: sulcamentos, cavacos, lascamentos, riscamentos,
polimentos, fissuras e trincas, entre outros
▪ Pelos mecanismos físico-químicos que causaram a perda de material: adesão, abrasão,
oxidação, etc.
▪ Pelas condições onde o desgaste ocorreu: desgaste lubrificado ou não lubrificado, desgaste
por deslizamento metal-metal, desgaste por rolamento, desgaste por deslizamento em alta
tensão, desgaste metálicos em altas temperaturas, etc.

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Radi, et al, 2007)

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▪ No processo de desgaste estão envolvidos basicamente cinco mecanismos de desgaste ou uma


combinação deles (Figueiredo Neto, 2017):
▪ Reação tribológica: formação de produtos de reações químicas
resultantes da interação química entre os elementos de um
tribosistema. Mais conhecido/designado como oxidação
▪ Adesão: formação plástica na região de contato, gerando trincas e
posterior rompimento de ligações adesivas interfaciais, por exemplo:
juntas soldadas a frio
▪ Fadiga: fadiga mecânica e posterior formação de trincas em regiões da
superfície devido a tensões cíclicas tribológicas que resultam na
separação de material
▪ Abrasão: remoção de materiais da superfície por sulcamento, corte,
fadiga e trincamento. Ocorre em função do formato e dureza dos dois
materiais em contato
▪ Erosão: perda progressiva do material original de uma superfície
devido à interação mecânica por impacto de um fluído, um fluído
multicomponente ou o impingimento de líquidos ou sólidos*

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▪ Quais tipos de desgastes mais afetam as turbinas hidráulicas?

▪ Corrosão por Fretting

▪ Corrosão por Frestas

▪ Corrosão por Pite

▪ Corrosão Galvânica

▪ Corrosão-Erosão

▪ Erosão por Cavitação

▪ Erosão por Partículas Sólidas

Para recordar: Oxidação → Corrosão → Ferrugem

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Corrosão:
Os metais raramente são encontrados no estado
puro. Eles quase sempre são encontrados em
combinação com um ou mais elementos não-
metálicos presentes no ambiente. Minérios são, de
modo geral, formas oxidadas do metal.
Com raras exceções, quantidades significativas de
energia devem ser fornecidas aos minérios para
reduzi-los aos metais puros. Assim, de modo
simples, corrosão pode ser definida como sendo a
tendência espontânea do metal produzido e
conformado de reverter ao seu estado original.
Uma outra definição, amplamente aceita, é a que
afirma que corrosão é a deterioração de
propriedades que ocorre quando um material reage
com o ambiente, aliado ou não a algum esforço
mecânico.
Pannoni, 2004
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Corrosão por Fretting: Fenômeno de desgaste que ocorre entre duas superfícies que tem
movimento relativo oscilatório.
▪ Movimento oscilatório de baixa amplitude → causando “fretting
wear” (sem oxidação) e “fretting corrosion” (com oxidação)
▪ Caracterizado por uma superfície de desgaste de aparência
granulada ou com pittings
▪ Inicia-se pela adesão, seguida da formação de partículas
(“fretting wear”), que podem se oxidar reagindo com o meio
(“fretting corrosion”)

https://www.nsk.com.br/desgaste-172.htm

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Corrosão por Frestas:


A corrosão por frestas pode se estabelecer sempre quando existir uma fresta que possa
coletar água (outro líquido) ou depósitos sólidos tais como lama e pós diversos.
Frestas são formadas em muitas situações, como por exemplo, atrás de pontos de solda
descontínuos, em juntas parafusadas (acoplamentos) ou rebitadas, em cordões de solda
descontinuados ou mesmo em chapas sobrepostas.

Catodo Anodo Catodo

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Corrosão por Pite: é uma forma de corrosão extremamente localizada que leva à geração de
pequenos furos no metal. A ruptura localizada da camada passiva e o ataque corrosivo
restrito a um ou mais pontos pode levar à perfuração da superfície exposta do aço, e a isso
denomina-se “corrosão por pites”.
É uma das formas de corrosão mais prejudiciais pois, embora afete apenas pequenas partes
da superfície metálica, pode causar rápida perda de espessura do material originando
perfurações e pontos de concentração de tensões, ocasionando a redução da resistência
mecânica do material e consequentemente possibilidade de fratura.
▪ Corrosão perfurante
▪ Difícil previsão
▪ Alta velocidade de propagação

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Os círculos vermelhos salientam vários pites resultantes do processo corrosivo da reação


dos poluentes da atmosfera, principalmente dos cloretos, os quais quebraram o filme
impermeável da camada de passivação desenvolvida na superfície da camada de cromo
duro em potenciais próximo ao seu potencial de corrosão (Montenegro, Rodrigue e Romero)

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Corrosão Galvânica:
Quando dois materiais metálicos, com diferentes potenciais, estão em contato em presença de um
eletrólito, ocorre uma DDP (diferencial de potencial) e uma consequente transferência de elétrons.

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Eixo de Comporta

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▪ When the voltage differences of 0.2 Volts


or more suggest a galvanic corrosion risk
▪ A quick guide to select compatible metals

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Corrosão-Erosão:
A erosão pode acelerar o processo de desgaste por
corrosão, assim como a corrosão pode acelerar o
processo de desgaste por erosão → Efeito sinérgico.
Efeitos sinérgicos podem incrementar substancialmente
o desgaste do material.
Pode ocorrer, por exemplo, em tubulações de drenagem
e/ou esgotamento, a depender dos parâmetros físico-
químicos da água, principalmente em reduções, curvas
e outras conexões.
Pode estar presente também em superfícies internas de
condutos forçados, caixa espiral, sucção, etc, quanto
removida a camada protetiva (normalmente pintura).

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Desgaste Erosivo:
O desgaste erosivo ocorre quando partículas em um fluido deslizam a uma velocidade
relativamente alta, contra uma superfície. Cada partícula ao entrar em contato com a
superfície, corta uma pequena partícula dessa. Individualmente, cada partícula removida é
insignificante, mas um grande número de partículas removidas durante um longo período de
tempo pode acarretar diferentes graus de erosão (Serrano, 2017).
A erosão é um termo bastante amplo e pode ser ainda classificado em um número de termos
mais específicos:
▪ Erosão de cavitação - devido à formação e colapso de bolhas de vapor ou gás dentro da
voluta
▪ Erosão de impacto líquido - devido a impactos por gotas ou jatos líquidos sobre a superfície
erodida
▪ Erosão de partículas sólidas - devido a impactos de partículas solidas sobre a superfície
erodida
O principal mecanismo que causa danos aos componentes hidráulicos das usinas
hidrelétricas, promovendo degradação de material, é a erosão (Prashar, 2020).

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Erosão por Cavitação:


Durante o transporte de fluídos, pode ocorrer situações de implosões de cavidades em
líquidos, sobre as pás da turbina.
Cavitação → nucleação, crescimento e colapso das bolhas de vapor de um fluido.
Quando milhares de bolhas implodem no meio líquido, a quantidade energia, em valores de
pressão, gerada no colapso pode chegar 1 GPa. Parte desta pressão pode chegar a
superfície da pá por meio de ondas de choque, cujo valor de pressão pode exceder o limite
de escoamento do material, e assim promover a erosão (Silva, 2011).
Superfícies
desgastadas ou
irregulares (ásperas)
potencializam o
colapso de bolhas
próximo a superfície,
devido a perturbação
na instabilidade da
bolha.
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(Santos, 2013)

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Erosão por Partículas Sólidas:


Os sedimentos (minerais) presentes na água de rio são carregados durante o transporte do
fluído. O desgaste superficial decorrente a ação da água, pode surgir como resultado de
fricção que ocorre entre a corrente de água contínua e a superfície dos elementos imersos,
bem como devido ao efeito de impacto exercido pelo fluxo de água na superfície, decorrendo
um processo puramente mecânico.
No momento da colisão, a energia cinética de uma partícula em movimento é convertida em
trabalho, deformando o material dos componentes hidráulicos. Durante as deformações
residuais, certa parte volumétrica da camada superficial separa-se, deixando marcas de
rugosidade que variam em função do material utilizados na fabricação dos componentes.
No caso de superfícies metálicas dos rotores, ocorre a formação de microcortes decorrentes
dos múltiplos encontros que ocorrem entres as partículas abrasivas e a superfície, dessa
forma, ficando evidente que a intensidade do desgaste da superfície depende principalmente
da energia cinética das partículas transportadas pelo fluxo, ou seja, da sua massa e
velocidade de deslocamento relativo à superfície de impacto e também, da concentração de
partículas abrasivas do fluido (Serrano, 2017).

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Sete são os mecanismos possíveis para a erosão de partículas sólidas: erosão abrasiva,
fadiga superficial, fratura frágil, deformação dúctil, fusão de superfície, erosão macroscópica e
erosão atômica. Porém, dentre todas elas, do ponto de vista da erosão de máquinas
hidráulicas, apenas os quatro primeiros são aplicáveis (Thapa, 2004).

Representação esquemática dos mecanismos de erosão

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A representação esquemática dos mecanismos de erosão para materiais dúcteis e frágeis:

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Desgaste abrasivo x desgaste erosivo:


O desgaste abrasivo é a perda de material pela passagem de partículas duras sobre uma
superfície. Esse desgaste ocorre sempre que um objeto sólido é carregado contra partículas
de um material com dureza igual ou superior. O desgaste abrasivo envolve processos como
microcorte, fadiga, desprendimento de grãos e fraturas quebradiças (Neopane, 2010).
O desgaste erosivo é causado pelo impacto de partículas sólidas e líquidas na superfície. O
desgaste erosivo pode se assemelhar ao desgaste abrasivo quando partículas sólidas duras
de tamanho visível microscopicamente estão degradando o agente, o ângulo de impacto é
baixo e a velocidade de impacto é da ordem de 100 m/s. Para todas as outras condições, os
mecanismos de desgaste que não se assemelham ao desgaste abrasivo tornam-se
dominantes. Para partículas de tamanho microscopicamente visível e uma velocidade de
impacto da ordem de 100 m/s, o desgaste nos ângulos de impacto altos ocorre por uma
combinação de deformação plástica e fadiga ou por fissuras em materiais frágeis (Neopane,
2010).

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▪ Na abrasão, as partículas podem remover o ▪ O termo desgaste erosivo refere-se a um


material por micro corte, micro fratura, desgaste provocado pelo impacto de
fadiga acelerada por deformações repetidas pequenas partículas sobre uma superfície
ou arrancamento de grãos individuais

a) Corte – Superfície mais macia a) Corte – Superfície mais macia


b) Fratura – Material frágil b) Fadiga – Eventos repetitivos
c) Deformação – Material dúctil (GR) c) Deformação – Desprendimento
d) Descolamento – Arrancamento de grãos d) Fratura – Fragmentação (Neopane, 2010)
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▪ O desgaste por abrasão ocorre quando as partículas duras são forçadas contra ou se
movem em relação a uma superfície sólida, onde as partículas maiores são cortadas na
região de cisalhamento, resultando em fragmentos posteriormente moídos no descolar da
superfície sólida (Serrano, 2017)
▪ Nas turbinas, a abrasão ocorre entre o rotor e tampas (parte estacionária), mais
precisamente verificada na região dos labirintos

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▪ Outro fator responsável pelo desgaste do rotor, por exemplo, é a erosão, que envolve a
perda de material da superfície do rotor e da carcaça pela ação das partículas arrastadas
pelo fluido. Nesse processo, a energia cinética é transferida para as partículas, que por
terem formas irregulares, apresentam alta tensão de contato específico (Serrano, 2017)

(Thapa, 2004)

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▪ A erosão de máquinas hidráulicas pode ser classificada em: (i) micro erosão devido ao
contato de partículas finas (<60 µm); (ii) erosão do vórtice do fluxo secundário causada por
obstáculos / fluxo secundário (iii) aceleração de partículas grandes (> 0,5 mm)
▪ No caso de turbinas Francis, um vórtice é criado devido ao fluxo de vazamento entre a
tampa e a superfície voltada para a palheta diretriz e o fluxo secundário. Isso ocorre tanto
na parte superior quanto na parte inferior das diretrizes. Esses dois vórtices atingem a
entrada do rotor e causam erosão no topo e na parte inferior da borda principal do rotor

(Gjøsæter, 2011)

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▪ Classificação do Solo:
Mineral Dureza
O tamanho do grão, forma geométrica, dureza, velocidade de ataque Mohs
das partículas e a taxa de concentração dos sólidos são características Pirolusita 2,5
variáveis que influenciam diretamente no surgimento e aceleração do Mica Biotita 3
Manganita 4
desgaste de componentes metálicos. Platina 4
O parâmetro dureza é considerado o mais elementar à erosão, pois Romanechita 5
Goethita 5,5
remete a resistência à deformação do grão, quando em contato com
Cromita 5,5
outros materiais. Notadamente, materiais mais duros são maiores Monazita 5,5
agressores quando comparados a materiais de menor dureza. Feldspato 6
Magnetita 6
Estão susceptíveis a erosão acentuada, turbinas instaladas em regiões Ilmenita 6
montanhosas ou em terrenos, cuja predominância seja a classificação Hematita 6,5
de solo arenosa. A areia é composta por rochas e minerais, formada Rutilo 6,5
principalmente por quartzo (SiO2). Basalto 6,5
Quartzo (SiO2) 7
As turbinas de reação de baixa queda Cassiterita 7
serão erodidas apenas em caso de Zircão 7,5
Turmalina 7,5
concentração extremamente alta de Bauxita 9
sedimentos (Prashar, 2020).
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▪ A erosão é uma das principais causa de falhas de turbinas hidráulicas

▪ Leves vibrações
▪ Fadiga e ruptura dos componentes
▪ Cargas adicionais para os mancais e demais sistemas mecânicos
▪ Perda de eficiência devido ao aumento das perdas volumétricas
▪ Perda da eficiência devido a alteração na geometria dos perfis
▪ Entre outras

▪ No entanto, a taxa e o mecanismo de erosão podem ser alterados dependendo das


características das partículas. As características das partículas podem permanecer as
mesmas da origem ou podem mudar dependendo das condições de operação. Portanto, o
conhecimento das características das partículas é muito importante para estimativa,
redução e prevenção de erosão

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▪ A norma IEC 62364:2019 - Hydraulic machines - Guidelines for dealing with hydro-
abrasive erosion in Kaplan, Francis and Pelton turbines, trata genericamente como erosão
hidro-abrasiva, visto que na geração hidrelétrica os sedimentos são sempre presentes na
água a ser turbinada
▪ A norma traz alguns modelos de verificação da erosão hidro-abrasiva em várias
combinações de qualidade da água, condições operacionais, materiais de componentes e
propriedades de componentes coletados em uma variedade de sites
▪ A norma considera a turbina livre de cavitação.
A cavitação e a erosão hidro-abrasiva podem
reforçar-se mutuamente, de modo que a erosão
resultante seja maior que a soma da erosão por
cavitação mais a erosão hidro-abrasiva. Portanto,
torna-se extremamente difícil estimar a
representatividade de cada evento no dano

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▪ O dano estimado da erosão, verificado pela profundidade S, é dado pela expressão:

𝑊 3,4 × 𝑃𝐿 × 𝐾𝑚 × 𝐾𝑓
𝑆=
𝑅𝑆 𝑝
W a velocidade de fluxo na região de interesse, dado por:
𝑄
𝑊𝑝𝑑 = - Palheta Diretriz
∝×𝑍0 ×𝐵0

𝑊𝑟𝑜𝑡 = 𝑢22 + 𝑐22 - Rotor


𝑄×4
Com: 𝑢2 = 𝑛 × 𝜋 × 𝐷 e 𝑐2 = 𝜋×𝐷2

RS é o tamanho da turbina referência (normalmente 1 m).


Km é o fator material
Kf é o coeficiente de fluxo
p = Conforme tabela

𝑃𝐿 = 𝐶 × 𝑎 × 𝐾1 × 𝐾2
C é a concentração de sólidos em kg/m³.

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▪ Avaliação simplificada:
(IEC 62364:2019)

Se C x H1,5 ≤ 150 – Risco baixo

Se 150 < C x H1,5 < 1500 – Moderado

Se C x H1,5 < 1500 – Erosão severa

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▪ Proposta simplificada Nozaki (1990): Vida útil estimada!

Fator de concentração suspensa modificada (PE) em g/l:

𝑃𝐸 = 𝑃 × 𝑎 × 𝐾1 × 𝐾2 × 𝐾3

P é a média anual suspensa (g/l)

Tamanho do grão (mm) a Dureza do grão K2


Diâmetro ≤ 0,05 1 > 3 Mohs 1,0
Diâmetro > 0,05 d/0,05 ≤ 3 Mohs 0,5

Forma do grão K1 Material da turbina K3


Redondo 0,75 ASTM A-743 CA6NM 1,0
Angular 1,00 Aço Fundido 2,3
Extremamente angular 1,25 Bronze 4,0
Stellite 0,3

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▪ Ações de mitigação:

Proteção da superfície: Aplicação de carboneto do tungstênio (WC 86% - Co10% - Cr 4% ) via


processo HVOF (High Velocity Oxygen Fuel).

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▪ Comparativo: Sem revestimento x Com revestimento (WC-Co-Cr aplicado por HVOF).

Padrão de erosão progressivo na região não revestida em minutos: 30, 45, 60, Padrão progressivo de erosão na região
90, 180, 270. revestida em minutos: 30, 90, 180, 270
em torno de indutores de cavitação.

Quando induzida a cavitação, foi observado nas amostras revestidas que o sulco de erosão
aumenta a profundidade em vez de se propagar mais.
B. Thapa, P. Chaudhary, O.G. Dahlhaug, P. Upadhyay, Study of combined effect of sand erosion and cavitation in hydraulic turbines, in: International Conference on Small Hydropower - Hydro Sri Lanka, 2007.

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▪ Ações de mitigação:

Estrutura civil (desarenador):

1
Fluxo

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▪ Isso acontece no Brasil?

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▪ Observações importantes da norma IEC 62364:2019:


Sólidos grandes (por exemplo, pedras, madeira, gelo, objetos de metal etc.) que viajam com a
água podem afetar os componentes da turbina e causar danos. Esse dano pode, por sua vez,
aumentar a turbulência do fluxo, acelerando o desgaste por cavitação e erosão hidro-
abrasiva. Revestimentos resistentes à erosão hidro-abrasivos também podem ser danificados
localmente pelo impacto de grandes sólidos.
No que diz respeito às máquinas, os proprietários devem encontrar os meios de comunicar
aos potenciais fornecedores de suas instalações, seu desejo de ter a atenção dos projetistas
na fase de projeto das turbinas, direcionados à minimização da gravidade e dos efeitos da
erosão hidro-abrasiva.
Os proprietários podem e devem garantir que as especificações comuniquem a necessidade
de atenção particular do projeto hidráulico em suas instalações, sem estabelecer critérios que
não possam ser satisfeitos, porque os meios estão fora do controle dos fabricantes.

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▪ Referências Bibliográficas:
▪ ABM - Associação Brasileira de Materiais. DESGASTE ABRASIVO. 58º Congresso Anual. Rio de janeiro. 2013. Disponível:
http://ftp.demec.ufpr.br/disciplinas/TM314/Material%20Guia%20da%20discilina%20de%20Aspers%C3%A3o%20T%C3%A9rmica/Desgaste%20abrasivo.pdf. Acesso em: 28/07/2020.
▪ Cardoso, R.P. O PAPEL DA TRIBOLOGIA EM ENGENHARIA DE MATERIAIS/SUPERFÍCIES. EMEC7062 (PGMEC) / ECMA7042 (PIPE) Engenharia de Superfícies. Universidade Federal
do Paraná – Setor de Tecnologia Departamento de Engenharia Mecânica. Disponível em: http://ftp.demec.ufpr.br/disciplinas/EME713/Prof.Rodrigo_Perito/03_Tribologia.pdf. Acesso em:
01/08/2020.
▪ Figueiredo Neto, J.J. PROJETO, FABRICAÇÃO E VALIDAÇÃO DE UM ABRASÔMETRO RODA DE BORRACHA NA CONFIGURAÇÃO HORIZONTAL E VERTICAL. Dissertação
(Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco. CTG. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica, 2017. 90p.
▪ Gjøsæter, K. HYDRAULIC DESIGN OF FRANCIS TURBINE EXPOSED TO SEDIMENT EROSION. Master thesis. Faculty of Engineering Science and Technology. Norwegian University of
Science and Technology (NTNU). Norway. 2011.
▪ Montenegro, I.N.S., Rodrigues, J.S., Romero, F.B. PROCESSO CORROSIVO EM SUPERFÍCIE REVESTIDA COM CROMO DURO EXPOSTA EM ATMOSFERA MARINHA. Encontro e
Exposição Brasileira de Tratamento de Superfície. III INTERFINISH Latino Americano. (20--).
▪ Neopane, H.P. SEDIMENT EROSION IN HYDRO TURBINES. Doctoral thesis. Faculty of Engineering Science and Technology. Norwegian University of Science and Technology (NTNU).
Norway. 2010.
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