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Direito Constitucional

Estado: ente da sociedade que tem a função de manter a ordem. Recebe como prerrogativa o
uso da força, que só pode ser usada legalmente para manter a ordem e o direito. Ente ao qual a
sociedade atribui poderes especiais, que possibilitam a ele a criação de leis e normas diversas de
observância obrigatória por toda a sociedade. Divide-se em três poderes;
 Poder Executivo: aplica as leis e mantém a ordem, é responsável também pela prestação de
serviços públicos e pela administração dos bens públicos.
 Poder Legislativo: cria leis e normas de observância obrigatória para toda a sociedade.
 Poder Judiciário: decide em definitivo conflitos entre particulares ou entre estes e o Estado.
Cabe a ele solucionar litígios que lhe são postos a apreciação, interpretando a lei e dizendo
qual das partes tem direito, sempre com base nas leis e normas vigentes no Estado. Suas
decisões são definitivas e obrigatórias.

Constituição: Estado e hierarquia.

Constituição: norma que diz quais são os limites do Estado, até que ponto ele pode atuar
interferindo na vida do cidadão. Traz direitos e garantias fundamentais a sociedade, limitando a
atuação do Estado. Regulamenta as funções do Estado, especificando como suas atividades serão
exercidas, quais os poderes de quem as exerce e qual o alcança dessa atuação. É o pilar do sistema
jurídico, sendo sua norma fundamental. Uma norma de menor hierarquia não pode contrariar a
Constituição sob pena de invalidade.
Poder Constituinte: é quem tem poder para elaborar a Constituição
Poder Constituinte Originário: em que há a criação de uma nova Constituição, seja por
criação de um novo País, por revolução, por adequação. Não depende de outra norma ou de outro
sistema jurídico para existir, é uma obra original. Características: inicial (base da ordem jurídica),
ilimitado (não possui limites), autônomo (não está ligado à ordem jurídica anterior) e incondicional
(pode decidir qualquer coisa a respeito do Estado, não está sujeito a regras).
Assembléia Nacional Constituinte: é como um parlamento, composto por representantes
do povo encarregados de elaborar uma nova Constituição. Neste caso, a Constituição é promulgada.
No caso de movimentos revolucionários, a Constituição é escrita por quem comanda a revolução,
sem participação do povo, é imposta a nação, sendo outorgada.
Poder Conseguinte Derivado: é previsto pela própria Constituição, e permite que ela seja alterada,
estabelecendo critérios e requisitos para que isso aconteça. Tem fundamento na Constituição, deriva
dela. É exercido pelo Congresso Nacional, e suas alterações denominam-se emenda à Constituição.
Clausulas Pétreas: pontos imutáveis da Constituição, seus fundamentos, elementos sem os
quais a Constituição ficaria desfigurada e o desejo do poder constituinte originário desrespeitado. A
única forma de alterá-las é elaborando uma nova Constituição.

Classificação das Constituições:


 Quanto ao conteúdo:
- materiais: normas próprias do Estado mas não necessariamente codificadas em um único texto,
mas em vários documentos distintos, conjunto de regras de diversas fontes.
- formais: codificada em um único texto, com rigidez e supremacia sobre as demais.
 Quanto à forma:
- escrita: redigida, sistematizada e aprovada como Constituição por um órgão com poderes para tal.
- não escrita: ou costumeira, é aquela encontrada em diversas norma esparsas e nos costumes do
Estado e da Sociedade. Não existe um documento, os costumes são passados de geração a geração.
 Quanto ao modo de elaboração:
- dogmáticas: elaboradas pela Assembléia Constituinte, escrita e sistematizada de acordo com o
direito positivo e princípios jurídicos.
- históricas: derivadas de um processo de tradição e historia de um povo.
 Quanto à origem:
- promulgadas: elaboradas em processo democrático, pela Assembléia Constituinte, com a
participação dos representantes da comunidade.
-outorgada: impostas pelo poder dominante, sem discussão do texto.
 Quanto à estabilidade:
- flexíveis: podem ser alteradas pelo processo legislativo ordinário
- rígidas: exigem processo legislativo mais solene e difícil que aquele exigido para as demais
normas.
- semi-rigidas: tem partes que podem ser alteradas como as flexíveis e outras como as rígidas.
- imutáveis: não podem ser alteradas em nenhum ponto.
 Quanto à extensão:
- sintética: se limita as matérias básicas, estipula direitos e garantias dos cidadãos e os princípios
gerais da organização do Estado.
- analítica: mais extensa, tratando de direitos, garantias fundamentais, organização do Estado e
outros assuntos a que se entenda necessário conferir importância constitucional.

A Constituição Federal de 1988 é formal, escrita, dogmática, promulgada, rígida e analítica.

Aplicabilidade das normas constitucionais.


Sua eficácia pode ser:
 Plena: produzem ou podem produzir efeitos desde a entrada em vigor da Constituição, não
dependendo de posterior regulamentação para serem aplicadas. Ex: direitos e garantias
constitucionais do art. 5º.
 Contida: a Constituição deixou para o legislativo a tarefa de estabelecer requisitos ou
condições para seu exercício. Ex: livre exercício de qualquer trabalho, desde que atendidos
requisitos de qualificação profissional que a lei determinar.
 Limitada: só tem eficácia e aplicabilidade após a edição de lei que as regulamente. Ex:
empregados que terão participação nos lucros da empresa, de acordo com os termos da lei.
Normas programáticas: estabelecem valores, indicações de políticas a serem adotadas. Princípios
que servem para nortear o conteúdo das leis.

Histórico da Constituição no Brasil

No período colonial, vigorava a legislação de Portugal, não tenha legislação nem governo
próprios.
Com a independência em 1822, foi outorgada a Constituição Política do Império do Brasil,
imposta pelo imperador e caracterizava-se pelo Poder Moderador que era exercido pelo monarca.
Em 1889 foi proclamada a República e em 1891 foi promulgada a Constituição da
Republica dos Estados Unidos do Brasil que estabelecia uma República Federativa.
Em 1930, Getulio Vargas assume o poder, dando atenção ao aspecto social e em 1934, com a
Assembléia Constituinte, promulga a Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil
(mesmo nome da de 1891), dando maior atenção à educação, trabalho e cultura, é a primeira a
prever questões de cunho social, da família, econômicas...estabeleceu o voto feminino e criou a
Justiça Eleitoral e os Tribunais de Contas.
Em 1937, Getulio Vargas dissolveu o Congresso e revogou a Constituição de 34, outorgando
a Constituição dos Estados Unidos do Brasil, com o Estado Novo; houve ditadura pura e simples, de
acordo com a vontade do Presidente.
Com o fim do governo ditatorial, em 1946 foi promulgada a Constituição da República dos
Estados Unidos do Brasil, que se baseou nas constituições republicanas anteriores de 1891 e 1934,
com seu texto voltado ao passado e não ao futuro.
Em 1964, ocorreu a revolução comandada pelos militares e o Brasil foi regido por atos
institucionais, junto com a Constituição de 46. Em 1967, os militares apresentaram projeto de
constituição que foi votada pelo Congresso e outorgada pelo governo. Esse texto teve influencia da
Constituição de 1937, também outorgada em regime ditatorial.
Em 1968, com o Ato Institucional 5, rompeu-se a ordem institucional, e em 69 foi
promulgada a Emenda Constitucional nº 1, que na verdade era um novo texto constitucional,
alterando completamente a Constituição de 67. Até o nome que era Constituição do Brasil, passou
para Constituição da República Federativa do Brasil.
Com o fim da ditadura militar em 1985, foi nomeada uma comissão para elaborar o projeto
de uma nova Constituição, e em 87, foi convocada a Assembléia Nacional. E em 5/10/1988 foi
promulgada a Constituição da República Federativa do Brasil, chamada de Constituição Cidadã,
em função da ampla participação popular em sua elaboração. Vigente até os dias de hoje.

República e Federação

O Brasil é uma República Federativa.


República: forma de governo, se refere à maneira que se dá a instituição do poder na
sociedade e a relação entre governo e governados. Nela, o Estado, o poder e tudo aquilo que é
público pertence ao povo.
Monarquia: governo de um só.
Aristocracia: governo de poucos.
República: governo do povo.
República Federativa: forma de Estado, território onde sua soberania e seu ordenamento
jurídico são validos. É um Estado dividido em diversos estados federados, em que cada um deles
possui uma certa parcela de poder que exerce no âmbito de seu território. O poder central é
desempenhado pela União Federal.
Estados Unitários não é subdividido em outros territórios, não existe subdivisão de poder,
apenas um poder central (França, Uruguai)
São entes da federação: a União Federal, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal.
A União Federal é a pessoa jurídica de direito público interno. A República Federativa do
Brasil é a pessoa jurídica de direito público externo, que se relaciona com outros paises.
O Distrito Federal não é Estado, nem município, possui regulamentação própria que o faz
ser um ente da federação diferente dos demais.
Estado Democrático de Direito: as decisões são tomadas com a participação de todos e pela vontade
da maioria livre. Regência do Estado pelo direito, com a existência de uma Constituição e um
ordenamento jurídico formulado de acordo com o que diz essa Constituição.
Estado onde às decisões são tomadas pela maioria, após a participação de todos, e essas decisões
tomam a forma de leis e da Constituição, que tem observância obrigatória.

Fundamentos e Objetivos da República.


Princípios: prescrições normativas que estabelecem valores, políticas e objetivos que devem
ser buscados por todo o sistema jurídico. Servem para a interpretação de todas as leis e normas, pois
são gerais e aplicáveis a todo o sistema.
Regras: normas especificas e determinadas, que são usadas em um caso determinado e não
aos demais. Uma regra exclui a aplicação da outra. Sempre estão previstas em texto legal.

Fundamentos da República:
 Soberania: independência do Estado, existência de poder político supremo e independente.
 Cidadania: capacidade do individuo de participar das decisões e opinar sobre os assuntos.
 Dignidade da pessoa humana: adoção de políticas sociais, leis contra discriminação e contra
qualquer condição degradante que alguém possa sofrer.
 Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa: direitos dos trabalhadores, livre iniciativa
como forma de desenvolvimento econômico.
 Pluralismo político: permite a existência das mais variadas correntes políticas.
Objetivos da República: encaixam-se na categoria de políticas, são voltados à realização de
valores já firmados:
 construir uma sociedade livre, justa e solidária;
 garantir o desenvolvimento nacional;
 erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
 promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
outras formas de discriminação.

Titularidade do poder: “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes
eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.”
A Constituição estabelece o exercício do poder por meio de representantes. Os mecanismos
de exercício direto do poder são o plebiscito (consulta que antecede a tomada de decisão pelo
parlamento), o referendo (consulta posterior a uma decisão política) e a iniciativa popular
(possibilidade de os eleitores proporem projeto de lei diretamente ao Congresso Nacional.
Tripartição do Poder: “São poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o
Legislativo, o Executivo e o Judiciário.”
Não interferem um no outro nem tem relação de hierarquia. São harmônicos porque devem
funcionar de acordo com os princípios da Constituição e na busca dos mesmos ideais.
Poder Executivo: função de cumprir a lei, desenvolvendo políticas públicas, prestando
serviços públicos, realizando obras...
Poder Legislativo: cria normas jurídicas de observância obrigatória. Cria leis.
Poder Judiciário: aplica a lei e resolve litígios em definitivo. Sua decisão é definitiva e
imutável.

Quanto às relações internacionais, os princípios a serem seguidos são:


 de independência nacional;
 prevalência dos direitos humanos;
 autodeterminação dos povos;
 não-intervenção;
 igualdade entre os Estados;
 defesa da paz;
 solução pacifica de conflitos;
 repudio ao terrorismo e racismo;
 cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
 concessão de asilo político.
 busca de integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina,
visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.

Direitos e Garantias Fundamentais:


São os mais importantes, matérias materialmente constitucionais.
Direitos e deveres individuais e coletivos: direitos fundamentais do homem-individuo, que
reconhecem autonomia a particulares, garantindo a iniciativa e independência diante dos demais
membros da sociedade política e do próprio Estado. Impedem o abuso do Estado.
Prerrogativas: privilégios do Estado, que permitem a manutenção da ordem, a realização de suas
atividades e a manutenção da unidade.
Uma das principais sujeições que limitam os poderes do Estado são os direitos individuais
afirmados pela Constituição.
Principais direitos:
 Igualdade: norteia todos os direitos e garantias: “Todos são iguais perante a lei, sem
distinção de qualquer natureza...” Não se admite aplicação diferente da lei a pessoas em
situações idênticas.
 Legalidade: “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em
virtude de lei.” Todas as obrigações do individuo devem estar expressas em lei
democraticamente aprovada pelo Poder Legislativo de acordo com o processo determinado
na Constituição. Tudo o que não é proibido, é permitido.
 Direito à vida: o Estado deve proteger a vida e está impedido de tirá-la, preservando o
direito a integridade física e o direito à existência.
 Direito à liberdade: autodeterminação do individuo, liberdade de escolha e livre arbítrio.
Todos são livres para buscar seus caminhos, podendo agir da maneira como achar melhor na
busca da felicidade. Liberdade importa o direito de ir e vir, liberdade de circulação e de
deixar o País e a ele retornar quando desejar.
 Liberdade de expressão e direito à informação: qualquer pessoa pode manifestar seu
pensamento, mesmo que seja contrário ao dominante, desde que a pessoa se identifique.
Todos têm o direito de obter do Estado e de bancos de dados de caráter público informações
sobre si, bem como solicitar a correção dos dados em caso de erro.
 Direito à segurança: O Estado deve fornecer segurança, mantendo as instituições
democráticas, o bom funcionamento da justiça e dos serviços públicos, a observância das
leis e a preservação do Poder Legislativo como fonte de inovação legislativa.
 Direito à propriedade: assegura aos cidadãos a possibilidade de ser proprietário de bens e
direitos, permitindo a acumulação de capitais.
 Acesso ao judiciário e unicidade de jurisdição: todas as lesões ou ameaças ao direito podem
ser levadas ao Judiciário, solicitando sua tutela, a fim de obter proteção a eles. A lei não
prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.

 Ampla defesa e o contraditório: qualquer pessoa, quando acusada ou quando tem parte em
processo administrativo ou judicial, deve ter assegurada a oportunidade de defesa e resposta
do alegado pela outra parte, bem como direito à recursos contra decisões que a prejudiquem
e à revisão destas por outro órgão decisório.

 Direitos Sociais: visam à subsistência mínima e digna às pessoas. Exige do Estado que aja,
atue e forneça os serviços públicos necessários à garantia dos direitos sociais. São direitos
sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social,
a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados...

 Nacionalidade: A Constituição distingue os brasileiros em dois tipos:


- natos: que nasce brasileiro; todos nascidos no território obtêm a nacionalidade, bem como
filhos de pais brasileiros nascidos no exterior, enquanto os pais lá residiam a serviço do país.
- naturalizados: nascidos em outros paises que após cumprirem os requisitos legais,
solicitam a nacionalidade brasileira.

 Direitos Políticos: determinam a forma de exercício da cidadania. Regulamentam o voto e as


condições de elegibilidade. Apontam como os representantes são eleitos e como a cidadania
é exercida. A idade mínima para eleição dos cargos é 18 anos para vereador, 21 para
prefeito, vice-prefeito, deputado federal e estadual, 30 anos para governador e vice-
governador e 35 anos para presidente da Republica, vice-presidente e senador. A plenitude
dos direitos políticos somente acontece aos 35 anos, quando o individuo está apto a ser
eleito para todos os cargos da República.

Partidos Políticos: são de livre criação, com alguns critérios: caráter nacional, prestação de contas à
Justiça Eleitoral, proibição de recebimento de recursos estrangeiros.
Organização do Estado.
Formação dos EUA de “baixo para cima”, a vontade de constituir a federação partiu dos
estados, colônias, inicialmente independentes, que se juntaram e constituíram uma federação.
No Brasil, foi de “cima para baixo”, o País foi dividido em estados pelo poder central, e toda
a legislação relevante é federal, sendo o estado, um ente com poucas funções relevantes.
Opinião do autor: Da maneira como são os estados, nada mais são que fontes de despesa,
pois acabem duplicando estruturas que já existem nas órbitas federal e municipal. O município por
sua vez, é o ente que compõe os estados.

União Federal: é o mais poderoso ente da federação, não apenas pela quantidade de bens
sob seu poder, mas pelo n° de serviços e atividades que exerce e competências legislativas de que
dispõe. Cabe à União a prestação de serviços de telecomunicações, TV, rádio, energia elétrica,
transporte aéreo, terrestre interestadual, etc. São os serviços públicos, relevantes à manutenção da
ordem pública e ao desenvolvimento do País. Podem ser prestados diretamente pela União, ou por
particulares por meio de concessão. Quando há uma concessão, o serviço continua sendo de
propriedade da União. Outros serviços como o serviço postal, é prestado diretamente pela União,
empresa pública, integralmente pertencente à União (Correios).
Algumas competências, a Constituição atribui em comum para União, estados, municípios e
Distrito Federal, são diretrizes mais genéricas, como combate à marginalização e à pobreza,
proteção à Constituição, cuidados com a saúde pública e outras de interesse geral.
As competências estipuladas na Constituição podem sem:
- exclusiva: apenas a União legisla sobre o assunto;
- privativa: a competência pode ser delegada.
- concorrente: a União legisla sobre as regras gerais e os Estados podem legislar sobre ele mais
especificamente.
São de competência privativa da União: direito civil, penal, comercial, processual,
trabalhista, serviço postal, transito, etc. E de competência concorrente: direito tributário e
econômico, educação, cultura, proteção à infância e à juventude, juizados de pequenas causas
A competência concorrente versa sobre direito tributário e econômico, educação, cultura,
proteção à infância e a juventude, juizados de pequenas causas... Essa competência não é exercida
pelos municípios.

Estados: possuem constituições próprias e leis estaduais, de acordo com suas competências.
Obedecem a uma ordem de simetria com a Constituição Federal. São reservadas aos Estados as
competências que não lhes sejam vedadas pela Constituição. Restam poucos assuntos a serem
tratados, poucos serviços e atividades a serem desempenhados.

Municípios: tem a Lei Orgânica. Suas competências referem-se basicamente à organização


do município, uso do solo, zoneamento, criação de distritos, e também serviços de educação infantil
e fundamental e de saúde.

Distrito Federal: não é estado, nem município, mas tem características dos dois. O chefe do
Poder Executivo é o governador e o Poder Legislativo é exercido pela Camara Legislativa.

Administração Pública: órgãos e entes administrativos com o objetivo de desempenhar a


função administrativa do Estado, realizando atividades e políticas que concretizem seus objetivos.
Podem ter personalidade jurídica própria ou não, e ser de direito público ou privado.

A Administração Pública é estudada pelo direito administrativo. Estuda a regulamentação


acerca dos servidores públicos, do ato administrativo, das licitações e dos contratos, concursos
públicos e as demais atividades internas de funcionamento da Administração Pública.
A Administração Pública atende aos seguintes princípios:
 Legalidade: deve obedecer à lei, pode fazer o que a lei determina;
 Impessoalidade: tratar a todos igualmente, não favorecendo nem desfavorecendo ninguém;
 Moralidade: agir de forma honesta e com boa fé;
 Publicidade: todos os atos da administração devem ser públicos e divulgados à população;
 Eficiência: a melhor atuação possível com a menor despesa possível.
A Constituição determina que cargos e empregos públicos devem ser preenchidos por concurso,
livre para todos os brasileiros que atendam aos requisitos da lei. É obrigatória a realização de
licitação para compras e contratações. Pode ser decidida por critérios de melhor técnica, melhor
preço, ou ambos combinados.
Espírito de uma federação: divisão de tarefas entre vários entes, dentro de um determinado
território, que exercem o poder em favor da população que nele reside.

Poder Legislativo
É responsável por discutir e criar leis que devem regulamentar o Estado e a sociedade. É o único
que pode inovar o ordenamento jurídico, criando, modificando ou revogando leis. Tem ainda, a
função de fiscalização contábil, financeira e orçamentária.
No plano federal adota o sistema bicameral, que faz com que as deliberações passem pelas duas
casas (Senado Federal e Camara dos Deputados) antes de serem aprovadas.
O Senado Federal representa os estados no parlamento, sendo três representantes para cada
estado. É composto de 81 senadores, com mandatos de 8 anos, renovando-se a cada 4 anos um e
dois senadores. Tem a competência privativa de processar e julgar, por crime de responsabilidade, o
presidente, vice-presidente, os ministros e os comandantes das Forças Armadas, ministros do STF,
membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o
procurador-geral da União e o advogado-geral da União.
A Câmara de Deputados representa o povo dos estados, o número de deputados varia de acordo
com a população do estado. O número mínimo é de 8 e o máximo é de 70. O total é de 513
integrantes, e seu mandato é de 4 anos. Sua competência privativa é de instaurar processo contra o
presidente da republica, o vice-presidente e os ministros, proceder à tomada de contas do
presidente, eleger os membros do Conselho da República e dispor sobre sua organização interna.
O Congresso Nacional inclui a deliberação sobre todas as matérias de competência da União
Federal, legislando sobre os assuntos a ela atribuídos.
Processo legislativo: conjunto de atos e procedimentos que devem ser adotados para a criação
de uma nova lei.
- Emenda à Constituição: altera a própria Constituição, sendo estabelecida nela própria
como pode ser alterada. Só poderá ser proposta por, no mínimo, um terço dos membros da Camara
dos Deputados ou do Senado Federal, pelo Presidente da República ou por mais da metade das
Assembléias Legislativas, por meio da deliberação por maioria relativa dos membros. Deve ser
votada em dois turnos em cada uma das casas, sem do aprovada por três quintos de seus membros,
em cada uma das votações. Depois é promulgada, não dependendo de sanção ou veto do presidente.
Clausulas Pétreas: assuntos imutáveis, devem permanecer do mesmo modo como foram
aprovadas quando da elaboração da Constituição.
- Decretos legislativos e resoluções: são normas que a Constituição exige em alguns casos,
como para suspender a eficácia de lei ou dispositivo declarado inconstitucional pelo STF.
- Leis delegadas: tratam da delegação de poder de legislar ao presidente da Republica sobre
determinadas matérias.
- Leis ordinárias: utilizadas para regulamentar todas as matérias, exceto aquelas tratadas
por lei complementar. É o instrumento mais comum utilizado para inovar o ordenamento jurídico. É
aprovada por maioria relativa.
- Lei complementar: complementa a constituição e é exigida em alguns casos específicos.
Exigem maioria absoluta na aprovação.
- Medida provisória: instrumento colocado à disposição do presidente, com força de lei em
casos de relevância e urgência. Não precisa observar o processo legislativo. Tem prazo de vigência
de 60 dias a partir da publicação e pode ser prorrogada uma vez por igual período. Se não for
convertida em lei no prazo, perde a eficácia.

 Fiscalização contábil, financeira e orçamentária: função de grande importância do Poder


Legislativo. O controle verificará a legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação de
subvenções e renuncia de receitas da União e entidades da Administração direta e indireta. O
controle interno é exercido pelas próprias entidades da administração. O controle externo é
exercido pelo poder legislativo , com o auxilio dos tribunais de contas. As decisões dos
tribunais de contas estão sujeitas à revisão pelo Poder Judiciário.

Poder Executivo.
É exercido pelo presidente da República auxiliado pelos ministros, pelo governados do
Estado, auxiliado pelos secretários estaduais, e pelo prefeito auxiliado pelos secretários
municipais.
O Poder Executivo ainda tem como integrantes o Conselho da Republica (órgão de consulta
do presidente, que emitem opinião para suas decisões) e o Conselho de Defesa Nacional (função
de opinar em assuntos de soberania nacional e defesa do Estado democrático).

Poder Judiciário.
Tem a função de dirimir litígios que lhe são apresentados pela aplicação da lei ao caso
concreto, por meio do devido processo legal, colhe os argumentos das partes, as provas, e com
base em uma serie de critérios, decide qual parte tem razão. Somente o Judiciário atua tomando
decisões em caráter definitivo. Uma vez transitada em julgado a decisão e não cabendo mais
recursos, torna-se definitiva e deve ser obedecida. O juiz está restrito à aplicação da lei, mesmo
que não concorde com seu conteúdo. É o único dos três poderes que funciona apenas quando
provocado.
Civil Law: solução de litígios tendo como fonte primária a lei.
Jurisprudência: conjunto de decisões reiteradas de um tribunal sobre determinado assunto.
O costume são os usos, e os costumes da sociedade podem fundamentar a decisão. Doutrinas
são os escritos e estudos dos juristas.
O órgão superior do Poder Judiciário é o Supremo Tribunal Federal – STF, composto de 11
ministros nomeados pelo presidente da República e aprovados pelo Senado. É a corte
constitucional, responsável pela guarda da Constituição e pelas decisões finais acerca da
inconstitucionalidade ou não de leis ou atos normativos. Para que um recurso seja apreciado
pelo STF, precisa ter relevância social, econômica ou política.
A Justiça Federal, julga todas as causas que tenham como parte a União, seus órgãos,
autarquias, empresas públicas ou que sejam de interesse deles.
A Justiça Estadual tem competência residual, julgando as demandas que não sejam de outros
ramos do judiciário: quase todos os crimes comuns, questões de família, questões empresariais,
e todas as demandas particulares e também que tenham como partes os estados e os municípios.
A Justiça do Trabalho julga questões relacionadas às relações de trabalho. Órgão superior é o
Tribunal Superior do Trabalho – TST.
A Justiça Eleitoral tem a função de registrar os eleitores e julgar questões relativas às
eleições, como propaganda eleitoral, candidaturas, etc. Seu órgão superior é o Tribunal Superior
Eleitoral – TSE.
A Justiça Militar tem a função de julgar apenas os crimes militares, seu órgão superior é o
Superior Tribunal Militar – STM.

Funções essenciais da justiça:


Ministério Público: pertence ao Poder Executivo, mas possui autonomia e independência
plenas. Tem a função de fiscal da lei. Pode intervir em qualquer processo, concedendo pareceres
ou mesmo como parte dele, quando identificar a necessidade de preservar o interesse público ou
interesses de partes menos favorecidas. Sua intervenção é obrigatória em causas que envolvem
menores. Pode propor ação popular civil pública. É o advogado da sociedade, propondo e
acompanhando toda a ação penal, investigações e procedimentos contra o crime organizado e
em ações que lesem o patrimônio público.
Advocacia pública: órgãos públicos encarregados da representação e da defesa dos entes da
federação e de outras entidades públicas nos processos em que são partes. A defensoria pública,
atende às pessoas que não tem condições de arcar com um advogado privado.

Controle de Constitucionalidade: processo previsto pela própria Constituição, para que se


identifique se uma norma é inconstitucional e ela seja retirada do ordenamento jurídico.
Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADIN : tem por objeto apenas a declaração de
inconstitucionalidade em tese de uma lei ou ato normativo, não analisa a lei aplicada a caso
concreto. A decisão vale para todos e a lei deixa de ser aplicada.

Defesa do Estado e das instituições democráticas.


A Constituição prevê dispositivos que permitam ao Estado a manutenção da ordem pública e
da segurança: estado de defesa e o estado de sítio, que em situação de exceção, em que os
direitos e garantias fundamentais são temporariamente suprimidos ou reduzidos.
O estado de defesa só pode ser decretado para locais determinados e restritos e justifica-se
para estabelecer a ordem pública e a paz social, por grave instabilidade institucional, ou forem
atingidas por grandes calamidades da natureza. Pode ter conseqüências como restrições aos
direitos de reunião, sigilo de correspondência, sigilo telegráfico e telefônico, ocupação
temporário de bens e serviços públicos, quando se tratar de calamidade pública. Sua duração
será de até 30 dias, podendo ser prorrogado por igual período quando as causas perdurarem.
O estado de sitio é decretado quando houver comoção grave de repercussão nacional,
declarações de guerra ou resposta à armada estrangeira. Como conseqüências: permanecer em
um determinado local, detenção em edifício não destinado a presos, restrições a liberdade de
imprensa, sigilo de correspondência e comunicações, busca e apreensões em domicílios,
requisição de bens, intervenção em empresas e serviços públicos. Tem duração de até 30 dias,
podendo ser prorrogado por igual período enquanto perdurar a guerra externa. Usado somente
em situações de exceções justificadas apenas em casos extremos.
Forças Armadas: função de defender a Pátria, garantir os poderes constitucionais e a
manutenção da lei e da ordem. É composta pela Marinha, Exercito e Aeronáutica e tem como
autoridade máxima o presidente da Republica.
A Policia Federal é responsável por apurar crimes cometidos contra bens e direitos da União,
trafico internacional de entorpecentes, contrabando e descaminho, controle das fronteiras,
controle da entrada e saída de brasileiros e estrangeiros do País.
As policia civil e militar são de responsabilidade do estado.

Tributação e Orçamento.

A tributação é a forma como o Estado obtém a maioria das receitas necessárias à sua
manutenção e à realização de suas atividades, serviços, obras e políticas. O tributo retira do
privado dinheiro que é arrecadado para os cofres públicos.
Tributo: prestação pecuniária compulsória, que não seja sansão de ato ilícito, instituído por
lei e cobrado mediante atividade administrativa vinculada. Pagamento em dinheiro obrigatório
do particular ao Estado. O pagamento justificado como punição de ato ilícito é denominado
multa. Seu espírito é repartir entre toda a sociedade o custo da manutenção do Estado.
São cinco modalidades tributárias:
 Impostos: incidem sobre qualquer fato licito que não tem relação com atuação do estado.
Não tem destinação especifica. Ex: IPTU, ICMS, IPVA, IR.
 Taxas: são cobradas quando há uma atuação estatal em favor do contribuinte. Não te
destinação especifica. Cobra do contribuinte por uma tarefa que ele recebeu. Ex: emissão do
passaporte.
 Contribuição de melhoria: pode ser cobrada sempre que uma obra pública ocasionar
valorização do imóvel. Função de repor, todo ou em parte, o calor despendido na obra.
Também não tem destinação especifica.
 Empréstimo compulsório: o Estado, em caso de calamidade pública ou guerra, cobra do
contribuinte um valor que posteriormente é devolvido. Só se destina a finalidade que
justificou sua criação.
 Contribuições: são tributos criados para uma determinada finalidade que a Constituição
estabelece. O valor é destinado à finalidade que o motivou. Podem ser corporativas
(cobradas de categorias: OAB, CREA, CRM), sociais (financiamento da seguridade social,
saúde, previdência...) e interventivas (intervenção no âmbito privado para corrigir uma
distorção que existia).

As contribuições e os empréstimos compulsórios só podem ser instituídos e cobrados pela


União Federal.
Regras que orientam como as finanças públicas devem ser organizadas e controladas : PPA,
LDO e LOA
Nenhuma despesa pode ser realizada sem antes ter sido autorizada pelo orçamento, o que evita
gastos desmedidos e permite o planejamento das finanças públicas com base no valor da
arrecadação previsto.

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