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FREQUÊNCIA DOS CENÁRIOS CRÍTICOS


ENERGIAS EÓLICAS DO NORDESTE S.A

6. FREQUÊNCIA DOS CENÁRIOS CRÍTICOS

6.1. INTRODUÇÃO

O objetivo deste capítulo é apresentar todos os dados que foram utilizados como
referência na formulação das hipóteses acidentais apresentadas na Análise
Preliminar de Perigo – Anexo V.

Neste capitulo são utilizadas a árvore de falha e a árvore de eventos para descrever
alguns fatos que podem ser desencadeados a partir do evento iniciador.

6.2. AVALIAÇÃO DAS HIPÓTESES ACIDENTAIS

Para a avaliação das Hipóteses Acidentais foi adotada a Metodologia de Árvore de


Eventos apoiada por Árvore de Falhas.

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6.2.1. Árvore de Eventos

A metodologia de árvore de eventos descreve a sequência dos fatos que podem ser
desencadeados a partir do evento iniciador de acidente, prevendo situações de
sucesso ou falha, de acordo com as interferências existentes, até a conclusão das
mesmas, com a definição das diferentes tipologias acidentais.

A Figura 6.1 ilustra a seqüência de eventos tipicamente associados a acidentes com


liberação de produtos químicos. Nesta árvore genérica mostrada adiante, é possível
identificar as várias e possíveis conseqüências resultantes de um evento inicial, bem
como relacioná-los, sejam eles independentes e/ou seqüenciais, a fim de delinear os
cenários resultantes.

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INCIDENTE

Nenhuma Liberação
Liberação Explosão ou BLEVE
Nenhum Vazamento

Líquido ou Gás
Gás
Liquefeito

Vent de Gás Evaporação em Poça

Ignição? Ignição?

SIM Não SIM NÃO

Nuvem de Gás na Pluma de Vapor em


Jato de Fogo Incêndio em Poça
Direção do Vento Direção ao Vento

Condensação
Explosão em Nuvem SIM NÃO Ignição?
(Liquid Rainout)

Ignição?
NÃO SIM

Incêndio em Nuvem Exposição a Nuvem Explosão ou Incêndio


SIM NÃO
(Flashfire) Tóxica (Flashfire)

Figura 6.1 – Seqüência de eventos tipicamente associados a acidentes com liberação de produtos
químicos.
Fonte: (AIChE/CCPS, 2000).

A estimativa dos efeitos físicos é realizada através da aplicação de modelos


matemáticos que efetivamente representem os cenários em estudo, de acordo com

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as hipóteses acidentais estudadas e com as características e comportamento das


substâncias envolvidas. Os modelos utilizados simulam a ocorrência de liberações
das substâncias inflamáveis e tóxicas de acordo com as diferentes tipologias
acidentais e será objeto do Capítulo 8.

A árvore de eventos, mostrada pela Figura 6.2, apresenta de forma sistemática os


eventos passíveis de ocorrer subseqüentemente à ocorrência de um dado evento
iniciador hipotético, para substâncias no estado gasoso, líquido e gases liquefeitos.

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COLUNA 1 COLUNA 2 COLUNA 3 COLUNA 4 COLUNA 5 COLUNA 6 COLUNA 7 COLUNA 8 COLUNA 9


PRESENÇA
ISOLAMENTO TIPO DE IGNIÇÃO IGNIÇÃO CONDIÇÃO SUBSTÂNCIA SUBSTÂNCIA
DE FONTE EFEITO
DO SISTEMA LIBERAÇÃO IMEDIATA RETARDADA EXPLOSÃO TÓXICA CORROSIVA
DE

SIM EXPLOSÃO OU BLEVE DO CARRO-TANQUE

SIM JATO DE FOGO

GÁS SIM NUVEM EXPLOSIVA


SIM
SIM NÃO FLASHFIRE
NÃO
SIM NUVEM TÓXICA

NÃO
SIM CORROSÃO DE MATERIAIS, QUEIMADURAS, ETC.
NÃO NÃO
NÃO DISPESÃO SEM DANO

SIM EXPLOSÃO
SIM
NÃO FLASHFIRE

LÍQUIDO E/OU SIM NUVEM EXPLOSIVA


INCIDENTE GÁS LIQUEFEITO SIM
NÃO INCÊNDIO EM POÇA

NÃO SIM NUVEM TÓXICA

NÃO
SIM CORROSÃO DE MATERIAIS, QUEIMADURAS, ETC.
NÃO
NÃO DISPESÃO SEM DANO

SIM EXPLOSÃO OU BLEVE DO CARRO-TANQUE

SIM JATO DE FOGO

GÁS SIM NUVEM EXPLOSIVA


SIM
Não NÃO FLASHFIRE
NÃO
SIM NUVEM TÓXICA

NÃO
SIM CORROSÃO DE MATERIAIS, QUEIMADURAS, ETC.
NÃO NÃO
NÃO DISPESÃO SEM DANO

SIM EXPLOSÃO
SIM
NÃO FLASHFIRE

LÍQUIDO E/OU SIM NUVEM EXPLOSIVA


GÁS LIQUEFEITO SIM
NÃO INCÊNDIO EM POÇA

NÃO SIM NUVEM TÓXICA

NÃO
SIM CORROSÃO DE MATERIAIS, QUEIMADURAS, ETC.
NÃO
NÃO DISPESÃO SEM DANO

NESTE RAMO DA ÁRVORE DE EVENTOS AS CONSEQUÊNCIAS SÃO MAIS SEVERAS

Figura 6.2 - árvore de eventos genérica para liberação de gases, gases liquefeitos e líquidos
nd
Fonte: guidelines for chemical process quantitative risk analysis / alche – 2 edition

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No caso da liberação de uma substância, a primeira pergunta a ser feita na árvore


de eventos diz respeito ao desempenho do sistema de segurança (por exemplo,
sistema de bloqueio automático ou manual, sistemas de detecção, intertravamento,
etc.). Em caso de sucesso no desempenho da função do sistema, o acidente evolui
de acordo com o ramo superior da Coluna 2 (ver Figura 6.2) e, em caso de falha,
pelo ramo inferior.

A diferença entre um ramo e o outro, reside em que as conseqüências esperadas


são mais graves no ramo inferior do que no superior.

Por exemplo, se o sistema de segurança for um sistema de bloqueio para


vazamento da linha, a quantidade vazada no ramo superior deverá ser bem menor
do que no ramo inferior, implicando em evoluções subseqüentes que podem ser
totalmente distintas em termos das conseqüências finais do acidente. Chega-se,
portanto, ao final da Coluna 1 da árvore, com dois cenários alternativos
(mutuamente exclusivos):

 No ramo superior ocorreu o evento iniciador do acidente e o sistema de


segurança funcionou de acordo com o projetado (sucesso);

 No ramo inferior, ocorreu o evento iniciador do acidente e o sistema de


segurança falhou em cumprir a função para a qual foi projetado.

Neste trabalho, os dois cenários referidos acima são denominados “hipóteses


acidentais”, ou seja, o ramo superior corresponde à hipótese acidental A, do evento
iniciador em questão e o ramo inferior, corresponde à hipótese acidental B. A
freqüência de ocorrência da hipótese acidental B, f(HA-HB), é dada por:

Freqüência da (HA-HB) = f(HA-HB) = EI x P(SS/EI) (1)

Onde EI é a freqüência de ocorrência do evento iniciador, e P(SS/EI) é a


probabilidade condicional de falha do sistema de segurança, dado que ocorreu o
evento iniciador. Essa probabilidade condicional é também chamada de

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indisponibilidade do sistema de segurança relativa ao evento iniciador em questão. A


freqüência da hipótese acidental A, f(HA-HB), é dada por:

Freqüência da (HA-HB) = f (HA-HB) = ƒEI x [1 – P (SS/EI)] (2)

O vazamento de um produto inflamável pode formar gradualmente uma mistura


dentro da região de inflamabilidade. Na coluna 4 da árvore de eventos, é perguntado
se ocorre ou não ignição imediata da mistura. Em caso afirmativo (ramo superior),
tem-se ainda possibilidade da mistura apresentar ou não condições de explosão
(coluna 6), em caso afirmativo haverá a ocorrência de jato de fogo, cuja radiação
térmica pode causar danos às pessoas e às estruturas nas imediações do local de
ocorrência do evento. Não ocorrendo ignição imediata, outras situações são
passíveis de acontecer:

1) Ocorrência de ignição retardada, seguida da formação de nuvem explosiva


(UVCE1 ou VCE2) caso apresente condições de explosão;

2) Ocorrência de ignição retardada, seguida de flashfire, caso não apresente


condições de explosão;

3) Não ocorrência de ignição retardada, seguida da formação de nuvem tóxica;

4) Não ocorrência de ignição retardada, seguida da formação de nuvem com


propriedades corrosivas e capaz de provocar lesões tais como queimaduras;

5) Ou ainda caso não ocorra ignição retardada e a substância liberada não


possua propriedades tóxicas ou corrosivas, poderá ocorrer dispersão sem
dano.

O transporte da nuvem de vapor no meio ambiente depende, fundamentalmente, da


direção e velocidade do vento, no momento do acidente. Para se levar em conta
estas dependências, os valores da velocidade do vento na região deste
Empreendimento, foram caracterizadas com base nos dados meteorológicos
explicitados no Capítulo 3, e classificados em um número razoável de categorias de

UVCE = Explosão de nuvem de vapor não confinada.


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velocidade representativas das condições meteorológicas da região, para cada


direção. Neste trabalho foi utilizado o valor de 3,9 m/s para a média da velocidade
dos ventos diurna e noturna (Vide Capítulo 3).

Através da Figura 6.2 pode-se observar, a título de ilustração, a árvore de eventos,


onde as duas primeiras colunas indicam as freqüências associadas às duas
hipóteses acidentais:

 Hipótese acidental A – Assume sucesso na operação de bloqueio do sistema;


 Hipótese acidental B – Assume falha na operação de bloqueio do sistema

6.2.2. Árvores de Falhas

O uso de árvores de falha é realizado para análise focada em eventos específicos,


usualmente denominados de críticos ou catastróficos. A árvore de falhas analisa as
causas prováveis em termos de estrutura e fluxo do evento, de cima para baixo.

A árvore de falhas consiste num modelo gráfico que representa as várias


combinações de falhas de equipamentos e erros humanos que podem resultar em
um acidente, o que auxilia o gerenciamento de risco a determinar e classificar com
precisão todos os caminhos pelos quais um determinado evento pode percorrer.

No contexto de riscos operacionais, a árvore de falha classifica os eventos que


conduzem ao principal, tais como pessoal, procedimento ou de equipamento.

A árvore de falhas é construída de cima para baixo. Os eventos tidos como "filhos",
aqueles que dão origem aos outros eventos, são tratados da mesma forma, qual
seja de cima para baixo. São interligados através de portas lógicas E (and) e OU
(or).

A Figura 6.3 mostra a simbologia utilizada na árvore de falha.

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VCE = Explosão de nuvem de vapor confinada.
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Figura 6.3 – Simbologia lógica da árvore de falhas.


nd
Fonte: Guidelines For Chemical Process Quantitative Risk Analysis / AlChE – 2 Edition

A importância da árvore de falhas é que na análise de risco, podemos saber em


termos quantitativos a probabilidade dos eventos ocorrerem ao mesmo tempo,
sendo independentes ou inter-relacionados.

6.2.3. Quantificação das árvores de Falhas

Com base nas premissas apresentadas, foi elaborada a árvore de falha referente à
ocorrência de acidente provocando o tombamento de torres de transmissão, em
qualquer uma das torres que fazem parte das linhas de transmissão.

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Figura 6.4 – Árvore de Falha para o caso de tombamento de torre de transmissão.

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6.2.4. Quantificação das árvores de eventos

Para avaliação quantitativa das hipóteses acidentais foram utilizadas as árvores de


eventos apresentada nas Figuras 6.5 e 6.6.

Vale lembrar que as freqüências e probabilidades utilizadas neste trabalho foram:

Para produtos líquidos voláteis armazenados em tanques atmosféricos:

 Falha relativa ao sistema de bloqueio manual: 1,41 E-01


 Probabilidade para ignição imediata: 2,00 E-01
 Probabilidade para explosão em nuvem: 1,00 E-02
 Probabilidade para ignição retardada: 4,00 E-01
 Probabilidade para liberação de líquidos voláteis – Tanques Atmosféricos:
2,00 E-05

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COLUNA 1 COLUNA 2 COLUNA 3 COLUNA 4 COLUNA 5 COLUNA 6 COLUNA 7 COLUNA 8


ISOLAMENTO IGNIÇÃO VELOCIDADE IGNIÇÃO CONDIÇÃO SUBSTÂNCIA SUBSTÂNCIA
EFEITO
DO SISTEMA IMEDIATA DO VENTO RETARDADA EXPLOSÃO TÓXICA CORROSIVA
1% (0,0003) (0,0003) EXPLOSÃO
20% (0,03) 3,9 m/s
11,5 m/s
99% (0,03) (0,03) FLASHFIRE

14% (0,14) 1% 0,0005 (0,0005) NUVEM EXPLOSIVA


40% (0,05)
99% (0,04) (0,04) INCÊNDIO EM POÇA

80% (0,11) 3,9 m/sm/s


11,5 1% (0,001) (0,001) NUVEM TÓXICA

60% (0,07)
1% (0,001) CORROSÃO DE MATERIAIS, QUEIMADURAS, ETC.
99% (0,07)
99% (0,07) DISPESÃO SEM DANO
LÍQUIDOS
2,00E-05
1% (0,002) (0,002) EXPLOSÃO
20% (0,17) 3,9 m/s
11,5 m/s
99% (0,17) (0,17) FLASHFIRE

86% (0,86) 1% (0,003) (0,003) NUVEM EXPLOSIVA


40% (0,27)
99% (0,27) (0,27) INCÊNDIO EM POÇA

80% (0,69) 3,9 m/sm/s


11,5 1% (0,004) (0,004) NUVEM TÓXICA

60% (0,41)
1% (0,004) CORROSÃO DE MATERIAIS, QUEIMADURAS, ETC.
99% (0,41)
99% (0,40) DISPESÃO SEM DANO

Figura 6.6 – Quantificação da Árvore de Eventos – Vazamento de Líquidos Voláteis – Tanques Atmosféricos

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