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A história de Angola encontra-se documentada do ponto de vista arqueológico desde

o Paleolítico, através de fontes escritas e orais, desde meados do primeiro milénio.


Este país da África Austral constituiu-se na situação de uma colónia portuguesa,
estatuto que teve até 11 de Novembro de 1975, quando acedeu à independência na
sequência de uma guerra de libertação e de um golpe militar na então "metrópole".
Na Lunda, no Zaire e no Cuangar foram encontrados instrumentos de pedra e outros,
dos homens do Paleolítico. No Deserto do Namibe foram encontradas gravuras
rupestres nas rochas. Trata-se das gravuras do Chitundo-Hulu, atribuídas aos
antepassados dos san.
Nos primeiros quinhentos anos da era actual, as populações bantu da África Central,
que já dominavam a siderurgia do ferro, iniciaram uma série de migrações para leste e
para sul, a que se chamou a expansão bantu. Parte destas populações fixaram-se a
Norte e ao Sul da parte inferior do Rio Congo (ou Zaire), portanto também no Noroeste
do território da actual Angola. Com o tempo, estas populações constituíram o
povo Kongo, de língua Kikongo. Outras populações fixaram-se inicialmente na região
dos Grandes Lagos Africanos e, no século XVII, deslocaram-se para oeste,
atravessando o Alto Zambeze até ao Cunene: eram os grupos hoje designados
como nganguela, mas também os Ovambo e os Xindonga.
No ano de 1568, entrava um novo grupo pelo norte, os jagas, que combateram os
Bakongo que os empurraram para sul, para a região de Kassanje. No século XVI ou
mesmo antes, os nhanecas (vanyaneka) entraram pelo sul de Angola, atravessaram o
Cunene e instalaram-se no planalto da Huíla.
No mesmo século XVI, um outro povo abandonava a sua terra na região dos Grandes
Lagos, no centro de África, e veio também para as terras angolanas. Eram
os hereros (ou ovahelelo), um povo de pastores. Os hereros entraram pelo extremo
leste de Angola, atravessaram o planalto do Bié e depois foram-se instalar entre o
Deserto do Namibe e a Serra da Chela, no sudoeste angolano.
Também no século XVI os portugueses instalam-se na região e fundam São Paulo da
Assunção de Luanda, a actual cidade de Luanda.
Já no século XVIII, entraram os ovambo (ou ambós), grandes técnicos na arte
de trabalhar o ferro, deixaram a sua região de origem no baixo Cubango e vieram
estabelecer-se entre o alto Cubango e o Cunene. No mesmo século,
os côkwe abandonaram o Catanga e atravessaram o rio Cassai. Instalaram-se
inicialmente na Lunda, no nordeste de Angola, migrando depois para sul.
Finalmente, já no século XIX apareceu o último povo que veio instalar-se em Angola:
os cuangares (ou ovakwangali). Estes vieram do Orange, na África do Sul, em 1840,
chefiados por Sebituane, e foram-se instalar primeiro no Alto Zambeze. Então
chamavam-se macocolos. Do Alto Zambeze alguns passaram para o Cuangar no
extremo sudoeste angolano, onde estão hoje, entre os rios Cubango e Cuando.
As guerras entre estes povos eram frequentes. Os migrantes mais tardios eram
obrigados a combater os que estavam estabelecidos para lhes conquistar terras. Para
se defenderem, os povos construíam muralhas em volta das sanzalas. Por isso, há em
Angola muitas ruínas de antigas muralhas de pedra. Essas muralhas são mais
abundantes no planalto do Bié e no planalto da Huíla, onde se encontram,
também, túmulos de pedra e galerias de exploração de minério, testemunhos de
civilizações mais avançadas do que geralmente se supõe.

A chegada dos portugueses


Os portugueses, sob o comando de Diogo Cão, no reinado de D. João II, chegam
ao Zaire em 1482. É a partir daqui que se iniciará a conquista pelos portugueses desta
região de África, incluindo Angola. O primeiro passo foi estabelecer uma aliança com
o Reino do Congo, que dominava toda a região. A sul deste reino existiam dois outros,
o do Reino de Ndongo e o de Reino da Matamba, os quais não tardam a fundir-se,
para dar origem ao Reino de Angola (c. 1559).
Explorando as rivalidades e conflitos entre estes reinos, na segunda metade do século
XVI os portugueses instalam-se na região de Angola. O primeiro governador de
Angola, Paulo Dias de Novais, procura delimitar este vasto território e explorar os seus
recursos naturais, em particular os escravos. A penetração para o interior é muito
limitada. Em 1576 fundam São Paulo da Assunção de Luanda, a actual cidade
de Luanda. Angola transforma-se rapidamente no principal mercado abastecedor de
escravos para as plantações da cana-de-açúcar do Brasil.
Durante a ocupação filipina de Portugal (1580-1640), os holandeses procuram
desapossar os portugueses desta região, ocupando grande parte do litoral
(Benguela, Santo António do Zaire, as barras do Bengo e do Cuanza). Em 1648 tropas
portuguesas (luso-brasileiras) expulsam os holandeses, possibilitando o reatamento
das linhas de comércio (essencialmente tráfego de escravos) de Salvador e Rio de
Janeiro com Luanda.
Até finais do século XVIII, Angola funciona como um reservatório de escravos para as
plantações e minas do Brasil ou de outras colónias portuguesas do continente
americano.[8] A ocupação dos portugueses aposta
nas fortalezas e feitorias estabelecidas na costa.
A colonização efectiva do interior só se inicia no século XIX, após a independência do
Brasil (1822) e o fim do tráfico de escravos (1836-42), mas não da escravatura. Esta
ocupação do interior tinha o carácter de uma resposta às pretensões de outras
potências europeias, como a Inglaterra, a Alemanha e a França, que reclamavam na
altura o seu quinhão em África. Diversos tratados são firmados estabelecendo os
territórios que a cada uma cabem, de acordo com o seu poder e habilidade negocial.
Em 1823, em Benguela, surgiu a Confederação Brasílica, um movimento com a
finalidade de juntar Angola ao recém-independente Brasil. Esse movimento foi
formado por colonos e soldados de Benguela que em boa parte provinham do Brasil.
O governo da colónia em Luanda chamou reforços e esmagou esta revolta.[9]
Uma boa parte desses colonos são presos deportados de Portugal, como o célebre Zé
do Telhado. Paralelamente são feitas diversas viagens com objectivos políticos e
científicos para o interior do território angolano, tais como: José Rodrigues
Graça (1843-1848) - Malanje e Bié; José
Brochado - Huambo, Mulando, Cuanhama; Silva Porto - Bié.
Devido à ausência de vias de comunicação terrestres, as campanhas de ocupação do
interior são feitas através dos cursos fluviais: bacia do Cuango (1862), bacia do
Cuanza (1895, 1905 e 1908); bacia do Cubango (1886-1889, 1902 e 1906); bacia do
Cunene (1906-1907, 1914-1917); bacia do Zambeze (1895-1896); entre Zeusa e
Dande (1872-1907), etc.
Algumas campanhas militares transformaram-se em grandes exercícios bélicos que
marcaram a mudança nos rumos do colonialismo lusitano, como foi o caso
da Segunda Guerra Luso-Ovimbundo. Este foi um conflito armado entre os reinos dos
povos ovimbundos, principalmente na figura dos reinos Bailundo, Huambo e Bié,
contra o Império Português, motivado pela ambição colonial pelo controle das rotas
comerciais e pelo súbito declínio do preço da borracha de raiz. Portugal venceu e
subjugou os povos do planalto central, restando somente um último grande bastião de
resistência no reino Cuanhama, que foi subjugado na Campanha de Cubango-
Cunene.[10]
As fronteiras de Angola começam a ser definidas em finais do século XIX e concluem-
se pouco antes da década de 1920, sendo a sua extensão muitíssimo maior do que a
do território dos ambundos, a cuja língua o termo Angola anda associado.
A história de Angola remonta ao período do paleolítico. Os vestígios de
presença humana encontrados em algumas regiões, nomeadamente em Luanda,
Congo e Namibe, comprovam que o território angolano é habitado desde a pré-
história.
Nos primeiros 500 anos da era actual, as migrações de povos eram frequentes.
Os povos instalaram-se e cruzaram-se pelo país. As lutas sucederam-se pela
conquista de terras.
Os portugueses, sob o comando de Diogo Cão, no reinado de D. João II,
chegaram ao Zaire em 1484. Iniciaram, então, a conquista desta região de África,
incluindo Angola.
A história enche-se de marcos importantes até à actualidade, com a colonização,
a independência, obtida em 1975, e a guerra civil, que apenas teve fim em 2002, a
assinalarem períodos chave da evolução do país.
Cultura
A riqueza cultural de Angola manifesta-se em diferentes áreas. No
artesanato, destaca-se a variedade de materiais utilizados. Através de estatuetas
em madeira, instrumentos musicais, máscaras para danças rituais, objectos de
uso comum, ricamente ornamentados, pinturas a óleo e areia, é comprovada a
qualidade artística angolana, patente em museus, galerias de arte e feiras.
Associado às festas tradicionais promovidas por etnias locais está também um
grande valor cultural.

Origem Bantu

A grande maioria dos cerca de 12.000.000 de habitantes que


constituem a população Angolana, provém dos povos de origem Bantu.
Existe ainda uma minoria de não-bantus que são os Bosquimanos ou Bochimanes.

Há 3 mil anos ou talvez 4 mil anos atrás, os bantus deixaram a selva equatorial (na
região hoje ocupada pelos Camarões e Nigéria) rumaram em dois movimentos
distintos, para o sul e para o leste, empreendendo assim a maior migração jamais
realizada em África. Por causas desconhecidas esta corrente migratória prolongou-se
até ao século XIX.

Caminhando sempre em direcção ao sul, estes jovens povos, vigorosos, armados e


organizados venceram e escravizaram os indefesos pigmeus e Bosquimanos.
A designação Bantu nunca se refere a uma unidade racial. A sua formação e
expansão migratória originaram uma enorme variedade de cruzamentos. Há
aproximadamente 500 povos Bantu. Assim não se pode falar de raça Bantu mas de
povos Bantu, isto é, comunidades culturais com civilização comum e línguas
aparentadas.

Depois de tantos séculos em que se realizaram muitas deslocações, cruzamentos,


guerras, e foram tão diversas as influências recebidas os grupos Bantu conservam
ainda as raízes de um tronco originário comum.

O termo BANTU aplica-se a uma civilização que conserva a sua unidade e foi
desenvolvida por povos de raça negra. O radical ''ntu'' comum em muitas línguas
Bantu significa pois, homens, seres humanos.

Os Bantu além do nítido parentesco linguístico conservam um fundo de crenças, ritos


e costumes similares, uma cultura com traços específicos e idênticos que os
assemelha e agrupa independentemente da identidade racial.

Os Bantus Angolanos repartem-se por nove grandes grupos etnolinguísticos:


Quicongo, Quimbundo, Lunda-Quioco, Mbundo, Ganguela, Nhaneca-Humbe, Ambó,
Herero, e Xindonga: que por sua vez se subdividem em cerca de uma centena de
subgrupos tradicionalmente designados por tribos.

Fonte: Blogue Raízes Bantu

O nome "Angola" tem raíz no termo "Ngola" que era título de um dos


potentados Ambundos que existia no Antigo Reino do Ndongo, entre o Anzele,
Ambaca e Pungo Andongo (nas actuais províncias do Bengo, Kwanza Norte, Kwanza
Sul e Malange) no tempo do início da expansão da influência dos portugueses sobre o
Antigo Reino de ...31/08/2015PORTAL DA DAMBA E DA HISTÓRIA DO
KONGO

Página de informação geral do Município da Damba e da


história do Kongo
HISTÓRIA DE ANGOLA, DA PRÉ-HISTÓRIA AO INÍCIO DO SÉCULO XXI - De Alberto
Oliveira Pinto

Não é demais reconhecer que ainda é difícil, muito difícil mesmo, escrever a história
dos espaços, dos territórios e dos povos que constituem hoje em dia os Estados
africanos. Angola é, evidentemente, parte receptora desta dificuldade real, sentida por
todos os especialistas –
investigadores, docentes, pedagogos e divulgadores de todos os géneros –, pese
embora a impressão contrária que o grande público, mesmo o “letrado”, como
costuma dizer-se, possa ter.

Não há apenas os factos, reduzidos na maioria das vezes a datas ou a figuras de


indivíduos ilustres ou incontornáveis. Também temos que considerar o perfil geral do
continente africano e das suas partes constitutivas na longa história do mundo. Nessa
história “global”, que doravante não podemos deixar de ter em conta, Angola ocupa
uma posição superior e de grande visibilidade. Qual o quinhão de Angola no desenrolar
tão duradoiro da história do mundo? E, na própria África, qual foi a quota-parte de
Angola, entre as partes constitutivas a que hoje chamamos “nações”? Essa porção e
esse papel terão sido os mesmos para todos?
Senão, quais terão sido as diferenças, porquê essas diferenças e de que natureza, em
que épocas, sob que iniciativas e com que efeitos no imediato e na perenidade? Bem
se vê, em se tratando de Angola, que a problemática da “mundialização” (a
“mundialização arcaica”, pré-capitalista, dos séculos XV ao XIX, e a “mundialização
moderna”, capitalista, a partir do século XIX) é, incontestavelmente, parte integrante
da sua história. Temos, portanto, que encarar esta problemática da “mundialização” da
perspectiva de uma longevidade de mais de meio milénio.
Para já, estes vinte capítulos vêm romper, muito afortunadamente, com o fastidioso
recorte trinitário entre o “pré-colonial”, o “colonial” e o “pós-colonial”.

Tal é, em primeiro lugar, o caso da questão dos conceitos, noções e palavras que
utilizam, quer os especialistas, quer os profanos, para designar as realidades sociais e
políticas angolanas: etnias; tradições; Estado; reino; império; fronteira; aliança;
expansão; conquista...
Elikia M ́Bokolo
Nota do autor

A História Diplomática Portuguesa, capítulos sobre as embaixadas quinhentistas dos


reinos do Kongo e do Ndongo a Portugal, foi impressionante verificar a avidez daqueles
jovens, que vinham (e vêm) licenciar-se à ex-metrópole, em querer conhecer a História
do seu país, que surpreendentemente não lhes era ensinada na escola secundária
angolana. A maior parte deles Falando em espiral da História – ou, segundo a
metáfora também recorrente, dos rodízios que impulsionam os ponteiros do tempo
como os do relógio –, não é demais salientar que a minha construção historiográfica de
Angola assentou nas dimensões política, económica, social e cultural, com todas as
limitações e subjectividades na sua interpretação, delineação e articulação fatalmente
inerentes a um trabalho desta natureza. Aos interesses económicos e políticos dos
homens associam-se os imaginários e as representações. Todos contribuem para a
História de Angola, que não se iniciou, evidentemente, em 1975, com a Independência
do Estado angolano. Muita gente, aliás, me tem deixado perplexo quando afirma que a
História de Angola só tem 40 anos ou quando se admira ao saber que o meu quadro
cronológico se inicia por volta dos anos de 7.000 a.C., como se em Angola – e na
África Subsariana em geral, tal qual o entendia o discurso colonial – não pudesse ter
existido uma “Pré-História”.

Outro caminho inteiramente em aberto é o da ortografia dos vocábulos de origem


bantu, sobretudo topónimos, incorporados na língua portuguesa falada em Angola.
deriva, pelo menos, de três fontes bem distintas: do próprio critério ortográfico do
português de Portugal, com todas as variantes seculares; do dos missionários católicos
de línguas latinas – portugueses, castelhanos e italianos – disseminados sobretudo
pelo Vale do Kuanza desde o século XVII; por fim, do dos missionários reformistas (ou
protestantes) de línguas germânicas – flamengos, britânicos e alemães –,
preponderante do Planalto Central para sul a partir da segunda metade do século XIX.
Presentemente, do meu ponto de vista, cabe aos poderes locais e não aos centrais a
definição das fórmulas ortográficas, com toda a salvaguarda das diferenças regionais.
Por exemplo, consoante as diferentes regiões, o
adjectivo kuanhama  ou kwanyama  tanto pode ser grafado pela primeira fórmula, a
latina, como pela segunda, a germânica. o c. Tal é o caso, por exemplo, de nomes de
rios e de localidades que ainda hoje, na toponímia oficial angolana, mantêm o c, tais
como Ambaca, Cacuaco, Cambambe,Cunene, Caculuvar, Caconda  ou Catumbela.
Em várias passagens desta História de Angola  pude advertir o leitor de que a minha
opção se pautou, preferencialmente, pelo critério ortográfico latino, também designado
por ambaquista. No entanto, no que diz respeito a topónimos, as conjunturas podem
introduzir matizes. Por exemplo, o Kongo  passa a Congo  quando não é designado
como Estado bantu independente e sim como realidade colonial ou pós-colonial. Ou
quando é grafado com c  nas fontes citadas. A capital do antigo Reino do
Kongo,Mbanza Kongo, torna-se São Salvador do Congo  em 1595, com a criação da
diocese homónima. Será necessário sublinhar que os naturais do Reino do Kongo,
os Congueses, diferem dos naturais das ex-colónias belga e francesa do Congo,
os Congoleses? Também não se confunda o Ndongo, o Estado independente dos
Ngola, com o Dongo, um Estado títere criado pelos Portugueses no século XVII. Aliás a
elisão deliberada do n  consta dos próprios documentos portugueses coevos.

Alberto Oliveira Pinto

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