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Noções Introdutórias:
 
Para o perfeito entendimento do Direito Processual, como ramo da ciência do Direito,
preliminarmente se faz necessária a apresentação dos seguintes institutos:
­ Ação é o direito público e subjetivo de provocar a Jurisdição;
 
­ Jurisdição é o poder do Estado de dizer o direito (solucionar a lide);
 
­ Processo é o meio ou instrumento de composição da lide. (meio pelo qual se faz
atuar a lei ao caso concreto);
 
­ Lide é o conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida;
 
A sociedade não vive sem o direito, sem uma NORMATIZAÇÃO DE
COMPORTAMENTO.
Daí surge DIREITO, como conjunto de regras GERAIS e POSITIVAS, disciplinadoras
da VIDA SOCIAL.
Não basta apenas criar normas, mas fazer com que sua observância seja
OBRIGATÓRIA.
Então o Estado não só cria a Lei, mas institui meios de garantir sua realização,
através da imposição COATIVA.
Contudo, mesmo sendo as normas obrigatórias, é impossível evitar CONFLITOS DE
INTERESSES entre os cidadãos, e entre estes e o ESTADO.
Então, para manter o império da ORDEM JURÍDICA e garantir a PAZ SOCIAL, o
estado não tolera a autotutela.
As funções soberanas do Estado, para atender todas estas contingências, se dividem
em ADMINISTRATIVAS, LEGISLATIVAS e JURISDICIONAIS.
ADMINISTRATIVA – gestão dos serviços públicos (poder executivo)
LEGISLATIVA­ traçar, abstrata e genericamente, as normas de conduta que formam
o direito objetivo (poder legislativo)
JURISDICIONAL­ missão pacificadora do Estado, exercida diante de situações
litigiosas. Através dela o Estado dá solução aos conflitos de interesses,
caracterizados por pretensões resistidas (Lides).
 
OS MEIOS DE SOLUÇÃO DOS CONFLITOS NO DIREITO MODERNO
 
1)  Autotutela:  considerada  como  crime  em  nosso  atual  ordenamento  jurídico.  Art.
345 do Código Penal (Exercício arbitrário das próprias razões).
 
“Fazer  justiça  pelas  próprias  mãos,  para  satisfazer  pretensão,  embora  legítima,
salvo quando a lei o permite: Pena – detenção de 15 dias a 1 mês, ou multa, além
da pena correspondente à violência.”
 
Entretanto, a lei admite em determinadas circunstâncias que o indivíduo se utilize de
seus próprios recursos para alcançar suas pretensões:
 
art. 23 do CP – legítima defesa; estado de necessidade;
 
art. 188 CC – legítima defesa e o exercício regular de direito;
 
São características desse sistema:
 
­          ausência de juiz distinto das partes;
­          imposição da decisão por uma das partes à outra;
­          Emprego de violência;
 
2)  Autocomposição:  é  atividade  que  encontra  respaldo  no  direito,  como  meio
alternativo  de  solução  dos  conflitos,  mediante  as  atividades  consistentes  na
conciliação. Uma das partes em conflito, ou ambas, abrem mão do interesse ou de
parte dele.
 
­          desistência (renúncia à pretensão)
­          submissão (renúncia à resistência oferecida à pretensão)
­          transação (concessões recíprocas)
 
 
3)  Heterocomposição:    é  a  solução  da  lide  através  de  um  terceiro,  que  se
caracteriza  por  uma  pessoa  distinta  da  pessoa  das  partes.(terceiro  –  arbitragem
facultativa).
 
Em certas matérias, não se admitem exceções à regra da proibição da autotula, nem
é permitida, em princípio, a autocomposição para a imposição da pena, sendo que o
processo  é  o  único  meio  para  se  obter  a  efetivação  das  situações  ditadas  pelo
direito material. É o que se passa no campo penal, e no campo do direito de família
(anulação do casamento, suspensão do pátrio poder,...). São os chamados direitos
indisponíveis.
 
 
Nenhuma  das  formas  de  solução  é  definitiva,  sendo  que,  nenhuma  delas  eliminam
totalmente a ameaça à lesão de direitos, buscando a paz social.
 
Daí  vem  a  ordem  jurídica,  que  estabelece  normas  para  a  solução  dos  conflitos  de
interesses.
 
 
E essa tutela dá­se diante da formulação de regras gerais e abstratas, prescrevendo
a conduta das pessoas diante de um interesse e também prevendo a possibilidade
de ocorrer certas hipóteses de conflito de interesses.
 
 
Fala­se  em  Direito  Objetivo,  que  é  o  sistema  de  normas  destinados  a  disciplinar  a
conduta  dos  indivíduos  na  sociedade,  as  quais  se  revelam  como  ordens  ou
mandamentos  ­  imperativos  ou  proibitivos  ­  ou  como  diretrizes  ou  preceitos
dispositivos,  mas  que  também  se  fazem  obrigatórios  quando  as  partes  não  hajam
convencionado  ou  tenham  agido  de  modo  diverso.  A  lei  cabe  regular  o  conflito  de
interesses.
 
O  Direito  exerce  na  sociedade  uma  função  de  coordenação  dos  interesses  que  se
manifestam  na  vida  social,  de  modo  a  organizar  a  cooperação  entre  pessoas  e
compor os conflitos que se verificam entre os seus membros.(ubi societats ibi jus –
não há sociedade sem direito; ubi jus ibi societas – não há direito sem sociedade).
 
Sanção: Meios adotados para a imposição dos imperativos ou preceitos contidos na
norma jurídica. Visando solucionar o conflito de interesses, o direito objetivo ameaça
o  titular  do  interesse  subordinado  e  que  não  obedece  ao  imperativo  contido  na
norma, com a sujeição à certas medidas jurídicas.
Sanção: civil (reparatória) e penal (punitiva)
 
Lide: Os  conflitos  de  interesses,  de  maneira  geral,  se  resolvem  pela  subordinação
dos sujeitos aos comandos emanados da lei; forma normal de solução dos conflitos,
resultado da geral e espontânea submissão dos interesses à ordem jurídica.
 
Mas  às  vezes  o  conflito  não  se  resolve  pela  submissão,  mas  sim  pela  tentativa  de
imposição da subordinação de um interesse ao outro.
 
Pretensão:  exigência  de  subordinação  de  um  interesse  de  outrem  ao  seu  próprio
interesse (sentimento de propriedade que alguém tem sobre um determinado bem e
a disposição de retirá­lo do interesse alheio).
 
Quando existe a resistência de subordinação de um interesse ao outro, temos a lide
ou litígio.
 
Lide é o conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida.
 
Processo: A lide perturba a paz social que deve ser restabelecida segundo a ordem
jurídica.
 
É o direito objetivo, através de seu conjunto de normas, aplicando­se a lei ao caso
concreto, que irá compor a lide.
 
O meio pelo qual se faz atuar a lei ao caso concreto é o Processo.
 
Processo é o meio ou instrumento de composição da lide.
 
Ação ­ Jurisdição e Processo.
 
 
 
Direito Processual e Direito Material
 
 
O  Estado  regula  as  relações  intersubjetivas  através  de  duas  ordens  de  atividades,
distintas, mas intimamente relacionadas: A atividade legislativa estabelece normas
que  segundo  a  consciência  dominante,  deve  reger  as  mais  variadas  relações,
dizendo o que é lícito e o que é ilícito, atribuindo poderes, faculdades e obrigações;
A  atividade  jurisdicional  busca  a  realização  prática  daquelas  normas  em  caso  de
conflitos  de  pessoas,  declarando  qual  é  o  preceito  pertinente  ao  caso  concreto  e
desenvolvendo medidas para que esse preceito seja efetivado.
 
Caracterizada a insatisfação de alguma pessoa em razão de uma pretensão que não
pôde  ser,  ou  de  qualquer  modo  não  foi  satisfeita,  O  Estado  poderá  ser  chamado  a
desempenhar a sua função jurisdicional. O processo é um instrumento a serviço
da paz social.
 
Direito  Material:  é  o  estabelecimento  de  normas  de  conduta,  com  as  quais  o
Estado  proporciona  o  controle  do  comportamento  social;  conjunto  de  normas  que
disciplinam as relações jurídicas referentes aos bens e utilidades da vida.
 
 
Direito Processual: sistema de princípios e normas legais que regulam o processo,
disciplinando  a  atividade  dos  sujeitos  interessados,  dos  órgãos  jurisdicionais  e  de
seus auxiliares.
 
O  direito  processual  é  assim,  do  ponto  de  vista  de  sua  função  puramente  jurídica,
um  instrumento  a  serviço  do  direito  material:  todos  os  seus  institutos  básicos  são
concebidos e justificam­se no quadro do ordenamento jurídico.
 
Assim, nosso ordenamento jurídico está dividido nitidamente em direito material e
direito processual (teoria dualista): o primeiro dita as regras abstratas e estas
se tornam concretas no exato momento em que ocorre o fato enquadrando em suas
provisões,  automaticamente,  sem  participação  do  juiz.  O  processo  visa  apenas  a
atuação  da  vontade  do  direito,  não  contribuindo  para  a  formação  de  normas
concretas.
 
 
Divisões do Direito Processual
 
Não  obstante  o  direito  processual  seja  UNO,  como  sistema  de  normas  e  princípios
para  o  exercício  da  jurisdição,  existe  a  variedade  de  ramos  determinada  pela
peculiaridade da relação jurídico­material ou quanto à natureza da lide ou matéria:
 
 
Direito  Processual  Penal:  regulamenta  o  exercício  da  jurisdição  penal,  frente  às
lides de natureza penal, que se caracterizam pelas pretensões punitivas ou medidas
preventivas de ordem penal;
 
Direito  Processual  Civil:  regulamenta  o  exercício  da  jurisdição  não  penal,  frente
as lides de natureza civil, comercial, tributária, administrativa, constitucional, etc....
 
 
Assim, podemos definir o Direito Processual Civil:
 
Direito  processual  Civil:  é  um  conjunto  de  normas  e  princípios  que  regem  as
atividades  dos  órgãos  jurisdicionais  e  seus  auxiliares,  bem  como  das  partes  e
terceiros, tendentes à administração da Justiça.
 
Regulamentação  da  atividade  dos  órgãos  jurisdicionais:  regulamentar  a  atividade
dos  órgãos  do  Estado,  encarregados  de  administrar  a  Justiça.  É  o  Poder  Judiciário
cujo órgão é o Juiz.
 
Atividades  das  partes:  O  Estado  não  pode  atuar,  exercer  a  jurisdição  sem  a
provocação  dos  interessados.  É  necessário  que  a  parte  provoque  o  Estado  (ação)
deduzindo  a  sua  pretensão,  que  quer  seja  imposta  à  pretensão  de  outrem,  que
resiste à do primeiro.
 
Atividades dos auxiliares e terceiros: escrivão, oficial de justiça, M.P, testemunhas,
peritos, intérpretes, etc...
 
 
Posição Enciclopédica
 
 
Ramo  autônomo  da  ciência  do  direito,  pois  têm  princípios  próprios  decorrentes  da
função do processo e tendo este por objeto específico.
 
 
Diante  da  clássica  dicotomia  que  divide  o  direito  em  público  e  privado,  o  direito
processual  civil  enquadra­se  como  ramo  do  direito  público,  pois  regula  a  atividade
dos  órgãos  jurisdicionais,  que  são  órgãos  do  Estado,  cuja  função  é  administrar  a
justiça,  aplicando  a  lei  ao  caso  concreto.  Tanto  a  função  jurisdicional,  como  a
administrativa e legislativa disciplinam­se por normas de direito público.
 
Não se constitui em ramo estanque, separado dos demais, possuindo relações com
os demais ramos do direito:
 
Constitucional: é na Constituição que encontramos as diretrizes, atributos e limites
da função jurisdicional.
Na C.F temos: Princípios fundamentais do Processo: igualdade das partes (art 5,I);
não  exclusão  de  ameaça  ou  lesão  à  direito  da  apreciação  do  P.J.  (XXXV);
contraditório e ampla defesa (LV); devido processo legal (LIV).
 
 
Administrativo: órgãos judiciários praticam atos de natureza administrativa no que
se refere a organização dos serviços da justiça e auxiliares do juiz. Ex: depositário,
administrador,  serventuários  que  pratiquem  conduta  irregula  passível  de  sanção
funcional.
 
 
Processual  Trabalhista:  variações  de  um  mesmo  ramo,  com  princípios  comuns.
Aplicado subsidiariamente ao processo do trabalho.
 
 
Penal: várias ilicitudes praticadas no curso do processo configuram delitos punidos
pelo C. Penal: falso testemunho; falsa perícia, coação no curso do processo, etc...
 
 
Lei Processual
 
Costuma­se classificar as leis, segundo a natureza de suas disposições:
 
1)            Leis  Materiais:  ou  Substanciais  são  aquelas  que  definem  e  regulam  as
relações,  a  cooperação  entre  as  pessoas  e  os  conflitos  de  interesse  ocorrentes  na
sociedade; A esta categoria pertencem as normas de direito civil, penal, comercial,
etc...
 
2)            Leis  Instrumentais  ou  Formais:  são  aquelas  que  existem  para  servir  as  leis
substanciais, regulando a sua formação ou criação e atuação das regras jurídicas; A
esta categoria pertencem as normas que regulam o processo de elaboração das leis;
as normas processuais...
 
 
Definição:  São  aquelas  que  regulam  o  exercício  da  função  jurisdicional;  É  todo
preceito  jurídico  regulador  do  exercício  da  jurisdição  pelo  Estado,  da  ação  pelo
demandante e da defesa pelo demandado, três atividades que se desenvolvem num
só ambiente comum, que é o processo.
 
Costuma­se falar em três classes de normas processuais:
 
a)      Normas de Organização Judiciária (criação e estrutura dos órgãos judiciários e
auxiliares);
 
b)      Normas processuais em sentido estrito (são aquelas que atribuem poderes,
faculdades, ônus deveres e sujeição dos sujeitos processuais);
 
c)            Normas  procedimentais  (estrutura  e  coordenação  dos  atos  que  compõe  o
processo,  p.ex.,  o  modo  e  o  lugar  de  realização  dos  atos;  a  seqüência  dos  atos
processuais, os tipos de procedimento, etc...);
 
Natureza das Leis Processuais
 
Embora o Direito Processual pertence ao ramo do direito público, pois se estabelece
uma relação de poder e sujeição, predominando o interesse público em relação aos
interesses  particulares  das  partes,  a  norma  processual  nem  sempre  têm  caráter
cogente  (imperatividade  absoluta  e  nenhuma  liberdade  deixada  às  partes  para
disporem  de  modo  diferente,  ainda  que  de  acordo),  existindo  normas  dispositivas
(dotadas  de  imperatividade  relativa  e  portanto,  portadora  de  preceitos  suscetíveis
de serem alterados pelos litigantes). 
 
Ex: competência relativa e competência absoluta.
 
 
Lei Processual no tempo e no espaço
 
Toda norma, inclusive a processual, aplica­se num determinado território (espaço) e
num determinado período de tempo.
 
 
Espaço: Princípio da territorialidade: aplica­se a lei do lugar onde o processo estiver
em  curso,  ou  seja,  onde  o  juiz  exerce  a  jurisdição,  não  só  aos  nacionais,  mas
também aos estrangeiros (Lex fori). Art. 1. do CPC e CPP; art. 12 da LINDB; art. 88
do CPC.
 
A  extensão  da  autoridade  do  juiz  brasileiro  sobre  estrangeiros,  mesmo  quando
residente  no  exterior,  é  mais  ampla  quando  tratar­se  bens  imóveis  situados  no
Brasil. Art. 12 LINDB e 89 CPC.
 
 
Tempo:
 
Início – Art. 1o. da LICC “Salvo disposição em contrário, a lei começa a vigorar em
todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada.”
 
Muito  se  discute  a  questão  da  sucessão  de  leis  no  tempo,  ou  seja,  quando  há  a
revogação de uma lei antiga através de uma nova legislação processual.
 
Será a nova lei aplicada aos processos já findos?
Encerrado o processo, sob a égide da lei antiga, nenhuma influência sobre ele tem a
lei nova. (art. 5o. XXXVI da CF – princípio da irretroatividade das leis).
 
 
E no caso dos processos em curso?
A doutrina defende a tese do Sistema do isolamento dos atos processuais, no qual a
lei  nova  não  atinge  os  atos  processuais  já  praticados,  nem  seus  efeitos,  mas  se
aplica aos atos processuais a praticar. (Tempus regit actum).Art. 2o. do CPP e 1.211
do CPC.
 
 
Existem outros dois sistemas a respeito da aplicação da lei processual no tempo, já
superados atualmente:
 
a)            Sistema  da  unidade  processual  –  o  processo  é  considerado  uma  unidade,
apesar de desdobrar­se numa série de atos, somente podendo ser regulado por uma
lei,  a  nova  ou  a  velha;  neste  caso,  aplicaria­se  a  lei  velha  para  não  ocorrer  a
retroação dos efeitos na lei nova;
 
b)      Sistema das fases processuais – o processo está divido em fases autônomas
(postulatória,  ordinatória,  instrutória,  decisória  e  recursal)  cada  uma  suscetível  de
ser  disciplinada  por  uma  lei  diferente,  ou  seja,  a  lei  nova  não  afetaria  a  fase  em
curso, somente atingindo as fases posteriores.
 
 
Evolução Histórica do Direito Processual
 
PERÍODO ROMANO
A História do DP como a do direito em geral, naquilo que interessa ao direito pátrio
nasce e começa em Roma.
Podemos dividir em 03 períodos a história do Processo Romano:
­ 754 AC/149 AC ­ Processo das ações da lei ou legis actionis
­ 149 AC/209 DC ­ Processo Formular ou per formula
­ 209DC/ Fim império Romano ­ Processo Extraordinária ou cognitio extraordinária.
 
 
 
­ Processo das ações da lei
Assim era chamado porque se relacionava com a lei mais importante da época ­ Lei
das XII Tábuas;
Características:
a) o processo era inteiramente oral e dotado de formalismo rígido. Os litigantes não
poderiam expor suas pretensões, empregando palavras próprias, mas deveriam
empregar as palavras certas, pronunciando fórmulas orais prescritas (VERBA
CERTA). Uma troca de palavras poderia acarretar a perda do processo.
b) procedimento oral se dividia em duas fases: IN IURE e IN IUDICIO
IN IURE ­ fase desenvolvida diante de um magistrado, para a concessão ou não da
ação. Em caso positivo, designava­se um árbitro. Fixava­se o objeto do litígio
IN IUDICIO ­ produção de provas e sentença.
c) partes deveriam estar presentes pessoalmente, não podendo ser representadas
por outra pessoa ou advogado.
d) citação cabia ao autor, que encontrando o réu, convocava­o; se este se
recusasse ou ameaçava fugir, o autor poderia empregar a força. (torcia e prendia o
pescoço).
Espécies de Ações :
 ­ ações que reconheciam direitos (função cognitiva): LEGIS ACTIO PER
SACRAMENTUM ­ Processo Comum. Utilizada para todas as causas, quando não
havia tipo especial de ação;
JUS POSTULATIO: pedia­se ao árbitro para reconhecer a existência de uma relação
jurídica entre duas pessoas (ação declaratória); CONDICTIO: meio de ação que
visava citar, intimar, avisar o demandado para que comparecesse perante o
magistrado para tomar conhecimento da ação proposta.
­ ação que era meio de execução (função executiva): MANUS INJECTIO: ou seja,
apoderamento. Era utilizada para executar as sentenças. Era uma autorização para
o credor aprisionar o devedor e levá­lo caso não houvesse pagamento da dívida,
podendo até ser vendido como escravo; PIGNORIS CAPIO: com emprego da força e
sem autorização do Magistrado, fazia­se a apreensão do objeto pertencente ao
devedor e o conservava como garantia até que a dívida seja paga.
 
Processo muito arcaico, e com muito formalismo, inclusive com várias ações sem a
participação do Estado.
­ Processo Formular
 Deu­se no período republicano, com a Expansão do Império Romano, visando
atender a necessidade de julgamentos mais rápidos.
Características:
a) A citação ainda competia ao demandante, mas o emprego da força fora
substituído por uma ordem do pretor. No caso de recusa, o réu era punido.
b) as partes poderiam ser orientadas por juristas ou advogados;
c) duas fases: IN IURE e IN IUDICIO
IN IURE ­ desenvolvia­se perante o magistrado, que, caso concedesse a ação,
elaborava fórmula escrita, que é a indicação da questão que o juiz deve resolver
(quase contrato) ­ LITIS CONTESTATIO ­ as partes concordavam em submeter a
controvérsia, nos termos da fórmula, ao julgamento de um terceiro.
IN IUDICIO ­ desenvolvia­se perante o juiz, com a produção de provas e a prolação
de sentença.
d) procedimento ainda era oral, salvo a fórmula que era escrita;
e) presença de princípios inovadores no processo: “onus da prova”, contraditório,
livre convicção do juiz.
f) sentença: condenava o réu em soma de dinheiro ainda que recaísse a causa sobre
coisas;
g) execução ­ em princípio sobre a pessoa mas introduzia­se a execução sobre
bens;
h) aparecimento de recursos
 
­ Processo Extraordinário
Características:
a) desenvolvia­se todo perante o juiz, que era funcionário do estado, suprimindo a
divisão do procedimento em duas fases;
b) substitui­se a forma oral pela escrita: Libelo ­ Citação ­ sentença que eram
redigidas pelos auxiliares da justiça e pelos advogados;
c) fim da gratiuidade do processo, com o aparecimento das custas processuais;
d) processo poderia correr à revelia do réu; uma vez citado e não comparecesse à
convocação, não impede o desenvolvimento e instauração do processo;
e) litiscontestatio: deixa de ser representada pela FORMULA; passa a ser o
momento em que se encerra a fase postulatória: pedido do autor e defesas do réu.
f) sentença já é dotada de força executiva
g) aperfeiçoamento dos recursos e juízes de instância superior
h) execução: recaía somente sobre bens através de medidas do Estado: Penhora
 
PERÍODO ROMANO­ BARBÁRICO (Germânico)
 
Inicia­se com a queda de Roma ( 476 DC) e se dá com a fusão do sistema jurídico
elevado dos Romanos com o sistema rudimentar dos povos bárbaros.
Características:
a) Titularidade da Jurisdição: Assembléias Populares dos homens livres sob a
presidência dos condes feudais
b) forma oral;
c) sistema de provas ­ primitivo ­ JURAMENTO DA PARTE; JUÍZOS OU ORDÁLIAS DE
DEUS (experimentos cruéis como prova de fogo, prova pela serpente a que se
submetia o réu no pressuposto que Deus virá em socorro daquele que dissesse a
verdade) DUELOS JUDICIAIS
d) sentenças irrecorríveis; não havia recurso.
PERÍODO ROMANO­CANÔNICO
Surgiu no séc. XI. Reação ao direito romano­barbárico, pois era muito rudimentar;
aplicação do direito canônico; criação das Universidades (Bolonha ­ 1.088)
Com o surgimento do direito canônico, houve a sistematização do direito processual
civil pelos Glossadores e Pós­Glossadores, que nas Universidades, realizavam os
estudos.
Da fusão dos trabalhos dos Glossadores e dos pós­glossadores e a cooperação dos
canonistas, surgiu o cahmado Processo Comum ( aplicável onde não havia lei local
ou especial). Características:
Muito formalista ­ escrito ­ excessivamente demorado
Diante dessas características surgiram dois tipos de procedimento: Ordinário e o
Sumário (simplificação dos atos processuais).
Expansão desse modelo para toda a Europa.
 
PROCESSO NA FRANÇA
Recebeu forte influência do direito romano­canônico e, a partir daí, instituiu um
processo próprio, dando origem as Ordenanças Régias, a partir do Séc. XIV, sendo
que a mais importante era: Ordenança Civil, de Luís XIV, que deu origem ao CPC
Francês de 1.807, ainda vigente.
Características:
a) oralidade
b) publicidade
c) simplicidade dos atos
d) princípio do dispositivo: liberdade ao juiz para produção de provas e admissão
das provas.
e) CPC Francês serviu de modelo para vários países da Europa, inclusive a
Alemanha.
 
PROCESSO NA ALEMANHA
Prende­se fortemente ao direito processual francês;
Sua origem é do direito germânico, formalista, costumeiro e com procedimento oral;
Da influência francesa ocorreu a elaboração do Regulamento Processual Alemão em
1.877, que ainda está em vigor.
Do Regulamento Processual Alemão derivou­se o Regulamento processual Austríaco,
que influenciou fortemente o Código Português e o Brasileiro.
 
PROCESSO CIVIL PORTUGUÊS
Forte influência do Direito Romano (os romanos permaneciam em Portugal)
Surgiu com o Rei Afonso III, no séc. XIII, com a organização da Justiça e disciplina
do processo;
Criação da Universidade de Lisboa, em 1.308, onde ensinava­se direito romano
Legislação: 1446 ­ Cógido Português ­ representado pelas Ordenações Afonsinas ­
promulgado por Afonso IV. Composto de 05 livros, sendo que o terceiro era dedicado
ao direito processual civil;
Ano de 1.521 ­ Ordenações Manuelinas ­ D. Manuel ­ compilou o Código Anterior
Ano de 1.603 ­ Ordenações Filipinas ou do reino ­ promulgada por Felipe III
(Portugal) e II (Espanha). Composta de 05 livros, sendo o terceiro dedicado ao
direito processual.
esse ordenamento permaneceu também no Brasil, por Decreto Imperial até 1.876,
com o advento da Consolidação das Leis de Processo Civil.
 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL NO BRASIL
 
Até o período da Independência do Brasil, as leis processuais vigentes eram as
constantes das Ordenações Filipinas, período este que compreende o Brasil Colônia
e Brasil Reinado.
Características:
a) Procedimento: 05 fases ­ Postulatória (Libelo, Contrariedade,Réplica e Tréplica),
Instrutória, Decisória, Executória e Processos Especiais;
b) forma escrita, sendo que o juiz só considerava aquilo que estava escrito nos
autos;
c) havia atos praticados em segredo de justiça;
d) princípio do dispositivo: cabe às partes a movimentação do processo
e) dividido em várias fases: realizava­se 01 audiência após a citação, onde era
oferecida a acusação e o libelo do autor. Iniciava­se o prazo para a defesa. Caso
houvesse revelia, outra audiência era designada. Provas ficavam à cargo das partes;
recuros tinham efeito suspensivo.
 
Período do Reino Independente
Decreto n. 20 de outubro de 1.823 da Assembléia Geral Constituinte ­ ratificou todas
as leis até então vigentes, desde que não contrariassem a soberania nacional e o
regime instaurado.
Após o Código Comercial de 1850, foi editado o Regulamento n. 737, considerado o
primeiro CPC Nacional, mas somente destinava­se a regular o processamento de
causas comerciais.
Características: Forte influência do direito Filipino; linguagem mais clara e precisa;
simplificação dos atos processuais; redução dos prazos; melhor disciplina dos
recursos.
Lei n. 2.033 de 20/09/1871 ­ Consolidação das Leis do Processo Civil, com a reunião
de todas as leis complementares e modificativas referente ao processo civil. Então,
até o momento, para as causas Comerciais, aplicava­se o Regulamento 737 e para
as causas cíveis, a Consolidação das Leis do Processo Civil.
 
Processo Civil na República até 1.934
 
Advento do Decreto 763 de 19.09.1890 ­ Causas Cíveis passaram a ser reguladas
pelo Regulamento 737, com exceção de alguns processos (especiais e jurisdição
voluntária ­ continuavam pelas Ordenações)
CF de 1.891 ­ Autorizou os Estados a organizarem suas Justiças e processos.
Acarretou a dualidade de processos. No âmbito Estadual, existiam os Códigos
Estaduais e no âmbito Federal, existia a Consolidação das leis da Justiça Federal
(decreto 3.084/1898);
A maioria dos Estados adotou o Regulamento 737, exceto Bahia, que promulgou seu
Código em 1915, Minas Gerais, 1916 e São Paulo, em 1930, considerados códigos
inovadores.
 
Processo Civil de 1934 até os dias de hoje
 
A Constituição Federal de 1934 ­ reestabeleceu o sistema de unidade processual ­
competia à União legislar sobre normas processuais;
Nomeada nova comissão para elaboração de um novo CPC;
Golpe de 1937 (Estado Novo) ­ destituída comissão antiga e elaborada nova
comissão
em 01.03.1940 foi promulgado o CPC ­ Decreto Lei 18.09.39 ­ Autor: Pedro Batista
Martins
Em virtude de inúmeras leis que vieram alterar o CPC de 39, fora nomeada nova
comissão para analisar o anteprojeto elaborado por Alfredo Buzaid, sendo que em
1972, a comissão contou com a presença de José Frederico Marques e José Carlos
Moreira Alves;
Remetido ao Congresso Nacional, recebeu inúmeras emendas, sendo ainda aditado o
Livro IV e V relativo aos procedimentos especiais e as disposições finais e
transitórias;
Promulgado o CPC em 11.01.1973, através da Lei 5.869.
Modificações: Leis 9.079/95 (Ação Monitória); 9.139/95 (Agravo); 9.245/95
(Procedimento Sumário); 9.307/96 (Arbitragem); Processo de Execução (Leis
11.232/2005; 11.382/2006);  Leis 12.112/2009; 12.125/21009; 12.126/2009;
12.137/2009; 12.153/2009; 12.195/2010
 
 
 
CPC Divisão em 05 livros: Livro I ­ Processo de Conhecimento (Parte Geral); Livro II
Processo de Execução; Livro III Processo Cautelar; Livro IV Procedimentos Especiais
e Livro V ­ Disposições Finais e Transitórias.
Atualmente está tramitando em nossa Casa Legislativa projeto para criação de um
novo código de Processo Civil.
  
 

Exercício 1:

No que pertine à eficácia das leis processuais no tempo e no espaço, examine as seguintes
proposições:
 
I.O Código de Processo Civil, em tema de direito intertemporal, adotou o princípio “tempus
regit actum”.
II.O princípio que regula as leis processuais no tempo é o da irretroatividade, ou seja, a lei
nova, ao entrar em vigor, disciplina os processos em curso, respeitados o ato jurídico
perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.
III.O princípio que define a eficácia espacial das normas processuais é o da territorialidade
(lex fori).
IV. Pelo nosso sistema processual permite­se a aplicação direta pelo juiz da norma
processual estrangeira.
V.Pelo nosso sistema processual só indiretamente se permite ao juiz examinar norma
processual estrangeira, quando verificar se um ato processual realizado em outro território
pode ser considerado válido e eficaz.
 
Assinale a alternativa correta:

A ­ Apenas as alternativas I, II, III e V estão corretas. 
B ­ Todas as alternativas estão incorretas. 
C ­ Apenas as alternativas I, II e V estão corretas. 
D ­ Apenas as alternativas II e IV estão incorretas. 
E ­ Todas as alternativas estão corretas. 

Comentários:

Essa disciplina não é ED ou você não fez comentários

Exercício 2:

Leia o texto abaixo com atenção e responda a questões a seguir:
 
Em seu sentido próprio, a jurisdição compete apenas aos órgãos do Poder Judiciário,
embora em direito administrativo também se fale em "jurisdição administrativa", bem
como em "jurisdição" simplesmente como o limite da competência administrativa de
um órgão público.
Do ponto de vista da teoria da separação dos poderes, a jurisdição é a função
precípua do Poder Judiciário, sendo­lhe acrescida, em alguns sistemas jurídicos
nacionais, a função do controle de constitucionalidade.
Como regra, a função jurisdicional é exercida somente diante de casos concretos de
conflitos de interesses, quando provocada pelos interessados.
No sentido coloquial, a palavra jurisdição designa o território (estado ou província,
município, região, país, países­membros etc.) sobre o qual este poder é exercido por
determinada autoridade ou Juízo.
O tema da jurisdição é objeto de estudo das disciplinas de direito constitucional,
direito internacional privado, direito processual e direito administrativo, dentre outras.
 
Sobre jurisdição, assinale a resposta incorreta:
 

A ­ A jurisdição é monopólio estatal. Entretanto, podem os interessados optar por meio não estatal de
exercício da jurisdição, capaz de por fim à lide. 
B ­ A arbitragem, nos conflitos a ela submetidos por deliberação dos interessados, constitui exercício
delegado da jurisdição, por isso se insere no conjunto dos meios para a solução da lide. 
C ­ A arbitragem, expressamente prevista em lei, não implica violação ao princípio da inafastabilidade do
controle jurisdicional (CF, art. 5°, inc. XXXV). 
D ­   A jurisdição é exercida pelos juízes, não sendo atividade exclusiva do Poder Judiciário. 
E ­ A jurisdição é exercida somente pelo Poder Judiciário. 

Comentários:

Essa disciplina não é ED ou você não fez comentários

Exercício 3:

A jurisdição caracteriza­se por:

A ­  agir sempre segundo os critérios de oportunidade e conveniência. 
B ­ fazer a aplicação substitutiva da lei aos casos concretos. 
C ­ c) não exigir controvérsias e, de regra, atuar ex officio. 
D ­ estar organizada conforme padrões de hierarquia e subordinação. 
E ­ ser plenamente delegável da segunda para a primeira instancia. 

Comentários:

Essa disciplina não é ED ou você não fez comentários

Exercício 4:

Diz‐se como sendo o meio pelo qual os órgãos jurisdicionais atuam para pacificar as
pessoas conflitantes, eliminando as discórdias e fazendo cumprir o preceito jurídico
pertinente a cada caso que lhes é apresentado em busca de solução. Tal assertiva
define:
 

 
A ­ jurisdição. 
B ­ processo. 
C ­   conflito de interesses 
D ­ lide 
E ­ poder do juiz. 

Comentários:

Essa disciplina não é ED ou você não fez comentários

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