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Local Carapicuíba-SP

Ano do projeto 2001/ 2011


Ano de construção 2011/ 2012
Área 135.000 m²

ILUSTRAÇÃO: BARBIERI&GORSKI
Autores
Arqª. Maria Cecília Barbieri Gorski
Arqº. Michel Todel Gorski

Co-Autora
Arqª. Patrícia Akinaga

Realização 1940 - 1964 1972 1972 a 2002 2002 - 2012


Governo do Estado de Traçado natural do Rio Tietê e as Rio Tietê retificado e o Consolidação da lagoa de Formação do aterro e criação do
São Paulo cavas causadas pela extração de preenchimento de água Carapicuíba que chegou a parque.
Secretaria de Saneamento e Recursos areia para construção civil. nas cavas. ocupar 770.000 m².
Hídricos O aterro da lagoa vem da
Departamento de Águas e Energia deposição da lama retirada das
O Parque Público Gabriel Chucre surgiu a partir das exigências 1995
Elétrica São Paulo - DAEE – UGP TIETÊ O Governo do Estado de SP obras de rebaixamento da calha do
feitas pelo Conselho Estadual do Meio Ambiente ao DAEE, Tietê e do bota-fora do material
inicia o processo de ampliação
Coordenação Geral do Projeto baseadas na compensação dos impactos ambientais gerados da calha do Rio Tietê com o das escavações para a construção
DAEE SP UGP TIETÊ e da linha amarela do metrô
na utilização da Lagoa de Carapicuíba como depósito do intuito de resolver os problemas
Maubertec Engenharia e Projetos Ltda de enchente. paulistano.
material retirado das obras de desassoreamento do rio Tietê.

MARIA CECÍLIA BARBIERI GORSKI


Sócia diretora da B&G Arquitetos
Associados
Arquiteta e urbanista formada pela FAU
Mackenzie com especialização em FOTO: GOOGLE EARTH
Arquitetura Paisagística.

A foto acima revela as condições sociais do entorno do


parque: muita ocupação irregular da população de baixa
renda. Carapicuíba é um dos municípios mais pobres da
Grande São Paulo. Em contraste, é vizinha do município de
Barueri, uma das cidades mais ricas do país. Logo, é uma
MICHEL GORSKI
região que está passando por uma transformação.
FOTOS: BARBIERI&GORSKI

Sócio diretor da B&G Arquitetos Associados O parque é muito bem localizado: estação da CPTM, um
Arquiteto e urbanista formado pela FAU terminal de ônibus, FATEC, SESI e uma escola estadual
Mackenzie com especialização em
Planejamento Urbano. garantem um fluxo de usuários no local.
Co-editor, com Abílio Guerra, do website
www.arquiteturismo.com.br

FAU/MACKENZIE – ARQUITETURA DA PAISAGEM/2018 – PROF. CASSIA MARIANO JÉSSICA DORTA JUHAS - 31504868
A relação entre o Parque e o rio Tietê vai O eixo central também
além da histórica no projeto conceitual. O
parque contém elementos estruturais,
corresponde ao sistema de
arquitetônicos, percursos e equipamentos drenagem.
que remetem ao rio. Os ambientes
desenvolvidos no projeto revelam histórias 6 PRIMEIROS MESES DE OBRA: CAMADA DE
e curiosidades sobre o Tietê. ARGILA
COMPACTAÇÃO DO SOLO
SELAMENTO DO ATERRO
O eixo principal do parque – Leste-Oeste – Sistema de reuso de água pluvial: coleta em dois dos
inicia nos pórticos de acesso até a Praça da EM SEGUIDA, ADICIONADA UMA CAMADA DE pavilhões em um reservatório enterrado – Água
Proa, onde há uma grande pérgola em FONTE: B&G
TERRA DE PROCEDÊNCIA.
forma de asa delta, com a ponta utilizada nos sanitários e nas torneiras de rega do
direcionada à cidade de Salesópolis, SELADO COM ARGILA, O TERRENO TEM
jardim.
nascente do rio Tietê, a leste. O eixo se PROBLEMA COM DRENAGEM. TODO O SOLO
compõe num percurso sinuoso que faz IMPERMEÁVEL, SÓ É POSSÍVEL UMA
DRENAGEM SUPERFICIAL. Circuito de Pneus: espaço lúdico com pneus
alusão às curvas do rio.
reciclados.
CONEXÃO COM A REDE PLUVIAL ONDE FOI
POSSÍVEL.
28 espécies diferentes que totalizam 600 árvores,
PLANO DE DRENAGEM: incluindo espécies nativas.
USO DE PEÇA ÚNICA E CONTÍNUA DE GRELHA
NO ENTORNO DAS EDIFICAÇÕES PARA A +4.000 arbustos e 40.000m² de gramado.
ENTRADA DE ÁGUA PLUVIAL NAS GALERIAS.
Educação e conscientização ambiental nos
CANALETAS GRAMADAS QUE CONDUZEM A pavilhões
ÁGUA ATÉ O SISTEMA NAS ÁREAS VERDES DO
PARQUE.

SEM INFILTRAÇÃO, A SOLUÇÃO FOI FAZER


TUDO COM DECLIVIDADE PARA QUE A ÁGUA
DRENADA FOSSE ENCAMINHADA AO CORPO
D’ÁGUA DE CARAPICUÍBA.

OUTRA MEDIDA FOI SUBSTITUIR PARTE DAS


ÁRVORES NATIVAS QUE FORAM PRÉ-
FONTE: AU
SELECIONADAS POR VEGETAÇÃO DE MATA
CILIAR, QUE SUPORTA PERÍODOS DE FOTO: PEDRO VANNUCCHI
ENCHARCAMENTO E SECA.
“O material retirado da escavação do metrô tem
composição distinta da terra do Tietê, argilosa e
PARA CADA ÁRVORE: 1M³ DE COVA.
particulada: são blocos de granito, possibilitando
PARA AS FORRAÇÕES: 20 CM DE SOLO SOBRE
que parte deles fosse utilizada em equipamentos do
A ARGILA. parque.”

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Antes de considerar o projeto em si, acho importante levar em consideração que a situação
ambiental da cava/lagoa já não era favorável antes da implementação do parque. Este estudo levou
à compilação de inúmeras reportagens sobre as condições insalubres e grotescas que a região se
encontrava por anos. As polêmicas só aumentaram com o descarte dos resíduos do Tietê na área.
Então, até que ponto seria saudável para a população que usufrui do parque e mora em seu entorno
um contato tão próximo com possíveis materiais nocivos? Aqui, falta aprofundamento técnico para
conseguir entender essa questão e a efetividade das medidas adotadas para isolar o perigo. Mesmo
porque, como disse a própria arquiteta, para que seja possível uma interação entre o público e a
água da Lagoa, seriam necessários muitos órgãos envolvidos e políticas a longo prazo.

FOTO: PEDRO VANNUCCHI Deixando de lado essa questão, o Parque Gabriel Chucre é um belo exemplo de espaço ao ar livre
que contribui muito mais do que um simples descanso ao sol. As analogias com o rio através de
materiais, percursos e estruturas e a preocupação com a educação e conscientização dos usuários
sobre história e meio ambiente trouxeram uma riqueza singular ao projeto. A requalificação e
revitalização da área, que conta com muito potencial, foram as principais consequências de anos de
planejamento.

"Se o Parque não é uma resposta ambiental, até pela sua escala, tem seu valor principalmente por ser um espaço
para sociabilização, cidadania e qualificação do esporte, por exemplo. Tem a capacidade de melhorar a qualidade de
vida da população à qual atende. E isso desencadeia outros processos.”
Maria Cecília Barbieri Gorski

O projeto do Parque Gabriel Chucre é um exemplo de como integrar história, contexto e entorno do
FOTO: PEDRO VANNUCCHI local na concepção do projeto, valorizando a cultura e os moradores locais. O repertório de
materiais e usos diversificados e inesperados, a simplicidade das estruturas que se aproxima do
público, a determinação de um eixo central vertebral que organiza os ambientes, assim como o
planejamento levando em consideração a multiplicidade dos usuários e suas diferentes
necessidades dentro do parque são ótimas referências para qualquer projeto que tenha intenção de
promover um espaço externo de qualidade.

BIBLIOGRAFIA E REFERÊNCIAS

- Material disponibilizado pelo escritório Barbieri & Gorski mediante contato.


- http://www.barbierigorski.com.br/filter/ci%C3%A7a
- https://www.galeriadaarquitetura.com.br/projeto/barbieri-gorski-arquitetos-associados_/parque-da-lagoa-de-carapicuiba/49
- https://www.revistas.usp.br/paam/article/viewFile/86874/89841
- http://au17.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/223/artigo271189-1.aspx
- http://www.daee.sp.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=64%3Acalha-do-
tiete&catid=36%3Aprogramas&Itemid=15
- https://noticias.r7.com/record-news/jornal-da-record-news/videos/lagoa-de-carapicuiba-e-apontada-como-um-dos-maiores-
FOTO: PEDRO VANNUCCHI
problemas-ambientais-de-sp-17102015

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