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TÓPICO 1
ASPECTOS HISTÓRICOS DA
URBANIZAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
Qualquer exame, ainda que superficial, da prática e da teoria concernentes
ao desenvolvimento das atividades ligadas ao planejamento urbano brasileiro,
revelará uma situação de crise. As cidades brasileiras, em sua maioria, apesar dos
progressos técnicos e científicos alcançados, prescindem ainda de cartografias
adequadas e de dados estatísticos confiáveis. Faltam também técnicos experientes
e qualificados em planejamento urbano e uma maior conscientização da
população quanto à questão urbana. Credite-se isso ao fato da ausência de canais
reivindicatórios eficientes e políticas urbanas apenas no papel, sem efetividade na
aplicação prática. Temos uma cidade real, à margem da legislação, e uma cidade
ideal, que está presente na maioria dos planos diretores municipais (ROLNIK,
1997). Ainda que as demandas do cidadão não sejam levadas em conta, que as
políticas urbanas estejam presas apenas no papel e que o quadro sociopolítico
apresente-se confuso, sempre ocorre o aparecimento de uma luz no fim do túnel.
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UNIDADE 1 | PROCESSO EVOLUTIVO URBANO
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TUROS
ESTUDOS FU
Você verá mais tarde, na Unidade 2, do que trata e o que é o Estatuto da Cidade!
3PLANEJAMENTOURBANOCOMPARTICIPAÇÃO:OBAIRRO
A participação popular em qualquer processo, quer de cunho eleitoral, de
planejamento urbano ou de qualquer outra forma, vem refletida no conhecimento
prévio das regras do jogo em que ela, população, venha a se inserir. É como se
fosse um jogo de cartas, como bem observa Carlos Nélson dos Santos (1988), em
seu livro “A Cidade Como um Jogo de Cartas”, especialmente no capítulo “A
cidade como um jogo”: não pode haver participação sem que se conheçam as
regras do jogo urbano. Se a maioria dos participantes estiver alheia ao processo,
pelo desinteresse típico de quem primeiramente preocupa-se com a própria
sobrevivência ou com a participação dando-se de forma manipulada, de modo
a conferir legitimação às propostas econômicas e políticas de grandes grupos
detentores do capital, chega-se a um estágio de desconfiança com relação a
qualquer processo que se diga “participativo”.
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Poucos dos que leem estas páginas sequer concebem o que são estes
pestilentos viveiros humanos, onde dezenas de milhares de pessoas se
amontoam em meio a horrores que nos trazem à mente o que ouvimos
sobre a travessia do Atlântico por um navio negreiro. Para chegarmos
até elas é preciso entrar por pátios que exalam gases venenosos e
fétidos, vindos das poças de esgoto e dejetos espalhados por toda parte
e que amiúde escorrem sob nossos pés; pátios, muitos deles, onde o sol
jamais penetra, alguns sequer visitados por um sopro de ar fresco e
que raramente conhecem as virtudes de uma gota d’água purificante.
É preciso subir por escadas apodrecidas, que ameaçam ceder a cada
degrau e, em alguns casos, já ruíram de todo, com buracos que põem
em risco os membros e a vida do incauto. Acha-se o caminho às
apalpadelas, ao longo de passagens escuras e imundas, fervilhantes
de vermes. E então, se não forem rechaçados pelo fedor intolerável,
poderão os senhores penetrar nos pardieiros onde estes milhares de
seres, que pertencem, como todos nós, à raça pela qual Cristo morreu,
vivem amontoados como reses. Paredes e tetos estão negros com as
acreções da imundície que sobre eles se foi acumulando ao longo dos
anos de abandono. Imundície que transpira pelas fendas do forro
de tábuas, escorre pelas paredes, está em toda parte. O que atende
pelo nome de janela é apenas metade disso, entuchada de farrapos ou
tapada com tábuas que impedem a entrada da chuva e do vento.
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Além destes modelos, muitas outras propostas, que não lograram tanta
publicidade, também buscaram a organização coletiva em detrimento da liberdade
individual, visando resolver de forma pública os aspectos da vida familiar e social.
Nascem das condições inaceitáveis geradas pelas disfunções da cidade proveniente
da Revolução Industrial. Estes sonhadores propõem a criação de novas estruturas
urbanas que são denominadas de utopias, no sentido de serem ideias inatingíveis,
sem resolver, no entanto, os problemas que lhe deram origem.
UNI
Faça uma pesquisa e descubra outras propostas ditas utópicas. Será que vale a
pena sonhar com novos modelos de cidades? Descubra!
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urbano no Brasil, pelo menos nos últimos anos, tem se esforçado para agir como
mediador do conflito social pelo solo urbano instaurado. O foco do planejamento
urbano atual desloca-se do regulamento das práticas de comando e controle
convencionalmente presentes na aplicação dos instrumentos de uso e ocupação
do solo para o tratamento dos processos especulativos de produção do espaço
urbano, com as decisões sendo tomadas através de um processo democrático no
qual os urbanistas passam a ocupar o lugar de condutores de processo ao invés
de um projeto autoral de cidade ideal. Em contraponto a esta tendência, há o que
se convencionou chamar de planejamento urbano estratégico, que procura tratar
as cidades sob a lógica da guerra fiscal e de sua localização na suposta nova rede
de cidades globais.
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