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RELATÓRIO TRABALHO PRÁTICO CONSTRUÇÃO I

Universidade de Coimbra
Dar´q

Joana Cavenaghi
Janeiro, 2021
O objeto arquitectônico estudado durante o primeiro semestre desse ano letivo em construção
1 foi a Casa/Atelier do pintor Carlos Reis em Lousã, onde posteriormente foi transformada em
um museu. Construída em 1918, a casa constitui-se em forma de paralelepípedos, com 3 níveis
de altura (térreo, primeiro piso e sótão) sendo o primeiro com um alto pé direito, e um subsolo
(cave). Foi construído em duas fases, primeiramente o maior dos paralelepípedos destinado ao
atelier, e depois um paralelepípedo anexo onde era a área residencial do pintor.

Esquema de construção da casa/atelier

Na fachada norte da primeira parte construída, foi introduzido um grande envidraçado no


alçado, para que o atelier com duplo pé direito pudesse ser muito bem iluminado. Para além
desse alçado, podemos perceber um padrão compositivo dos vãos, em que além de ter a
mesma tipologia tem o mesmo espaçamento entre eles. O interior da casa por sua vez foi
dividido de forma hierarquizada em diversos compartimentos, em que no rés-do-chão temos os
espaços maiores.

A casa é um modelo tipicamente de vernacular portuguesa, com paredes espessas de alvenaria


de pedra xisto, com o pavimento constituído por um sistema de barrotes, primários e
secundários, e finalizados por um soalho de madeira de pinho. O telhado finalmente, composto
por estruturas de madeira e telhas de cerâmica.

Para a melhor compreensão do objeto descrito entretanto, foi proposto 5 fases de estudo,
nomeadas de A a E, em que cada fase objetivava para a compreensão de um aspecto do
edificado. Começando então com a primeira delas, A, na qual o objetivo principal era entender
a volumetria da casa, para isso nos concentramos em uma escala pequena (1:200), e desenhos
a mão levantada. Nessa fase, através de axonometrias e esquissos conseguimos perceber as
diversas compartimentações do volume, as diferenças de cotas no rés-do chão, o amplo pé-
direito do atelier, e como era feita a articulação entre o ele e a residência de Carlos Reis.
Axonometrias da primeira fase de estudo da volumetria ( escala 1/200 aproximadamente)

Na próxima fase, já começamos com o desenho rigoroso, onde o objetivo principal era
compreender as dimensões do edificado, e suas correlações. Por isso, começamos por cotar
plantas a escala um pouco mais aproximada do que na fase posterior (1:100), e logo tornou-se
notável a padronização dos elementos compositivos. Foi possível também obter uma noção
geral das medidas reais da casa, e a relação delas com as outras partes do edifício. Fizemos
novamente aqui axonometrias, mas dessa vez mais detalhadas: contendo as divisões dos pisos e
as compartimentações em cada um deles.

Axonometrias a mão levantada do objeto estudado (escala 1/200 aprox.)


Cotagem da planta do piso térreo, a escala 1/100

Já na fase C, com a volumetria e espacialidade bem compreendida, passamos para a percepção


estrutural do edifício. Para isso, primeiramente na escala 1:100 e posteriormente 1:50,
desenhamos em plantas e cortes já existentes o sistema estrutural do pavimento. Esse sistema
consiste em uma estrutura primaria composta por barrotes de madeira de 15 cm de largura, e
por uma estrutura secundaria composta por barrotes de madeira dessa vez com 10 cm de
largura. Esses barrotes são sobrepostos, em cada compartimento do edifício e finalizados pelo
assoalho, dessa vez com 20 cm de largura. É válido mencionar que o espaçamento entre os
maiores barrotes é feito conforme o tamanho do compartimento, e os menores tem uma
distância de 25 cm entre eles. Para além do espaçamento, o sentido dos barrotes primários e
secundários também foi objeto de estudo, uma vez que os primários deveriam ser colocados no
sentido de menor largura de cada compartimento para evitar envergamentos.
Estudo do sistema estrutural a mão levantada

Estudo rigoroso do sistema estrutural do pavimento, em esquisso escala 1/100

Nos aproximando do fim, na fase D, entramos na fase dos pormenores, onde o objetivo era
compreender a materialidade e sistemas construtivos mais detalhados, como os vãos das portas
e janelas, paredes interiores, finalização dos paredes e tetos, cornijas e etc. Para tal, graças a
vertente teórica da cadeira, podemos compreender melhor cada aspecto mencionado. Em meu
trabalho rigoroso nessa fase, percebi que as janelas em sua maioria, eram de dois batentes,
com parapeitos de tijolo finalizados por reboco de argamassa. Compreendi também os vãos das
portas que precisam ter seu guarnecimento. As paredes interiores, mesmo sabendo que as
originais eram feitas de tabiques e argamassa, optei por utilizar nesse sistema tijolos e
argamassa de reboco, já a finalização entre o teto e as paredes foi feita, em alguns
compartimentos, como a sala, pela utilização de serrafados. As paredes externas são revestidas,
interiormente e exteriormente, por argamassa de cal e areia também.

Estudei alguns sistemas construtivos na Enciclopédia Prática de Construção Civil que me


permitiram realizar a última parte do estudo, a escala 1/10 e 1//20. Exemplos desse estudo
podem ser observados abaixo nas fotos de minhas anotações, que também acabam por explicar
os desenhos rigorosos entregues.

Esquema do sistema das portas internas

Esquema do sistema do pavimento


Esquema do Tecto de Masseira, observado no corte com 8 quadrados de pormenores a 1/10

Esquema da caixilharia

Finalmente, penso ter chegado a última fase desse estudo com o objeto bem compreendido, tal
não seria possível sem a passagem por todas as fases acima mencionadas e o estudo conjunto
da vertente teórica.

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