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O Jardim era o centro do que outrora foi o Claustro da Manga, mandado edificar
aquando da reforma do Mosteiro de Santa Cruz promovida por D. João III em 1527.
No entanto, é a Frei Brás de Barros que se deve a sua construção.
O Claustro da Manga foi, segundo a lenda, projetado por João de Ruão, escultor e
arquiteto, na manga das vestes de D. João III. Daí o seu nome. O qual se inspirou nas
casas de fresco renascentistas italianas.
Neste trabalho, pretende-se apresentar de forma sucinta e objetiva o que deu origem à
construção do monumento, as intervenções que sofreu ao longo do tempo, expor o
problema urbano em que se encontra e, por fim, apresentar o pensamento que deveria
ter sido feito para evitar todo o problema que surgiu com a intervenções feitas.
Parte 2:
O Convento de Santa Cruz então, é formado em 1131 e cerca de 1150 a igreja fica
acabada. Como se implantou fora das muralhas da cidade obrigou a construção de
uma vedação própria com um sistema de torres defensivas. A cidade continuou a
crescer fora das muralhas.
Isto tratou-se de uma requalificação urbana pensada e estruturada a uma escala maior
que a da localidade. Ainda havia outros largos com uma forma semelhante (forma
regular, quadrado) que reforçavam a ideia de um sistema.
Em Almedina, nos anos 1498 e depois em 1501, decidiram avançar com as obras da
Sé. Derrubaram as casas mais próximas da igreja fazendo com que o espaço
envolvente fosse ampliado. Na praça criou-se o Hospital Real, os novos açougues e a
casa de tabeliães (notários) a partir de 1501. Ainda se reformou o conjunto da Porta de
Almedina e construiu-se um novo arco de entrada. Em 1510 começava a reconstrução
da ponte afonsina e do arco da portagem, comandado por Diogo Boutaca
acompanhado por Mateus Fernandes. De seguida, aconteceu o arranjo das margens
do Mondego, o melhoramento do pavimento das ruas, o arranjo dos contrafortes da
Couraça, a construção dos cais do rio e a reparação das pontes de Ceira e da
Cidreira.Em 1517, D. Manuel ordenava as obras da reforma do Paço Real de Alcaçova
na Alta.
Em julho de 1527, D. João III visitou o Convento de Santa Cruz e decidiu restituir a
ordem e a moralidade religiosa.
Para além das mudanças urbanas, em 1876 foi demolida uma grande parte do
mosteiro, mais especificamente o edifício em volta do primeiro claustro de recepção.
com o intuito de melhor atender as necessidades da Câmara Municipal. O projeto para
o novo estabelecimento é da autoria do engenheiro Alexandre Conceição, e foi
inaugurado em 1879, entretanto é válido mencionar que apenas a parte exterior estava
pronta nessa data, as obras no interior permaneceram até 1881. 2
Finalmente, nos aproximando do que hoje encontra-se nessa zona, temos o Edifício
Caixa Geral de Depósitos, na esquina da Rua Olímpio Nicolau Rui Fernandes e Rua
da Sofia. Na época do mosteiro, nesse local existia o Palácio da Inquisição o qual foi
posteriormente substituído por um prédio multifuncional que abrigava tanto a
Sociedade de Defesa e Propaganda de Coimbra, como a delegação da União
Nacional. Por sua vez, foi demolido completamente para que em 1947, o arquiteto
Veloso Reis Camelo projetasse o atual edifício com uma arquitetura típica do estado
novo, e novamente em contraste com a arquitetura ao redor.
Parte 3: Análise Histórica da Problemática Urbana
De maneira geral, a percepção que temos ao analisar do Jardim da Manga é que este
não pertence ao local onde esta inserido, o que é de certa forma irônico visto que este
se encontrava ali muito antes de outros edifícios que hoje são vistos com mais clareza
e pertencimento nesta zona. Seja pelas questões apontadas, ou pela diferença de
escalas entre o Jardim e os edifícios como Caixa Geral de Depósitos, Mercado
Municipal, essa peça renascentista é alvo de negligencia e esquecimento, e uma
prova concreta desse cenário foi a construção de uma paragem de autocarro logo em
frente ao seu alçado principal.
Conclusão:
A questão que nos resta nesse momento é, se ao decorrer dos últimos séculos a
unidade e potencial do Jardim da Manga foi negligenciada, resultando no sentimento
atual de não pertencimento, quase que “engolido” pela sua envolvente, por que o
preservaram? Porque em meio a tantas demolições, do advento de pensamentos
como “demolir para construir” o mantiveram em um local de constante valorização
urbana?
Assim, é fato que o entendimento do que é patrimônio cultural é muito recente, e ainda
hoje não tão claro para todos. Portanto o problema que hoje enfrentamos na Baixa de
Coimbra é fruto de um cenário na época de pouca compreensão acerca do valor do
edificado e da pesquisa urbana do projeto.
Por fim, acreditamos que muito ainda pode ser feito no sentido de atribuir qualidade ao
edificado do mosteiro e sua envolvente, desde simples intervenções até intervenções
mais elaboradas, começando talvez pela retirada da paragem de autocarro.