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Ruy Ohtake

1938-2021, São Paulo, Brasil

Formado pela FAU – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo,


em 1960, o arquiteto Ruy Ohtake imprimiu uma linguagem própria em mais de 300 obras
realizadas no Brasil e no exterior. Em sua arquitetura, mesclava a pesquisa tecnológica,
atenta a nossa indústria de construção, com depurada e original plasticidade e considerava
que a arquitetura se completa com a obra construída. Graças a isso, a sua obra logra o
difícil êxito de ser a um só tempo autoral e sensível às nossas condições e necessidades.
Comprometido em realizar uma arquitetura brasileira contemporânea, tendo a inovação
como princípio, Ruy Ohtake conseguia colocar a sua marca em projetos para os mais
variados fins: obras públicas, escolas, cinemas, teatros, edifícios de apartamentos e de
escritórios e residências.

No Brasil conquistou, em 2007, o Colar de Ouro, maior condecoração do Instituto de


Arquitetos do Brasil. Recebeu os títulos de Professor Emérito da Faculdade de Arquitetura
de Santos e de Professor Honoris Causa da Universidade Braz Cubas. Seu reconhecimento
internacional já o levou a fazer parte do seleto grupo de arquitetos convidados do 20º
Congresso da União Internacional de Arquitetos (1999), em Pequim, ao lado de Jean
Nouvel e Tadao Ando, para proferir uma das principais conferências, na Assembléia do
Povo, que reuniu 6.000 arquitetos. Na comemoração dos 60 anos da FAU-USP, em 2008,
foi o arquiteto convidado a fazer uma exposição no grande espaço projetado por seu mestre
Vilanova Artigas. No design, Ruy Ohtake desenvolveu uma gama significativa de objetos,
incluindo três lavatórios para a Roca, pelos quais recebeu o prêmio Best of the Best Red
Dot, em 2019, em Essen, Alemanha.

Elogiado por Oscar Niemeyer por sua liberdade plástica, o desenho de Ruy Ohtake está
impresso em ruas e avenidas de importantes cidades brasileir
e no exterior.

Residência tomie ohtake


São paulo
Obra 1969 – 2001
Projeto 1993
área do terreno: 960 m²
área de construção: 540 m²

A obra tem várias particularidades: o terreno alarga-se ao fundo; é uma residência e


também um ateliê; depois de dezesseis anos, com a aquisição do terreno vizinho, teve
um acréscimo integrado harmonicamente ao projeto inicial (jantar, arquivo de pinturas e
gravuras, um pequeno ambiente de trabalho, um apartamento compacto e a ampliação
da cozinha).
A residência segue uma solução frequente em outros projetos do arquiteto: a
construção concentrada, num bloco só, com a cobertura única dando fluidez ao espaço
caracterizado por diferentes ambientações e por pequenos volumes fechados (os
dormitórios e os serviços).
Arquitetura: Ruy Ohtake e Adolfo Sato
Estrutura: Ruy Tone
Construtora: Nelson Vitorino
Premiação: Prêmio Anual IAB 1971
Prêmio: Carlos Millan, Melhor Conjunto e Projetos

Sobre a edificação:

Originalmente, o terreno ocupado pela casa era estreito e comprido, com um amplo
pátio lateral ao final, formando um “L”. A casa ocupa completamente a área linear do
terreno. A partir de uma série de vigas transversais a cada 1 metro e 20 centímetros
apoiadas nas paredes laterais, que criam um ambiente único, sem obstáculos, se
distribui livremente os ambientes da residência.
A casa ocupa toda a extensão linear enquanto que em sua lateral comporta-se um pátio.
Aberta a rua, a casa não possui em sua fachada portões que delimitam o que é público e o
que é privado. Pelo corredor principal chega-se a uma porta de vidro e painéis de cores
elementares que leva a um vestíbulo de recepção, antes de chegar às salas de jantar e
estar. O ambiente da sala é caracterizado pelas paredes em concreto aparente pintados de
azul, amarelo, vermelho ou branco, que demarca a copa e a cozinha, e, do lado oposto, os
dormitórios; pelas estantes e mobiliários fixos em concreto aparente; e pela mesa curva ao
centro do estar, que numa de suas extremidades recebe um nicho para a lareira, cuja
chaminé se apresenta como um volume quadrado que desce a partir da laje.

O acesso principal se dá lateralmente ao acesso de veículos, através de um corredor


ligeiramente elevado em relação ao nível da garagem. Ambos são completamente
abertos à rua; não existem portões que delimitam a fachada. Mas são protegidos pela
mesma laje e seu sistema de vigas transversais de concreto aparente.

As portas de acesso à casa estão recuadas em relação ao limite do terreno. Pelo lado
da garagem uma porta de tamanho usual leva à área de serviço. Já o corredor principal
chega a uma larga porta de vidro e painéis de cores elementais que leva a um vestíbulo
de recepção, antes de chegar aos salões de jantar e estar.

O ambiente dos salões é caracterizado pelas paredes de concreto aparente pintados de


azul, amarelo, vermelho ou branco, que delimitam a copa e a cozinha, e, do lado
oposto, os dormitórios; pelas estantes e mobiliários fixos em concreto aparente natural;
e pela mesa curva ao centro do estar, que numa de suas extremidades recebe um nicho
rebaixado para a lareira, cuja chaminé se apresenta como um volume quadrado que
desce a partir da laje, abarcando a lareira, porém distanciado dela.

Em sequência aos salões, num percurso fluido desde o vestíbulo, localiza-se o atelier
da artista seguido do dormitório principal, na extremidade do terreno. São separados do
estar e jantar por um volume de dormitórios e por um desnível descendente. Tais
dormitórios formam o único volume da residência que se desprende das paredes
perimetrais, solto ao meio dos salões, criando uma separação para o atelier. Alberga
dois dormitórios mínimos, explicitamente concebidos para o justo ato de dormir,
intercalados por um banheiro comum, também utilizado socialmente.
A partir do salão de estar, a casa se abre ao amplo pátio através de uma contínua
esquadria de metal e vidro, que se estende pelo atelier e pelo dormitório principal. Neste
exterior privado, é onde o arquiteto se esforça por criar o que poderia ser tido como a
fachada principal da residência. Criando um alpendre, um espaço sombreado para a
piscina, uma viga curva percorre dois muros limites do pátio. Dela se sobressaem duas
gárgulas de concreto, direcionando as águas das chuvas a dois poços circulares
protegidos por seixos. A fachada é, assim, retirada do seu contato com a rua para se
introverter no pátio privado.

Ampliação:
Em 1985 e 1997, respectivamente, a residência recebeu duas ampliações, incorporando
ao final os dois terrenos vizinhos, tornando o terreno retangular e expandindo a
residência a uma área de 736 metros quadrados. Das proposições construídas nas
ampliações, se ressalta a clarabóia do novo atelier, uma estrutura de tubos metálicos
protegida por vidro. As obras de arte de Tomie Ohtake soltas e espalhadas pela
residência, desde seu projeto original, parecem finalmente se integrar indissoluvelmente
à arquitetura.

Interior:
A supremacia cinza abre espaço para arroubos de ousadia. Além das peças de arte,
paredes diagonais e geométricas assumem tons vibrantes de azul e amarelo. Ali, é possível
também encontrar ícones do design, como a poltrona Diamond, de Harry Bertoya, e Mole,
de Sérgio Rodrigues. Ao chegar na cozinha, o projeto passa a incorporar paredes de
madeira e aço.

A construção brutalista de é uma verdadeira escultura de concreto, pensada para ter


espaços integrados e vazios, características das quais Tomie não abriria mão. A
imensidão monocromática foi pensada exatamente para realçar suas centenas de
obras de arte – naturalmente multicoloridas – e a mobília de belas curvas que
preenche os cômodos. O material também é responsável por uma porção de
interessantes estruturas internas, como bancos, vigas e prateleiras fixas. Do lado de
fora, as linhas minimalistas se estendem quase como um ser orgânico em direção
ao jardim exuberante, formado de espécies tropicais e uma boa coleção de
esculturas.
Ruy Ohtake, projetou para ela "uma espécie de manifesto que não fez qualquer concessão
às modas ou imposições do mercado".

Ateliê Tomie:
A propriedade também abriga o ateliê da artista, que ganhou atenção especial na hora do
projeto. Sobre ele, se abre uma enorme claraboia formada por uma escultural estrutura de
tubos de metal e vidro. Das janelas piso-teto é possível ver as enormes obras criadas por
ela e que ganham destaque ao serem banhadas pela luz abundante que entra ali.

Sites:

https://ohtake.com.br/arquitetura/residencia-tomie-ohtake/
https://www.archdaily.com.br/br/01-35414/classicos-da-arquitetura-residencia-tomie-ohtake-r
uy-ohtake
https://casavogue.globo.com/Interiores/casas/noticia/2015/02/o-lar-da-artista-tomie-ohtake.h
tml
https://www.nelsonkon.com.br/casa-tomie-ohtake/
https://prezi.com/p/8tsonnupvsh5/residencia-tomie-ohtake/

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