Explorar E-books
Categorias
Explorar Audiolivros
Categorias
Explorar Revistas
Categorias
Explorar Documentos
Categorias
ESTRUTURAS
DE
EDIFÍCIOS
Aníbal Costa
2012
1
Estruturas de Edifícios
2
Estruturas de Edifícios
ESTRUTURAS
DE
EDIFÍCIOS
Aníbal. Costa
2012
3
Estruturas de Edifícios
4
Estruturas de Edifícios
CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO
1.1 - Introdução
A construção civil em Portugal enferma de muitos vícios que o decorrer dos anos tem
vindo a agravar de uma forma perigosa. Com efeito, a generalidade dos intervenientes na
construção ainda não considera o projecto e a execução de um edifício como elementos
indispensáveis à realização de uma obra com qualidade.
O Engenheiro é normalmente visto, em obra, como um "tipo que faz uns riscos" e para
os quais não é normalmente necessário prestar grande atenção. É evidente que a tradição, até
cerca de 1900, diz-nos que sempre se construíram casas como se plantaram cebolas no
quintal, só que enquanto não apareceu o betão armado as casas eram construídas segundo
processos tradicionais, baseados no empirismo, em que as soluções eram baseadas nas
formas simples, os materiais empregues eram sempre os mesmos (pedra e madeira) e as casas
tradicionais portuguesas ainda hoje atestam essa boa construção.
A partir dos anos 50 do século XX, com o processo de migrações internas e externas,
com o aumento crescente do ritmo de construção foi necessário não só procurar novas
técnicas e processos de construção, até então não testados pela experiência, como ajustar a
construção aos gostos e formas cada vez mais bizarras que apareceram um pouco por toda a
parte. Por outro lado, a necessidade de grandes volumes de construção, em prazos
relativamente curtos, obriga a que a construção deva ser encarada como uma indústria e não
como um processo artesanal. Isto obriga também a que os intervenientes no processo e
nomeadamente os técnicos assumam os mesmos métodos de trabalho que se exigem a
qualquer outra indústria.
O projecto e a construção de um edifício, deve ser encarado nos dias de hoje, como a
resolução do problema posto pela satisfação das exigências dos utentes no desempenho de
5
Estruturas de Edifícios
determinadas funções para que o edifício é (ou deve ser concebido), (Canha da Piedade,
1995).
Durante o decorrer do trabalho poderá ser proporcionada uma visita de estudo a uma
obra, que esteja na fase de execução, para que se possa fazer uma confrontação de soluções e
permita aos alunos esclarecer aspectos práticos em que eles normalmente ainda estão muito
"verdes".
6
Estruturas de Edifícios
1.3 - Programa
1 - INTRODUÇÃO
.1 - Considerações Gerais
.2 - Objectivo e âmbito da Disciplina
2 - CONCEPÇÃO ESTRUTURAL
.1 - Considerações Gerais
.2 - Sistemas Estruturais
.3 - Diferentes Elementos Estruturais
.4 - Materiais de Construção
.5 - Critérios a Respeitar na Concepção de um Edifício
.6 - Objectivo de um Projecto de Estruturas
.7 - Patologias Possíveis Devidas a uma Má Concepção Estrutural
.8 - Exemplificação de Problemas Reais Ocorridos em Edifícios - Slides
.9 - Alguns Exemplos Práticos
.1 - Estados Limites
.1 - Estados Limites Últimos
.2 - Estados Limites de Utilização
.2 - Acções
.3 - Quantificação das Acções
.4 - Verificação da Segurança
.1 - Em Relação aos Estados Limites Últimos
.2 - Em relação aos Estados Limites de Utilização
4 - ACÇÃO DO VENTO
.1 - Introdução
.2 - Zonamento do Território
.3 - Rugosidade Aerodinâmica do Solo
.4 - Quantificação da Acção do Vento
.5 - Determinação dos Efeitos da Acção do Vento
.6 - Pressão Dinâmica do vento
.7 - Coeficientes de Forma
.1 - Coeficientes de Pressão em Edifícios
.8 - Exemplos
.1 - Introdução
.2 - Noções de Sismologia
.3 - Considerações Sobre Dinâmica de Estruturas
.1 - Equação de Equilíbrio Dinâmico
.2 - Vibração Livre sem Amortecimento
.3 - Vibração Livre com Amortecimento
.4 - Resposta de um Sismo com 1 gl a uma Acção Dinâmica
.5 - Espectro de Resposta
.6 - Espectro de Potência
.7 - Sistemas com n Graus de Liberdade
.1 - Método da Sobreposição Modal
.2 - Método de Rayleigh
7
Estruturas de Edifícios
.4 - Aspectos Regulamentares
.1 - Zonamento do território
.2 - Quantificação da Acção dos Sismos
.1 - Noções breves sobre Sismicidade da Zona e Acção Sísmica
.3 - Determinação dos Efeitos da Acção dos Sismos
.1 - Métodos Gerais e Exactos
.2 - Métodos Simplificados
.4 - Exemplos de Aplicação
6 - CONTRAVENTAMENTO DE EDIFÍCIOS
.1 - Pórticos
.2 - Paredes Resistentes
.3 - Sistemas Especiais
.4 - Centro de Torção
.5 - Distribuição de Forças Horizontais
.6 - Associação de Pórticos em Comboio
.7 - Programas de Cálculo
.1 - Dimensionamento de Lajes
.2 - Pré-dimensionamento
.1 - Pilares
.2 - Paredes
.3 - Vigas
.3 - Cálculo de Esforços
.1 - Apresentação do Programa TRICALC
.2 - Exemplos
.4 - Escadas
.5 - Fundações
.6 - Muros de Suporte
.7 - Rampas
.8 - Caixas de Elevadores
8
Estruturas de Edifícios
CAPÍTULO II
CONCEPÇÃO ESTRUTURAL
2.1 - Introdução
Ainda no início do século XX a grande generalidade dos edifícios, nomeadamente os não
industriais, não diferia muito das propostas normativas de Manuel da Maia para a
reconstrução Pombalina no final do século XVIII.
O século XIX traria como elemento inovador a estrutura metálica e esta aparecia, em regra,
em toda a sua nobreza, em grande número de edifícios industriais, pavilhões de grandes vãos
e pontes, embora a sua generalização se verificasse mais para a execução de coberturas.
Seria contudo o advento do betão armado, sentido entre nós por volta dos anos 10, do século
XX, e o rescaldo da 2ª guerra mundial na generalidade dos países da Europa, onde a carência
de recursos e a correspondente necessidade de se construir a um ritmo até então desconhecido
deu início à utilização decidida de novas tecnologias da construção - que traria até nós,
embora com certo atraso, uma diversificação das soluções estruturais utilizadas em edifícios.
Assim, na primeira metade do século verificou-se uma substituição progressiva das estruturas
resistentes de alvenaria pelas estruturas reticuladas de betão armado.
Pontualmente, iam-se realizando outros tipos de construções, alguns dos quais ocupam
actualmente lugar significativo - como por exemplo, as estruturas de pilares de betão armado
com lajes nervuradas vazadas nas duas direcções (correspondente à evolução das primitivas
lajes fungiformes), as estruturas metálicas com pavimentos de betão armado ou ainda os
vulgarizados sistemas de construção leve. Para uma descrição mais detalhada das soluções
estruturais existentes seria então interessante dispôr de uma classificação adequada. Tal
classificação dependerá, obviamente, dos critérios a adoptar e que, por exemplo, podem ser
tão distintos como o grau de industrialização ou o peso.
O primeiro destes critérios corresponde ao adoptado por Lewicki (1965) e referido por Trigo
(1978) dando lugar à classificação representada no Quadro 2.1.
9
Estruturas de Edifícios
Num critério quanto ao peso poderiam classificar-se as soluções como de estruturas leves,
semi-leves e pesadas. Crê-se todavia que o critério mais interessante será o de basear a
classificação na tipologia da estrutura resistente dos edifícios, (Canha da Piedade, 1995)
dando assim lugar à ordenação que se apresenta na Figura 2.1:
10
Estruturas de Edifícios
de betão denso
leve de inertes leves
"aerizado"
sem finos
Com base nessa classificação caracterizam-se adiante com algum detalhe as diferentes
soluções estruturais.
11
Estruturas de Edifícios
O nível de optimização depende muito das variáveis que são consideradas. Se só interessa
considerar a estrutura do edifício, então a solução óptima poderá reflectir uma estrutura
económica.
Por outro lado se no sistema estrutural só podemos seleccionar a estrutura de betão armado aí
o sistema económico poderá não ser fácil encontrar, já que esta poderá passar por um sistema
em estrutura de aço mista.
A concepção estrutural de um edifício alto, está muito associado ao local (Cidade, País,
Continente) onde o edifício irá ser construído, já que normalmente a altura do edifício
pressupõe uma planta com espaços amplos e abertos.
Deve-se selecionar, em função da altura do edifício, a solução estrutural que deverá ser
adotada. Esta escolha deve basear-se na experiência e conhecimento do projetista, tendo por
base o critério de economia definido anteriormente e como resultado um bom comportamento
estrutural do edifício, nomeadamente às ações horizontais.
Existe um conjunto de sistemas estruturais básicos que, quer isolados quer combinados,
proporcionam variadas possibilidades para a escolha da solução estrutural a adoptar em cada
caso (Vale e Azevedo, 1986).
12
Estruturas de Edifícios
A primeira finalidade dos edifícios é a sua resistência às acções verticais, sendo este o factor
que condiciona a escolha inicial de um sistema estrutural. A localização e distribuição em
planta dos pilares e paredes corresponde ao início da organização estrutural e
consequentemente à escolha de um outro sistema.
Este sistema tem larga aplicação e o seu emprego está normalmente apenas limitado pela
altura livre disponível entre pisos. Tem as vantagens de poder vencer grandes vãos, ser
facilmente adaptável quando da existência de grandes aberturas (escadas, elevadores,
equipamento mecânico, etc.), ser adaptável a qualquer tamanho e forma do edifício e tem
ainda a vantagem estrutural de conferir resistência às ações verticais e às ações horizontais.
Têm esta designação os sistemas formados por lajes contínuas armadas em duas direções e
apoiadas diretamente em pilares, podendo ser aligeiradas nas zonas centrais dos vãos.
Englobam-se neste grupo as lajes nervuradas, com a forma corrente de caixotões. A
resistência destes sistemas estruturais é frequentemente limitada pelo punçoamento nas
secções à volta dos pilares, pelo que se costuma tornar maciça esta zona. Trata-se por outro
lado de sistemas estruturais que não estão naturalmente vocacionados para resistirem às ações
horizontais, para o que se costumam criar bandas maciças nas zonas de ligação entre os
pilares. Têm o inconveniente de serem sistemas sensíveis à dimensão e localização de
aberturas e poderem estar sujeitos a deformações relativamente grandes.
13
Estruturas de Edifícios
Neste sistema utilizam-se lajes maciças, armadas numa só direção, apoiadas em paredes. Esta
é a solução adoptada para o emprego da chamada cofragem túnel, havendo no entanto o
problema da resolução da resistência e estabilidade da estrutura na direcção perpendicular às
paredes do túnel. Este sistema que utiliza, em geral, vãos pequenos é pouco flexível em
relação às exigências arquitetónicas.
Este sistema, conhecido na literatura como "staggered wall beams", é formado por lajes
maciças armadas numa só direção, que apoiam em vigas-parede alternadas, permitindo assim
obter com um vão estrutural (L) um espaço de vão livre de (2 L).
Correspondem, no fundo, às soluções mais comuns na generalidade dos edifícios até o início
do século e que ainda hoje continuam a ser utilizadas, um pouco por todo o país, nas
construções de pequeno porte.
São constituídas por paredes de alvenaria de pedra ou de blocos - podendo estes ser de betão,
denso ou leve, ou cerâmicos - cintadas por elementos de betão armado.
Julga-se ser um tipo de solução com capacidade competitiva para edifícios com pequenos
vãos e de um a três pisos, desde que se disponha de materiais com características mecânicas
adequadas para alvenarias resistentes. Ora é aqui precisamente que reside o principal
problema, porquanto a alvenaria de granito ou calcário implica custos elevados
(nomeadamente de mão de obra) e a qualidade dos produtos cerâmicos tem registado quebra
sensível, não se dispondo actualmente de tijolos furados que possam ser aceites em alvenaria
resistentes. Restam assim os blocos de que há produções cujas características mecânicas e
estabilidade dimensional se mantém dentro de limites perfeitamente aceitáveis.
14
Estruturas de Edifícios
Historicamente este foi o primeiro sistema utilizado para resistir às ações horizontais,
sobretudo em zonas de baixo risco sísmico.
As lajes dos pisos que se apoiam nas paredes, e conferem rigidez ao conjunto do edifício,
poderão ser betonadas em obra ou, serem realizadas a partir de elementos pré - fabricados
complementados em obra, com vigotas e blocos cerâmicos de cofragem, pranchas vazadas,
pré-lajes, etc...
Na Figura 2.2, apresenta-se um exemplo que traduz a realização deste tipo de solução.
Neste tipo de estrutura, muito comum entre nós, a sua resistência às ações horizontais provêm
das características de rigidez dos seus elementos estruturais, vigas e pilares, e da rigidez das
suas ligações. As estruturas reticuladas sob a ação de forças horizontais têm uma deformação
predominantemente por corte (Figura 2.3).
15
Estruturas de Edifícios
Com as primeiras, cofragens-túnel, que constituem a solução deste tipo mais generalizada
entre nós, realiza-se a betonagem simultânea de paredes e pavimentos permitindo um elevado
grau de industrialização, entendida esta como o resultado da introdução na construção de
acções de racionalização sistemática, e apelando a forte participação da mecanização.
Sendo o processo que permite uma industrialização mais potente é também o que mais
limitações fixa para a geometria da construção.
Nos edifícios com estrutura laminar, construídos com cofragem-túnel, é normalmente usual
dispôr as paredes transversalmente, ficando as fachadas por definir, e dando origem a
edifícios em banda.
Problema semelhante, até com dificuldade acrescidas, ocorre nas soluções que utilizam a
técnica das cofragens deslizantes para a execução das paredes dos edifícios. Esta técnica, que
se vem realizando com êxito nalguns países, preferindo-a mesmo à da cofragem-túnel (Trigo,
1978), tem sido, contudo, limitada entre nós, na construção de edifícios, à moldagem de
núcleos centrais, em geral os que comportam os acessos verticais dos edifícios, em soluções
estruturais híbridas.
16
Estruturas de Edifícios
É de boa norma não executar paredes com espessura inferior a 0,15 m, atendendo a que
quanto mais fina for a parede maiores serão as dificuldades de betonagem correcta podendo
exigir betões fluidos e com inertes de menores dimensões, não favorecendo uma resistência
apreciável nas primeiras idades do betão e protelando a desmoldagem para tempos que não
permitam um bom rendimento da cofragem.
Quanto a aspectos complementares há que atender, por um lado, à execução das fachadas e
elementos de compartimentação, e, por outro, à integração dos elementos de equipamento e
instalações nas paredes de betão.
No primeiro caso, tem-se observado entre nós as soluções mais diversificadas, com paredes
de fachada e de divisória realizadas por processos tradicionais, paredes de alvenaria de tijolo
ou blocos de betão, ou com paredes de fachada realizadas com painéis pré-fabricados
complementados em obra com dobragem interior por pano de alvenaria de betão leve,
idêntico ao das divisórias, ou ainda soluções pré-fabricadas quer para os painéis de fachada
quer para os da divisória, nuns casos provenientes da fábrica, noutros executados mesmo no
estaleiro da obra, etc...
Sendo obvia a vantagem da integração das redes das instalações, permitindo logo a sua
definição com a execução da estrutura (o que mostra também a necessidade de um projecto
cuidadosamente executado e coordenado entre todos os intervenientes), nalguns países tem-se
vindo a autorizar a incorporação de algumas (nomeadamente as canalizações de água) desde
que executadas com materiais de elevada durabilidade, aço "inox" ou cobre, ou ainda desde
que se prevejam "reservas" nos pavimentos e paredes para a sua colocação, reservas essas que
seriam posteriormente complementadas com argamassa de enchimento.
As paredes, designadas usualmente por "shear walls", podem-se definir como elementos
estruturais bidimensionais e verticais caracterizados pela sua pequena espessura relativamente
ao seu desenvolvimento. Para se garantir a resistência da estrutura é necessário dispor de
paredes em pelo menos duas direcções, geralmente ortogonais, visto que a rigidez transversal
deste elemento é pequena (Vale de Azevedo, 1986). As paredes podem ter diversas
disposições em planta constituindo paredes interiores, paredes exteriores ou núcleos (caixas
de escadas e de elevadores) (Figura 2.4).
17
Estruturas de Edifícios
Quando dois ou mais elementos de parede estão ligados entre si por elementos estruturais
relativamente flexíveis dão origem às chamadas "coupled shear walls" cujo comportamento
merece cuidados especiais.
A relativa falta de ductilidade das estruturas parede em betão armado tem limitado a sua
utilização em edifícios altos situados em zonas sísmicas. Esta limitação tem sido reduzida ou
através da adopção de técnicas e pormenores construtivos ou através da utilização do sistema
estrutural misto reticulado-parede.
18
Estruturas de Edifícios
Este sistema é o resultado da associação dos dois sistemas descritos anteriormente. Sob a
acção de forças horizontais esta estrutura assume um tipo de deformação intermédia entre a
deformação da estrutura reticulada e a da estrutura parede, havendo uma transferência de
forças horizontais entre os dois sistemas estruturais, como se pode ver na Figura 2.6.
Este sistema estrutural é constituído por um conjunto de pilares periféricos muito próximos
ligados por vigas muito rígidas. Em geral, estas estruturas têm planta rectangular com dois
planos verticais de simetria. Sob a acção de forças horizontais as estruturas em tubo, quando
não são perfuradas, tem um comportamento semelhante ao das estruturas parede. Contudo, a
ocorrência de aberturas nestes sistemas conduz a um comportamento intermédio entre as
estruturas reticuladas e as estruturas parede.
À medida que a estrutura cresce em altura torna-se necessário dispor de elementos estruturais
adicionais resistentes ao corte. Uma solução é a utilização do sistema tubo em tubo que
consiste em dispor de um tubo interior formado por paredes resistentes e um tubo exterior
formado pelo conjunto dos pilares periféricos (Figura 2.7). Este sistema combina as
vantagens da estrutura reticulada em tubo com as da estrutura parede. O tubo interior em
paredes resistentes aumenta significativamente as características de resistência da estrutura
reticulada do tubo exterior reduzindo a deformação por esforço transverso dos pilares. Outro
sistema utilizado por vezes para edifícios mais altos é o chamado tubo modular (Figura 2.7)
que permite atingir maiores alturas para o edifício, devido à maior resistência conferida para
as acções horizontais.
19
Estruturas de Edifícios
Este sistema estrutural é constituído por uma estrutura reticulada formada por pilares e vigas
contraventados com uma ou duas diagonais ou com um contraventamento em forma de X ou
K. É um sistema composto inteiramente de elementos estruturais lineares caracterizado pela
deformação axial dos elementos horizontais dos pisos e das diagonais. Este sistema tem
grande aplicação em edifícios em aço estrutural. A dificuldade de fazer as ligações em betão
armado, aliada às vantagens dos sistemas em estrutura parede, tem reduzido o uso desta
solução em edifícios de betão armado. O contraventamento pode ser feito interiormente ou
nas paredes exteriores.
Incluem-se dentro deste tipo de estruturas todas as que associam as soluções atrás referidas e
dentre as diversas combinações possíveis sobressaem:
ii) as constituídas por pilares e lajes fungiformes, maciças ou vazadas, e que podem
associar ainda elementos verticais de grande rigidez;
Das soluções atrás descritas apenas a segunda apresenta aspectos ainda não abordados nas
descrições realizadas em parágrafos anteriores pelo que se referirá adiante.
20
Estruturas de Edifícios
Trata-se duma solução que começa a ser frequente, particularmente em edifícios do sector
terciário, por permitir vencer vãos apreciáveis sob solicitações elevadas e com a vantagem de
garantir pé-direito livre constante a toda a superfície do pavimento.
Na sua forma mais corrente é executada com lajes nervuradas nas duas direcções e vazadas
com o recurso a moldes de plástico ou com blocos leves de cofragem perdida (ficando
incorporados no betão).
21
Estruturas de Edifícios
Como é evidente, muitas das soluções estruturais descritas, caiem fora do âmbito desta
disciplina e por isso iremos focar as estruturas reticuladas moldadas em obra que se trata da
solução hoje em dia mais generalizada entre nós na construção de edifícios, empregando
materiais e métodos de construção de custo e execução normalmente acessíveis em todas as
regiões de país.
No seu modo tradicional de execução tudo era inicialmente realizado em obra. Até o início
dos anos 60, do século XX, o elemento condicionante era, regra geral, o custo do aço e daí
que o estudo da estrutura residisse fundamentalmente na redução daquele. Com a evolução
dos salários para valores mais dignos - que a emigração então proporcionou - passaram a ter
bastante importância os outros aspectos observando-se assim a tendência para a utilização de
betões provenientes de centrais de fabrico - excepto no caso de grandes empreendimentos que
justificassem a existência de central de betonagem própria - para a normalização de
cofragens, com eventual recurso a industrialização, e para a normalização e pré-fabricação de
armaduras.
A solução estrutural que pode ser assimilada a um reticulado de peças lineares de betão
armado - as vigas e os pilares - é complementada com as lajes dos pisos que podem ser
também maciças de betão moldado em obra ou executadas a partir de vigotas pré-fabricadas e
blocos cerâmicos de cofragem - muito vulgar no Norte do país - ou ainda por pranchas
vazadas ou a partir de pré-lajes pré-fabricadas -e, eventualmente pré-esforçadas - sobre as
quais se betona em obra a lâmina de compressão.
A solução estrutural assim constituída tem como grande vantagem a de permitir uma grande
flexibilidade (em termos de uso) ao edifício - pois define-se apenas um "esqueleto" cujas
envolventes e compartimentação interior poderão ser modificadas durante a vida útil da
22
Estruturas de Edifícios
estrutura. Daí decorre também que represente uma pequena parcela do custo total da obra -
cerca de 1/4, do qual metade pode ser atribuível aos pavimentos, Quadro 2.2.
Na comparação de custos entre soluções estruturais diversas deve assim ter-se em conta este
aspecto, isto é, a maior versatilidade proporcionada há como contrapartida uma não
contribuição para a definição da envolvente e da compartimentação.
Nas figuras seguintes - Figuras 2.10 e 2.11 - apresentam-se alguns exemplos tradutores da
descrição acima realizada.
Fundações 3-5%
Coberturas 2-3%
Revestimentos e acabamentos 30 - 35 %
23
Estruturas de Edifícios
Na definição desta solução estrutural o engenheiro projectista tem um papel fundamental, que
deve ser iniciado logo no início do projecto. Assim, quando o arquitecto inicia o ante-projecto
ou mesmo o estudo prévio, deve ter o apoio do engenheiro, que vai definindo a solução
estrutural ao mesmo tempo, que o projecto evolui. Um projecto em que haja colaboração
mútua entre o arquitecto e o engenheiro resulta, normalmente, num bom projecto de
estruturas e de arquitectura.
Muitas das vezes, por razões várias, o engenheiro só entra no processo, quando o projecto de
arquitectura está licenciado. Hoje em dia, os projectos de especialidade dos edifícios, entre
eles o de estruturas, só são executados após a aprovação, por parte da Câmara do projecto de
arquitectura. Este facto leva a que muitas vezes, até por interesse dos requerentes, o
engenheiro projectista só entre no processo nesta fase. Esta situação levanta muitos problemas
na concepção estrutural, já que a grande maioria das vezes, muitas das regras fundamentais na
execução de um bom projecto estrutural, não podem ser respeitadas, já que existem
imposições arquitectónicas. Por exemplo é frequente a caixa de elevadores e a caixa de
escadas, que são elementos estruturais importantes na resistência às acções horizontais,
estarem situados em zonas não centrais da planta do edifício.
Por outro lado, a articulação entre as diversas plantas dos diferentes pisos em algumas
situações é extremamente complexa. Felizmente alguns arquitectos, mais experientes,
utilizam uma malha (3x3 ou 4x4) para a execução do projecto de arquitectura, prevendo a
utilização de pilares, nos pontos de intersecção, ao longo da altura do edifício.
Muitas vezes, e esta tendência tende a aumentar, as plantas dos diferentes pisos não
coincidem, aparecendo situações particulares nos diferentes pisos, por vezes devido ao
arranjo de fachadas, outras vezes devido à existência de recuados, que não têm
24
Estruturas de Edifícios
correspondência com paredes nos pisos inferiores, que dificultam a realização do projecto de
estruturas.
Por outro lado o projecto mais habitual é o de prédios com 4 a 8 pisos, de iniciativa de
privados ou de cooperativas, com tipologias construtivas perfeitamente definidas,
nomeadamente na zona norte, que na maioria das vezes condiciona a solução estrutural.
Dentro deste princípio, e porque será talvez a situação mais comum e a que gera mais
conflitos, no bom sentido da palavra, entre o arquitecto e o engenheiro, vamos analisar um
exemplo dum edifício de habitação e comércio, em que são apresentadas as plantas de
arquitectura para se executar o projecto de estruturas.
Neste ponto parece-nos importante clarificar o que se entende por um projecto de estruturas, e
que será exigido como trabalho a apresentar.
Um projecto de estruturas deverá conter uma parte escrita, composta por memória descritiva,
mapa de trabalhos, medições e orçamento e cadernos de encargos, e uma parte desenhada,
que compreende os desenhos de execução do projecto.
• planta de implantação;
• planta de fundações;
• cortes construtivos;
• quadro de lajes;
• mapa de pilares;
• quadro de vigas;
• pormenores.
25
Estruturas de Edifícios
As plantas estruturais devem ser designadas por pisos, ou seja num prédio de cave, rés do
chão e 5 andares, na arquitectura a planta de rés do chão é designada, normalmente por esse
nome, a designação no projecto de estruturas será a planta estrutural do 1º piso. Esta
designação é importante que se compreenda bem, para que na execução das plantas
estruturais não faltem elementos. Assim a planta estrutural do 1º piso corresponde à cobertura
da cave e ao piso do rés do chão, ou seja, a linha envolvente, os acessos, os buracos, as
varandas da planta estrutural são definidas pela planta do rés do chão; as implicações do
posicionamento dos pilares devem ser vistas na planta da cave. Portanto esta planta estrutural
corresponde a um corte feito por baixo da laje do 1º piso olhando para cima.
Nas plantas estruturais devem-se fazer cortes estruturais em zonas que possam levantar
dúvidas de interpretação, nomeadamente quando existem diferenças de níveis entre lajes, ou
outros pormenores relevantes. Esta pormenorização pode substituir os cortes construtivos que
servem para indicar o tipo de vigas (embebidas, invertidas ou aparentes) e outros pormenores
que interessa evidenciar e que serão diferentes de caso para caso.
26
Estruturas de Edifícios
27
Estruturas de Edifícios
Trata-se de um edifício com cave, rés do chão e cinco andares a realizar na Cidade da Trofa.
Os desenhos disponibilizados pelo arquitecto correspondem às plantas de arquitectura, cortes
e alçados, que estão representados nas Figuras 2.15 a 2.23.
28
Estruturas de Edifícios
29
Estruturas de Edifícios
30
Estruturas de Edifícios
31
Estruturas de Edifícios
Para a concepção de uma planta estrutural é indispensável uma boa compreensão do projecto
de arquitectura. Assim a primeira tarefa é olhar para as plantas com atenção, procurar
perceber as diferenças de níveis nos pisos, as irregularidades em altura, como por exemplo a
presença de corpos avançados ou de andares recuados. O contexto do corpo avançado é uma
consola que dá apoio a uma fachada do edifício. Deve-se ter em atenção a planta estrutural do
32
Estruturas de Edifícios
piso que realiza o rés do chão, que é normalmente diferente das outras, já que: tem diversas
entradas, que andam, muitas vezes, a níveis diferentes; tem as escadas de ligação da cave ao
rés do chão que, na maioria das vezes são diferentes das que realizam o acesso aos andares;
tem o acesso principal que anda a uma cota diferente do restante piso, etc.
33
Estruturas de Edifícios
Como é visível na Figura 2.25 um dos pilares está implantado fora da envolvente do rés do
chão, seria necessário passar o pilar para o alinhamento da fachada do rés do chão. Na Figura
2.26 apresenta-se a planta com o pilar no alinhamento da fachada do rés do chão, aliás na
posição que o arquitecto já tinha considerado. Nestes casos quando são pilares de fachada ou
exteriores é importante tentar respeitar os pilares previstos pelo arquitecto, ou dialogar com
ele se for necessário alterar a posição de um deles.
34
Estruturas de Edifícios
Nesta disciplina procura-se usar soluções construtivas tradicionais o que implica a utilização
de lajes aligeiradas e estrutura reticulada composta por vigas e pilares.
Com base neste critério, deve-se olhar para a planta de arquitectura e esboçar os alinhamentos
que vão permitir a realização de pórticos em cada uma das direcções. Neste ponto mais uma
vez a presença dos avançados deve ser encarada prioritariamente, já que este tipo de solução
arquitectónica induz péssimos comportamentos estruturais, que normalmente só podem ser
resolvidos ou pelo menos atenuados com uma solução estrutural adequada. Assim, no caso de
existirem avançados, os alinhamentos deverão ser definidos na direcção normal à fachada que
está avançada relativamente ao plano da estrutura. Ou seja, a consola deve ser resolvida com
vigas e não com lajes. Esta solução proporciona a utilização de elementos mais rígidos (vigas)
para atenuar as deformações em detrimento de elementos mais flexíveis (lajes) que são mais
deformáveis. Além disso a utilização de alinhamentos paralelos à fachada do avançado, induz
a utilização de vigas nessa direcção que ficariam no interior das divisões, o que acaba por
resultar numa má solução arquitectónica, que muitas vezes é resolvida com vigas embebidas,
que induzem um mau comportamento da fachada. Esta situação será novamente analisada
quando a planta estrutural do edifício estiver a ser definida nessa zona.
Na Figura 2.27 apresenta-se os alinhamentos onde poderão ser enquadrados pórticos e que
devem ser definidos ainda de uma forma provisória.
35
Estruturas de Edifícios
Figura 2.28 – Correcção de alguns alinhamentos dos pórticos nas duas direcções
36
Estruturas de Edifícios
O passo seguinte seria a introdução de mais alguns pilares de modo a ser possível o esboço de
alguns pórticos nas duas direcções que comecem a definir a malha estrutural. Na Figura 2.29
apresenta-se essa planta.
Figura 2.29 – Implantação de mais alguns pilares nos alinhamentos dos pórticos nas duas
direcções
Neste momento é fundamental começar a verificar o que se passa nos outros andares. Neste
exemplo merece referência especial os andares superiores, já que existe um recuado no 4º e 5º
piso, que poderá obrigar a um alinhamento de pilares na fachada desse recuado, sendo
importante analisar se algum dos alinhamentos esboçados serve para o efeito, ou se terá de ser
criado outro. Por outro lado deve-se verificar a implantação dos pilares na cave, já que as
vagas de garagem são elementos importantes a ter em conta no projecto estrutural. Muitas
vezes um pilar mal colocado pode pôr em causa vários lugares de garagem, ou mesmo a
circulação automóvel.
Apresentam-se nas Figuras 2.30 e 2.31 a sobreposição da planta de implantação dos pilares
com a planta de arquitectura dos andares superiores, 4º e 5º e com a planta de arquitectura da
cave.
37
Estruturas de Edifícios
Figura 2.30 – Sobreposição da planta com a implantação dos pilares com a planta de
arquitectura dos andares 4º e 5º
Figura 2.31 – Sobreposição da planta com a implantação dos pilares com a planta de
arquitectura da cave
Como se pode reparar a planta estrutural que estava a ser definida enferma de vários
problemas, de difícil resolução, já que quase todos os pilares centrais, aparecem nos andares
superiores em locais nada aconselháveis e por outro lado a fachada exterior do prédio, não
38
Estruturas de Edifícios
fica apoiada num pórtico mas sim a meio vão da laje, o que não é recomendável. Na cave, ao
nível das garagens os problemas são menores, com excepção de dois pilares que condicionam
o acesso às vigas situadas a seguir à caixa de elevador.
A fachada do prédio deverá apoiar num pórtico, pelo que os dois pórticos previstos para
realizarem o avançado deveriam ser substituídos por um que cumpre a mesma função e além
disso resolva também o avançado. A concordância entre os pisos é complicada e passaria por
procurar uma solução que satisfaça aos dois. Assim, deveriam ser dispensados alguns dos
pilares centrais e deslocados outros de modo a ajustar-se aos dois pisos. Na figura 2.32
apresenta-se uma nova planta com os ajustes referidos.
Na planta representada na Figura 2.32 ajustou-se o alinhamento entre os pilares P7 e P8, para
evitar que a viga aparecesse à vista no quarto e aproveitar o facto de a parede que fica nesse
alinhamento ser uma parede de 0.20m de espessura, o que permite esconder a viga, já que
neste caso se deve fazer a largura da viga igual à espessura da parede. Ajustou-se o
alinhamento entre os pilares P18 e P21 de modo a que este pórtico possa suportar a parede da
fachada exterior dos pisos de cima; o pilar P14 foi deslocado para o alinhamento da parede e
ajustou-se o pilar P15. Apresenta-se nas Figuras 2.33 a 2.36 esta planta estrutural sobreposta
às plantas de arquitectura, para se analisar outros eventuais problemas.
39
Estruturas de Edifícios
40
Estruturas de Edifícios
Da análise das plantas pode-se concluir que deveriam ser efectuados os seguintes ajustes:
• P22 pode ficar na posição definida pelo arquitecto. Equilibra o vão da viga no pórtico
P18 – P25;
• P20 deve ser deslocado na direcção do P21, para ficar na parede da sala e melhorar a
entrada na vaga de garagem na cave;
41
Estruturas de Edifícios
• P19 deveria ser puxado na direcção do P18 para não inviabilizar a vaga de garagem.
Ao mesmo tempo na planta do 4º e 5º andar resolve o problema da janela. No entanto
na planta do 1º ao 3º andar esta solução origina que o pilar fique situado na divisória
entre a cozinha e a marquise, a meio das divisões o que poderá dar origem a algumas
objecções por parte do arquitecto. Esta solução, que teria de ser avalizada pelo
arquitecto, levanta outro problema de difícil solução, que é a existência de uma viga
entre os pilares P19 e P20 a atravessar a sala nos apartamentos do 1º ao 3º andar;
• O pilar P16 levanta alguns problemas. Assim na planta do 4º e 5º andar fica em cima
de uma porta de um dos quartos. Esta poderia ser mudada, com a concordância do
arquitecto. Na cave deveria ser puxado na direcção do P17 para melhorar o acesso à
vaga da garagem;
• O pilar P15 deveria ser mudado no sentido contrário ao P14 para diminuir o vão da
viga embebida e para melhorar o acesso à vaga de garagem na planta da cave. No rés
do chão o pilar fica escondido na parede;
• O pilar P12 no rés do chão fica a meio da entrada principal. Ao ser puxado para um
dos lados, o vão da viga fica desequilibrado e normalmente estas vigas têm limitações
de altura devido às janelas, portas, caixa de estores e imposições arquitectónicas. Por
isso este pilar deveria ser substituído por outros dois convenientemente posicionados;
• O pilar P9 tem um problema parecido com o P12, a solução poderia ser semelhante,
mas a implantação de dois pilares no alinhamento dos que foram colocados do outro
lado, resolve a maior parte dos problemas referidos, mas inviabiliza o acesso às vagas
de garagem, já que fica no meio do corredor. Por isso optou-se por um só pilar, de
modo ao acesso ficar livre. Apesar de esta ser a melhor solução seria necessário mexer
a porta do estabelecimento do rés do chão;
• O pilar P25 deveria ser mudado para trás, no alinhamento do P24 . É conveniente que
em todos os pontos que há mudança de direcção a existência de um pilar. Neste caso
seria necessário dialogar com o arquitecto já que existe um pilar previsto no rés do
chão no lugar do P25. Em termos estruturais é preferível mexer no pilar.
Realizados os ajustes referidos apresenta-se a planta estrutural tipo, Figura 2.37 e a sua
sobreposição com as plantas de arquitectura, Figuras 2.38 a 2.41.
42
Estruturas de Edifícios
43
Estruturas de Edifícios
44
Estruturas de Edifícios
Definida a planta estrutural tipo, seria necessário percorrer as plantas uma a uma para se ver
as adaptações necessárias em cada piso.
A linha envolvente desta planta é muitas vezes um muro de suporte, que deverá ser assinalado
na planta.
A caixa de escadas é sempre a mesma em todos os pisos, situação que, como já se referiu, não
é habitual, estando muitas vezes a escada de acesso da garagem ao rés do chão situada fora da
caixa de escada de acesso do rés do chão aos andares.
45
Estruturas de Edifícios
que os pisos do lado (que é o caso presente, a zona mais alta localiza-se no patamar entre a
caixa de escadas e o elevador), mas outras vezes tal não se verifica, sendo necessário na
planta estrutural criar apoios (através de vigas ou até de pilares) no alinhamento das paredes
da entrada para realizar esse desnível.
Uma boa exposição, ainda que breve, dos aspectos da durabilidade relacionados com o
projecot, está contida no Model Code C.E.B.-F.I.P.90. Uma informação mais detalhada pode
ser obtida no Boletim de Informação nº 182 do C.E.B., para além de outros autores que se
têm dedicado a esse tema (ACI, 1975; CEB, 1989).
No Model Code C.E.B.90 são salientados os requisitos básicos do projecto a respeitar no que
se refere à durabilidade: “As estruturas de betão armado, devem ser projectadas, construídas e
utilizadas, de tal maneira que, debaixo da influência do meio ambiente previsto, mantenha as
suas condições de segurança, serviço e aparência aceitáveis durante um período de tempo
explícito ou implícito, sem requerer custos anormalmente altos de manutenção e reparação.”
Como é evidente, para que estes requisitos sejam postos em prática é indispensável que os
vários intervenientes no processo de construção tenham um papel importante. Assim é
necessário:
• o proprietário definir o uso do edifício assim como o período de vida útil que deseja
para o mesmo;
46
Estruturas de Edifícios
• a fiscalização deve controlar a construção alertando para problemas que possam surgir
na obra, muitas vezes por má interpretação do projecto por parte do construtor ou por
falta de elementos de projecto;
Como é evidente, a vida útil de um edifício está relacionada com o desejo do proprietário, que
pode exigir uma vida útil maior ou menor. Por outro lado, há estruturas que para as quais é
preciso prever uma vida útil superior aos 50 anos (barragens, pontes, hospitais, etc.) e outras
para as quais deveria ser previsto um período inferior (armazéns, obras provisórias, etc.).
Nestes casos as acções previstas no RSA não são aplicáveis.
47
Estruturas de Edifícios
avançados, com paredes exteriores suportadas por lajes em consola, relativamente esbeltas (±
15cm), que são resolvidas com grandes quantidades de armadura (ex: φ20//0.10) dá origem a
problemas futuros na construção que além de ser uma fonte de preocupações, são um factor a
afectar a durabilidade do edifício.
A qualidade dos materiais também tem piorado. Obter em obra um betão de qualidade
(muitas vezes um C20/25), é uma tarefa difícil nos dias correntes. A areia usada em obra é
normalmente muito suja, outras vezes é oriunda de pedreiras, saibrosas e não lavadas. A água
é uma mistura de vários produtos químicos e orgânicos com uma composição muito variada.
A sua quantidade é normalmente acima da recomendável (A/C=0,4). A própria qualidade do
cimento tem sido posta em causa em algumas obras, para além da tendência de se usar cada
vez menos quantidade de cimento por metro cúbico (de 1930 a 1980 houve um decréscimo de
30%) dado que, teoricamente, a qualidade do betão melhorou, (Calavera,1990).
• recobrimentos adequados;
48
Estruturas de Edifícios
O projectista deve ter sempre presente que os detalhes construtivos além de serem
importantes para o funcionamento dos diversos elementos estruturais, e de fazerem parte da
boa norma construtiva, são importantes para a durabilidade da estrutura. A colocação correcta
da armadura em obra, associada a um betão de qualidade, permite que o betão rodeie
completamente a armadura e a proteja de uma forma compacta se esta tiver sido
correctamente colocada.
Em casos especiais, deverão ser usadas soluções especiais para garantir a durabilidade do
edifício.
49
Estruturas de Edifícios
50
Estruturas de Edifícios
CAPÍTULO III
3.1 - Introdução
O RSA especifica os critérios gerais que devem ser respeitados na verificação da segurança
das estruturas, independentemente da natureza dos materiais que as constituem a partir da
classificação e quantificação dos diferentes tipos de acções que interessam ao
dimensionamento das estruturas de edifícios e pontes e das regras de combinação dessas
mesmas acções,.
A verificação da segurança é feita em termos de estados limites, isto é, estados a partir dos
quais se considera que a estrutura fica total ou parcialmente prejudicada na sua aptidão para
desempenhar as funções para que foi projectada.
Nos estados limites últimos, a simples ocorrência desse estado de comportamento estrutural
constitui uma situação limite, independentemente da sua duração; em contrapartida, os
estados limites de utilização estão em geral associados a uma determinada permanência, isto
é, um determinado estado de comportamento só constituirá situação limite caso se mantenha
instalado durante um certo tempo mínimo (ou a repetição da sua ocorrência ultrapasse
determinados limites).
Por isso que, para este último tipo de estados limites, são definidas diversas durações de
referência, em geral, de três ordens de grandeza:
- curta duração;
51
Estruturas de Edifícios
- longa duração.
52
Estruturas de Edifícios
Os edifícios são actuados por diversas acções simultâneas, mas que actuam continuamente e
outras de forma descontínua. Por isso, tendo em conta a sua variação no espaço (fixas ou
móveis), o seu modo de actuação (estáticas ou dinâmicas) ou as suas características de
variação no tempo, sendo este último tipo de classificação aquele que é definido no RSA.
São consideradas como permanentes as acções que actuam durante a quase totalidade do
período de vida da estrutura com um valor constante ou praticamente constante, assumindo
pequenas variações em torno do seu valor médio. Estão neste caso os pesos dos diversos
elementos estruturais e, em geral, os de outros elementos não estruturais, os pesos dos
equipamentos fixos, os impulsos de terras, certos casos de pressões hidrostáticas, os
pré-esforços e os efeitos da retracção do betão e dos assentamentos de apoios.
As acções variáveis são aquelas que assumem valores com variação significativa em torno do
seu valor médio durante a vida da estrutura. Estão neste caso as sobrecargas de utilização,
acções da neve, vento, sismos, das variações de temperatura e, em geral, as pressões
hidrostáticas.
53
Estruturas de Edifícios
pode, em geral, ser feita por meio de valores nominais estrategicamente escolhidos.
Consideram-se como acções de acidente as que resultam de causas tais como explosões,
choques de veículos e incêndios.
Um aspecto fundamental que permite destrinçar as acções variáveis das de acidente reside no
julgamento dos respectivos níveis de probabilidade de ocorrência, com intensidades
significativas, durante a vida de estruturas: às primeiras corresponderão probabilidades muito
próximas da unidade, isto é, a sua ocorrência no período referido é praticamente certa; às
segundas estão associadas probabilidades de ocorrência muito próximas de zero, isto é, será
extremamente improvável que actuem durante a vida da estrutura.
Isto justifica que a acção sísmica deva, em princípio, ser classificada como acção variável em
regiões de alta ou média sismicidade, podendo ser considerada como de acidente em regiões
em que a sismicidade seja extremamente reduzida.
Como é evidente, sempre que uma acção variável tenha alguma parcela que se possa manter
constante, durante o período de vida da estrutura, tal parcela poderá ser tratada como uma
acção permanente.
Se por outro lado, houver dúvidas, quanto à classificação da acção, entre acção permanente e
variável, ela deve ser classificada na forma que traz efeitos mais desfavoráveis para a
estrutura.
3.3.1 - Introdução
54
Estruturas de Edifícios
O valor característico de uma acção, Xk, é definido como sendo a intensidade da acção
correspondente ao quantilho de 0.95 da sua distribuição de probabilidade (ou ao quantilho
complementar, 0.05, dito valor característico inferior, no caso de acções com efeitos
favoráveis).
Nos casos correntes estas acções apresentam pequena variabilidade podendo, em geral, os
valores característicos, Gk, serem identificados com os respectivos valores médios, Gm.
Acções permanentes:
As acções permanentes devem figurar em todas as combinações e ser tomadas com os seus
valores característicos superiores ou inferiores, conforme for mais desfavorável; as acções
variáveis apenas devem figurar nas combinações quando os seus efeitos forem desfavoráveis
para a estrutura.
A quantificação destas acções pode ser efectuada a partir dos pesos específicos médios,
apresentam-se nos quadros seguintes os valores desses pesos para diferentes materiais que
interessam à construção. Estes quadros foram obtidos por cópia directa das Tabelas Técnicas
(Farinha, 1988).
55
Estruturas de Edifícios
56
Estruturas de Edifícios
57
Estruturas de Edifícios
palha em fardos ........................................ --- 2.8 nitrato de sódio ...................................... 10.7-13.5 12.0
resinas ...................................................... --- 10.7 nitrato de potássio .................................. --- 11.0
tabaco ....................................................... --- 3.5 óleo de lubrificação ............................... 9-9.3 9.2
trigo .......................................................... 7-8.5 7.0 papel ...................................................... 7-11.5 11
vinagre ...................................................... --- 10.1 pó de pedra ............................................ 13-15 15
vinho ........................................................ --- 9.6 pólvora ................................................... --- 9
porcelana ............................................... 23-25 24
X - Produtos diversos sabão ...................................................... --- 9.8
açúcar ....................................................... --- 7.5 sal .......................................................... --- 12.5
aglomerado de cortiça .............................. 1.3-1.5 1.4 sarradura de madeira ............................. 1.0-2.2 2.0
aglomerado de fibra de madeira com sulfato de amónio .................................. --- 9.5
cimento ..................................................... 4.5-6.5 6.5 sulfato de cobre ..................................... --- 22.7
água de esgotos ........................................ --- 10.60 sulfato de potássio ................................. --- 12.8
água destilada ........................................... --- 10.00 super-fosfato .......................................... 10-12 11.0
água do mar .............................................. --- 10.30 vidro em chapa ...................................... 24-27 25
água potável ............................................. --- 10.05
aguarrás .................................................... --- 8.06 XI - Solos
aguardente ................................................ --- 9.5 areão seco .............................................. 13-15 15
alcatrão de hulha ...................................... 11-12 11.5 areão húmido ......................................... 14-16 16
álcool ........................................................ --- 8.0 areão molhado ....................................... 15-17 17
amianto ..................................................... 21-28 --- areia seca ............................................... --- 16
aparas de madeira, apertadas .................... 1-1.4 1.3 areia húmida .......................................... --- 18
asfalto ....................................................... 12.5-14 12.5 areia encharcada .................................... --- 20
azulejos .................................................... 15-16.5 16 argila seca .............................................. 15-17 16
betume ...................................................... 11-15 13 argila húmida ......................................... 15-18 18
borracha ................................................... --- 18 argila molhada ....................................... 16.5-20 19
cerveja ...................................................... 10.2-10.4 10.3 argila magra, arenosa ............................. --- 18
cinzas ....................................................... 5.6-6.2 --- burgau seco ............................................ --- 15
coiro ......................................................... 8.5-10 --- burgau húmido ...................................... --- 16
detritos de obras ....................................... --- 14 calhau anguloso ..................................... --- 17
diatomite em pó ........................................ --- 7.7 calhau rolado ......................................... --- 18
diatomite .................................................. --- 13 pedra partida seca .................................. --- 18
enxofre ..................................................... --- 27 pedra partida húmida ............................. --- 16
escórias e cinzas de coque ........................ 6-8.5 7 terra arenosa seca ................................... --- 17
escórias de carvão (jorra) ......................... 7-10 10 terra arenosa húmida ............................. --- 17.5
escórias de altos fornos, fragmentadas ..... 12-17 15 terra argilosa seca .................................. --- 16
escórias de altos fornos, granuladas ......... 5-14 10 terra argilosa húmida ............................. --- 18
fibrocimento ............................................. 17-21 19 terra argilosa molhada ........................... --- 20
gelo ........................................................... 8-9.2 9.2 terras fortes (argilas misturadas com
glicerina .................................................... --- 13.0 areia e burgau) secas .............................. 16-18 17
guano ........................................................ 8.5-11.0 10 terras fortes (argilas misturadas com
lã de vidro ................................................ 0.6-1.6 1.2 areia e burgau) húmidas ........................ 17-19 18
lã animal ................................................... --- 13 terras fortes (argilas misturadas com
leite ........................................................... 10.1-10.3 10.3 areia e burgau) molhadas ....................... 18-20 19
linóleo ...................................................... 11-13 12 terra vegetal seca ................................... 14-16 15
macadame ................................................ 24-27 25 terra vegetal húmida .............................. 15-17 16
mel ........................................................... --- 14.5 terra vegetal molhada ............................. 16-18 17
melaço ...................................................... 14-15 14.5 terrenos encharcados ou pantanosos ...... 11-14 ---
mosto ........................................................ --- 11.0
neve (recém-caída) ................................... 0.8-1.9 1.2
58
Estruturas de Edifícios
59
Estruturas de Edifícios
(1) Os valores médios que se indicam variam consoante o tipo de pavimento e o fabricante, devendo consultar-se os
respectivos catálogos para cada caso particular dos tipos de mercado actual.
60
Estruturas de Edifícios
largura ................................. 1.44 - 1.82 com as cargas distribuídas pelas rodas da maneira
a seguir indicada
altura ................................... 1.48 - 1.76
61
Estruturas de Edifícios
62
Estruturas de Edifícios
63
Estruturas de Edifícios
64
Estruturas de Edifícios
65
Estruturas de Edifícios
(*) O processo simplificado referido pressupõe que os pavimentos possuem capacidade de distribuição de cargas, o que é o
caso, por exemplo, de lajes maciças ou lajes aligeiradas nervuradas nas duas direcções.
Como já se viu, no caso de acções variáveis são também definidos determinados valores,
ditos valores reduzidos, relacionados com os valores característicos através do coeficiente ψ.
66
Estruturas de Edifícios
Em certos casos haverá ainda que definir outros valores reduzidos - valores raros - através de
coeficientes ψ adequados, naturalmente superiores a ψ1; em geral e por simplificação,
identificam-se os valores raros com os próprios valores característicos Xk, isto é,
consideram-se que os correspondentes coeficientes ψ podem ser tomados iguais à unidade.
67
Estruturas de Edifícios
ordem do "período de vida da estrutura") que por tal razão pode ser designado por valor
característico principal.
Os valores reduzidos das sobrecargas a considerar nas varandas são em geral iguais aos
valores reduzidos das sobrecargas correspondentes ao compartimento contíguo e devem ser
considerados uniformemente distribuídos em toda a superfície.
Os valores característicos das sobrecargas a considerar nos acessos, tais como escadas,
rampas, galerias, átrios e corredores, devem ser iguais aos valores adoptados para os
pavimentos a que dão serventia, havendo que respeitar em todos os casos, excepto nos átrios
e corredores do interior das habitações os seguintes valores mínimos:
Os valores reduzidos das sobrecargas em acessos devem, em geral, ser obtidos através de
valores dos coeficientes ψ iguais aos adoptados para definir os valores reduzidos das
sobrecargas nos comprimentos a que dão serventia.
Em guardas e parapeitos de edifícios deve considerar-se, aplicada na sua parte superior, uma
força horizontal uniformemente distribuída com os valores característicos:
68
Estruturas de Edifícios
Para representar a acção das variações da temperatura ambiente sobre as estruturas, considerar
actuando nestas, dois tipos de variações de temperatura: uniformes e diferenciais.
S d ≤ Rd (3.1)
69
Estruturas de Edifícios
em que
Quanto aos valores de cálculo dos esforços actuantes, no caso usual de se poder considerar
linear a relação entre as acções e os respectivos esforços (e no caso usual de se fazer a
verificação do lado do efeito das acções) estes devem ser obtidos pelas seguintes regras de
combinação
Combinações fundamentais
Em geral
m n
S d = ∑ γ gi S Gik + γ q S Qsk + ∑ψ oj S Qjk (3.2)
i =1 j=2
Combinações acidentais
m n
Sd = ∑ SGik + SFa + ∑ ψ 2 j SQjk (3.4)
i =1 j =1
Nestas expressões SGik , SQ1k , SQjk e SEk representam os valores dos esforços devidos,
respectivamente, aos valores característicos das acções permanentes, das acções variáveis de
base, das restantes acções variáveis (excepto a sísmica) e da acção sísmica, representando-se
por SFa o esforço devido à acção de acidente quantificada por um valor nominal
convenientemente escolhido.
70
Estruturas de Edifícios
Estrutura de edifícios para sobrecarga variável Q Sd = 1.5 (SGk + SQk + 0.4Swk + 0.6 STk)
utilização privada ou
colectiva com vento W Sd = 1.5 (SGk + Swk + 0.4SQk + 0.6 STk)
possibilidade de elevada
ou de muito elevada temperatura T Sd = 1.5 [SGk + STk + 0.4(Swk + 0.6 Swk)]
concentração de pessoas sismo E Sd = 1.0 (SGk + 0.2SSk) + 1.5SEk
Estrutura de edifícios sem sobrecarga variável Q Sd = 1.5 (SGk + SQk + 0.4Swk + 0.6 STk)
concentração especial ou
de média concentração de vento W Sd = 1.5 (SGk + Swk + 0.7SQk + 0.6 STk)
pessoas
temperatura T Sd = 1.5 [SGk + STk + 0.7SQk + 0.4 Swk)
Estas verificações são, em geral, efectuadas em termos dos parâmetros que definem os
estados limites (flecha, largura de fenda, etc.) e adoptando, salvo indicação em contrário,
valores unitários para os coeficientes de segurança, γ, não só nos relativos às acções mas
também nos relativos às propriedades dos materiais.
A condição de segurança exprime-se verificando que os valores dos parâmetros que definem
os estados limites são iguais ou superiores aos obtidos a partir das combinações de acções de
acordo com as seguintes regras:
71
Estruturas de Edifícios
72
Estruturas de Edifícios
CAPÍTULO IV
PRÉ - DIMENSIONAMENTO
4.1 - Introdução
O dimensionamento estrutural é feito recorrendo a programas de cálculo estrutural, que se
baseiam, a grande maioria, no comportamento elástico dos materiais. Para proceder a essa
análise é necessário conhecer antecipadamente as secções transversais dos diversos elementos
estruturais, nomeadamente dos pilares e das vigas.
Assim, antes de se proceder ao cálculo dos esforços que servirão de base ao dimensionamento
das armaduras é necessário efectuar um pré-dimensionamento dos elementos estruturais.
4.2 - Pilares
As dimensões dos pilares são estimadas a partir do valor da carga axial, a qual pode ser
rapidamente estimada, embora a presença de momentos nos pilares cause um aumento da área
determinada com base na carga axial.
Os esforços resistentes são calculados a partir da soma dos esforços resistentes de cada um
dos materiais, aço e betão.
73
Estruturas de Edifícios
Onde:
Nrdb = 0.85 fcd Ac (4.3)
Nrda = fsyd As (4.4)
Considerando ρ = As / Ac = 1 % (esta percentagem deve variar entre 0.7 a 1.5 %, para que a
tensão de compressão no betão não seja elevada e consequentemente a durabilidade da
estrutura seja a adequada), teremos:
Que por sua vez é igual a Nrd = (0.85 fcd +0.01 fsyd) Ac (4.6)
O valor (0.85 fcd +0.01 fsyd), é uma tensão, que depende das características dos materiais a
usar, betão e aço. No Quadro 4.1 apresenta-se o valor dessa tensão, em função das várias
combinações possíveis de materiais, correntemente usados na construção de edifícios.
Material Tensão
Betão Aço σ=0.85 fcd +0.01 fsyd
C15/20 A235 11.135
C15/20 A400 12.575
C15/20 A500 13.445
C20/25 A235 13.345
C20/25 A400 14.785
C20/25 A500 15.655
C25/30 A235 16.235
C25/30 A400 17.675
C25/30 A500 18.545
O valor dos esforços actuantes, Nsd, pode ser obtido através da seguinte expressão:
Nsd= 10 . Ai . γs . n . fp (4.7)
em que:
10 – representa o valor médio das cargas permanentes e da sobrecarga a actuar por m2 de laje
(tendo em conta o peso próprio das vigas e dos pilares);
Ai – área de influência de cada pilar i;
γs - factor de majoração (= 1.5);
74
Estruturas de Edifícios
A variação do esforço normal ao longo da altura do edifício é importante, dado que este
cresce de uma forma regular desde a parte superior do prédio até à parte inferior. A variação
do momento flector ao longo da altura do edifício é muito pequena. Por isso, a influência dos
momentos, comparada com a das cargas axiais, é maior nos andares superiores do que nos
inferiores. Como se referiu o pré-dimensionamento é feito só atendendo ao esforço normal,
desprezando-se a presença do momento flector. O valor de fp, pretende ter em conta a
importância que o momento flector pode ter no pré-dimensionamento. É portanto, um factor
que deverá ser maior quando maior for a importância do momento flector em relação ao
esforço normal. Assim nos pisos superiores este valor deverá ser maior do que nos pisos
inferiores e nos pilares extremos também deverá ser maior do que nos pilares interiores.
É habitual considerar-se para fp os valores de 1.5; 1.3 e 1.1, consoante a posição que os
pilares ocupam em planta e em altura. Assim, para pilares situados na parte de cima do
edifício, usa-se o valor de fp =1.5, para pilares extremos e fp =1.3 para pilares interiores. Se o
pilar está situado na parte de baixo do edifício (normalmente considera-se a parte de baixo,
como a correspondente à parte abaixo da meia altura do edifício) o valor de fp deve ser
tomado igual a 1.3 para os pilares extremos e 1.1 para os pilares interiores.
Logo
Ac = Nsd/ σ (4.9)
Definida a área, Ac, do pilar começa-se a definir as secções do pilar ao longo da altura do
edifício. É habitual começar-se a definir a secção do pilar ao nível do 1º andar, já que é
normalmente neste piso que as dimensões são mais condicionantes, atendendo à presença das
divisórias.
Para o edifício de cave, rés do chão e 5 andares referido no capítulo II, foram definidas as
plantas estruturais para cada um dos pisos. Na Figura 4.1 apresenta-se a planta estrutural tipo
desse edifício.
75
Estruturas de Edifícios
O pré-dimensionamento dos pilares deste edifício será iniciado pela definição das áreas de
influência de cada um dos pilares. Na Figura 4.2 apresenta-se a planta estrutural do piso tipo
com a indicação dessas áreas.
No Quadro 4.2 apresenta-se a área da secção, obtida a partir da expressão 9, para os pilares
P4, P10 e P22
Figura 4.2 - Planta com a indicação das áreas de influência dos pilares
76
Estruturas de Edifícios
• Pilar P4
No piso 1, entre a cave e o rés do chão, o pilar encontra-se englobado no muro de suporte. É
boa política considerar um muro de suporte com 30 cm de espessura e prever um pilar a
mergulhar no muro ao nível do rés do chão (ver Figura 2.15 do capítulo II). No rés do chão
teria uma secção de 35x30 e no piso seguinte uma secção de 30x30cm2. Esta secção deveria
manter-se inalterável até à cobertura, dado que é a secção que consideramos mínima para
pilares de edifícios.
• Pilar P10
Na cave a secção seria 30x70 (2100 cm2). Normalmente nestas situações procura-se ver qual
a dimensão que é necessária ao nível do 1º andar, correspondente ao 3º piso. Esta zona, que
77
Estruturas de Edifícios
normalmente é uma zona habitacional, pode condicionar as dimensões dos pilares. Nestes
casos como é um pilar de fachada a dimensão transversal à fachada seria, normalmente
condicionada pelo arquitecto. Adoptando 30 cm teríamos nesse piso 30x55 cm2. Para os pisos
superiores a redução de 10 cm, na dimensão maior, por piso, é normalmente compensada pela
diminuição do esforço normal. Portanto, em resumo, teríamos as seguintes dimensões para o
pilar P10: 30x70; 30x65; 30x55; 30x45; 30x35; 30x30; 30x30.
• Pilar P22
Este pilar é central e nestes casos a dimensão que poderá condicionar é a que respeita ao 1º
andar. Assim poderia ser conveniente que o pilar nesse piso tivesse uma dimensão de 20 cm
para ficar escondido na parede. Neste caso teríamos que o pilar deveria ter uma dimensão
transversal de 20x75. Normalmente, somos conduzidos nos pisos inferiores a 25x75 e 30x75.
Quando a dimensão menor é de 20 cm deve-se aumentar ou diminuir 5 cm à dimensão
transversal. Em resumo a dimensão deste pilar seria: 30x75; 25x75; 20x75; 20x65; 20x55;
20x45; 20x40. A dimensão 20x40 é a dimensão mínima a usar em pilares estruturais de
edifícios.
4.3 - Vigas
As secções transversais mais correntes são a rectangular, em T e em L, Figura 4.3.
A secção rectangular pode ser designada, conforme a sua ligação com a laje, do seguinte
modo: viga aparente, Figura 4.4; viga embebida, Figura 4.5, viga invertida, Figura 4.6.
78
Estruturas de Edifícios
Estas secções são as mais usadas no projecto de estruturas de edifícios e são definidas na fase
de concepção.
Assim, a viga aparente é a secção mais corrente e é adoptada de uma forma generalizada,
sendo preterida quando fica à vista nas divisões interiores dos apartamentos.
A viga embebida tem vindo a ser cada vez mais usada na construção, por várias razões:
• pode tomar qualquer posição em planta dado que é embebida na laje, podendo ser
enviezada;
• é mais económica, dado que a cofragem é muito simples. Hoje em dia os carpinteiros
de cofragem escasseiam e os que há são muito bem pagos;
No entanto esta viga deverá ser usada para vencer vãos limitados, aconselhando-se a sua
utilização até vãos máximos de 5.0 a 5.5 metros.
Normalmente a utilização deste tipo de vigas, para vãos maiores, obriga a lajes mais espessas.
A ligação destas vigas à laje deve ser realizada do modo que se representa na Figura 4.7. A
armadura de momentos negativos na laje é importante, devendo-se exigir sempre a sua
aplicação, principalmente nestas situações.
79
Estruturas de Edifícios
É habitual nas obras partirem as vigotas para que o aço entre na viga. Este hábito deve ser
contrariado, dado que a operação de partir a vigota pode afectar o pré-esforço da mesma.
Algumas empresas de vigas de pré – esforço fornecem vigotas já preparadas para serem
usadas nas vigas embebidas, o aço de pré – esforço já vem da fábrica saliente em relação à
vigota, sendo esta a melhor solução para ser usada em obra.
A viga invertida é usada em situações particulares devendo a ligação da laje à viga ser
efectuada do mesmo modo que se referiu para a viga embebida.
No caso de estruturas de edifícios as secções das vigas são condicionadas de dois modos:
• razões arquitectónias
• razões estruturais
Assim a grande maioria das vigas de fachada são normalmente condicionadas por razões
arquitectónicas. A largura é condicionada pela espessura da parede e por razões relacionadas
com o comportamento térmico do edifício (deixando espaço para as forras do tijolo). A altura
depende do tipo de solução que está definida para os vãos das janelas e portas. Quando se
utiliza caixa de estores é necessário ver a altura da viga de modo que o resto da altura fique
disponível para a caixa de estores (28 a 30 cm), mais a altura da janela (1.0 a 1.05) e mais a
altura do parapeito (1.0 a 1.05), Figura 4.8. Se não se utiliza estores a altura vem
80
Estruturas de Edifícios
No caso de estruturas de edifícios, as secções das vigas são geralmente condicionadas pelos
momentos negativos e esforços transversos na zona dos apoios, onde a sua secção efectiva é
rectangular.
81
Estruturas de Edifícios
As vigas no interior do edifício e nas fachadas cegas são condicionadas por razões estruturais,
embora a largura possa ser muitas vezes condicionada pela arquitectura (largura igual à
espessura da parede).
• estabilidade ao fogo;
A altura da secção deve ser obtida em função do momento solicitante. A obtenção desta altura
deve ser feita para um valor do momento reduzido (µ) entre os 0.15 e 0.25.
M
Como µ = 2 sd = 0.20
bd f cd
O momento flector deve ser obtido a partir da acção actuante majorada, (acção transmitida
pela laje + peso próprio +peso de paredes directamente aplicadas) e do próprio vão, fazendo:
p.l 2
M sd =
12
l
h=
O peso próprio da viga deve ser estimado fazendo 10 . Esta relação deve estar sempre
presente no prédimensionamento, sendo a altura da viga dada por esta relação um bom
indicador para vigas interiores que suportem lajes dos dois lados com vãos em torno dos 4.50
82
Estruturas de Edifícios
a 5.0m. Se os vãos forem menores ou se a viga só recebe carga de um dos lados então a altura
poderá baixar cerca de 5cm, se os vaões da laje forem maiores deve-se aumentar 5cm.
A altura útil, h, é obtida a partir da altura útil, d, somando a esta o recobrimento, que
normalmente tem valores entre os 3 a 4 cm.
83
Estruturas de Edifícios
4.4 - Lajes
Lajes aligeiradas são lajes constituídas por nervuras dispostas numa só ou em duas direcções
ortogonais, solidarizadas por uma lajeta, podendo conter blocos de cofragem incorporados
entre as nervuras. Estas lajes oferecem a vantagem de um pequeno peso próprio para uma
grande espessura. Neste tipo de estruturas, os esforços actuantes são determinados como se
tratasse de lajes e os esforços resistentes como se tratasse de um conjunto de vigas em T,
(Figueiras, 1995).
84
Estruturas de Edifícios
As lajes habitualmente usadas na construção no Norte do País são as lajes aligeiradas. Por
outro lado entende-se que no âmbito desta disciplina não faz sentido abordar outro tipo de
lajes, já que há disciplinas onde esta matéria é devidamente abordada.
No mercado existe muitos tipo de lajes aligeiradas e estas são comercializadas nos mais
diversos locais e por um grande número de pessoas. É recomendável que sejam tomadas
algumas cautelas com o tipo e qualidade de lajes que muitas vezes são fornecidas nas obras,
nomeadamente em empreitadas não devidamente fiscalizadas, que infelizmente ainda
abundam muito por esse país fora.
Hoje em dia a grande maioria das empresas fornece um programa de cálculo, que a partir de
alguns dados de entrada, fornece o tipo de laje a usar, tarugos, armadura de distribuição e a
flecha máxima instalada.
iii) vão;
A altura da laje é dos parâmetros mais importantes no bom comportamento deste tipo de
estruturas. Assim, é preciso ter algum cuidado nas espessuras das lajes que muitas vezes
aparecem em obra, nomeadamente em lajes de cobertura.
l
A espessura mínima das lajes deve ser sempre superior a h ≥ . O recobrimento neste tipo
25
de lajes varia entre os 3 a 5 cm.
A acção nas lajes varia entre os 7.5 kN/m2 e os 8 kN/m2. Sendo este valor obtido da seguinte
forma:
i) peso próprio da laje 3 a 3.5 kN/m2
85
Estruturas de Edifícios
Neste tipo de lajes deverá ser sempre prevista uma armadura de momentos negativos, de
acordo com a Figura 4.11.
86
Estruturas de Edifícios
CAPÍTULO V
ACÇÕES HORIZONTAIS
5.1 – Introdução
A consideração das acções horizontais no dimensionamento de edifícios reveste-se de grande
importância. Durante muitos anos verificava-se que a maior parte dos edifícios,
principalmente na zona Norte do País, eram só dimensionados para as acções verticais. Com a
entrada em vigor (1983) da nova regulamentação nacional (Regulamento de SegurançaSA,
REBAP) e com a obrigatoriedade de se considerar a acção dos sismos em todo o território
nacional, o meio técnico sentiu necessidade de "aprender" a dimensionar às acções
horizontais. Por outro lado, a inclusão nas disciplinas da licenciatura em Engenharia Civil da
Dinâmica de Estruturas e o tratamento das acções horizontais noutras, levou a que os novos
licenciados considerassem as forças horizontais no dimensionamento. A acrescentar a estes
factos, o aparecimento nos últimos anos de programas de cálculo automático comerciais,
onde a consideração da acção do vento e do sismo é feita de modo automático leva a que no
presente a generalidade dos edifícios sejam dimensionadas tendo em conta as acções do
horizontais.
Aliás, tem-se verificado que uma boa parte das estruturas que tem sofrido acidentes não têm
uma adequada capacidade resistente às acções horizontais, tendo sido exclusivamente
dimensionadas para as acções verticais.
A construção de edifícios com bom comportamento às acções horizontais, implica que estas
sejam convenientemente caracterizadas, que se conceba uma estrutura adequada, que a
determinação dos seus efeitos seja feita através de métodos apropriados, que se proceda a um
dimensionamento correcto, acompanhado de aspectos construtivos convenientes e finalmente
uma execução cuidada. Todas estas considerações garantem aos edifícios uma segurança
adicional.
As acções horizontais mais correntes são as devidas ao vento, sismos, impulsos de terras,
frenagem e explosões. Existem ainda outras acções que produzem efeitos semelhantes aos das
87
Estruturas de Edifícios
Segundo o RSA art. 20º e 21º a caracterização da acção do vento depende da zona que se
considera e da correspondente rugosidade do solo. Assim para efeito da quantificação da
acção do vento, o país é dividido em duas zonas, Quadro 5.1.
O Regulamento salvaguarda ainda que os locais que à partida se situariam na zona A, mas
cujas condições de orografia determinam exposição ao vento desfavorável (ex: vales,
estuários) devem considerar-se como pertencentes à zona B.
A divisão do território nas duas zonas referidas foi feita com base na análise de registos
meteorológicos existentes. Tal análise permitiu atribuir àquelas zonas, para a mesma
probabilidade de ocorrência, intensidades de vento diferentes.
88
Estruturas de Edifícios
Para atender à variação da acção do vento com a altura acima do solo, o Regulamento
considera dois tipos de rugosidade aerodinâmica do solo, Quadro 5.2.
No caso de estruturas identicamente solicitadas pelo vento qualquer que seja o rumo deste
(ex: estruturas com simetria de revolução ou estruturas cuja resistência nas diversas direcções
seja proporcionada às acções do vento que nessas direcções se exerçam), os valores
característicos da velocidade devem ser majorados pelo factor 1,3 .
Para os casos correntes, o Regulamento admite que a determinação dos esforços devidos ao
vento pode efectuar-se supondo aplicadas às superfícies forças estáticas que resultam da
multiplicação da pressão dinâmica do vento por coeficientes de pressão adequados à
construção em causa. Contudo, esta simplificação não conduz a resultados satisfatórios para
estruturas com frequências próprias de vibração muito baixas (inferiores a 0,5 Hz). Nestes
casos deverá recorrer-se a meios analíticos que contemplem as características geométricas e
dinâmicas da estrutura e sua interacção com o escoamento ar.
89
Estruturas de Edifícios
A pressão dinâmica do vento poderá então calcular-se de acordo com a seguinte expressão:
w= 0,613 . v2 (5.3)
Para a zona B, os valores característicos da pressão dinâmica a considerar devem ser obtidos
multiplicando por 1,2 os valores indicados para a zona A.
No caso de estruturas identicamente solicitadas pelo vento qualquer que seja o rumo deste
(ex: estruturas com simetria de revolução ou estruturas cuja resistência nas diversas direcções
seja proporcionada às acções do vento que nessas direcções se exerçam), os valores
característicos da pressão dinâmica obtidos pela expressão anterior devem multiplicar-se pelo
factor 1,3.
A Figura 5.1 ilustra a variação da pressão dinâmica, wk com a altura acima do solo.
90
Estruturas de Edifícios
Figura 5.1 - Valores característicos da pressão dinâmica do vento em função da altura acima
do solo
p = δp . w (5.4)
Na Figura 5.2 são apresentados os valores do coeficiente de pressão exterior, δpe, para os
casos, mais frequentes, de edifícios de planta rectangular.
91
Estruturas de Edifícios
92
Estruturas de Edifícios
Para o estudo da vibração de sistemas estruturais é necessário fazer uso de alguns conceitos
relativos à resposta de sistemas de um grau de liberdade (1gl) que são aplicáveis a sistemas
com muitos graus de liberdade (ngl) como é o caso das estruturas de edifícios pelo que é
essencial passar em revista alguns conceitos básicos da análise dinâmica.
O pórtico de um piso, Figura 5.4, pode ser representado aproximadamente por um sistema
semelhante ao da Figura 5.3, em que a massa na extremidade da consola será quantificada a
partir do peso do andar do pórtico, tomado igual ao valor valor médio das cargas permanentes
e ao valor quase permanente das cargas variáveis vezes a área do piso e a rigidez será a soma
das rigidez de cada pilar, considerado encastrado nas duas extremidades e sujeito a uma só
componente do deslocamento, correspondente ao deslocamento do piso. Esta simplificação é
idealizada dado que na Engenharia Sísmica os pisos são considerados como diafragamas
indeformáveis no seu plano, ou seja são elementos com rigidez infinita (Pozo, 1991).
93
Estruturas de Edifícios
Esta equação corresponde a uma equação diferencial de segunda ordem com coeficientes
constantes. A solução desta equação, ou seja a resposta do sistema, é a variação de u com o
tempo. Esta pode ser obtida como a soma da solução geral da equação homogénea (segundo
membro nulo) e qualquer solução particular da equação completa. As constantes de
integração determinam-se impondo as condições iniciais (deslocamento e velocidade) na
origem do tempo.
94
Estruturas de Edifícios
Quando a força F(t) é igual a zero estamos perante o caso de vibração livre. Esta pode
produzir-se devido a certas condições iniciais (t=0) impostas ao sistema que resultam – apesar
de não haver força excitadora – num impulso inicial que se traduz numa vibração.
A equação de movimento é neste caso uma equação homogénea cuja solução corresponde à
solução geral da equação diferencial.
95
Estruturas de Edifícios
Como já se referiu a solução da equação de movimento consta de duas partes: a solução geral
que corresponde à solução homogénea, ou seja a vibração livre, que vimos no ponto anterior;
mais a solução particular, up – que é qualquer solução que satisfaça a equação diferencial – e
que em geral corresponde a uma que tem a mesma forma matemática que a função
excitadora:
u = u p + A sen wt + B cos wt (5.12)
Uma forma conveniente de tornar adimensional a resposta consiste em expressar esta através
de um factor de amplificação dinâmico, D, que representa o quociente entre a resposta e o
deslocamento estático ou seja:
D = u/uest (5.14)
A acção dos sismos traduz-se por um conjunto de movimentos ug(t) que o solo impõe às
fundações das estruturas provocando deste modo um movimento vibratório.
Como se pode observar na Figura 5.8 o deslocamento da massa é representado por duas
parcelas: deslocamento do solo mais deslocamento em relação ao solo
96
Estruturas de Edifícios
ut = u + ug (5.15)
Esta equação é idêntica à expressão 5.2 onde F(t) foi substituído por − Mu&&g .
É interessante analisar os casos limites, da variação de rigidez dos sistemas de 1gl. Assim
para sistemas muito flexíveis (frequências baixas) o solo alcançará o deslocamento máximo
antes que a massa tenha tempo de reagir e por conseguinte o deslocamento relativo máximo
será igual ao máximo deslocamento da base. A aceleração máxima da massa será muito
pequena comparada com a aceleração da base.
Por outro lado, para sistemas muito rígidos, a massa simplesmente segue a base resultando
uma aceleração máxima da massa igual à da base e o deslocamento relativo é praticamente
zero.
97
Estruturas de Edifícios
5.3.6- Amortecimento
Até agora ignoramos a presença do amortecimento na resposta das estruturas. A maioria das
estruturas apresentam um amortecimento pequeno. O seu efeito não é importante para
respostas de curta duração, ou seja quando a resposta máxima ocorre em um ou dois ciclos de
vibração. Para respostas de longa duração o amortecimento pode ser extremamente
importante, sendo este o caso da acção sísmica.
Onde
K
w= e wa = w 1 − ξ 2 (5.20)
M
O valor de ξ deve ser sempre inferior a 1, para que exista vibração (ou seja para que wa tenha
um valor real na equação 5.20).
98
Estruturas de Edifícios
A resposta a uma perturbação inicial deixa de ser a que vimos na Figura 5.6 para passar a ser
representada pela Figura 5.9, em que o movimento harmónico é agora multiplicado por uma
É este tipo de sistemas que nos interessa considerar na acção dos sismos.
Figura 5.10 – Ciclos histeréticos devidos ao comportamento não linear das estruturas
Para quantificar a intensidade dos sismos sentidos numa dada região têm sido estabelecidas
várias escalas.
99
Estruturas de Edifícios
A noção de magnitude foi introduzida por Richter em 1935 e definida como o logaritmo
decimal da amplitude máxima do movimento sísmico, expressa em mícrons, dada por um
sismógrafo de torção colocado a 100 km do foco do sismo.
A noção de intensidade está ligada à aceleração ou seja aos efeitos do sismo nos diferentes
locais, sendo portanto qualitativa e baseada (sobretudo em relatos de pessoas), no
comportamento das construções e nos efeitos sobre a natureza.
100
Estruturas de Edifícios
• I - O sismo passa despercebido à maior parte das pessoas, sendo detectado pelos
sismógrafos.
• II - O sismo é sentido por pessoas em repouso, especialmente nos pisos superiores dos
edifícios altos (oscilação de objectos suspensos).
• III - As oscilações são claramente perceptíveis no interior das habitações mas muitas
pessoas não as identificam como sismo. Não há quaisquer estragos materiais.
• V - O sismo é claramente perceptível como tal tanto no exterior como no interior das
habitações, onde se partem algumas loiças e vidros e as portas batem fortemente;
abrem fendas nos estuques.
• VII - O sismo produz danos ligeiros nos edifícios de boa construção danos médios nos
edifícios de alvenaria corrente e danos consideráveis nos edifícios de má construção.
• X - O sismo destrói a maior parte dos grandes edifícios de alvenaria, uma parte dos
edifícios de estrutura de betão armado e alguns edifícios ligeiros de madeira.
A acção sísmica que resulta de um terramoto quantifica-se através do registo das acelerações
que se produzem no terreno. Por sua vez esse terreno serve de fundação aos edifícios que nele
apoiam e por consequência vão estar sujeitos aos mesmos movimentos do terreno.
101
Estruturas de Edifícios
Figura 5.12 – Mapa de delimitação das zonas sísmicas no território continental (RSA, 1983)
102
Estruturas de Edifícios
Valores do coeficiente de
sismicidade
Zona sísmica α
A 1.0
B 0.7
C 0.5
D 0.3
Em Portugal, segundo o RSA, os sismos são classificados como sismos afastados (sismo do
tipo 2) - com epicentro mo mar, a grande distância focal e de grande magnitude - e em sismos
próximos (sismo tipo 1) – com epicentro em terra, pequena distância focal e de magnitude
moderada. Estes sismos que podem ter como origem movimentos entre as placas tectónicas
(sismo tipo 2) ou fracturas no interior do território (sismo tipo 1), têm características muito
diferentes. De referir que no caso dos Açores, os sismos caracterizam-se por serem sismos
próximos, mas a sua génese é devida a movimentos entre placas e a fracturas no interior das
ilhas. Assim o sismo do tipo 2 caracteriza-se por ter uma grande distância focal, uma duração
maior, normalmente acima dos 30 segundos, uma frequência predominante baixa, em torno
de 1 Hz e uma componente vertical pouco importante em comparação com a horizontal
enquanto o sismo próximo se caracteriza por ter uma pequena distância focal, uma
componente vertical importante, chega a ser da ordem de grandeza da componente horizontal,
uma pequena duração, entre os 7 e os 14 segundos, e uma frequência predominante alta, entre
os 3 e os 3.5 Hz.
103
Estruturas de Edifícios
e que por isso dão origem às acções sísmicas que se designam por intraplacas. Às primeiras
correspondem sismos de magnitude elevada, pois na vizinhança da separação das placas há
maior potencial de acumulação de energia, com maior duração e predominância de baixas
frequências. Às segundas correspondem sismos de menor magnitude, menor duração e
predominância de frequências mais elevadas. Em geral não é possível prever à priori qual dos
dois tipos de acção provoca maiores acelerações do solo em cada local. Tal deve-se ao facto
de apesar dos sismos interplacas terem maior magnitude, como a fonte está mais afastada das
zonas habitadas, há mais espaço para as ondas atenuarem. O Anexo Nacional do Eurocódigo
8 contempla no continente português dois zonamentos diferenciados para caracterizar as
acções sísmicas intraplaca e interplaca, que se apresentam nas Figuras 5.13 e 5.14.
Zonas Zonas
1.1 2.1
1.2 2.2
1.3 2.3
1.4 2.4
1.5 2.5
Figura 5.13 - Acção sísmica Tipo 1 Figura 5.14 - Acção sísmica Tipo 2
(interplacas) (intraplacas)
No que se refere ao zonamento para a acção sísmica interplacas, como as principais fontes
sísmicas estão localizadas na zona sul do território e como a amplitude das ondas sísmicas
atenua com a distância, no norte do país as acelerações do solo provocadas pelos sismos são
menores. Daí o zonamento previsto, em que os valores da acção sísmica para as diferentes
zonas variam em função de um parâmetro, a aceleração horizontal máxima na rocha ag, que
assume os valores mais elevados na região oeste do Algarve e diminui do sul para o norte do
pais.
104
Estruturas de Edifícios
Como se pode verificar há uma alteração na designação dos sismos entre o EC8 e o RSA, ou
seja segundo o EC8 os sismos referidos no RSA como sismos afastados são designados como
sismos próximos (intraplacas), correspondente à acção sísmica tipo II e os sismos próximos
são designados como sismos afastados (simos interplacas), que correspondem à acção sísmica
tipo I.
Recordemos que os edifícios têm frequências de vibração próprias, que podem ser mais ou
menos excitadas pelo sismo em função da energia que este contêm na banda de frequências
do edifício. Nestas situações poderemos ter fenómenos de ressonância, e o factor de
amplificação dinâmica, D, pode tomar valores relativamente elevados, ver Figura 5.15. A
ressonânica surge quando a frequência de excitação (we) tem valores coincidentes com a
frequência própria da estrutura. Na Figura 5.15, r, corresponde à razão das frequências, ou
seja r = we/w.
Figura 5.15 – Relação entre a razão das frequências e o factor de amplificação dinâmica
A natureza do terreno onde está fundado o edifício tem uma importância muito grande na
resposta da estrutura. Assim, o RSA, considera os seguintes tipos de terreno: Tipo I – Rochas
e solos coerentes rijos; Tipo II – Solos coerentes muito duros, duros e de consistência média e
105
Estruturas de Edifícios
solos incoerentes compactos; Tipo III – solos coerentes moles e muito moles e solos
incoerentes soltos.
No EC8 o tipo de terreno é definido no Quadro 3.1 do EC8 (EN 1998-1:2004), em função de
parâmetros geotécnicos objectivos, tais como o nº de pancadas no ensaio SPT (NSPT), a
velocidade de propagação das ondas de corte no solo (vs,30) e a coesão não-drenada (cu) no
caso de solos argilosos. Os cinco tipos de terrenos configuram a seguinte diferenciação,
conforme descrita no referido quadro, ver Quadro 5.4, com base na versão inglesa:
106
Estruturas de Edifícios
Na Figura 5.16 apresenta-se um espectro de resposta, extraído do RSA, para um terreno tipo I
e para uma acção sísmica tipo 1. Gráficos deste tipo, que são designados por espectros de
resposta, neste caso de acelerações, constituem um processo de caracterizar a acção dos
sismos já que fornecem uma medida dos efeitos que um dado sismo produz em sistemas de
um grau de liberdade.
107
Estruturas de Edifícios
0 ≤ T ≤ TB : T
S e (T ) = a g ⋅ S ⋅ 1 + ⋅ (η ⋅ β 0 − 1)
TB
TB ≤ T ≤ TC : S e (T ) = a g ⋅ S ⋅η ⋅β 0
TC ≤ T ≤ TD : T
S e (T ) = a g ⋅ S⋅η ⋅β 0⋅ C
T
TD ≤ T : T T
S e (T ) = a g ⋅ S⋅η ⋅β 0⋅ C 2D
T
Onde:
Se (T )
- é o valor do espectro de resposta elástico em aceleração
ag
- é a aceleração de projecto em rocha (terreno tipo A), já definida
S - é o factor do terreno
η = 10 /( 5 + ξ ) ≥ 0 . 55 :
é o factor de correcção do amortecimento, com valor
unitário para 5% de amortecimento
108
Estruturas de Edifícios
Verificando que este valor corresponde com uma grande aproximação à máxima aceleração
que se designará por Sa (w, §) resultando que
o que quer dizer que pode obter-se o espectro de resposta de deslocamentos a partir do
conhecimento do espectro de resposta de resposta de acelerações e vice-versa.
109
Estruturas de Edifícios
Os sistemas com mais do que um grau de liberdade tem mais do que um modo de vibração
em movimento livre, existindo, de facto, tantos modos de vibração quantos os graus de
liberdade que se consideram na caracterização da estrutura. Assim, a análise da resposta
precisa em princípio de incluir a influência dos vários modos de vibração resultando por isso
N incógnitas, as quais podem ser determinadas resolvendo um sistema de N equações
diferenciais. Pode no entanto mostrar-se que para as estruturas planas correntes existe um
modo de vibração que contribui decisivamente para a resposta da estrutura sendo a
contribuição dos outros desprezável. Neste caso o problema resume-se a determinação do 1º
modo de vibração, ou modo fundamental da estrutura.
Os deslocamentos de cada andar que podem ser calculados usando os métodos correntes da
análise estática, correspondem aos valores máximos que se verificam no movimento livre de
frequência w da estrutura. A variação ao longo do tempo do deslocamento de um andar é
assim:
d i (t ) = d i cos wt (5.26)
110
Estruturas de Edifícios
d i (t ) = d i w sen wt (5.27)
atingindo o seu máximo valor quando sen wt = 1 ou seja quando os deslocamentos são nulos
e portanto nula a correspondente energia de deformação.
Deste modo a máxima energia de deformação Epmax e a máxima energia cinética Ecmax podem
ser calculadas facilmente
E p max = ΣFi d i / 2 (5.28)
E p max = Σmi (wd i ) / 2
2
(5.29)
e portanto
ΣFi d i = mi (wd i )
2
(5.30)
ΣFi d i
w= g ou (5.31)
ΣFi d i2
1 ΣFi d i
f = g (5.32)
2π ΣFi d i2
Por outro lado e partindo da mesma expressão que exprime a variação ao longo do tempo do
deslocamento de um andar
d i (t ) = d i cos wt (5.33)
Podemos encarar estas forças como resultantes da aplicação às massas da estrutura de uma
aceleração g, já que fi = mig. Se em vez de g tivermos uma aceleração Sa, que se obtem dos
espectros de aceleração regulamentares para o valor de frequência f da estrutura, a
correspondente força de inércia será:
Sa
f in = mi w 2 d i (5.36)
g
111
Estruturas de Edifícios
O cálculo da estrutura para estas forças fornece a resposta à acção sísmica. Como se verá nos
aspectos regulamentares para se obterem os esforços finais é necessário dividir os esforços
resultantes deste cálculo por um coeficiente de comportamento.
O Regulamento de Segurança e Acções refere-se à acção dos sismos a partir do art. 28º
fornecendo, nomeadamente, elementos para se proceder à determinação dos efeitos dos
sismos nas estruturas através de uma análise estática ou dinâmica.
Como vimos a acção do sismo a considerar depende da zona e do tipo de terreno e para cada
zona e tipo de terreno há ainda que considerar duas acções sísmicas: acção sísmica tipo 1 e a
acção sísmica tipo 2. Sendo este um coeficiente de natureza essencialmente física, que num
âmbito de um processo de verificação da segurança, permite corrigir os valores obtidos numa
análise linear, transformando-os nos valores que se obteriam numa análise não linear, Figura
5.19.
112
Estruturas de Edifícios
No RSA. são incluídos elementos que permitem que a análise possa ser efectuada através de
uma gama de métodos que vão desde os mais gerais e exactos até aos mais simplificados.
Este corresponde ao caso em que mais nos podemos aproximar da realidade sendo no entanto,
e por enquanto, de grande dificuldade a inclusão na análise dos aspectos não-lineares, quer
pela incerteza na definição nos modelos da análise não-linear quer pelo acréscimo da
complexidade que advém nos métodos de análise.
No entanto verifica-se que a inclusão dos efeitos não-lineares a par da aceitação que para a
acção dos sismos se possam verificar danos estruturais e custos de reparação mais elevados,
desde que se assegure a não ocorrência de colapso origina um dimensionamento
substancialmente mais económico. Assim, desde que a estrutura tenha uma certa ductilidade,
ou seja, desde que seja capaz de se deformar para além dos seus limites elásticos, sem grande
diminuição de resistência e rigidez, parte da energia que a acção dinâmica lhe transmite é
dissipada por um processo histerético. Conforme se reduz à capacidade resistente da secção
assim se equilibram os efeitos da mesma acção sísmica com menores esforços na estrutura
embora com uma cada vez maior incursão nos domínios não-lineares.
113
Estruturas de Edifícios
Este método tem a sua aplicação limitada a certas situações como se apresentará no ponto
seguinte.
v) Método de recurso.
Em qualquer caso o RSA. impõe um limite inferior para o efeito da acção dos sismos a
considerar. Este limite é definido em termos da máxima força de reacção horizontal, R (θ), da
estrutura na direcção θ. Sendo P o peso da estrutura e R o menor valor que R (θ) assume o
valor do coeficiente ∂ = R/P tem que ser maior que 0.04 α. Se for ∂ < 0.04α os resultados da
análise devem ser multiplicados por 0.04α/∂ . Existe também um limite superior que pode ser
usado quando a estrutura apresentar certa ductilidade. Assim se ∂ > 0.16 α, nestes casos, os
esforços resultantes da análise podem ser divididos por ∂/0.16α.
As massas a considerar são definidas no art. 30º do RSA. como sendo as que correspondem
ao valor médio das cargas permanentes e ao valor quase permanente das cargas variáveis.
As estruturas em que pode usar-se o método simplificado da análise estática devem obedecer
às seguintes quatro condições.
A distância entre o centro de rigidez e da massa deve ser inferior a 0.15 a e a 0.15 b como se
mostra na Figura 5.20.
114
Estruturas de Edifícios
Define-se o centro de rigidez de um piso como o ponto em que a aplicação de uma força
horizontal origina deslocamentos tais que não se verifique rotação. A determinação
simplificada do centro de rigidez pode ser feita considerando dois sistemas de forças
proporcionais à inércia dos elementos verticais e determinando a linha de acção das
correspondentes resultantes. O ponto de intersecção destas duas linhas de acção define o
centro de rigidez, ver Figura 5.21.
ii) A distribuição vertical da massa e da rigidez não deve apresentar grandes variações.
115
Estruturas de Edifícios
De um modo geral esta condição é verificada desde que a frequência fundamental seja maior
que 0.5Hz ou 8/nHz em que n é o número de andares. Observa-se ainda que neste caso, e
desde que se verifique a condição ii), devem obter-se deslocamentos relativos entre dois pisos
inferiores a 1.5% da distância entre os referidos nós o que, de acordo com o ponto 30.6 do
RSA., dispensa a consideração da instabilidade de conjunto da estrutura.
Se estas condições se verificaram pode ser plicado o método estático. Neste método
simplificado a acção do sismo é quantificada através do coeficiente sísmico.
β = αβ 0 / η (5.37)
116
Estruturas de Edifícios
• f = 6b/h - em paredes
Estas forças devem ser aplicadas com uma excentricidade de e1i ou e2i conforme for mais
desfavorável para o elemento que se analisa, Figura 5.23.
Quando há simetria e distribuição uniforme de rigidez em planta a torção pode ser atendida
multiplicando os esforços obtidos, sem consideração da torção, por
Estes processos de considerar a torção estão incluídos no RSA nos artigos referentes
ao método simplificado da análise estática, no entanto, deverão ser igualmente usados quando
se proceder a uma análise dinâmica com modelos planos.
Os valores reduzidos da acção dos sismos são nulos (incluindo o valor raro).
117
Estruturas de Edifícios
Seja o edifício a construir no Porto, cuja planta estrutural, esquemática, se apresenta na Figura
5.24. Os pórticos são todos iguais, apresentando-se um deles na Figura 5.25.
118
Estruturas de Edifícios
Os valores que se consideraram para acção gravítica foram de 416.67 kN por piso,
correspondendo este valor aproximadamente a:
Pesos próprios estruturas das vigas e pilares (para os pilares foi admitido o valor médio)
0.15 × 25 × 20 × 15 = 1125 kN
2.1 × 15 × 20 = 630 kN
0.2 × 2 × 15 × 20 = 120 kN
GiT = 2500kN
Como temos 6 pórticos na direcção em que estamos a considerar a acção do sismo, teremos:
GiT 2500
Gi = = = 416 ,67 kN
6 6
ΣGi
FKi = β ⋅ hi ⋅ H i
Σhi Gi
119
Estruturas de Edifícios
α
β = β0 ⋅
1. η
onde:
0. 3
β = 0.245 × = 0.0294
2. 5
Σ Gi 8G1 8
= =
2. Σhi Gi (3 + 6 + 9 + 12 + 15 + 18 + 21 + 24 )G1 108
8
Fk1 = 0.0294 × 3.0 × 416.67 × = 0.907 × 3.0 = 2.72 kN
108
Fk2 = 6.0 × 0.907 = 5.44 kN
Fk3 = 9.0 × 0.907 = 8.16 kN
Fk4 = 10.88 kN
Fk5 = 13.61kN
Fk6 = 16.33kN
Fk7 = 19.04 kN
Fk8 = 21.77 kN
Como se viu anteriormente o peso por andar é igual a 416.67 kN. Se considerarmos estas
forças como acções horizontais actuando ao nível de cada andar obtém-se o vector de
deslocamentos:
120
Estruturas de Edifícios
28.4313 1.000
26.4656 0.931
22.8280 0.803
19.5627 0.688
φ = φ =
~ 15.3329 ~ 0.539
11.3767 0.400
6.7956 0.239
2.6726 0.094
normalizando
Σd i = 133.4654
Σd i
r= = 0.0471537
Σd i2
Σd i2 = 2830.4337
1
f = 980 × 0.0471537 = 1.082 Hz
2π
sismicidade teremos a
S = 2.37 x0.3 = 0.711m/s 2
Sa
f in = mi w 2 d i
A forca sísmica será dada pela expressão 5.32 ( g )
121
Estruturas de Edifícios
28.4313
26.4656
22.8280
19.5627
15.3329
11.3767
0.711 6.7956
f in = 42.517 x(2π 1.082) 2 2.6726
9. 8
40.527 16.21
37.73 15.09
32.54 13.02
27.89 11.16
f in = f in =
~ 21.86 ~ 8.74
16.22 6.49
9.69 3.88
3.81 1.52
(kN) atendendo ao coef. de comportamento (kN)
f = K .z
Os deslocamentos ao nível de andar devem ser obtidos a partir de , mas as forças a
considerar devem ser as forças não divididas pelo coeficiente de comportamento, já que,
como se referiu anteriormente, o valor do coeficiente de comportamento em deslocamentos é
igual a 1.
0.021
0.0192
0.0166
0.0142
z =
~ 0.0111
0.00826
0.00493
0.00194
(m)
− Corte basal:
R = 76.11 kN
122
Estruturas de Edifícios
0. 6 x
§= 1+
a
Para o exemplo que se está a tratar obtinha-se os seguintes valores, para os pórticos extremos
(P1), pórticos intermédios (P2) e pórticos centrais (P3), tomando como valores de referência
os obtidos pelo método de Rayleigh.
O exemplo apresentado é o caso de uma estrutura simétrica em relação ao plano que contém a
acção sísmica e os seus elementos resistentes estão uniformemente distribuídos, tendo-se
considerado uma certa torção dada pela expressão regulamentar, expressa na equação 35 e
que pretende cobrir assimetrias devidas a comportamento não linear e a movimentos de
rotação do solo durante o sismo.
123
Estruturas de Edifícios
As acções horizontais que solicitam um edifício são aplicadas essencialmente ao nível das
lajes de piso. A pressão do vento por exemplo, exerce-se contra as fachadas que se apoiam
lateralmente contra as lajes. Da mesma forma, para as acções sísmicas, as massas que geram
as forças de inércia estão essencialmente concentradas ao nível das lajes de piso. Estas forças
horizontais são transmitidas aos elementos de contraventamento (paredes e pórticos) pelas
lajes. Sendo as lajes consideradas como diafragmas rígidos verifica-se a compatibilização de
deslocamentos ao nível de cada piso, de todos os elementos que asseguram a estabilidade a
acções horizontais. A acção do vento e do sismo são obtidas globalmente para o edifício
(considerando separadamente as duas direcções ortogonais) e em seguida são distribuídas
pelos vários elementos de contraventamento proporcionalmente à respectiva rigidez ao
deslocamento horizontal.
elemento 4 → b = 0.40
124
Estruturas de Edifícios
elemento 5 → b = 0.80
elemento 6 → b = 1.20
125
Estruturas de Edifícios
Considerando o pórtico representado na Figura 5.28 sujeito à acção do peso de cada andar,
calcula-se o pórtico, com um programa de cálculo e obtêm-se, para além dos deslocamento de
piso, as reacções na base, bem como o esforço transverso em cada um dos pilares. O centro
de rigidez pode variar em altura, mas o processo de o determinar é semelhante ao que vai ser
descrito para a base. Com as reacções em cada pilar ao nível da fundação, calcula-se o corte
basal de cada um dos pórticos (o corte basal é a soma das reacções horizontais ao nível da
base). Neste caso a soma dos dois cortes basais é ser igual ao somatório das forças horizontais
aplicadas. Fazendo a razão entre cada corte basal e a soma dos dois obtêm-se a rigidez
relativa de cada pórtico. Vejamos este cálculo, da rigidez relativa, aplicado ao exemplo do
edifício que temos vindo a apresentar. O valor considerado para acção gravítica foi de 2690
kN, tendo este valor sido calculado do seguinte modo:
a) Pesos próprios estruturais de vigas, pilares e paredes (para os pilares foi admitido o
valor médio)
126
Estruturas de Edifícios
0.15 × 25 × 20 × 15 = 1125 kN
2.1 × 15 × 20 = 630 kN
0.2 × 2 × 15 × 20 = 120 kN
Fazendo a razão entre o corte basal de cada um dos pórticos e o total obtêm-se a rigidez
relativa de cada pórtico.
19983.07
Rig 1 =
21520 = 0.9286
1536.07
Rig 2 =
21520 = 0.0714
127
Estruturas de Edifícios
Rig 1
Relação de rigidez é dada por Rig 2 = 13.00 Isto permite concluir que os dois pórticos que
englobam a caixa de escadas são 13 vezes mais rígidos que os 4 pórticos.
O centro de rigidez agora calcula-se, considerando a rigidez relativa de cada pórtico como
uma força e determinando-se a posição da resultante dessas forças, Figura 5.30.
X rig =
7.143 m
A distribuição das forças horizontais pelos pórticos é efectuada a partir das seguintes
expressões:
Efeito de translacção
Ii
Fit = H ⋅
ΣI i (5.40)
Efeito de rotação
H .e. ⋅ d i ⋅ I i
Fir =
ΣI i d i2 (5.41)
Sendo a força final dada pela soma ou subtracção, conforme for o mais desfavorável para o
F = Fit ± Fir
pórtico em causa, das duas i em que :
Fi
- força horizontal a actuar no pórtico i
128
Estruturas de Edifícios
Ii
- rigidez relativa do pórtico i
di
- distância do pórtico i ao centro de rigidez
Para exemplificação do que foi referido vamos determinar como se distribuiriam as forças
sísmicas pelos pórticos da estrutura, que temos estado a analisar, Figuras 5.23 e 5.24.
8.35
7.07
5.66
4.39
di =
3.1
2. 0
1.05
0.389
(cm)
e a frequência da estrutura:
1 Σd i Σd i 32
f1 = g⋅ r= = = 0.1722
2π Σd i2 Σd i2 185.88
129
Estruturas de Edifícios
S aI = 260 cm/s 2
1
f1 = 980 × 0.1722 = 2.068 Hz
2π
S aII = 235 cm/s 2
8.35
7.07
5.66
4.39
3.1
2. 0
fs =
(2 × π × 2.068)
2
1.05
× 2.6 × 0.3 × 274.5 ×
9.8 0.389
308
261
209
162
fs =
~ 114.5
73.9
38.8
14.4
(kN)
0.665
0.563
0.45
0.35
z1 =
~
0.247
0.159
0.084
0.031
(cm)
fs
Como já se viu, neste caso, o vector das forças, ~ , tem o seu ponto de aplicação
descentrado, não há coincidência entre o centro de massa e o centro de rigidez.
130
Estruturas de Edifícios
A repartição do vector de forças pelos pórticos respectivos irá ser feita por aplicação das
expressões (5.40) e (5.41), que vimos anteriormente,
Ii H .e. ⋅ d i ⋅ I i
Fi = H ⋅ ±
ΣI i ΣI i d i2
Fazendo por exemplo para o último piso e para um dos valores da excentricidade. Neste caso
teremos:
H = 308 kN
ΣI i d i2 = 6.5 × 2.857 2 + 6.5 × 1.143 2 + 0.25 × 5.143 2 + 0.25 × 9.143 2 + 0.25 × 13.143 2
+ 0.25 × 17.143 2 = 205.7143
6.5 308(7.143 + 4.5715) × 2.857 × 6.5
F1 = 308 × −
14 205.7143
F1 = 143 − 325.71 = −182.71kN
308 × 11.7145
F4 = 5.5 + × 9.143 × 0.25 = 45.59 kN
205.7143
308 × 11.7145
F5 = 5.5 + × 13.143 × 0.25 = 63.13 kN
205.7143
131
Estruturas de Edifícios
308 × 11.7145
F6 = 5.5 + × 17.143 × 0.25 = 80.67 kN
205.7143
Figura 5.31 - Quadro comparativo da importância relativa da acção dos sismos e do vento
A análise dos quadros permite concluir que o vento ganha maior importância quando aumenta
a altitude de edifício, verificando-se que, para a zona D, nos edifícios com ductilidade normal
a acção sísmica é sempre condicionante para edifícios com menos de 8 andares, enquanto que
132
Estruturas de Edifícios
Deve-se no entanto chamar a atenção que uma análise deste tipo depende muito do tipo de
estrutura e de que o efeito final na estrutura depende da combinação em que estas duas acções
estão incluídas, sendo de salientar, nomeadamente que a acção do vento entra com um valor
de combinação quando a acção de base é outra acção, enquanto o valor de combinação da
acção dos sismos é nulo.
Por outro lado é importante analisar a frequência das estruturas quando se fazem estas
comparações, já que, como se pode observar na Figura 5.32, o conteúdo em frequências do
vento é desprezável acima dos 0.5 Hz enquanto no sismo este conteúdo é importante na gama
dos 0.5 – 10 Hz. Assim o efeito dinâmico do vento é desprezável nos edifícios correntes
(frequências maiores que 0.5 Hz) sendo, para estes, importante a acção dos sismos (Ravara,
1989).
As diferenças são devidas quer à estimativa para a frequência, expressões do RSA. quer à
expressão aproximada de cálculo das forças sísmicas.
133
Estruturas de Edifícios
Nesse estudo pode-se concluir-se que a estimativa para a frequência que é fornecida pelo
RSA. conduz a valores que se afastam substancialmente do valor exacto, erros superiores a 35
%.
Em resumo, para edifícios de pouca altura os erros do método simplificado são apreciáveis
enquanto que para edifícios altos se verifica uma melhor aproximação, embora seja
precisamente para edifícios de grande envergadura que se justifica a utilização de métodos de
análise mais exactos.
Se verifica uma aproximação, embora seja precisamente para edifícios de grande envergadura
que se justifica a utilização de métodos de análise mais exactos.
Sucede porém que, para os casos correntes da prática, há todo o interesse em estabelecer
regras simples que permitam garantir a segurança contra a verificação dos diferentes tipos de
ruína. Regras deste tipo constam, como se sabe, dos regulamentos da construção anti-sísmica,
em vigor nos diferentes países nomeadamente o EC8. Estas regras têm, pela sua própria
natureza, campo de aplicação bem delimitada. Tais limitações são muitas vezes esquecidas
sendo generalizado o seu emprego a tipos de construção aos quais de modo algum se podem
aplicar. Tal facto, que pode conduzir a gravíssimas faltas de segurança, deve-se, não só a falta
de informação dos projectistas, mas também a própria redacção dos regulamentos que, em
geral, não contém uma satisfatória delimitação do seu próprio campo de aplicação.
134
Estruturas de Edifícios
Um exemplo flagrante da afirmação anterior é dado pela aplicação simplista dos coeficientes
sísmicos, estabelecidos para estruturas reticuladas metálicas ou de betão armado, ao
dimensionamento de estruturas constituídas, por exemplo, por paredes de alvenaria sem
travamentos. As estruturas de alvenaria, devido às elevadas frequências próprias que lhe são
inerentes, sofrem esforços sísmicos muito superiores aos das estruturas reticuladas,
facilmente 4 a 10 vezes superiores, que provocam a sua fendilhação. Como tais paredes não
dispõem, depois de fendidas, da reserva de resistência necessária, ruem completamente. Os
coeficientes de segurança que em geral constam dos regulamentos não são pois aplicáveis a
este tipo de estrutura, Duarte (1974).
Verifica-se assim a grande variedade de critérios a que há que recorrer para garantir a
segurança das construções dos diferentes tipos para as acções sísmicas.
No caso de estruturas que, pela sua própria natureza, apresentam rigidez muito elevada, uma
solução para reduzir os esforços sísmicos pode consistir na sua associação a tipos de
estruturas mais deformáveis, obtendo-se assim um abaixamento substancial da frequência
própria do conjunto.
Outro conceito que interessa ter bem presente na concepção das estruturas é o da ductilidade.
De facto, como se viu, quanto maior for a ductilidade, mais é possível baixar a capacidade
resistente para forças horizontais sem redução da segurança. Se o comportamento estrutural
for perfeitamente elástico (envolvendo roturas frágeis) a segurança somente poderá ser
garantida mediante elevadíssimas capacidades resistentes às forças horizontais. Estas
capacidades resistentes podem ser reduzidas a valores fáceis de atingir na prática se se
garantir em regime não-linear uma capacidade de deformação suficiente.
Interessa também chamar a atenção para o facto das forças sísmicas serem proporcionais às
massas postas em movimento. Uma redução dos pesos da construção traduz-se pois numa
redução das forças sísmicas.
135
Estruturas de Edifícios
Também é necessário garantir que, por efeito da deformação das estruturas se não verifiquem
choques com estruturas vizinhas. É esta consideração que justifica a necessidade de executar
juntas largas entre construções de deformabilidade diferente.