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Saneamento

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Básico, Hidrologia
Aqui e
Drenagem Urbana
Hidrologia – Parte 2

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Esp. Maria Clara Telles Caggiano

Revisão Textual:
Prof.ª Me. Sandra Regina Fonseca
Hidrologia – Parte 2

Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:


• Escoamento Superficial e Subterrâneo;
• Infiltração;
• Evapotranspiração.

Fonte: iStock/Getty Images


Objetivos
• Apresentar as definições e as noções gerais da Hidrologia.

Caro Aluno(a)!

Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.

Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.

No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões


de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e
auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.

Bons Estudos!
UNIDADE
Hidrologia – Parte 2

Contextualização
Através do estudo desta unidade, você vai sentir a importância e a necessidade
da Hidrologia.

Antes de começar, analise a notícia a seguir a respeito do tema.

Tóquio se prepara para o aumento do nível do mar com um gigantesco sistema de escoa-
mento subterrâneo, leia o artigo no site: https://goo.gl/AKrKXU
Pesquisadores do IPT indicam ‘infraestrutura verde’ como complementação ao manejo das
águas urbanas, leia no site: https://goo.gl/aXsNnp

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Escoamento Superficial e Subterrâneo
Na unidade anterior, conforme foi estudado, a existência da água nos continentes é
devido à precipitação, ou seja, recapitulando:

“O fenômeno da precipitação é o conjunto de águas originadas do vapor de água


atmosférico que cai, em estado líquido ou sólido, sobre a superfície da terra. O conceito
engloba, portanto, não somente a chuva, mas também a neve, granizo, nevoeiro, sereno
e a geada, ou seja, o elemento alimentador da fase terrestre do ciclo hidrológico e cons-
titui um fator importante para os processos de escoamento superficial direto, infiltração,
evaporação, transpiração, recarga de aquíferos, vazão básica dos rios e outros.”

Figura 1 – Esquema: Ciclo Hidrológico


Fonte: progestao.ana.gov.br

O escoamento superficial é uma das fases básicas do ciclo hidrológico, talvez a


mais importante para o engenheiro, que é a fase que trata da ocorrência e transporte
da água na superfície terrestre, pois a maioria dos estudos hidrológicos estão ligados
ao aproveitamento da água superficial e à proteção contra os fenômenos provocados
pelo seu deslocamento.

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UNIDADE
Hidrologia – Parte 2

Tabela 1
Grandezas que caracterizam o Escoamento Superficial
Vazão (Q) A vazão é o volume escoado por unidade de tempo, (Vs ou m3/s)
Coeficiente de Escoamento É a razão entre o volume de água escoado superficialmente e o volume de água
Superficial (C) precipitado (c= volume escoado/ volume precipitado)
É tempo gasto para que toda a bacia contribua para o escoamento superficial na seção
Tempo de Concentração (tc) considerada. Pode ser estimado por vários métodos, os quais resultam em valores
bem distintos.
É o período de tempo médio em que um determinado evento (neste caso, vazão) é
igualado ou superado pelo menos uma vez. A recomendação do número de anos a ser
considerado é bastante variada: alguns autores recomendam período de retorno de 10
Tempo de Recorrência ou anos, para projetos de conservação de solos. Outros recomendam o período de retorno
Período de Retorno (T) de 10 anos somente para o dimensionamento de projetos de saneamento agrícola, em
que as enchentes não trazem prejuízos muito expressivos. E ainda, para projetos em
áreas urbanas ou de maior importância econômica, recomenda-se utilizar o período
de retorno de 50 ou 100 anos.
Uma das medidas mais fáceis de serem realizadas em um curso d’água é expressa
em metros e se refere à altura atingida pelo nível d’água em relação a um nível de
referência. Normalmente as palavras cheia e inundação estão relacionadas ao nível
Nível de Água (h)
d’água atingido. Denominar-se-á cheia a uma elevação normal do curso d’água dentro
do seu leito, e inundação à elevação não usual do nível, provocando transbordamento
e possivelmente prejuízos.

Tabela 2
Métodos de Estimativa do Escoamento Superficial
Método Observações
Medição do Nível de Água É o mais preciso, requer vários postos fluviométricos
Modelo Chuva - Vazão Calibrados Possue boa precisão - Métodos baseados na hidrógrafa
Possui média precisão utiliza-se métodos baseados no
Modelo Chuva - Vazão não Calibrado
Método Racional
Fórmulas Empíricas Baixa precisão - Meyer, Gregory, etc.

Medição do Nível de Água


A estimativa do escoamento superficial por meio de medição do nível de água é rea-
lizada em postos fluviométricos, onde a altura do nível de água é obtida com auxílio das
réguas linimétricas ou por meio dos linígrafos. De posse das alturas, pode-se estimar a
vazão em uma determinada seção do curso d’água por meio de uma curva-chave. A esta
curva, relaciona uma altura do nível do curso d’água a uma vazão.

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Figura 2 – Instalação de Réguas Linimétricas
Fonte: ana.gov.br

Medidores de nível, no link a seguir: https://goo.gl/rpptrV

Modelos Chuva-Vazão Calibrados


O Método do Hidrograma, Hidrógrafa ou Fluviograma é a representação gráfica da
variação da vazão em relação ao tempo.

A seguir, é apresentado um hidrograma com as vazões médias diárias para um ano.

Figura 3 – Hidrograma-Registro de descargas diárias do Rio Tietê


Fonte: Villela, 1975

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Hidrologia – Parte 2

Hidrograma Unitário
O hidrograma pode ser entendido como resposta da bacia hidrográfica, em função
de suas características fisiográficas que regem as relações entre chuva e escoamento de
uma bacia hidrográfica a uma dada precipitação e a contribuição de um aquífero. “Na
seção do curso de água, onde se está registrando a vazão, verifica-se que após o início
da precipitação, decorrido certo intervalo de tempo (instante to), o nível da água começa
a elevar-se. A vazão cresce desde o instante correspondente ao ponto A, até o instante
correspondente ao ponto C, quando atinge seu valor máximo.” (Souza Pinto, 1976).

C
Q

to
tc B
A
tempo
Figura 4

Terminada a precipitação, o escoamento superficial prossegue durante certo tempo


e a curva de vazão vai decrescendo (trecho CB). A vazão neste trecho se deve princi-
palmente à diminuição da espessura da lâmina d’água sobre a superfície do solo. A este
trecho denomina-se curva de depleção do escoamento superficial. Esta região termina
quando o escoamento superficial acaba (fim da lâmina d’água), restando somente o es-
coamento subterrâneo.

Recessão: nesta fase, somente o escoamento subterrâneo está contribuindo para a


vazão total do rio.

As características físicas da bacia, bem como as ocorrências e tipos de precipitações


influenciam a forma do Hidrograma ESD.

O ietograma (hidrógrafa de uma chuva isolada) de uma precipitação ocorrida na bacia


e a curva de vazão correspondente registrada em uma seção de um curso d’água. A con-
tribuição total para o escoamento na seção considerada é devido:
1. à precipitação recolhida diretamente pela superfície livre das águas;
2. ao escoamento superficial direto (incluindo o escoamento subsuperficial);
3. ao escoamento básico (contribuição do lençol de água subterrânea).

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PARTE DA PRECIPITAÇÃO
QUE INFILTRA

PRECIPITAÇÃO EFETIVA

PRECIPITAÇÃO

B
VAZÃO

ESCOAMENTO SUPERFICIAL DIRETO

C
A
D
ESCOAMENTO BÁSICO
t0 tA E tB tC TEMPO

Figura 5 – Ietograma e Hidrografa de uma chuva isolada


Fonte: ufrrj.br

Pesquise mais em: https://goo.gl/3XtX7s

Modelos Chuva-Vazão não Calibrados


Método Racional
A estimativa da vazão do escoamento produzido pelas chuvas em determinada área
é fundamental para o dimensionamento dos canais coletores, interceptores ou drenos.
Existem várias equações para estimar esta vazão, sendo muito conhecido o uso da equa-
ção racional. Método desenvolvido pelo irlandês Thomas Mulvaney, 1851. Seu uso é
limitado a pequenas áreas (até 80 ha). Este método é utilizado quando se tem muitos
dados de chuva e poucos dados de vazão. A equação racional estima a vazão máxima de
escoamento de uma determinada área sujeita a uma intensidade máxima de precipita-
ção, com um determinado tempo de concentração, a qual é assim representada:

C.I.A
Q=
360 em que:

• Q = vazão máxima de escoamento, em m3/s;


• C = coeficiente de runoff;
• I = intensidade média máxima de precipitação, em mm/h;
• A = área de contribuição da bacia, em ha.

Obs.: Este método possui limitações.

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UNIDADE
Hidrologia – Parte 2

Método Racional Modificado


Este método deve ser utilizado para áreas maiores que 80 há, até 200 ha.

C.I.A.D
Q
360
L
D  1  (0, 009. )
2

Onde: L= comprimento axial da bacia, em km.

Método de I - Pai - Wu
Método desenvolvido em 1963, sendo aplicado para áreas maiores que 200 ha, até
20.000 ha.

C*.I. A0,9 K
Q=
360

C*=(2/1+F). C/(4/(2+F))

L
F=
A
p

Fórmulas Empíricas
A estimativa por meio de fórmulas empíricas deve ser utilizada somente na impossi-
bilidade do emprego de outra metodologia.

A utilização das fórmulas empíricas é principalmente alvo de estudos de previsão


de enchentes.

Infiltração
As águas provenientes das precipitações que venham a ficar retidas no terreno ou a
escoar superficialmente podem infiltrar no solo por efeito da gravidade ou de capilaridade,
passando a formar a fase subterrânea do ciclo hidrológico. É um processo de grande im-
portância prática, pois afeta diretamente o escoamento superficial, que é o componente
do ciclo hidrológico responsável pelos processos de erosão e inundações.

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O fenômeno da infiltração é função das características do solo, do relevo e dos obstáculos
oferecidos ao escoamento superficial, notoriamente do tipo e porte da vegetação da área.

O perfil típico de umidade do solo, durante a infiltração, está apresentado esquema-


ticamente na Figura a seguir.

Umidade ()
H0 2 5

Zona de Saturação
Zona de Transição
Profundidade (z)

L
Zona de Transmissão

Zona de Umedecimento

Frente de Umedecimento

Figura 6

Zona de saturação: corresponde a uma camada de cerca de 1,5 cm e, como sugere


o nome, é uma zona em que o solo está saturado, isto é, com um teor de umidade igual
ao teor de umidade de saturação.

Zona de transição: é uma zona com espessura em torno de 5 cm, cujo teor de umi-
dade decresce rapidamente com a profundidade.

Zona de transmissão: é a região do perfil através da qual a água é transmitida.


Esta zona é caracterizada por uma pequena variação da umidade em relação ao espa-
ço e ao tempo.

Zona de umedecimento: é uma região caracterizada por uma grande redução no


teor de umidade com o aumento da profundidade.

Frente de umedecimento: compreende uma pequena região na qual existe um gran-


de gradiente hidráulico, havendo uma variação bastante abrupta da umidade. A frente de
umedecimento representa o limite visível da movimentação de água no solo.

Uma chuva com intensidade constante infiltra completamente no início e gera esco-
amento no fim, conforme representado nos gráficos a seguir.

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UNIDADE
Hidrologia – Parte 2

Precipitação
início do escoamento
Infiltração

intensidade da chuva

capacidade de infiltração

tempo
Precipitação

início do escoamento
Infiltração

volume escoado
intensidade da chuva

capacidade de infiltração

volume infiltrado tempo

Figura 7

A análise físico-matemática do processo de infiltração da água no solo pode ser feita


através da equação de Darcy, originalmente deduzida para solos saturados e represen-
tada pela equação:

q=-ko.∂H/∂z

em que:

q = densidade de fluxo, mm.h-1;

Ko = condutividade hidráulica do solo saturado, mm.h-1;

H = potencial total da água no solo, mm; e

z = distância entre os pontos considerados, mm.

Leia mais sobre Processos Hidrológicos água no solo: https://goo.gl/tAAG5A

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A infiltração é um processo que depende, em maior ou menor grau, de diversos fato-
res, dentre os quais, destacam-se:

Tabela 3
Fatores que Intervém na Capacidade de Infiltração
A natureza da superfície considerada é fator determinante no processo de infiltração.
Condição da superfície As áreas urbanizadas apresentam menores velocidades de infiltração que áreas
agrícolas, principalmente devido as ruas e calçadas pavimentadas.
A textura e a estrutura são propriedades que influenciam expressivamente
Tipo de solo
a infiltração.
Em geral, o preparo do solo tende a aumentar a capacidade de infiltração. Mas, caso
o preparo e de manejo do solo forem inadequadas, a sua capacidade de infiltração
Condição do solo
poderá tornar-se inferior à de um solo sem preparo, principalmente se a cobertura
vegetal presente for removida.
Para um mesmo solo, a capacidade de infiltração será tanto maior quanto mais seco
Umidade inicial do solo
estiver o solo inicialmente.
Quanto maior for a carga hidráulica, isto é a espessura da lâmina de água sobre a
Carga Hidráulica
superfície do solo, maior deverá ser a taxa de infiltração.
A velocidade de infiltração aumenta com a temperatura, devido à diminuição da
Temperatura
viscosidade da água.
Rachaduras e canais biológicos originados por raízes decompostas ou pela fauna
Presença de fendas do solo: estas formações atuam como caminhos preferenciais por onde a água se
movimenta com pouca resistência e, portanto, aumentam a capacidade de infiltração.
O trafégo intensivo de máquinas sobre a superfície do solo, produz uma camada
Compactação do solo por
compactada que reduz a capacidade de infiltração do solo. Solos em áreas de
máquinas e/ou por animais
pastagem também sofrem intensa compactação pelos cascos dos animais.
As gotas da chuva, ou irrigação, ao atingiram a superfície do solo podem promover
Compactação do solo uma compactação desta, reduzindo a capacidade de infiltração. A intensidade
pela ação da chuva dessa ação varia com a quantidade de cobertura vegetal, com a energia cinética da
precipitação e com a estabilidade dos agregados do solo.
O sistema radicular das plantas cria caminhos preferenciais para o movimento da água
no solo o que, consequentemente, aumenta a TI. A presença de cobertura vegetal
reduz ainda o impacto das gotas de chuva e promove o estabelecimento de uma
camada de matéria orgânica em decomposição que favorece a atividade microbiana,
Cobertura vegetal
de insetos e de animais o que contribui para formar caminhos preferenciais para o
movimento da água no solo. A cobertura vegetal também age no sentido de reduzir a
velocidade do escoamento superficial e, portanto, contribui para aumentar o volume
de água infiltrada.

Capacidade de infiltração (CI)


É a quantidade máxima de água que pode infiltrar no solo em um dado intervalo de
tempo, sendo expresso geralmente em mm.h-1. A capacidade de infiltração só é atingi-
da durante uma chuva se houver excesso de precipitação.

Caso contrário, a taxa de infiltração da água do solo não é máxima, não se igualan-
do à capacidade de infiltração. A CI apresenta magnitude alta no início do processo e,
com o transcorrer do mesmo, esta atinge um valor aproximadamente constante após
um longo período de tempo. Da mesma forma como citado anteriormente, este valor é
denominado taxa de infiltração estável, comumente conhecido com VIB.

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UNIDADE
Hidrologia – Parte 2

solo inicialmente úmido

velocidade de infiltração

infiltração acumulada
solo inicialmente úmido

tempo
Figura 8 – Infiltração acumulada e taxa de infiltração em função do tempo
para um solo com diferentes conteúdos de umidade inicial

Métodos de Determinação da Capacidade de Infiltração


Os métodos usados para se determinar a capacidade de infiltração da água no solo são:

Infiltrômetro de anel, exemplos nos links a seguir:


https://goo.gl/aLRfCX e https://goo.gl/Yi4ec3

Simuladores de chuva ou infiltrômetro de aspersão

Figura 9
Fonte: UFFRJ

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Equações Representativas da Infiltração
A infiltração acumulada d’água no solo (I) pode ser descrita por várias equações, sen-
do que iremos apresentar as duas equações empíricas mais utilizadas:

• Equação de Horton – Leia em: https://goo.gl/y9Dem7


• Equação Potencial (Kostiakov - 1932) – Leia mais : https://goo.gl/G4dWZX (aplicação prática)
• Equação Potencial Modificada (Kostiakov-Lewis) – Leia mais : https://goo.gl/xjBJhk;
Pesquisa mais: https://goo.gl/itB6YW; https://goo.gl/CV4ih7

Evapotranspiração
São três os reservatórios naturais de água na superfície da Terra: os reservatórios de
água livre (lagos, rios, canais e etc.) denominados de “superfície de água livre”, os poros
capilares e não capilares que caracterizam a capacidade de contenção ou armazenamen-
to do solo, e os tecido das plantas” (Ramos, F. et. al., 1989).

Nesta unidade, você entenderá a forma com que acontece a perda de água desses
reservatórios através da evaporação, da transpiração e da evapotranspiração.

Antes de entrar nos detalhes do processo de evapotranspiração, deve-se enfatizar


sua importância no ciclo hidrológico. De toda a precipitação que ocorre sobre os
continentes, 57% evapora, enquanto que nos oceanos, a evaporação corresponde a
112% do total precipitado. Em uma região semiárida, cerca de 96% da precipitação
total anual pode evaporar. A evapotranspiração diária pode variar em uma faixa de 0
a 12 mm por dia. Durante uma chuva intensa, a evaporação é reduzida a um mínimo,
por causa das condições de saturação do ar, entretanto, a evapotranspiração entre as
tormentas é normalmente suficiente para deplecionar completamente a umidade do
solo em regiões áridas e tem influência significativa na umidade do solo e nas respostas
hidrológicas futuras em todos os lugares. Por exemplo, a evaporação do lago Nasser,
formado pela barragem de Assuã, no Egito, é da ordem de 15% da vazão anual média
do Rio Nilo. As perdas de água dessa magnitude influenciam o projeto, a operação e
o gerenciamento de recursos hídricos que afetam muitos países” (Bras, R. L., 1990).

Esquema de Ciclo Hidrológico: https://goo.gl/6RXUdY

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UNIDADE
Hidrologia – Parte 2

Evaporação
Evaporação é um conjunto de fenômenos físicos, que propicia mudança de estado da
água ou outro líquido qualquer, do líquido para o gasoso.

Água ou Solo
Figura 10 – Evaporação da água das superfícies da água livre, vegetação úmida ou do solo

Evaporação

Vento Temperatura

Figura 11

O processo de evaporação pode ser responsável pela perda de um volume substancial


da água que faz parte do volume útil de um reservatório. Isto significa perda de água po-
tável para o abastecimento e irrigação, perda de potencial gerador de energia elétrica etc.
Surge então a necessidade de conhecimento do processo de evaporação, dos principais
fatores intervenientes e até mesmo dos possíveis métodos de redução da evaporação.

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Transpiração
Transpiração é um conjunto de fenômenos fisiológicos que se dão através dos se-
res vivos, que promovem a mudança do estado líquido da água para o estado gasoso,
transferindo-a para a atmosfera. No caso de solos vegetados, ocorrem simultaneamente
a evaporação do solo e a transpiração das plantas. A este conjunto denomina-se evapo-
transpiração.” (Vieira, D.B. et.al., 1986).

Para saber a quantidade de água necessária para a irrigação, é necessário calcular o


volume de água que será transpirado pelas plantas e evaporado pelo solo.

Evapotransporização
Em ciência e engenharia, utiliza-se frequentemente o termo Evapotranspiração. Ele é
a soma total da evaporação e da transpiração. O termo procura responder à dificuldade
em separar os dois fenômenos na situação usual em que a cobertura vegetal não é com-
pleta. Com a atual dificuldade crescente de obtenção de água em condições de consumo
e seu custo também crescente, torna-se fácil visualizar a necessidade de estudos mais
profundos sobre a evapotranspiração.

Evapotranspiração (ET= E+T)

Figura 12

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UNIDADE
Hidrologia – Parte 2

Evaporação Potencial
A Evaporação Potencial é a taxa de evaporação de uma dada superfície, controlada
climaticamente, quando a quantidade disponível e a taxa de alimentação de água à su-
perfície são ilimitadas.

Transpiração Real
A Transpiração é a evaporação que ocorre das folhas das plantas, através das abertu-
ras dos estômatos. Novamente, dada uma taxa ilimitada de alimentação de água na zona
das raízes, a Transpiração Potencial é uma função do clima e da fisiologia da planta.

A Transpiração real, sob condições limitadas de água, depende da habilidade da planta


em extrair a umidade do solo parcialmente saturado com capacidade limitada de transferir
água. Assim, a Evaporação Potencial é correspondente à máxima evaporação possível de
uma determinada área. Seu estudo é importante, por exemplo, quando se quer analisar a
perda de água de um reservatório por evaporação.

Evapotranspiração Potencial
A Evapotranspiração é a perda de água que ocorre numa determinada bacia, conside-
rando-se a evaporação e a transpiração dos vegetais.

A Evapotranspiração Potencial é um valor de referência, pois caracteriza a perda de


água da bacia como se toda a vegetação fosse um gramado de uma espécie vegetal padro-
nizada. Portanto, é um índice que independe das características particulares de transpira-
ção da cultura plantada na região estudada, levando em conta apenas o clima, o tipo de
solo e as superfícies livres de água na bacia.

Uma das maneiras de se determinar a Evapotranspiração Potencial é a partir da Evapo-


ração Potencial, utilizando um coeficiente kp que particulariza o tipo de solo, ventos, entre
outros. Como se verá adiante, esta última é mais fácil de ser determinada, utilizando-se,
por exemplo, tanques apenas com água.

Evapotranspiração Real
A Evapotranspiração Real constitui a perda de água que realmente ocorre na bacia,
considerando a vegetação existente. Pode-se determinar a Evapotranspiração Real indi-
retamente a partir da Evapotranspiração Potencial através de um coeficiente kc particular
para cada tipo de cultura.

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MÉTODOS DIRETOS E INDIRETOS DE DETERMINAÇÃO DA EVAPOTRANSPIRAÇÃO

EVAPORAÇÃO Kp EVAPOTRANSPIRAÇÃO Kc EVAPOTRANSPIRAÇÃO


POTENCIAL POTENCIAL REAL
Figura 13

Métodos de Determinação da Evaporação Potencial


A evaporação é um fenômeno de natureza física no qual as moléculas de água pas-
sam do estado líquido para o estado gasoso. Ocorre nas superfícies líquidas de reserva-
tórios, lagos e rios, na superfície dos solos úmidos etc. O processo físico da evaporação
é função, principalmente, da temperatura e umidade, sendo influenciado ainda pela
pressão atmosférica, velocidade média do vento na região, sólidos solúveis, umidade e
natureza do solo. Regiões de clima seco e quente favorecem a evaporação, ao passo que
em regiões de clima frio e úmido ocorre o contrário. A Evaporação Potencial é a taxa
de evaporação de uma dada superfície, controlada climaticamente, quando a quantidade
disponível e a taxa de alimentação de água à superfície são ilimitadas.

MÉTODOS DE DETERMINAÇÃO DE EVAPORAÇÃO POTENCIAL

DIREITA INDIREITA

TANQUE CLASSE MÉTODO PENMAN


A-USWB 1
TANQUE MÉTODO DA TRABEFERÊNCIA
EVAPORÍMETRO

GGI-3000 2 DE MASSA
TANQUE DE 20M3 MÉTODO DA ENERGIA
3
TANQUE MÉTODO DO BALANÇO HÍDRICO
FLUTUANTE 4
OUTROS TANQUES MÉTODO DAS FÓRMULAS
5 EMPÍRICAS
LIVINGSTON
ATMÔMETROS

BELLANI
PICHÉ

EVAPÓGRAFO DE BALANÇA

Figura 14

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UNIDADE
Hidrologia – Parte 2

Métodos de determinação da Evaporação Potencial pelo Método Direto


Devido ao custo e a simplicidade de operação, os tanques de evaporação têm sido uti-
lizados. O coeficiente de conversão lago x tanque permanece razoavelmente constante
de ano para ano, e para dada região. A seguir, estão descritos os tanques mais utilizados.

Figura 15 – Tanque classe A – US Weather Bureau


Fonte: ESALQ/USP

Figura 16 – Tanque GGI – 3000


Fonte: USP

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Figura 17 – Tanque de 20 m2
Fonte:USP

Atmômetros
De acordo com Livingston, atmômetro é qualquer instrumento usado para medição
ou estimativa de diferentes intensidades de evaporação. Os principais tipos de atmôme-
tros são descritos a seguir:
1. Atmômetro de Livingston: O atmômetro de Livingston apresenta diferentes
valores de evaporação de acordo com a cor da esfera de porcelana (pode ser
branca ou preta), que afeta a absorção da radiação solar.
2. Atmômetro de Bellani: É semelhante ao atmômetro de Livingston, com exce-
ção de que a esfera é substituída por um prato liso.

Figura 18 – POLI/USP

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UNIDADE
Hidrologia – Parte 2

Atmômetro de Piché no link a seguir: https://goo.gl/jxWPob

Evaporógrafo de Balança
Determinação Indireta da Evaporação Potencial
• Método Penman;
• Método do Balanço Hídrico;
• Método das Formulas Empíricas.

Evapotranspiração
A evapotranspiração engloba tanto a evaporação como a transpiração, além de incluir a
evaporação da água interceptada pela vegetação. A evapotranspiração é função das condi-
ções climáticas e varia com a própria atividade vital da vegetação, que é variável durante o
ano em função da insolação, temperatura, de maneira geral. A evapotranspiração potencial
é a máxima evapotranspiração que ocorreria se o solo dispusesse de suprimento de água
suficiente e a plantação em questão estivesse no auge da quantidade de folhas. O quadro a
seguir resume os principais meios utilizados nas determinações da evapotranspiração real e
potencial. Determinação da Evapotranspiração Potencial e Real.

Tabela 4
Evapotranspiração Direta Indireta
Euqação de Thorntwaite
Tipos de percolação
Potencial Lisímetros Método de Blaney - Criddle
Tipos de pesagem Método de Penman
Método Balanço Hídrico
Real ----------------- Método dos Coeficientes
da Cultura Real

Pesquise mais em: https://bit.ly/2CaL10C

Através desta unidade você tem um conceito abrangente sobre Hidrologia, desde a Histó-
ria até a sua aplicação prática. Foi elucidado os temas: Ciclo Hidrológico, Balanço Hídrico
e Preciptação.

24
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Sites
DAEE - Departamento de Águas e Energia Elétrica
https://goo.gl/CU1vQN
CPRM - Serviço Geológico do Brasil
https://goo.gl/Gscwph
COBRAPE - Companhia Brasileira de Projetos e Empreendimentos
https://goo.gl/1YTa6b

Leitura
Ciclo Hidrológico e Água Subterrânea
https://goo.gl/eEM8aT
Gerenciamento Municipal de Recursos Hídricos
https://goo.gl/v21UaZ
Revisão de Conceitos e Método Racional para Cálculo de Vazão
https://goo.gl/tJRZ9c
Apostila Hidrologia Aplicada - Cap. 4
https://goo.gl/fBLgGR
Água e Solo - Estudos e Projetos
https://goo.gl/esDF4N
Hidrologia - Escoamento Superficial
https://goo.gl/azkRfY
Hidrologia - Evapotranspiração
https://goo.gl/DuwdXC
Infiltração pela Método de Horton
https://goo.gl/y9Dem7
Revista de Biologia e Ciências da Terra
https://goo.gl/xjBJhk
Infiltração de Água no Solo
https://goo.gl/itB6YW
Infiltração
https://goo.gl/CV4ih7

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UNIDADE
Hidrologia – Parte 2

Leitura
Processos Hidrológicos Água no Solo
https://goo.gl/tAAG5A
Evaporação e Transpiração
https://goo.gl/qQ7fbG
Aula 5 - Evaporação
https://goo.gl/rB7fst

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Referências
GARCEZ , Lucas Nogueira; Alvarez Guillermo Acosta. Hidrologia. 2.ed. São Paulo:
Editora Edgard Blucher Ltda., 1988.

GRIBBIN, John. Introdução a Hidráulica, Hidrologia e Gestão de Águas Pluviais.


São Paulo: Cengage Learning , 2015.

LA LAINA PORT, Rubem; Zahed Filho, Kamel; Martins da Silva, Ricardo. Evapotrans-
piração. São Paulo: Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, 2003. Disponível
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