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DIREITO PENAL – PARTE GERAL

Princípios III
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PRINCÍPIOS III

PRINCÍPIO DA OFENSIVIDADE OU LESIVIDADE

Não há que se falar em infração penal se a conduta não causar uma lesão ao
bem jurídico tutelado ou, ao menos, o perigo de lesão.
É por esse motivo que a tentativa é considerada um crime (vide Art. 14, II,
CP). Isso porque a tentativa não gera uma lesão propriamente dita, mas pode
causar um perigo de lesão ao bem jurídico tutelado pela lei penal.
Por outro lado, o crime impossível (art. 17, CP) é diferente, o crime impossí-
vel se configura pela ineficácia absoluta do meio empregado para a prática do
crime ou pela absoluta impropriedade do objeto, ou seja, não há uma lesão ou
um perigo de lesão ao bem jurídico tutelado.

 Obs.: algumas bancas confundem o princípio da ofensividade ou lesividade


com o princípio da alteridade, pois o tratam como sinônimos. Contudo,
vale lembrar que o princípio da alteridade dispõe que se o agente praticar
uma conduta contra seus próprios bens jurídicos, então não há que se
falar em crime. Na realidade, o princípio da alteridade funciona de modo
complementar ao princípio da lesividade, ou seja, somente haverá crime
quando houver uma ofensa ao bem jurídico tutelado pelo Direito Penal ou
um perigo de lesão, desde que esse bem jurídico não pertença a esfera
patrimonial ou pessoal do próprio agente.

Importante:
Espiritualização (desmaterialização ou liquefação) de bens jurídicos no
Direito Penal
O Direito Penal passa a se antecipar e punir condutas perigosas que têm
potencial de gerar uma lesão futura. Ex.: crimes ambientais e crimes de perigo
abstrato.
O princípio da ofensividade ou lesividade adota a materialização da conduta,
pois depende da efetiva lesão ou do efetivo perigo de lesão. No entanto, quando
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o Direito Penal passa a se antecipar, isso significa que serão criadas algumas
normas que não irão obedecer ao princípio da ofensividade. É esse o caso dos
crimes ambientais e dos crimes de perigo abstrato (ex.: tráfico de drogas, porte
ilegal de arma de fogo etc.)

PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE PENAL SUBJETIVA

A responsabilização penal depende de dolo ou culpa.


Não se admite no Direito Penal a responsabilidade objetiva, assim como
acontece no caso do Direito Administrativo.
Vale lembrar que nem todos os crimes possuem uma modalidade culposa.
Nesse sentido, é possível dizer que o Direito Penal irá sempre atacar as condu-
tas dolosas. Eventualmente, em tipos penais específicos, também será atacada
a conduta culposa (ex.: homicídio).

 Obs.: há raras exceções em que ainda ocorre a responsabilidade penal objeti-


va. Um exemplo é o crime de rixa qualificada pela morte (art. 137, pará-
grafo único). Se uma pessoa morre dentro de um contexto de rixa, mesmo
que seja por uma ação provocada por apenas um dos rixosos, todos res-
ponderão pelo crime de rixa qualificada pelo resultado morte.

PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL

Conduta tipificada em lei, mas que não afronta o sentimento de justiça da


coletividade, seja pelos costumes ou pela cultura.
Nesse sentido, a mãe que fura a orelha de sua filha pequena está cometendo
o crime de lesão corporal. No entanto, é amplamente aceito pela sociedade que
as mulheres usem brincos, logo, a conduta dessa mãe deixa de ser crime por
conta do princípio da adequação social.
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Há, ainda, vários outros exemplos de situações que poderiam ser conside-
radas crimes, mas que não são por conta do princípio da adequação social,
tais como: a circuncisão (lesão corporal), os trotes acadêmicos (constrangimento
ilegal) dentre outras.

Atenção!
Súmula n. 502, STJ: “Presentes a materialidade e a autoria, afigura-se típica,
em relação ao crime previsto no art. 184, § 2º, do CP (violação de direito autoral),
a conduta de expor à venda CDs e DVDs piratas.

Nesse sentido, a venda de CDs e DVDs piratas não perdeu a sua tipicidade por
conta do princípio da adequação social, mas, pelo contrário, continua sendo
considerada um crime conforme dispõe a súmula acima.

Direto do concurso
1. (PF/PERITO CRIMINAL/2018) A fim de garantir o sustento de sua família,
Pedro adquiriu 500 CDs e DVDs piratas para posteriormente revendê-los.
Certo dia, enquanto expunha os produtos para venda em determinada praça
pública de uma cidade brasileira, Pedro foi surpreendido por policiais, que
apreenderam a mercadoria e o conduziram coercitivamente até a delegacia.
Com referência a essa situação hipotética, julgue o item subsequente.

O princípio da adequação social se aplica à conduta de Pedro, de modo que


se revoga o tipo penal incriminador em razão de se tratar de comportamento
socialmente aceito.

Comentário
Atenção ao disposto na Súmula n. 502 do STJ, pois, nesse caso, não se aplica
o princípio da adequação social.
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PRINCÍPIO DA ISONOMIA OU IGUALDADE

O Direito Penal se aplica a todos, independentemente de nacionalidade,


classe social, etnia, sexo, idade ou condição.
Entretanto, esse princípio impõe tratamento distinto para quem se encon-
tra em posições diferentes. Ex.: réu primário e réu reincidente / Lei Maria da
Penha (Lei n. 11.340/2006).

PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA OU DA NÃO CULPA

Previsto na CF/1988:

Art. 5º, LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de


sentença penal condenatória;

Uma pessoa só é considerada culpada de algum crime após o trânsito em


julgado da sentença penal condenatória.

Súmula Vinculante n. 11 (STF): Só é lícito o uso de algemas em casos de resistên-


cia e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia,
por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob
pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de
nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da respon-
sabilidade civil do Estado.

A súmula acima esclarece quais são as situações em que será permitido


o uso de algemas. Um dos principais fatores que motivaram a edição dessa
súmula foi justamente o uso de algemas diante do plenário do júri:

“Em primeiro lugar, levem em conta o princípio da não culpabilidade. (...) Man-
ter o acusado em audiência, com algema, sem que demonstrada, ante práticas
anteriores, a periculosidade, significa colocar a defesa, antecipadamente, em
patamar inferior, não bastasse a situação de todo degradante.” (HC 91.952, voto
do rel. min. Marco Aurélio, DJE de 19/12/2008).
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“Em virtude do princípio constitucional da não culpabilidade, a custódia acaute-


ladora há de ser tomada como exceção. Cumpre interpretar os preceitos que
a regem de forma estrita, reservando-a a situações em que a liberdade do acu-
sado coloque em risco os cidadãos ou a instrução penal.” (STF, HC 101537, Dje
14/11/2011)

A custódia acauteladora é a prisão provisória, muito criticada pelos advoga-


dos e pelos doutrinadores exatamente em razão do princípio da presunção de
inocência. De acordo com eles, se o sujeito é inocente até que haja uma deci-
são condenatória transitada em julgado, isso significa que não poderia sofrer
uma prisão preventiva. Esse entendimento é bastante utilizado em pedidos de
habeas corpus.

GABARITO
1. E

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a
aula preparada e ministrada pelo professor Érico Palazzo.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do con-
teúdo ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela
leitura exclusiva deste material.

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