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A POLÍTICA INTERNACIONAL DO MEIO AMBIENTE: O BRASIL COMO PALCO

Eduardo BARBOSA ROCHA –


Mestrando do Programa de Pós Graduação em Gestão de Recursos Naturais e Desenvolvimento
Local na Amazônia (PPGEDAM/UFPA) –
odraudecach@hotmail.com

Alexandre MACEDO PEREIRA


Mestrando do Programa de Pós Graduação em Gestão de Recursos Naturais e Desenvolvimento
Local na Amazônia (PPGEDAM/UFPA) –
c.cpa2008@hotmail.com

Marilena LOUREIRO DA SILVA


Dra. Professora do Programa de Pós Graduação em Gestão de Recursos Naturais e
Desenvolvimento Local na Amazônia (PPGEDAM/UFPA) –
marilenaloureiro@yahoo.com.br

RESUMO

Este artigo estabelece os marcos da Educação Ambiental no plano internacional e no Brasil, destacando as
características que delimitam os diferentes modos de fazer educação ambiental voltados à mudança ou à estabilidade
social. Assim como, na valoração da importância deste assunto contemporâneo que adquire desde a década de 60, as
condições apropriadas para servir de agente mediador dos diálogos dentre as complexidades ambientais em relação ao
homem, deixando as posturas ingênuas que não dialogam com as condições sociais nas páginas de outro passado.

Palavras - chave: Educação Ambiental; Complexidade; Social; Homem; Mudança.

A POLÍTICA INTERNACIONAL DE MEIO AMBIENTE

Nas décadas de sessenta e setenta a economia global foi desestabilizada pela crise petrolífera,
tal fato, impulsionou os países ricos a construírem uma nova reflexão sobre o uso dos recursos
naturais. Conseqüentemente se estabeleceu uma zona de conflitos ideológicos e políticos entre os
países então considerados de primeiro e terceiro mundo.

A necessidade de construir outro modelo econômico que contemplasse as relações humanas


com as questões ambientais (LEFF – 2008), outrora desprezadas e desassociadas dos diversos

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elementos que constituem esta cadeia complexa homem/natureza, revelou as divergências nos
aspectos econômicos, sociais, políticos e culturais entre os países desenvolvidos e aqueles em
desenvolvimentos ou pobres.

De um lado os países industrializados, ricos, detentores de tecnologia avançada, e do outro os


países em desenvolvimento que apesar de aspirarem ao desenvolvimento econômico tinham como
características marcantes economias atrasadas, pobreza, complicações sociais, baixo Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) etc. Um mundo dividido econômico, político, ideológico, cultural
e socialmente; completamente paradoxal em busca de uma nova perspectiva, que o tornasse viável.

Neste contexto foi realizada em 1972 em Estocolmo a Conferência das Nações Unidas Sobre
o Homem e o Meio Ambiente (www.meioambiente.uerj.br), e tinha como objetivo ampliar e definir
novos rumos para um desenvolvimento que contemplasse a viabilidade do planeta para outras
gerações. No entanto, era um momento mundialmente delicado e conflituoso que inevitavelmente
alcançou a conferência. Os países ricos defendiam um controle rigoroso do crescimento
populacional e aplicavam a idéia de desenvolvimento zero. Efetivamente está proposta era
descartada pelos países em desenvolvimento, uma vez que, segundo os mesmos, isto colocaria em
risco a soberania das nações e impediria o seu próprio desenvolvimento enquanto nação.

O PROTAGONISMO DO BRASIL FRENTE ÀS DISCUSSÕES INTERNACIONAIS


SOBRE MEIO AMBIENTE.

O Brasil foi o país que liderou 77 nações a defenderem a idéia de que o crescimento deveria
acontecer a qualquer custo, desconsiderando a problemática ambiental. Para o Brasil, e seus aliados,
o desenvolvimento deveria acontecer e só depois se pensaria sobre o ônus ambiental. Com o
impasse se fez necessário pensar uma forma de compreender o problema, sem excluir as nações
insatisfeitas com a proposta apresentada pelo Clube de Roma; assim, em 1973 foi apresentado o
conceito “desenvolvimento sustentável”, que de fato se notabilizou como sendo a grande
contribuição das discussões da conferencia de Estocolmo. O conceito de desenvolvimento
sustentável2 se fortalece em 1987 com a apresentação do Relatório “Nosso futuro comum”;
resultado de todas as reflexões geradas a partir da Conferência das Nações Unidas Sobre o Homem
e o Meio Ambiente.

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A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO CENÁRIO INTERNACIONAL.

A Conferência Internacional Sobre Educação Ambiental, realizada na cidade de Tbilisi, na


Geórgia em 1977, se tornou um marco na educação ambiental (EA), sendo seus princípios e
conceitos, até os dias atuais, lastro para a moderna EA. Foram estabelecidas recomendações que
contemplavam aspectos até então inimagináveis e que atravessariam o tempo mantendo-se atuais.
Partindo desde pressuposto a discussão referente à complexidade relacionada ao meio ambiente
apareceu. Assim diz a recomendação nº 1 do tratado de EA em Tbilisi (1977):

“um objetivo fundamental da educação ambiental é lograr que os indivíduos e a


coletividade compreendam a natureza complexa do meio ambiente natural e do meio
ambiente criado pelo homem, resultante da integração de seus aspectos biológicos, físicos,
sociais, econômicos e culturais, e adquiram os conhecimentos, os valores, os
comportamentos e a habilidades práticas para participar responsável e eficazmente da
prevenção e solução dos problemas ambientais, e da gestão da questão da qualidade do
meio ambiente”.

Nesta Conferência, também foi enfocada a necessidade da Educação Ambiental fazer análises
contemplando os aspectos interdisciplinares bem como, compreender as necessidades ambientais
considerando as características do espaço local, regional e global; Construir a integração dos povos
sempre embasada no princípio da paz e solidariedade.
Em Tbilisi (1977), a EA passa a ter responsabilidade de instrumento de transformação da
própria educação, dando-lhe um novo sentido e função, o de libertação. Assim, é neste momento
que a discussão e o papel da educação ambiental é percebida como relevante na promoção das
articulações necessárias à construção de novos diálogos em torno das questões ambientais,
valorizando e fortalecendo a democracia e permitindo que novos saberes e atores façam parte desta
construção de mundo. A EA passa a ter a responsabilidade de dar conhecimento que possibilite aos
indivíduos interpretar os fenômenos complexos que constituem o meio ambiente (LEFF – 2003)
gerando nestes indivíduos, valores éticos, econômicos, estéticos, políticos e culturais que favoreçam
a construção de comportamentos balizados com o principio da preservação e melhoria do meio
ambiente.

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Apesar das grandes contribuições da Conferência de Tbilisi há sobre ela uma crítica que deve
ser considerada. Mesmo com evidente contribuição no campo político e macroorientador as suas
contribuições epistemológicas e filosóficas ficaram no campo das idéias; não houve de forma
explícita nesta conferência uma discussão que propusesse a construção de outro modelo econômico
capaz de superar o que está em vigência. Isto para muitos se constitui em uma deficiência resultante
ainda da herança capitalista que centrava a problemática ambiental apenas nas pessoas
(principalmente os pobres) e não no sistema econômico excludente, centralizador de riquezas e
socializador da miséria. Segundo Carlos Frederico B. Loureiro (2004):

“Mesmo em Tbilisi, verificamos que os questionamentos feitos à educação tradicional se


baseiam numa defesa da pedagogia tecnicista, o que se explica por essa tendência se
encontrar em fase de expansão e a firmação como alternativa pedagógica na década de 70.
Defende uma “Nova Ordem Mundial”, mas não há referências a como esta seria
diferenciada do modo como veio a se consolidar – domínio total militar e econômico dos
Estados Unidos. Coloca que a economia de mercado possui limites e impõe limites a
sustentabilidade, mas não indica alternativas consistentes, a não ser o vago discurso da
solidariedade entre países e da cooperação tecnológica em busca da equidade social. Em
alguns trechos do documento resultante do evento, sugere-se que os problemas nos países
do “terceiro mundo” decorram de formas insuficientes de desenvolvimentos, não
relacionando as desigualdades entre países a processos históricos de dominação e
subordinação (...) Verificamos que em todas as grandes conferências, sem exceção, a
dimensão cidadã (de inserção individual em sociedade) e ética (definição de valores que
sejam democráticos e vistos como universais para um dado momento histórico) permeou as
deliberações e discussões e foi reforçada nos constantes apelos à formação de novos
códigos morais e de comportamentos condizentes com as perspectivas ecológicas de
mundo”

O Brasil, em 1992, tornou-se o placo da II Conferência das Nações Unidas sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento Humano, Rio 92 (ou Eco 92), que se notabilizou pela ampla
participação da Sociedade Civil Organizada, tendo como temas centrais o desenvolvimento
sustentável e a preocupação em reverter o processo de degradação ambiental. Um dos resultados da
conferência registrado na Agenda 21 diz respeito à necessidade de adotar métodos de proteção
ambiental, compromisso de justiça social e eficiência econômica. O proposto consistia em criar
possibilidades de compreensão de um mundo livre de antagonismos ideológicos.

Era evidente o anseio da comunidade internacional de fortalecer a idéia da sustentabilidade,


porém, não era (e não é) uma equação fácil e tornou-se mais complexa ao ser rejeitada pelos
Estados Unidos e Japão. Em jogo estavam interesses econômicos e políticos que precisavam ser
substituídos para construção de uma sustentabilidade coletiva, fundamentada nos pressupostos da
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igualdade, justiça social, ética; o que não interessava as potências econômicas e ao sistema
capitalista. A reação das nações ao proposto na Rio 92 parece ratificar que a idéia de “Crescimento
zero” defendida em 1972, na conferencia de Estocolmo, era uma tentativa real das grandes
potências da época de passar o ônus de todo este processo de degradação ambiental para os países
do “Terceiro Mundo”.
Mesmo com as dificuldades inerentes à II Conferência das Nações Unidas, a sua realização
representa um essencial avanço nas discussões quanto a temática no âmbito local, regional e global,
e a consolidação de pressupostos epistemológicos consistentes para fundamentar a ação
transformadora da Educação Ambiental.

Paralelamente ao acontecimento da Eco 92, aconteceu A Jornada Internacional de Educação


Ambiental, no mesmo ano, que resultou na elaboração do Tratado de Educação Ambiental para
Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global. Este tratado vem legitimar e ratificar os
compromissos ideológicos, políticos, epistemológico, sociais, que a Educação Ambiental tem, ao se
propor fazer parte da construção de um modelo sustentável estruturado nas bases da equidade
social, igualdade de direitos, respeito às diferenças e às diversas formas de conhecimentos etc.
Assim se define o tratado da EA (educarambiental.wordpress.com):

“Este Tratado, assim como a educação, é um processo dinâmico em permanente construção.


Deve, portanto propiciar a reflexão, o debate e a sua própria modificação. Nós signatários,
pessoas de todas as partes do mundo, comprometidos com a proteção da vida na terra,
reconhecemos o papel central da educação na formação de valores e na ação social. Nos
comprometemos com o processo educativo transformador através do envolvimento pessoal,
de nossas comunidades e nações para criar sociedades sustentáveis e eqüitativas. Assim,
tentamos trazer novas esperanças e vida para nosso pequeno, tumultuado, mas ainda assim
belo planeta.”

A Conferência de Meio Ambiente e Sociedade: Educação e Consciência Pública para a


Sustentabilidade realizada em Thessaloniki (1997), na Grécia, focou como principal elemento a
formação de educadores, produção de materiais didáticos e a realização de encontros menores que
proporcione ampla troca de experiência entre profissionais da área de educação. Neste momento a
preocupação recai sobre aspectos pedagógicos, metodológicos, curriculares e de como estimular a
verticalização das experiências vividas pelos educadores em suas práticas educativas nas
comunidades de atuação. A preocupação com estes aspectos dar-se em razão da compreensão da
necessidade de mudança radical nos estilos de vida, sobretudo, no modelo de produção e consumo;
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não sendo possível alcançar estes resultados sem atuação consistente da Educação. Destaca-se aqui
na segunda conclusão que a conferencia de Thessaloniki (1997) gerou (www.hri.org): A
Reorientação da educação formal para a sustentabilidade;

• É necessário reorientar a educação para a sustentabilidade. Nunca serão suficientes as


adições aos atuais sistemas educativos.

• Os currículos necessitam ser retomados, assim como as modalidades do ensino e os métodos


de avaliação. É necessário modificar estas três áreas e seus mútuos apoios.

• É necessário trabalhar em conjunto – em contraste com o isolamento das diferentes


disciplinas no passado -, para aportar os diferentes elementos inerentes à noção da educação para o
desenvolvimento sustentável. É necessário que os atores das diferentes correntes se ajudem e
complementem uns aos outros.

• É necessário um enfoque holístico no desenho e planejamento do currículo. Isso é


particularmente importante para integrar aspectos sociais e culturais dentro da ética e os valores
individuais.

• A educação para a sustentabilidade deve permear o currículo em sua totalidade.

• Requer maiores esforços para a preparação e a capacitação dos educadores.

A TRAJETÓRIA E OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL

Educação Ambiental é um termo que há pouco tempo vêm sendo usado e empregado em
escolas, universidades, empresas e comunidades para destacar a importância da educação dentro do
processo de formação permanente dos atores envolvidos direta e indiretamente com a problemática
ambiental. A educação pressupõe não só a conscientização e o exame crítico da realidade, mas visa
o desenvolvimento da cidadania. É sabido, no entanto, que a Educação Ambiental no Brasil não foi
assunto que obteve prioridade pelos governantes ou órgãos públicos.
A qualidade de vida da humanidade vem sofrendo constantes transformações, sendo o
desequilíbrio ambiental um dos elementos que contribuem para esse fato. Porém, como os governos
não tomavam atitudes em relação a esse problema, a sociedade civil passou a se mobiliar na procura
de soluções que pudessem compatibilizar desenvolvimento sócio-ambiental com. Foi então que em
março de 1965 na Conferência de Keele, na Grã-Bretanha, educadores concluíram que a educação
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ambiental deveria ser trabalhada na escola, estando presente na vida dos cidadãos. No mesmo ano,
fundou-se, naquele país, a Sociedade de Educação Ambiental, iniciando um movimento direcionado
à Ecologia. Assim, elaborou-se um manual para professores, Um lugar para viver, sendo
considerado um clássico da literatura internacional sobre Educação Ambiental.
Porém no Brasil, nenhuma medida oficial sobre Educação Ambiental havia sido tomada até
então. A Fundação Educacional do Distrito Federal e a Fundação da Universidade de Brasília, em
convênio com Secretaria de Especial de Meio Ambiente do Distrito Federal (SEMA), no ano de
1978, realizaram um curso de extensão para profissionais de ensino de primeiro e segundo grau,
envolvendo quarenta e quatro instituições escolares, com o treinamento de quatro mil pessoas.
Estava previsto para os próximos anos um projeto centrado num currículo interdisciplinar. No
entanto, por falta de recursos financeiros e uma política direcionada para a execução da Educação
Ambiental, essa proposta não foi efetivada.
No ano de 1981, foi publicada a Lei 6.938, que estava voltada para a política nacional do
meio ambiente. Foi a primeira conquista de grupos ambientalistas, porém a educação ambiental
continuou restrita a questões ligadas à natureza (extinção de animais, poluição dos rios, devastação
da natureza, etc.). Não se pode negar que esses temas são importantes, mas é preciso que se
discutam, também, as questões sociais, econômicas e políticas do país. Apesar desse descaso para
com os problemas ambientais, a partir do ano de 1998 foi apresentado às escolas publicas brasileira
os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) do Governo Federal, através do Ministério da
Educação, que enfoca temas transversais como o Meio Ambiente, a ser discutido pelas escolas. Essa
foi a primeira ação do governo para a implantação da Educação Ambiental na rede pública de
ensino, como explicitado no volume IX dos PCNs.
Surgiram outros marcos importantes relacionados com a temática Educação Ambiental no
Brasil. Um dos destaques, é a sua inclusão na Constituição Federal de 1988, a qual define
competências ao Poder Público, sendo uma delas promover a EA em todos níveis de ensino, bem
como impulsionar a conscientização pública para a preservação. Essa Lei traça os princípios
elementares da educação ambiental, como também fornece seus objetivos fundamentais, vejamos: o
desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente em suas múltiplas e complexas
relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos,
científicos, éticos e culturais; o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemática

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ambiental e social; o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável, na
preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como
um valor inseparável do exercício da cidadania.
Outro marco importante que relaciona a questão ambiental com a educação foi a realização de
cursos de ecologia para profissionais do ensino fundamental, entre os períodos de 1986 e 1990,
patrocinados pela extinta SEMA. Em 1987 foi publicado o Parecer 226, através do Conselho
Federal de Educação, referendando que a Educação Ambiental tem caráter interdisciplinar.
Até a promulgação da Constituição de 1988, a política ambiental foi gerida de forma
centralizada, sem a participação popular nas decisões de suas diretrizes e estratégias. É nesse
momento que o Movimento Ambientalista torna a participação popular efetiva nos anos 80.
Nesse mesmo período a Educação Ambiental foi utilizada apenas como um instrumento a ser
usado na estrutura administrativa dos órgãos públicos de meio ambiente, perdendo o sentido de
educação como vetor da transmissão social e civilizacional. A educação ambiental, portanto, se
constitui numa forma abrangente de educação, que se propõe atingir todos os cidadãos, através de
um processo pedagógico participativo permanente que procura incutir no educando uma
consciência crítica sobre a problemática ambiental, compreendendo-se como crítica a capacidade de
captar a gênese e a evolução de problemas ambientais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os parâmetros da educação ambiental encontram-se de forma aberta e flexível; por isso,


podem ser adaptados à realidade de cada região, sendo um instrumento útil no apoio às discussões
pedagógicas, elaboração de projetos, nos planejamentos das aulas, na reflexão da prática educativa e
análise de material didático. Entretanto, podemos verificar que existe uma preocupação por parte
dos educadores em desenvolver um projeto pedagógico que devem ser trabalhados durante o ano
letivo e muitos deles não conseguem inter-relacionar a Educação Ambiental aos conteúdos
curriculares, e isto ocorre porque o conceito de Educação Ambiental não está bem definido entre os
educadores, orientadores e/ou coordenadores das instituições escolares.
Portanto, a educação ambiental, trabalhada de maneira adequada pelos professores, não
enfocando as noções que ficam restritas somente ao ambiente, mas sim, trabalhando o conceito na
perspectiva da interdisciplinaridade, poderá contribuir para recuperar e preservar os recursos
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naturais, melhorando a qualidade de vida da população. Portanto, a Educação Ambiental,
remetendo ao sentido maior da educação, estimula a percepção do aluno exercer a cidadania e
responsabilidade social, incentivando a investigação dos problemas socioambientais, além de levar
o educando a busca autêntica de valores sociais e pessoais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

LOUREIRO; Carlos Frederico B. - Trajetória e fundamento da educação ambiental; 1ª Edição;


Ed Cortez – 2004;

Leff, Enrique; saber ambiental: sustentabilidade, racionalidade, complexidade, poder; 6ª edição-


Petrópolis, RJ; Vozes, 2008;

----------------; Racionalidade Ambiental: a reapropriação social da natureza; RJ; Civilização


Brasileira, 2006;

----------------; A complexidade Ambiental; SP; Cortez, 2003.

www.educarambiental.wordpress.com; acessado em 27/03/2010;

www.meioambiente.uerj.br; acessado em 27/03/2010;

www.portal.mec.gov.br; acessado em 27/03/2010;

www.hri.org; acessado em 27/03/2010.

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