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ALGUMAS REFLEXÕES EPISTEMOLÓGICAS SOBRE PERIFERIA E

ESTUDOS URBANOS NO BRASIL

Este trabalho foi apresentado oralmente por Thomas


Jacques Cortado na mesa redonda 30 “Os estudos urbanos
e os debates epistemológicos contemporâneos:
interferências e inspirações”, coordenado por Candice
Vidal e Souza, do 43º Encontro Anual da Associação
Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Ciências
Sociais (ANPOCS), ocorrido de 21 a 25 de outubro de
2019, no Hotel Glória, em Caxambu (MG).

As minhas primeiras incursões no campo dos estudos urbanos se deram por conta da
minha pesquisa de mestrado, sobre a favela do Vidigal, situada na Zona Sul do Rio de
Janeiro, próximo aos bairros nobres de Ipanema e São Conrado. Fortemente
influenciado pelas críticas de Lícia Valladares a respeito dos “dogmas” que perpassam
as pesquisas sobre favelas (2005), mas também pelos trabalhos de Luiz Antônio
Machado da Silva (2011/1967) e Anthony Leeds (1978) sobre a diferenciação
socioespacial das favelas, a minha dissertação buscava romper com alguns estereótipos
acerca das favelas como focos exclusivos da violência e da pobreza (CORTADO,
2012).

Fiquei, de fato, espantado com o abismo existente entre essas representações,


mais comuns ainda entre os estrangeiros, e aquilo que tinha observado no Vidigal, onde
morava um amigo meu. Em particular, tratava-se de uma favela, já em 2009,
consolidada, com ruas asfaltadas, água encanada, esgotamento sanitário, luz em casa e
iluminação pública – em 2011, enquanto ainda estava fazendo o meu mestrado, o
Vidigal tinha se tornado uma “comunidade urbanizada”, uma “ex-favela”, segunda a
mídia. Havia, sobretudo, um comércio muito movimentado, desde mercearias até
supermercados, passando por lojas de informática, academias e consultorias de
dentistas. Em termos de equipamentos coletivos, a favela, com uns 15.000 habitantes,
abrigava duas creches públicas, um colégio, um posto de saúde, uma agência do correio,
um teatro comunitário e um complexo esportivo. Se tinha o domínio armado do tráfico,

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a favela passava, naquele tempo, por um período de paz, para retomar uma categoria
nativa, após o fim de uma “guerra” violenta entre as facções Comando Vermelho e
Amigos dos Amigos. Em um contexto de consolidação sócio-urbanística, de relativa paz
entre os grupos armados que disputavam o controle do território (inclusive a própria
polícia), mas também de crescimento da economia brasileira e fluminense, que
contrastava com a situação vivida na Europa, e de expansão do turismo nas favelas, o
Vidigal tinha se tornado o novo destino de muitos estrangeiros, em busca de exotismo,
de alugueis mais baratos ou de oportunidades imobiliárias (CORTADO & NINNIN,
2013). Assim como eles, eu fui um “gringo na laje” (FREIRE-MEDEIROS, 2009).

Ao mesmo tempo em que fiz pesquisa no Vidigal, conheci, através da minha


esposa, outro bairro do Rio de Janeiro, chamado Guaratiba, situado na Zona Oeste da
cidade, mais especificamente o loteamento do Jardim Maravilha. À época, para chegar
ao Jardim Maravilha da Zona Sul, eram no mínimo duas horas de viagem, mas,
dependendo do trânsito, demorava até três horas e meia. O Jardim Maravilha não era
uma favela, segundo os moradores, pois não tinha tráfico, nem bagunça: as ruas
seguiam padrões geométricos e os terrenos estavam divididos em lotes e quadras. Por
outro lado, as casas do Jardim Maravilha lembravam muito as do Vidigal: sem emboço,
ostentavam seus tijolinhos vermelhos e seus emaranhados de canos e cabos; com suas
lajes de concreto e seus vergalhões apontando para o céu, davam a mesma impressão de
estarem sempre em construção. Sobretudo, o Jardim Maravilha, a despeito de sua
regularidade geométrica, não chegava nem perto do Vidigal no quesito do acesso às
infraestruturas urbanas. Inúmeras ruas não tinham, como ainda não têm, asfalto; as valas
negras recebiam e continuam recebendo as águas sujas dos moradores; muitos terrenos,
a cada vez menos é verdade, eram completamente vazios de construções, sendo cobertos
pelo mato e pelo brejo. Em vez de água encanada, as pessoas recorriam à água do poço.
À época, o loteamento estava desprovido de qualquer creche pública e até hoje não há
sequer um equipamento cultural ou esportivo. Enfim, o Jardim Maravilha vivia, de
acordo com os moradores, sob o domínio de um grupo violento ainda pouco discutido
nas mídias e nos estudos urbanos: a milícia.

Ao pesquisar o Cadastro de Favelas do Rio, fiquei sabendo de que loteamentos


como o Jardim Maravilha eram chamados pela prefeitura de “loteamentos irregulares”,
e que havia inúmeros outros, espalhados principalmente pelos bairros mais afastados da
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cidade, como Guaratiba (VERÍSSIMO, 2005). “Loteamentos irregulares” eram,
segundo a prefeitura, loteamentos executados “em discordância com o projeto
aprovado”. Enquanto estava escrevendo a minha dissertação, chamou a minha atenção a
falta quase absoluta de referência a esses loteamentos na mídia e nos estudos mais
recentes sobre o Rio, inclusive na reflexão sobre pobreza e violência na cidade. O
Jardim Maravilha, por exemplo, maior loteamento irregular do Rio de Janeiro, nunca
tinha sido objeto de um estudo acadêmico.

Esta situação me levou a refletir simultaneamente sobre o campo dos estudos


urbanos no Brasil e sobre a produção do espaço urbano. Ao procurar referências sobre
“loteamentos irregulares”, eu me deparei logo com os estudos realizados pela escola
marxista de sociologia urbana nos anos 1970 – Lúcio Kowarick (1979), Ermínia
Maricato (1979), Raquel Rolnick e Nabil Bonduki (1979). Acontece que esses autores
olhavam para os loteamentos na medida em que evidenciavam a dinâmica própria à
produção do espaço urbano na Grande São Paulo daquela época: a periferização
(VALLADARES & FIGUEIREDO, 1981). Chico de Oliveira, na sua Crítica da razão
dualista (1972), já propunha discutir a urbanização brasileira à luz de sua
industrialização dependente, mostrando como a expansão das periferias via loteamento
servia para diminuir os custos ligados à reprodução da força de trabalho. Para os autores
da coletânea A produção capitalista da casa (e da cidade) no Brasil (1979), o
loteamento também tinha uma função ideológica, ao inocular o senso da propriedade
entre os mais pobres. Estas reflexões acabaram inspirando algumas monografias,
principalmente dissertações no campo do planejamento urbano, sobre loteamentos na
região metropolitana do Rio (COSTA, 1979; BELOCH, 1980; CAVALCANTI, 1980),
com a nítida exceção de Carlos Nelson Ferreira dos Santos, autor de vários artigos sobre
o tema (1977; 1978; 1980). Entretanto, as pesquisas sobre camadas populares urbanas
no Rio continuaram voltadas para as favelas, uma tendência que a explosão da violência
urbana nos anos 1980 só confirmou, já que tal violência acabou sendo vinculada às
favelas (VALLADARES, 2002). Firmou-se então certa divisão do trabalho acadêmico,
assumida pelos protagonistas (ECKERT & ROCHA, 2009; FRUGOLI, 2005). A quem
pesquisava São Paulo, impunha-se como objeto as periferias, tendo aí uma subdivisão
do trabalho entre os sociólogos, que estudavam a produção do espaço urbano, e os
antropólogos, que estudavam estratégias familiares de sobrevivência e política
(DURHAM, 1978; BILAC, 1978; CALDEIRA, 1984; MACEDO, 1986). A quem

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trabalhava sobre o Rio de Janeiro, cabia estudar favelas e marginalidade (SILVA,
2011/1967; PERLMAN, 1977; LEEDS & LEEDS, 1978), enquanto os antropólogos
pesquisavam camadas médias, na linha de Gilberto Velho (2010/1973). Acredito que
esta divisão teve desdobramentos importantes para os estudos urbanos no Brasil, pois
foram poucas as pesquisas sobre a periferia do Rio de Janeiro, sobre a favela e a
produção do espaço urbano ou sobre a família e a produção do espaço.

A respeito da pesquisa sobre periferias, acredito que temos hoje uma divisão do
trabalho acadêmico muito nítida entre, por um lado, uma sociologia quantitativa que
tem como ponto de partida o sentido espacial da categoria (TORRES & MARQUES,
2001; MARQUES & BICHIR, 2001; TORRES et al., 2003; TORRES, BICHIR &
CARPIM, 2006) e, por outro lado, uma socio-antropologia qualitativa que tem como
ponto de partida o sentido social da categoria (FELTRAN, 2008; NASCIMENTO,
2011; CUNHA & FELTRAN, 2013a). De fato, a periferia no sentido clássico da escola
marxista pressupunha a existência de uma correlação entre distância espacial
(afastamento e dependência física) e distância social (afastamento e dependência
política). Já hoje, esta correlação virou um problema. Em primeiro lugar, do lado da
etnografia das periferias, o sentido sociológico acabou absorvendo completamente o
sentido geográfico: a periferia virou sinônima de margem, de uma marginalidade
sociocultural e politicamente construída, seguindo portanto um movimento geral de
retorno à temática da marginalidade no campo da sociologia e da antropologia urbana
(DAS & POOLE, 2004; WACQUANT, 2006; PERLMAN, 2010). A coletânea Sobre
periferias, organizada por Neiva Vieira da Cunha e Gabriel de Santis Feltran em 2013,
reflete muito bem este deslize semântico: das 12 contribuições reunidas, oito têm a ver
com violência, quatro com ação social, três com religião, duas com associativismo
popular e uma com criação artística. Se existem referências ao tema da moradia, é
sempre a partir da violência ou do associativismo que este é abordado. O ponto de
partida não é mais a reflexão sobre o processo de urbanização, mas a observação de
comportamentos marginalizados – daí a centralidade dos trabalhos sobre ilegalismos
nas etnografias das periferias (TELLES & HIRATA, 2007). Patrícia Birman, na
introdução da coletânea, reivindica explicitamente esta abordagem que identifica
“periferia” com as “margens” da sociedade abrangente, disqualificando o significado
propriamente espacial: “Os textos reunidos nesta coletânea revelam a elaboração rica de
um campo analítico, cuja complexidade se deve ao reconhecimento de que as fronteiras

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das periferias estão longe de se constituírem por coordenadas somente ou
primordialmente espaciais. Afinal, as margens, como muitos trabalhos publicados
demonstram, podem ser políticas, religiosas, sociais, administrativas, culturais – sem
que se recubram de forma a criar espaços fixos, homogêneos, unificados e submetidos
às mesmas clivagens”.

Consequentemente, a categoria de periferia ganhou uma extensão considerável


no discurso dos etnógrafos, a ponto de subsumir outras categorias que antes eram
pensadas em uma relação de contraste com a periferia, especialmente a de favela.
Assim, na coletânea Sobre periferias, duas contribuições falam de favelas situadas
dentro do Estado do Rio de Janeiro, ambas com foco em assuntos relacionado ao tema
da criminalidade; outra contribuição está ambientada nas cracolândias de São Paulo, e
outra em um centro de hospedagem para moradores de rua. Essa maior
“transversalidade” da categoria não remete a alguma teoria nova acerca da periferia ou
da marginalidade, ela é fruto de uma sensibilização aos diversos usos da palavra, o que
inclui os usos nativos, como bem ressaltam os organizadores da coletânea em
introdução (CUNHA & FELTRAN, 2013b). Com isso, estudar “periferia” hoje pode
levar o antropólogo tanto para um loteamento periférico, uma favela, um cortiço, um
conjunto habitacional, um subúrbio, uma ocupação, etc. Ademais, se a palavra
“periferia” pode designar lugares tão diferentes quanto o “loteamento periférico”, o
cortiço da região central e o albergue para morador de rua, lugares onde, às vezes, nem
os nativos se consideram como pertencendo à “periferia”, por que ainda falar em
“periferia” e não preferir o conceito de “margem”, por exemplo? A manutenção da
palavra, ao nosso ver, serve para aludir à problemática clássica da periferia, mas a
referência aqui não vai muito além da alusão.

Acredito que houve um deslize semântico também do lado da sociologia


quantitativa. Aos poucos, caiu o privilégio da teoria marxista entre os sociólogos
quantitativos, devido, por um lado, à consolidação das periferias (MARQUES &
BICHIR, 2001; SARAIVA, 2008; MAUTNER, 2010), por outro lado, à migração das
classes médias e altas para condomínios situados fora das cidades (CALDEIRA, 2003).
Com efeito, a palavra perdeu seu significado sociológico, para se tornar mais ou menos
sinônima de distância espacial, sendo que esta distância espacial não estaria mais
correlacionada com a distância social. Questionou-se então a homogeneidade das
periferias (TORRES et al., 2003; SANTOS, 2007), a pertinência do modelo centro-

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periferia (LAGO, 2000; RIBEIRO, 2000) e o surgimento eventual de hiperperiferias
(TORRES & MARQUES, 2001), muitas vezes com base nos dados do censo – acredito
que parte dos discursos sobre o fim do dualismo entre centro e periferia no Brasil se
deve ao uso desses dados, hoje incapazes de captar as novas dinâmicas da segregação
(acesso a equipamentos culturais, qualidade da água, da luz, do esgoto e do asfalto,
tempo passado cotidianamente no transporte). O próprio conceito de “hiperperiferia”
chama atenção. Em primeiro lugar, porque ela continua aludindo ao conceito clássico de
periferia – a verdadeira periferia é aquela que combina distância espacial com distância
social. Em segundo lugar, porque, enquanto a periferia remetia à dinâmica histórica do
capitalismo brasileiro, a hiperperiferia tem um sentido meramente tipológico –trata-se,
na perspectiva da sociologia quantitativa paulista de produzir uma tipologia da “pobreza
urbana” (TORRES, BICHIR & CARPIM, 2006). Por conta deste deslize, a “periferia”
aparece, retrospectivamente, como uma reflexão sobre “pobreza” e “segregação”
urbana, só que não era bem assim: os estudos marxistas sobre loteamentos periféricos
tinham por objeto a “exploração” (OLIVEIRA, 1972; MARICATO, 1979) e a
“espoliação” (KOWARICK, 1979) dos proletários expulsos do campo. A “periferia
urbana” funcionava como uma categoria dinâmica, indexada em um processo histórico:
a exploração do proletariado pelo modo de produção capitalista. Já na sociologia
quantitativa contemporânea, a “periferia” serve como categoria tipológica, indexada na
correlação entre distância social e distância geográfica. Só que nunca fica muito claro
nesta nova literatura até que ponto a categoria de periferia continua, ou não, indexada no
processo histórico da exploração capitalista – por exemplo, quando se fala de “periferia
consolidada”, o estado de consolidação remete a um grau menor de pobreza entre
assentamentos situados em uma mesma distância espacial do centro metropolitano ou a
uma inflexão no processo histórico de “crescimento por expansão de periferia”?

A minha intenção não é reabilitar os estudos marxistas sobre periferia, mas


resgatar o significado socioespacial da periferia em oposição à etnografia das margens e
o raciocínio histórico em oposição ao raciocínio tipológico da sociologia quantitativa.
Entretanto, não pretendo reproduzir o mesmo raciocínio histórico dos estudos marxistas.
Afinal, as críticas das sociologias quantitativas e da etnografia das margens ao conceito
de periferia continuam válidas. Em particular, não se pode negar o fato de que a escola
marxista trabalhava antes com as categorias da economia política para, em seguida,
interpretar ou até deduzir as características da periferia. A conversão da “periferia” em

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categoria tipológica, sob este aspecto, abriu caminho para o estudo empírico das
periferias. Afinal, tanto os estudos marxistas quanto os estudos contemporâneos sobre
periferia têm em comum o fato de silenciar o próprio processo de urbanização, as
formas concretas que a produção do espaço urbano assume: os estudos marxistas por
subordinar esse processo às categorias da economia política, os estudos contemporâneos
por marginalizar o espaço enquanto fator explicativo ou por reduzir a urbanização à
distribuição de tipos socioespaciais em um determinado “território”.

O que chamo “processo de urbanização” não se confunde com a expansão da


cidade e/ou com a adaptação das pessoas ao “modo de vida” urbano (modernização), os
dois polos a partir dos quais a Escola de Chicago fixou, por anos e talvez até hoje, a
agenda dos estudos urbanos (BIURGESS, 1984/1925; WIRTH, 1938. A geografia
crítica da cidade ajudou recentemente a diversificar nossa compreensão da urbanização,
para além da expansão da cidade e/ou da modernização (BRENNER, 2013; BRENNER
& SCHMID, 2015). Em uma série de artigos recentes, Neil Brenner propôs uma revisão
radical do conceito de urbano, reivindicando que “o interesse pelas tipologias de
assentamentos (essências nominais) deve ser superado pela análise dos processos
socioespaciais (essências constitutivas)”. Em um artigo publicado em 2015, Brenner e o
sociólogo Christian Schmid formularam sete teses de acordo com essa “nova
epistemologia do urbano”. A segunda tese em particular defende que “localizações
urbanas aparentemente estabilizadas, na verdade, são meras materializações temporárias
de transformações socioespacial em curso” – assim, mais do que características
morfológicas, o que deve atrair o interesse do analista são os “campos de forças da
reestruturação socioespacial, campos dinâmicos e evoluindo de forma relacional”. Já a
terceira tese, inspirada nos trabalhos de Lefebvre (1999/1974) e Harvey (1989), propõe
uma alternativa aos modelos ecológicos clássicos, distinguindo três momentos
constitutivos no processo de urbanização: “a urbanização concentrada, a urbanização
estendida e a urbanização diferencial”. A concentração de populações, atividades e
infraestruturas (“urbanização concentrada”), à qual se reduz frequentemente o processo
de urbanização, representaria um momento só da urbanização. A urbanização estendida
corresponde aqui à “operacionalização de lugares, territórios e paisagens, muitas vezes
localizados longe dos densos centros de população, para sustentar as atividades diárias e
as dinâmicas socioeconômicas da vida urbana”, enquanto a urbanização diferencial
remete ao processo “no qual configurações socioespaciais herdadas são continuamente e

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criativamente destruídas frente às tendências do capitalismo moderno às crises e a sua
dinâmica de desenvolvimento mais abrangente”. Essa tese nos leva a um olhar diferente
sobre o “loteamento periférico”, que não se restringe a constatar a “transformação do
solo rural em solo urbano”, mas considera as tecnologias políticas através das quais os
centros do poder urbano atuaram nesses territórios remotos, assim como as interações
entre as tecnologias e as outras modalidades de apropriação do espaço.

Também acredito que a antropologia proporciona ferramentas analíticas para


ajudar nessa exploração. É verdade que, na antropologia/sociologia qualitativa, persiste
a tendência em distinguir entre os aspectos físicos e simbólicos do espaço urbano, entre,
para retomar uma distinção formulada de Setha Low, “a produção social enquanto
processo responsável pela criação material do espaço na medida em que combina
fatores sociais, econômicos, ideológicos e tecnológicos”, e “a construção social do
espaço”, “a experiência do espaço através da qual ‘as trocas sociais das pessoas,
memórias, imagens e usos diários do ambiente material transformam o espaço e lhe dão
seu sentido’” (LOW & LAWRENCE-ZÚÑIGA, 2003). Ainda assim, a literatura sobre
infraestruturas (STAR & RUHLEDER, 1996; GRAHAM & SIMON, 2002;
EDWARDS, 2003; LARKIN, 2011), em pleno desenvolvimento desde o final dos anos
1990, me parece apontar para uma possível superação dessas antinomias produção
versus construção, estrutura versus experiência, representação versus práticas. Os
primeiros estudos, ao darem ênfase aos Large Technical System, já mostraram a riqueza
etnográfica daquilo que Park chamava de “conveniências sociais”, tais como a rede
elétrica, o sistema de rádio, a comunicação telefónica, o controle aéreo, a internet, a
ferrovia etc. Se esses estudos serviram para “retirar o foco da tecnologia e oferecer uma
perspectiva mais sintética”, levantando em particular a dimensão “política” dessas
tecnologias, os estudos conduzidos a partir dos anos 2000 ressaltaram também sua
dimensão “poética”. Foi Larkin que, ao resenhar as várias vertentes dos estudos recentes
sobre infraestrutura, propôs essa distinção entre a “política” e a “poética das
infraestruturas”. Enquanto a “política das infraestruturas” se interessa pelas “formas de
racionalidade política que estão por trás dos projetos tecnológicos e dão luz a um
‘dispositivo de governamentalidade’”, a “poética das infraestruturas” exige “estar atento
às dimensões formais das infraestruturas, entender qual tipo de objetos semióticos elas
são e determinar como elas interpelam e constituem sujeitos, assim como suas

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operações técnicas”. É importante ressaltar que tanto os moradores quanto os agentes da
governamentalidade urbana têm suas “políticas” e suas “poéticas”.

Como, metodologicamente, não reproduzir a separação entre a “produção” e a


“construção” do espaço? A primeira estratégia pela qual optei na minha tese sobre o
Jardim Maravilha partiu dos documentos. Etnografias como a de Hull sobre a
administração urbana de Islamabad evidenciaram recentemente o potencial analítico dos
documentos na reconstituição das redes concretas sobre as quais as instituições do poder
urbano estão assentadas, assim como das racionalidades que as sustentam (HULL,
2012). Acontece que a existência do Jardim Maravilha está justamente atrelada a um
documento em particular, documento que faz parte dessas “práticas documentares” que
condicionam a produção cotidiana da cidade: o PAL 16.810. Em particular, busquei
fazer uma “genealogia” do “loteamento proletário”, etiqueta que consta no cabeçalho do
PAL 16.810, e de outras centenas de projetos, mas ao qual sequer encontrei uma
referência em toda a literatura urbana, histórica, sociológica ou antropológica.
Estabeleci esta genealogia desmontando as várias peças das quais o “loteamento
proletário” resultou e procurei entender dentro de quais configurações de saberes e
poderes elas emergiram, as problemáticas políticas que as sustentaram. O próprio PAL
16.810 ajudou na identificação dessas peças, pois graças às nomenclaturas, informações
estatísticas, anotações manuscritas, carimbos que constavam nele pudemos “traçar”
(LATOUR, 2007) vínculos com leis e documentos jurídicos, práticas comerciais e
administrativas, instituições públicas e agentes privados, e assim “seguir o filão
complexo da proveniência”. Em particular, eu percebi a montagem jurídico-
administrativa que estava em jogo na produção de “loteamentos proletário” e como ela
tinha produzido, estruturalmente, um regime de “urbanização diferida”, marcado pela
não-coincidência entre ocupação do espaço e acesso aos serviços urbanos (CORTADO,
2018) – ou seja, a “irregularidade”, longe de denotar apenas uma falha no processo,
expressava um processo específico, resultado de um governo específico do espaço
urbano. O adjetivo “diferido” aqui remete ao duplo-significado da palavra: trata-se de
um processo de urbanização, por um lado, atrasado, intervalado, arrastado, e, por outro,
espraiado, distendido, espacejado (territórios desigualmente urbanizados no tempo e no
espaço). Falar em “urbanização diferida” permite dar uma consistência não apenas
tipológica à periferia, mas uma consistência dinâmica: a periferia se torna, na verdade,

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um processo espaço-temporal, o que também abre caminho para um estudo da
“experiência” da urbanização.

A segunda estratégia resolveu levar a sério o compromisso prático, afetivo e


sensual das pessoas com o mundo que as circunda: a produção do mundo ambiente, o
qual não faz sentido fora do vínculo corporal que as pessoas têm com ele. Pegando
inspiração na fenomenologia de Heidegger (1985/1927) e na psicologia ecológica de
Ingold (2000) adotei um conceito da percepção e cognição enquanto envolvimento
prático com o mundo ambiente. “A atividade perceptiva não consiste na operação do
espírito sobre os dados corporais dos sentidos, mas no movimento intencional do ser
inteiro (indissoluvelmente corpo e espírito) dentro de seu ambiente” (Ingold, 2000).
Com efeito, “os significados não são atribuídos pelo espírito aos objetos no mundo,
esses objetos antes adquirem sua significação (...) por força de sua incorporação em um
padrão característico de atividades cotidianas”. Sob esse ângulo, uma poética da
urbanização deve interrogar simultaneamente as categorias que os moradores mobilizam
quando descrevem o processo de urbanização e aquilo que Ingold chama de taskscape, o
conjunto das tarefas práticas que definem a maneira como as pessoas habitam o mundo.
A hermenêutica, portanto, descreve o envolvimento prático da pessoa com o mundo:
categorias como mato, lama, brejo não só identificam elementos da paisagem, elas
isolam o que na paisagem se mostra hostil à forma humana de estar no mundo, ao andar
por exemplo. Além da paisagem, a hermenêutica manifesta como a pessoa se projeta no
tempo, sendo tal projeção indissociável de uma certa orientação no desejo: o progresso
remete, por exemplo, à transformação desejada do mundo de acordo com as
necessidades do ser humano, com as necessidades modernas; ele induz, portanto, à
constante projeção da pessoa dentro de um futuro desejável, à esperança como atitude
frente ao mundo. Assim, acredito que o conceito da urbanização diferida traz uma
contribuição ao estudo das formas de segregação impostas às classes sociais, pois a
segregação não se resume ao afastamento dessas classes do centro da cidade (dimensão
sincrônica ou “tipológica” da segregação), mas inclui também a falta de controle das
classes populares sobre o tempo da urbanização (dimensão diacrônica ou “dinâmica” da
segregação).

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