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et al. [10] para o Rio de Janeiro, com 30 famílias e 17 desobstrução desses canais é executada para navegação e
espécies em comum. drenagem das águas pluviais [20,22].
As famílias Cyperaceae, Poaceae, Leguminosae e A somatória das interações entre fogo e pastagem foi
Onagraceae estão entre as mais representativas em observada por Pott [23] para o Pantanal, onde gramíneas
número de espécies para as comunidades hidrófilas do cespitosas altas foram substituídas por espécies baixas. O
Brasil, e são muitos os autores que listam essas constante pastejo e o pisoteio em solos argilosos alteram a
famílias como as mais importantes (Bove et al. [10], composição desses campos, propiciando um estágio
Junk e Piedade [7], Irgang et al. [11] e Thomaz et al. sucessional secundário com a colonização por espécies
[6]). invasoras, oportunistas e associadas [23,24].
As macrófitas aquáticas somam 39% de anfíbias,
Além desses fatores, temos também o impacto do
20% de emergentes, 17% de flutuantes fixas, 13% de
garimpo, nas cabeceiras do rio Tartarugalzinho, que drena
lianas, 7% de flutuantes livres e 2% de submersas fixas
parte de suas águas para o lago Duas Bocas e daí para os
e epífitas (Figura 2).
lagos do cinturão meridional e rio Araguari.
As formas anfíbias ou terrestres são também as mais
Em estudos de impacto de mercúrio nos rios Tartarugal
freqüentes nos levantamentos de Irgang et al. [11],
Grande, Tartarugalzinho e lago Duas Bocas foi constatada
Junk e Piedade [7], Irgang e Gastal Jr. [9], Matias et al.
a presença desse elemento em sedimento e em raízes e
[12] e Thomaz et al. [6], nos quais estas formas
limbos de Eichhornia azurea. O aumento dos valores no
biológicas são registradas com 47,6%, 71%, 43,2%,
lago Duas Bocas é devido à natureza dos ambientes
86,6% e 49%, respectivamente.
lênticos, que deixam registros nessa espécie, indicando E.
O maior número de espécies anfíbias dá-se pela
azurea e outras macrófitas aquáticas como biomonitor de
ocorrência de ambientes que estão sujeitos aos pulsos
contaminação por Hg em ambientes aquáticos [25].
de inundações sazonais ou diários, decorrentes das
marés semidiurnas, apresentando adaptações tanto para
o meio aquático quanto para o terrestre. Essas espécies
quando anuais reduzem suas populações ou chegam até Agradecimentos
a desaparecer nos períodos de seca, e as perenes Ao Programa de Conservação e Utilização Sustentável
conseguem muitas vezes, dominar esses ambientes, da Diversidade Biológica Brasileira – PROBIO e CNPq,
alterando assim a paisagem dos mesmos [7,10]. edital 02/2001, por financiar o Sub-Projeto Inventário
Em toda a extensão do rio Araguari, assim como em Biológico da Área do Sucuriju e Região dos Lagos, no
todo o Lago Novo e no Pracuúba, ocorre campos Amapá.
arbustivos e herbáceos onde se observa uma atividade
pecuária bubalina extensiva que causa alterações
significativas na paisagem, formando canais de Referências
drenagem que servem de escoamento da água dos [1] SILVEIRA, O. F. M. 1998. A planície costeira do Amapá: dinâmica
campos. Isso é evidenciado principalmente durante os de ambiente costeiro influenciado por grandes fontes fluviais quaternárias.
meses de estiagem, o que facilita a queimada, ocorrida 1998. 215 f. Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Pará, Belém.
[2] FIDALGO, O.; BONONI, V. L. 1984. Guia de coleta, preservação e
sucessivamente nos anos de 2000, 2001, 2002 e 2003 e herborização de material botânico. São Paulo: Instituto de Botânica. 62 p.
que descaracteriza esse ecossistema. [3] CONQUIST, A. 1981. An integrated system of classification of
flowering plants. New York: Columbia University Press. 261 p.
Cabe salientar que parte desse rebanho que se [4] POTT, V. J.; POTT, A. 2000. Plantas aquáticas do Pantanal.
encontra na margem esquerda do rio Araguari, que faz Embrapa: Brasília. 404p.
conexão com os lagos do cinturão meridional, está [5] LINS, A.F.L.A.; TOSTES, L.C.L.; VILHENA-POTIGUARA, R.C.;
LOBATO, L.C.B. 2002. Macrófitas aquáticas. In: LISBOA, P.L.B. (Org.)
dentro da unidade de conservação, Reserva Biológica
Caixiuanã: Populações tradicionais, meio físico e diversidade biológica.
do Lago Piratuba. Belém: MPEG. p. 369-377.
Em decorrência dessas práticas, pode-se encontrar [6] THOMAZ, D. O.; COSTA NETO, S. V.; TOSTES; L. C. L. 2004.
nos campos várias espécies invasoras, ruderais e Inventário florístico das ressacas das bacias do igarapé da Fortaleza e do
oportunistas, e que competem com as forragens rio Curiaú. In: TAKIYAMA, L. R.; SILVA, A. Q. (Orgs.). Diagnóstico de
ressacas do Estado do Amapá: Bacias do igarapé da Fortaleza e do rio
nativas, possuindo um rápido crescimento, grande Curiaú. Macapá: GEA/SETEC/IEPA. p.13-32.
produção de sementes, alta capacitação adaptativa e [7] JUNK, W. J.; PIEDADE, M. T. F. 1993. Herbaceous plants of
resistência, são Erechtites hieracifolia (L.) Raf. ex Amazon floodplain near Manaus: Species diversity and adaptations to the
DC., Ipomoea asarifolia (Desr.) Roem. & Schult., flood pulse. Amazoniana, v. 12, n. 3/4, p. 467-484.
[8] POTT, V. J.; POTT, A. 1997. Checklist das macrófitas aquáticas do
Ipomoea carnea subsp. fistulosa (Mart. ex Choisy) Pantanal, Brasil. Acta Botânica Basílica, v. 11, n. 2, p. 215-227.
Austin, Cyperus luzulae (L.) Rottb. ex Retz., Pycreus [9] IRGANG, B. E.; GASTAL JR., C. V. S. 1996. Macrófitas aquáticas
polystachyos (Rottb.) P. Beauv., Panicum laxum Sw., da planície costeira do RS. Porto Alegre: Irgang & Gastal Jr. 290 p.
Solanum grandiflorum Ruiz et Pav., Mimosa pigra L. e [10] BOVE, C. P.; GIL, A. S. B.; MOREIRA, C. B.; ANJOS, R. F. B.
2003. Hidrófitas fanerogâmicas de ecossistemas aquáticos temporários da
M. pudica L., entre outras [13,14]. planície costeira do estado do Rio de Janeiro, Brasil. Acta Botânica
A utilização destas áreas foi sugerida e relatada, para Basílica, v. 17, n. 1, p. 119-135.
a atividade pecuária, por Albuquerque [15] para o [11] IRGANG, B. E.; PEDRALLI, G.; WAECHTER, J. L. 1984.
Amazonas, por Miranda [16] e Black [17], para o Pará, Macrófitas aquáticas da Estação Ecológica do Taim, Rio Grande do Sul,
Brasil. Roessléria. v. 6, n. 1, p. 395-404.
e, para o Amapá, em antigos registros de Moura [18], [12] MATIAS, L. Q.; AMADO, E. R.; NUNES, E. P. 2003. Macrófitas
Borges [19], Magnanini [20] e Pires [21]. A abertura e aquáticas da lagoa de Jijoca de Jericoacoara, Ceará, Brasil. Acta Botânica
Brasílica, v. 17, n. 4, p. 623-631.