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Saneamento

Básico II
Prof° Evandro Silva

Aula 05 – As unidades do sistema


(Redes coletoras – Parte 02)
Saneamento II – 2020.02
Aula: 3. As unidades do sistema

Sumário
3.1. Rede coletora;
3.2. Interceptor e emissário;
3.3. Sifão invertido;
3.4. Estação elevatória de esgoto.
3. As unidades do sistema
3.1. Rede coletora
3.1.10. Parâmetros limites e valores de projeto
• População (𝑷, 𝒉𝒂𝒃) – é o principal parâmetro para o cálculo das vazões de esgoto
doméstico; já as parcelas de águas de infiltração e de esgoto industrial, que também
compõem o esgoto sanitário, independem do mesmo.
Devem ser consideradas as populações atuais, de início do plano, e as futuras, de fim de
plano, estimadas para o alcance do projeto – ano previsto para o sistema projetado
passar a operar com a utilização plena de sua capacidade.
Além das populações totais da área do projeto, interessa também o conhecimento de sua
distribuição no solo urbano, que deve ser dividido em áreas de ocupação homogênea,
determinando-se para elas as respectivas “densidades populacionais” (d, hab/ha),
também para o início e final de plano.
A tabela 3.1 indica alguns valores recomendados para projeto, conforme zonas de
ocupação homogênea. Em casos específicos é necessário também considerar as
populações flutuantes e temporária, conforme definidas na NBR 9649 (ABNT, 1986).
Figura 3.10.1 – Tabela de densidades populacionais e extensões médias de ruas.
3. As unidades do sistema
3.1. Rede coletora
3.1.10. Parâmetros limites e valores de projeto
• Coeficiente de retorno (𝑪) – é a relação média entre os volumes de esgoto produzido e
a água efetivamente consumida. Entende-se por consumo efetivo aquele registrado na
micromedição da rede de distribuição de água descartando-se, portanto, as perdas do
sistema de abastecimento. Parte desse volume efetivo não chega aos coletores de
esgoto, pois, conforme a natureza do consumo, perde-se por evaporação, infiltração
ou escoamento superficial – por exemplo, lavagem de roupas, regas de jardins,
lavagem de pisos ou veículos. Além disso, é conveniente a investigação a respeito de
outras fontes de abastecimento de água, poços freáticos, por exemplo, que podem
elevar o volume de esgoto produzido até mesmo acima do volume registrado nos
hidrômetros, caso de indústrias, hospitais e outros contribuintes singulares. A NBR
9649 (1986), recomenda o valor de 𝑪 = 𝟎, 𝟖𝟎 quando inexistem dados locais oriundos
de pesquisas (ver figura 3.10.2).
Figura 3.10.2 – Coeficientes de retorno medidos ou recomendados para projetos
3. As unidades do sistema
3.1. Rede coletora
3.1.10. Parâmetros limites e valores de projeto
• Taxa per capita (𝒒, 𝑳/𝒉𝒂𝒃. 𝒅𝒊𝒂) – é a taxa 𝒑𝒆𝒓 capita de contribuição de esgoto,
nada mais é do que o produto do coeficiente de retorno pela taxa per capita de
consumo de água escoimada da parcela relativa a perdas. Esse consumo,
assim corrigido, é denominado “consumo efetivo 𝒑𝒆𝒓 capita”. Este é
extremamente variável, não só de cidade ou região para outras, como também
entre zonas da mesma cidade, tendo fatores influentes ligados à cultura, à
saúde, ao nível social e outros aspectos da população, mas também relativos
à região, ao clima, à hidrografia, e ainda ao serviço de abastecimento de água
local, inclusive quanto à existência ou não de medição de água distribuída.
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3.1.10. Parâmetros limites e valores de projeto
• Coeficientes de variação de vazão (𝒌𝟏 , 𝒌𝟐 𝐞 𝒌𝟑 )– é o escoamento da parcela de
esgoto doméstico, que compõe o esgoto sanitário; não se comporta de forma
regular, pois como a água de consumo doméstico está sob comando direto do
usuário, variando a vazão conforme as demandas sazonal, mensal diária e
horária, é influenciado por diversos fatores – clima, jornada de trabalho,
hábitos da população etc. As variações mais significativas são as diárias e as
horárias, representadas respectivamente pelos coeficientes a seguir – os
mesmos do sistema de abastecimento de água:
➢ 𝒌𝟏 (coeficiente do dia de maior demanda) – é a relação entre maior
demanda diária ocorrida em um ano e a vazão diária média desse ano;
➢ 𝒌𝟐 (coeficiente da hora de maior demanda) – é a relação entre maior
demanda horária ocorrida em um dia e a vazão horária média desse dia;
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3.1.10. Parâmetros limites e valores de projeto
Em alguns casos, como no dimensionamento hidráulico das estações de
tratamento de esgoto (ETEs), há interesse em se avaliar a mínima vazão
horária e, então, é definido um terceiro coeficiente:
➢ 𝒌𝟑 (coeficiente da hora de demanda mínima) – é a relação entre a mínima
demanda diária ocorrida em um ano e a demanda média desse ano;
A figura 3.10.3 mostra alguns valores pesquisados e valores recomendados
para projetos. A norma brasileira recomenda, na inexistência de dados locais
oriundos de pesquisas, os seguintes valores:

𝒌𝟏 = 𝟏, 𝟐 𝒌𝟐 = 𝟏, 𝟓 𝒌𝟐 = 𝟎, 𝟓
Figura 3.10.3 – Coeficientes de variação da vazão de esgotos sanitários
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3.1.11. Vazões de esgoto, contribuições e taxas
A vazão de esgoto sanitário (𝑸) compreende as seguintes parcelas:
𝑸 = 𝑸𝒅 + 𝑰 + 𝑸𝒄 (𝟑. 𝟏)
sendo que:
𝑸𝒅 = vazão de esgoto doméstico;
𝑰 = vazão de água de infiltração; e
𝑸𝒄 =vazão de contribuição concentrada. Esta última é oriunda de áreas cujas
contribuições são significativamente maiores que as resultantes da simples
aplicação da taxa de contribuição por área esgotada. Referem-se às áreas
ocupadas por hospitais, educandários, quartéis, indústrias e outros. Também
áreas de expansão da rede coletora podem ser previstas, comparecendo na
vazão de final de plano, como contribuições concentradas.
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3.1.11. Vazões de esgoto, contribuições e taxas
A contribuição de esgoto doméstico (𝑸𝒅 ) é aquela parcela vinculada à
população servida, cuja contribuição média anual é expressa pelas
equações:
• Vazão média inicial (𝑳/𝒔):

𝑪 . 𝑷𝒊 . 𝒒𝒊
ഥ 𝒅,𝒊 =
𝑸 (𝟑. 𝟐)
𝟖𝟔𝟒𝟎𝟎

𝑪 . 𝒂 𝒊 . 𝒅𝒊 . 𝒒 𝒊
ഥ 𝒅,𝒊 =
𝑸 (𝟑. 𝟑)
𝟖𝟔𝟒𝟎𝟎
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3.1.11. Vazões de esgoto, contribuições e taxas
• Vazão média final (𝑳/𝒔):
𝑪 . 𝑷𝒇 . 𝒒𝒇
ഥ 𝒅,𝒇
𝑸 = (𝟑. 𝟒)
𝟖𝟔𝟒𝟎𝟎
𝑪 . 𝒂 𝒇 . 𝒅𝒇 . 𝒒 𝒇
ഥ 𝒅,𝒇 =
𝑸 (𝟑. 𝟓)
𝟖𝟔𝟒𝟎𝟎
nas quais:
𝑪 = coeficiente de retorno;
𝑷𝒊 𝐞 𝑷𝒇 = população inicial e final de plano (𝒉𝒂𝒃);
𝒂𝒊 𝐞 𝒂𝒇 = área servida inicial e de final de plano (𝒉𝒂);
𝒅𝒊 𝐞 𝒅𝒇 = densidade populacional inicial e de final de plano (𝒉𝒂𝒃/𝒉𝒂);
𝒒𝒊 𝐞 𝒒𝒇 = consumo de água efetivo inicial e de final de plano (𝑳/𝒉𝒂𝒃. 𝒅𝒊𝒂);
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3.1.11. Vazões de esgoto, contribuições e taxas
Compondo as parcelas indicadas na equação 3.1, calculam-se as vazões de
esgoto sanitário, aplicando-se, onde couberem, os coeficientes de variação
(do dia de maior demanda 𝒌𝟏 e da hora de maior demanda 𝒌𝟐 :
• Vazão inicial (𝑳/𝒔):
ഥ 𝒅,𝒊 + 𝑰 + ∑𝑸𝒄,𝒊
𝑸 𝒊 = 𝒌𝟐 . 𝑸 (𝟑. 𝟔)
• Vazão final (𝑳/𝒔):
ഥ 𝒅,𝒇 + 𝑰 + ∑𝑸𝒄,𝒇
𝑸 𝒇 = 𝒌𝟏 . 𝒌𝟐 . 𝑸 (𝟑. 𝟕)
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3.1.11. Vazões de esgoto, contribuições e taxas
As taxas de cálculo ou vazões de dimensionamento são as equações 3.8a, 3.9a, 3.10a
e 3.11a. Caso a infiltração seja considerada uniforme na área de projeto, pode ser
adotada uma taxa 𝑻𝑰 (𝑳/𝒔. 𝒉𝒂) ou 𝑻𝑰 (𝑳/𝒔. 𝒎), e então as taxas de cálculo são as
equações 3.8b, 3.9b, 3.10b e 3.11b.
• Taxa, por área esgotada(𝑳/𝒔. 𝒉𝒂):
𝑸𝒊 − ∑𝑸𝒄,𝒊
𝑻𝒂,𝒊 = 𝟑. 𝟖𝒂
𝒂𝒊
ഥ 𝒅,𝒊
𝒌𝟐 . 𝑸
𝑻𝒂,𝒊 = + 𝑻𝑰 (𝟑. 𝟖𝒃)
𝒂𝒊
𝑸𝒇 − ∑𝑸𝒄,𝒇
𝑻𝒂,𝒇 = (𝟑. 𝟗𝒂)
𝒂𝒇
ഥ 𝒅,𝒇
𝒌𝟏 . 𝒌𝟐 . 𝑸
𝑻𝒂,𝒇 = + 𝑻𝑰 (𝟑. 𝟗𝒃)
𝒂𝒇
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3.1.11. Vazões de esgoto, contribuições e taxas
• Taxa linear, por metro de tubulação (𝑳/𝒔. 𝒎), com ℓ∗ = 𝑳/𝒂 (tabela da Figura 3.10.1):

𝑸𝒊 − ∑𝑸𝒄,𝒊
𝑻𝒙,𝒊 = 𝟑. 𝟏𝟎𝒂
𝑳𝒊
ഥ 𝒅,𝒊
𝒌𝟐 . 𝑸
𝑻𝒙,𝒊 = ∗ + 𝑻𝑰 (𝟑. 𝟏𝟎𝒃)
ℓ 𝒊 . 𝒂𝒊
𝑸𝒇 − ∑𝑸𝒄,𝒇
𝑻𝒙,𝒇 = (𝟑. 𝟏𝟏𝒂)
𝑳𝒇
ഥ 𝒅,𝒇
𝒌𝟏 . 𝒌𝟐 . 𝑸
𝑻𝒙,𝒇 = + 𝑻𝑰 (𝟑. 𝟏𝟏𝒃)
ℓ ∗ 𝒇 . 𝒂𝒇
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3.1.11. Vazões de esgoto, contribuições e taxas
nas quais:
• 𝒂𝒊 𝐞 𝒂𝒇 = são, respectivamente, as área esgotas inicial e de final;
• 𝑳𝒊 𝐞 𝑳𝒇 = são, respectivamente, os comprimentos totais de tubulação inicial
e de final;
• ℓ∗ 𝒊 𝐞 ℓ∗ 𝒇 = são, respectivamente, 𝑳𝒊 / 𝒂𝒊 e 𝑳𝒇 / 𝒂𝒇 ;
• 𝑻𝑰 = é a taxa de infiltração
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3.1.12. As condições hidráulicas exigidas
No dimensionamento hidráulico deve-se prover condições satisfatórias de fluxo
que, simultaneamente, devem atender aos seguintes quesitos:
• Transportar as vazões esperadas, máximas (caso das vazões de fim de
plano 𝑸𝒇 ), e mínimas (que são as de início de plano 𝑸𝒊 );
• Promover o arraste de sedimentos, garantindo a autolimpeza dos
condutos;
• Evitar as condições que favorecem a formação sulfeto 𝑯𝑺− (anaerobiose
séptica) e a formação e desprendimento do gás sulfídrico (condições
ácidas). O gás sulfídrico, em meio úmido, origina o ácido sulfúrico. Esse
ácido age destruindo alguns materiais de que são feitos os condutos (o
concreto, por exemplo), além de causar desconforto, em razão de seu
cheiro ofensivo.
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3.1. Rede coletora
3.1.12. As condições hidráulicas exigidas
O dimensionamento hidráulico consiste, pois, em se determinar o diâmetro e a
declividade longitudinal do conduto, tais que satisfaçam essas condições.
Outras condições que comparecem no dimensionamento hidráulico decorrem de
vazões instantâneas devidas às descargas de bacias sanitárias, muitas vezes
simultâneas; são elas:
• Máxima altura da lâmina d’água, para garantia do escoamento livre, fixada
por norma em 𝟕𝟓% do diâmetro, para as redes coletoras;
• Mínimas vazão a considerar nos cálculos hidráulicos, fixada em 𝟏, 𝟓 𝑳/𝒔 ou
𝟎, 𝟎𝟎𝟏𝟓𝒎³/𝒔.
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3.1.13. O cálculo do diâmetro
A equação de Manning, com 𝒏 = 𝟎, 𝟎𝟏𝟑, permite o cálculo do diâmetro para
satisfazer à máxima vazão esperada (𝑸𝒇 ), que atende ao limite 𝒚 = 𝟎, 𝟕𝟓𝒅𝟎 . A
expressão para se determinar esse diâmetro é a seguinte:

𝟏/𝟐 𝟑/𝟖
𝒅𝟎 = 𝟎, 𝟑𝟏𝟒𝟓. ( 𝑸𝒇 /𝑰𝟎 ) (𝟑. 𝟏𝟐)
onde 𝒅𝟎 em 𝒎, 𝑸𝒇 em 𝒎³/𝒔 e 𝑰𝟎 em 𝒎/𝒎.
Nessa expressão deve-se entrar com a vazão em m³/s, resultando o diâmetro em
m, ajustado para o diâmetro comercial (𝑫𝑵) mais próximo (em geral, adota-se o
valor imediatamente acima do calculado).
Os diâmetros a empregar devem ser os previstos nas normas e especificações
brasileiras relativas aos diversos materiais, o menor não sendo inferior a DN 100
mm.
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3.1.14. As declividades mínima e econômica
A determinação da declividade está vinculada a dois conceitos:
• A declividade mínima: que deve garantir o deslocamento e o transporte dos
sedimentos usualmente encontrados no fluxo do esgoto, promovendo a
autolimpeza dos condutos, em condições de vazões máximas de um dia
qualquer, no início de plano (𝑸𝒊 );
• A declividade econômica: que deve evitar o aprofundamento desnecessário
dos coletores, fixando a profundidade mínima admitida no projeto, na
extremidade de jusante do trecho considerado; a profundidade da
extremidade de montante já é predeterminada pelas suas condições
específicas, ou seja, pode ser um início de coletor e, portanto, tem
profundidade mínima, ou sua profundidade já estaria fixada pelos trechos
afluentes já calculados.
Do confronto entre ambas as declividades, adota-se a maior delas.
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3.1. Rede coletora
3.1.15. A autolimpeza dos condutos
Os estudos relativos ao transporte de sedimentos em canais mostram que a
autolimpeza de condutos dependem de uma velocidade mínima, que ocorre
simultaneamente com uma certa altura mínima de água (𝒚) nesse conduto,
dependendo também da natureza (orgânica ou mineral) e tamanho da partícula
que se deseja transportar.
Experimentalmente foram definidas as condições mínimas que permitem o
transporte de partículas de areia de diâmetros 𝟎, 𝟐 𝒎𝒎 a 𝟏, 𝟎 𝒎𝒎 e mostradas as
seguintes correlações:
• A velocidade de autolimpeza aumenta como diâmetro (𝒅𝟎 ) do conduto, para a
mesma relação de enchimento (𝒚/𝒅𝟎 );
• A velocidade de autolimpeza aumenta com a relação de enchimento (𝒚/𝒅𝟎 ),
para o mesmo diâmetro (𝒅𝟎 ) do conduto.
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3.1. Rede coletora
3.1.15. A autolimpeza dos condutos
No caso das canalizações de esgoto sanitário, a sedimentação ocorre quando a
relação 𝒚/𝒅𝟎 ≤ 𝟎, 𝟏𝟓 a velocidades inferiores a 𝟎, 𝟐𝟎 𝒎/𝒔, válida para os diâmetros
menores, e crescendo até 𝟎, 𝟔𝟎 𝒎/𝒔 para os maiores diâmetros.
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3.1.16. O critério da tensão trativa

Critério da Tensão Trativa é a tensão tangencial exercida pelo líquido escoando sobre
a parede do tubo, onde o valor crítico da mesma, denominado Tensão Trativa Crítica,
é aquele valor mínimo capaz de iniciar o movimento das partículas depositadas nas
tubulações. A determinação da Tensão Trativa é dada pela equação:

𝝈 = 𝜸. 𝑹𝑯,𝒊 . 𝑰𝟎 (𝟑. 𝟏𝟑)

onde: 𝜸 é peso específico do líquido (𝜸𝒂 = 𝟏𝟎 𝑵/𝒎³); 𝑹𝑯 é o raio hidráulico do início de


plano (m); 𝑰𝟎 é declividade do conduto (m/m).

A recomendação da NBR 9649 é garantir 𝝈𝒕,𝒎𝒊𝒏 = 𝟏, 𝟎 𝐏𝐚, adequado para garantir o


arraste de partículas de até 1,0 mm de diâmetro, frequentes no fluxo de esgotos.
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3.1. Rede coletora
3.1.17. A declividade mínima
Cada trecho deve ser verificado pelo critério de tensão trativa média de
valor mínimo 𝝈 = 𝟏, 𝟎 𝑷𝒂, calculada para vazão inicial (𝑸𝒊 ), para coeficiente
de Manning 𝒏 = 𝟎, 𝟎𝟏𝟑. A declividade mínima que satisfaz essa condição
pode ser determinada pela expressão aproximada:

𝑰𝟎 , 𝒎í𝒏 = 𝟎, 𝟎𝟎𝟓𝟓. 𝑸𝒊−𝟎,𝟒𝟕 (𝟑. 𝟏𝟒)


𝑰𝟎 em 𝒎/𝒎 e 𝑸𝒊 em 𝑳/𝒔.
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3.1. Rede coletora
3.1.18. Velocidade Crítica

Quando a velocidade final 𝒗𝒇 é superior a velocidade crítica 𝒗𝒄 , a maior lâmina


admissível deve ser 50 % do diâmetro do coletor, assegurando-se a ventilação
do trecho. A velocidade crítica é definida por:

𝒗𝒄 = 𝟔. 𝒈. 𝑹𝑯 𝟏/𝟐 (𝟑. 𝟏𝟓)


onde 𝒈 = aceleração da gravidade.
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3.1.19. O procedimento para dimensionamento do conduto
O dimensionamento de um trecho de coletor consiste em se determinar os
valores do diâmetro e da declividade a partir das vazões 𝑸𝒊 e 𝑸𝒇 . A sequência de
cálculos é a seguinte:
• Geometricamente, calcula-se a declividade econômica (𝑰𝟎 , 𝒆𝒄 ) que traduz o
menor volume de escavação, fazendo com que a profundidade do coletor a
jusante seja igual à (𝒉𝒎í𝒏 ) profundidade mínima adotada (ver figura 3.10.4). A
profundidade do coletor já é predeterminada em razão das condições de
montante (início de coletor ou profundidade de jusante de trecho anterior);
• Calcula-se a declividade mínima (𝑰𝟎 , 𝒎í𝒏 ) com a equação 3.13;
• Das duas (𝑰𝟎 , 𝒆𝒄 e 𝑰𝟎 , 𝒎í𝒏 ), adota-se a de maior valor e tem-se 𝑰𝟎 ;
• Com 𝑰𝟎 e 𝑸𝒇 calcula-se o diâmetro (𝒅𝟎 ) utilizando-se a equação 3.12, derivada
da equação de Manning com 𝒏 = 𝟎, 𝟎𝟏𝟑 e 𝒚/𝒅𝟎 = 𝟎, 𝟕𝟓 (enchimento máximo da
seção transversal do coletor).
3. As unidades do sistema
3.1. Rede coletora
3.1.19. O procedimento para dimensionamento do conduto
O diâmetro adotado deve ser o comercial (DN), com valor mais próximo do
calculado pela equação 3.12, geralmente o valor superior.

Figura 3.10.5: Esquema para cálculo da declividade


3. As unidades do sistema
3.1. Rede coletora
Exemplo 3.1: Dimensionamento de rede coletora de esgoto
Calcular as vazões inicial e final, o diâmetro e a declividade de um trecho de
extensão 𝑳 = 𝟏𝟖𝟎, 𝟎𝟎 𝒎, com os seguintes dados, relativos à rede coletora:
• Densidade populacional inicial 𝒅𝒊 = 𝟏𝟖𝟎 𝒉𝒂𝒃/𝒉𝒂;
• Densidade populacional final 𝒅𝒇 = 𝟐𝟏𝟎 𝒉𝒂𝒃/𝒉𝒂;
• Consumo efetivo de água inicial e final 𝒒𝒊 = 𝒒𝒇 = 𝟏𝟔𝟎 𝑳/𝒉𝒂𝒃. 𝒅𝒊𝒂;
• Coeficiente de retorno 𝑪 = 𝟎, 𝟖𝟎;
• Coeficiente do dia de maior consumo 𝒌𝟏 = 𝟏, 𝟐;
• Coeficiente da hora de maior consumo 𝒌𝟐 = 𝟏, 𝟓;
• Taxa de infiltração 𝑻𝟏 = 𝟎, 𝟎𝟎𝟎𝟓 𝑳/𝒔. 𝒎;
• Comprimentos médios de tubos inicial e final ℓ∗𝒊 = ℓ∗𝒇 = 𝟐𝟎𝟎 𝒎/𝒉𝒂;
• Contribuições inicial e final do trecho a montante 𝑸𝒊 = 𝟏, 𝟐𝟕 𝑳/𝒔 e 𝑸𝒇 = 𝟏, 𝟗𝟕 𝑳/𝒔;
• Cotas do terreno: a montante = 𝟏𝟓𝟐, 𝟔𝟎 e a jusante = 𝟏𝟓𝟏, 𝟑𝟓;
• Profundidade mínima no trecho = 𝟏, 𝟐𝟎 𝒎
3. As unidades do sistema
3.1. Rede coletora
3.1.20. O procedimento para a verificação final
A verificação final dos trechos consiste em, conhecimentos as suas vazões 𝑸𝒊 e
𝑸𝒇 , diâmetros (𝒅𝟎 ) e declividades (𝑰𝟎 ), determinar as lâminas líquidas (𝐲/𝒅𝟎 )
inicial e final, as velocidades (𝒗𝒊 e 𝒗𝒊 ) inicial e final, a tensão trativa (𝝈) para as
condições iniciais (𝑹𝑯,𝒊 ). A sequência dos cálculos é a seguinte, já fixadas as
vazões inicial e final de jusante (limite mínimo 1,5 L/s), os diâmetros (𝒅𝟎 ) e as
declividades (𝑰𝟎 ), com 𝒏 = 𝟎, 𝟎𝟏𝟑:
• Calcula-se a vazão e a velocidade à seção plena:

𝟖/𝟑 𝟏/𝟐
𝑸𝒑 = 𝟐𝟑, 𝟗𝟕𝟔. 𝒅𝟎 . 𝑰𝟎 𝟑. 𝟏𝟔

𝟐/𝟑 𝟏/𝟐
𝒗𝒑 = 𝟑𝟎, 𝟓𝟐𝟕. 𝒅𝟎 . 𝑰𝟎 (𝟑. 𝟏𝟕)

sendo: 𝒅𝟎 em m, 𝑰𝟎 em m/m, 𝑸𝒑 em m³/s e 𝒗𝒑 em m/s.


3. As unidades do sistema
3.1. Rede coletora
3.1.20. O procedimento para a verificação final
• Com a relação 𝑸𝒊 /𝑸𝒑 , encontram-se na tabela 2.18 as relações 𝒚/𝒅𝟎 , 𝑹𝑯 /𝒅𝟎 e
𝒗/𝒗𝒑 , a partir das quais se calculam-se:
➢ A velocidade (𝒗𝒊 );
➢ A tensão trativa (𝝈);
➢ Lâmina líquida (𝒚/𝒅𝟎 ).
Para as condições iniciais.

• Com a relação 𝑸𝒇 /𝑸𝒑 , encontram-se na tabela 2.18 as relações já citadas e


que permitem o cálculo da velocidade final (𝒗𝒇 ), a velocidade critica (𝒗𝒄 ), além
da lâmina (𝒚/𝒅𝟎 ), para as condições finais de plano.
3. As unidades do sistema
3.1. Rede coletora
Exemplo 3.2:

Verifique os resultados obtidos no exemplo 3.1.


• Vazões inicial e final: 𝑸𝒊 = 𝟏, 𝟕𝟐 𝑳/𝒔 e 𝑸𝒇 = 𝟐, 𝟓𝟔𝟒 𝑳/𝒔
• Diâmetro Nominal (DN): 𝑫𝑵 = 𝟏𝟎𝟎
• Declividade longitudinal: 𝑰𝟎 = 𝟎, 𝟎𝟎𝟕 𝒎/𝒎
3. As unidades do sistema
3.1. Rede coletora Figura 3.10.6: Esquema de rede de esgoto.
3.1.21. utilização de planilhas de
cálculo
Para a ordenação e sistematização dos
cálculos, são utilizados esquemas e
planilhas, como o da figura 3.10.6 e 3.10.7.
3. As unidades do sistema
3.1. Rede coletora
3.1.21. utilização de planilhas de cálculo
Para a ordenação e sistematização dos cálculos, são utilizados esquemas e
planilhas, como o da figura 3.10.6 e 3.10.7.

Figura 3.10.7: Exemplo de planilha de dimensionamento e verificação de rede coletora (ver figura 3.10.6).
Referências Bibliográfica

Esgoto sanitário: coleta, transporte, tratamento e reuso agrícola /


Coordenação Ariovaldo Nuvolari – 2° ed. Ver. Atualizada e ampl. –
São Paulo: Blucher, 2011.

NOBRE, GERSINA. Saneamento Básico. Notas de aula.

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