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Modalidades das Obrigações - Parte 2

A ula 06 - Direito Civil 02

Obs. A jurisprudência da aula está na pasta material 3º período.

1. Obrigações Alternativas:

Já passamos pelas o brigações de dar (coisa certa, coisa incerta, coisa futura),
d e restituir, de fazer (fungível, infungível), de não fazer. A partir desta aula
vamos
começar a estudar as o brigações plurais ou compostas (gênero), que se dividem em
a lternativas, facultativas e cumulativas (espécies). Diferente da o brigação simples
(possui uma
só prestação),
a obrigação plural ou composta possui mais de uma prestação (mais de
um objeto), com u ma particularidade: se uma delas for satisfeita,
extingue-se a obrigação. Observe:

Obrigação Simples → Ex.: dar uma casa; escrever roteiro; não divulgar
um segredo;

Obrigação Plural → Ex.: dar uma moto


O
U carro; entregar um cachorro U gato;
O

A o brigação plural ou composta tem a vantagem de diminuir os riscos a que o


credor se acha exposto, pois ele tem mais garantias (mais meios) de que a prestação
será cumprida. Todavia, em um determinado momento (antes do pagamento), será
necessário passar pela fase da c oncentração, na qual será feita a escolha da
prestação. As partes podem convencionar quem fará a escolha da prestação; mas, s e
nada for estipulado, caberá a o devedor optar (art. 252 do CC). É óbvio que tal
escolha deverá ser feita de modo razoável e legítimo, de acordo com o princípio da
boa-fé objetiva (art. 187 do CC). Até porque, trata-se de um d ireito potestativo,
cabendo ao outro contratante somente se sujeitar. F eita a escolha e chegando ao
conhecimento do outro contratante, não se p ode mais voltar atrás, SALVO se as
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partes ajustaram cláusula de arrependimento (ex. Art. 49 CDC).

Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou.

§ 1 o. Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra.
§ 2 o. Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção poderá ser exercida
em cada período.
§ 3 o No caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo unânime entre eles, decidirá o juiz,
findo o prazo por este assinado para a deliberação.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons
costumes.
A obrigação alternativa tem por objeto 02 (duas) ou mais prestações; mas
a penas UMA será cumprida para fins de pagamento. Exemplo: um cantor famoso
bate no meu carro e, para fins de reparar o dano causado, ele se obriga a efetuar o
reparo
O U fazer um show particular na minha casa; a dona do pet se obriga a me
entregar um filhote de cachorro das raças poodle
O
U lulu da pomerânia. Uma vez
entregue, restará satisfeita a obrigação.

OBS. Não é obrigação de dar coisa incerta. Pode


ter 3, 4...

Perceba que
a
obrigação alternativa JÁ NASCE como prestação composta, ou
s eja, com 02 (duas) ou mais possibilidades de prestação. Veja: o brigação alternativa
N ÃO se confunde com obrigação de dar coisa incerta (art. 243 do CC). Só há 01 (um)
objeto na obrigação de dar coisa incerta, cuja prestação é indeterminada até o
momento da concentração. Já n a obrigação alternativa há 02 (dois) ou mais objetos.

Art. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade.

Na obrigação alternativa, o devedor escolhe entre uma obrigação ou outra. Ele


não pode escolher cumprir parte de uma obrigação e parte de outra, até porque certos
prestações são indivisíveis (art. 252, §1º, CC). Exemplo: João se obriga a entregar a
Maria 10 (dez) gatos ou 10 (dez) cachorros. Ele NÃO pode, segundo o art. 252, §1º, do
CC, entregar 05 (cinco) gatos e 05 (cinco) cachorros. Todavia, se a obrigação se protrair
no tempo e for periódica, é possível fazer a opção em cada período (jus variandi). Isso
é criticado pela doutrina, porque gera instabilidade para o devedor (art. 252, §2º, CC).

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Exemplo: se João se obrigar a entregar para Maria 10 (dez) gatos ou 10 (dez) cachorros
a cada semestre, será possível Maria optar pelos animais a cada período.

A escolha também poderá ser atribuída a um terceiro ou um grupo de pessoas.


Caso eles não cheguem a um consenso dentro do prazo estipulado ou não queiram
decidir, caberá ao magistrado fazê-lo (art. 252, §3º e § 4º, CC).

Entre os artigos 253 (não fala em culpa) a 256 do CC, o legislador cuidou da
impossibilidade superveniente da prestação e que acarretará o inadimplemento da
obrigação a depender da hipótese. Assim, se uma das obrigações se tornar inexequível,
a outra subsistirá (art. 253 do CC). Ex.: João se obriga a entregar para Maria um filhote
de gato ou de cachorro, ambos de raça pura; mas, se o gatinho fugir da clínica
veterinária, a obrigação restará concentrada no filhote de cachorro.

Art. 253. Se uma das duas prestações não puder ser objeto de obrigação ou se tornada
inexeqüível, subsistirá o débito quanto à outra.

Art. 256. Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á a
obrigação.
Já os artigos seguintes investigam o elemento
c ulpa com as suas devidas
consequências. Se a e scolha couber ao credor e o devedor agiu com culpa, o credor
poderá exigir a prestação subsidiária com perdas e danos (art. 255, 1ª parte, CC).
Exemplo: Maria escolheu o filhote de gato, mas este veio falecer de fome porque João
não deu ração. Maria poderá exigir a entrega do filhote de cachorro, mais perdas e
danos (imagine que ela fosse revender o filhote para um 3º, cliente, que acabou
desistindo da compra porque queria o filhote de gato).

OBS. Negligência a parte deixa de fazer algo (conduta negativa). Já imprudência


pratica algo que não deveria ter feito (conduta positiva). Imperícia é falta de cuidado
técnico. Essas são modalidades de culpa.

Art. 255. Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações tornar-se impossível por
culpa do devedor, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o valor da outra, com
perdas e danos; se, por culpa do devedor, ambas as prestações se tornarem inexeqüíveis, poderá
o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além da indenização por perdas e danos.

Mas, se a mbas as obrigações se perderem por culpa do devedor (ambos os


animais pereceram na veterinária de João por falta de cuidados básicos de higiene), o
credor poderá pedir o valor de qualquer uma delas (do cachorro ou do gato) mais
perdas e danos (art. 255, 2ª parte, CC).

Contudo, se as obrigações se perderem s em culpa do devedor, a obrigação


restará extinta (art. 256 do CC) e as partes retornam ao estado anterior (status quo),
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antes da tradição, valendo as regras do art. 237 do CC (res perit domino). Mas, h
avendo culpa do devedor, a solução vai depender de quem cabia a escolha: se ao d
evedor, este deverá pagar o valor da última prestação que se impossibilitou com
perdas e danos (art. 254 do CC); s e a escolha cabia ao credor, este poderá pedir o
valor de qualquer uma das duas além de perdas e danos (art. 255, 2ª parte, CC).

Art. 237. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos,
pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a
obrigação.

Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes.

Art. 254. Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma das prestações, não
competindo ao credor a escolha, ficará aquele obrigado a pagar o valor da que por último se
impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso determinar.

2. Obrigações Facultativas:

Apesar de ter uma similitude com a obrigação alternativa, a obrigação


facultativa dela se distingue. Não existe ato de escolha na obrigação facultativa. O
o bjeto da prestação facultativa é único, mas ela confere ao devedor o direito e
xcepcional de substituí-lo por outro. Em outras palavras, f aculta-se ao devedor o
d ireito de substituir o objeto original por outro de car áter subsidiário, mas já e
specificado anteriormente na relação obrigacional. Exemplo: Carlos se obriga a
entregar uma moto Suzuki de R$ 50.000,00 (cinquenta mil Reais) para Juliana; mas não
sendo possível, fica facultado a Carlos entregar um carro para ela do mesmo valor.

Trata-se de um d ireito potestativo concedido ao devedor de adimplir o d ébito


d e uma forma diversa ao estabelecido com o credor. Cumpre somente ao devedor a
f aculdade de, no momento do pagamento, substituir a prestação por outra, j á p
reviamente consignada no contrato. Na vida prática, é muito raro encontrar
obrigações facultativas. Tanto que o
Código Civil não fez qualquer referência a elas.
Mas, é possível achar alguns raros casos, como o art. 1.234 do CC: quem encontra
coisa perdida deve restituí-la ao dono e este fica obrigado a recompensar quem
encontrou; mas o dono pode, ao invés de pagar a recompensa, abandonar a coisa, e aí quem
encontrou poderá ficar com ela.

Art. 1.234. Aquele que restituir a coisa achada, nos termos do artigo antecedente, terá direito a
uma recompensa não inferior a cinco por cento do seu valor, e à indenização pelas despesas que
houver feito com a conservação e transporte da coisa, se o dono não preferir abandoná-la.

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Parágrafo único. Na determinação do montante da recompensa, considerar-se-á o esforço
desenvolvido pelo descobridor para encontrar o dono, ou o legítimo possuidor, as possibilidades
que teria este de encontrar a coisa e a situação econômica de ambos.

03 - Obrigações Cumulativas:

Como a própria nomenclatura sugere, n a obrigação cumulativa há a


incidência d e 02 (duas) ou mais prestações cumulativamente exig íveis. O devedor
deverá cumprir integralmente todas as obrigações a que se sujeitou, pois S E uma
delas não for adimplida, o credor poderá exigi-la. Exemplo: a obrigação do pedreiro
consiste em
levantar um muro de 02 (dois) metros, emboçá-lo e pintá-lo de branco. A
relação
o brigacional somente restará satisfeita SE todas as prestações pactuadas forem d
evidamente cumpridas. Aqui, adota-se a conjunção aditiva “e ” porque são 02 (duas)
ou mais prestações exigíveis. O Código Civil de 2002 não regulamentou o assunto.
Ex. contratod e locação - Lei 8245, deveres do locador e locatário, art. 22, art. 23.

04- Obrigações Fracionárias ou Conjuntas:

Na obrigação simples há um credor, um devedor e um objeto. Na obrigação


plural há pluralidade de partes ou de objetos numa relação jurídica obrigacional.
Quando tiver mais de um sujeito (subjetivamente plural), percebe-se a obrigação
fracionária, solidária e indivisível. Quando tiver mais de um objeto (objetivamente
plural), percebe-se a obrigação cumulativa, alternativa e facultativa.
Existindo pluralidade de credores ou devedores em obrigação de natureza
divisível,
n ão havendo solidariedade (veremos nas próximas aulas), cada um dos
sujeitos se comporta de forma autônoma, fracionando-se a obrigação em partes iguais
(art. 257 do CC). Assim, cada credor só pode pedir a sua parte; cada devedor só se
obriga pela sua parte. Prevalece o brocardo concursu partes fiunt, ou seja, no concurso
entre credores e devedores a obrigação se fraciona. Exemplo: se A, B e C se obrigam a
pagar R$ 90,00 (noventa Reais) para D, E e F, o credor D não pode exigir mais de R$
30,00 (trinta Reais) de cada um dos devedores. Tal regra só será afastada em caso de
indivisibilidade (arts. 258 e 259 do CC) ou de solidariedade (art. 264 do CC), o que
veremos nas próximas aulas.

Art. 257. Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em obrigação divisível, esta
presume-se dividida em tantas obrigações, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores.
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Art. 258. A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não
suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão
determinante do negócio jurídico.

Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for divisível, cada um será obrigado
pela dívida toda.

Parágrafo único. O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do credor em relação aos
outros coobrigados.

Art. 264. Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de
um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda.

Obs. Em decisão, desembargador entendeu que era obrigação facultativa e não alternativa

B ons estudos! ☺

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