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É PRECISO NOVOS HÁBITOS

Grazielle Coelho Medeiros Stiefelmann

CENED

O Homem vem agindo e interferindo no meio ambiente desde a Revolução Industrial


(final séc. XVIII) e suas ações causam impacto e vem se alarmando. Estudos relatam
que a partir da década de 80, a maioria dos países criou leis ambientais ou tornou as
existentes mais restritivas, regulando assim as atividades industriais e comerciais, que
concerne os impactos sobre o solo, a água e o ar. Para a garantia das leis foram criados
órgãos específicos e Ong’s, aumentando a conscientização ambiental.

Em 1996 foram criadas no Brasil as normas de qualidade ambiental da serie ISO 14000,
com o intuito de que a organização minimize os efeitos nocivos do ambiente, causados
por suas atividades.

Segundo os estudiosos de problemas relacionados à deterioração do ambiente nas


últimas décadas, a reversão deste quadro indica que um esforço imprescindível deve ser
realizado: consiste em fazer com que as extremidades ambientais (isto é, conseqüências
indiretas de iniciativas econômicas sobre a natureza) sejam internalizadas à
racionalidade dos sistemas produtivos e de mercado. Dentro dessa perspectiva, é
considerado necessário interromper a exaustão de diferentes tipos de recursos naturais,
por meio de fazer com que passem a ser considerados nos processos produtivos.
(FERREIRA, 2004, p.19)

Diante dos dados obtidos podemos unir a psicologia ambiental e um sistema de gestão
ambiental que possa analisar, explicar e fornecer informações capazes de identificar as
condições envolvidas na relação homem X meio ambiente e no bem estar, ajudando
assim na tomada de decisões relacionadas as questões ambientais.

A Psicologia ambiental estuda o homem em seu contexto físico e social. Busca suas
inter-relações com o ambiente, atribuindo importância às percepções, atitudes,
avaliações ou representações ambientais, ao mesmo tempo considerando os
comportamentos associados a ela.

Segundo Pinheiro, Gunther e Guzzo, 2004, p.7:

“A psicologia ambiental se interessa pelos efeitos das condições do ambiente sobre os


comportamentos individuais tanto quanto como o individuo percebe e atua em seu
entorno. Os efeitos destes fatores físicos e sociais, estão associados à percepção que se
tem deles, e, nesse sentido, estudando-se as interações. Tem sido considerada como a
Psicologia do Espaço, analisando percepções, atitudes e comportamentos de indivíduos
e comunidades em estreitas relações com o contexto físico e social”.

A psicologia possibilita intervenção, conscientização e a mudança de comportamento,


que podem auxiliar na construção de um sistema de gestão ambiental satisfatório.
Propondo uma política ambiental que apresenta vantagens econômicas e
reconhecimento social para as organizações.
A gestão ambiental visa a importância da eco-eficiência, que tem como finalidade
operar uma empresa reduzindo ao máximo o consumo de matérias-primas, insumos e
energia, otimizando todo o processo produtivo e reduzindo o impacto ambiental; inclui
também a utilização de tecnologias menos poluentes ou perigosas (tecnologias limpas) e
técnicas de prevenção de poluição; proporcionando assim práticas de gerenciamento
voltadas para uma atuação empresarial responsável, baseada nos parâmetros do
desenvolvimento sustentável, que visa suprir as necessidades da geração atual, sem
comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações, planejando
e reconhecendo que os recursos naturais são finitos; e sugere, de fato, qualidade em vez
de quantidade, com a redução do uso de matérias-primas e produtos, e o aumento da
reutilização e da reciclagem.

A conscientização ambiental é cada vez mais importante em um mercado onde leis


ambientais tendem a ser mais rigorosas, os consumidores mais exigentes e os
concorrentes mais eficientes. As empresas que não respeitam as leis ambientais estão
sujeitas a comprometer a própria existência em função de multas e sanções. É possível
respeitar o meio ambiente e ser lucrativo, crescer e ser ambiental e socialmente
responsável. As empresas que gerenciam melhor o impacto ambiental são as que
representam o menor risco de crédito e por isso pagam menos juros. A gestão eco-
eficiente traz outros resultados práticos as empresas, tais como: redução dos custos de
produção; redução do número de acidentes de trabalho; redução dos custos de seguro;
melhor relacionamento com órgãos de controle ambiental; aumento da cotação de ações
da empresa e a melhoria da imagem da empresa perante os consumidores e a
comunidade. Os investidores confiam na gestão financeira de empresas ambientalmente
sustentáveis, sendo assim, os fundos dedicados a investimentos sustentáveis, têm
registrado um retorno financeiro acima da média.

Para modificar o comportamento de empresas e pessoas que degradam o meio ambiente,


precisamos de reformas não apenas tributárias e trabalhistas (indutoras de
comportamento), mas também de uma reforma de valores, conscientização, mudança
de comportamento e repensar as ações.

Os problemas humanos, quer sejam econômicos, políticos ou sociais, dependem do


centro psicológico da motivação, dos valores e atitudes que dirigem as energias para os
objetivos. Os problemas ambientais ressaltam também mudanças de valores e atitudes,
igualmente responsáveis por densas e profundas alterações na qualidade de vida dos
cidadãos. A percepção que os usuários possuem a respeito de seu potencial de participar
em decisões sobre seu ambiente, contribui para que enxerguem seus próprios valores
contextuais expressos nas suas ações, assim serão participantes e não apenas
observadores passivos.

Partindo da sensibilização, da conscientização e da mudança comportamental com uma


ética ecológica e de uma preocupação com o bem-estar das futuras gerações, dos
funcionários e da organização, temos como ponto de partida a mudança dos valores
existentes na cultura organizacional. Podendo incluir valores voltados à preocupação
com o ambiente. Mostrando que o crescimento econômico ilimitado em um planeta
finito leva conseqüentemente a desastres ecológicos.

Hoje temos como desafio possibilitar que as pessoas se tornem agentes ativos do
processo de conscientização ecológica, criando estratégias que modifiquem e mobilizem
as pessoas, proporcionando também formas de educação ambiental que se estenda para
a sociedade.

O futuro depende mais do que nunca da nossa capacidade de encontrar soluções


conjuntas, que incluam e envolvam a todos, compartilhando benefícios e dividindo
dificuldades, pois é a partir de pequenas alterações em nossos hábitos, que
conseguiremos grandes benefícios para nós mesmos e para todas as formas de vida do
planeta.

Percebendo e transmitindo para as pessoas que o homem é parte integrante do meio


ambiente, que é composto pelos elementos da natureza e pelos elementos construídos
pelo homem. Portanto, fazemos parte da natureza e não podemos viver sem ela. Para
satisfazermos nossas necessidades, precisamos utilizar racionalmente os recursos
naturais, tais como as florestas que podem ser renovados pela ação da natureza e às
vezes com a ajuda do homem; mas existem outros que, uma vez utilizados, não poderão
ser repostos.

Sabemos que ao longo da história a relação do homem e ambiente tem sido muito
desfavorável para o planeta. Desde o surgimento da espécie humana, o homem utilizou
os recursos naturais, gerou resíduos com baixo nível de preocupação, degradando-o
primeiro através de queimadas e depois com a evolução tecnológica/industrial, surgem
novas maneiras de agredir a natureza, isto é, os recursos eram abundantes e a natureza
aceitava sem reclamar os despejos realizados já que o enfoque sempre foi diluir e
dispersar. Atualmente existe a consciência que a degradação de qualquer ambiente
provoca vários impactos, de baixa ou alta relevância, mas que somados podem levar ao
desaparecimento de ecossistemas inteiros.

Para que haja uma mudança de postura, dentro desta realidade em que vivemos,
se faz necessário à percepção de que a degradação ambiental já está passando a causar
graves problemas, assim o conhecimento das situações prevê as tendências para o futuro
no qual à motivação deve existir nas pessoas e nas empresas para a realização das
mudanças necessárias no comportamento frente à questão ambiental.

De acordo com Reis e Queiroz (2002, p.62) a alta administração das empresas
tem um papel chave a desempenhar na conscientização e motivação dos empregados,
explicando os valores ambientais da organização e comunicando o seu próprio
comprometimento com a política ambiental. É o comprometimento individual das
pessoas, no contexto dos valores ambientais compartilhados, que faz com que a
mudança de comportamento saia da intenção e se transforme em um processo eficaz. Os
autores dizem que é recomendado que todos os membros da organização correspondam
e sejam estimulados a aceitar a importância de atingir objetivos e metas ambientais,
pelos quais são responsáveis. Afirmam que a motivação para a melhoria contínua pode
ser reforçada quando os empregados são reconhecidos pelo atendimento dos objetivos e
metas ambientais e encorajados a apresentar sugestões que conduzam a um melhor
desempenho ambiental.

Portanto, é preciso sensibilizar e conscientizar a sociedade na qualidade de membros do


planeta Terra, que o ser humano deve perceber individualmente depois atingir
coletivamente que é necessário ocorrer mudanças no comportamento, para que tenha
mudança no meio ambiente esclarecendo que o uso indevido e sem controle dos
recursos naturais acabará por voltar-se contra todos nós.

O psicólogo se insere neste contexto detendo o poder e o conhecimento da modificação


não só comportamental como cognitiva, isto é, mudança de comportamento e de
pensamento dos componentes da sociedade. Com a inserção do trabalho do psicólogo na
organização este torna-se responsável pela conscientização e pela aplicação de técnicas
oriundas de teorias científicas que serão responsáveis pela efetiva mudança
comportamental e cognitiva.

Referências:

FERREIRA, Marcos Ribeiro. Psicologia problemas ambientais como desafio para a


psicologia. In. PINHEIRO, José Q.; GUNTHER, Hartmut e GUZZO, Raquel S. L.
(orgs). Psicologia Ambiental: entendendo as relações do homem com seu ambiente. São
Paulo: Alínea, 2004

PINHEIRO, José Q.; GUNTHER, Hartmut e GUZZO, Raquel S. L. Psicologia


Ambiental: área emergente ou referencial para um futuro sustentável?. In: PINHEIRO,
José Q., GUNTHER, Hartmut e GUZZO, Raquel S. L. (orgs). Psicologia Ambiental:
entendendo as relações do homem com o seu ambiente. São Paulo: Alínea, 2004.

REIS, Luis Filipe Sanches de Sousa Dias; QUEIROZ, Sandra Maria Pereira de. Gestão
ambiental em pequenas e médias empresas. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002.

http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=515&class=25
Acesso 8 de janeiro de 2010

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