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REVESTIMENTO CATAVENTO
Resumo
Este artigo apresenta um estudo de caso com o enfoque no Design de
Superfície. A partir da análise do objeto em questão, que é o revestimento
Catavento, foi possível evidenciar a atuação do Design na concepção de
um produto diferenciado e inovador. Com o uso de uma malha geométrica
por equivalência e com o entendimento das abordagens projetuais
específicas para a elaboração de superfícies, foi possível destacar a
atuação de algumas especialidades do Design que auxiliaram de modo
incisivo para dar forma física ao revestimento.
Abstract
This article presents a case study with a focus on Surface Design . From
the analysis of the object in question , which is the Catavento tile was
possible to demonstrate the role of Design in conception of differentiated
product and innovative . Using geometric mesh equivalence and with the
understanding of projective approaches specific to the preparation of
surfaces , it was possible to highlight the performance of some specialties
of Design to give physical form to tile.
1 Superfícies Projetadas
A ornamentação de objetos não é algo recente, contudo, explorar a superfície com
conceitos e práticas relativas ao Design pode ser considerada uma tarefa atual. No
Brasil, o Design de Superfície é uma especialidade nova na esfera do Design e entre o
final do século XX até hoje, pode-se destacar quatro períodos em que obteve
destaque.
Os dois primeiros momentos ocorreram na década de 80 quando a expressão
Design de Superfície foi trazida ao Brasil como tradução de Surface Design. A prática
é tão difundida na cultura norte-americana a ponto de existir uma associação, a
Surface Design Association (SDA). Na mesma década, em 1989, foi criado o Curso de
Especialização em Design para Estamparia na UFSM – Universidade Federal de
Santa Maria. Em um terceiro momento, ocorrido na década de 90, iniciam-se as
pesquisas na área por meio do Núcleo de Design de Superfície (NDS) na Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e, por fim, pode-se destacar a primeira
década do século XXI quando, no ano de 2005, a especialidade “Design de Superfície”
foi adicionada a Tabelas de Áreas do Conhecimento sob a Ótica do Design pelo
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq.
Passaram-se vinte anos para o reconhecimento da especialidade no Brasil, de
fato, pelos pesquisadores na área do Design junto ao CNPq. Esta inserção tornou-se
um conquista para o direcionamento de pesquisas e valorização do Design de
Superfície no país.
Este estudo tem como objetivo apresentar a análise de um objeto cimentício e
enfocar quais especialidades do Design foram fundamentais para a projetação da
superfície.
Como apresentado por Barison (2005), uma malha plana pode ser deformada e
esta deformação pode ser em relação às suas dimensões em uma das direções, ou
em ambas, pode ser também transformada em relação ao ângulo formado entre as
direções, seja tirando e acrescentando partes.
As malhas deformadas, também conhecidas como malhas por equivalência,
podem ser obtidas por meio das malhas regulares. Na Figura 3, tem-se um exemplo
da formação de um módulo deformado a partir de um módulo regular.
4 Resultados da análise
Na abordagem Representacional do revestimento Catavento é possível verificar o
emprego do Design Gráfico e do Design de Moda. No Gráfico, a principal colaboração
é a concepção formal do revestimento que transmite uma ideia e um conceito: o
movimento, a sinuosidade e volumes. Esses conceitos são trabalhados por meio das
qualidades espaciais e tridimensionais da geometria. O desenho bidimensional,
somado à representação de um objeto pelo pensamento, ganhou tridimensionalidade.
Em um primeiro momento, o resultado final do revestimento aplicado é
visualmente gráfico. Foi o meio encontrado para estruturar e dar forma ao Catavento.
Sendo assim, o Design de Moda é expresso na inspiração dos elementos enquanto
tendência e é caracterizado por produtos arrojados, neste caso, pelo efeito quase
tridimensional e pela aparente sensação de movimento. Vale ressaltar que o Design
de Moda envolve a criação de diversos segmentos e utilização, que vão deste o
vestuário propriamente dito até a decoração de ambientes.
De modo claro, é possível destacar as especialidades compreendidas entre as
Abordagens Relacional e Estrutural do revestimento Catavento. O design conceitual,
marcado pelo Bio-Design, é verificado nas formas sinuosas e distorcidas do objeto,
onde um componente natural, o vento, é plasticamente moldado por analogia e
recriado fisicamente.
O design prospectivo, assinalado pelo Avant-Garde Design, traz ao produto
inovação e tendência de aplicação em ambientes diversos. Além de denotar
criatividade e impor valor estético.
Por fim, o design ornamental, renovado pelo projeto do Design Têxtil, que não
apenas projeta cortinas, tapetes e carpetes na ação de tecer, mas é responsável pelo
direcionamento de novos revestimentos para uso residencial, comercial e industrial. O
Design Têxtil carrega consigo a arte de transformar e diferenciar por meio da aplicação
de formas e cores ao objeto decorativo. O tecer faz alusão ao ornamentar e compor.
O Design de Materiais fica evidente em consoante com a sustentabilidade, que é
um objetivo a ser atingido e não um caminho a ser seguido (MANZINI & VEZZOLI,
2002). Espera-se a utilização de recursos renováveis que possam ser reabsorvidos
naturalmente pelo meio ambiente.
A escolha do material está diretamente relacionada com o Eco-design, com a
finalidade de eliminar impactos ambientais e não agredir o meio ambiente.
Os pisos cimentícios são ecológicos, pois trazem texturas, volumes e formatos
diferenciados, imitando madeira, mármore, pedras, preservando as matérias primas
naturais.
Ao ser utilizado em substituição às madeiras, evita o corte de árvores. Outro fator
importante é a exploração da mineração: os cimentícios substituem as pedras
tradicionais e evitam a degradação do meio ambiente e, quando utilizados no lugar
das cerâmicas convencionais, evitam a liberação de poluentes na atmosfera, pois não
existirá a queima da cerâmica.
As placas cimentícias, além de utilizar materiais reciclados em sua composição e
não gerar substratos, secam sem o auxílio de fornos e evitam o uso de fontes de
energia como elétrica, gás ou carvão.
Assim, notam-se especialidades específicas do Design que colaboraram em cada
abordagem projetual da superfície para que houvesse um processo criativo condizente
com a ideia inicial na concepção do produto (Figura 5). Na área central é onde
ocorrem as interferências das especialidades e áreas de atuação do Design,
compondo uma atividade híbrida para o Design de Superfície.
5 Considerações finais
Os revestimentos de cimento colorido contribuem significativamente para tornar os
ambientes mais atraentes e são amplamente aceitos pelo público em geral. É um
elemento importante na elaboração do design de uma obra, uma vez que os
construtores podem combinar funcionalidade técnica com uma estética agradável,
agregando valor às obras a um custo relativamente baixo quando comparado a outras
soluções construtivas.
Como apresentado, o revestimento Catavento é feito por um único componente: o
cimento estrutural branco. Ele pode ser utilizado em sua cor original, branca, ou
combinado com pigmentos, garantindo a fidelidade da cor escolhida.
O projeto Catavento iniciou-se a partir de um release elaborado pela empresa de
revestimentos. A especialidade da empresa é o trabalho com cimentícios e o projeto
teve que ser desenvolvido dentro das limitações da fábrica. As peças podem ser
confeccionadas em até 13 cores diferentes, o que é muito por se tratar de cimento.
O produto é artesanal, mas feito de modo seriado: a massa é colocada
artesanalmente nas formas e depois da secagem há o polimento da peça, o que pode
acarretar em algumas diferenças de peça para peça.
O projeto que teve início com referências visuais, com o apoio de tendências de
moda para decoração, foi concebido dentro de parâmetros específicos de fabricação
ao considerar o material constituinte como princípio de produto ecologicamente
correto.
Com esta análise, foi possível observar quais especialidades da esfera do Design
contribuíram para a formatação do processo criativo do Design de Superfície,
juntamente com as abordagens projetuais específicas do projeto.
Agradecimentos
Agradecemos à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP,
por meio do processo 2009/17449-5 e a designer Renata Rubim.
Referências