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NAZARENO TOURINHO dae NS MEDIUNICAS CON RG SIN OZ NW ADOLESCENTES A 4 ms he i Ge _ ake a BU EC ea CSCO) UT Cs Cg CATE emt CUT CEU ee ar ate E preciso Pee) mediunidade orcas Renee tc acne zer a respeito de Nazareno Geaten tae meme Ca Prise ume neneek meena muy Ptiremr rec t e ec Ren Geek ec MICE RES) Rete em Eu eR Men aac ener ee Mec note Pointer ee THC RIT et ER aroe meh ameter Tieeeroumenr enemies Piste eet Metco utr vate Mr eRe aa eer eta Or ere SOR VI ere he 2/0) Segundo o Espiritismo, Fema ed Mar mee Torn ae ate en restava do dominio do mara- vil NRC Rees.) Ren mS n retry Soren tracert ry CR Te TE amc eS observagao dos fenémenos da Pree en eee ae eta Oe eea tt ceaettn tes CEE MEIC ECOM eae st Steen Peres retest) Tal uso da razio e do bom senso norteiam a trajetéria de Tourinho nas tiltimas quatro décadas, em TCR TecrUU a Tater tetas rennet amet ran ES Tee OSM Ce Cont ae ee onenMice none ee te See eine arth Cone nen ati ee ee Cae mT tata tt see COR rece eee Historia 6 mestra da vida, por PURCELL EM Um Tani ttty SACO Kaen Trea tt outro, ao exercitar a dtivida cartesiana, desenvo OUEST eee a etna trent ee nee rs TCS NAZARENO TOURINHO EXPERIENCIAS MEDIUNICAS COM CRIANCAS E ADOLESCENTES NAZARENO TOURINHO EXPERIENCIAS MEDIUNICAS COM CRIANCAS E ADOLESCENTES EXPERIENCIAS MEDIUNICAS COM CRIANGAS E ADOLESCENTES Copyright © 2000 - Nazareno Tourinho Diregao Editorial José Carlos de Carvatho Coordenagao Editorial José Renato de Carvalho Supervisdo Editorial Rodolfo Pontremolez Capa Depto. de Arte DPL Reviséo Geral J.G. Pascale Editoracao Eletrénica Depto. editorial DPL Todos os direitos reservados pela: DPL - EDITORA E DISTRIBUIDORA DE LIVROS LTDA. Rua Cinco de Julho, 59 - Sao Paulo - SP Cep. 04281-000 Fone/Fax: (11) 5061-8955 Enderego para correspondéncia: Caixa Postal 42617 - CEP 04218-970 - SP {nternet: www.dpl.com.br * E-mail: dp|@dpl.com.br APRESENTACAO Este é um livro intimo, fruto das experiéncias deste batalhador pela causa espfrita, Nazareno Tourinho, que nesta obra se expde sem preconceitos, sem temor, sem constrangimento, sem covardia, trazendo para o publi- co sua vivéncia do dia-a-dia da casa espirita e seu traba- lho com criangas e adolescentes. Este livro j4 nasce polémico, pois derruba um tabu surgido ndo sei onde, baseado nao sei em que, mas mui- to difundido no movimento espfrita, que prega ser ne- cessdrio a maioridade cronoldgica para o exercicio da mediunidade. A evolucdo do Espirito encarnado néo conta. Por isso, temos certeza, os detratores de plantao estarao a postos para criticar e tentar denegrir o traba- Iho que nao tiveram a coragem de executar. So os mes- mos que em outro tempo ritam de Pasteur, colocaram a taca de cicuta nos labios de Sécrates, ameacgaram Galileu, levaram 4 fogueira Joana D’Arc e crucificaram Jesus. Através dos séculos soam as palavras vibrantes do Cristo dirigidas a esses homens de mA vontade: “Raca de fariseus hipécritas que permanecem atravancando as portas do paraiso, no entrais vés mesmos e nado deixais que os outros entrem.” Convivo hé cerca de cinco anos, na Casa Espirita do Nazareno, com os personagens deste livro e posso dar meu testemunho como médico, de que nenhum mal 6 orgdnico ou mental Ihes foi causado pelo desabrochar precoce da mediunidade. Ao contrdrio, a maioria deles livrou-se de supostas doencas mentais e crises epiletiformes que na realidade eram a expresso de in- corporagées descontroladas e/ou perseguigées espiritu- ais. Hoje, com sua mediunidade equilibrada, benefici- am um ntimero incontavel de irmdos necessitados, du- rante os trabalhos de cura, bem como propiciam o auxi- lio a irmaos desencarnados, nas sessées de desobsessao. Caro leitor, quero concitd-lo a ler este livro desar- mado de preconceitos, analisando cada caso apresenta- do com a certeza de que ele é a mais pura expressao da verdade e lembrando-se sempre de que “O Espirito so- pra onde quer”. Belém, setembro de 2000. Frederico Gerson Ramos Pastore CRM-PA 2622 Residéncia: Av. Almte. Barroso, 768, Cond. Ja. das Actcias, Casa 3, Belém, PA , CEP 66090-000 ‘Tel.: (91) 228-2469 A GUISA DE PREFACIO Freqiientamos a Casa Espirita do Nazareno desde dezembro de 1995, participando especialmente das suas sessdes de desobsessao, auxiliando na doutrinagao de Espiritos sofredores ou obstinados no mal. Gostariamos de registrar aqui nosso depoimento sobre o que vimos durante esse tempo, comparando com 0 que sabfamos ser “correto” em sessdes desse tipo, ba- seados em cerca de vinte e cinco anos de freqiiéncia a outros Centros Espiritas, inclusive em outros Estados. O primeiro fato que nos chamou a atengio foi a permissao para que pessoas estranhas (algumas até des- conhecidas) possam assistir a reuniado. Sao cerca de 20 a 30 individuos, que ficam numa rea determinada para isso, Até hoje nao tivemos conhecimento de qualquer prejuizo psiquico ou somdtico causado a esses freqiientadores, pelo fato de participarem das reunides, bem como de alguma perturbagao ao desenrolar da ses- sao. Pelo contrario, 4s vezes Espiritos em comunicagao se dizem acompanhantes dessas pessoas. Outro fato que nos surpreendeu foi a rapidez com que alguns médiuns, completamente perturbados, em curto espaco de tempo aprenderam a educar sua capaci- dade psiquica, desenvolvendo-a ao ponto de logo darem Ppassagem também a irmios trabalhadores do Além, que 8 auxiliam no tratamento de Espiritos em dificuldades se comunicando através de outros médiuns. Isso é realmente incrivel e reputamos como o maior trunfo do irmao Nazareno o seu método de magnetizac4o. Comparando com o que vimos em outras Casas, dirfamos que nesta se gasta um décimo do tempo para o desenvolvimento meditinico inicial. S6 este fato j4 mereceria um estudo mais aprofundado pelos dirigentes de outros Centros. Os adolescentes mencionados neste livro sao todos reais, e posso dizer como médico que nao sao personali- dades espilépticas ou histéricas, mas pessoas maravilho- sas, alegres, equilibradas, com aparéncia feliz; enfim, jo- vens como gostariamos que nossos filhos fossem. Por ultimo, registramos 0 alto valor moral do Confrade Nazareno Tourinho, que sempre demonstrou ser honesto, leal, corajoso e franco, mesmo nas horas dificeis pelas quais a Casa passou, que nao foram pou- cas. Belém, O5 de setembro de 2000. Sidney Assis Brasil CRM-PA 2081 Consultério: Av. Cerzedelo Correia, 1022, Batista Campos, Belém, PA, CEP 66017-770 Tel: (91) 222-7632 Duas palavyras ... Esclarecimento indispensavel ..........0:sssseseseseeeee 13 A mediunidade em criancas e adolescentes ....... 27 Minhas experiéncias meditinicas ..............00000 35 O caso Rangel .....eesessseseresetesesessenseseneseseseseeees 41 O caso’ Milene i. sox cisciticccscetcetsineschacdoaarastinettccs 55 O caso Vivian a 08) O.caso Cinthia trressisssissseasssesestossecsecenacesscosyeneetss 69 OUntrOs CASO8'sif-ccane.cceessosesisnensstensaduseoaseetbstersntie Tee Um caso de duas irmas . Outro caso de duas adolescents ......:.ecseceeees 89 Casos em processo germinativo «0.0... 99. Intermezzo Conclusao Experiéncias Meditinicas com Criangas e Adolescentes. «11 DUAS PALAVRAS Esta é uma obra espirita, assinada por um autor espirita militante, para leitores espiritas atuantes € pes- soas simpaticas ao Espiritismo. Completa, como ultimo volume de uma trilogia, dois outros tomos publicados pela mesma Editora, intitulados SURPRESAS E CURI- OSIDADES DE UMA PESQUISA MEDIUNICA e MINHA DOCE CASA ESPIRITA. No primeiro deles relato como me associei a um grupo de amigos espiritu- ais formuladores de interessante proposta de trabalho, no segundo descrevo como tal projeto se concretizou, impondo-me responsabilidades que jamais desejei assu- mir em nosso movimento doutrinario. Face a natureza um tanto irreverente desta obra, preciso comegé-la por um esclarecimento, pondo a mos- tra, sem rodeios e subterftigios, a visio que tenho do Espiritismo em termos tedricos e praticos. $6 depois disso convém que cuide da narrac4o dos fatos meditinicos r lativos a criangas e adolescentes com os quais estou dando, pois sao fatos talvez inaceitaveis para a maioria dos companheiros de ideal. Experiéncias Meditimicas com Criangas e Adolescentes « 13 ESCLARECIMENTO INDISPENSAVEL Nao conhego, na literatura espirita classica e con- tempordnea, nenhuma obra que trate especificamente de fendmenos meditinicos ocorridos com criangas e ado- lescentes sob controle sistemdtico. Se existe, creio que nem por tal razao deixam de ser oportunas as paginas deste livro, pois o assunto é de magna importancia para a nossa causa ideolégica e o seu estudo nao se encontra esgotado. Talvez nao esteja nem ao menos comegado. Como 0 tema é grave, de extrema delicadeza, ao aborda-lo nao posso me eximir da obrigacao de fazé-lo assumindo uma postura um tanto pessoal, ainda que despojada de personalismo. Dai porque escrevo na pri- meira pessoa do singular, desprezando o plural majestatico. Dai porque irei falar do meu trabalho, e nao do alheio. Dai porque julgo imprescindivel iniciar com este esclarecimento no qual exponho as idéias que te- nho em matéria de Espiritismo. De acordo com elas devo logo afirmar que a presente brochura no se destina aos cultores, cultivadores e cultuadores da Parapsicologia, atual sucessora da Metapsfquica, em que pese a tematica em foco, eminentemente cientifica. J4 nao acredito nes- ses senhores depois de tanto vé-los desarrazoar, e deles nada espero em beneficio da verdade imortalista, tnica via de conhecimento libertador para o homem na face da Terra. 14 ¢ Nazareno Tourinho Desde 0 século passado, quando poderosos seres do Além, certamente cumprindo a vontade soberana do Criador, resolveram efetuar uma “invasao organizada”, como disse Arthur Conan Doyle, no plano fisico deste planeta, com a finalidade de chamar a atencao dos seus habitantes para a conveniéncia de reformularem antigas concepgées filos6ficas a fim de progredirem com maior rapidez, movimentando a inteligéncia na rota de uma fé raciocinada na vida eterna, a histéria dos acontecimen- tos paranormais sé ensina uma coisa: Allan Kardec foi o pensador mais sdbio dos tempos modernos, como Socrates o foi na antigiiidade. Sécrates e Platéo foram os precursores do Espiri- tismo, asseverou Kardec. Por qué? O primeiro porque, sob a inspiragao do seu daimon (Espirito protetor), esbogou as linhas mestras da Doutri- na Espfrita, embora nada tenha escrito. O segundo por- que documentou 0 auspicioso acontecimento em livros. Na Introducgéo de O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO Allan Kardec compara os ensinamentos socraticos aos de sua obra codificadora, mostrando a perfeita identidade de ambos. Aqui se im- poe apenas ressaltar que a caracterfstica mais saliente e marcante do pensamento de Sécrates € a essencialidade ética, erguida sobre valores universais. O grande e ines- quecivel sabio da Grécia pré-crista, berco da cultura oci- dental, foi o primeiro filésofo que vislumbrou a imperi- osa necessidade de unirmos 0 Belo ao Bom para dar sen- tido ao Bem em nivel ontolégico e teleolégico. Ninguém ignora esse notavel feito. Sécrates criou a moral enfren- tando os sofistas de sua época, e fez isso com tamanha competéncia que coroou sua construco tedrica pelo es- pontaneo sacrificio da propria vida, aceitando uma in- Experiéncias Meditinicas com Criangas e Adolescentes + 15 justa pena de morte quando poderia ter se furtado a ela, fugindo da priséo como desejavam os discipulos. Kardec nunca se cansou de enfatizar que o Espiri- tismo tem, acima de tudo, essencialidade ética e objeti- vo moral. Eis porque, sendo uma filosofia de bases cien- tificas e conseqiiéncias religiosas, € ciéncia e € reli: mas nao é uma ciéncia nem uma religiao em particular — é, como toda filosofia que se preza, um modo de pensar a vida e viver o pensamento, diferenciado dos outros até hoje concebidos, pois parte da realidade sensivel para a transcendéncia possivel, fazendo o ser humano conhe- cer-se a si mesmo para conduzi-lo a DEUS, ligando o reino da Matéria ao do Espirito, unindo, qual um hifen, a Ciéncia & Religiao. Deixando-se de lado a retérica, a praxis genuina- mente espirita que se expressa por via meditinica nao deve, portanto, se apartar de uma trilha ético-moral su- perior, e essa trilha, para Allan Kardec, € a crista, capaz de reunir 0 Belo e o Bom no valor universal do Bem, que nao existe fora do amor ao préximo exaltado e exemplificado por Jesus em suas variadas e multiformes expressdes, Por nao compreender isto de maneira satisfatéria intimeros companheiros de ideal sinceros hao cometido deploraveis erros, desde os primérdios do nosso movi- mento doutrinario. Uns postulando para o Espiritismo unicamente o carater de ciéncia, outros reivindicando que ele seja ex- clusivamente religiao. Uns menosprezando sua ética e sua moral, outros abandonando sua racionalidade légi- ca. Tanto os primeiros, quanto os segundos, estio iludi- dos. Sendo vejamos. 16 ¢ Nazareno Tourinho Depois do memoravel episédio de 31 de marco de 1848, em Hydesville, as irmas Fox puseram-se a fazer espetdculos publicos para demonstrar seus excelentes dotes meditinicos com a melhor das intengdes. Segundo registra 0 citado Conan Doyle, no Capitulo VI de HIS- TORIA DO ESPIRITISMO (Editora Pensamento, Sao Paulo, edigdo sem ficha catalografica indicando 0 ano e outros detalhes), elas durante décadas permaneceram “triunfando em cada ensaio a que eram submetidas” , impres- sionando até observadores da categoria social de Horace Greeley, posteriormente candidato a presidéncia dos Es- tados Unidos, o qual ficou “profundamente interessado” pelas jovens médiuns e inclusive “forneceu elementos para que a mais nova completasse a sua educagdo muito imperfeita”. Cinco anos apés os fatos pioneiros de Hydesville, em 1853, ja entre os americanos surgiam os primeiros cientistas imparciais e honestos depondo a favor da au- tenticidade dos fendmenos meditinicos, como o dr. Robert Hare, professor de Quimica da Universidade da Pensilvania. Um ano depois, precisamente a 10 de junho de 1854, foi constituida em New York a “Sociedade para a difusdo do Conhecimento Espirita”, que “entre os seus mem- bros contava gente proeminente, como o Juiz Edmonds e 0 Go- vernador Tallmadge, de Wisconsin”. Finalmente, falando das atividades meditinicas das irmas Fox na América, acrescenta Conan Doyle: “Fatos dignos de nota dos préximos anos foram o rapido crescimento do ntimero de médiuns por toda parte e a converstio ao Espiritismo de grande numero de homens puiblicos...” Mas, quase ut século e meio depois, 0 que resta atualmente de Esp ismo verdadeiro nos Estados Uni- Experiéncias Meditinicas com Criangas ¢ Adolescentes. «17 dos? Quase nada, afora aquilo que brasileiros imigran- tes estéo tentando fazer. E por qué? Sem diivida por miltiplas razGes, todavia principalmente porque os nos- sos irmaos iankees jamais quiseram assumir a doutrina codificada por Allan Kardec depois que ela surgiu em 1857, preferindo somente dispensar consideragéo ao saber académico. Bem cedo pagaram um preco alto por isso. A Associagéo Cientifica Americana atacou 0 Prof. Hare, estabelecendo que a comunicagio de Espiritos “era in- digna da sua atengéo”. No mesmo encontro em que to- mou esta tola decisio ocupou-se “de um animado debate para saber por que os galos cantam entre meia-noite e uma da manha...” A posicao da ciéncia oficial relativamente ao Espi- ritismo nos traz a lembranga o que disse Jesus: “Gragas te dou, Pai, por teres ocultado essas coisas aos doutos e aos sdbios, e as teres revelado aos simples...” E justifica estas pa- lavras de Allan Kardec: “Com relagdo as coisas notérias, a opinido dos sdbios 6, com toda razao, fidedigna, porquanto eles sabem mais e melhor do que o vulgo. Mas, no tocante a principios novos, a coisas desconhecidas, essa opiniao quase nunca é mais do que hipotéti- ca, por isso que eles néio se acham, menos que os outros, sujeitos 4 preconceitos. Direi mesmo que o sdbio tem mais prejutzos que qualquer outro, porque uma propensao natural o leva a subor- dinar tudo ao ponto de vista donde mais aprofundou os seus conhecimentos: 0 matemdtico nao vé prova sendo numa demons- tragao algébrica, 0 quimico refere tudo a agao dos elementos etc.. Aquele que se fez especialista prende todas as suas idéias a especialidade que adotou. Tirai-o dai ¢ 0 vereis quase sempre desarrazoar, por querer submeter tudo ao mesmo cadinho: con- seqiténcia da fraqueza humana. Assim, pois, consultarei, do melhor grado e com maior confianga, um quimico sobre uma 18 * Nazareno Tourinho questéo de andlise, um fisico sobre a poténcia elétrica, um me- canico sobre uma forga motriz. Hao de eles, porém, permitir- me, sem que isto afete a estima a que Ihes dé direito o seu saber especial, que eu ndo tenha em melhor conta suas opinioes nega- tivas acerca do Espiritismo, do que o parecer de um arquiteto sobre uma questdo de misica. “As ciéncias ordindrias assentam nas propriedades da ma- téria, que se pode experimentar e manipular livremente; os fend- menos espiritas repousam na agdo de inteligéncias dotadas de vontade prépria e que nos provam a cada instante nao se acha- rem subordinadas aos nossos caprichos. As observagdes nao po- dem, portanto, ser feitas da mesma forma; requerem condigdes especiais e outro ponto de partida. Querer submeté-las aos pro- cessos comuns de investigagdo é estabelecer analogias que nao existem. A Ciéncia, propriamente dita, é, pois, como ciéncia, incompetente para se pronunciar na questdo do Espiritismo: ndo tem que se ocupar com isso e qualquer que seja o seu julga- mento, favordvel ou nao, nenhum peso tera.” (O LIVRO DOS ESPIRITOS, Introducao, VII). Citamos 0 exemplo dos Estados Unidos da Améri- ca do Norte, onde eclodiram os modernos fenémenos da nossa crenga, contudo convém salientarmos que tam- bém na Inglaterra, e em outros paises da Europa, inclu- sive na Franga depois da desencarnagio de Allan Kardec, repetiu-se a historia do Espiritismo malogrado por falta de lucidez critica de seus adeptos no que tange a uma correta visio dos fendmenos meditnicos. Persistiu em todas essas nagées o erro de nossos confrades em dar muita importancia ao saber académico que sempre foi materialista e agnéstico. Na Inglaterra cientistas mais conceituados do que Robert Hare, como William Crookes, Oliver Lodge e Alfred Russel Wallace, e médiuns mais potentes do que Experiéncias Meditinicas com Criangas e Adolescentes. + 19 as irmas Fox, como Daniel Dunglas Home, Mme. d’Esperance e Florence Cook, fizeram tudo 0 que podia ser realizado para impor respeito aos fendmenos comprovadores da realidade da vida de além-témulo, e no entanto o que existe hoje de verdadeiro Espiritismo em terras britinicas? Igualmente quase nada, a nao ser aquilo que brasileiros imigrantes andam fazendo por la... Para no ir longe demais nessa avaliagao do solene e hostil desprezo que o saber académico vota aos fené- menos meditinicos e 4 Doutrina Espirita, ponho em tela o caso de Eusépia Palladino, recorrendo para isso a uma obra insuspeita, o volume OS GRANDES MEDIUNS, de Robert Amadou (Edigées Loyola, S40 Paulo, 1966), publicada com o Imprimatur da Igreja Catélica. Eusdpia Palladino foi, seguramente, a médium es- pirita que mais coragem e mais paciéncia teve para sujei- tar-se as rigorosas experiéncias cientificas dos ilustres doutores universitarios. Era uma mulher humilde, iletrada, que afora as suas poderosissimas faculdades supranormais tinha uma grande alma. No livro HISTO- RIA DO ESPIRITISMO, retrocitado, Conan Doyle trans- creve, na pagina 287, a opiniao de César Lombroso so- bre ela, enaltecendo-lhe o cardter generoso. Por tal opi- niao ficamos sabendo que esta inolviddvel companheira napolitana possufa “uma singular bondade de coragdo, que a levava a distribuir o que ganhava com os pobres e com as crian- gas, para aliviar os seus infortinios, 0 que a impelia a sentir uma ilimitada piedade pelos velhos e pelos doentes, a ponto de Passar noites em claro, pensando neles.” Pois bem, modernamente Eusépia Palladino é lem- brada e citada, em todos os meios parapsicoldgicos aca- démicos, nado espiritas, como uma hdbil mistificadora. 20 ¢ Nazareno Tourinho E qual foi a sua trajetéria de médium? Vejamos reproduzindo t6picos com informagdes fornecidas pelo autor antiespirita Robert Amadou na obra OS GRANDES MEDIUNS. Evidentemente vamos trans- crever somente trechos que nos interessam, porque os outros interessam a Igreja responsAvel pela impressio do volume. Paginas 58/59: “Foi em 9 de agosto de 1888 que o Prof. Ercole Chiaia, de Ndpoles, dirigiu uma carta aberta a Cesare Lombroso, con- vidando o célebre médico italiano a debrugar-se sobre 0 caso excepcional de Eustipia Palladino. Lombroso nao respondeu antes de fevereiro de 1891, mas nesse dia organizou, gragas a genero- sidade do esptrita Aksakoff, uma primeira série de experiéncias. Durante as sessées, os observadores (Lombroso, Tamburini, Gili, Vizioli, Ascensi, Giolfi) notaram os fenémenos que todos os observadores seguintes iam, por seu turno, notar e tentar expli- car. Tais fenémenos eram tio numerosos e variados que Lombroso julgou necessdrio, unicamente para fins de classificagao, dividi- los em quarenta e quatro secgoes. Entre as manifestacées mais importantes ¢ mais constantes, citemos ruidos, transporte de objetos ou do corpo da médium em sua cadeira sem intermedia- rio fisico vistvel, a aparigao de pontos fosforescentes, a percepgiio dos sopros gelados, a visto de maos ou de dedos capazes de realizar atos complexos, 0 enfunamento do vestido da médium ou dos cortinados do gabinete escuro, a impressiio de marcas manuais ou digitais, e mesmo dum rosto sobre um bloco de méstique colocado préximo a médium... Para comecar, 0 quadro estd terminado. “Os sdbios italianos, reunidos em torno de Lombroso, de- claram-se convencidos da autenticidade dos fendmenos a que assistiram.” Experiéncias Meditinicas com Criangas e Adolescentes + 21 P4ginas 60/61: “Uma segunda série de experiéncias foi realizada em Milo, no ano seguinte, em outubro de 1892, em casa de Vinzi, diante de uma comissdo de inquérito presidida pelo prof. Schiaparelli, reitor da Universidade, e agrupando notadamente Carl du Prel, Aksakoff, Charles Richet. Ao final de dezessete sessoes, publicou-se um relatério que concluia pela autenticida- de de pelo menos uma parte dos fendmenos observados. As con- digdes experimentais dessas experiéncias, porém, nao foram mais satisfatorias que as da primeira série. “Em 1893, novas experiéncias em Napoles, sob a diregao do prof. Wagner; experiéncias em Roma, nesse mesmo ano, sob a diregdo de Siemaradski, e, em novembro, o prof. Ochorowicz convidou Eusdpia a ir @ sua casa, em Varsévia, onde organi- zou, a partir de 25 de novembro de 1893, quarenta sessdes. Nova série romana em 1894, com o concurso de Richet, Schrenck-Notzing, Lombroso e além de nova série polonesa. “Durante as férias escolares de 1894, Richet, por sua vez, convidou Eusépia a ir a sua propriedade da Ilha Roubald, onde se reuniram Myers, Lodge, Ochorowicz — depois no cas- telo de Agnélas, perto de Tulon, em casa de Albert de Rochas, com os Sidgwick e Schrenck-Notzing. Os prudentes experimentadores britdnicos declinaram de concluir provocando sua reserva viva critica de Richet e de Ochorowicz. Os membros da S. P. R., entretanto, ficaram tao interessados pelo espetécu- !o que haviam observado e pelas discussdes travadas com seus colegas franceses, que desejavam esclarecer 0 assunto: Eusdpia recebeu novo convite, desta vez para a Inglaterra. “Em agosto de 1895, Eusdpia chegou a Cambridge e sofreu a inspecéo de uma equipe de metapsiquistas avisados, ¢ em particular de um pesquisador habituado as praticas do ilusionismo: Richard Hogdson, secretdrio da Sociedade Ameri- cana de Pesquisas Psiquicas, juiz severo mas irreprochdvel das 22 + Nazareno Tourinho sessdes precedentes, feitas pelos Sidgwick e Myers. Foi no domi- cilio do iiltimo que se realizaram as novas sessdes.” Paginas 62/63: “WH. Myers admitiu, de resto, mais tarde, a autentici- dade de certos fenémenos dos quais foi testemunha no continen- te. A opinido isolada de Myers, porém, pouco valor possui. Lembremo-nos de Staint Moses! “No més de setembro do mesmo ano de 1895, um relaté- rio favordvel a autenticidade dos fenémenos foi assinado por A. de Gramont, Maxwell, Sabatier e Dariex, que haviam estuda- do Eusdpia no castelo de Agnélas, em casa do Coronel de Ro- chas (20-29 de setembro). “No fim do ano, Eusdpia voltou a Italia e o relatério de Vizani-Scozzi nao é menos positivo que os dos franceses”. Paginas 96/97: “Entretanto, quatrocentos e setenta fendmenos de apa- réncia paranormal foram notados no relatério final; “muitos tinham acontecido em plena luz, enquanto as mdos e 0 corpo inteiro da médium eram plenamente visiveis”. A conclusdo des- se relatério era favordvel a Eusdpia e W. H. Salter salienta que ele é 0 mais favordvel que jamais fora redigido por uma comisséo de técnicos. Pode-se contudo falar de certeza cientifi- ca? Os préprios investigadores nao pensam assim: “Nossas con- clusoes, escrevem eles, com efeito, sao fundadas sobre impressoes tiradas do conjunto das experiéncias, porque somos incapazes de dizer a que fenémenos se aplicam essas conclusées. Limitamo- nos aqui @ expressdo de uma opinido, elevada em nossos prépri- os espiritos ao nivel de certeza.” Ai esta. Experiéncias Mediinicas com Criangas e Adolescentes + 23 Eus4pia Palladino, infatigavelmente, forneceu du- rante anos a fio as mais exuberantes provas cientificas da sua mediunidade, e porque talvez tenha se compor- tado de forma eticamente incorreta em uma ou outra experiéncia, sob ago de Espiritos inferiores, ganhou a fama de embusteira da qual nao mais se livrou. Podemos, pois, deduzir que os irmaos de ideal de- sejosos de fazer do Espiritismo tao s6 wma ciéncia, a fim de compatibiliz4-lo com os critérios do saber académico e com as exigéncias da cultura universitdria, laboram em imenso erro, como em erro se acham aqueles que alme- jam torné4-lo apenas wma religiao, semelhante as j4 exis- tentes, supostamente herdeiras do Cristianismo. E exatamente por ser uma filosofia, de bases cientifi- cas e conseqiiéncias religiosas, que o Espiritismo € cristao. Quem classifica e define o Espiritismo como filosofia nao € 0 autor destas linhas, é Allan Kardec, e so os seres do Além que transmitiram nossa doutrina. Em O LI- VRO DOS ESPIRITOS 0 mestre de Lyon coloca na p4- gina frontal, acima do titulo, estas duas palavras: FILO- SOFIA ESPIRITUALISTA. Isto é uma classificagao. No texto de abertura, antes do Capitulo inicial (Prolegémenos), os mensageiros da Espiritualidade Superior que nos le- garam a doutrina disseram ter como propésito “estabele- cer os fundamentos de uma filosofia racional, isenta dos preconcei- tos do espirito de sistema”. Isto é uma definigao. Sendo, como ja foi bastante realgado, uma filosofia de bases cientificas e conseqiiéncias religiosas, o Espiri- tismo possui duas dimensées indissociaveis, a fenoménica ¢ a doutrindria. Por este motivo nao podemos nem nos 24 * Nazareno Tourinho afastar do campo meditinico nem operar nele sem fins humanitarios. E como temos desempenhado 0 nosso papel de espiritas no cendrio deste mundo? Analisemos a questao com serenidade e bom senso, sobretudo com altivez, sem nos curvar a ortodoxia dominante. Ha pouco pus em pauta a insensatez dos confrades intelectualistas, que se envergonham de pesquisar os fe- némenos meditinicos com a metodologia kardequiana, respaldada preponderantemente na ética crista sem des- cabida sujeicao aos critérios académicos. Para eles as minhas experiéncias com criangas e adolescentes descri- tas no presente volume nao terao qualquer validade. Agora vou tecer alguns comentarios sobre a falta de lucidez dos irmaos misticos (comentarios breves e cuidadosos, quase diria condescendentes, a fim de nao deslustrar figuras importantes do movimento espirita brasileiro, que todos admiram pelas suas inegaveis virtu- des). Estes, agrupados em um sistema federativo nacio- nal até hoje dirigido por seguidores da obra de Jean- Baptiste Roustaing, que traiu Allan Kardec inventando uma doutrina contrdria a lei da reencarnagéo (quem ti- ver a menor ditivida a esse respeito leia, além de muitos outros, meu livro AS TOLICES E PIEGUICES DA OBRA DE ROUSTAING), e orientados por obras de médiuns famosos deste pais, combatem abertamente a evocacio de Espiritos sob 0 pretexto de que, em se tratando de comunicabilidade com o mundo invisivel, 0 telefone deve tocar de um lado sé... Nao importa, para eles, que Allan Kardec tenha defendido a evocacao dos Espiritos e criticado de forma direta aqueles que a desaconselham (vide O LIVRO DOS Experiéncias Meditinicas com Criangas e Adolescentes + 25 MEDIUNS, Capitulo XXV). Certamente por nao se te- rem libertado ainda de todos os condicionamentos cat6- licos de outras vidas, querem para nds nesta nagao, se- gundo eles “Coragéo do Mundo, Patria do Evangelho”, um Espiritismo sem Espiritos, e recorrendo a um discurso intimidativo da pratica meditinica estao a cada dia reti- rando mais dos nossos Centros as nobres tarefas da sua tradicdo: os passes, os procedimentos desobsessivos e os trabalhos de cura. Para tais companheiros também nao terao validade as experiéncias descritas neste volume. Eles pretendem compatibilizar o Espiritismo com o sa- ber eclesidstico, assim como os seus opositores da outra ponta extremada pretendem compatibilizd-lo com 0 sa- ber académico. Ambos est4o equivocados, salvo melhor juizo. Pensando desse modo produzi as paginas que se- guem sem grandes esperancas de vé-las aproveitadas no atual contexto histérico do movimento espirita brasilei- ro, 0 que nao me preocupa, e ainda menos desanima, porque o fundamental para mim é permanecer fiel a Codificagao de Allan Kardec, em termos te6ricos e pra- ticos, conforme declarei no inicio. Escrevo “para o futu- ro”, como bem disse Carlos Bernardo Loureiro no Prefé- cio de um livro meu. Nao sei se este volume é uma monografia merece- dora de apreco ou uma crénica de solidao ideoldgica. Posso, porém, garantir aos seus leitores que nao inventei nenhum dos fatos adiante expostos e que o trabalho por mim levado a efeito sempre foi, e sempre sera, aberto para observadores honestos. Ele ocorre na Travessa Cam- Pos Sales, 532, Bairro da Campina, em Belém do Par, 26 © Nazareno Tourinho nos dias e hordrios adiante expostos. Meu enderego residencial é este: Av. Almirante Tamandaré, 1042, blo- co C, apto. 04 - Centro - Belém-Paré - CEP 66023-000 - Telefone (91) 250-5310. De resto, coloco-me a disposigao de quem quer que seja para Ihe apresentar pessoalmente as criangas e os adolescentes com os quais realizei as experiéncias a se- guir relatadas, bem como seus pais ou pessoas responsa- veis. De uns e outros cito apenas o primeiro nome por razées 6bvias, mas nome verdadeiro e nado trocado. Experiéncias Meditinicas com Criangas e Adolescentes + 27 A MEDIUNIDADE EM CRIANCAS E ADOLESCENTES Em todas as épocas sempre surgiram criangas e adolescentes superdotados, portadores de dons e talen- tos fora do comum, inexplicdveis e As vezes espantosos. Ninguém ignora as ocorréncias classicas nesse sen- tido. E sabido que Mozart compés uma Opera aos 8 anos, depois de ter executado ao piano uma sonata aos 4. Pascal nao tinha mais que uma diizia de anos quan- do descobriu a geometria plana. Willy Ferreros com 5 anos dirigiu competentemente a orquestra do Folies-Bergére em Paris. E o escocés Jacques Chrichton aos 15 anos discutia sobre qualquer questao em latim, grego, hebreu e arabe. Incontéveis outros casos de criangas prodigio e ado- lescentes geniais como estes poderiam ser mencionados. Por que, ent4o, s6 o dom ou talento da mediu- nidade, que € téo espontaneo quanto outras aptiddes naturais do ser humano, deixariam de brotar e florescer em tenra ou pouca idade? A logica da nossa doutrina diz que quanto mais 0 corpo de matéria densa, logo apés a reencarnacao, de- senvolve-se neste mundo, obedecendo as leis da vida, 28 ¢ Nazareno Tourinho mais vai fixando nele o Espirito, e assim dificultando- Ihe contatos com o Além. Tecnicamente, pois, € forgoso admitirmos que as criangas e os adolescentes possuem, mais que os adultos, a capacidade de receber e transmi- tir a acdo dos seres espirituais. S40, portando, os maio- res médiuns, mas geralmente nos recusamos a vé-los nesta condigao. Isto constitui grave erro. Primeiro porque nos impede de ajuda-los a resol- ver seus problemas paranormais, segundo porque nos priva de aproveitar seus valiosos dotes na pratica do Es- piritismo, em casos sem contra-indicagao. Dou a lume o presente livro, prezado leitor, para informar-lhe sobre a tarefa que venho realizando nesse duplo sentido, e rogo que me leia liberto de idéias radi- cais em torno do assunto. Se vocé julga que nao merego isso, o que é um direito seu, responda esta pergunta: - O que estamos fazendo, na atualidade do movi- mento espirita brasileiro, para ajudar e aproveitar, de forma realista, as criangas e os adolescentes médiuns? Que elas e eles existem em profusdo ndo temos como negar, pois os encontramos até no seio da nossa familia. Voltamos a indagar: 0 que estamos fazendo, con- creta e objetivamente, como espiritas, para atendé-los em suas necessidades e potencialidades? Quase nada, sem sombra de qualquer diivida. Em nossas escolinhas de moral crista, onde somos muito aplicados em transmitir os preciosos ensinamentos evangélicos, nunca falamos de mediunidade para as cri- angas € os adolescentes como deveriamos. E proibimos a sua presenca em nossas sessdes desobsessivas e de cura, Experiéncias Meditinicas com Criangas e Adolescentes. «+ 29 promovidas cada vez menos para dar lugar a cursos so- fisticados e palestras de oradores gongéricos. A mediunidade para nés est4 virando tabu, coisa perigosa e descartavel. Por incrivel que parega, 0s pasto- res protestantes e os clérigos catdlicos carismaticos assu- mem presentemente mais os fenmenos meditinicos do que os lideres espiritas, representando isso uma vanta- gem para eles e uma vergonha para nés. Sob a sugestéo de uma copiosa literatura psicografica aparecida nos derradeiros tempos proclama- mos que “a época do fendmeno ja passou”, um enorme dis- parate, posto que o fendmeno meditinico € lei natural € a lei da natureza nfo cai em exercicio findo. Achamos que “ndo se deve desenvolver a mediunidade e sim educé-la”, outra grande tolice, porquanto ha um Ca- pitulo inteiro em O LIVRO DOS MEDIUNS, o XVII, tratando DA FORMACAO DE MEDIUNS, que come- ¢a com este titulo: Desenvolvimento da mediunidade. O de- senvolvimento da mediunidade é util e necessdrio, em- bora a sua educacdo seja mais importante. Sao duas coi- sas distintas, que podem, e devem, ser feitas em conjun- to, integradamente. Consulte-se os diciondrios: desen- volver significa fazer crescer, educar é aprimorar. Ninguém educaré satisfatoriamente a sua mediunidade se nao a desenvolver. Conseqiientemente, 0 preceito “ndo se deve desenvolver a mediunidade e sim educd-la” nao passa de um refinado sofisma, infelizmente safdo de uma pena res- peitavel em nosso movimento ideoldgico, de vocagdo mistica. Enfim, estamos fechando os olhos para a inevita- vel influéncia dos Espiritos em nossas vidas, quando a doutrina nos alerta para o fato de que eles se movimen- Experiéncias Meditinicas com Criancas e Adolescentes. + 31 E engracado como os defensores do Espiritismo sem Espiritos se escudam na 6* pergunta e resposta do item 221 do Capitulo XVIII de O LIVRO DOS MEDIUNS, jogando na lata de lixo a 7* que Ihe € subseqiiente e complementar. Eis 0 inteiro teor de ambas, indissociaveis: “6" Haverd inconveniente em desenvolver-se a mediunidade nas criangas? “Certamente e sustento mesmo que é muito peri- goso, pois que esses organismos débeis e delicados sofre- riam por essa forma grandes abalos, e as respectivas ima- ginag6es excessiva sobreexcitacdo. Assim, os pais pru- dentes devem afasté-las dessas idéias, ou, quando nada, nao lhes falar do assunto, sendo do ponto de vista das conseqiiéncias morais. “7 Ha, no entanto, criangas que sao médiuns natural- mente, quer de efeitos fisicos, quer de escrita e de visées. Apre- senta isto 0 mesmo inconveniente? “Nao; quando numa crianga a faculdade se mostra espontanea, é que esta na sua natureza e que a sua cons- tituigdo se presta a isso. O mesmo nao acontece, quando € provocada e sobreexcitada. Nota que a crianga, que tem vis6es, geralmente nao se impressiona com estas, que Ihe parecem coisa naturalissima, a que d4 muito pouca atengdo e quase sempre esquece. Mais tarde, o fato Ihe volta A meméria e ela o explica facilmente, se conhece o Espiritismo”. Eis ai. A pergunta seguinte, 8°, indagando “Em que idade pode a crianga ocupar-se de mediunidade”, tem resposta com estas duas frases iniciais: 32 ¢ Nazareno Tourinho “Nao hd idade precisa, tudo depende inteiramente do de- senvolvimento fisico e, ainda mais, do desenvolvimento moral. Hai criangas de doze anos a quem tal coisa afetard menos do que a algumas pessoas jd feitas.” Como se nota pelo exposto, nado cometemos ne- nhum deslize doutrindrio em ter algumas criangas e ado- lescentes excepcionais participando de nossas sessdes desobsessivas e de cura regulares. Eu as tenho, com ex- celentes resultados para elas e para a causa espirita. Pro- varei isto neste volume. No mais, caro leitor, lembro-o de que Allan Kardec se valeu da mediunidade das senhoritas Baudin e Japhet na fase de composicao da doutrina. Recordo-o de que ele declara possuir a médium Ernance Dufaux 14 anos ao escrever 0 romance HISTORIA DE JOANA D’ ARC DITADA POR ELA MESMA (Revista Esptrita, edigdo de janeiro de 1858). E finalmente chamo a sua atengdo para um detalhe — lendo os livros de Arthur Conan Doyle e Robert Amadou citados precedentemente constata-se que: a) Gragas a uma menina chamada Florrie, de ape- nas 10 anos, importantes manifestagdes Espiritas foram documentadas pelo dr. William Barret; b) Os primeiros fenémenos meditinicos produzi- dos através de Eusdpia Palladino foram verificados quan- do ela tinha 15 anos; c) Florence Cook comegou a sua atividade de mé- dium de efeitos fisicos em 1871, aos 15 anos, e somente depois, em 1874, submeteu-se a experiéncias com William Crookes, fornecendo-lhe provas que glorificam 0 passado do Espiritismo; Experiéncias Meditinicas com Criangas e Adolescentes + 33 d) Martha Béraud contava 16 anos quando Richet testou a sua mediunidade; e) Daniel Dunglas Home, com 13 anos, ja era aci- onado pelos Espiritos; f) Finalmente aos 14 anos Angélique Cottin viu o desabrochar da sua mediunidade. Assim como Jesus confundiu os doutores da lei antiga quando tinha 12 anos, segundo os relatos evan- gélicos, numerosas crian¢as e incontaveis adolescentes estao confundindo os doutores de Espiritismo em terras brasileiras. Despertar para a realidade é a melhor coisa que eles poderao fazer, deixando de prestigiar a produ- cao psicografica de médiuns misticos em detrimento da obra de Allan Kardec. Experiéncias Meditinicas com Criangas ¢ Adolescentes + 35 MINHAS EXPERIENCIAS MEDIUNICAS COM CRIANCAS E ADOLESCENTES A bem da verdade devo dizer que as minhas expe- riéncias com criangas e adolescentes sempre foram fei- tas mais por um imperativo de amor ao préximo do que por nobre curiosidade cientifica. O laboratério em que opero é uma casa espirita ha sete anos aberta para o publico em geral (escrevo estas linhas no segundo semestre de 2000), que funciona todo santo dia, inclusive domingos e feriados. De segunda a sexta-feira, durante doze horas seguidas, das 7,00 da manha as 7,00 da noite, mantém um servigo de passes; as tergas-feiras, das 20,00 as 21,30 horas, faz sessdes desobsessivas; As quartas tem encontros destinados ao estudo da filosofia espirita 4 luz da obra de Allan Kardec; as quintas-feiras, com inicio as 20,00 horas, realiza tra- balhos de cura voltadas para quem se acha enfermo or- ganicamente; aos sabados acolhe mendigos oferecendo- Thes uma sopa carinhosamente; aos domingos promove palestras doutrindrias dirigidas a adultos, e aulas igual- mente doutrindrias, e nao apenas evangélicas, ministra- das a criangas e adolescentes (nas segundas e sexta-fei- Tas A noite o espago fica disponivel para atendimentos individuais e de pesquisa). Como, apesar de ter uma eficiente equipe de com- Panheiros administrando as coisas para mim (expresso- 36 * Nazareno Tourinho me desta forma porque nao se trata de um Centro Espiri- ta e sim de uma casa espirita, da qual sou proprietario), diariamente transito por esse privilegiado laboratério em. hordrios fixos e varidveis, estou freqiientemente me de- parando com todo tipo de pessoas, de meia idade, ve- Ihas e jovens, portadoras de faculdades meditinicas, embriondrias e desenvolvidas, equilibradas e em desajuste. A mediunidade, no povo deste pais, é mais comum do que se pode imaginar. E o desprezo da maioria dos lideres espiritas por ela também... Assim, uma grande quantidade de médiuns problematizados, nao socorri- dos adequadamente por Centros Espiritas tradicionais de Belém, integrantes do Sistema Federativo Nacional em que predomina um pouco de intelectualismo e mui- to misticismo, procura o meu “laboratério” onde a cién- cia se liga a religiéo, como deseja Kardec, onde o saber nasce da caridade, onde as preocupacgoes doutrindrias nao sao excludentes das investigagdes fenoménicas. Minhas experiéncias com criangas e adolescentes decorrem da imperiosa necessidade que tenho de fazer algo em situagées-limite. Maes e pais buscam minha casa espirita com seus filhos atormentados: uns nao conse- guem dormir direito, outros nada aprendem na escola e se comportam estranhamente no seio da familia, alguns entram em transe e sao dados como epilépticos, embora os exames deixem de confirmar o diagndstico clinico. HA os que ja sofreram acidentes quase fatais e nao tive- ram a minima melhora com os tratamentos psiquidtri- cos e neurolégicos. Diante dos casos mais dificeis costumo proceder com toda cautela mas de igual modo sem medo (a cora- gem também é uma virtude — possivel quando deposi- Experiéncias Meditinicas com Criangas e Adolescentes * 37 tamos Iticida e honesta fé em DEUS —, sendo de la- mentar a covardia dos dirigentes espiritas de gabinete, que nao saem do ar refrigerado teérico para enfrentar 0 calor da pratica meditnica, convivendo com os sofredo- res do corpo e da alma). Além de admitir a presenca de uma ou outra crianca e adolescente em minhas sessées, quando demonstram ter capacidade para isso, escolho os mais aptos e com eles faco experiéncias, se as mesmas se afiguram necessdrias. Executo esse meu trabalho de maneira extremamente simples, sem recursos técnicos sofisticados, para os quais nao tenho gosto nem a menor vocacao, preferentemente as sextas-feiras, depois que a minha doce casa espirita fecha as portas, as 19,00 horas, encerrando os passes do dia inteiro. Talvez convenha, aqui, explicar detalhadamente minha conduta nessas ocasiGes, a fim de que vocé, lei- tor, possa fazer 0 mesmo se quiser e sentir-se preparado para o empreendimento. Coloco no ambiente musica relaxante (2° movimen- to do Concerto de Aranjuez, Adagio, do compositor es- panhol Joaquin Rodriguez). Faco breve leitura de um trecho inicial de Capitulo do volume O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO (palavras de Jesus). A seguir verbalizo uma prece pedindo o amparo do Cria- dor e a ajuda dos Espiritos que me orientam, alias por meio unicamente intuitivo, pois jamais desfrutei de qual- quer faculdade meditinica ostensiva (nao vejo os desencarnados, nao os ouco nem os percebo por nenhu- ™a outra via sensorial). Prosseguindo mando os poucos Pacientes deitarem, nado mais que trés em uma experién- cia. Recomendo-lhes, cada um por sua vez, que olhem para a palma da minha destra. Conto, pausadamente, até dez, entremeando os ntimeros com as seguintes pa- 38 + Nazareno Tourinho lavras: “DEUS abengoa! DEUS ampara! DEUS ilumina! DEUS protege! DEUS orienta!” e “Trangitilo, Sereno e Cal- no”. De vez em quando insisto em recomendar que os pacientes ndo pensem em nada nem fiquem ansiosos por resultados. Falo sempre com voz firme e forte e com a minha prOpria vontade intensamente concentrada no objetivo a ser alcancado (todas as obras classicas do Mag- netismo, considerado por Kardec, em O LIVRO DOS ESP{RITOS, quest4o 555, como uma ciéncia comple- mentar ao Espiritismo, ensinam que 0 éxito da magnetizagao reside na forga de vontade do magnetizador). Ordinariamente, quando chego ao nt- mero dez os pacientes j4 se encontram de olhos cerra- dos, submetidos a uma espécie de anestesia geral, esta- do fisiolégico propicio ao transe. Tal estado difere da hipnose, porque os pacientes nao sofrem alteracao da consciéncia: permanecem com o controle mental e ape- nas perdem o comando do corpo. Creio que 0 fato ocor- re nem tanto por efeito das vibragdes da minha voz e do meu pensamento, mas sobretudo por efeito de vibrac6es espirituais superiores. Quando a experiéncia se consoli- da neste estagio solicito, com intervalos de siléncio e em tom de absoluta naturalidade, que os pacientes descre- vam para mim suas impressGes e sensagGes, sem sairem do estado em que se encontram. De princfpio eles tem dificuldade em me obedecer, somente a grande custo logram abrir a boca e emitir os primeiros sons, mas com minha insisténcia, e paciéncia, acabam se comunicando. Com a repeticao das experiéncias 0 processo vai se aper- feigoando e o dialogo se fazendo mais facil. Ao fim das experiéncias faco todos retornarem ao estado normal mediante contagem regressiva, ap6s invocar, para tanto, 0 apoio dos amigos espirituais. Eis como atuo. Experiéncias Meditinicas com Criangas e Adolescentes. + 39 Dois sao os resultados obtidos: em algumas vezes os pacientes comportam-se como se estivessem sendo alvo da atuacao de seres do Além no local em que os vejo, em outras agem e reagem como se estivessem vivenciando situagdes em ambientes distantes, ou de natureza flufdica. Nao raro o realismo da cena ganha aspectos dramaticos nesse fenémeno de desdobramento. Quem no é versado em ciéncia espirita, e nunca leu sequer as obras classicas da doutrina, julga que uma pes- soa encarnada, afastando-se do corpo, nao possa expres- sar por ele a conduta tida nos planos etéricos. Pode, sim. O sonambulismo natural, tio corriqueiro, prova isto! No provocado o principio operante é 0 mesmo: o fenémeno acontece gra¢as ao cordao magnético que prende o Espi- rito 4 matéria durante sua encarnagao e s6 se rompe com a morte, Fendmeno muito mais aparentemente impossi- vel € 0 da bicorporeidade, que Allan Kardec endossa nos itens 119 e 120 do Capitulo VII de O LIVRO DOS MEDIUNS., Bom, depois de toda esta explicagao, que talvez tenha ido longe demais, devo expor minha casujstica. Ela provavelmente nao tera nenhum mérito para os confrades amantes do saber académico, porém teré al- gum valor para os companheiros de ideal fiéis & Codificagao de Allan Kardec. Aqueles que j4 houverem tomado conhecimento dos meus dois outros livros vin- culados a este, SURPRESAS E CURIOSIDADES DE UMA PESQUISA MEDIUNICA e MINHA DOCE CASA ESPIRITA, saberao porque estou nadando con- tra a maré nas 4guas pouco limpidas de lucidez critica do atual movimento espiritista brasileiro. Experitncias Meditinicas com Criangas e Adolescentes * 4] O CASO RANGEL Rangel apareceu em minha casa espirita em 1996, com 9 anos de idade, carregado pelo pai. Sua mae, Magareth, disse-me que o problema era o seguinte: apés um passeio no qual ele tomara banho de piscina, come- cou a cair de repente em diversos lugares, mormente na escola, por lhe faltarem energias para sustentar-se em pé. Perguntou-me se nao seria uma providéncia correta lev4-lo a um neurologista, considerando a possibilidade de uma batida da cabega durante 0 banho de piscina. Respondi afirmativamente, pois nunca desaconselho tra- tamentos médicos, contudo sugeri que 0 trouxessem a uma reunido meditinica privada que faria na segunda- feira, destinada a atendimentos especiais e pesquisas. Nessa reuniao Rangel entrou em transe com surpreen- dente espontaneidade, deslocando-se no recinto de um lado para 0 outro com a maior desenvoltura. Ao término da reuniao, afastando-se o Espirito nele incorporado suas pernas bambearam e ele caiu, saindo carregado como chegou. Diante do fato alentador Margareth desistiu do neurologista e eu considerei o tratamento espiritual ini- ciado. Poucos dias depois ela foi dizer alguma coisa para Rangel em casa e ouviu dele esta frase: — “Eu ndo sou Rangel, sou Jardel\ (Este era o nome de um irmao desencarnado). 42 + Nazareno Tourinho O fenémeno mostrava-se auspicioso, todavia dai para a frente se reproduziu tanto que passou a compli- car a rotina da familia. Jardel nao se contentava em des- crever para os pais, vez por outra, as facetas de sua exis- téncia extra-fisica: p6s-se a ocupar o corpo de Rangel excessivamente € em ocasiées impréprias, até em uma festinha de aniversdrio, Nao foi sem persistente relutan- cia que concordou em somente dar o ar de sua graca durante as minhas sessdes desobsessivas. Quando isso se concretizou o menino estava curado. Como Margareth, a essa altura, resolveu fazer do Espiritismo a sua religido, com plena concordancia do marido José Carlos, também decidi eu fazer uma avalia- ¢4o psicolégica de Rangel a fim de verificar se ele tinha condigées de assumir responsabilidades de médium. Conclui que tinha e auxiliei-o no desenvolvimento e educacao das suas faculdades. Antes de completar onze anos Rangel ja trabalhava comigo, regularmente, em ta- tefas desobsessivas e de cura de enfermidades organicas. Continua trabalhando até hoje, aos 13 anos, e nunca me decepcionou em nada. Sua mae acabou revelando-se igualmente médium e esta sendo aproveitada tanto nas minhas sessGes desobsessivas quanto de cura. Pedi e ela que me fornecesse, resumidamente, a histéria do filho. Recebi 0 texto que segue: “O Rangel foi uma crianga chorona, desde bebezinho gri- tava tanto que me deixava sem saber o que fazer. Quando ele completou 4 anos, gritava sempre, chorava muito, dizendo que estava vendo uma pessoa, ¢ entdo, passou a nao dormir direito. Eu passei trés noites dormindo sentada em uma cadeira com ele no colo, e ele me agarrava de tal maneira que nao dava para ter diivida do panico em que se encontrava. Entéo resolvi chamar uma senhora que & umbandista para ver do que se tratava. Experiéncias Meditinicas com Criangas e Adolescentes. + 43 Durante 0 ato do passe, esta senhora incorporou o Espirito de uma tia minha que se chamava Zenaide, ¢ fazia mais ou menos uns trés meses que tinha morrido. O Espirito disse que estava com saudade e que a sua intengdo era apenas de se comunicar e néo de amedrontar o Rangel, pois era ela que ele enxergava e ficava com medo. O Esptrito disse também que tinha uma coisa ‘muito importante para me falar, mas que ainda nao havia permissao para isso e com o passar do tempo eu iria saber. “Passaram-se mais dois anos ¢ 0 Rangel voltou a ter vi- sdes, 86 que cada vez mais fortes. Ele entrava em panico, nao conseguia dormir, ¢ 0 mais estranho era que durante as visdes aconteciam varios fendmenos que até hoje ndo podemos explicar, como: a luz apagava e acendia sozinha, das portas da minha casa saiam uns pingos que pareciam ser de éleo; quando eles secavam as portas ficavam manchadas. Estes fendmenos e ou- tros aconteciam com bastante freqiiéncia. “No dia 30/06/96, as 10,00 horas da manhé, 0 Rangel estava estudando, quando de repente comegou a gritar. Olhan- do para o telhado dizia que estava vendo pessoas com o rosto deformado querendo pega-lo. Chorava e tremendo de medo di- zia para o seu pai ter cuidado que as ditas pessoas também iriam pegd-lo. Depois de tudo Rangel se acalmou, mas ficou com manchas roxas na coxa esquerda e as manchas permanece- ram durante dez dias, até quando o Rangel foi passar 0 dia na casa de sua avé materna: ela viu que ele estava fazendo gestos, como se estivesse se dando passe, ¢ em seguida percebeu que as manchas roxas haviam sumido. “No dia 21/07/96 o Rangel estava comigo, seu pai e seu irmdo deitados na cama assistiam televisdo, quando percebe- mos que estava acontecendo alguma coisa estranha com o Rangel, pois ele comecou a brincar com objetos que sé ele via, sempre cantando, 44 ¢ Nazareno Tourinho “Eu, preocupada, perguntava o que estava acontecendo. “Ele respondia que estava apenas brincando, mas devido os gestos e a cangao persistirem, comecei a rezar a oragao do anjo da guarda. Logo em seguida Rangel comegou a chorar, dizendo que ndo sabia porque tinha vontade de chorar. Foi quan- do peguei a Biblia para rezar 0 salmo 91; de repente, ele puxou a Biblia da minha mao; olhando admirado o retrato de Jesus Cristo, dizia que achava aquele homem bom e bonito demais; queria que eu levasse ele até a casa daquele homem. Eu me apavorei com a situagao. Passamos a noite em claro, ele queren- do ir para a casa de Jesus Cristo e querendo ver toda a familia. “No dia 22/07/96 fatos estranhos aconteceram com o Rangel. Ele dizia que estava muito cansado e fraco. De vez em quando falava que alguém havia lhe batido na boca e nas cos- tas. Jd nao sabiamos mais 0 que fazer. E entdo resolvemos de novo chamar a tal senhora que é umbandista. Na mesma in- corporou um Espirito dizendo que iria levar o Rangel mas o que queria era o pai dele. “No dia 23/07/96 0 Rangel estava de aniversdrio, fa- zendo 9 anos. Nao tive nem cabega para fazer alguma coisa, pois ele passou o dia do mesmo jeito. Ficou tao fraco que nao se agiientava em pé, e quando andava parecia que era aleijado, “No dia 24/07/96 nés ja nao sabiamos 0 que fazer. Es- tdvamos trés noites sem dormir, foi quando resolvemos buscar outros meios. Jd tinhamos ido na Tenda Miri, na Igreja Uni- versal, em uma senhora que é vidente etc.: todos diziam que 0 Rangel estava com uma perseguigéo muito forte, mas que iria ficar bom com tais remédios, passavam receitas e ele nao melho- rava, 86 fazia era piorar. Foi ai que uma amiga, chamada D. Lourdes, indicou a Casa Espirita do Nazareno. Nos ja quase sem esperanga resolvemos ir até ld, onde o Rangel apresentou as mesmas manifestagées. O seu Nazareno socorreu o meu filho, Experiéncias Meditinicas com Criangas e Adolescentes + 45 fez. a magnetizacao dele, Esptritos de luz ajudaram por outros médiuns, eu eo meu marido assistimos tudo com muita emogao, néio contendo as lagrimas. “Como mordvamos muito longe da Casa Espirita do Nazareno, passamos a morar na casa de minha irma, para continuar 0 tratamento. No dia 30/07/96 Rangel se sentiu mal. Sentei ao seu lado e logo notei que nao era o Rangel que estava ali: era um Espirito doente, e depois vieram outros. Rangel dizia que estava vendo um Espirito mau que o perseguia e se vestia todo de preto, dizia também que via Espiritos vestidos de branco tentando protegé-lo. Dizia que estava vendo a tal tia Zenaide, a minha av6 que ele nem conheceu, e os avés do seu pai, que também nao conheceu, enfim, dizia que podia ver o que quisesse. “No dia 01/08/96 0 Rangel recebeu um Espirito que dizia ser seu irméo, chamado Jardel, falecido horas antes do nascimento em 02/04/83. Esse Espirito disse que estava com muita saudade, abragava com bastante emogao eu, meu marido ¢ seu irmao Leandro, mais uma vez ndo agiientamos tanta emogao ¢ as ldgrimas vieram. Nesse dia, quando chegamos na casa da minha irmé depois de voltar da sessdo, senti fortes dores de cabeca. Entéto o Rangel mandou que eu ficasse parada € comecou a andar ao redor de mim; logo a dor de cabeca pas- sou, s6 que o Rangel ficou com muita agonia e dor de cabega. Disse que precisava se distrair. Entéo o levamos para passear na drea de lazer do Conjunto Residencial. Durante o passeio, quando pensdvamos que estévamos passeando com o Rangel, vimos que era o Jardel, que comegou a contar coisas do local onde vivia. Disse que onde morava era tipo um deserto e que nesse local ele tinha uma casa feita com troncos de drvores e que morava sozinho, mas fazia uns dois anos que uma tia minha, a Zenaide, teria ido morar com ele, como se fosse sua mae. 46 ¢ Nazareno Tourinho “Dizia que nesse lugar as palavras eram escritas em al- Sarismos romanos, e que para poder beber dgua tinha de cavar muito. Disse que possufa um cavalo chamado “Corcel”. Depois desse comentario o Jardel insistia em ver seus avés paternos; a essas alturas jd eram 23,00 horas. Meu marido prometeu que outro dia levaria ele até a casa de seus avés, mas ele explicou que deviamos fazer isso naquela noite para nos distrairmos e nao vermos o Rangel que ainda se encontrava com fortes dores de cabeca. “Durante o trajeto para a casa dos seus avés eu pergun- tava, de vez em quando, pelo Rangel, ¢ 0 Jardel dizia para eu nao me preocupar, pois o Rangel estava fazendo uma operagio no mundo espiritual e essa operagéo iria demorar muito por ter de ser feita no corpo todo. Eu, muito preocupada, disse que queria o Rangel do jeito que fosse, mesmo estando ele com dor de cabeca ou muito fraco. Logo o Rangel veio e falou: — “Mae, no se preocupe, eu tenho de ficar Id, esto operando todo o meu corpo, principalmente a minha cabeca, eu estou rodeado de pes- soas que se vestem de branco e de vez em quando me dao dgua ou vinho. Mae, parece que essa operagdo é para que eu modere um pouco a minha mediunidade, a vidéncia iria me atrapalhar muito, pois com ela eu iria prever as coisas e quando as pessoas descobrissem me incomodariam demais, eu sb tenho 9 anos e nao seria um menino normal”. Entdo 0 Rangel saiu e veio 0 Jardel. Chegando na casa dos seus avés abracou a todos e disse que estava com muita saudade. Comegou a conversar. Disse que iria reencarnar em uma familia muito md. Seria tratado como escravo. Entéo vendo seu irmdo sofrendo tanto com a mediunidade, pediu aos Espiritos de luz que falassem com Deus para ele ficar no seu corpo. A noite ia passando e jd eram 2,30 da madrugada. Voltamos para a casa da minha irmé e fomos tentar dormir. Pedimos que o Jardel fosse embora e trouxesse 0 Rangel, pois quertamos deitar em paz e estévamos muito can- sados. O Jardel concordou, mas disse que era para colocarmos Experitncias Meditinicas com Criangas e Adolescentes « 47 logo ele em uma cama porque o Rangel iria voltar dormindo ea cirurgia ainda nao havia terminado. “No dia 02/08/96 o Rangel acordou bem, mas logo em seguida veio o Jardel e disse que iria ficar o resto do dia no corpo do Rangel, para que o Rangel pudesse terminar a cirurgia que sé acabaria as 10,00 da noite. “O Jardel passou o dia no corpo do Rangel, foi uma tor- tura para mim, de vez em quando eu dizia que queria falar com o Rangel de qualquer jeito. Entao 0 Rangel veio e disse que era para eu ndo atrapalhar o trabalho dos Espiritos, e que ld ele estava se distraindo; o dia passou, a noite chegou e 0 Rangel sé veio para dormir. Passaram-se os dias ¢ 0 Jardel de vez em quando se manifestava no corpo do Rangel. Em uma das ses- soes da Casa Espirita do Nazareno vérios Espiritos se manifes- taram, inclusive em mim, gritando que iriam acabar com a familia e matar 0 Rangel. “Passaram-se os dias, e nds sempre fazendo o tratamento aconselhado pelo seu Nazareno, inclusive nao deixando de levar Rangel para tomar passe pela manha. Durante o dia 05/08/ 96 estivemos bem, mas de vez em quando o Rangel se sentia mal. Ele disse que iria ficar a noite toda acordado, pois estava sentindo que alguma coisa ruim aconteceria. Quando chegou a noite comecamos logo a ler 0 Evangelho. O Rangel disse que estava fraco e que havia um Espirito tirando as suas energias. Falou que estava para desmaiar e precisava da presenca de toda a familia. Quando conseguimos reunir alguns parentes, Rangel deitou em uma cama e mandou que todos dessem as mados e ficassem pensando nele para ele receber energia de todos € recuperar a energia que o Espirito havia lhe tirado. Comega- mos a fazer bastante forga com o pensamento e o Rangel revira- va os olhos: logo depois disse que jd estava recuperado e nds brecisdvamos descansar. 48 * Nazareno Tourinho “Passaram-se muitos dias e 0 Rangel sempre amanhecia com as pernas fracas, mas logo que liamos o Evangelho ele me- lhorava. “No dia 27/08/96 a nossa vida ja estava entrando no eixo, pois voltamos para a nossa casa que passou muito tempo JSechada. Neste dia fui trabalhar; jd fazia semanas que estava faltando ao servigo; as 5,30 da tarde o Rangel foi me buscar com o pai; chegando na biblioteca onde trabalho, em um colégio, ele pediu a caneta que uso, colocou em pé, e ficou com as mdos em torno dela: disse que era para retirar as energias da caneta, pois estava se sentindo fraco de novo. ‘Agora as manifestagoes ocorrem mais nas sessdes esptri- tas. O Rangel perdeu o medo que sentia de ver os Esptritos. Enfim, ele se acostumou a conviver com 0 Mundo Espiritual, continua vendo e falando com os Espiritos mas ja sabe se con- trolar; quando sente alguma coisa ele mesmo pega o Evangelho e lé. Ainda estamos nos adaptando a Doutrina Espirita, pois éramos catélicos. Sei que o sucesso do Rangel depende de nds, que somos responsdveis por ele. Faremos 0 que pudermos para ver o Rangel feliz. “RELATOS DE OUTROS FATOS “Eu, Margareth, certa noite ao deitar jd por volta das 23,30 horas, adormeci e de repente ouvi o telefone tocando; acordei, fui atender, ouvi um barulho esquisito e depois uma voz que parecia muito cansada; dizia sem parar para eu ndo desligar e que precisava da minha ajuda. Quando perguntei quem falava, ouvi o nome ‘Anténio”. Fiquei arrepiada e com calafrios. S6é deu tempo de largar o telefone, correr para a cama e desmaiar. Quando voltei a mim estava apavorada e néio pa- rava de chorar. Experiéncias Meditinicas com Criangas e Adolescentes. + 49 “Passado o tempo, acho que um ano depois de eu freqiien- tar a casa esptrita, fui a uma sessdo de desobsesséo ¢ 1 recebi um Espirito que se chamava Anténio e que estava esperando por essa ajuda hd muito tempo. Ele disse que na primeira vez que me pediu socorro fiquei com medo. Tenho certeza de que era o mesmo Espirito do telefone. “OUTRO FATO “Em certa sessio de desobsessdo, 0 Rangel nao incorporou nenhum Espirito, passou a sessao toda como se estivesse dor- mindo. Ao terminar a sessao ele acordou e disse que foi até um local onde s6 moravam velhos, e que ld havia uma velhinha muito meiga que estava precisando de companhia. “Passaram-se duas semanas ¢ 0 Rangel foi numa excur- sao do colégio em que estuda até 0 asilo Dom Macedo Costa. Chegando Id encontrou a tal velhinha que nao o largou para nada. Fizeram uma amizade que me comove quando 0 Rangel pede para eu levd-lo até ao asilo a fim de matar saudades da velhinha. “OUTRO FATO “Certa manhd eu estava preocupada, pois precisava fa- lar com uma conhecida e néo queria ir na casa dela deixando 0 Rangel sozinho. Eu tinha o telefone dela na minha agenda, mas essa agenda estava na minha casa fechada, jd que isso aconte- ceu quando fomos passar uns dias na casa de minha irma. “O Rangel, vendo a minha agonia, perguntou o que era. Eu disse. Ele falou: — “Made, ndo se preocupe que eu irei até a casa da sua amiga e pegarei o telefone dela para a senhora.” Eu disse: — “Meu filho, vocé no pode ir se eu nao for junto.” Rangel falou: — “Nio se preocupe comigo que eu volto logo, Pegue caneta e papel para anotar o telefone dela.” Sem acredi- 50 + Nazareno Tourinho tar fiz o que ele mandou. Em seguida Rangel fechou os olhos uns segundos e comegou a falar o mimero do telefone. Fiquei com medo, mas logo ele voltou e disse: — “Ligue agora que ela ja esta saindo da casa dela.” Mesmo sem acreditar liguei, e ouvi a minha conhecida dizer que estava de saida para receber um dinheiro. “OUTRO FATO “No inicio da mediunidade de Rangel ele via muitas coi- sas. Um dia disse: — “Mae, a Cynthia precisa falar com a senhora, ela estd em local diferente, mas ndo se preocupe que nao € nada ruim, ela vai telefonar e¢ dizer o que quer.” Foi ele falar ¢ 0 telefone tocar. Rangel disse: — “E a Cynthia.” Quan- do atendi era mesmo a Cynthia, uma sobrinha minha que mora em Manaus mas se encontrava passando férias em Belém. Ela estava no aeroporto se despedindo do marido e ele havia se es- quecido da chave de sua casa em Manaus na casa da minha irma: queria que eu pedisse para o meu marido que tem carro pegar a chave e levé-la até ao aeroporto. “OUTRO FATO “Um dia, quando estdvamos na casa da minha irma devido aos problemas da mediunidade do Rangel, resolvemos ir ver como se encontrava a nossa casa. Chegando ld, 0 meu ma- rido abriu a porta e vimos que o chao estava todo molhado. Percebemos que ndo era agua, era uma espécie do éleo. Notamos também que as portas estavam todas sujas desse éleo. Fomos trocar a colcha do colchéo e resolvemos revird-lo. Ai percebemos que o papeldo que protege o colchéo das ripas da cama estava todo salpicado desse dleo que até provamos e era salgado, Até hoje os pingos desse dleo aparecem nas portas, principalmente se houver alguém estranho em nossa casa. Experiéncias Meditinicas com Criangas ¢ Adolescents.» 51 “OUTRO FATO “Certa vez fomos convidados a uma festa de aniversério de uma prima do Rangel. Logo que chegamos Id, notei que 0 comportamento de Rangel ndo era 0 mesmo, pois ele olhava tudo com muita admiragéo. Chamei a sua atengao para isso, dizendo que as pessoas estavam achando que ele nunca tinha ido a uma festa de aniversdrio. Ele falou que nao era o Rangel, era o Jardel, e estava gostando muito da experiéncia. Foi uma luta para convencé-lo a ir embora.” Eis ai em breves tracos a histéria de Rangel que vocé, leitor, talvez tenha alguma dificuldade em admitir nos detalhes mais curiosos e desconcertantes. Quanto a esse pormenor, tudo o que posso fazer é convida-lo a conhecé-lo, juntamente com seus pais. Prontifico-me a apresentar os trés a quem estiver interessado nisso. Meu enderego e o da minha casa espirita ja dei no comego deste volume. Encerro o presente capitulo reproduzindo parte do que escutei nas experiéncias que fiz com Rangel magne- tizando-o da forma descrita paginas atr4s, ao fim do Capitulo anterior. Em 30/06/2000 Seu Nazareno, estou me sentindo pesado... também estou vendo um campo muito grande, cheio de pessoas de branco... do outro lado estou vendo uma coisa escura cheia de pessoas sofren- do... nao sei para que lado eu vou... (mandei que ele fizesse a escolha sem esperar para isso qualquer sugestao mi- nha; minutos apés ele me informou que estava no lado €scuro). Estéo me pedindo ajuda e eu nao sei o que fazer... (recomendei que proferisse mentalmente uma prece; ap6s 52 * Nazareno Tourinho um intervalo maior ele falou). As pessoas ficaram aliviadas depois que eu fiz a prece... (piscava os olhos ininter- ruptamente). Seu Nazareno, eu estou com o meu irmdo Jardel... ele esta me chamando... é para eu ir para o outro lado... (pausa). Eu acompanhei o meu irmao e estou vendo muitas criangas... as pessoas nao sofrem como as do lado escuro... também é um lugar de muito espago e ventilado... Seu Nazareno, chegou um homem alto... 0 nome dele é Pacheco ¢ the chamam de mestre... ele me deu uma coisa tipo Sruta... era verde... para o pessoal comer... Seu Nazareno, estou perto do lado escuro e ouvi uma risada de uma pessoa ruim... 0 meu irmdo perguntou se eu iria ajudar... quando ele tocou na pessoa a sua mio ficou ardendo... ele sentia como se a sua méo estivesse pegando fogo... Seu Nazareno, o Pacheco me falou que muitos Espiritos do lugar dele vinham aqui na sua casa... Eu acho que o Pacheco é tipo um Diretor... Em 14/07/2000 Seu Nazareno, estou me sentindo um pouco duro e um pouco mal... (digo que faga uma prece; longa pausa). Es- tou melhor... continuo com o meu irméo me acompanhando num lugar muito escuro, com muita lama... (mexe os pés, pisca seguidamente, move a cabega). Estou ouvindo gritos... ago- ra estou entrando em um tiinel... comegou a me dar frio... 0 frio esta aumentando... 0 meu irmao disse para eu dominar o frio com a mente... (reforgo tal idéia). O frio esta passando... (deixa de tremer mas continua piscando exageradamente e mexendo os pés). Exporiéncias Medi icas com Criangas e Adolescentes + 53 Seu Nazareno, quando eu ia saindo do tinel um homem com roupa toda rasgada correu na minha diregéo... ele colocou a mao no meu ombro e prometeu me matar... (permanece meio agitado e faz uma cara de quem esta com medo). Seu Nazareno, quando eu jd ia embora com o meu irmao um homem colocou novamente a mao no meu ombro, me virei e vi que o rosto dele era sé sangue... ele falou em outro ataque... disse que estava pronto para atacar... era muito feio e parecia muito brabo... Em 04/08/2000 Estou bem, vendo uma casa imensa, branca... 0 meu ir- mao continua me acompanhando, ele estd me chamando para entrar na casa... (siléncio). Eu entrei na casa, parece uma casa gigante, tem colunas muito grandes... meu irmdo disse que foi a primeira parte do trabalho e que agora vou para a segun- da... (longa pausa). Eu vim para um lugar feio... (tose). Perguntei para 0 meu irmao porque eu vinha tantas vezes nesse lugar... ele me disse que eu tenho uma missdo a cumprir aqui... (tosse novamente). Aqui esta cheio de fumaga... (fala tos- sindo e agora mexendo os pés). Vou caminhar para ver 0 que hé ld dentro... (esfrega o nariz e tosse mais). Eu encon- trei um homem e ele me perguntou se ainda me lembrava da facada que ele me deu no pesadelo (dias antes a mae de Rangel comentou comigo um pesadelo seu). Perguntei se ele tinha muita raiva de mim... ele disse que sim e que vai me perseguir sempre... meu irméo me falou que essa é uma das missoes que eu tenho de cumprir... (tosse mais, fica agoniado; abre os bragos, ergue-os acima da cabeca; afasta as pernas uma da outra; gesticula como se houvesse sido amarrado e nao pudesse se soltar). Mew irmdo me falou que eles, os Espiritos maus, irao fazer comigo esse teste de resisténcia... eles 54 ¢ Nazareno Tourinho prenderam os meus bragos e as minhas pernas... jogaram um p6 em cima de mim com cheiro forte e irritante... (tosse ten- tando sair da incémoda posicio, inutilmente). O meu irmdo estava do meu lado, ele sumiu e sé fiquei ouvindo a voz dele no meu ouvido... 0 meu irmdo esta falando que eu tenho de controlar isso com a minha mente... (novamente gesticula procurando se soltar). Tem muitas pessoas me olhando... esta comecando a dar frio... (esforga-se mais intensamente para libertar bragos e pernas; franze as sobrancelhas; tem uma espécie de espasmo no corpo todo, varias vezes). O meu irmao falou que isto é para o meu bem... disse que eu preciso aprender a dominar os meus inimigos... (mexe a cabeca de um lado para 0 outro). Eles falaram que vao me soltar mas eu ainda vou ser pres0.... Experiéncias Meditinicas com Criangas e Adolescentes «55 O CASO MILEN Com treze anos de idade Milene me foi apresenta- da em 1996, na condigao de portadora de epilepsia. Sofria ataques convulsivos que a prostravam freqiientemente, aumentando cada vez mais de intensi- dade. Sua doenga, contudo, consistia apenas em uma tenaz perseguicao espiritual, tanto assim que desapare- ceu por completo com o desenvolvimento e a educacgéo da mediunidade. HA trés anos ela atua, feliz e saudavel, nos trabalhos desobsessivos e de cura da minha casa es- pirita. Tenho um documento escrito do préprio punho pela mae de Milene, Aida, contando a histéria. Diz o seguinte: “O primeiro desmaio de Milene foi em 1993, com 10 anos de idade, no colégio, numa aula de matemdtica. Apéds 0 primeiro desmaio, passaram-se mais ou menos seis meses. A partir do segundo desmaio vieram as preocupagées. Procuramos um clinico geral que nos encaminhou a um neurologista. O neurologista pediu um eletroencefalograma, mas disse que pelos sintomas nao tinha ditvida de que era epilepsia e imediatamen- te receitou os seguintes remédios: Tegretol e Carbamazepina. O resultado do exame deu negative, 0 que ndo impediu dela continuar tomando os remédios. Passou-se um ano sem desmai- os. Nesse pertodo a mesma freqiientou varias igrejas, estacio- nando na Umbanda, levada pelo pai, contra a minha vontade ¢ da propria Milene. 56 + Nazareno Tourinho “O umbandista garantiu a cura, mas disse que precisava levar a Milene para um banho a meia-noite nas dguas da baia em Icoaraci; discordei, pois a mesma tinha pavor de praia por nao saber nadar, ¢ eu infelizmente ndo tinha confianga no pajé. Qual néo foi a minha surpresa: os desmaios voltaram. “Corremos para o médico. Ele nos disse que a dose do remédio estaria pouca, aumentou, a ponto da Milene ndo agiien- tar. Cada vez que ela tomava o medicamento ficava completa- mente fora de si, dormindo quase o dia todo e se tentava levan- tar batia nas paredes, caindo no chao, logo voltava a dormir. “Comegaram os conflitos familiares, pois 0 pai acredita- va cegamente no tratamento da Umbanda. Apesar do meu de- sespero enfrentei a situagdo. Preferia fazer o enterro da minha filha com dignidade do que perdé-la nas dguas para sempre. Com isso ndo procuramos mais o pajé. “Foi feito outro exame com a Milene desmaiada ¢ o resul- tado deu positive. Mesmo assim voltei a conversar com 0 médico discordando da quantidade do remédio. Ele com um tanto de estupidez falou que s6 reduziria se eu assinasse um termo me responsabilizando pelas conseqiiéncias. Eu nao sabendo mais em quem confiar assinei. Com a volta dos desmaios comegou a haver problemas com a Milene ¢ os colegas de turma no colégio, porque assim que ela desmaiava e era retirada da sala de aula, toda a turma saia ¢ sé voltava quando ela retornava. Fui cha- mada pela Diretora e aconselhada a tirar minha filha do colé- gio, sob a alegagao de estar ela prejudicando o desempenho esco- lar da turma. Foi ai que resolvi acompanhd-la ao colégio todos os dias: assim, quando ela desmaiava, eu s6 pedia ajuda para carregd-la até um sof levado por uma professora que queria muito bem a ela. Ao mesmo tempo havia grande discriminagio até por parte do corpo técnico da escola, pois surgiu um concur- so de redagito em nivel municipal e nao queriam que ela parti- cipasse por causa do seu problema. A mesma professora sua Experiéncias Meditinicas com Criangas e Adolescentes. » 57 amiga apoiou-a para que ela participasse, sendo que a Milene ficou com o segundo lugar geral. “Com a freqiiéncia dos desmaios fomos a um centro espi- rita indicado por uma pessoa conhecida, a Casa Espirita do Nazareno. Conversamos com o dirigente e dono da casa, que nos orientou. Voltamos esperangosos. Foi ai que uma vizinha se ofereceu para me informar, dizendo que seria perda de tempo, pois a mesma sabia que eu ndo gostava de Umbanda por moti- vos pessoais ¢ de protestantismo por varios motivos. Aprovei- tando minha inseguranga disse que nada era diferente e acaba- va sendo tudo a mesma coisa com nomes diferentes. Tal foi a minha desilusdo e falta de confianga que passei um ano sem levar a Milene a lugar nenhum que nao fosse 0 neurologista todo o més. “Os desmaios continuavam e eram téo constantes que praticamente jd estavamos acostumados a eles, até porque sabt- amos que se ela desmaiasse pela manhd s6 desmaiaria no outro dia e no mesmo hordrio. Com o passar do tempo mudavam-se 05 hordirios mas continuavam uma vez por dia. “Entdo o neurologista, de tanto eu perturba-lo querendo uma solugdo para o problema, transferiu minha filha para um neurologista da Universidade Federal do Para, dizendo que la nds irfamos receber os medicamentos gratis. Na primeira con- sulta o médico deu 0 remédio normal. No segundo més, na hora da consulta, ela desmaio. O médico a observou até que ela acor- dou, fazendo a seguinte colocagdo: que iria pedir novos exames por ser o seu dever agir assim, mas tinha certeza de ndo ser epilepsia aquele desmaiou. Disse para mostrarmos os exames 40 outro médico, pois ele estava se aposentando naquele més, e aconselhou que procurdssemos um centro espirita para resolver 0 caso da Milene. 58 + Nazareno Tourinho “Poucos dias antes de fazermos os novos exames os des- maios passaram a ser ataques. Com isso ficou mais grave a situagdo. Precisdvamos vigid-la toda hora. ‘A noite ela dormia entre eu eo pai na cama. As vezes acordava incorporada. Meu desespero aumentou. No terceiro dia dos ataques e agressées dela incorporada pedi a Deus que me desse uma luz. Lembrei da Casa Esptrita do Nazareno que jé citei antes, corri para la no dia 06-03-96, contei todo o drama e recebi todo apoio. “Passamos a freqiientar os trabalhos meditinicos da casa levando a sério a orientagdo. Depois de trés meses fizemos os exames. Quando o terceiro médico viu os resultados disse que a Milene nunca foi epiléptica e que achava um absurdo a mesma ter tomado remédios fortissimos por tanto tempo. Mandou que ela suspendesse os remédios. A Milene falou assim: ha dois meses ja me considero curada; no tomo mais os remédios, escondo da minha me e jogo fora. Na época ja havia passado de epilepsia para mediunidade. A mesma estd sendo exercida até hoje na mesma casa esptrita e serd sempre se Deus quiser.” Eis a seguir parte do que escutei de Milene em des- dobramento espiritual feito sob controle, nas tltimas experiéncias de magnetizacdo: Em 30/06/2000 Seu Nazareno, estou sentindo uma luz muito forte. doendo um pouco... aumentando devagar... a cor é azul. esta Seu Nazareno, estou vendo alguém chegar... falando... ele mais alguns querem me levar para algum lugai Seu Nazareno, cheguei em um lugar que tem um portao... estou entrando... estou descendo uma escada... esta ficando um pouco frio e a luz que ardia em meus olhos esta diminuindo... terminou a escada... sinto os pés molhados... estou indo em diregao a uma porta... as outras pessoas foram embora... ficou apenas um... (Longa pausa). Experiéncias Mediinicas com Criangas e Adolescentes 59 Seu Nazareno, ele me levou a um encontro com uma pes- sod... essa pessoa nao quis falar comigo... ele achou melhor as- sim, pois posso me surpreender... mas precisava falar com essa pessoa... ele quis prosseguir, sé que estou muito cansada... a luz esta voltando ¢ estdo doendo os meus olhos novamente... esta aumentando a luz devagar... Seu Nazareno, vaio me dar alguma coisa porque eu preci- so dormir... eu acho que é algum tipo de injegdo... (Estende o braco; minutos depois dobra-o, como se houvesse toma- do uma injegao). Em 14/07/2000 Meu corpo esta muito pesado... a luz esté incomodando... é forte... ardem os meus olhos... A mesma pessoa me chamou para continuar 0 caminho... agora nao sinto mais 0 corpo pesado... estou indo com essa pes- soa... estamos retornando ao mesmo lugar... novamente o porta... estou em uma escada... a pessoa esta comigo... terminou a esca- da... acabou a luz... meus pés estdo molhados... a fumaga me incomoda... (pausa). Jé passou... a pessoa disse para eu entrar numa porta e disse que vou me surpreender com um encontro... essa pessoa disse que eu nao preciso ter medo... mas estou com medo, sim... A pessoa disse que vai ficar do lado de fora, porém muitos amigos me acompanhardo mentalmente... (pausa). Entrei na Porta, est muito escuro... sinto que piso em lama... (faz ges- tos de repugnancia com 0 rosto e as maos; assusta-se). Meu Deus! Meu Deus!... uma pessoa despida, eu conhego, é meu tio... (franze as sobrancelhas). Esta todo sujo, junto com ratos e lixo no meio da lama... € horrivel, seu Nazaren eu tenho que continuar?... (tespondo afirmativamente € pro- Curo The transmitir bom Animo; ela chora; insisto com Palavras de estimulo, continua em pranto; recorro a pre- 60 ¢ Nazareno Tourinho ce, Milene se acalma). Ele geme muito... é meu tio, seu Nazareno... (volta a chorar). Ele nao quer falar comigo... alguém me diz que é esse 0 meu trabalho, mas ndo sei como continuar... estéo me levando para algum lugar... estou me sen- tindo fraca... (pausa). Quando estévamos saindo alguns seres estranhos tentaram me agarrar, achei que ia precisar correr mas 0 meu acompanhante mandou eu fechar os olhos: quando abri novamente estdvamos atravessando o portio... a mesma luz voltou a arder nos meus olhos com uma intensidade muito grande... 86 vejo a luz que déi nos meus olhos... a pessoa disse que vou precisar de injegao novamente... (distende um brago, minutos depois dobra-o sobre 0 peito como quem to- mou uma injecdo enquanto eu encerro a experiéncia). Em 11/08/2000 Eu estou bem, a mesma pessoa me levou aquele mesmo lugar... estou tentando conversar com 0 meu tio... a pessoa que me acompanhou até aqui ficou do lado de fora mas eu nao me sinto sozinha... (longa pausa). O meu tio foi retirado deste lugar momentaneamente... estao me conduzindo a algum lu- gar... tenho a impressdo de que os meus pés nao tocam no chao... é um lugar tranqitilo, calmo, estou me sentindo muito leve... chegamos em uma cidade... curiosamente as casas sao todas parecidas... portas, janelas ¢ um jardim frontal... as flores tam- bém sao parecidas... a gente estd atravessando a cidade, tem um aroma de rosas no ar... permanente... passam as pessoas € nos cumprimentam... continuamos o caminho... eu escutei os meus companheiros dizerem... sao dois... que eu vou visitar a ala hospitalar... passou por nds um transporte meio estranho... o formato dele lembra um avido, mas anda a poucos metros do chéo... e € totalmente silencioso... esta dia, nesta cidade... nao ha carros... nem mesmo énibus... parece que o tinico meio de transporte é aquele que ja citei... Experiéncias Meditinicas com Criangas e Adolescentes « 61 Continuamos caminhando... todas as pessoas que pas- sam por nds nos cumprimentam como se fossemos velhos ami- go Nos estamos atravessando uma pequena praca, muito bonita... eu senti muita sede e s6 entao fui olhar o rosto de um dos meus companheiros... ele é bem moreno, tem cabelos curtos ¢ a expresso muito doce... eu pedi dgua e ele passou a mao no meu pescoco: estranhamente a sede sumiu... Um fato curioso é que as casas se diferenciam dos prédios em tamanho e cores... as casas sao de um marron e bege, en- quanto que os prédios séo brancos ¢ azul celeste, quase todos... Nés nos aproximamos de um grande hospital... eu estou sendo levada a ala de quartos... eles me falaram que a pessoa que eu vou ver posso nao me lembrar agora quem é, mas é muito importante para mim... (longa pausa). Ndo sei porque ao abrir a porta do quarto me deparei com uma crianga dormin- do... ela estava com a perna direita enfaixada e dormia um sono profundo... disseram-me que naquela hora eu podia nao estar reconhecendo, mas aquela crianca era importante para a minha familia ¢ eu... logo depois me pediram para sentar e entio uma luz invadiu o quarto, tomando conta da minha vi- sao toda... (pausa). A tiltima coisa que eu ouvi foi que ainda preciso de injegdo embora esteja indo muito bem... (estica o braco e fecha a mao, como se fosse receber injegao; mo- mentos apés dobra o braco e dou a experiéncia por con- clufda). Experiéncias Meditinicas com Criangas e Adolescentes ¢ 63 O CASO VIVIAN Conheci Vivian no primeiro trimestre de 1995, quando ela tinha 11 anos e estava sendo submetida a exames neurolégicos, inclusive tomografia computadorizada e mapeamento cerebral. Quando a escuto hoje, aos 16 anos, falar de seus sucessos como jogadora de voleibol infanto-juvenil, nao posso deixar de me sentir bastante alegre. Vivian, por mais incrivel que parega, aos treze anos j4 atuava como médium, efi- cientemente, na minha doce casa espfrita. Se o leitor acha isto uma irresponsabilidade leia a sua histéria de vida contada pela propria mae, Telda, cujo endereco for- necerei aos interessados a qualquer hora, sendo sufici- ente para tanto que me telefonem, se néo quiserem me procurar pessoalmente em virtude de residirem noutro Estado (insisto em lembrar que o meu endereco comple- to, com o ntimero do telefone, 0xx91-2505310, consta no comeco deste livro). Alias, procederei de igual modo em relacéo a todos os personagens citados até aqui e mais a frente, j4 que eles so reais e suas maes, apés consultarem os maridos, autorizaram-me a agir desta ma- neira. Eis, a seguir, a hist6ria de Vivian, escrita pela sua genitora, Telda: “Desde os 15 dias de nascida ja apresentava problemas de saiide, pois mesmo sendo alimentada com o leite materno teve infeccdo intestinal. 64 ¢ Nazareno Tourinho “Dai em diante foram diversos os problemas de satide que apareceram. Aos 5 anos foi operada de Adendide, mas fi- cou com uma rinite alérgica que continua até hoje. “Aos 7 anos comecou a ter visdes nos deixando apreensi- vos, pois éramos catélicos e ndo conheciamos o Espiritismo. “Numa 6° feira 4 tardinha, brincando com a irma ao redor da casa, veio tremendo me contar que tinha visto uma grande mao chamando-a. Outra vez, num sdbado de outubro/ 89, estévamos no quarto assistindo televisdo, pedi a ela que fosse buscar uma linha na sala; depois, precisei de outra coisa e pedi que ela fosse novamente buscar; ela me respondeu: “Ah, mie, eu ndo quero ir la, pois vi o mano (Dayan) sentado na cabeceira da mesa todo azul.” Eu fiquei apreensiva porque Dayan estava no seu quarto dormindo. Entao me levantei, fui ao quarto: Dayan estava dormindo; fui na sala e néo tinha ninguém. Falei: “Viu? O mano esta dormindo e na sala nao tem ninguém!” Ela responde: “Eu juro, mae, que vi 0 mano sentado na cabeceira da mesa.” Quando foi domingo, brincan- do no quintal, ela viu pelo muro um guarda-chuva preto na rua: fui verificar, nao tinha no local nenhum guarda-chuva. “Numa certa noite ela nos acordou apavorada, dizendo que tinha ladréo no quintal; fui olhar através da veneziana ¢ ndo havia ninguém... sentei na cama, ao lado dela, tentando acalmé-la, dizendo que néo havia ninguém, e ela apontava com os olhos arregalados: “Ta vendo, mde, sto varios homens, um tem a perna da calca cortada até ao joelho... Olha! eles estao arrastando uma cadeira...” Chamei 0 meu marido, ele foi ao quintal e ndo tinha ninguém. “Desesperada, sem saber o que fazer, procurei uma se- nhora amiga da minha cunhada, que dava passes. Af essa se- nhora deu passe na Vivian e falou que o problema dela era mediunidade; disse que eu a levasse Id, para tomar passes; levei Experiéncias Meditinicas com Criangas ¢ Adolescentes. + 65 mais ou menos umas trés vezes, as coisas se acalmaram mais, ela passou a dormir bem (antes se queixava de sonhos feios, pesadelos ete. ). “E assim os dias, os anos foram passando. Em 1995, com I1 anos, os problemas tomaram maiores proporgdes, afe- tando sua satide e seus estudos. Eram dores de cabega constan- tes, desmaios, faltas de ar, gripes que rapidamente se transfor- mavam em pneumonias. “Certo dia ela queria atacar a empregada que, ignoran- te, comegou a gritar: “Ela esté com o Satands no corpo!” Quanto mais a empregada rezava, mais Vivian soltava gargalhadas sarcdsticas. Foi com muita dificuldade que conseguimos que ela voltasse a si. “Outra vez, brincando com Débora, sua irma, que na época tinha 9 anos, deu gritos desesperados no quarto; corri para Id, ela estava com o olhar transtornado, sorrindo zombe- teira, querendo engasgar a irma. ‘Acordava de madrugada chorando, pois via diversos Es- piritos; um deles era uma mulher com os dentes todos quebra- dos, as unhas enormes, vermelhas. “Numa tarde vinhamos de carro, quando ela comecou a engasgar a irma que estava a seu lado; tentou engasgar a av6 que estava no banco da frente. Depois sentiu-se mal, com gran- de falta de ar e dor de cabeca; ficou com o corpo todo mole, foi um desespero. Eu néo sabia o que fazer, estava dirigindo, ja berto de casa. Consegui chegar, dei remédio, fiz oragéo, ¢ ela piorando cada vez mais. Entdo peguei o carro e fui desesperada Para o hospital. Meu desespero era tao grande que uma certa hora, néo sei como, eu estava com 0 meu carro ) fora da pista, por Pouco nao sofremos acidente. “Contando a situagao para uma colega minha de traba- tho, ela me falou em um nosso amigo que freqientava a Casa 66 * Nazareno Tourinho Espirita do Nazareno, sugerindo que eu pedisse informagoes a ele. Foi ai que ela comecou a fazer 0 tratamento espiritual junto com o clinico, em O8 de margo de 1995. “Ela fez uma bateria de exames, incluindo tomografia computadorizada e mapeamento cerebral etc.. Sé no mapeamento que deu disritmia cerebral (0 cérebro as vezes funcionava len- tamente). Devido a este problema ela comegou a tomar remédio controlado. “Certa vez ela foi estudar na casa de uma coleguinha e chegou me contando que tinha visto um bocado de visagens na parede da casa; depois, disse, foram brincar de bola na frente da casa, e quando ela estendia as méos para pegar a bola sat- am dos seus dedos umas estrelinhas. “Em casa, mesmo ja tendo comecado o tratamento espiri- tual, ela incorporava. Era um Espirito atrds do outro, uns com 6dio dela diziam que iam destrut-la, que iam prejudicd-la nos estudos, que ela nao passaria de ano etc.. Era preciso 0 pai, 0 irmdo, a irmd, segurd-la, tanto era a forga com que ela ficava. Eu lia o Evangelho, ela batia na minha méo gritando: “Para com esta palhacada!” “Aos poucos, com 0 tratamento espiritual, ela foi melho- rando, 6 entrava em transe na Casa Espirita e os sintomas fisicos, como a dor de cabega, desmaios, falta de ar, foram desa- parecendo. Ficou somente a rinite alérgica que até hoje conti- nua. “Vale ressaltar que os sintomas que desapareceram ela sente nas tergas-feiras, na hora da sesstio de desobsessdo. O Espirito que ela recebe nessa sesso tem todos esses sintomas. As vezes de tarde, nos dias de sessdo, ela jd comeca a sentir tudo isso, mas depois da sessdo passa tudo. “Ela ficou 2 anos tomando remédio (Tegretol). Em 1997, com 13 anos, me falou que ia tomar sé um comprimido por dia Experiéncias Meditinicas com Criangas ¢ Adolescentes « 67 (tomava dois). Depois, em julho desse mesmo ano, abandonou de vez o remédio. Foi quando entéo passou a trabalhar também como médium de cura, nas sessbes de 5" feira. Desde ai nés a consideramos curada. Apesar da rinite alérgica, que nao a in- comoda muito, é uma moa sadia. Tem éxito nos estudos e dis- puta o campeonato de voleibol infanto-juvenil da cidade como jogadora titular do seu time.” Reproduzo, em seguida, 0 comportamento de Vivian durante uma experiéncia de magnetizacio feita comigo: Em 18/08/2000 Os meus bracos e as minhas pernas estado dormentes... 0 meu corpo todo esta dormente ¢ pesado... eu estou tonta... pare- ce que de vez em quando espetam os meus pés (Depois de prolongado siléncio) Meu corpo esta quen- te, meus pés estaio frios... minha cabega déi... sinto falta de ar... (respiragao ofegante). Ail... Ail... Ai! Ai! Ail... (os olhos lacrimejam). Ai! Ai! Ai! Ai! Ai! AiJ... (mais lagrimas). Minha cabeca... eu nao sei explicar... (diz isso arquejante, ao me ouvir perguntar o que esta ocorrendo consigo). Meu corpo... meu corpo esta dormente... para onde vio me le- vando... (chora). Meu corpo esta doente... minha coluna doi... tenho falta de ar... (fago uma prece para ajudé-la, enxugo- Ihe os olhos demasiadamente molhados pelas lagrimas que escorrem, pressiono e limpo com o lengo seu nariz contendo secre¢’o). Melhorou... (pego que me explique 0 que sente com detalhes). Nao sei... estou ficando fraca... (parece revirar as pupilas nos olhos fechados). Estou com medo... (balancga a cabeca para um lado e outro). Estou com medo... (expressao facial de panico). Onde eu estou?... minhas pernas... estéo colocando alguma coisa no meu estéma- 80... Ai! minha coluna... Ai! minha cabega... ndo consigo me 68 * Nazareno Tourinho mexer... onde eu estou?... ai! ai! ai! (fago novamente uma prece em voz alta pedindo que me acompanhe mental- mente, a fim de recebermos 0 necessario auxilio dos pro- tetores espirituais). O que é isto?... (grita). Ai! Ai! Ai: minhas pernas... minhas més... 0 que estéo querendo fazer O que é isso?... eu no estou entendendo... 0 meu corpo estd pesado, onde estou?... (pausa). Disseram para eu me acal- mar... aplicaram alguma coisa no meu brago direito... (procu- ro influir no seu 4nimo, sugerindo que observe com sere- nidade o ambiente; pausa). Tudo branco... embagado... uma paz engracada... flores... rosto feliz... tudo trangiiilo... (sorri). Nao estou conseguindo identificar... (contrai as sobrancelhas). Fiquei feliz... ¢ tao bonito!... Ail... ainda estdo aplicando um negécio em mim... ndo consigo ver o que é... (pausa). Tem al- guém me guiando,.. estou numa sala... tem um monte de ca- as... meu brago, nao consigo dobrar... estou passeando: quem é que estd me levando?... (outra pausa). Eu fiquei feliz ago- ra... estou vendo alguém que jd conheco, mas nao me lembro... eu quero chorar de alegria... por que estdio passeando comigo?... ainda estou andando... (nova pausa). Estdo me trazendo de volta... estou passando de novo pelas camas... ainda estou pas- sando... eles esttio me dizendo para eu me acalmar que esté tudo bem... estou vendo alguém do meu lado mas ndo sei quem é... aquela sala branca... Ai!... estdo aplicando alguma coisa no meu brago mais forte... eles vio me ajudar a voltar... Ai! minha coluna... Ai!... minha cabega estd voltando a doer... Ail... € muito forte... 0 que estao aplicando no meu brago?... (pausa). Esté@o comecando a tirar 0 negécio do meu brago... (demonstra entrar em relaxamento profundo, faco a con- tagem regressiva e encerro a experiéncia). Experiéncias Meditinicas com Criangas e Adolescentes + 69 O CASO CiNTHIA Em 1995, quando Cinthia estava com 12 anos, sua mae, Socorro, visitou minha casa espirita, nio porque quisesse alguma ajuda para ela ou para a filha, e sim porque era, desde a juventude, uma profitente da filoso- fia codificada por Allan Kardec. Ao meio de uma conversa doutrinaria, Socorro me contou que Cinthia nasceu de parto cesariano porque durante a gestacdo tinha as pernas cruzadas no seu ven- tre. Em tenra idade, dormindo, costumava cruzar as per- nas. Mais crescida, no decorrer do repouso noturno, quase sempre cruzava as pernas em “posicao de lotus”, postu- ra oriental. Um dia, ou melhor, uma noite, foi vista pon- do as mos sobre uma irma adormecida, como se esti- vesse ministrando passe. Como ndo poderia deixar de ser, interessei-me pelo caso. Tive um encontro a s6s com Cinthia e Ihe fiz uma série de perguntas com intuito de avaliac4o psicolégica. Fiquei agradavelmente surpreso com a sua maturidade e a convidei para tomar parte em nossas sessées meditinicas. Na primeira, com a maior naturalidade, 0 transe ocorreu, e Cinthia, na sua candidez, tanto incor- Porou um Espirito elevado, que iniciou a manifestagéo cruzando ao pernas, quanto recebeu outro em situagdo lastimavel, contorcendo-se furioso e esbravejando im- Propérios. 70 © Nazareno Tourinho Nao preciso dizer que, na semana seguinte, tal pré- adolescente j4 era médium regular em minha casa espiri- ta, atuando nos trabalhos de desobsessao e de cura. Cin- co anos ja transcorreram e até hoje Cinthia corresponde por completo a confianga que nela depositei. Solicitei 4 sua mae um relato breve da sua histéria de vida. Eis a transcri¢do do que ela escreveu: “Minha terceira filha, Cinthia, nasceu no dia 27 de ou- tubro de 1983. ‘Acometida de muita falta de ar durante a gravidez, 0 médico me aconselhou que ficasse de repouso. Com 0 pedido de uma ultra-sonografia ele constatou que a crianga estava de per- nas cruzadas, motivo porque ndo poderia dizer-me o seu sexo, mas o meu instinto maternal nao me enganava, dizia que seria menina. “Cinthia nasceu com mais de quatro quilos. “O tempo foi passando e logo ela completou os seus trés anos. Observei que gostava muito de brincar de riscar e fazer desenhos com ldpis e canetas. Entéo coloquei-a numa escola maternal e logo Cinthia se destacou com bom desempenho, tan- to que do Jardim I passou para a 1* série adiantada. Com sete anos Cinthia cursava a 2° série primdria. “Desde os seus trés anos notei que ela ao sentar ficava sempre de pernas cruzadas. Quando estudava, comia, sentada no chao ou na cadeira, sempre estava de pernas cruzadas. “Um dia sua professora me perguntou se Cinthia prati- cava Yoga, pois vivia com as pernas cruzadas. Eu the respondi que niio, e que achava que ela desde a sua geragéo no ventre materno sempre esteve assim. “Certa noite acordei pela madrugada com uma lingua- gem estranha que vinha de seu quarto. Foi quando levantei e Experiéncias Meditinicas com Criangas e Adolescentes + 71 fui saber do que se tratava. Cinthia, com seus trés anos, senta- da de pernas cruzadas e olhos fechados, fazia gestos e falava a tal linguagem estranha. Fiquei observando apreensiva, pois se tratava quase de um bebé e eu s6 tinha visto isto uma vez, em um filme chinés. “Passei a observi-la mais de perto, todas as noites. Notei que era de uma da manhd em diante que isto acontecia, e que ao terminar aqueles gestos ¢ falagao ela deitava por cima das pernas e dormia. “Comecei a ficar preocupada, com medo que ela satsse da cama e caisse na escada que levava ao andar de baixo da casa. “Um fato me deixou perplexa, até hoje ainda penso e lem- bro com muita nitidez. Como minha preocupacio aumentou, resolvi que uma de suas irmés dormiria com ela, pois assim eu ficaria mais tranqiila caso ela se levantasse. Entao Hérika, minha segunda filha, passou a dividir uma cama de casal com ela. Para minha surpresa, saio do meu quarto para ir ao ba- uheiro e, passando pelo seu, fiquei como um robé: vi Hérika que dormia um sono profundo, de brugo, e Cinthia como se volitasse sentada em cima das costas dela. Eu pensei: Hérika vai ama- nhecer toda dolorida. E fiquei pensativa sem saber como ela continuava dormindo com aquele peso em cima das suas costas. Até hoje nao sei explicar isto que vi. “Outro fato que me marcou muito foi que fomos todos a um 15 anos da filha de uma amiga. Cinthia sentiu sono e coloquei-a em uma rede, sem me lembrar do seu problema. Logo Jui chamada, pois ela se encontrava com as pernas cruzadas e falando a lingua estranha. Suas pernas estavam a metade fora da rede. Algumas pessoas a observavam e diziam: “Parece coisa de filme.” Eu tirei-a da rede com cuidado e coloquei-a na cama. “Depois desse acontecimento tive varios convites para levd- a para a Umbanda; diziam que ela precisava trabathar. Eu 72 ¢ Nazareno Tourinho sempre respondia: “Ela ird no dia que for de maior idade e tiver a sua propria vontade. Enquanto as minhas filhas forem de menor seguiraio a minha religido. E assim levei-a varias vezes para tomar passe nas casas e centros esptritas. “Cinthia gostava de estudar em cima de uma mesa onde suas pernas estavam sempre cruzadas. “Um dia, fazendo pequenos trabalhos escolares, desenhou o rosto de um chinés. “Nem tudo eram flores na vida de Cinthia, ela também sofria horriveis pesadelos. “Hoje Cinthia estd com quase 17 anos e ainda senta na cama a noite; ds vezes dorme por cima das pernas.” A seguir reproduzo anotagées dos desdobramentos espirituais de Cinthia, obtidos nas tiltimas experiéncias de magnetizac4o que fizemos: Em 30/06/2000 Seu Nazareno, estou sentindo alguma coisa na frente dos meus olhos... estou tentando observar com clareza... estou ven- do uma luz... ela fica piscando por trds de um bloqueio... (Lon- ga pausa). Estou num lugar que parece um tinel... passam alguns vultos do meu lado, me olham e me ignoram... tem outro tunel, 86 que nao consigo chegar Id... Seu Nazareno, estou em um corredor que é muito escuro e € iluminado por tochas acesas... estou sentindo coisas no teto... faz frio e me sinto sozinha nesta sala... ela é grande e as tochas ndo iluminam tudo... (pequena pausa). Estou ainda no mes- mo lugar... estou tentando ver melhor. Sé que a luz atrapalha... estou precisando forgar os olhos para poder ver e a luz continua atrapalhando... estou com os ldbios secos e aqui continua fazen- Experiéncias Mediiinicas com Criangas ¢ Adolescentes. * 73 do muito frio... tem alguém me acompanhando... esté atras de mim e nao consigo vé-lo... ele diz que é um amigo... disse que estava me acompanhando... que 0 meu desdobramento é prima- rio e por isto estou tendo dificuldade com o meio material eo meio espiritual... diz que é por isto que o ambiente atrapalha... (desligo a luz da sala). Seu Nazareno, logo que o senhor desligou a luz imediata- mente vi onde estava... eu estou @ beira de um pogo em que ha pessoas deformadas... elas gritam por socorro e sofrem muito... queriam me puxar para o pogo, eu recuei e vi que hd pessoas nas paredes... fazem gestos na minha diregao... (longa pausa). O amigo me levou de volta e falou que por hoje basta, que ja tinha agiientado o suficiente... 0 meu corpo nao estd mais frio e nem esta pesado... estou calma e nao estou vendo nada. Em 14/07/2000 Eu estou com a mesma sensagao de corpo pesado... a men- te esta leve, como se eu estivesse flutuando... estou bem, embora ndo veja nada... continuo muito bem... (pausa). Estou deita- da, numa sala, sé eu e pessoas que nao conheco... pessoas com focos de luz ao redor delas... sorriem para mim... estou muito bem... alguém entrou pela porta desta sala... é igual aos outros, ndo dé para ver o rosto mas tive a sensagdo de que jd conhe- ele chegou perto de mim... pegou minha mdo e disse: “Lem- bra de mim?... sou seu amigo”... ele mandou um recado pelo pensamento... ele nao fala com a sua propria boca... disse para mim que é 0 mesmo da outra vez... me ajudou... falou que temos wm objetivo a cumprir... hoje eu néo estou pronta... meu corpo e mente estéo fragilizados... (Cinthia chegou para a experi- éncia adoentada naquele dia; quanto ao emprego do adjetivo “fragilizados”, convém aqui assinalar que, nao obstante jovem e por temperamento muito calada, quan- do fala ela se expressa com extraordindrio talento, de forma sempre elegante, mais do que a maioria das pes- 74 ¢ Nazareno Tourinho soas velhas, talvez porque seja superlativamente estudi- osa). Mas nato é para eu me preocupar... hoje vao sé cuidar de mim, da préxima vez iremos mais longe... (pausa). Eu estou no mesmo lugar... eles cuidam de mim... poem as mdos no meu estémago, ficam fazendo gestos como nos trabalhos de cura que fazemos na casa... (outra pausa). Continuo bem... agora 0 meu amigo pediu para os outros se retirarem... falou a mim que ja tinham feito 0 que tinham de fazer... estdo passando a mao no meu rosto ¢ dizem para eu retornar com mais facilidade... Em 11/08/2000 Estou com aquele mesmo peso, s6 que mais concentrado nas minhas maos... eu vi ainda agora, quando o senhor apagou a luz, um corredor... as paredes eram de pedra... no fundo tinha uma porta que me levou a uma sala de pedra, onde havia uma espécie de portal... ele, 0 portal, ficava piscando, como se me convidasse a entrar... (pausa). Eu passei pelo portal, nao porque quis, fui atratda por ele como um tma... ao chegar do outro lado senti muita tontura, pensei que ia desmaiar... cai dentro de uma poga, ndo sei se era dgua ou lama, mas era fétida, eu ndo consegui ver, estava escu- ro... estou um pouco enjoada... continuei 0 caminho no escuro, passavam vultos perto de mim, eu nao os via, eles s6 se choca- vam no meu corpo, como se ndo me enxergassem também... (nova pausa; preciso explicar 0 seguinte: fiz esta experiéncia com Cinthia e mais dois médiuns, aos quais tive de dis- pensar quase toda atengao; quando pude me concentrar nela estava praticamente na hora de terminar a pesqui- sa, dai porque suas palavras sao 0 relato daquilo que lhe aconteceu e nao daquilo que no momento estaria ocor- rendo). Quando andei muito tempo vi trés tineis... segui um deles ¢ dei numa outra sala... nela tinha uma grande mesa, tipo altar... era de pedra bruta... em cima havia algumas facas, muito sangue e velas pretas... eu tentei me aproximar daquela Experiéncias Meditinicas com Criangas ¢ Adolescentes. + 75 mesa, mas bem na minha frente surgiu uma parede de fogo... senti a ardéncia dele e me afastei... at comecei a fazer uma prece, logo veio a imagem do que se encontrava em cima da mesa fora do que ja foi citado... era um corpo pequeno, com algumas partes, como bragos e pernas, ensangiientados... fechei os olhos para ndo ver aquilo e o cendrio de repente mudou... agora era um quarto como o que nés estamos acostumados a ver... continuei observando o quarto... tinha uma estante com brinquedos de crianga... perto da janela havia um bergo... apro- ximei-me dele... vi uma coisa sair de detras do bergo... era todo deformado... tinha mais de um par de pernas... sua fisionomia era completamente estranha... era verdadeiramente um mons- tro... ele meteu um dos seus bragos dentro do bergo e de Id tirou um bebé... 0 bebé chorava muito... estava nu, era um menino... ele ficou todo sujo de sangue porque o bicho que o carregava estava todo sujo de sangue... tentei fazer alguma coisa, mas algo ndo deixava eu me mexer... alguma forga maior segurava- me e fazia com que eu ndo entrasse em desespero... na hora adormeci e acordei em outro lugar... estava deitada em um cam- po, embaixo de uma drvore que nunca vi... alguém me dava um passe, dizia que por hoje eu me sat muito bem... Experiéncias Meditinicas com Criangas e Adolescentes. « 77 OUTROS CASOS S4o extremamente numerosos os casos de criangas e adolescentes com alto potencial meditinico explodin- do no dia-a-dia e causando-lhes variados problemas, al- guns tormentosos que escoam indevidamente para con- sultérios de neurologistas e psiquiatras, ou para igrejas evangélicas e centros de Umbanda, onde sao abordados de maneira insatisfatoria. Eu poderia relatar dezenas deles, com os quais convivi, porém selecionei para este volume, além dos ja descritos, tao s6 os seguintes por- que ainda estou convivendo com eles: FABIOLA Nem todos os casos meditinicos dessa categoria, € 6bvio, determinam graves problemas pessoais. HA mes- mo aqueles que até passam despercebidos, por nao se apresentarem ostensivamente, deixando de render para causa espfrita. Tenho, por exemplo, em meus trabalhos desobsessivos e de cura, uma jovem atualmente com 19 anos, Fabfola, que como médium comegou a atuar, efici- entemente, aos 15 anos. Ela, e 0 irmao Fabio, dois anos mais mogo, apare- Ceram na minha casa espirita, levados por parentes, em 1996, dois anos depois da sua instalacdo. Sem qualquer Significativa doenga ou perturbacio espiritual foram 14 78 * Nazareno Tourinho ficando e crescendo, sempre demonstrando, os dois, um inexplicdvel apego ao ambiente, o que acabou me fazen- do aproveité-los na condigdo de recepcionistas da casa, aberta o dia inteiro de 2* a 6° feira com servico de passes para © ptblico em geral das 7 horas da manha as 7 horas da noite. Ambos, de excelente cardter, desde cedo me ajudaram em pequenas outras tarefas, e um dia tive von- tade de magnetizar Fabiola. Ela entrou em transe na ter- ceira experiéncia de magnetizagao e a partir dai sua mediunidade se fixou em atividade de cura. Nao sei quan- do chegara a vez de Fabio, contudo tenho certeza de que também é médium; s6 nunca o magnetizei porque necessito muito mais dos seus préstimos como integran- te da equipe que da apoio A organizacao dos trabalhos. Eis dois curtos trechos de anotagées referentes aos derradeiros desdobramentos espirituais que Fabiola fez sob a minha magnetizacao: Em 14/07/2000 Meu corpo estd leve... agora estou sentindo minhas costas pesadas... déi na regiao do quadril... Estou sentindo como se me puxassem... minhas pernas estado ficando amortecidas... Estou saindo do meu corpo... estou leve... (pausa). Meu corpo voltou a ficar pesado... (longa pausa). A mulher estd penteando o cabelo. Outra senhora me levou para o quarto e mandou eu me deitar... estio apertando a minha cabega... Esta casa nao me é estranha, eu jd estive aqui... continu- am pressionando a minha cabega... estou sonolenta. Experiéncias Meditinicas com Criangas e Adolescents. + 79 Em 04/08/2000 Estou leve... tem uma fonte... a caricatura de um boi... a gua sai da caricatura do boi... (pausa). Uma casa grande... eu tentei dar a volta, mas uma forga me puxou... a porta dos fundos esta aberta... esta escuro... estou procurando claridade, nao consigo achar... (pausa). Sai da sala escura... a mulher do quarto... tentei falar com ela... ela nao quer falar comigo... a senhora resolve me acompanhar pela casa... meu brago déi... eu quero sair da sala mas eles nao deixam... (franze a testa). Eles apertam o meu brago... quero soltar 0 brago... eles largaram o meu brago... estdo na janela... eu acho que eles pensavam que eu ia fazer mal a eles... HERIKA De certo modo Hérika, citada no capitulo anterior como irma de Cinthia, constitui um caso semelhante ao de Fabiola, com a diferenca de que a primeira descobriu a sua mediunidade aos 18 anos, na minha casa espirita, depois de sentir singulares dores de cabega, calafrios e tonturas. Hérika também possui excelente cardter e tan- to trabalha em desobsess4o quanto em cura. DAYAN Jo caso de Dayan, embora parecido, tem caracte- risticas peculiares: irméo da Vivian precedentemente mencionada, depois de acompanha-la durante um bom tempo As sessdes, junto com sua genitora, e depois de ser aproveitado na equipe de apoio organizacional das mesmas, passou a se queixar para mim de fraqueza nas Pernas por ocasiado dos trabalhos espirituais. Liberei-o da equipe de apoio para que pudesse se concentrar no 80 ¢ Nazareno Tourinho decurso das reuniGes: em poucas semanas entrou em tran- se e, tendo em vista suas nobres qualidades de senti- mento, foi integrado ao grupo de médiuns efetivos da casa com 15 para 16 anos. EDER O caso de Eder, todavia, é bem diverso, Atualmen- te com 17 anos, ele freqiienta a minha casa espirita des- de 1994, e a ela se afeigoou tanto demonstrando isso colaborativamente, que hoje 0 considero como um dos meus mais valorosos ajudantes. Sua mediunidade, en- tretanto, surgida ano passado, ainda sé funciona psicofonicamente para que ele receba os proprios inimi- gos do mundo invisivel. Eder me foi trazido pela mae Maria do Rosdrio quando tinha 11 anos de idade, sofrendo de epilepsia. Iniciado 0 tratamento espiritual dificil porque ele era realmente portador da enfermidade em nivel organico, dois anos depois conseguiu abandonar de vez os remé- dios. Sua melhora gradativa tem sido constante: os ata- ques a cada ano ocorrem com maior intervalo um do outro, e com menor intensidade. Em 1994 eram mais ou menos meia ditizia por més, em todo 0 ano de 1999 somente uns trés ou quatro aconteceram. No comego. Eder perdia a consciéncia, tombava em qualquer lugar onde estivesse e se debatia com violentas convulsées, agora ele permanece licido, protege-se para nao cair € controla a situacao, embora lhe seja impossivel evita-la; sabe que esté padecendo 0 ataque epiléptico unicamen- te porque, segundo me declarou, vé luzes diante dos olhos e sente fortissima dor de cabeca. Experiéncias Meditinicas com Criangas e Adolescentes + 81 A partir ao ano passado Eder passou a incorporar Espiritos perseguidores em nossas sessGes desobsessivas. Sao cruéis, rancorosos € agressivos. Preciso de trés a qua- tro pessoas, As vezes mais, para conté-lo quando entra em transe. Mas a realidade é que, com a eclosao da sua mediunidade, acentuaram-se as melhoras em todos os sentidos, e até nos estudos colegiais ele j4 esta obtendo um razodvel indice de aproveitamento, Tenho esperanga de que, em um porvir préximo, esteja curado por com- pleto. Feliz j4 se encontra, assim como a familia. Recentemente fiz uma experiéncia de magnetizacdo com Eder. Em desdobramento espiritual ele viu, entre outras coisas, “homens de cara feia”, envoltos em “capas pretas”, dizendo que eram seus inimigos ¢ iriam maté- lo. Mas também, ao fim, enxergou “pessoas vestidas de branco”, prometendo ampara-lo. Acredito mais na concretizagio da promessa do que da ameaga. Experiéncias Meditinicas com Criangas e Adolescents. + 83 UM CASO DE DUAS IRMAS Em junho deste ano 2000 fui procurado por uma senhora com sintomas meditnicos, Maria, ela simpatica ao Espiritismo, 0 marido que a acompanhou nao por apreco a Igreja Catélica, porém bastante liberal, dispos- to a colaborar para ver a companheira liberta dos incé- modos psiquicos, embora deixando claro que, em maté- ria de crenga religiosa, nao pretendia renunciar 4 sua. Na conversa me falaram que tinham duas filhas, Gloria, de 12 anos, igualmente acometida de sintomas meditinicos, e Natali, de 13 anos. Convidei a familia para assistir nossas reuniGes, e antes que completasse um més 0 nosso relacionamento fiz um teste com Maria e as duas meninas na corrente de médiuns da casa, em uma sesso desobsessiva, ficando o marido e pai vendo tudo a distancia, decerto um tanto desconfiado. Em de- terminado momento tive de trazé-lo para perto a fim de testemunhar melhor a seguinte cena: Maria em transe, toda torta, com pernas e bragos retorcidos, e Gléria, na candidez dos seus doze anos, também em transe, sob a influéncia de um Espirito superior, fazendo gestos sobre © corpo da mae, que vagarosamente foi assumindo a Postura fisica natural. Quando Gléria, acionada pelo Espirito protetor, cuidava do Espirito deformado que ti- Vera acesso ao corpo de Maria, sua mae, Natali, a irma de 13 anos, até aquela data insensfvel as coisas do Além, 84 * Nazareno Tourinho comecgou a dar sinais de ser igualmente médium; na ses- sao seguinte entrou em transe ¢ p6s-se a auxiliar a irma com uma desenvoltura impressionante. Diante de tais fatos o esposo e pai, Nonato, encon- tra-se em angustioso balango entre a fé catdlica e a espi- rita. Ainda nao fez, suponho, uma opcio definitiva para © nosso lado, no entanto j4 participa das sess6es com algum entusiasmo. Nao sei qual seré o futuro da familia, aparentemente muito unida e ajustada, mas hé um més fiz 0 que devia fazer: coloquei as duas meninas como médiuns nos trabalhos de cura da casa, convencido de que elas mereciam o privilégio (cheguei a tal conclusao, € claro, apés uma avaliagao psicolégica de cada uma, em termos intelectivos e morais). A seguir transcrevo parte de um depoimento por escrito da mae de Gléria e Natali, contendo informa- Ges sobre elas: “Gléria nasceu em Belém no dia 30/03/88. Cedo verifi- camos que ela apresentava uma diferenca entre as criangas nas- cidas em nossa familia: era muito observadora e tinha reflexos muito rdpidos. ‘Aos seis anos ela estava tomando o café da manha na cozinha e a empregada paparicando-a. A empregada chamava- se Bia. De repente Gloria disse: “A mamae jd sabe que a Bia estd gravida?” A moca ficou sem jeito e eu tentei mudar de assunto. “No outro dia aconteceu a mesma coisa, sempre na hora do café. “No outro dia ela foi mais fundo: “Teu filho sera homem e tu vais morar com o pai dele apenas um ano. “Passaram-se uns dias ¢ a moga confessou que estava es- Experiéncias Meditinicas com Criangas e Adolescentes + 85 perando um filho de um certo rapaz. Também foi um fato ela ter ficado somente um ano com o tal rapaz. “Dos 8 aos 9 anos Gléria comegou outra fase, passando a ver pessoas e ouvir vozes. Ficamos preocupados, pois um dia ela chorou muito com medo dessas pessoas. Foi entdo quando resolvemos fazer um tratamento na Tenda Miri. “Aos 10 anos comegou outra fase: ela passou a conversar com pessoas que nés nao podiamos ver, entre as quais um jovem de aproximadamente vinte anos que dizia se chamar Juscelino e a acompanhava aonde ela fosse. “Suas visées foram se multiplicando. Eis algumas: uma mocinha que sempre aparecia chorando; um componente do Grupo Musical “Mamonas Assassinas”; um homem parecido com o pai dela; uma velha que dizia: “Sua mde vai morrer!”, ¢ acrescentava, rindo: “Eu vim busca-la!”. “Mudamos para 0 nosso atual enderego, ela passou a ver um rapaz muito nervoso que nao falava nada. “Apareceu também a sombra de uma mulher que se diver- tia quando a Gloria executava suas tarefas. Viu numa noite muitas pessoas no quarto que queriam puxd-la para o chao. “Quando Gloria vai a casa de um tio, costuma ver um homem branco trajando roupa de mendigo; quando ela chega la € como se ele ficasse desesperado, sem saber 0 que fazer: fica correndo de um quarto para outro. Também ela vé nessa casa do tio muitas pessoas no chao. Ela néo entende o que essas Pessoas falam todas ao mesmo tempo e muito baixo. “Para finalizar: recentemente ao voltar da escola os 6ni- bus nao paravam para ela, Entdo resolveu pedir ajuda ao ZURA(*), De repente uma voz Ihe disse: ‘Otha, iro passar (*) ZURA 6 o protetor espiritual da minha casa espirita. _— 86 * Nazareno Tourinho muitos énibus sem parar, mas ai na tua frente vai parar um’, Passaram sete 6nibus ¢ 0 oitavo é que parou. Dentro do énibus ela avistou um daqueles meninos que chamamos de cheira-cola, ficou com medo e a voz the disse: ‘No fique com medo, nao é corajosa? Vocé esta com medo dele ou de mim? Nao pediu aju- da para 0 ZURA? Pois ele me enviou. Vocé vai descer ¢ na parada do énibus nao vai ter ninguém para lhe fazer mal.’ Ela desceu e de fato néo havia ninguém. Entéo ele falou-the: ‘Pode ir para casa’. Ele sorria o tempo todo.” Até o momento em que escrevo estas linhas (30/ 08/2000) sé tive oportunidade de fazer uma experiéncia de magnetizacdo com Gloria e Natali. O registro do que ocorreu no desdobramento de ambas foi feito pelos pais, Maria e Nonato, com quem, estimado leitor, eu gostaria que vocé um dia conversasse diretamente (se me pedir The dou 0 enderego deles, assim como das demais pesso- as citadas neste livro, volto a dizer, talvez com demasia- da insisténcia, porque sei que somente este compromis- so me confere credibilidade). Adiante farei a transcrigao. do mencionado registro. Antes, porém, devo salientar que nao reproduzo aqui a hist6ria de vida de Natali por- que essa historia, ao contrario da de Gloria, é absoluta- mente normal, deixando de despertar interesse por lhe faltar expressivos incidentes de natureza meditinica. Bem, vamos transcrigao do registro: GLORIA Eu nao sinto as minhas pernas... (longa pausa). Nao sei aonde estava... fui em um lugar azul... (outra pausa prolongada). Experiéncias Meditinicas com Criangas ¢ Adolescentes. * 87 Um homem trata de uma mulher... tem pessoas espalha- das... estdo me observando... ndo sinto 0 meu corpo... nao quero falar mais nada agora... (nova pausa). A muther, deitada na cama, abriu os olhos... suavemente mexeu a cabega... e abriu a boca... me falaram que eu estou num lugar onde pessoas estdo doentes... e gostaram da minha presenea... (pausa demorada). Eu... lugar meio escuro... pessoas me seguram... néo que- rem que eu esteja onde estou agora... Seu Nazareno, muitas pessoas estao pedindo que eu vol- te... néo sei o que responder... as pessoas estéo falando muito ao mesmo tempo... nao entendo... (tento orienté-la, recomen- dando que ela transmita para tais pessoas uma mensa- gem que dito pausadamente com inteng’o doutrinéria; depois disso passo a dar atencao 4 sua irma também em desdobramento). Estou dentro de um quarto... mas antes de chegar aqui vi muitas pessoas andando, felizes... aqui nao é tio quente quanto no outro lugar em que eu estava... pude ver uma senhora abrin- do a porta para mim... (mexe a mao direita; pausa). A senhora me levou a um lugar cheio de sombras... as Pessoas estavam tristes... ela disse que eu poderia conhecer uma delas... néo consigo ver claramente o rosto porque estd escuro... 4 senhora queria me levar para conhecer pessoas que eu ia gos- tar de ver... mas ndo vai dar mais, pois estou cansada... NATALI E como se eu estivesse no escuro, subindo... 0 meu corpo &std como que grande... tem alguém me acompanhando, a todo Momento... é como se ele estivesse cuidando de mim, me prepa- Tando.., 88 * Nazareno Tourinho Nao consigo enxergar nada... estou muito pesada... ele estd se afastando de mim, sé isso... (longa pausa). Estou bem, me trouxeram para um saléo onde s6 estou eu... estou trancada... uma senhora se aproxima... eu néo consigo ver direito... ela esta abrindo a porta... eu estou saindo... um — campo muito bonito... cheio de gente... querem falar comigo... eles esto me dizendo que esta tudo bem... para eu nao ter medo... eles nao véo me fazer nada... (mexe a boca tentando falar; emo- ciona-se; chora). Eu perguntei onde estava, ndo me disseram... estou me sentindo mal... muita dor de cabeca... n&o posso me mexer... eles querem me levar de novo para onde eu estava... ld é um lugar muito bom... eu tenho a sensagéo de que conhego gente que con- versa comigo... (longa pausa). Estou com uma mulher em um campo florido... muitas drvores... néo estou agiientando os meus bragos... somente 0 brago direito... estou conhecendo melhor o lugar... mas estou muito cansada, nao agiiento mais... ela pede para eu resistir, ser forte... eu ainda tenho muito o que ver... estou entrando em uma casa... uma senhora branca... ela me trata muito bem... estou na sala... ela disse que me conhece mas eu nao consigo me lembrar bem... ela me trata com muito carinho... quer me abra- gar... se afasta, diz que ndo pode... ela pede para nés sairmos. a gente estd saindo... estamos na rua... todo mundo fala comi- go... a mulher que estd me acompanhando diz que é hora de voltar. Experiéncias Meditinicas com Criangas e Adolescentes + 89 OUTRO CASO DE DUAS ADOLESCENTES HA uns trés meses chegou em minha casa espirita uma senhora simpatica 4 nossa doutrina, Suely, acom- panhada de duas jovens, uma que posso identificar pelo primeiro nome, sua filha Ana Clara, de 14 anos, e outra que infelizmente nao posso porque nao me autorizou a isso: chama-la-ei de Srta. X. A primeira dias antes caira da janela do andar de cima da sua residéncia, sem saber como nem por que causa, a segunda padecia de tormen- toso sonambulismo. Ambas desde 0 comeco do ano es- tavam indo com assiduidade a Uniao Espirita Paraense, entretanto nunca haviam tomado parte em sessdes meditinicas, coisa proibida para pessoas da idade que tinham onde aprendiam Espiritismo, e alias em quase todos os Centros nao alinhados ao Sistema Federativo. Nacional sob 0 comando roustainguista da FEB porém Seguidores de orientagdes a respeito do assunto contidas em obras de médiuns brasileiros famosos, afinizados com a mesma faixa ideolégica da referida FEB (Federacao Espirita Brasileira), mais tendente para a filosofia de J. B. Roustaing do que para a de Allan Kardec (poucos companheiros de crenga esto informados de que essas duas filosofias sio fundamentalmente conflitantes, por- que a roustainguista, além de defender teses catdlicas, Como as teorias dos anjos decaidos e do pecado original, € além de enaltecer 0 Papa, ataca de forma direta a LEI _— 90 * Nazareno Tourinho da encarnacdo e reencarnacio, base da nossa Doutrina, dizendo que sé encarnam e reencarnam Espiritos a quem DEUS castiga). A hist6ria destas duas mogas € o inverso do caso precedente no que tange ao aparecimento pessoal dos incidentes meditinicos. Enquanto Ana Clara, de 14 anos, que é afeicoada as idéias e valores da Doutrina Espirita, jamais percebera em si a agdo dos Espiritos, a Srta. X, de 17 anos, desde os 13 com eles se relacionava constante- mente. Eis 0 documento escrito do proprio punho mas sem assinatura que me entregou, quando lhe pedi um depoimento formal a respeito do seu passado: “Tudo comecou quando eu nem imaginava ser médium. Minhas noites eram cercadas de mistérios (coisas que eu nao sabia explicar). Ficava com muito medo de deitar para dormir. “Acontecia todas as noites. Eu adormecia e quando acor- dava estava flanando lentamente pela casa. Certas vezes acor- dava na cozinha. Quando acordava na cama e abria os olhos as luzes do quarto estavam apagando e acendendo rapidamen- te. Eu ficava estética, com muito medo por me encontrar sozi- nha. Pensava que eu era doida. Amanhecia e passava o dia inteiro me interrogando para saber o que poderia ser aquilo. “Depois de ter acontecido muitas vezes isso, Id pela vigé- sima tive um pesadelo muito forte, do qual néo me lembro. Quando acordei vi um Espirito com um capuz preto. Sé dava para ver os seus olhos avermelhados. Estava com uma das méos sobre mim é as luzes novamente apagavam e acendiam. Fiquei com muito medo, lembro que vi esse Espirito desaparecer na minha frente, aproveitei e corri para o quarto da mamée. Ten- tei dormir com ela, mas ela parecia ndo acreditar e me manda- va voltar para o meu quarto. Eu ndo voltava e ficava no lugar que achava mais seguro, o banheiro. Uma vez faltou energia é Experiéncias Meditinicas com Criangas e Adolescentes + 91 eu fiquei trancada no banheiro no escuro; decidi depois de um tempo sair do banheiro e ir para a cozinha; chegando 14 me abaixei perto da pia; quando eu vejo, 1d vem 0 homem do capuz preto; ficou uns dois minutos me olhando e parecia ter muito dédio de mim; eu s6 sentia medo de que ele fosse fazer algo de muito ruim. Ficamos nos olhando uns dois minutos. Ele pare- cia querer me devorar com os olhos. Foi ai que pela primeira vez eu vi umas luzinhas que até hoje estdo me fazendo companhia todas as noites, ou quando algo de muito ruim vai acontecer comigo; elas fizeram um circulo ao meu redor ¢ ele néio pode chegar perto, foi se desmaterializando; eu me tranqiilizei e fui para o quarto dormir. Assim aconteceu varias noites, eu sempre tinha a protegéo das luzinhas. “Com treze anos eu comecei a ver diversos Espiritos, As vezes as luzinhas me levavam até onde havia um Esptrito ne- cessitado. Eu ainda tinha muito medo e corria para outro can- to, a fim de orar pelo Espirito. Eu ainda nao entendia nada de Espiritismo, mas as palavras saiam como se eu fosse uma ora- dora profissional. Assim acontecia varias vezes. Por todo canto em que eu andava sempre via Espiritos, uns pareciam ser bons, outros ndo, estavam sujos de terra ou de sangue, uns pedindo oragdo, outros pensando ainda estarem vivos e fazendo malda- des, “O homem do capuz preto parou de aparecer e eu conti- nuei fazendo desdobramento todas as noites, acompanhada pe- las luzinhas que nunca me falaram nada. “Eu entrei na Unido Esptrita Paraense, fiquei ld uns trés meses, aprendi muitas coisas sobre as quais tinha curiosidade. Mas continuava tendo algumas perturbagées com Espiritos que Via ld dentro mesmo. .__ “Conheci a Casa Espirita do Nazareno quando minha ‘ma caiu da janela do segundo andar de casa. Eu jd tinha 92 + Nazareno Tourinho conversado com um Espirito que andava por ld, mas néo sei se foi ele que a empurrou.” A seguir uma parte das anotagées relativas a des- dobramentos espirituais feitos por Ana Clara e a Srta. X, sob o meu controle magnético. ANA CLARA 1? Experiéncia (02/06/2000) “Estou subindo bem levinha. flutuando no espago... parece 0 céu. estou quase no teto... estou “Vejo um rapaz bem claro, de cabelos pretos, lisos... ao redor dele tem uma luz bem forte, de um azul-claro... caminho ao lado dele... estou entrando em uma casa branca... vejo tiras pretas, umas préximas a parede, outras mais 4 frente, como se fossem grades de um aqudrio com um golfinho dentro... surge um rapaz moreno escuro... ele usa um chapéu muito estranho e uma tinica com as cores azul, amarela e marron... nao fala, parece uma estdtua, mas mexe a cabega e olha para o outro... tem um olhar sereno... “O rapaz claro esté me levando para outro lugar... pelo caminho tem grama bem verde... hd homens, mulheres e crian- gas... uns parecem estar lendo livros, outros conversam, as cri- angas brincam com cavalos e carneiros brancos... chegamos numa: casa... 0 rapaz me olha com olhar bom, mas sério... ele diz que quer me ajudar a trabalhar pelas pessoas que precisam... (a esta altura oriento-a para fazer perguntas objetivas). Ele falou que estou no Centro de Tratamento Espiritual, mas ele nao iria dizer 0 nome para eu nao me assustar... disse que 0 nome dele é Estée ele diz que agora vai me levar para 0 corpo... por hoje ja basta... quando eu voltar vou ver mais coi- sas...” Experiéncias Meditinicas com Criangas e Adolescents + 93 2° Experiéncia (09/06/2000) “Estou em uma sala, sozinha... 0 rapaz me trouxe para um lugar que ndo é bonito... hd muitas pessoas sofrendo... ele quer que eu ajude estas pessoas... aqui é muito quente... hd um homem que se matou porque a mulher o traiu com o seu irméo... est arrependido sem saber o que pode fazer para sair daqui. um outro esta falando que isso é mentira... (forneco-lhe ins- trucdes para que doutrine esses Espiritos; ela repete para eles minhas palavras de conforto e orientagées). Eles es- tao escutando, seu Nazareno... um falou que Deus néo existe... (pausa). O rapaz que me trouxe disse que hoje vim para um lugar onde as pessoas sofrem, mas sé vi dois homens...” 3° Experiéncia (16/06/2000) “Estou no mesmo lugar escuro... “Agora vejo as pessoas, sé que elas néio estao nada bem. eu sei que sdo pessoas porque o irmao do meu lado me disse. estdo deformadas... tem uma moga, acho... ela falou que nao se suicidou porque quis, foi por causa de drogas... (auxilio Ana Clara a ofertar para esses Espiritos consolo e esclareci- mento, inclusive através de oragées; ela chora). Eles estao the agradecendo... a moca diz: ‘Foi culpa minha, me guiei pelos amigos... (pausa). Eu jd estou voltando...’” SRTA. X 1? Experiéncia (09/06/2000) “Estou em um lugar que tem muito verde... uma casa. um homem disse que me conhece e vai me levar para dentro. le me chama de Silvia... mas 0 meu nome néo é Silvia... tem bessoas dentro da casa... estdo rezando... 0 homem disse para &u no falar com as pessoas porque sé ele pode me ouvir, as Pessoas nao... esse homem vai me preparar para trabalhar muito 94 + Nazareno Tourinho na casa... ele esta me pedindo para trabalhar ld... quer saber se eu aceito... ele falou que eu jd trabalhei aqui com o nome de Silvia, antes de nascer... (interfiro mandando que ela faga ao Espirito diversas perguntas identificadoras do local onde se encontra). Ele diz que ainda nao pode falar... (la- mento 0 fato, explicando que a experiéncia tem o cara- ter de pesquisa). Ele pede desculpas... diz que compreende... € pede permissdo para eu voltar de novo...” 2 Experiéncia (16/06/2000) “Estou em um lugar estranho... (pela expressao facial demonstra se encontrar fortemente emocionada). Nao bate nele!... estdo batendo... (pergunto em quem batem). Estéo batendo em um rapaz... ele esté amarradbo... esttio dando chicotadas nele... (chora, cada vez mais intensamente; des- controla-se; tento reequilibr4-la emocionalmente, nao consigo). Estou procurando minha filha, ela fugiu... (parece ter entrado em processo de regressio de meméria; busco conferir esta hipdtese, ou a de uma incorporagao espiri- tual, pedindo que me diga o seu nome). Silvia, senhor... Vou procurar a minha filha, senhor, ela fugiu... (apanhado de surpresa pela situacéo achei por bem esvazid-la do contetido dramatico, passando a dialogar com Srta. X como se ela fosse a tal Silvia: eis 0 inteiro teor do didlo- | go: EU - Como é mesmo 0 seu nome? ELA - Silvia, senhor. EU - Vocé est4 procurando a sua filha? ELA - E, EU - Mas 0 que ha? ELA - Vou procurar a minha filha, senhor. Ela fugiv. Experiéncias Meditinicas com Criangas e Adolescentes + 95 EU - Faca o que quiser fazer, mas faga com tran- qiiilidade. Afinal de contas, o que esta havendo? ELA - Esté falando comigo, senhor? EU - Sim. ELA - (Depois de uma longa pausa, chorando). Ela morreu... estou saindo daqui, quero a minha casa... EU - Vocé vai para ela. ELA - A culpa nao foi minha... eu queria salvar a mi- nha filha mas nao deu... (continua chorando). A culpa néo foi minha... EU - Nao deu por qué? (fago meu discurso para convencé-la de que a morte nao existe e sua filha esta viva). ELA - (Apés um siléncio prolongado). O dia ja esta clareando, senhor, eu vou Id na senzala... vou trabalhar, tem gente me esperando... EU - Qual € 0 seu trabalho? ELA - Eu cuido das feridas dos escravos... judiam muito deles... coitados... os donos deles maltratam muito... (fica ou- tra vez em siléncio demorado). O que ele fez com vocé?... EU - O que é? ELA - Este rapaz esta quase morrendo... ele vai morrer... (chora novamente). Vou pegar um pouco de dgua para ele... (faz outra longa pausa). Vou sair daqui... 0 rapaz morreu, senhor... EU - Mas vocé ajudou. ELA - O senhor pode me ajudar a falar com a minha Silha?... pode ajudar?... qual é 0 seu nome?... 96 ¢ Nazareno Tourinho EU - O meu nome € Nazareno. E 0 seu? ELA - O meu é Silvia, eu quero que o senhor me ajuda a f falar com ela... (faz uma pausa maior; altera o semblan- te). Onde eu estou, seu Nazareno?... EU - Verifique com atengao como € 0 lugar. ELA - Tem um riozinho, umas coisas... eu estou em cima de umas pedras... EU - O lugar é bonito? ELA - Nao é bonito nao... tem um homem passando com uma carrog¢a... EU - Eo que mais? ELA - Nao tem quase nada aqui...). Logo depois esta experiéncia foi encerrada. 3* Experiéncia (23/06/2000) “Estou dentro de uma casa branca... as pessoas estéo rezando... ele estd me chamando de Silvia... esté me levando mais para dentro... estou atendendo uma moga... ela est deita- da em uma cama... 0 irméo esta pegando na minha mado para me transmitir energia... ele diz que vou trabalhar aqui... (mais uma vez interfiro recomendando que ela faga perguntas. identificadoras do local onde se encontra). Ele acha me- thor nao falar... éum Centro... (mando-lhe indagar 0 nome do Espirito). E irmdo Rosivaldo... ele pede desculpas por estar the deixando tao descontente... disse que eu néo estou prepara- da para saber mais... (pausa). O irmdo esta me levando para dar uma volta... estou entrando em outra sala... tem muitos equipamentos... umas caixas nos lados das camas... tem umas luzes amarelas, alaranjadas, vermelhas... tem pessoas deita- das... cada uma tem uma luz diferente... tem um senhor senta-— do perto da parede escrevendo... ele disse que vai me enviar para Experiéncias Meditinicas com Criancas ¢ Adolescentes. + 97 outro lugar... falou que ld é muito grande... (insisto para ela fazer perguntas buscando saber pelo menos quem é 0 chefe dos servicos). Tem um senhor, mas ndo é um chefe, aqui cada um faz o que quer... ele disse que eu nao estou prepa- rada para saber mais... quer apenas que eu continue traba- Ihando aqui como fazia antes... diz que isto nao é uma ordem, ele ndo tem esse direito, é um pedido para o senhor deixar... (respondo que também necessito dos médiuns para os muitos trabalhos da minha casa espfrita e que disponho de pouco tempo para efetuar experiéncias como aquela; proponho que invertamos a situac4o: em vez de Srta. X, ou Silvia, irem para 14, eles viriam para cé...). Ele falou que s6 estando aqui eu posso entrar em contato com eles...” Logo depois a experiéncia foi concluida. NOTA: Enquanto Ana Clara entrosou-se com faci- lidade no ambiente da minha casa espfrita, a Srta. X a ele nao se adaptou. Na data em que escrevo estas linhas a primeira encontra-se trabalhando mediunicamente comigo, tanto em desobsessao quanto em cura, e dando- me alegria com seu admirdvel devotamento; a segunda nao, representa para mim t4o s6 uma lembranga. Experiéncias Meditinicas com Criangas e Adolescentes. « 99 CASOS EM PROCESSO GERMINATIVO Até aqui falei de frutos e nao de sementes. Afora os casos maduros de jovens na faixa etdria de que j4 me ocupei, tenho alguns casos de criangas entre trés a nove anos que ainda estou adubando cuidadosa- mente, tendo em vista a delicadeza da situagdo. Gosta- ria de nao me ter envolvido neles, mas o que poderia ter feito? As maes me procuraram aflitas, depois de consul- tarem médicos e psicélogos, ou de deixarem de tomar tal providéncia por absoluta falta de recursos. Deveria eu ter negado o socorro espiritual possivel? Se o fizesse no estaria faltando com a caridade e jogando na lata do lixo a Doutrina? Certamente os companheiros de crenga que se furtam ao convivio penoso e arriscado com os problemas meditinicos haveriam de me considerar pru- dente, no entanto a classificaciio que eu mereceria, pe- rante DEUS e a propria consciéncia, seria a de covarde. Eis, de forma resumida, os casos de mediunidade em criangas com os quais lido no momento (intimeros Outros transitaram pelo atendimento da minha casa es- Pirita em sete anos de atividade ininterrupta): LEONARDO - 3 anos O pai, soldado da Policia Militar, foi no comeco deste ano morto a tiro por um criminoso, quando tenta- 100 + Nazareno Tourinho va prendé-lo. A mie, Angela Telma, minutos antes de receber a inesperada noticia do acontecimento tragico, ouviu de Leonardo estas palavras: “Papai morreu!” Dai para a frente Leonardo passou a ver em casa 0 Espirito do genitor, com tanta nitidez que as vezes, A noite, pe- dia a Angela Telma para se arredar na cama, a fim de que o Espirito deitasse. Angela Telma ja havia se separado do marido quan- do ele foi assassinado. Assim, pouco tempo depois da sua morte, arrumou um namorado que deu de presente a Leonardo uma rabiola, espécie de pipa que as criancas soltam ao vento presas a uma linha, O menino se em- polgou com a rabiola e o namorado da mie ofereceu a ele um carretel de linha para brincar com ela. Leonardo se entusiasmou mas no outro dia declarou que nao ia brincar com a rabiola porque o pai tinha proibido. E comecou a vé-lo, dizendo-lhe que pretendia leva-lo com ele, o que deixou Angela Telma apavorada. Com passes, freqiiéncia 4 nossa escolinha infantil tratamento nos trabalhos de cura que fazemos, Leonar- do ja se libertou do assédio do pai falecido, deixando de padecer crises de choro e inexplicdvel nervosismo como anteriormente. LETICIA - 4 anos Sua mie, Paula, reside ao lado da minha casa espi- rita e a freqiienta desde a sua inauguracao. O nascimento de Leticia foi anunciado em uma das nossas sess6es antes dela ser concebida, no que Paula nao acreditou porque um médico havia atestado ser im- possivel ela ter mais filhos. Experiéncias Meditinicas com Criangas e Adolescentes + 101] Escreveu para mim Paula 0 que segue a respeito de Letici; “Com 2 anos, comegou a ver e ouvir os Espiritos. “Com 4 anos, comecou a contar historias estranhas, de que ela era uma menina grande em casa, que carregava os ir- maos quando eram bebés no colo, ¢ brincava com eles dentro do quarto. Comegou a contar sobre a avé desencarnada que tinha uma casa Id no céu, e sempre me convidava para ir visitar a sua av6; ela se aborrecia e chorava quando eu dizia que era imposstvel irmos visitd-la no céu, como se fosse para ela a maior facilidade.” TAMIRES - 7 anos Sua mae, Lucimar, também é médium, e junto com 0 esposo, Paulo, coopera eficientemente na administra- ao da minha casa espirita. Tamires € sonambula, e tanto as vezes acordava a noite gritando, quanto se queixava da perseguicao de uma velha. Ainda vez por outra caminha pela casa dormindo. De uma feita se sentou na cama e conversou com alguém invisivel. Comentando carinhosa- mente o assunto com ela, ouvi de seus lAbios isto: “Uma vez eu vi uma sombra... Sdbado, quando estava sozi- nha, falaram na minha cabeca que a mamée ia pegar Espirito...”. MARINA - 8 anos Mora perto da minha casa espirita e tem por ela verdadeira adoragio. Quem afirma isso sio os seus pais, Ademir e Maria Dulce. Eles me disseram que uma vez Marina os deixou perplexos porque, perante ambos e uma parente, transfigurou-se e falou em tom de voz al- terado, expressando-se como uma pessoa adulta. 102 * Nazareno Tourinho PATRICIA - 8 anos Filha de Paula e irma da Leticia h4 pouco mencio- nadas. Sobre ela a mae da este depoimento: “Aos 2 anos, notamos em casa que ela brincava e falava sozinha; ela apontava onde estava a pessoa mas nao viamos ninguém. “Aos 3 anos notamos que ela tinha um grau de maturi- dade e responsabilidade acima da idade, nunca foi de brincar muito com bonecas e panelinhas. “Aos 4 anos, ela me disse que sempre escutava uma voz dizendo: ‘Patricia, vou te pegar.’ Contava também que tinha sonhos, que seu Espirito saia do corpo ¢ ia passear por varios lugares. “Em uma dessas reunibes de quinta-feira sentiu aproxi- magdo espiritual, sensacao de calor, seus bragos se moviam sozi- nhos, sentiu que ia levantar para trabalhar, mas estava um pouco assustada e envergonhada, e resistiu.” Devo aqui explicar que as reunides de quinta-feira em minha casa espirita so aquelas nas quais se manifes- tam unicamente Espiritos superiores, para realizar tarefas de cura, atendendo enfermos. Nao poderfa eu manté-las fechadas para as criangas, pois, estas, quando adoecem, tanto quanto os adultos e velhos precisam de assisténcia. FERNANDO - 9 anos Inmio de Patricia e Leticia. Sobre ele diz a mae Paula: “A partir de 2 anos de idade comecou a ter crises e grita- va, chorando e se debatendo sem motivo nenhum; o pai e eu nao consegutamos segura-lo, porque nessas horas ele ficava com a forga de um adulto. Experincias Meditinicas com Criangas e Adolescentes + 103 “Aos 3 anos de idade comegou a ver Espiritos e acordar sempre de madrugada na mesma hora, dizendo que dentro do bergo tinha muitos bichos que queriam pegd-lo. “Aos 5 anos ele chegou para mim dizendo: “Made, eu ja sei como morri!’; me contou toda a histéria com datas e detalhes. “Hoje aos 9 anos, sente aproximagéo de Espiritos, ouve vozes chamando por ele.” Magnetizo criangas quando as maes me informam que elas estao apresentando sinais de perturbacées psi- quicas ou de comportamento. As vezes ficam estaticas, mas nunca entram em transe. Creio que com tal condu- ta facilito a acao benéfica dos protetores espirituais so- bre as mesmas, além de ir aos poucos preparando-as para no futuro exercerem as faculdades meditinicas inatas e irremoviveis. Observando suas reac6es fisiolégicas du- rante as experiéncias, e as psicolégicas depois, avalio até que ponto tenho condicao de ser itil a cada uma. De acordo com 0 caso, prossigo ou desisto aconselhando os pais a buscarem outros meios de tratamento. Como fago tudo em nome de DEUS, e jamais tirei o menor provei- to individual desse labor dificil e fatigante, pelo qual nao espero reconhecimento de quem quer que seja, fico com a consciéncia tranqiiila, um tanto mais porque, até © dia de hoje, nao constatei, em meu trabalho, o mini- mo efeito negativo para a satide mental ou fisica de qual- quer crianga. $6 constatei beneficios reais. Experiéncias Meditinicas com Criangas ¢ Adolescentes * 105 INTERMEZZO Preciso, antes do derradeiro Capitulo deste volu- me, que escrevo depois de meio século de atuagéo no movimento espirita brasileiro (de igual modo entrei nele na adolescéncia, aos quinze anos), deixar suficientemente claro trés coisas. Primeira: Nao sou profissionalmente um homem de ciéncia, sou apenas um escritor de formacao jornalistica. Porém, como tal, embora durante algum tempo tenha me dedicado A arte cénica, e produzido pegas teatrais (nosso grande e saudoso mestre dr. Carlos Imbassahy também fez isso), na condigao de espirita nunca faltei com a verdade perante os companheiros de ideal, para quem escrevo esta obra. Exijo, portanto, respeito ao que consta nas paginas precedentes, e para isto assevero mais uma vez: estou a disposigéo de quem desejar conhecer pessoalmente as pessoas que citei, para ver se existem de fato ou so personagens ficticias de um dramaturgo. Segunda: O fato de que profissionalmente nao sou um homem de ciéncia € insignificante para me desqualificar como autor deste livro. Allan Kardec foi Profissionalmente um pedagogo, que alias, segundo um dos seus bidgrafos, André Moreil, exerceu 0 cargo de di- retor do teatro Folies - Marigny, na capital da Franga, em uma €poca de dificuldades financeiras causadas por um tio viciado em jogo que era seu sécio na manutengao de Un colégio, o “Instituto Rivail”. 106 * Nazareno Tourinho ‘Terceira: Os fendmenos por mim documentados nao - sfo excepcionais, so banais. Todo pesquisador espfrita _ sério, esclarecido e corajoso poder obté-los, porquanto: médiuns estao sobrando neste pais, nao s6 de todos os niveis culturais, mas também de todas as idades. O que | esta faltando é 0 aparecimento de espiritas sem medo dos Espiritos!... Experitncias Meditinicas com Criangas ¢ Adolescentes + 107 CONCLUSAO Consoante frisei de inicio, este tomo completa, ao lado das brochuras MINHA DOCE CASA ESPIRITA e SURPRESAS E CURIOSIDADES DE UMA PESQUI- SA MEDIUNICA, a trilogia de textos que registram 0 meu esforco para servir a causa do Espiritismo no cam- po da mediunidade, e se nao abriga nada de importante pelo menos tem dignidade e originalidade, fugindo da mesmice que empobrece no Brasil, atualmente, nossa literatura doutrindria. Para que ninguém me julgue um iluminado, ou um privilegiado investido na misséo de obter fenémenos inalcangAveis por outros companheiros de crenga, cum- pre-me concluir declarando o seguinte: Afora a condicdo de fundador-dirigente de operosa casa espirita, sou um sujeito carregado de imperfeigées, dentre as quais a menos grave é o mesmo apego ao cigar- To que tiveram A. Wantuil de Freitas, presidente da Fe- deragaio Espirita Brasileira, J. Herculano Pires e Cairbar Schutel, o grande bandeirante do Espiritismo em terras paulistanas, Costumo dizer com bom humor e honestidade, até €m palestras piiblicas, que tive trés fases na vida presen- te: na primeira, a juventude, fui um atormentado; na peenda, a madureza, fui um perturbado; e agora na ve- hice, gracgas a DEUS, tendo evoluido um pouco como 108 * Nazareno Tourinho nao poderia deixar de ser, sou apenas um desajustado, Um desajustado tao grande que se sente feliz com 0 pr6- prio desajustamento... Mormente em relagéo ao movi- mento espirita nacional. Assumindo esse fato sinceramente, ndo consigo entender como fago 0 que fago e nao o fazem os confrades intelectualistas, possuidores de tantos conhecimentos téc- nicos, assim como os irm4os misticos, detentores de es- merada educacao evangélica transpirando por todos os poros, do corpo e da alma... Por que nem uns nem ou- tros auxiliam como eu os sofredores vitimados pela per- seguicao dos Espiritos maldosos? Repito que nao consigo entender essa realidade no movimento espirita nacional, tao supostamente caridoso. Se vocé, distinto leitor, puder e quiser clarear a minha opaca inteligéncia com alguma luz, nao faca ceri- monia. Ja Ihe forneci meu enderego. Somente evite, por favor, afirmar que me encontro obsidiado, pois estou cansado de ouvir indiretamente esta acusacao e se a le- vasse a sério teria deixado de socorrer muita gente ne- cessitada. Igualmente nao seja injusto saindo por af a propalar, depois de ler esta obra, que estou pregando 0 desenvolvimento meditinico em criangas e adolescentes. Isto é falso, nao defendo tao absurda e irresponsdvel tese, apenas proponho uma atitude aberta, razodvel e genero- sa, verdadeiramente espirita, perante os médiuns em idade juvenil e infantil, a fim de lhes dispensarmos a devida assisténcia, encontrem-se perturbados ou se con- servem com a mente sadia. E légico que, de ordindrio, sobretudo as criancas devem ser poupadas do comprometimento com a prati- ca medtinica. A regra geral sancionada pelo bom senso é i | ; Experiéncias Meditinicas com Criangas e Adolescentes « 109 esta, mas toda regra tem excegdo. Posso dar mais um exemplo a respeito disso antes de terminar o presente volume. Ei-lo: Marcelo, um menino citado no tomo MINHA DOCE CASA ESPIRITA porque, tempos atras, vendo a irma padecer de uma suposta epilepsia sentenciava para sua mae, com ares judiciosos: “A nossa ‘chanche’ esté na Casa Espirita do Nazareno!”, hoje com 8 anos assiste quan- do quer todos os trabalhos meditinicos que fazemos, in- clusive os de desobsessao. H4 duas semanas sua avé pa- terna desencarnou e foi ele quem anunciou para a fami- lia 0 tiltimo suspiro da agonizante: “Vové esta saindo do corpo e indo embora...”. A seguir, afastando-se do local, estendeu a mao direita para 0 espaco vazio, como a cum- primentar alguém invisivel, e complementou com a maior naturalidade: “Ela desapareceu e nao me disse nada.” A genitora de Marcelo que é irmao da Milene foca- lizada em um Capitulo desta brochura, Aida, disse-me que ele andou tendo, durante determinado periodo, uma febre que s6 passava com a leitura de O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO. Certo dia, quando tal leitura nao produziu o efeito esperado, Marcelo dormiu € a temperatura voltou ao estado normal tao logo suas maos, no decorrer do “sono”, ensaiaram estranhos mo- vimentos sobre o resto do corpo. Ora, se ocorréncias como as que acabamos de ex- Por nao sao inveridicas, criancas mediunicamente ex- Cepcionais, em termos positivos, merecem de nossa par- te uma atencao também excepcional, tanto quanto as Outras que apresentam sintomas meditinicos negativos, teclamando cuidados terapéuticos. E os adolescentes na ™Mesma situacdo muito mais, é 6bvio. Esta tese eu defen- do, denunciando o erro do Espiritismo sem Espiritos, uni- 110 * Nazareno Tourinho camente teérico e elitista, que entrou em moda no Bra- sil gracas a um discurso intelectualistico agnéstico, ou mistico moralmente demagégico. A verdade € esta: a maioria de nossos Centros que antigamente abriam suas portas para os sofredores, am- parando-os com atividades desobsessivas e de cura, ago- Ta se ocupam quase somente de cursos, vidéncias duvi- dosas e psicografias intiteis. A mediunidade de transe, vulgarmente chamada de incorporagao, a cada dia vai sendo mais relegada ao desprezo. Ha até uns figurées do nosso movimento ideolégico garantindo que os Espiri- tos atrasados nao precisam se manifestar porque os gui- as podem doutrind-los diretamente fora de sessées desobsessivas, e os Espfritos superiores de igual modo nao necessitam de médiuns de transe porque podem curar doentes agindo a distancia, fora dos trabalhos de cura. Um disparate, que ignora o ensinamento doutrindrio sobre sintonia vibratoria e combinacao de fluidos e for- gas magnéticas. No instante em que eu me aprestava para pér um ponto final neste livro, por “acaso” recebi uma corres- pondéncia bastante ilustrativa da mentalidade ora do- minante na maioria dos Centros Espiritas brasileiros. Como essa correspondéncia escrita em 03-09-2000, por uma conterranea que mora no Rio de Janeiro e visitan- do més passado Belém esteve em minha casa espirita, trouxe enderego completo embaixo da assinatura, resol- vi fazer contato telef6nico com a signataria e lhe soli tei permissao para transcrever nesta obra um trecho da sua carta que na ocasiao li. Ela me deu a autorizacao prazerosamente. A signatdria chama-se Suzana Pesce Cardoso e o seu endereco completo € 0 seguinte: Praca Eugénio Jardim, 39, apto. 201-B, Copacabana - CEP 22061-040 - Rio de Janeiro - RJ - Fone (Oxx21) 549- 4401. O trecho da missiva é este: Experiéncias Meditinicas com Criangas e Adolescentes. * 111 “Talvez o senhor pense que é exagero, mas confessarei que eu estava feliz aqui, trabalhando como voluntéria na Casa Espirita de Francisco de Paula, de Copacabana. Lé eu traba- Iho secretariando uma sessdo, fico na recepcéo orientando as pessoas € carimbando cartées (0 método de ld é completamente diferente). Porque como s6 estou 1d hé um ano e meio, néo sou ainda médium pronta, como dizem, (ld temos que cursar 4 anos de Estudos Meditinicos), entao eu sou chamada de mé- dium em desenvolvimento. E 0 senhor com sua intuigéto e conhe- cimento de que nds somos instrumentos, e cada um tem um pretérito as vezes de tanta sabedoria ¢ mediunidade maior do que alguns que sto mais teoria do que pratica. Entao, 0 senhor com muito carinho disse-me, que se eu for morar em Belém, poderei ser colaboradora da Casa. Muito obrigada. Eu penso como o senhor. O que importa é 0 querer se doar, é claro que temos de estudar a Doutrina, mas a pratica e a oragao é 0 que é mais importante. “Eu passei pela sala de vidéncia (pela auséncia de 1 més do Centro, é norma da Casa) e embora meu coragéio chorando, eu triste com a pouca receptividade a uma irmé ausente por 30 dias (eu vou lé 4 dias por semana...), a vidente viu meu Mentor 4 meu lado, colocando o Evangelho & minha frente. Falaram que era porque eu podia voltar aos trabalhos, mas uma outra amiga de ld, interpretou como ele me colocando o Evangelho, como para eu buscar o consolo as minhas tristezas e anseios” . _,, Conforme se nota, nem sequer a respeito das vidéncias que faz essa gente revela sensatez, pois as in- terpreta de maneira contraditéria ou divergente. Allan Kardec nos ensina que, de todas as faculda- des meditinicas, a mais sujeita a fantasias € a vidéncia. Quanto A psicografia, que possui o seu valor como, alias, a vidéncia nao deixa de ter quando utilizada ponderada- Mente, todos sabemos 0 quanto esta a literatura espirita 112 ¢ Nazareno Tourinho contemporanea encharcada de textos repetitivos, uns co- piando os outros com alto teor de mediocridade verbal, As vezes contendo lucubragées ridiculas, frutos de animismo ou de mistificagao espiritual. siciadiiaincraatis N&o sou contra vidéncias nos Centros Espiritas, nem contra a recepcéo de mensagens psicograficas, em principio, porém declaro que erramos ao superestimar essas atividades em detrimento da mediunidade de transe que possibilita 0 desdobramento espiritual e a incorpo- racdo, através da qual tornam-se possiveis relevantes ta- refas desobsessivas e de cura. Esta € a tese que defendo, nao com teorias de mé- diuns e autores nacionais de sucesso alheios 4 Codificagao Kardequiana, e sim com 0s fatos constantes neste livro. Experiéncias Meditinicas com Criangas ¢ Adolescentes. * 113 INFORMACAO DA EDITORA NAZARENO TOURINHO DADOS BIOGRAFICOS I - IDENTIFICACAO ‘Nome completo: Nazareno Bastos Tourinho Data de nascimento: 06 de dezembro de 1934 Cidade onde nasceu: Belém do Para Residéncia: Av. Almirante Tamandaré, 1042, bloco C Apt°04 - Centro - Belém - Paré - CEP 66023-000 Telefone: (91) 250-5310 Estado civil: Casado Profisséo: Jornalista Il - LIVROS ESPIRITAS PUBLICADOS, 01 - GOTAS DE ESPIRITISMO (1958, edicéo Particular, esgotada) 02 - O CRISTO (1959, edicao particular, esgotada) 03 - O PODER FANTASTICO DA MENTE (em parceria com Carlos Imbassahy, 1967, Editora ECO) 04 - SURPRESAS DE UMA PESQUISA MEDIUNICA (1981, Editora O CLARIM) ,05 - CURIOSIDADES DE UMA EXPERIENCIA ESPIRITA (1983, Editora O CLARIM) 114 + Nazareno Tourinho 06 - EDSON QUEIROZ, O NOVO ARIGO DOS ESPIRITOS (1983, Editora CORREIO FRATERNO DO ABC) 07 - A ETICA ESP{RITA SEM MISTICISMO (1983, mesma Editora) 08 - ADRAMATURGIA ESPIRITA (1991, Edito- ra da FEB) 09 -O TRABALHO DOS MORTOS EA TOLICE DOS VIVOS (1993, Editora da FEESP) 4 _10 - RELAGOES HUMANAS NOS CENTROS ~ ESPIRITAS (1994, Editora CORREIO FRATERNO DO ABC) 11 - KARDEC, JESUS E A FILOSOFIA ESPI{RITA — (1994, Editora da FEESP) 12 - CARLOS IMBASSAHY - 0 HOMEM E A OBRA (1994, mesma Editora) 13 - CRITICAS E REFLEXOES EM TORNO DA MORAL ESPIRITA (1996, Editora MNEMIO TULIO) 14 - UMA NOVA VISAO DA MEDIUNIDADE (1996, Editora da FEESP) 15 - CAPRICHOSA LIGAO DOS ESP{RITOS | (1997, pega teatral, Editora EME) 16 - A ESTRANHA LOUCURA DE LORENA MARTINEZ (1997, pega teatral, EditoraO CLARIM) | 17 - COMO O ESP{RITA DEVE PENSAR EM DEUS (1998, Editora da FEESP) 18 - RETALHOS DE UM ATALHO (1998, Edito- ra OPINIAO E. Ltda) Experiéncias Meditinicas com Criangas ¢ Adolescentes * 115 19 - MINHA DOCE CASA ESPIRITA (Editora DPL) 20 - AS TOLICES E PIEGUICES DA OBRA DE ROUSTAING (1999, Editora CORREIO FRATERNO DO ABC) 21 - SURPRESAS E CURIOSIDADES DE UMA PESQUISA MEDIUNICA (Editora DPL) 22 - NOGOES FUNDAMENTAIS DA FILOSO- FIA ESPIRITA (2000, Editora da FEESP) Ill - ATIVIDADES ESP{RITAS MAIS EXPRESSI- VAS 1 - Presidiu a Comissao Cientifica do Congresso de Jornalistas e Escritores Espiritas realizado em Niteréi, RJ, no ano de 1972. 2 - Presidiu a Comissao de Jornalismo do mencio- nado Congresso realizado em Brasilia, no ano de 1976. 3 - Foi autor da proposta que elegeu a Mesa Dire- tora do dito Congresso realizado no Rio de Janeiro em 1979, 4 - Presidiu uma das Comissdes Julgadoras de Te- Ses no mesmo Congresso realizado em Salvador-Bahia em 1982, > - Foi conferencista do painel de Critica Literaria € coordenou uma Reuniaio de Estudo no referido Con- 8resso levado a efeito em Sao Paulo no ano de 1985. 6 - Fundou e dirige uma Casa Espirita em Belém do Para, RE 7 - Durante muitos anos escreveu na revista FORMADOR, tendo deixado de fazé-lo para criticar ° Toustainguismo endossado pela FEB. 116 * Nazareno Tourinho 8 - Escreve regularmente no JORNAL ESP{RITA, publicado pela Federacao Espirita do Estado de Sao Pau- lo, eno jornal CORREIO FRATERNO DO ABC, de Sao Bernardo do Campo - SP 9 - Seu livro EDSON QUEIROZ, O NOVO ARIGO DOS ESPIRITOS, foi traduzido para o alemao e publi- cado pela Editora VERLAG DIE SILBERSCHNUR, de Melsbach. 10 - Foi um dos fundadores da ABRAJEE - Associ- acdo Brasileira de Jornalistas e Escritores Espiritas, ten- do integrado sua primeira Diretoria como Diretor para a Regiao Norte. IV - ATIVIDADES E TITULOS CULTURAIS 1 - E Membro Vitalicio da Academia Paraense de Letras (Titular da Cadeira n? 2) 2 - Autor de 10 (dez) livros nao espiritas j4 publi- cados (nove de natureza literdria e um sobre Chefia, Li- deranga e Relagées Humanas). 3 - Conquistou as seguintes premiacdes em Con- cursos de Dramaturgia: a) Prémio “GOVERNO DO ESTADO DO PARA” (12 lugar, ano de 1961) b) Prémio “ELMANO QUEIROZ” (12 Lugar, ano de 1969) c) Primeira Mencéo no IV CONCURSO DE DRAMATURGIA LATINO AMERICANO “ANDRE BELLO” (realizando em Caracas, Venezuela, no ano de 1985) d) Mengao Honrosa no 22 CONCURSO NACIO- NAL DE PEGAS TEATRAIS (Rio de Janeiro, 1985) Experiéncias Meditinicas com Criangas e Adolescentes. + 117 e) Mengées de Destaque no CONCURSO COROA. DE TEATRO (também levado a efeito no Rio, em 1969) f) Prémio “INTERCAMBIO” (12 lugar no I CON- CURSO NACIONAL DE DRAMATURGIA ESPIRITA, realizado em Sao Paulo no ano de 1990) g) Prémio “INTERCAMBIO” (22 lugar no mesmo Concurso) 4 - Foi agraciado em sua terra natal com: a) Diploma de HONRA AO MERITO, concedido pela Camara Municipal de Belém b) Medalha “OLAVO BILAC”, concedida pelo Con- selho de Cultura do Estado do Para c) Medalha “PAULINO DE BRITO”, concedida pela Secretaria de Educacao do Estado do Par d) Diploma do “DIA DO LEGISLATIVO’”, conce- dido pela Assembléia Legislativa do Estado do Para. Junte-se a nos E veja porque a DPL éa Editora do 32 Milénio A Espiritualidade em Bases Amplas e o homem do — 3° Milénio sao o nosso alvo. Livros com enfoque nas realidades da ciéncia, ques- tionando os dogmas, os modelos esgotados, apresenta- _ cao de novos autores e mensagens inéditas do Mundo ~ Espiritual. Nossas portas estao abertas aos trabalhos que sem eticamente a melhoria do homem e de nossa socit dade. a Determinagao, Prosperidade e Luz (DPL) é nossa | bandeira; o “Homem Novo’, espiritualizado, nossa meta. Se vocé defende esse ideal e tem alguma obra escri- ta, entre em contato conosco: Caixa postal 42617 CEP 04218-970 Visite nosso site na Internet: www.dpl.com.br Oo eS AE TTT SMO ona rt COC Or a tatters See UCr et Renn eet ty eet art UCIT ee eae et oD Oe ener a Ree ate ee dez verdades do que ad| Ten eee aT oe Nazareno Tourinhe SO CM EN Ean Cicer ores niente Dem eReOn eeerany POS rs eins eee tin eons eh Ewe uer mien mevnttl Conn ces ieee 5 contexto deltiaea social Pontcmnror ney ment) Paul Feyerabend — em Ag Method, pagina 1 (eC e reer eeT eae rete ee Farr CoN EM re Penang Gren tieeereem rem econ Rete! ectete nr teen Fretiet nse nase fecemitemrerorteta Grates es COSC eRe enrages Carter Peer atetat Ceae MST Biologia, a Psicologia etc Rte cme eR oecrcnn reer Bence? POT TRC Rear veo si onnce tos; e os fendmenos por Pest ea nrc Fenton anette mine pete een ea Tourinho esta fazendo a nt neater i Pires en Jay4 1341S) MEDIUNICAS Sh Se Te ak Experiéncias Meditinicas com Criangas e Adolescente: é uma obra original e inédita em todos os sentidos, pois nao ha — podemos assegurar ~ na literatura espirita nenhuma _ outra que estude, especificamente, a ocorréncia dessa _ fenomenologia em criangas e adolescentes sob controle sistematico, “Convivo hd cerca de cinco anos — informa o dr. Frederico Gerson Ramos Pastore -, na Casa Espirita do Nazareno, com Porc coed incr onie treat Pema men me Reenter TI e een causado pelo desabrochar precoce da mediunidade.” A historia registra, em inumeros paises e em todas as Reese mer nee Tees rn te dotados, ostentando talentos e dons incomuns. Nosso Pafs rent centimetre ce ere erUCs Os adole: ionados neste livro.—afirma o dr. Stan Cote ne (sl Menton Cs eer ae ese matte Pree etn a rete eal ieee eaten Pe Se eet i enema emer nT sete een An Teen eer ete tee Toor filhos fossem. Experiéncias Meditnicas com Criangas e Adolescentes, de Nazareno Tourinho, constitui-se numa contribuigéo imprescindivel a dirigentes de Centros Espfritas, pesquisadores e pais cujos filhos apresentam os problemas Pele meee ISHN 85-7501-010-7, 575101010

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