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Gabriel Fontenelle Micas Psicólogo 19/04/2020

Residência de Saúde Mental do Adulto ESCS/FEPECS

Resenha Tutorial Reforma Psiquiátrica 4

Objetivos – Tutor
1. Situar historicamente o surgimento da Comunidade Terapêutica e da Psicoterapia
Institucional e quais críticas propunham ao tratamento psiquiátrico do momento.
2. Identificar o papel da terapia ocupacional como fundamento da Reforma.
3. Entender o que é a “aprendizagem ao vivo” e a “função terapêutica” e como se relacionam
ao contexto de grupos.
4. Diferenciar a proposta da Comunidade Terapêutica da Psicoterapia Institucional.
Leitura recomendada: Amarante (2001) Os antecedentes da reforma psiquiátrica Brasileira /
Fleming
(1976) Ideologia e práticas psiquiátricas

1. Referências: Amarante, Saúde Mental e Atenção Psicossocial e Loucos pela Vida


Elas se baseavam na ideia de que o fracasso se baseava na forma de gestão do hospital
e que a solução era introduzir mudanças à instituição.
Após a guerra na Inglaterra, grande demanda de pacientes e poucos profissionais.
Além de equiparação entre campos de concentração e situação de muitos pacientes
institucionalizados. Também havia imperativo social e econômico, perante o enorme
desperdício de força de trabalho. Realizavam-se reuniões grupais grandes em que se
discutiam as dificuldades, projetos e planos de cada pessoa. Além de elaborar
propostas de trabalho em que todos pudessem participar.
Maxwell Jones deu maior sistematização e dinâmica. Organizava grupos de discussão
e grupos operativos. Todos deviam participar, técnicos, familiares, pacientes. E tinha
diferentes funções, como participar da administração do hospital, gerir a terapêutica,
dinamizar a instituição e a vida das pessoas. Comunidades Terapêuticas passaram a se
tornar uma reforma institucional que era uma luta contra a hierarquização ou
verticalidade dos papéis sociais. Busca por horizontalidade ou democratização das
relações. Tratar grupos de pacientes como se fossem só um organismo psicológico.

-Reabilitação ativa, contra custódia e segregação; democratização em contraste com


velhas hierarquias; permissividade, contra ideais limitadas sobre o que dizer e fazer;
comunalismo em oposição a ênfase no médico.

Já a Psicoterapia Institucional teve base com François Tosquelles. Pós guerra na


França, hospitais profundamente danificados. Princípios: escuta polifônica (busca por
diferentes ideais teóricos), e acolhimento (dar suporte e referência aos internos no
hospital). Clube terapêutico: organização autônoma que promovia diferentes
atividades sociais. Ateliês e oficinas de trabalho e arte, que eram fundamentados pela
leitura psicanalíticas, e pretendiam uma reorganização interna da dinâmica psíquica.
Devia-se lutar contra a violência institucional e verticalidade.

Propôs-se transversalidade. Encontro e confronto de papéis profissionais,


problematizando hierarquias e hegemonias. Ir além de pura verticalidade e simples
horizontalidade. Excluir importância absoluta da psicanálise, e abrir novos espaços e
possibilidades terapêuticas.

Entende-se que as próprias instituições tem características doentias e devem ser


tratadas. Questionamento constante da instituição psiquiátrica, como espaço de
segregação, crítica ao poder do médico e verticalidade.

Conciliação de psiquiatria e psicanálise (principalmente lacaniana).

2. Identificar o papel da terapia ocupacional como fundamento da Reforma.


Diante dos vários fatores sociais e econômicos, como o desperdício da força de trabalho e
desprezo pela situação asilar, propõe-se a terapêutica ativa, ou terapia ocupacional. Fundada
por Hermann Simon na década de 20.
A necessidade por mão de obra na construção de um hospital e utilizar-se de alguns pacientes
considerados cronificados, acabou provando-se como positivo. O sujeito é marcado pela
sociabilidade da produção, assim, começa a reestabelecer laços.

Foi preconizada por Tosquelles, buscando resgatar o potencial terapêutico do hospital


psiquiátrico. Bastante utilizado nas experiências da França de Psicoterapia Institucional. O
hospital se desviou de sua finalidade inicial. Cura da doença mental pode ser alcançada e
doente devolvido à sociedade.

3. Entender o que é a “aprendizagem ao vivo” e a “função terapêutica” e como se relacionam


ao contexto de grupos.

Segundo Jones, aprendizagem ao vivo é a oportunidade de aprender novos comportamentos


em situações reais do hospital, isso com o auxílio dos outros. Aprende-se a superar
dificuldades e relacionar-se positivamente com pessoas que estão dispostas a dar um suporte.
A comunidade terapêutica é um exercício ao vivo do que é vivido fora em sociedade.

Isso seria um resgate da função terapêutica do hospital, idealizada por Esquirol e Pinel.

4. Diferenciar a proposta da Comunidade Terapêutica da Psicoterapia Institucional.


Professora: tem muita similaridades, criticam a perda terapêutica do tratamento no hospital.
Diferença: Psicoterapia Institucional traz novidade: além da pessoa está doente, a instituição
também está doente. Se repensa estrutura do hospital, questiona as estruturas.
A comunidade terapêutica fala que existem doentes, propostas de grupos, assembléias. Se
foca mais nos doentes.
Ta aí a principal diferença.

O nascimento da Psicoterapia Institucional se dá na crítica da instituição, de como ela


funciona, se lembrando do holocausto. Começou a se questionar a segregação entre hospital e
sociedade.

Já a comunidade terapêutica começou a partir da falta de mão de obra

Aparentemente, a Psiquiatria Institucional tenta ir além do simples horizontalismo, propondo


a transversalidade (PERGUNTAR O QUE É ISSO P ROMEU). Busca-se excluir importância
quase absoluta da psicanálise e abrir novos espaços e possibilidades terapêuticas. Essa
aparenta ter uma origem marxista e uma luta e crítica contra a psiquiatria. Além de base
psicanalísta. A psicoterapia institucional buscava criticar as instituições

A comunidade terapêutica, apesar de focar na instituição asilar, aparentemente fez algumas


atividades fora também.

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