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EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA MM VARA DO

TRABALHO DE GOIANIA-GO

Albano Machado, brasileiro, casado, inscrito no CPF sob o n. 123.456.789-00, residente e


domiciliado na Alameda do Riacho, n. 125, bairro Vila Paris, em Goiânia/GO, CEP 74.000-
000, por sua procuradora, abaixo subscrita, vem à presença de Vossa Excelência com fulcro
nos arts. 810, § 1º e 852-A da CLT.

RECLAMATÓRIA TRABALHISTA,

em desfavor de Maria José Pereira, inscrita no CPF sob o n. 055.222.345-61, domiciliada na


rua Girassol, n. 380, apartamento 301, bairro Mendanha, Goiânia/GO, CEP 74.100-000, pelos
fundamentos fáticos e jurídicos que a seguir passará a expender:

DADOS FUNCIONAIS

Admissão: 02 de fevereiro de 2012


Demissão: 06 de fevereiro de 2017
Função: Cuidador de Idoso
Salário Final: R$ 2250,00 (dois mil, duzentos e cinquenta reais)

I – DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

Com fulcro no art.. 5º, LXXVI da CF e no art. 98 do CPC/15, os requeridos fazem jus do
benefício da gratuidade da justiça, uma vez que não detém de recursos suficientes para arcar
com a custas processuais e honorários advocatícios sem prejudicar o sustento de sua família.

A Reforma Trabalhista inovando a CLT, trouxe o beneficio em seu art. 790, § 4º:” O
benefício da justiça gratuita será concedido à parte que comprovar insuficiência de recursos
para o pagamento das custas do processo”.

O reclamante faz jus do benefício da gratuidade da justiça, uma vez que não detém de
recursos suficientes para arcar com a custas processuais e honorários advocatícios sem
prejudicar o sustento de sua família. O mesmo encontra desempregado e para tanto, faz jus ao
benefício da justiça gratuita, dispensando o mesmo do recolhimento das custas, honorário
periciais, honorários advocatícios à parte contrária, em caso de sucumbência, e emolumentos.
II – DO CONTRATO DE TRABALHO
O Reclamante foi admitido pela Reclamada em 01/02/2012, para exercer as funções de
cuidador de seu marido, o Sr. Antenor Becha Pereira, de 80 anos de idade devido a
necessidades de cuidados especiais, motivado por um acidente vascular cerebral, que o
acometeu com várias sequelas. O reclamante, afirma que desde a data supracitada, prestpu
serviços na residência do casal. Trabalhava em regime de revezamento no sistema de 12
(doze) horas de trabalho por 36 (trinta e seis) horas de descanso (popularmente conhecimento
como “regime 12x36”), sempre de 07:00 horas às 19:00 horas. Conforme contrato de trabalho
estipulado pelas partes, consta cláusula contendo o ajuste quanto à adoção do citado regime e
lhe informa que não há acordo ou convenção coletiva de trabalho regulando o assunto.
Perante a CNTPS assinada e juntamente com o artigo 3º parágrafo único da CLT, que
estabelece:
Art. 3º - Considera-se empregado, toda pessoa física que prestar serviços de
natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante
salário. Parágrafo único - Não haverá distinções relativas à espécie de
emprego e à condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual,
técnico e manual.

Não há o que se falar que é inexistente o vínculo empregatício.


O reclamante alega que durante os dois primeiros anos de trabalho recebia o valor de R$
120,00 (cento e vinte reais) por cada plantão de 12 (doze) horas realizado. No período restante
a quantia ajustada foi de R$ 150,00 (cento e cinquenta reais). Tendo em vista o labor no
citado regime, quando seu plantão coincidia com domingos ou feriados, não havia
remuneração diferenciada ou folga compensatória. Além disso, Albano lhe informa que
durante as 12(doze) horas em que ficava na casa dos Srs. Antenor e Maria José somente
parava o trabalho durante aproximadamente 30 (trinta) minutos para almoçar, laborando
ininterruptamente o restante do período.
O pacto laboral, conforme o reclamante e dados inseridos na CNTPS, durou até o dia
06/02/2017, quando relata o reclamante, que discutiu com a sua patroa, Sra. Maria José, pois
ela lhe pedia para dar banho no Sr. Antenor pela manhã. Como convivia mais próximo do
enfermo e por pensar no bem estar do assistido, preferia dar o banho após o almoço, período
do dia em que era mais quente. Além disso, a Sra. Maria não gostava que deixasse que o Sr.
Antenor visse televisão, o que não era observado pelo Sr. Albano. Após algumas discussões
sobre o tema, o enfermeiro foi dispensado por justa causa no referido dia, ao fundamento de
que houve insubordinação. Ele lhe diz que nunca foi advertido por escrito ou suspenso de suas
atividades laborativas por qualquer conduta.
III. DA DESPEDIDA E INEXISTÊNCIA DE JUSTA CAUSA

O reclamante foi demitido - segundo a reclamada -, por justa causa. Porém, até hoje, não
consegue entender a justificativa de tal ato, durante 5 (cinco) anos de trabalho na casa, sempre
foi empregado exemplar, sem avesse qualquer conduta que o desabonasse. E de forma
abrupta, se viu desempregado, sem os direitos rescisórios, por ser-lhe imputado a justa causa,
sob o fundamento de insubordinação.
Obviamente, meritíssimo, o motivo ensejador da demissão por justa causa é absurdo e
claramente abusivo, vez que não estão presentes no caso a alegada desídia, bem como
quaisquer dos atos faltosos elencados no art. 482 do Estatuto Consolidado que possibilitariam
a despedida motivada.
Claramente, a reclamada em total desrespeito aos mais elementares princípios de direito, não
veio a aplicar nenhuma advertência ou suspensão em caráter disciplinar ao reclamante.
Embora não haja previsão expressa na CLT, pode o empregador aplicar penalidade de
advertência (verbal ou escrita). Isto deriva do poder disciplinar decorrente do contrato de
trabalho. A penalidade mais grave é a suspensão, que conforme dicção do art. 474, da CLT,
não pode ser superior a 30 (trinta dias).
Entretanto, a aplicação destas penalidades deve observar algumas regras. Uma delas é a
denominada “imediatidade”, segundo a qual a aplicação da penalidade deve se dar assim que
o empregador tomar conhecimento da falta cometida. Caso ele saiba do equívoco do obreiro,
mas não aplique qualquer destas medidas, caracteriza-se o perdão tácito, ou seja, ele
desculpou a conduta do trabalhador. Outra regra denominada, é a da proporcionalidade, não
se pode aplicar advertência e suspensão em virtude de um mesmo fato, devendo o empregador
optar entre uma ou outra de acordo com gravidade da conduta, em outras palavras, para cada
infração somente pode haver uma punição.
A justa causa nada mais é do que uma destas penalidades. Mas, por implicar na rescisão do
contrato de trabalho por culpa do empregado, trata-se de medida extrema que somente deve
ser utilizada quando a conduta do trabalhador, embora única, possa ser grave o suficiente para
quebrar a confiança existente entre as partes.
Ressalto que, é evidente que todas as faltas devem estar devidamente configuradas, com
documentos e, principalmente com a ciência do empregado, devendo ser possibilitada a sua
defesa. Desta forma, para justificar a ruptura do contrato de trabalho pela motivação alegada,
é imprescindível além da prova cabal do cometimento de falta grave, a atualidade da falta
imputada, sob pena de desconstituição da justa causa, e vale lembrar que nenhuma punição foi
aplicada ao reclamante e os fatos que ensejaram a penalidade de justa causa, são por demais
insignificantes, não autorizando a rescisão por justa causa.
Tal conduta da reclamada nada mais é que uma tentativa de se exonerar do pagamento das
verbas trabalhistas devidas ao empregado, uma vez que em momento algum o autor cometeu
falta grave que justificasse a sua demissão motivada. É de salientar o reclamante sempre
cumpriu com os corretamente com princípios do seu posto de trabalho, como, cumpria
corretamente sua jornada de trabalho, não faltava e agia com subordinação.

Ora, Excelência!

Em momento algum a reclamada logrou êxito em demonstrar a prática de qualquer infração


grave apta a justificar a aplicação da pena máxima da “justa causa”, as quais estão elencadas
no art. 482, da CLT:
a) ato de improbidade;
b) incontinência de conduta ou mau procedimento;
c) negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do
empregador, e quando constituir ato de concorrência à empresa para a qual
trabalha o empregado, ou for prejudicial ao serviço;
d) condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não tenha
havido suspensão da execução da pena;
e) desídia no desempenho das respectivas funções;
f) embriaguez habitual ou em serviço;
g) violação de segredo da empresa;
h) ato de indisciplina ou de insubordinação;
i) abandono de emprego;
j) ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer
pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de legítima
defesa, própria ou de outrem;
k) ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas praticadas contra o
empregador e superiores hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa,
própria ou de outrem;
l) prática constante de jogos de azar.
m) perda da habilitação ou dos requisitos estabelecidos em lei para o
exercício da profissão, em decorrência de conduta dolosa do empregado.
Parágrafo único - Constitui igualmente justa causa para dispensa de
empregado a prática, devidamente comprovada em inquérito administrativo,
de atos atentatórios à segurança nacional.

Logo, não podem ser consideradas a qual foi a motivação para a justa causa. Isso porque, a
justa causa representa punição extrema ao empregado que é privado de praticamente todos os
direitos resultantes da dispensa. O rigor excessivo no tratamento para com o empregado é
AFASTADO pelo ordenamento jurídico, conforme abaixo:
Acórdão - Processo 0350200-12.2005.5.04.0232 (RO)Redator:
MARIACRISTINA SCHAAN FERREIRA Data: 28/06/2007 Origem: 2ª
Vara do Trabalho de Gravataí
“EMENTA: DESPEDIDA POR JUSTA CAUSA. É ônus da empregadora
comprovar que o empregado cometeu a falta grave alegada, por ele negada.
Não tendo produzido provas neste sentido, é irreformável a decisão que
converteu a despedida por justa causa em despedida injusta, condenando-a
em verbas rescisórias”.(...) (Grifou-se).

Acórdão - Processo 0143600-92.2009.5.04.0401 (RO)Redator: IRIS


LIMADE MORAES
Data: 30/01/2013 Origem: 1ª Vara do Trabalho de Caxias do Sul
“DESPEDIDA POR JUSTA CAUSA. A despedida por justa causa constitui
a pena mais grave que pode ser aplicada ao empregado, exige robusta
comprovação em juízo acerca do ato faltoso, quanto à sua materialidade e
autoria, cujo ônus recai sobre o empregador que o alega. Não tendo a
reclamada comprovado a prática do alegado ato de desídia pelo empregado,
a justificar a sua despedida motivada, impõe-se o reconhecimento da
despedida sem justa causa”.(...)
(Grifou-se).

Assim, inexistindo motivação à mesma, há que se ter a rescisão como sem justa causa. Logo,
requer-se desde já a anulação da rescisão por justa causa, nos termos do artigo 9º da CLT,
condenando-se a Reclamada ao pagamento do aviso prévio, 13º salário proporcional, férias
proporcionais e multa de 40% do FGTS incidente sobre os depósitos havidos bem como
liberação dos mesmos e entrega das respectivas guias, como também as guias do seguro
desemprego ou a sua indenização pelos prejuízos que causou ao Reclamante.

VI. DO MERITO

1) Revisão da Dispensa por Justa Causa em Dispensa sem Justa Causa e Verbas
Rescisórias

O reclamante, no momento da assinatura do termo de rescisão do contrato de trabalho, foi


surpreendido pela demissão por justa causa, sob a alegação de ter cometido falta grave,
capitulada no Art. 482, h, da CLT, insubordinação. A surpresa se deu, pois durante a relação
empregatícia sempre exerceu sua função com zelo, jamais provocando qualquer ato que
desabonasse sua pessoa ou atividade laborativa.
Observo que o ato de insubordinação consiste em descumprimento a ordem especifica
dirigida a pessoa do empregado, implicando na violação ao dever de obediência.
A rescisão contratual, que se deu por justa causa, foi arbitrária, dado que desprovida de
relevante justificativa e sem qualquer fundamentação legal. Na verdade, a dispensa do
Reclamante pela alegação de justo motivo, foi planejada pela empresa Reclamada com o
único propósito de ser ver livre dos encargos trabalhistas que a dispensa sem justa causa
acarretaria, tais como: aviso prévio, 13º salário e férias proporcionais, multa de 40% sobre o
saldo do FGTS, liberação das guias de seguro desemprego. Essa atitude arbitrária e ilícita
deixou o reclamante totalmente desamparado financeiramente: primeiro, porque não recebeu
integralmente as verbas rescisórias; segundo, porque lhe obstou de receber o seguro-
desemprego; terceiro, vedou-lhe de levantar o saldo existente do FGTS, a fim de amenizar as
despesas corriqueiras do ser humano, tais como alimentação, despesas médicas, água, luz,
medicamentos, etc.
Na realidade é a reclamada quem não vinha cumprindo o contrato de trabalho, como adiante
se demonstrará, através do descumprimento de horário de descanso e remuneração de mais
50% em feriado e Domingos. Ora, pois, o reclamante foi despedido imotivadamente e sem
pré-aviso em18/02/2013, sem pagamento das verbas rescisórias a que faz jus, não sendo
observado o prazo estabelecido no § 6ºdo art. 477da CLT, pelo que se torna devida a multa
prevista no § 8º do mesmo artigo consolidado.

2) Enquadramento do Trabalhador

Não há que se falar, que a existência do vínculo empregatício é inexistente, haja vista que a
CNTPS está devidamente anotada, assim como, os recibos de pagamento de todo o pacto
laboral. Observo que o trabalho empenhado pelo reclamante é enquadrado como trabalhador
doméstico, conforme Lei Complementar 150, de Julho de 2015.
Art. 1o Ao empregado doméstico, assim considerado aquele que presta
serviços de forma contínua, subordinada, onerosa e pessoal e de finalidade
não lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito residencial destas, por mais de
2 (dois) dias por semana, aplica-se o disposto nesta Lei.

3) Da Jornada de Trabalho 12x36

Jornada existente em diversas atividades profissionais, e, cuja a qual, é justamente o regime de


contratação da lide em questão, devido a sua peculiaridade.
Relembrando o exposto anteriormente, nos dois primeiros anos de trabalho recebia o valor de R$
120,00 (cento e vinte reais) por cada plantão de 12 (doze) horas realizado. No período restante
a quantia ajustada foi de R$ 150,00 (cento e cinquenta reais). Todavia, quando o plantão
coincidia com domingos ou feriados, não havia remuneração diferenciada ou folga
compensatória.

4) Trabalho aos Domingos e Feriados, e intervalos

No que se trata o labor nos domingos e feriados, a lei 605/49 dispõe da seguinte forma:
“Art. 1º Todo empregado tem direito ao repouso semanal remunerado de
vinte e quatro horas consecutivas, preferentemente aos domingos e, nos
limites das exigências técnicas das empresas, nos feriados civis e religiosos,
de acordo com a tradição local.”

O Tribunal Superior do Trabalho (TST) firmou entendimento, diante desta previsão


constitucional, de que a flexibilização da jornada de trabalho, na hipótese do regime 12x36, é
possível desde que ocorra por meio de Acordo ou Convenção Coletiva de Trabalho. Veja o
disposto na Súmula n. 444:
Súmula nº 444 do TST JORNADA DE TRABALHO. NORMACOLETIVA.
LEI. ESCALA DE 12 POR 36. VALIDADE. - Res. 185/2012, DEJT
divulgado em 25, 26 e 27.09.2012 - republicada em decorrência do despacho
proferido no processo TSTPA-504.280/2012.2 - DEJT divulgado
em26.11.2012. É valida, em caráter excepcional, a jornada de doze horas de
trabalho por trinta e seis de descanso, prevista em lei ou ajustada
exclusivamente mediante acordo coletivo de trabalho ou convenção coletiva
de trabalho, assegurada a remuneração em dobro dos feriados trabalhados. O
empregado não tem direito ao pagamento de adicional referente ao labor
prestado na décima primeira e décima segunda horas.

Na hipótese do regime 12x36, laborada por diversas profissões devido a sua particularidade e
necessidade, é natural que diversos dias de trabalho, coincidam com domingos e feriados.
Para tanto, o empregador deverá conceder ao empregado 1 hora para descanso e refeição. Se
não concedida. Deve ser indenizada como hora extra, devendo ser acrescida 50% sobre o
valor da hora de trabalho, conforme descrito a seguir

Vale destacar que o art. 7º, inciso XIII, da Constituição Federal de 1988 (CF/88) dispõe:
“Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social: [...]XVI - remuneração do serviço
extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do normal;”

Nos demais casos a remuneração não podem ser inferior a 25% da hora normal, e desde que o
trabalho não exceda as 12 (doze) horas diárias (Artigo 61 § 1º da CLT).
Diante ao exposto o reclamante tem direito a horas extras, devido a redução do período de
descanso em 50% a cada dia trabalhado.
Respaldado inclusive no art.71 da CLT:
“Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6 (seis) horas, é
obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação, o qual
será, no mínimo, de 1 (uma) hora e, salvo acordo escrito ou contrato coletivo
em contrário, não poderá exceder de 2 (duas) horas.
§ 1º - Não excedendo de 6 (seis) horas o trabalho, será, entretanto,
obrigatório um intervalo de 15 (quinze) minutos quando a duração
ultrapassar 4 (quatro) horas.[...] § 4o A não concessão ou a concessão parcial
do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados
urbanos e rurais, implica o pagamento, de natureza indenizatória, apenas do
período suprimido, com acréscimo de 50% (cinquenta por cento) sobre o
valor da remuneração da hora normal de trabalho. (Redação dada pela Lei nº
13.467, de 2017) (Vigência)”

Com relação ao exposto acima no que se refere a Lei 605/49, Sumula n. 444, para o labor aos
domingos e feriados e intervalo legal previsto no art. 71, da CLT, a que todo trabalhador faz
jus e Lei Complementar n. 150/15 traz previsão similar em seu art. 13, deve-se observar a
jornada do reclamante em contrapartida ao período autorizado para seu almoço e descanso,
fazendo jus ao recebimento dos acréscimos de 100% da remuneração em caráter rescisório
para os dias trabalhados que coincidiram aos domingos e feriados e 50% do valor da hora de
trabalhos sobre a redução da intrajornada.

V. DAS VERBAS RESCISÓRIAS

A reclamada não pagou integralmente as verbas rescisórias devidas ao reclamante, em razão


da suposta "despedida por justa causa". Logo, em sendo revertido para despedida sem justa
causa – o que se espera e confia - , requer desde já o pagamento das seguintes verbas
trabalhistas: diferenças salariais (que inclusive devem ser pagas em primeira audiência sob
pena de dobra); aviso prévio integrando e projetando o tempo de serviço para todos os fins;
décimo terceiro salário proporcional; férias proporcionais acrescidas de1/3 legal; FGTS sobre
aviso prévio, 13º; Salário proporcional, férias proporcionais e demais parcelas; multa de 40%
sobre todo o FGTS; 1/12 de férias e 13º salário. Quanto ao aviso prévio, tem-se que como a
despedida por justa causa sofrida pelo Reclamante é nula, este é devido ao mesmo, e seu
computo no tempo de trabalho para todos os fins de direito. Isso porque o aviso prévio,
mesmo indenizado, projeta o tempo de serviço do reclamante para mais um mês e diante disso
faz jus em receber mais 1/12 de férias e 13º salário.
IV. DO SEGURO DESEMPREGO

A não entrega das respectivas guias do seguro desemprego foi motivada pelo ato unilateral
da reclamada. Uma vez descaracterizada a justa causa, são devidas ao reclamante tais guias e
em sendo isto impossível, o correspondente pagamento de indenização do respectivo valor de
cada parcela pelo montante do conjunto remuneratório devido inclusive face os pleitos da
presente.

V. DA MULTA DO ART. 477 DA CLT

Além de não ter computado todas as parcelas devidas ao reclamante por ocasião da rescisão
do contrato de trabalho, a empresa reclamada tentou burlar a despedida do reclamante
invocando a justa causa. Assim, tendo em vista que a despedida se deu sem justa causa,
ultrapassado está o prazo para pagamento das verbas rescisórias, vencidas em18.02.2013.
Portanto, o pagamento integral das verbas rescisórias deveria ter sido efetuado até o dia
18.02.2013, ou seja, não houve o pagamento no prazo determinado na legislação. E, por não
ter efetuado o pagamento da totalidade das verbas rescisórias no prazo estabelecido no art.
477, parágrafo 6º, alínea b, da CLT, requer desde já, a condenação da reclamada no
pagamento da multa prevista no parágrafo 8º da mesma Lei, no valor da maior remuneração
do reclamante.
“Art. 477. Na extinção do contrato de trabalho, o empregador deverá
proceder à anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social,
comunicar a dispensa aos órgãos competentes e realizar o pagamento
das verbas rescisórias no prazo e na forma estabelecidos neste artigo.
(Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
§ 6o A entrega ao empregado de documentos que comprovem a
comunicação da extinção contratual aos órgãos competentes bem
como o pagamento dos valores constantes do instrumento de rescisão
ou recibo de quitação deverão ser efetuados até dez dias contados a
partir do término do contrato. (Redação dada pela Lei nº 13.467, de
2017) [...]
§ 8º - A inobservância do disposto no § 6º deste artigo sujeitará o
infrator à multa de 160 BTN, por trabalhador, bem assim ao
pagamento da multa a favor do empregado, em valor equivalente ao
seu salário, devidamente corrigido pelo índice de variação do BTN,
salvo quando, comprovadamente, o trabalhador der causa à mora.
(Incluído pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
VI. DA DOBRA DO ART. 467 DA CLT
Os salários, horas extras, décimos terceiros salários, férias e demais verbas,
indubitavelmente, são salários em sentido amplo e incontroverso, razão pela qual, deverão ser
pagos em primeira audiência sob pena de dobra, conforme determina o art. 467 do referido
diploma legal.
“Art. 467. Em caso de rescisão de contrato de trabalho, havendo
controvérsia sobre o montante das verbas rescisórias, o empregador é
obrigado a pagar ao trabalhador, à data do comparecimento à Justiça do
Trabalho, a parte incontroversa dessas verbas, sob pena de pagá-las
acrescidas de cinquenta por cento". (Redação dada pela Lei nº 10.272, de
5.9.2001)”

VII. DA INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL

Quando a imputação da justa causa for má aplicada, violando algum direito de sua
personalidade, há o dever de reparar moralmente o trabalhador.
Neste contexto para que haja a responsabilidade civil do empregador, faz necessário a
existência três requisitos: O dano, a culpa e o nexo de causalidade.
As anotações contidas na CNTPS, impedem, ou na melhor das hipóteses, dificultam que o
reclamante retorne ao mercado de trabalho, uma vez que tal anotação é vista com maus olhos,
podendo trazer insegurança a um possível futuro empregador. Causando-lhe grande
transtorno, uma vez que o reclamante precisa trabalhar para sobreviver.
Vale enfatizar que o fato de ser dispensado sem pagamento das verbas rescisórias, tem feito
com que o reclamante e sua família estejam a passar necessidades alimentares e privações,
uma vez que suas contas estão atrasadas. Ademais, além de macular sua imagem, sonega o
pagamento integral das parcelas rescisórias a que teria direito. Cabendo para fixação do
“quantum” indenizatório, ser considerado o valor do salário e o tempo de serviço, além da
gravidade dos fatos, a capacidade econômica da reclamada e o aspecto pedagógico da
punição.
O próprio ato arbitrário e ilícito da reclamada despedida sob a falsa alegação de justa causa,
colocando-o em situação vexatória.

VIII – Do ônus da prova

Conforme prevê o art.818, II da CLT, “Art. 818. O ônus da prova incumbe: (Redação dada
pela Lei nº 13.467, de 2017); I - ao reclamante, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
(Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017); II - ao reclamante, quanto à existência de fato
impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do reclamante. (Incluído pela Lei nº 13.467,
de 2017)”, cabe a reclamada a apontar e demonstrar toda a documentação e situação que
ensejou a dispensa por justa causa, em consonância ao art. 373, II do CPC, ” Art. 373. O ônus
da prova incumbe: II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou
extintivo do direito do autor.”
.

IX. DOS PEDIDOS


Diante do exposto, o reclamante REQUER a Vossa Excelência,
a) o benefício da gratuidade da justiça, uma vez que os requeridos não possuem
condições financeiras para custear o processo sem prejudicar o próprio sustento ou de
sua família, nos termos do art. 5º, LXXIV, art.98 e seguintes do CPC/15 e art. 790, §
4º da CLT;
b) a notificação da reclamada, para, querendo, comparecer à audiência e apresentar
defesa, sob pena de revelia e confissão ficta.
c) seja reconhecida e declarada a nulidade da despedida por justa causa, afim de retificá-
la para despedida sem justa causa;
d) a condenação da reclamada ao pagamento das diferenças salariais existentes no
período de 01/12/2012 à 06/02/2017, sem prejuízo dos reflexos, 13º. Salários, férias
com 1/3 legal e FGTS acrescido da multa de 40%;
e) a condenação da reclamada ao pagamento das diferenças existentes entre os valores
pagos e aqueles efetivamente devidos referentes às férias acrescidas de 1/3 legal e 13º.
Salários,
f) a liberação do FGTS depositado e pagamento da respectiva multa de 40%, bem como
o depósito do FGTS sobre todas as parcelas de natureza remuneratória pagas e devidas
ao reclamante, com multa proveniente da rescisão sem justa causa de 40%,
g) a condenação da reclamada ao pagamento das verbas rescisórias ao reclamante, sendo
esta constituída pelas diferenças salariais, saldo de salários, aviso prévio de 30 dias
(integrando e projetando o tempo de serviço para todos os fins), férias e 13º. Salário
proporcional, FGTS sobre o aviso prévio, além da multa de 40% sobre todo o saldo do
FGTS;
h) a condenação da reclamada ao pagamento das parcelas do Seguro Desemprego
correspondente ao maior salário recebido ou devido, integrado das horas extras e RSR;
FGTS mais multa de 40% sobre os títulos reivindicados;
i) a condenação da reclamada ao pagamento da multa do art. 477da CLT, devido ao não
pagamento da totalidade das verbas rescisórias dentro do prazo legal, no valor de uma
remuneração do reclamante;
j) a condenação da reclamada ao pagamento de todas as verbas que se caracterizam
como salário, em sentido amplo e incontroverso, já em primeira audiência sob pena de
dobra, conforme prevê o art. 467da CLT;
k) A TOTAL PROCEDÊNCIA da presente ação trabalhista, condenando a reclamada em
todo requerido, conforme for apurado em liquidação de sentença, tudo corrigido
monetariamente, acrescido de juros, custas e demais despesas;
l) A condenação da reclamada ao pagamento de honorários advocatícios sobre o valor
atualizado da condenação;
m) A condenação da reclamada ao pagamento de R$ 10.000,00 a titulo de danos morais,
devido a arbitrariedade imposta na dispensa por justa causa de forma ilícita.
n) a concessão ao reclamante dos benefícios da Assistência Judiciária Gratuita, tendo em
vista sua impossibilidade de arcar com as custas e despesas judiciais, sem prejuízo de
seu sustento e de sua família;
o) requer ainda seja a reclamada compelida a apresentar toda a documentação referente
ao contrato de trabalho do empregado, inclusive atestados médicos, recibos de
pagamentos mensais, controles de horários, sob as penas do art. 359, do CPC;
p) Por fim, protesta pela produção de todos os meios de provas em direito permitidos,
especialmente pelo depoimento pessoal do representante legal da empregadora, sob
pena de confissão ficta, oitiva de testemunhas, perícia, juntada e solicitação de outros
documentos e todas as demais medidas que necessitarem na forma do artigo 397do
CPC.

Atribui-se à causa o valor de R$ 50.000,00 nos termos em que,

pede deferimento.
Goiânia, 25 de julho de 2017
Advogado-OAB
Assinado digitalmente

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