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Prática de Ensino e Orientação de

Estágio Curricular Supervisionado em


LÍNGUA INGLESA
Material Teórico
O Papel da Língua Estrangeira – Língua Inglesa

Responsável pelo Conteúdo:


Profa. Ms. Sandra Regina F. Moreira

Revisão Textual:
Profa. Ms. Sílvia Albert
O Papel da Língua Estrangeira – Língua
Inglesa

• Introdução
• A Língua Inglesa no Contexto Atual
• As Habilidades Comunicativas na Educação Básica
• A Tecnologia e a Educação

·· Nesta unidade pretende-se que o aluno reflita sobre o papel dado à língua inglesa
nos ensinos fundamental, médio e na educação de jovens e adultos (EJA), considere
as possibilidades de inserção das quatro habilidades comunicativas nas aulas de
língua estrangeira e avalie o impacto das tecnologias em seu futuro fazer docente.

Nesta unidade comentaremos sobre o papel da língua estrangeira, em particular da


língua inglesa, nos ensinos fundamental, médio e de EJA, bem como a utilização das
habilidades comunicativas e o impacto das tecnologias dentro desse universo educacional.
Para obter um bom desempenho, você deve percorrer todos os espaços, materiais e
atividades disponibilizadas na unidade.
Comece seus estudos pela leitura do Conteúdo Teórico: nele você encontrará o material
principal de estudos na forma de texto escrito. Depois, assista à Apresentação Narrada e à
Videoaula que sintetizam e ampliam conceitos importantes sobre o tema da unidade.

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Unidade: O Papel da Língua Estrangeira – Língua Inglesa

Contextualização

Assista ao vídeo disponível no link abaixo:


https://www.youtube.com/watch?v=gNaDvAYC0Jw

Você gostaria de assistir a uma aula de inglês como a observada?


E sob o ponto de vista docente, você gostaria de apresentar sua aula de um modo inusitado?
Reflita sobre as demandas que nossa sociedade cada vez mais impõe sobre o fazer docente.
Trataremos desses assuntos nesta unidade.

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Introdução
Daqui a muito pouco tempo, você estará ingressando em uma sala de aula para conduzir
as atividades pedagógicas em língua inglesa e, além do conhecimento específico da disciplina,
terá que articular a seleção e a organização dos conteúdos, não é mesmo?
A disciplina de Prática de Ensino e Orientação Curricular de Estágio em Língua Inglesa tem,
portanto, a função de auxiliá-lo na realização dessas tarefas que, conforme você verá, precisam
ser pensadas antecipadamente, ainda que possam ser remodeladas a qualquer momento do
fazer pedagógico.
Desse modo, nesta unidade, iremos inicialmente refletir a respeito do papel da língua inglesa
no contexto educacional atual para, a seguir, delinear as possibilidades e limites para o
desenvolvimento das habilidades comunicativas nas salas de aula dos ensinos fundamental,
médio e de educação de jovens e adultos (EJA). Finalmente, associaremos nossas reflexões ao
crescente uso da tecnologia em salas de aula, fato que tanto pode ajudar-nos grandemente,
quanto tornar-se um inimigo implacável.

A Língua Inglesa no Contexto Atual

A tarefa docente em língua inglesa nas escolas


da educação básica, tanto na rede pública, quanto
na privada, é marcada por uma contradição inicial:
por um lado muitos docentes se sentem atraídos
para o trabalho com a língua estrangeira porque
há, no geral, mais vagas para essa disciplina do que
para a língua portuguesa e, além disso, há menos
cobranças quanto a resultados, já que o peso dado
a disciplina de língua inglesa no currículo escolar é
muito menor. Por outro lado, as mesmas ‘vantagens’
apresentadas podem transformar-se fatores de
risco, pois o professor de língua estrangeira pode se
sentir desvalorizado em relação aos demais colegas
e, somado a isso, os próprios alunos muitas vezes
não percebem a importância da disciplina para sua
Fonte: iStock / Getty Images formação educacional.

Não é incomum ouvirmos comentários como:

»» “Para que ensinar uma língua estrangeira se eles (os alunos) não sabem nem sua própria língua?”
»» “Já que eles (os alunos) não terão oportunidades de se comunicar em língua inglesa em suas
vidas cotidianas, para que ensiná-la na escola?”
»» “Como é possível ensinar um idioma estrangeiro em salas de aula tão lotadas e com uma
carga horária tão reduzida?

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Unidade: O Papel da Língua Estrangeira – Língua Inglesa

Não podemos, de forma nenhuma, ignorar a presença de muitos obstáculos ao ensino de


uma língua estrangeira, na atualidade. Contudo, se pretendemos abraçar a carreira educacional,
também devemos estar dispostos a encontrar meios para minimizar as dificuldades e encontrar
modos de tornar nossa prática efetivamente significativa, tanto para nossos alunos, quanto
para nós mesmos.
O primeiro passo é valorizarmos nossa escolha profissional: escolhemos a carreira docente
porque sabemos de sua importância na formação de outros indivíduos e, no caso específico da
língua inglesa, conhecemos sua importância nas relações interpessoais em uma sociedade
globalizada como a nossa.
Exemplo disso é o avanço da tecnologia nos últimos anos, que trouxe um universo de
informações ao alcance de nossos dedos, contudo, nem sempre esse acesso é acompanhado
da habilidade para se selecionar o que é realmente útil, dentre tantas informações a nós
disponibilizadas. Se isso é verdadeiro no universo de falantes da língua portuguesa, imagine o
que acontece no mundo das comunicações em inglês.

Assim, comunicar-se em língua inglesa abrange


não apenas o reconhecimento de sons, vocabulário
e expressões, mas o acesso a um mundo cultural
em constante desenvolvimento. Além disso, a
comunidade falante de inglês na atualidade é
composta não apenas pelos falantes nativos do
inglês, mas principalmente por pessoas como eu e
você, que aprenderam ou adquiriram o inglês como
uma segunda língua e que fazem uso dela para
interagirem com outros falantes ao redor do mundo.

É por isso que linguistas como David Crystal


já falam há algum tempo do Globenglish, uma
Fonte: iStock / Getty Images
variante linguística do inglês que é utilizada por
pessoas de várias nacionalidades ao redor do mundo e que não têm o inglês como língua-
mãe. O autor acredita que essa variante, possivelmente, e dentro de pouco tempo, será
mais utilizada do que as variantes nativas.

Acesse a página do linguista David Crystal e leia mais informações sobre esse
e outros tópicos interessantes sobre a língua inglesa! Para isso acesso o link:
»» http://www.davidcrystal.com/

Outro aspecto importante é destacado por alguns estudiosos quando se comenta que,
diferentemente do que se supunha há alguns anos atrás, não se busca mais o conhecimento
do inglês como um meio para se progredir profissionalmente, como se o inglês fosse um fator
de ascensão social.

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Note que essa é uma concepção que esconde uma visão desigual entre o português e
o inglês, definindo o idioma estrangeiro como ‘melhor’ do que nosso próprio idioma.

Assim, conhecer o idioma estrangeiro é conhecer os aspectos socioculturais e históricos no


qual ele se insere e, ao fazer esse movimento, contrastamos esses dados com a nossa própria
história. As semelhanças e diferenças observadas não devem nos levar ao estabelecimento de
rankings nos quais os idiomas sejam organizados entre ‘melhores’ ou ‘piores’. Na verdade, são
apenas diferentes e, dentro dos contextos nos quais se inserem, completamente eficazes para
realizar a comunicação entre seus falantes. Isso leva à valorização de nosso próprio idioma e
ao contexto sociocultural e histórico ao qual ele pertence.
Observe assim que, se ingressarmos em nossas salas de aula de língua inglesa convictos do
papel que nossa disciplina realiza, seremos capazes de contagiar boa parte de nossos alunos.
Finalmente, uma questão que não pode ser esquecida ao definirmos o papel da língua
inglesa na educação básica é a reavaliação das metas ou objetivos que temos para a disciplina:
esperamos que nossos alunos reconheçam os tempos verbais, saibam construir sentenças
gramaticalmente organizadas e identifiquem frases proferidas por falantes nativos com certa
facilidade ou pretendemos que eles façam uso da língua inglesa, tanto oral quanto escrita, para
se comunicarem com outros falantes da língua inglesa, quer nativos ou não, em contextos
variados, ainda que não totalmente em acordo com a chamada norma culta do idioma?

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Certamente o modo como respondermos a esses questionamentos corresponderá a nossas


próprias concepções de ensino-aprendizagem.
Há respostas fáceis e prontas?
Certamente não!
Lembre-se: a reflexão nem sempre traz respostas, ao contrário, muitas vezes, ela cria
outras dúvidas, além das inicialmente apresentadas.
Com todas essas inquietações em mente, passemos para o segundo tópico desta unidade:
as possibilidades e limites para o desenvolvimento das habilidades comunicativas nas salas de
aula dos ensinos fundamental, médio e de educação de jovens e adultos (EJA).
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Unidade: O Papel da Língua Estrangeira – Língua Inglesa

As Habilidades Comunicativas na Educação Básica

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Você já deve ter ouvido a respeito das quatro habilidades que constituem a comunicação:
a leitura, a escrita, a audição e a fala; em inglês temos: reading, writing, listening and
speaking. Pois bem, por muito tempo, sucederam-se metodologias de ensino com o objetivo
de apresentar uma forma eficaz de ensinar línguas estrangeiras aos indivíduos e, nessas
propostas, em geral priorizavam-se uma ou mais habilidades em relação às demais.
Uma das abordagens mais antigas, a Abordagem da Gramática-Tradução, por exemplo,
tinha por objetivo principal formar tradutores, ou seja, pessoas que pudessem ler e traduzir
textos clássicos para outros idiomas, assim, priorizava-se a leitura e a escrita. Por outro lado,
a Abordagem Direta ou o Audiolinguismo, prioriza a oralidade, ainda que com objetivos e
metodologias distintas.
Atualmente, vivemos a era do pós-método, ou seja, o reconhecimento de que as fórmulas
mágicas só existem na ficção e que não é possível se substituir o papel docente na identificação
e seleção dos aspectos metodológicos mais eficazes para nossa realidade educacional.

Precisa relembrar as metodologias de ensino de língua inglesa, ou quer saber


mais a respeito do pós-método?
http://www.leffa.pro.br/textos/trabalhos/ens_ling_pas_pres_futuro.pdf

Assim, ao invés de criarem-se métodos a partir da observação das falhas dos anteriores,
busca-se, hoje em dia, extrair de cada um dos já existentes os aspectos mais úteis e interessantes
para as necessidades de nossos alunos e, fortuitamente, é o professor quem precisa realizar
essa tarefa. Isso, apesar de criar atribuições árduas ao docente também garante a existência
de nossa profissão e protela nossa substituição por aplicativos computacionais, por exemplo.

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Considerando todas essas informações, uma preocupação constante dos docentes de línguas
estrangeiras refere-se a quais habilidades utilizar em suas salas de aulas, em geral superlotadas,
com alunos muitas vezes desinteressados e com níveis de proficiência bastante distintos.

Se essa é uma realidade nos ensinos regulares, na EJA (Educação de Jovens e Adultos) os
contrastes são ainda mais marcantes e preocupantes, uma vez que na mesma sala de aula
podem estar presentes indivíduos de diversas faixas etárias, oriundos de grupos sociais ainda
mais variados e que se assemelham apenas por não terem concluído seus estudos dentro do
período regular.

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Por essa razão, documentos oficiais como os PCN-LE (Parâmetros Curriculares Nacionais
para Línguas Estrangeiras), além de vários pesquisadores, acabam defendendo a priorização
da habilidade leitora, por considerá-la realizável no contexto de nossas salas de aula regulares.

Em síntese
PCN-LE - Os Parâmetros Curriculares Nacionais para Línguas Estrangeiras foram
publicados em 1998 pelo Governo Federal para estabelecer algumas referências
que pudessem nortear os rumos dados à educação nas quatro séries finais do Ensino
Fundamental (da 5ª Série a 8ª Série, ou do 6º Ano ao 9º Ano, na nomenclatura
utilizada por alguns estados). Eles trazem uma série de reflexões sobre a diversidade
cultural que marca nosso país e sobre o que se espera da educação em geral, e, em
particular, o papel e objetivos do ensino de língua estrangeira.
Para conhecer esse importante documento, acesse:
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/pcn_estrangeira.pdf

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Unidade: O Papel da Língua Estrangeira – Língua Inglesa

Leia, a seguir, os comentários extraídos dos PCN-LE:

No Brasil, tomando-se como exceção o caso do espanhol, principalmente nos


contextos das fronteiras nacionais, e o de algumas línguas nos espaços das
comunidades de imigrantes (polonês, alemão, italiano etc.) e de grupos nativos,
somente uma pequena parcela da população tem a oportunidade de usar
línguas estrangeiras como instrumento de comunicação oral, dentro ou fora do
país. Mesmo nos grandes centros, o número de pessoas que utilizam o
conhecimento das habilidades orais de uma língua estrangeira em situação de
trabalho é relativamente pequeno. [...] Portanto, a leitura atende, por um lado,
às necessidades da educação formal, e, por outro, é a habilidade que o aluno
pode usar em seu contexto social imediato.

(BRASIL, 1998, p.120).

Contudo, devemos levar em consideração que, a proposta de um ensino globalizante, que


busca mais do que apresentar estruturas gramaticais e lexicais descontextualizadas, também
envolve a utilização das várias habilidades. Essa proposta pode, inclusive, servir de estímulo
para a valorização da língua estrangeira no contexto educacional, bem como motivar os alunos
ao aprendizado e o professor em sua prática docente.
Para realizar a tarefa de inserção das habilidades
orais nas salas de aula regulares, devemos nos
conscientizar, inicialmente, das peculiaridades que
iremos enfrentar: carga-horária reduzida, grande
número de alunos por sala e diversidade de níveis de
conhecimento em língua estrangeira.
Ao realizarmos essa análise podemos
estabelecer nossos objetivos de forma realista, sem,
contudo, desconsiderar os limites que o contexto
educacional atual nos impõe. Em consequência,
compreenderemos que o ensino de língua inglesa na
educação fundamental não pode seguir os mesmos
modelos e expectativas que se tem em um curso livre
Fonte: iStock / Getty Images de idiomas.

Ainda assim, a comunicação oral pode ser inserida em doses homeopáticas durante nosso
fazer docente. Veja a citação seguinte:

Acredito que, mesmo em uma aula dedicada à leitura de textos, a


professora pode fazer perguntas em inglês. A professora pode usar
seu inglês para cumprimentar a turma, dar instruções e orientações.
Os alunos poderiam optar por responder em português ou em inglês.
Ouvindo inglês, aos poucos, os discentes vão ganhar coragem para
perguntar e comentar nessa língua. Como metodologia de ensino, ouvir
inglês e ter a chance de “se aventurar” em inglês são procedentes, pois
o professor não estaria “sonegando” ocasiões e oportunidades para o

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desenvolvimento da compreensão auditiva e da fala. Daí se vê que as
habilidades de compreensão e da fala estariam presentes, mesmo numa
aula cujo foco central é a leitura de textos em inglês.
(SCHMITZ, 2009, p.17)

É importante destacar nesse tópico, contudo, que, para inserir efetivamente a produção
oral em sala de aula o docente precisa ser um falante eficiente em língua estrangeira. Ainda
que sempre possamos utilizar diversos recursos de áudio como Cds, filmes ou vídeos, nenhum
deles poderá ser utilizado como a única fonte de contato oral com a língua estrangeira. A
interação real em língua inglesa com o professor, ainda que esse não seja um falante nativo do
idioma, é um fator determinante para o engajamento dos alunos nas atividades orais.

Conforme comenta Schmitz:

Se o profissional de língua estrangeira não fizer uso do idioma na sala de aula,


ele estará abrindo mão da qualificação que mais o caracteriza e que o distingue
de professores de outras matérias: a sua condição de ser bilíngue, de poder
transitar entre duas culturas, a materna e a estrangeira. O que nós esperamos
de um professor de inglês, espanhol ou japonês? Que ele fale o referido idioma
estrangeiro e tenha uma competência profissional na metodologia de ensino
de língua estrangeira.
(SCHMITZ, 2009, p.17)

Finalmente, antes de encerrarmos esse item, é importante destacar que mesmo nos
documentos oficiais como os PCN-LE e as OCEM (Orientações Curriculares para o Ensino
Médio), nos quais se enfatiza a habilidade leitora, considerações e sugestões sobre o trabalho
com as habilidades orais também são registradas.

Em síntese
OCEM - As Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (OCEM)
foram publicadas em 2006 pelo Governo Federal e são a versão mais moderna
dos antigos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Essa nova
versão sintetiza os objetivos da educação para o Ensino Médio, a importância do
preparo do aluno para o mundo trabalho, a diversidade cultural e, principalmente,
destaca a importância cada vez maior da tecnologia na educação.

Para conhecer mais esse documento, acesse:


http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/book_volume_01_internet.pdf

Desse modo, uma nova reflexão que é apresentada aqui, diz respeito às demandas ou
qualificações que cada vez mais são exigidas dos docentes que trabalham com línguas estrangeiras
para atuarem de forma eficiente nesse contexto educacional em que há a presença, ainda que
desigual, das quatro habilidades comunicativas.
Outra demanda, não menos importante, é a que diz respeito à presença, cada vez mais
marcante, da tecnologia no universo educacional.

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Unidade: O Papel da Língua Estrangeira – Língua Inglesa

A Tecnologia e a Educação

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Já houve um período em que podíamos escolher dentre diversas modalidades de ensino


efetivamente distintas: quando optávamos pelo ensino presencial, todas as interações eram
realizadas em sala de aula; caso nossa escolha incidisse por alguma modalidade não presencial,
as atividades eram ofertadas à distância. Atualmente, além da ampliação das modalidades de
oferta: presencial, semipresencial e à distância, observamos a inserção da tecnologia nas mais
variadas esferas da vida cotidiana: aplicativos substituem mapas, agendas, livros, bancos etc.
Tudo isso fez com que as fronteiras entre o virtual e o real se diluíssem, a ponto de hoje em
dia, não conseguirmos estabelecer com precisão os limites de cada um.
De forma análoga, há algumas décadas atrás, a preocupação dos professores era a de que
seus alunos não se distraíssem com aparelhos portáteis de rádio, mp3, ou telefones celulares.
Atualmente, os smartphones estão presentes em todas as salas de aula.
Portanto, a questão que surge não é mais se concordamos ou não com o uso da tecnologia
em sala de aula, mas de que modo podemos utilizar as ferramentas tecnológicas a nosso favor.
Deixar de levar o impacto tecnológico em consideração, quando definimos nossas estratégias
de ensino, é tentar conter o oceano com as mãos, ou seja, ou transformamos os recursos
tecnológicos em ferramentas pedagógicas, ou sua influência será um fator determinante para
a falta de interesse e de estímulo em nossas aulas.
Tratando das diferentes formas de exclusão educacional, as Orientações Curriculares para
o Ensino Médio (OCEMs) comentam:

Entendemos que a proposta de inclusão digital remete à necessidade da


“alfabetização” dessa nova linguagem tecnológica e de suprimentos, como
computadores e banda larga para a navegação na Internet. Requer, pois,
preparação. Salientamos, porém, que um projeto de inclusão poderá

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aumentar o sentimento de exclusão se considerar o usuário apenas
como consumidor dessa linguagem em vez de lhe abrir oportunidade
de compreensão do seu papel também de produtor dessa linguagem.
A visão limitadora de “alfabetização” (a que considera o usuário apenas
como consumidor da linguagem) deve-se a uma compreensão antiga, ou
seja, àquela que vê a linguagem fora de seu contexto significativo.
(BRASIL, 2006, p.95)

Quando as OCEMs foram publicadas, em 2006, ainda não estávamos vivendo ‘sob o
domínio dos smartphones’, contudo, os comentários apresentados, que eram válidos para
aquela época, tornam-se muito mais importantes agora, conforme veremos a seguir.

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Primeiramente, o documento discute que a inclusão digital não deve se restringir ao


fornecimento de recursos tecnológicos de ponta, mas que o acesso aos equipamentos precisa
estar acompanhado de estratégias que transformem os usuários de simples consumidores das
novas linguagens a efetivos sujeitos-produtores dentro nesse novo contexto comunicativo. De
outra forma, continuará a existir exclusão digital.

O que as OCEMs querem dizer com isso?

Pretendemos esclarecer esse tópico a partir de exemplos extraídos do cotidiano da maioria


dos brasileiros.

Atualmente, conforme já comentamos, os recursos tecnológicos encontram-se em toda


parte. Ainda que se discuta a qualidade dos serviços, as ferramentas estão cada vez mais
disponíveis. Contudo, na maioria das vezes, os indivíduos acabam por usufruir ou muito pouco
ou a pior parte dos recursos à sua disposição.

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Unidade: O Papel da Língua Estrangeira – Língua Inglesa

Fonte: iStock / Getty Images

Por exemplo, sabemos que os últimos anos foram marcados pelo crescimento astronômico
das redes sociais e comunidades virtuais, não é mesmo? Contudo, quais os recursos mais
utilizados nesses ambientes? Em geral, a postagem de fotos pessoais e comentários que beiram
o desabafo, que acabam não possuindo quase nenhuma relevância social. Certamente esses
ambientes também são utilizados para o estabelecimento de contatos e a divulgação de ideias
e informações importantes, não sendo esses, infelizmente, seus usos mais populares.

Outro exemplo relacionado à falta de habilidade na utilização dos recursos digitais diz
respeito às pesquisas acadêmicas.

Ainda que atualmente qualquer informação sobre qualquer assunto, em qualquer idioma,
esteja acessível ao toque dos dedos, percebemos que as pessoas, em geral, não sabem como
pesquisar e organizar as informações. O excesso de dados acaba por confundi-las, o que faz com
que, em geral, os indivíduos apenas copiem informações descontextualizadas e desconectadas.

Desse modo, o acesso às ferramentas não tem garantido a efetiva utilização delas; como
apontado nas OCEMs, acabamos por ser apenas consumidores das novas linguagens, sem
atuarmos como produtores eficientes dentro delas.

Chegamos assim ao papel da escola, e, por conseguinte, do professor, ao fazer uso dos
recursos tecnológicos que invadem os espaços educacionais: o de orientar os alunos na sua
utilização para que possam produzir conhecimentos nas novas ferramentas.

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Para que isso aconteça, alguns passos são necessários:

Primeiramente, o professor precisa conhecer, saber utilizar e reconhecer a importância da


tecnologia na divulgação de informações e conhecimentos. Vivemos num momento em que
algumas ideias e conceitos não poderão mais ser retomados, pelo menos não da mesma forma
que surgiram há anos atrás. Assim, ainda que alguns tenham uma visão saudosista de um outro
tipo de escola, todos precisaremos nos atualizar e nos adequar às novas demandas sociais,
sendo, uma delas a utilização efetiva dos recursos tecnológicos e suas linguagens.

Outro passo importante é o de reavaliar a presença desses recursos na sala de aula de


modo que eles possam contribuir com o fazer docente. Muitos se sentem incomodados com
o clicar, ou arrastar incessante nas telas dos smartphones, bem como com a contínua e real
possibilidade de que as aulas ou comentários sejam gravados. Entretanto, precisamos aprender
a lidar com isso de modo construtivo e não autoritário ou pela negação. Se esta é uma realidade
para a qual não há previsão de modificação, precisamos utilizar esses recursos a favor de nossa
prática docente.

Assim, desenvolver estratégias em que o uso efetivo das ferramentas tecnológicas em sala
de aula seja uma rotina pedagógica torna-se uma necessidade válida para os mais diversos
grupos de alunos, ou seja, desde os pré-adolescentes e adolescentes que constituem as turmas
dos ensinos fundamental e médio, até os grupos mais heterogêneos que frequentam as salas
de EJA (Educação de Jovens e Adultos).

Apresentar aos alunos dicionários online, aplicativos para exercitarem a pronúncia ou materiais
de consulta são recursos que podem estimular e desenvolver a curiosidade e a adesão dos alunos
à aula de língua inglesa. Autorizar que busquem respostas e as compartilhem com o grupo
também é uma excelente forma de praticar a interação, quem sabe, até em língua estrangeira.

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Unidade: O Papel da Língua Estrangeira – Língua Inglesa

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Certamente muitos outros comentários poderiam ser realizados, mas, conforme dito antes,
pretendemos muito mais suscitar discussões e reflexões do que apresentar respostas prontas.
Esperamos que ao discutirmos sobre o papel da língua inglesa no contexto atual, sobre a
utilização das abordagens comunicativas em sala de aula e sobre a tecnologia na educação,
tenhamos estimulado cada um de vocês para a reflexão sobre suas próprias concepções, seu
papel nesse contexto e os desafios que deverão ser encarados e vencidos. Afinal, temos uma
linda carreira à nossa frente.

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Material Complementar

Você pode acessar e fazer o download gratuito dos Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCNs-LE) e das Orientações Curriculares para o Ensino Médio (OCEMs) diretamente no site
do MEC, seguindo os links abaixo:

Livros:
Você pode acessar e fazer o download gratuito dos Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCNs-LE) e das Orientações Curriculares para o Ensino Médio (OCEMs) diretamente no
site do MEC, seguindo os links abaixo:
»» http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/pcn_estrangeira.pdf
»» http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/book_volume_01_internet.pdf

Caso queira revisar as metodologias de ensino de língua inglesa e conhecer um pouco mais
sobre o pós-método e as demandas que o futuro traz para o professor, leia o interessante
artigo do professor Vilson Leffa sobre o assunto. Acesse o link:
»» http://www.leffa.pro.br/textos/trabalhos/ens_ling_pas_pres_futuro.pdf

Sites:
Acesse a página do linguista David Crystal e leia diversos artigos sobre a língua inglesa.
O link é o que segue:
»» http://www.davidcrystal.com/

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Unidade: O Papel da Língua Estrangeira – Língua Inglesa

Referências

BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais:


terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: língua estrangeira / Secretaria de Educação
Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.

BRASIL, Secretaria de Educação Básica. Linguagens, códigos e suas tecnologias /


Secretaria de Educação Básica. Brasília: MEC/SEB, 2006. (Orientações Curriculares para
o Ensino Médio: volume 1)

LIMA, Diógenes C. (org.). Ensino e Aprendizagem de Língua Inglesa: conversas com


especialistas. São Paulo: Parábola Editorial, 2009. (Estratégias de Ensino, volume 11)

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Anotações

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