Disciplina: Evolução 4º Ano – Noturno Professor: Paulo Alfredo Data: 05/06/2020 Acadêmico (a): Natália Regina Nunes de Souza
Alfred Russel Wallace e o princípio de seleção natural
O presente artigo tem como objetivo discutir a falta de menção a Alfred Russel Wallace (1823-1913) no ensino médio, pois embora Darwin e Wallace tenham enviado suas informações à cerca do princípio de seleção natural, os livros didáticos citam apenas a contribuição de Darwin, o artigo mostra que analisando as duas propostas há alguns ensinamentos como a simultaneidade em relação as ideias de autores diferentes. O autor faz críticas a respeito de erros conceituais, históricos e a teoria da evolução biológica abordadas nos livros didáticos, especificamente sobre evolução, onde muitas vezes apenas dois naturalistas tem suas teorias mencionadas: Jean Baptiste Lamarck e Charles Darwin. Algumas das vezes, quando mencionado, Wallace é citado apenas como um naturalista que enviou seu ensaio à Darwin, o qual incentivou Darwin a publicar a Origem das espécies. Em 1858 Darwin e Wallace tiveram seus trabalhos publicados na Linnean Society, nos trabalhos os dois pesquisadores falaram sobre à luta pela sobrevivência, pois nem todos os organismos conseguem se adaptar aos desafios que o ambiente propõe, muitos organismos acabam morrendo, ou seja, o ambiente impõe um desafio: uma catástrofe natural ou uma doença por exemplo, um grupo de organismos consegue sobreviver e consequentemente conseguem se reproduzir. Wallace não usa o termo “seleção natural”, mas sua proposição é a mesma. Em 1831 Darwin iniciou sua viagem ao redor do mundo no Beagle, e ainda acreditava na teoria do fixismo, como a maior parte dos pesquisadores da época, mas durante a viagem encontrou fortes indícios de uma evolução. Ao retornam da viagem começou a investigar mecanismos naturais que possibilitavam a transformação das espécies. Darwin trabalhou nessa teoria de maneira reservada, apenas pessoas bem íntimas sabiam de sua existência, pois provavelmente tinha receio de receber críticas como as de Lamarck e Chambers. Em 1850, Darwin iniciou seus trabalhos com base em sua teoria e em 1858 completou um esboço de seu livro, mas recebeu uma carta de Wallace contendo suas teorias, pois enquanto Darwin estava a bordo do navio, Wallace coletava dados com o mesmo objetivo em viagens na América do Sul e no arquipélago Malaio, Darwin ficou assustado com a detalhada igualdade entre as ideias. Em 1859, Darwin publicou a primeira edição do Origem das espécies. Ele considerou a existência da evolução, deixando claro que a seleção natural não era o único meio de modificação das espécies, Darwin apresentou outros dois tipos de seleção: a seleção artificial sendo aquela feita pelo homem nos outros seres vivos e a seleção sexual, onde alguns indivíduos tinham vantagens sobre os outros indivíduos do mesmo sexo e espécie na reprodução. Segundo ele, a seleção sexual envolvia características que conferiam a outro animal macho superioridade (formas de ataque, defesa, beleza, coloração, habilidade de conseguir alimento para a fêmea). Embora Darwin e Wallace concordassem em alguns aspectos, existem também pontos onde eles divergiam, por exemplo ao contrário de Darwin, Wallace acreditava que a seleção sexual apresentada por Darwin só existia se houvesse uma luta e combate entre os machos que estavam interessados pela fêmea. Outro ponto a ser analisado é que para Wallace a seleção artificial ocorria de forma mais rápida, mas para Darwin esse processo ocorre ao longo de muitos anos. Wallace, de forma semelhante a Darwin se inspirou na obra de Malthus, muitos livros didáticos não citam esse detalhe, apenas mencionam que as ideais de Malthus foram de grande influência para Darwin para elaboração de sua teoria. Outro ponto que deve ser elucidado é que Darwin demorou para publicar suas ideias por conta da viagem ao redor do mundo que durou cerca de cinco anos e também porque procurou confirmá-las através de um alto número de evidências. Ao contrário de Wallace que não teve tanto tempo de viagem, coletas, e escreveu suas ideias de maneira mais rápida. O artigo também aborda a ideia de que há pontos importantes a serem discutidos em sala de aula, como por exemplo: dois pesquisadores de um mesmo país ou não chegaram a uma mesma visão, que envolve erros e acertos. Logo, o pensamento científico não é produzido por gênios, mas sim por seres humanos que podem ser inspirados pelo ambiente ao qual estão inseridos, sendo capazes de cometer erros e acertos. Deste modo, a ciência é sujeita a falhas. A teoria evolucionista de Darwin e Wallace encaravam forte resistência, pois muitas pessoas, mesmo aquelas que apresentavam ter bastante conhecimento, aceitavam a imutabilidade das espécies muitas vezes por conta de informações contidas na Bíblia, mais especificamente no livro de Genesis, que relata que Deus criou o universo e as espécies como elas são atualmente, já adaptadas ao ambiente, e criou o homem à sua semelhança (Carmo, 2006, pp. 5-6). Dessa forma, adicionar o estudo de Wallace juntamente com os estudos de Darwin no ensino de biologia pode trazer um debate sobre alguns pontos significativos a respeito da ciência.