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ANARQUISMO E MAÇONARIA (VER 2.

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"O ANARQUISMO"

Diretor :
ACAO DintTA
JOSÉ OITICICA
MENSARIO ANARQUISTA
Administrador: MANUEL PERES
ESTÁ À VENDA A
NOVA EDIÇÃO DO
INTERESSANTE LIVRO
DE KROPOTKIN.

PREÇO Cr$ 60,00


Redação : AV. ERASMO BRAGA, 227-5.» ANDAR — SALA 519

ANO VI — N.° 96 Rio de Janeiro, Novembro e Dezembro de 1954 Preço: Cr$ 1,00 CAIXA POSTAL 4.588 Pedidos a AÇAO DIRETA
lÈiaiajsEMSisMSMBHaiaiSEisisiasisisiaiâ
altura, deixemos de ilusões, os capi-
talistas, os senhores do regime, põem
o Parlamento de lado, e a força, com
todos os seus recursos de propaganda,
de coação e de repressão, começa a
atuar como já atuou em várias oca-
siões.
^iivKiveio Por EDGART RODRIGUES
Por SERAPHIM PORTO E o trabalhador ? Este, que vive
alheio aos seus próprios interesses., Depois do berreiro dos políticos e das E que temos, em grandes letras, nós
'.■^-'■"■^'fm^^. i>V ■^'í'■'í^>a^ 'Z^-^^í^'^' que não procura estudar os seus pro- mil e uma promessas, alardeadas nos jornais, a propósito desses desmandos ?
blemas, por achar que os políticos po- comícios, nos jornais, nos bem garridos De um lado, cs comprometidos (Parti-
dem resolvê-]os, desorganizado parque cartazes e nas emissoras ambulantes, dos lYabalhista e Comunista) choram
não procura organizar-se e ignorando volta-se ao silêncio. Uns, satisfeitos a morte do presidente e chamam de
a realidade, colhido de surpresa, é com os resultados do pleito, estudam, "vendidos aos americanos", de "reacio-
levado, pela demagogia da nova pro- dasde já, como adquirir o dinheiro gas- nários", etc- aos que se apoderaram
paganda, liderado por pelegos e outros to ne^sa papelada que cobriu as ruas do Governo. Esquecem-se os pseudo-
sataujos, a apoiar os novos salvadores da cidade. Os outros, os derrotados, comunistas de que, em seu pasquim,
que continuarão a trazê-lo escravizado, choram amargamente o dinheiro que chamavam também "traidor" e "en-
enquanto lhe prometem o céu e a se foi, sem a colheita de um só voto. treguista" ao ex-presidente, como se
terra. Bem próximo de nós estão os Cantado, resta-lhes a esperança de, da- lê no que vamos transcrever da Im-
salvadores, os messias, Mussolini, Hi- qui a quatro anos, se candidatar de prensa Popular" de 10 de janeiro de
fer, Getúlio, Salazar, Franco e Perón, novo. Pobre povo se eles vencerem, 1954 : "O Governo de Vargas é, por-
para só falar dos mais velhacos. pois prometem a si mesmos recuperar tanto, um governo de preparação de
Cumpre, antes de tudo, que os tra- o dinheiro gasto nas duas campanhas. Guerra e traição nacional. E' um go-
balhadores se organizem e que estu- Terminou felizmente esse berreiro verno inimigo do povo ... Nestas con-
dem os seus problemas. Urge lembrar, que, às vezes, se confundia com a mú- dições, a luta irreconciliável e revolu-
porém, que estudá-los não é receber sica animada dos circos em véspera cionária de todos os patriotas brasi-
palavras de ordem... principalmente, de espetáculos, procurando atrair nu- leiros é indispensável para derrotar o
as tais palavras de ordem, que antes merosa assistência. Leve diferença governo de Vargas."
deviam chamar-se de desordem, pois existe entre os dois festeiros. Uns ves- E, no mesmo periódico, de 15 de
que hoje dizem uma coisa e amanhã, tem-se de palhaços e tocam músicas agosto : "Os factos revelaram o que
com o mais deslavado cinismo, pas- pitorescas para atraírem ao circo a valiam as promessas de Vargas : Men-
sam a dizer coisa completamente con- multidão, na mira de avultado lucro. tira, engodo e mistificação ... Duran-
trária quando os fatos permanecfm Os outros procuram, com as mesmas te o governo de Vargas, tudo piorou
os mesmos, não se justificando por- árias, cair no goto do eleitorado e, com para o povo ... O governo de Var-
tanto, mudança de orientação. E' isto seus votos, conquistar o mando. Daí o gas já prendeu, espancou e torturou a
pura demagogia para gerar confusão dinheiro, pois a não ser bem pagos, milhares de patriotas e democratas."
e prejudicar o trabalhador porque o não serviriam a Nação ... Os primei- Pois dias antes do suicídio do pre-
traz desorientado. ros vestem-se de palhaços e os segun- sidente Vargas, Prestes dizia na "Im-
Desde 1900, as poderosíssimas orga- dos fazem-se palhaços. Tantas são as prensa Popular" (22 de agosto de 1954:)
nizações operárias inglesas — as "Tra- promessas por eles oferecidas ao eleito- "Os trabalhadores brasileiros há mui-
de-Unions" que fundaram o Partido rado, que às vezes senão sempre, caem to conhecem os instintos sanguinários
Trabalhista inglês, atuam no Parla- no ridículo, pois jamais foi sua inten- do sr. Vargas e de seus policiais...
Que tal trabalhador ! mento por intermédio de represen- ção realizá-las. Cresce o desprestígio e a impopulari-
tantes próprios. Antes de fundar o E' com surpresa que vemos e ouvi- dade do sr. Vargas e, em número ca-
Partido atuavam por meio dos depu- mos reacionários afirmarem-se socia- da vez maior, os patriotas e democra-
Candidataram-se quase duas deze- riu lançar-se do alto de um rochedo, listas, democratas e trabalhistas, pre tas cojneçam .a compreender .que o
nas de militantes sindicais e nenhum a viver escravo, depois de haver bra- tados liberais." Pois bem: são passados gando a emancipaçãj dos t_rabaIhado_- ^jUStl. ^^^^*^? 4^ coisa_s não jpode con-
foi eleito. vamente lutado ombro a ombro com cinqüenta ,e quatro anos e. nada ,.íle_ í ca c pl'uiilt;i/cI"iUv àllaXiC^i ÕS £>liÍQi uiiiuáx c Que, 1/Uiiiu a^ixiiiciiii Oâ \.v>iiiu—
uns iorajn levados a candiaaíar-ae os seus companheiros em defesa de positivo alcançaram ainda para a catos da tutela do Ministério do Tra- nistas, precisamos unir e organizar nos-
por suporem alguma coisa poder fazer uma vida mais livre e mais digna! classe trabalhadora Inglesa. balho e restituí-los aos operários. En- sas forças para pôr abaixo o governo
em favor da sua classe; outros, por Estava também, mas este como can- Afirmou o deputado trade-unionista fim, prometiam até o que não existia de Vargas."
uma pontirLha de vaidade e um tanto didato a deputado. Duque de Assis, Salsbury que todos os assuntos deba- nem existe. Dois são os objetivos que Creio que, no mesmo dia, ou dia
de ambição; outros, enfim, somente por pelego de última fornada, partidário tidos na Câmara tinham sempre em animam esses heróicos defensores do seguinte, o líder e deputado comunis-
ambição. ferrenho do Jango fanfarrão, e que, conta a repercussão que podiam ter Capitalismo : dinheiro e mando. Exi- ta Roberto Moreno dizia, na Câmara
A derrota veio como benefício, gran- apesar de já velho, embarcou na ca- na situação governamental. E acres- ja-se, a título de salvação Nacional, dos Deputados : "O povo está com Ge-
de benefício para os primeiros, por- noa furada do Perón caricato, afun- centava; — "Isto impossibilita fun- que cumpram seus mandatos sem re- túlio Vargas e só o povo fará com
que, nada podendo fazer de real e dando na beira do cais, tão depressa damentar -i sua conduta sobre prin- ceber um centavo e logo verão quem que êle renuncie." Não obstante esta
definitivo para a sua classe, teriam de quanto de lá havia emergido. cípios, e cria um estado de coisas que são' os patriotas, os amigos e defenso- afirmativa, foram pessoalmente ao Ca-
deixar a política parlamentar, decep- O maior benefício, porém, o bene- desmoraliza". Mais ainda: disse que, res do povo e onde estão os abnegados tete hipotecar solidariedade ao dita-
cionados, ou então tentariam conti- ficio que a todos importa, foi o de quando se discutiu a lei de seguros amigos do bem nacional. dor. Provocaram distúrbios por toda
nuar, mas tendo de pôr a máscara livrar o sindicato de trampolim para contra enfermidades, a invalidez e a Os que galgam as tribunas do Esta- a parte, greves de protesto em home-
impostoia dos políticos, que vivem do a política estatal, evitando a correria paralisação forçada, o que mais preo- do procuram, quanto possível, ficar nagem ao "sanguinário" (como lhe ha-
que aparentam, mas não são, do que para os cargos de direção, visando â cupava era não deixar ficar o Gover- num meio termo par obter votos do po- viam chamado) . Não só isso, pois
dizem, mas não sentem, do que pro- inclusão dos respectivos nomes nas no em minoria. Assim, no caso de vo e, do burguês, dinheiro. Não é es- apoiam todos os passos dos trabalhis-
metem, mas não cumprem; a derrota chapas dos partidos políticos, o que estaram os conservadores inclinados a tranho que se tenham distribuído mi- tas em defesa destes.
veio como advertência para os segun- seria desastroso, não só por desviar votar as emendas essenciais apresen- lhares de manifestos citando nomes e De tudo o que salta aos nossos olhos,
dos, a fim de não porem as suas pos- o sindicato do seu rumo, como por tadas pelos traballiistas, estes as re- importâncias que alguns vereadores do há um caso que nos surpreende. Na
sibilidades, acima de onde elas possam levar a política partidária para den- tirariam. Distrito Federal receberam por apoia- pclítica, tudo é possível, mas, raríssi-
estar; para os terceiros, veio a der- tro dele, o que seria dividi-lo e en- Que tal? trabalhadores! rem a aprovação do aumento dos te- mas vezes acontece tomarem os parti-
rota, como gargalhada de escárneo... fraquecê-lo ainda mais. Por estas e por outras é que os lefones. Outro tanto ocorreu com al- dos da direita as esquerdas do governo.
não perceberam que os deuses da pe- O que, porém, mais admira é a in- mais leais e avançados militantes da guns deputados e até com ministros. Pois inverteram-se, desta vez, os pa-
Isgaáa estavam acuados pelos últimos genuidade dos trabalhadores quando questão social, pregam o abandono dos Os políticos sempre foram assim. péis : os comunistas passaram para a
acontecimentos e só lhes restava berrar supõem que podem melhorar a sorte meios políticos estatais e apresentam Cad^ um deles procura limpar-se, direita. Quem são atualmente os ho-
e gesticular e fazer confusão para res- dos seus companheiros por meio do a ação direta como meio de eman- acusando os concorrentes. Vimos isso mens da esquerda ? Na sui maior par-
tabe''ecerem o ambiente sórdido em Parlamento, órgão que tem por fim cipação dos que vivem do trabalho. claramente nos últimos acontecimen- te, catolicíssimos I E' neste ponto que
que puderam aparecer e desenvolver-se. lazer leis, as quais façam com que o — Mas o que é ação direta ? tos que motivaram a morte do presi- deve residir a nossa expectativa, pois
Entre estes últimos, como candidato regime seja mantido. Ora, se o re- Di-^o Georges Ivetot : dente da república. Com os desman- as ditaiduras de Salazar e Franco são
a vereador, estava o laureado e acla- gime e o regime capitalista, as con- — "A ação direta é a que, livre de dos tornados públicos pela imprensa, inteiramente dominadas pela Igreja, e
mado pelego do Estado-Novo, Luís quistas reais e definitivas que forem todo socorro exterior, sem contar com como fruto da corrupção gerada pelo seus principais dirigentes são o corpo e
Augusto França, que aparecia sempre sendo alcançadas, vão diminuindo os nenhuma influência do Poder ou do mando, o povo confunde-se, colocan- a alma da religião. Oxalá que Carlos
ao lado do então ditador, a fumar cha- privilégios dos capitalistas, e então co- Parlamento, é exercida pelos próprios do-se, às vezes, ao lado dos sustentã- Lacerda, no seu regresso da visita que
rutos com que o domava Sua Excelên- meçando o regime a ser assim trans- interessados com o fim de obter a culos da podridão. São esses desman- fez a Portugal, não traga para o Bra-
cia, e a quem de nada valeu a grande formado, deixa de ter o Pariamenio satisfação das suas reivindicações de dos que confirmam a razão dos anar- sil os mioldes da ditadura salazarista.
lição do desassomíbrado negro Zumbi, a sua finalidade, que é a de fazer maneira parcial ou completa, porém quistas quando afirmam : Todo poder Sabemos que é um revoltado; mas,
o qual, conforme todos sabem, prefe- leis que mantenham o regime. Nesta de maneira definitiva". corrompe os homens." (Continua na 3." pág.)
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afogou a descendência cultural latina ve opinar e falar; só Washington há atrofiadas legiões formadas com as-

VERDUGOS DO PROLET com os crimes dos Bórgias.


O catolicismo corruptor da infância,
ata e sujeita o adulto. Com seu espí-
rito de tirania, de Estado, de cruelda-
de, de tormento, de domínio e enga-
de reger; que todos os sindicatos, to-
dos os movimentos, todos os protestos
Obreiros não têm razão de ser; que os
povos não necessitam de pensadores
nem filósofos; Eisenhower aí está; que
túcia, ouro e falsos profetas.
São legiões tiradas da massa so-
fredora, mestras intoxicadas, conquis-
tadas nesse extremismo utópico de se-
res enfermos e miserandos que só sen-
Por DALMAU no, representa o despotismo assente a cultura, a arte, o progresso começa tem a luta ambiciosa de prosperar, de
na ignorância. em Nova York e finda em Boston, que sua classe inferior. .
Vivemos, atualmente, açoitados por são meros satélites de Estad'Os, condu- Seu lema : dividir os povos e man- já não há consciência, nem razão; que São seres que, submetidos aos açoi-
três pragas maquiavélicas, três pragas zidos pela fúria apocalíptica desses ter as trevas. só a bomba atômica é necessária; que tes do capital, odeiam, não só a bur-
condensadoras das vis correntes que três negros torvelinhos. A praga ianque, constitui-a esse ve- todos vivemos no engano; que só eles guesia, senão tudo o que lhes é inferior
impelem a civilização à tragédia. A Porém, qual dessas três é a pior ? lho cadáver do imperialismo capitalis- representam a verdade; que de nada Cegados por promessas, na febre da
primeira continua sendo o tétrioo Va- Analisemo-las. ta burguês, tão conhecido, milagrosa- mais necessitamos; sua brutalidade nos miséria, anseiam unicamente por um
ticano; a segunda nasce em Wash- A praga pontificai, representa-a o mente ressuscitado por seus dois fi- protege. movimento destrutivo, sem princípios,
ington e a terceira cria-se em Moscou. Vaticano com seu catolicismo. Pá-lo lhos : o nazi-^fascismo e o comunis-mo Será possível tal porvir ? sem finalidade, tão somente para gri-
Todas, idênticas em seu laibor, in- com seu exército de padres e frades vo- estatal. Nem sequer responderemos. A ra- tar : Sou comunista ! Viva Moscou !
tentam, com suas doutrinas, descarada ciferando inverdades com o fim de Atualmente, refugiado em seu últi- zão emudece. O futuro dará a res- Mas, serão esses homens realmen-
invasão. A do Vaticano, fruto do atra- deter os fatos e destruir as verdades mo reduto, o brutal militarismo, in- posta. te comunistas ?
so e barbárie, crava suas unhas no cé- patentes, assentadas pelo progresso tenta, com sua bárbara demência bé- Fitemos agora a mais perigos»,, a Não. Estão, apenas, embrutecidos.
rebro humano; a de Washington fo- universal. lica, estancar, nos gastos formulismos praga Stalin-Malenkoviana. Embrutecer é uma arte. Moscou, com
menta, estabelece e mantém, nos po- Apoderam-se dos sentimentos hu-> de anticomunismo, cristianismo e li- A nova mentira : o comunisTno so- suas escolas, cópias das do Vaticano,
vos, o permanente altar de guerra, e manos desde a mais tenra idade. Mol- berdade, todas as lutas sociais. viético, a ditadura do proletariado, mutila a inteligência, grava a sua mar-
o de Moscou, com suas fatídicas men- deiam o indefeso cérebro infantil; in- Visa mais a manter, fomentar e pro- mescla de monstruosidade estatal, am- ca nesses pobres cérebros humanos.
tiras e atrocidades, até destroça as ro- troduzem, nos cândidos espíritos, esse pagar essa divisão do povo, divisão ori- bição material e imbecilidade humana. Que sofrimento para nossas consci-
tas sociais da razão. vírus de impostura e conseguem, com ginada pelo ouro do Kremlim, esten- Ela deu ao decadente capitalismo os ências ver essa multidão marchar em
As três, msitras na mentira, com seu requintada aplicação, matar a perso- dida pelo nazifascismo e adotada pe- meios de salvação para erguer a ca- direção inversa a seus próprios inte-
ímpeto de quartel, de imposição, de nalidade e fazer do menino um futu- los vários Estados criados pela san- beça; com sua demagogia, dividiu e resses, ser dócil joguete desse negro
clericalismo e superstição, cobrem a ro espantalho de resignação ante o ta matriz da Casa Branca, a criar divide as massas proletárias; com seu Estado ditatorial, esquecer seus direi-
humanidade de cadáveres. crime. essas correntes adversas entre as blu- ouro, corrompeu e envenenou; freou a tos, seus problemas sociais, ir arras-
Suas forças, orientadas e dirigidas Aniquilar um espírito são; transfor- sas obreiras, para adormi-las, com o emancipação operária e paralisou as tada por expedientes políticos de com-
pelos métodos mais vis, conhecem to- má-lo, não em massa pensante, equi- fim de enganá-las e melhor explorá- forças da Revolução Social. pleta inutilidade.
dos os tortuosos caminhos dos crimes librada e justa, chamada povo, senão las. Nós, anarquistas, somos homens da
sociais, perpetrados nestes tempos. formar um rebanho fanático, ancilo- Sua desfaçatez chegou a tal extre- Seu lema é : meter-se entre o prole- Revolução. Somo-lo por instinto nor-
Atentas a todos os movimentos evo- sado e desgraçado, conhecido pelo no- mo, que nenhuma consciência a apro- tariado e dividir suas forças. mal do passado que nos impele para
lutivos obreiros, açodem, vorazes, a me de populacho, rebanho em estado va mais. Seu comportamento, seus Nós, anarquistas, a denunciamos an- o porvir. Pedimos revolução quando a
afogá-los com seus tentáculos, disfar- patológico, de urgente mas difícil re- atos tão inverossímeis são, que nem as te a consciência proletária como pri- liberdade está em perigo, quando se
çados em mantos de preces e falsas generação. leis burguesas têm, nos seus negros có- meiro e maior inimigo. mata e ss assassina, quando existe ex-
palavras. Representa-a o catolicismo que er- digos, absolução para tanta barbari- Inimigo perigoso, não só por seu Es- ploração, quando existe diferença de
Denunciemo-las por seus nomes : gueu, ante a civilização cultural e so- dade. tado imperialista, de estrutura capita- classes.
catolicismo pontificai, imperialismo cial espanhola, o queimadouro de Se- E' esse militarismo imperialista o lista burguesa igual ao do Tio Sam, Em seu tempo, aceitamos a revolu-
ianque e comunismo stalin-malenko- vilha com seus 5.200 cadáveres, que que decreta se tal povo é perigoso e exploração do homem pelo homem, ção russa comíO imperiosa necessidade
vista. São três bandeiras que repre- se imortalizou com a Inquisição e o se qual não o é, se deve este mudar não só por suas ânsias de domínio, nor para destruir o estancado e bárbaro
sentam, neste século, a vergonha, o Santo Ofício, que interpôs, na filoso- sua bandeira e aquele não; mais : que suas divisões militares, seus canhões, tzarismo. Abandon<imo-la em seu des-
opróbrio e o crime. Todos os demais fia romana, os ipapas e o Quirinal, que no mundo, cidade ou povo algum de- sua polícia, mas, sobretudo, por essas (Continua na 4.* pág.)

ATA ^^^

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AÇÃO DIRETA Novembro e Dezembro de 1954

Paüre, Vólin ... são anarquistas ah ! todo de livre exame por nós exercido. CARTA DE FRANÇA
ANARQUISMOEMAÇONARIA não, desculpai ! são maçons.
Se, anàrquicamente, o homem deve
ser juiz de si mesmo, Vólin, o último
dos desaparecidos citados, ensinou ao
mundo que cousa é a anarquia a par
Não som^os maçons porque não senti-
mos necessidade de o ser; se o fôs-
semos, não nos envergonharíamos dis-
so, nem nos sentiríamos menos anar-
quistas do que possamos sê-lo sem
Erros e Atropelos
Na publicação Visuali, de caráter Não falarei de cousas internas da ma- de outros apóstolos e pensadores. No aderir à maçonaria. O problema das
privado, fascículo n.° 29, de 18 de se-
tembro de 1954, ventila-se um caso in-
çonaria, porque a maçonaria é socie-
dade fechada por convicção filosófi-
entanto, em público, sem disso fazer
mistério, afirmava sua filiação à ma-
relações entre maçonaria e anai-quis-
mo não subsiste, nem poderia subsistir
Jurídíco-Policíaís
teressante, muito apropriado ao exa- ca. Admitindo que esse ponto de vis- çonaria. Conheci Vólin pessoalmente ou ser formulado, pois o anarquismo
me de todos nós. O mundo capitalis- ta não seja admitido, não caberia di- e aissisti a uma de suas conferências basta-se a si mesmo em questões de JULIAN FLORISTAN
ta é um mundo de consciências diri- zer aqui porque, no meu fraco enten- em Marselha, na qual, de público, de- livre pensamento e os maçons bem
gidas. O Estado, as Igrejas, a opinião, der; a razão seria outra : trata-se de clarou sua filiação à maçonaria; isso saibem disso. Existe, porém, o proble- (especial para AÇÃO DIRETA)
pública, o interesse econômico, tudo saber de que modo entendem os anar- foi em 1938 ou 39 na sede dos sindi- ma da possibilidade da presença anár-
interfere em nossa razão e a transfor- quistas a prática do pensamento livi-e. catos libertários. quica na maçonaria como o demons- A imprensa diária necessita inces-
ma, de instrumento livre de ação, em Impondo, porventura, um dogma ? E Concluindo meu pensamento sobre tra o escrito de Bakúnin que adiante santemente do relato de crimes, rou-
maquinismo regulado por chaves e mo- fala-se em jerarquia, depois disso ? o assunto : o ser ou não, por filiação publicamos. E,. realmente, tem havi- bos e outros delitos ou fatos de me-
las automáticas. Muito comum e na- Mas, a jerarquia maçônica é livre exa- ou convicção, maçon, interessa ao in- do participação ativa de anarquistas, nor valor. Sem tais aperitivos, só ha-
turalíssimo é ver como, entre os mais me; não renega, nern suprime a per- divíduo e não ao movimento ou aos de todos os tempos, na maçonaria, veria razão de existirmos pelo que ve-
insuspeitos anarquistas, o ambiente ca- sonalidade política e artística e social grupos. Isso deve ser compreendido sempre que esta não se corrompeu aca- mos. Dois entre três jornais nos infor-
pitalista insinua ê=se dirigismo con- de qualquer indivíduo componente seu. como praxe de liberdade do indivíduo. salando-se com regimes totalitários e mam de um erro judicial ou de decla-
vertendo certas opiniões em dogmas Os graus maçônicos são "exemplos de Livres sois, se vos adrega, de comba- dogmáticos. Nesse caso, os maçons que rações acusando ou acusando-se al-
contrariadores do princípio anárquico moral filosófica" na pesquisa da ver- ter a maçonaria e isso por opinião se corromperam deixarem, automati- guém de crimes às vezes inverossímeis,
fundamental : liberdade individual. dade. A maçonaria funciona em a<m- própria e pessoais convicções, mas sem camente, de ser maçons, como, automa- declarações feitas à força de pressões
Foi o caso que o semanário anarquis- biente de livre democracia pois prati- veleidade alguma de impor aos ou- ticamente, deixa de ser anarquista e tropelias de que ficam visíveis sinais.
ta Umanita nova, de 15 de agosto pas- ca o livre exame, ao passo que a afir- tros vossa opinião ou convicção a res- aquele que, havendo-se antes declara- Os próprios magistrados de tribunais
sado, publicou uma notícia estarre- mação categórica dos anarquistas mes- peito. do tal, se acompadra com a autori- reconhecem que "todas as polícias do
cente : um expurgo bem qualificado sineses contrasta, não somente com os Quantos anarquistas sicilianos se dade e a serve ou pratica, por si mes- mundo recorrem à coação, à ameaça
por crime de desvio. Os anarquistas princípios de democracia, senão que honram de ser conterrâneos de Rapi- mo, autoridade. Consideramos, toda- e às pancadas para c.bfer declarações
messineses, sabendo haver um dos seus ofende, diretamente, o sentimento li- sardi : pois bem, também esse era ma- via, utilÍEsimo, e até de dever, da par- dos detidos" (às vezes mortais) . Assim,
entrado na maçonaria e convidado ou- bertário. çon, como era maçon o- grande filó- te dos anarquistas messineses, apro- não nos podam caber dúvidas do fa-
tro companheiro a segui-lo, assenta- Bispos e jesuítas têm o hábito de sofo Giovanni Bovio de quem se va- fundarem suas pesquisas e apresenta- to : Se, no inquérito judiciário, se re-
ram não considerá-lo mais anarquista, indagar quem é maçon e lhe regis- lem os anarquistas para fazerem rem, ao atual movimento -de idéias tratam do declarado e mostraim sinais
porquanto a maçonaria é sociedade tam nome e atividades. Vós, anarquis- amar ... a anarquia. A primeira revo- anárquioas, uma elaboração mais do- das caricias, mas não contam com al-i
burguesa, hierarquizada, incompatível tas messineses, prestastes grato serviço lução italiana deve ser a liberação cumentada e racional do seu juizo so- gum advogado de peso para sua defe-.
pois com a liberdade preconizada pelo a tais eclesiásticos, perseguidores do completa de quaisquer preconceitos; bre a maçon.aria- Imparcial em qualquer sa, ninguém aceita as alegações dos
anarquismo. livre pensamento, dando-lhes a conhe- abolição do padre e não a substituição debate que possa interessar os seus acusados. Depois de oomatido um ato,
o expurgado fci o companheiro ita- cer o nome de um dos vossos, que en- desse por outro padre. Onde progride amigos, maçons ou não maçons. Vi- é -sumamente necessário achar o autor.
liano Giacomo Schirone, anarquista tendeu praticar o livre pensamento a fraternidade, progride a liberdade e suali põe suas páginas à disposição dos Não sendo assim, a justiça histórica fi-
provado e comprovado, voluntário da numa forma particular por êle esco- a igualdade; mas, não a fraternidade que, enquadrados no livre exame, quei- ca em farrapos, faz-se ridícula e inú-
Revolução Espanhola e estudioso de lhida livremente. de convento. O homem há de ser li- ram ainda opinar no assunto". til e já não têm razão de ser as for-
quanto há produzido nossa literatura. Organização burguesa ? a maçona- vre, livre para si e para-os outros". ças repressivas.
Giacomo Sohirone respondeu assim : ria ? Mas, cs grandes pensadores não A essas palavras de Schirone, o edi- Nota de AÇÃO DIRETA — Como
"O signatário desta, considerando- são nem burgueses, nem proletários; tor e redator da Visuali, Domenico Visuali, AÇÃO DIRETA aibre suas co- Sucede, porém, que, às vezes, não há
se homem livre, declara o seguinte. são homens livres. Desde quando ha- Mirenghi, acrescenta o seguinte : lunas a quem se queira manifestar so- mais remédio que reconhecer um erro
Quanto à atividade maçônica, o juízo veis apurado se os grandes pensado- "Numa publicação baseada na cla- bre o assunto. Podemos informar de e então se lança mão de mil subter-
declarado é fruto de livre exame in- res são burgueses ou proletários ? Por reia como este nosso Visuali, não se que •) Dicionário Enciclopédico da Ma- fúgios para justificar o injustificável;
dividual. Quanto à opinião de consi- coerência, ignorais talvez ter sido pode recusar espaço a comunicações co- çonaria, tomo segunde, pág. 199, con- tudo, menos firmar o precedente de
derar a maçonaria organização hierár- Proudhon maçon ? e, ainda mais. que mo a de Giacomo Scíiirone, quer por sagra nada menos de 11 colunas, seis ter havido premeditação ao ditar-se a
quica e burguesa, portanto incompatí- escreveu o ritual da maçonaria fran- sua qualidade de livre pensador que páginas, à personalidade de Proudhon e sentença, ou que houve má fé. Nesses
vel oom o anarquismo, pode ser isso cesa ? Bakúnin fazia conferências nu- lutou ao lado dos anarquistas duran- sua atividade maçônica acentuando casos, sempre há um papa-defunto que
tanto um preconceito, quanto pu- ma loja em Florença, por ser filiado te a Revolução Espanhola, quer por- bsm seu combate violento à burgue- carregue o morto.
ra convicção pessoal e por isso há à maçonaria. Carlos Cafiero, Eliseu que as idéias de Sohirone e a forma sia (edição Kier, Buenos Aires, 1947, No caso das deolaraçõss forçadas,
de ser acolhida com ampla reserva. Réclus, Francisco Ferrer, Sebastião de exposição se coadunam com o mé- refundida e atualizada) . ocorre algo parecido : oú se diz tran-
qüilamente que o acusado teve tem-
po material de realizar o crime de que
o acusam (como se isso fosse motivo
MOVIMENTO AUSPICIOSO suficiente para condenar alguém de-
tido por suspeita, ódios ou rixas), ou
(OS TRABá^LMADOHES DE BARBA EOMITA então (por vezes) por não ter, entre-
mentes, a autoridade encarregada de
AGITAM-^E FABA OBGAHIZABEM-SE E M SINDICATO LIVBE) achar o criminoso, de qualquer modo
ou a qualquer custo, conseguido isso.
A história judicial se nutre, em
Nosso diretor recebeu do professor cado doente, foi dispensado sumaria- toridades municipais ou dos politiquei- o mesmo vereador lhes barrou a ne- grande parte, de todos esses fatos. Co-
Ulysses Demoorito, de Barra Bonita, mente sem um centavo de indenização. ros em suas sedes ou em seus debates. cessária licença. mo poderia fazê-lo de outro modo ? Se
São Paulo, uma carta acompanhada O homem livre impõe as condições do a verdade está sempre na boca e ao
de dois recortes do jornal Notícias de TRABALHO EM TERRÍVEIS seu trabalho, mormente o preço do Quando alegaram que o movimen- lado do mais forte, se a justiça a apli-
Hoje, tíe São Paulo, n.°s 839 e 846. CONDIÇÕES seu esforço; não precisa de tutelas, to era do Centro de Cultura Barra- ca aos que se acomodam a todas as
O primeiro desses números notí- so-bretudo as fingidas, as dos seus Bonitense, gritou o truculento e sal- situações, se a fraternidade é um mi-
cia a fundação em Barra Bonita, ci- Os trabalhadores em cerâmica tra- inimigos mais intransigentes : o ca- galdíssimo vereador verde-oliva : to e a liberdade uma palavra bela, só
dadezinha progressista de São Paulo, baUiam sob terríveis condições. Um pitalista e o Estado. — Não me interessa a cultura. Em efetiva para os que dispõem de for-
com desenvolvida indústria cerâmica exemplo : o trabalhiador João Bres- matéria de cultura preferimos ficar ça e dinheiro, nada há de estranho
e a terceira usina de açúcar do Es- sane, casado, com 2 filhos, 33 anos. Avante ! trabalhadores de Barra no nível em que estamos : por baixo ! que tal suceda.
tado, do Sindicato dos Trabalhadores Trabalha no transporte de barro. E' Bonita. Seja o vosso exemplo um gri- Eis a que leva a tresandante le-
to de renovamento dos sindicatos li- E as tropelias e os erros continuarão
na Construção Civil e na Cerâmica. dono de uma carroça e 5 burros, aue
vres no Brasil. genda : Deus, Pátria e Família. Tem enquanto subsistir o regime capitalis-
A assemitaléia geral da fundação se . tem de tratar. Ganha 8 cruzeiros por sido lema de quanto desarmado tira- ta gerador da desigualdade econômica.
realizou no dia 14 de novembro último. carroça de barro transportada, traba- no há dominado o mundo. Mas... os o autoritarismo em todas as suas for-
Vamos transcrever, de Notícia de lhando com um "camarada". Seu )K tempos estão mudados e os últimos mas, sustentáoulo e suporte do capital
.Hoje,_ os motivos dessa fundação e serviço : tirar o barro e encher a car- quarenta anos nos têm dado tortu- e as mil diferentes religiões adorme-
"^eü senLÍdo de libeidaãe. Diz assim: roça, levar ã cerâmica na outra mar- rantes lições. cedoras dos povos, inimigas da manu-
gem do rio, passando pela ponte, na O segundo recorte refere-se à rea- Resistência pois ! missão integral e defensoras de quan-
E' IGNORADA A LEGISLAÇÃO distância de cerca de 3 quilômetros. ção violenta da burguesia de Barra Reivindicação desapiedada ! to se oponha a que a Justiça humana
DO TRABALHO O dia de muitas viagens é 32, sendo Bonita à atividade livre dos profes- AÇÃO DIRETA em tudo. seja realidade autêntica na terra.
a méclia 15. Com esse dinheiro é sores e alunos do ginásio dessa cida-
A Legislação do Trabalho, em Bar- obrigado a sustentar uma família, os de, onde é professor de português e
ra Bonita, é letra morta. Nenhum 5 burros, e pagar ao " camarada". E latim o mesmo Dr. Ulysses Demócrito
trabulhador ganha o salário mínimo. essa faina é fpi*n pa á?ua, com chuva Horta de Siqueira.
Estivemos com centenas de trabalha- ou sol, da madrugada à noite.
dores e o que diziam a respeito do O caso é o seguinte : Esse profes-
sor com colegas e alunos fundaram
QUE SE FAZ DO TRABALHO DO POVO AQUI
salário era a miesma cloisa : 900,00, A ORGANIZAÇÃO DO SINDICATO
1.000,00 e 1.200,00 mensais, os mais um centro literário a que deram o E EM TODA PARTE
bem colocados, especialistas, ganham Para lutar contra a desumana ex- nome de José Oiticica.
1.700,00, isto quando ganham por ploração a que estão submetidos, os Naturalmente esse nome, de um Traduzimos de TIERKA Y LIBERTAD de 10 de julho passado:
mês. Os diaristas mal alcançam 45,00 trabalhadores em construção civil e anarquista militante e intransigente
e 50,00. Os menores percebem 400,00 cerâmicas de Barra Bonita e Igaraçu anticlerícal, suscitou profunda suspei-
e 500,00 cruzeiros. vão formar o Sindicato. Sabem ê!cs ta. Ora, esse centro tem um setor O povo trabalhador espanhol não come o que quer. Passa fome. Os
Férias e indenizações são coisas que só a união é que faz a forca. Os teatral e os dirigentes desse setor re- salários são baixos e os alimentos caros; mas os Cresos espanhóis esbanjam
desconhecidas. Dizem éles : "férias, 1.500 trabalhadores das 93 cerâmicas solveram ensaiar uma peça de Joraci dinheiro a mancheias
só para funcionários públicos". A des- de Barra Bonita representam uma Camargo : A Santa Madre. Grande O pirata Juan March, bandoleiro, contrabandista, batoteiro reacio-
pedida é à vontade do patrão. grande força. alvoroço no galinheiro verde, pois há nário e amigo do Caudilho deu uma festa em Madrid. A ela assistiram
Estivemos com um trabalhador de muitos salgadinhes por lá, entre eles todos os recém-ricos, traficantes do mercado negro, generais milionários
cerâmica, cem 16 anos de casa, que AÇÃO DIRETA bate palmas à o vereador Miguel Torcia. Este im- e a própria filha do ditador Franco.
nunca gozou um dia de férias e ganha iniciativa vitoriosa dos barra-boni- pediu, violentamente, que os atores O fabuloso March gastou mais de sete milhões de pesetas só com
1.400,00. Há poucos dias precisou ir tenses e concita-os a se unirem para lessem a peça em público na Associa- a festa. March importou de França todo o pessoal do Bailado da ópera,
a São Paulo levar sua filha ao hos- defesa própria, certos de que nem o ção Atlética Barra-Bonitense, pois o que chegou em aviões fretados especialmente. Ao terminar a festança,
pital, pediu ao patrão 8 dias de li- Ministério do Trabalho, nem os ve- nome da peça parecia ser ataque rijo March presenteou sua neta com um colar de pérolas avaliado em sete
cença, que não foram concedidos. Foi readores locais, nem os partidos po- à Santa Madre Igreja Católica Apos- milhões de pesetas.
assim mesmo, ficou fora 5 dias e re- líticos, por mais Vermelhos que se tólica e Romana, a célebre firma As despesas totais, para mais de VINTE MILHÕES DE PESETAS,
cebeu uma suspensão de 8 dias. pintem, cuidarão dos seus interesses. SMIC.IR. quase bastaria para con.struir as estradas de ferro do sul da Espanha e
Um outro trabalhador, com 40 anos Conscientes disso, reieitarão qualquer Quiseram-se os atores reunir na mitigar um pouco a miséria dos espanhóis.
de casa, recebendo 1.200,00, tendo fi- intromissão desse ministério, das au- sede do clube de futebol Vila-Nova e Adiante e viva quem podeüí
••••••0«09«e«««««*9*o«9»9«9«t}ee«e®9e9«e9ooe®(B«oe0eee«99e9«««««««9oe9M »••••«•«>»»
OS DIAS QUE NÃO VOLTAM povoado chamam-me a romântica. Não te rias de mim, Rogéi-io.
Ao meio dia reuniram-se os três na sala de jantar. Rosa Maria
parecia calma. Estava muito pálida, com grandes olheiras escuras
nimbando-lhe os olhos. Porém, sorria suavemente, com o sorriso
resignado e tranqüilo, estereotipado na boca de tia Adela.
DIREITO AO FILHO novela de FEDERICA MONTSENY
Compreendo agora quão absolutamente ridícula devo tsr sido...
— Cala-te ! caia-te ! Rosa Maria. Não sabes quão sublime,
quão desesperada, quão comovedora e quase sobreumana foi essa
tragédia da esperança, esse drama da recordação e da obstinação
que tiveste de viver. E eu ! miserável de mim ! que deverei fazer
Entre as duas mulheres, ambas solteiras, vidas obscuras, sem (tradução de José Oiticica) para pagar tanto amor, para premiar tão fiel ternura, tanta exis-
amanhã nem objetivo, sentiu-se Rogério angustiado. tência num coração ?
Elas cumulavam-no de atenções e, em cada objeto, em cada (Continuação do número anterior) — Nada me deves. Oh ! talvez não saibas que a paixão é o
palavra, em cada sorriso, reconhecia êle os dias que passaram e melhor prêmio de si mesma; que, amando, se acha o gozo puro
jamais volveriam. Rosa Maria voltou-se, ergueu os braços, abrindo-os como se e íntegro do amor ! Isso aprendemos amando em silêncio, ipor
Comiam sem apetite, espiando-lhe elas o prato e êle miran- quisera abraçar o vazio da sala. longos anos, com.o eu amei.
do, às, furtadelas. Rosa Maria. Quando, ao fim, se levantaram, — Para ti não terá isso importância. Tens mulher que te ama De novo pssou entre eles o silêncio.
passando Rogério e Rosa Maria ao salão onde, antanho, tantas e que amas, filhos que te enchem a vida. Tens, demais, outros im- Rosa Maria mirava, através dos cristais do balcão, a pracita
horas ditosas, de sonho e alegria, viveram, sentiram-se tomados perativos de existência que te ocupam os dias e não te deixam quieta, os eternos velhos, os eternos meninos e as eternas mulhe-
de violenta tristeza. tempo de pensar no espetro do porvir. Mas, eu ? Rogério ! Eu ? res que nela moravaim.
Sem dizer nada, aoercou-se Rosa Maria do piano, quase in- agonizando entre estas quatro paredes, numa agonia longa, uma Pelo meio da tarde saíram a percorrer as terras. Rogério re-
conscientemente o abriu e seus dedos voaram sobre as teclas, ar- vida sem fim, existênpia sem objeto, sem gozo, sem esperança ou cordava todos os rincões; revlndo, por um instante, à sua vida
rancando .emocionantes arpsjos, páginas musicais quaisquer, mas ilusão ? Até agora esper,ei-te. Esperei-te, a ti, o amor que um dia de labrego, fazia observações sobre a conveniência desta ou daquela
expressivas, em si mesmas e naquele momento, de toda a melan- abalara e não devera voltar. A esperança susteve-me, alimentou- plantação. Rosa Maria escutava-o sem nada dizer, cerrando os
colia que os t^aminava. me de mim mesma, povoou-mc as noites desoladas, encheu os olhos para reter, dentro de si mesma, o delirante sentimento da-
Tocava sem olhar a música, sabendo-a de cor e de instinto vácuos dêst.e frio lar. Agora, que esperarei mais ? quela evocação.
e um momento chegou em que seus olhos s.e encheram de lá- Sua voz quebrou-se num soluço. O corpo frágil estremeceu À noite, novamente reunidos sob a lâmpada familiar, Rogério,
grimas e as lágrimas lhe inundaram o rosto, resvalaram pelos todo, num estremecimento de todo o ser. recobrando-se um pouco, sentindo-se algo mais tranqüilo e senhor
lábios, caíram molhando o piano. Voltou-se nesse instante e, atra- — Que hei de esperar ? — repetiu em voz muito baixa — o de si, falou de sua vida, narrou episódios dela, desvendou, aos
vés do véu de lá;grimas, viu Rogério afundado no cadeirão, acur- fim desta casa, o desaparecimento de um nome, o ocaso de uma olhos cândidos das duas mulheres, mundos longinquos e insus-
vado e a chorar também. Levantou-se impulsivamente, foi até famüia, a extinguir-se em mim. Não terei conhecido nem o amol- peítados.
êle e alçou-lhe a cabeça entre suas formosas mãos. Miraram-se, de amante, nem o amor de mãe. Terei consumido inutilmente uma Deitaram-se cedo, à moda roceira.
com mirada úmida e desesperada. Num lance de irreflexão e louca existência sem lhe dar um sopro sequer de amor. Depois disto que E quando Rogério se estirou no leito, o pensamento da Rosa
ternura. Rosa Maria apertou contra os seios aquela cabeça amada. e.sperarei eu mais ? Como serão mieus dias, de que encherei minhas Maria, a recordação de todo o amor e felicidade que se perdeu, o
Depois, envergonhados e confusos os dois, separaram-as, esti- noites, com que farei calar os gritos desesperados de meu coração ? fêz chorar, lhe fêz crispar os punhos, fê-lo maldizer-se no escuro.
veram longo tempo silenciosos pensando, com estupor, na sepa- — Rosa Maria, perdoa-me. Não posso dizer que esqueças por Rosa Maria, em sua alcôva solitária, quanto chorou !
ração inconcebível que tragou, que perdeu, na esterilidade e no já ser tarde para esquecer. — Eis, diss,e tristemente, como se perde uma vida, como se
isolamento, os melhores anos de Rosa Maria. — Nada há que perdoar-te. De nada és culpado. Culpa quiçá gasta inutilmente uma existência, como se consome um coração.
— Que estúpido, que absurdo é o destino de algumas vidas ! tive-a eu mesma por ter sido como sou. Porém., somos como somos E será justo ? haverá direito a sacrifício tão absurdo, a perda
Porque, sim, porque não nos podemos amar então, então. Rosa e não como quereríamos ou deveríamos ser. Nenhuma outra hou- tão total?
Maria, quando éramos jovens felizes, alegres, nos queríamos e tudo vera esperado tanto itempo, tão estüpidamente como esperei. Mas, Todos os pensamentos ruminados em quatorze anos de espe-
parecia sorrir-nos ? Um pueril temor de teu avô, algumas preo- quão feliz me sentia esperando. Com que inalterável confiança rança se lhe atropelavam na miente, a abrasavam, a faziam quase
cupações, diferenças de fortuna, pusilanimidade e candidez em ti, eu dizia: êle tomará ! E, quando soube que eras desgraçado, que enlouquecer.
afã de aventura em mim nos separou para sempre. E quão dolo- te perseguiam, que já não devia amar-te por seres relapso, pos- — Nada ! nada ! — dizia em desespero. Nem marido, nem
roso, quão cruel este reencontro sobre as ruínas de uns dias que tado contra tudo quanto me ensinaram a respeitar, n:iais te amei filhos. Uma vida gorada, uma herança a extinguir-se, uma casa
já não volverão ! disse lentamente Rogério. ainda, mais inquebrantàvelmente me propus esperar, esperar... No (Continua na pág. 3)

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Novembro e Dezembro de 1954 A C Ã O D I R E T A

pensável é porfiosa tarefa, sábia e sen- RECUERDO DE CAIiEDONIA

UMA RETIFICACA
tida.
Essa missão nada interessa aos co- (conto dei cautivo)
munistas do Estado russo; ao contrá-
rio, fermentam a grande mentira do Aqui jamás se siente ei frio;
socialismo autoritário — o Com.unismo ei bosque siempre su verdura ostenta
russo — para semear entre os traba- y desde ei mar hasta ei ramaje umbrio,
lhadores profundo confusionismo nas llega Ia fresca brisa que Io alienta.
lutas de decidido caráter emancipador. Y es tal Ia paz. tan grande y perma-
Para auspiciar a paz do mundo, im- Escreve-nos o velho companheiro José plemento literário semanal de Tierra [nente,
porta pregar com o exemplo vivo e não Romero : V Libertad quando esse jornal saía dia- que ai zumbar dei insecto solamente
ccino fazem os senhores atuais, repre- Companheiros de AÇÃO DIRETA. riamente em Madrid. interriimpe ei rugir de ia tormenta.
sentantes da ditadura ão proletariado Saúde. Se me não engano, foram juntos com
— que são os antigos burgueses de to- No artigo publicado em AÇÃO DI- ela os Reclus, Malato, pai e filho, e A veces cuando, envuelto em negro
ga e espada — a trabalharem na Rús- RETA, número 93, de autoria do com- muitos outros cujos nomes não me [manto.
Por CRISTÓBAL GARCIA sia ativamente para a guerra. panheiro Varlin, diz êle que a valoro- ocorrem. Ia sombra de Ia luz pasa Ia baya,
Esses não podem, nem devem falar sa e inesquecível Luisa Michel foi de- Como nãO' sei se os companheiros co- se escucha ei dulce y prolongado canto
em paz. portada, após a queda da Comuna de nhecem a poesia de que falo, tirei um.a que Ias conchas entonam en Ia play a,
(Especial para AÇÃO DIRETA) A paz do mundo não a pode dar Paris, para a Guiana. -Creio que há cópia da que possuo e assim poderão En tanto que Ia flor en Ia espesura,'
a U.R.S.S., com seu regime de po- engano quanto ao lugar da deportação. todos aipreciá-la devidamente. Entre- unida por su amor ai aura pura,
vos escravizados. Muito menos os Pelo que li, já faz tempo, a respei- tanto, se a julg'arem interessante, po- constantemente va donde esta vaya.
A humanidade atravessa uma era do E.E.U.U. to das condenações impostas a muitos derão traduzi-la e publicá-la aprovei-
mais completo desengonço conhecido A paz do mundo não há de ser im- dos comuneiros pelos tribunais dos tando o ensejo de se haver referido o Mirad como Ias olas hacia ei ciclo
nos anais da história. Os valores mo- posta por governos ou ditaduras, senão reacionários franceses daquele tempo, jornal a uma das muitas passagens da dirigen Ia rizada cabellera
rais que, do ser humano, íazem ser pelos mesmos povos em geral. foram elas, para os considerados mais vida da grande propagandista da anar- y, con marcha veloz, raudo vuelo,
superior cederam dando largas à mais A paz é, de natureza, passiva; está perigosos, a deportação para a Nova quia, ou lhe dar publicidade, mesmo cruza ei -profundo mar nave ligera.
impetuosa irrupção, de instintos e ati- no mundo porque nela encontra o Caledônia, ilha considerável do Oceano em castelhano, com os devidos escla- Y en Ia nooiie cubierta de esplendores
tudes conduoentés à degradação. O es- mundo sua imperiosa condição de exis- Pacífico, com 16.000 habitantes nessa recimentos . brotam fosforescentes resplandores
pírito de paz e sacrifício, o amor e tu- tir. época, descorbeta per Cook em 1772. O qua digo não passa de simples dei seno de Ias ondas hacia fuera. ■
do quanto eníoeleza a vida é vão e Entre alguns papéis, ainda conservo a sugestão. Vocês julgarão se tem ou não
varrido por um ilimitado materialis- A paz é luz de vida, floresce como cópia de uma poesia em espanhol, cer- cabimento.
mo guerreiro, desentranhado, repug- única e verdadeira razão de vida, glo- tamente traduzida do francês, de Lui- Desejando-lhes saúde e solidarieda- Corre, ven à salvamos, nave amiga;
nante a qualquer mentalidade seleta. sam seus panegiristas, sobretudo se sa Michel e que, pelo título, lembra de, recebam um ahraço do companhei- cambia de mala en buena nuestra
são, como os comunistas russos, culto- bsm onde esteve ela cativa : — Re- ro [suerte;
Que fazem, nesse caso, os povos e res da guerra e dedicam à construção cuerdo de Caledônia, canto do prisio- J. Romero aqui nos hiere y mata Ia fatiga,
a humanidade para corrigir e «pôr fim de armas, na Rússia, toda a riqueza neiro — publicada em um dos nossos ei presidio es más triste que Ia muerte.
a tanta aberração e desajuste ? do país, organizando pomposos desfi- jornais em 1902 ou 1903. Se não me Eis a poesia a que se refere Romero No nos falta Ia fé y Ia constância,
Atrever-se a Rússia, abismada na les militares, aparatosos, precedidos de talha a memória, creio que foi no su- na iua tradução em espanhol : y. si algun dia volviéssemos á Prancia,
mais negra das ditaduras com seu Pa- canhões, tanques, aviação e fuzilaria a seria para luchar com brazo fuerte.
raíso ão Prcletarido mas fabricando granel.
mortais armas para assassinar os tra-
A Rússia, tal qual os E.E.U.U. com 9®®€i@«oe9eee«e@o««««®«««ea»«o«oooett«««ee««*ee«9««oé«®e El fuegC' dei combate nos inflama,
balhadores em ritmo acelerado, a aus-
piciar um movimento de pag no mun- sua prosperidade econômica do dólar, Ia libertad ai bueno presta ardor
do parece-nos criminosa audácia só outro país que prega a paz armando- y Ia batalla á todos hcy nos llama
possível aos homens políticos seus di-
rigentes, tão faltos de lógica, ideolo-
gia Eocial, boa fé e senso comum.
se até cs dentes, alardeia a grande
mentira do pacifismo e a mostra a ca-
da passo.
TADOS-UNIDOS de los desheredados ei clamor ...
A Ia sombra Ia aurora ha confundido
y um mundo surge de verdade y amor.
Estamos vendo como se desenrola Desses dois Estados mastodônticos,
esse movimento pró Paz tão preconi- sairá, indubitavelmente, a terceira guer- Quando o sr. Getúlio Vargas, em 1930, derrubou o sr. Washington ®®@@@€)@@®@®®®©©e®®@®®®®®®e
zado pelos estadistas' russos : guerras ra mundial cem ameaça de destruição Luís, o seu governo foi reconhecido pelos Estados Unidos logo que se
na Coréia e Indo-China, luta em to-
da a parte. Em vez do sincero dese-
da Humanidade pela bomba atômica,
H ou B. As democracias falsas e as di-
taduras terroristas são campo aberto
definiram as suas tendências ditatoriais. S. Paulo, de armas na mão NOSSOS
jo de perpetuar duradoura Paz, o que pela reposição do prestígio da Lei no Brasil, teve toda a hostilidade das
fazem é jogar com a vida ou morte da
Humanidade inteira.
para tal fim destrutivo.
A paz desejada pelos povos não po- autoridades norte-americanas inteiramente ao lado do sr. Getúlio Vargas- LIVROS
derá florir em conferências ou congres- Dado o golpe de Estado de 1937 e implantado o governo totalitário pelo
A par foi sempre imperioso anelo sos, nem tampouco de nenhum gover- "ANÁLISE DIALÉTICA DO MAR-
da Humanidade. E quase todas as no, chame-se democrático, popular ou sr. Getúlio Vargas, 48 horas depois esse governo espúrio era reconhe- XISMO", por Mário Ferreira dos San-
guerras sempre se fizeram com o en- totalitário, como assim o esperam os tos. Editora LOGOS, S. Paulo, 1953.
godo ou pretexto de lutar pela paz. povos e trabalhadores do mundo. cido pelos Estados-Unidos. Os brasileiros então expulsos do Brasil, por- 223 páginas, grande formato.
Essa é uma das maiores vigarices dos Oumipre se desenganem uma vez que incompatíveis com o despotismo, foram mal recebidos quando não Aos sintomas alviçareiros de ressur-
Estados e Ditaduras, das classes dire- mais. reição do movimento anarquista no
toras em toda a história. maltratados nos Estados-Unidos, porque eram inimigos de Vargas, o gran- Brasil, representados pelo aparecimen-
Enquanto haja Estado e ditaduras
Não é possível aos povos livres do hoje em voga, com toda sua coorte de de amigo dos Estados-Unidos, como lá se proclamava pelos- seus porta_ to das obras originais atrás citadas e
mundo encontrar equilíbrio, paz e li- servidores : clero, militarismo, burgue- de outras, reedições e traduções, co-
berdade enquanto perdurem os siste- sia, nobreza pergaminhada e autorida- vozes oficiais. mo as da "Conquistas do Pão" de
mas capitalistas e autoritários atuais. de, não haverá paz no mundo. Todos os mensageiros do sr. Getúlio Vargas enviados aos Estados- Kropótkin, "Amor Livre" de Charles
Longe se acha de asssgurar-se, conser- isso o dizemos os homens libertários Albert, "As Mentiras Convencionais da
var-se e consolidar-se a paz depois das da C.N.T., convencidos de que o tem- Unidos em busca de dinheiro ou de assistência foram lá recebidos sem- Nossa Civilização" de Max Nordau, "O
guerras continuamente sucedidas des- po nos dará razão. Anticristo" de F. Nietzsche e outros
de o ano 1500 ante de nossa era. Só pre de braços abertos e de lá sempre voltaram com dinheiro ou com a livros clássicos da propaganda libertá-
São os povos e sobretudo os traba-
a organização dos povos nos princípios lhadores os que podem acabar com as assistência solicitada. Mas, atacar os Estados-Undos de vez em quando ria, estes últimos devidcs ao esforço edi-
federativos do socialismo libertário guerras e os mitos de paz e todos cs torial da "Organização Simões", jun^
poderia ministrar sólidas bases para era útil à demagogia populista. Assim, mais de uma vez, o sr. Getúlio ta-se agora a publicação da "Análise
antagonismos dos Estados, para des-
isso. truir as raízes mesmas das guerras e Vargas, cuja política fria e oportunista ninguém ignora, mais de uma Dialética do Marxismo". E' seu autor
A :p'az não é uma planta fecunda estabelecer, em seu lugar, a paz sin- o nosso companheiro Prof. Mário Fer-
que se haja de regar esporadicamente. cera e duradoura, firmada na liberda- vez fêz declarações públicas alfinetando os Estados-Unidos. reira dos Santos, uma das mais vas-
Para tomar-se árvore imensa, gigantes- de do comunismo libertário, núncio tas, sólidas e brilhantes culturas do
ca e produzir singulares frutos, indis- prometedor de fraternidade universal. (Da revista Anhembi — Vol. XVI n.° 47 S. Paulo) Brasil. O autor, que conta no seu ati-
vo nada menos de catorze obras, em
sua quase totalidade da maior erudi-
ção, tais como "Filosofia, e Cosmovi- .
são", "Lógica e Dialética", "Psicolo-
SILÊNCIO Povo amigo! ficiue certo
De que, nor m_anhas do Estado,
ADMINISTRAÇÃO DE "AÇÃO DIRETA' gia", "Técnica do Discurso Moderno",
"Curso de Integração Pessoal", etc.,
dá-nos agora, na sua "Análise Dialé-
(Continuação da 1.* pág.) Engorda o burguês esperto, tica do Marxismo", uma brilhante, se-
Setembro de 1954 Outubro de 1954 rena, profunda e imparcial exposição
Mas você sempre é roubado.
tamibém sabemos que é amigo da Igre- da técnica, da estrutura e da cosmo-
ja e do Cardeal, o que eqüivale a di- Contribuições — F. Silva. 150,00 — Contribuições ,— Gonçalves, 100,00 visão de Marx, da polêmica entre êle
zer que ssrá portador de credenciais nosso ponto-de-vista e nós em desa- T. e H. 200,00 — Silas, 50,00 — Gon- — Silar, 50,00 — Ce Neves, 100,00 — e Proudhon e Bacúnin, em que se con-
para o homem mais católico do que o côdo com eles. Votar é portanto refor- çalves, 142,00 — Ce Neves. 100,00 — Raul, 20,00 — Afonso, 20,00 — Linau- figuram as duas concepções revolucio-
Papa : Salazar. Ante o espetáculo de- çar a estrutura política do Estado. A Porto, 13,00 — Lopes, 50,00 — Fran- ra, 50,00 — T. e H. 200,00 — F. Silva, nárias do socialismo, a autoritária e a
gradante dos governantes de ontem e mudança de governo consiste apenas em cisco, 50,u0 — Linaura, 50,00 — A Cor- 150,00 — A. Correia, 50,00 — Campi- libertária. Grande conhecedor dos mé-
dos opositores de hoje. somos força- sentir o alívio do carregador que mu- reia, 50,00 — Companheiros de São nas, 105,00 — Banca Galeria, 55,00 — todos marxistas, pois foi um dos mais
dos a dizer que, se o voto é a arma da o pesado fardo dum omhro para o Paulo; 2.820,00 — Campinas, 115,00 — Dalmau, 50,00 — Rodrigues 500,00. cultos e ativos militantes das fileiras
do povo, como. afirmam os políticos, outro. O governo cessante implantou Santos, 500,00 — Mo^sena — Sergipe, comunistas entre nós, Mário Ferreira
nós, ao votarmos, disparamos essa ar- um regime fascista após a revolução de 200,00 — Fernandes. — Porto Alegre, Total 1.450,00 dos Santos, apesar de ter abraçado as
ma contra nós mesmos. Nenhum ho- 1930, cujos moldes foram estudados e 100.00 — Pastorini — Bagé — 500,00 Saldo de Setembro 3.520,00 concepções e os métodos anarquistas,
mem livre elege seu tirano. O povo postos em prática pela Igreja em Itália, — Rodrigues, 500,00 — Sônia, 50,00. mantém, ao longo da sua Obra, notá-
sofre, definha-se e martiriza-se nunja a mesma Igreja que mantém Salazar Total: 5.640,00. Liquido 4.970,00 vel serenidade crítica na análise per-
luta desigual para morrer de fome e e Franco governando Portugal e Es- cuciente que faz das doutrinas marxis-
ao desamparo. Nós conhecemos essa panha, a mesma Igreja que mantém as Despesa: Despesa — Liquidação do nú- tas, baseando-se nas próprias obras de
triste e bem amarga situação. Por isso mais íntimas relações com homens do mero 95 — Expedição, cor- Marx e dos seguidores deste, frisando
perguntamos : que fazem os políticos novo governo brasileiro. Entregue ao Jornal do Brasil respondência interior e ex- as divergências profundas que separam
(sem excepção) em benefício dos mi- Onde estiver a Igreja, está um po- por conta do número 95 .. 2.000,00 terior e outras despesas .. 2.950,00 estes daqueles em pontos fundamen-
seráveis ? Nada ! Combatamos o Es- deroso inimigo, do pjovo. Por isso, vo- Correspondência interior e tais .
tado. Porque ajudar a constituii' um tar é prolongar a vida do roubo e da exterior, envio de pacotes e Saldo para Novembro Cr$ 2.020,00. E' esta uma obra honesta, do mais
GovêrnC' ? Aconselhamos o povo a que Maldade. outras despesas 120.00 profundo e impessoal que conhecemos,
não vote, e vamos votar ? Não ! Que Somos da opinião de certo anarquis- Companheiros de Pelotas e que, por tudo isto, nenhum anarquis-
os outros o façam menos nós, que com- ta que dizia : "Os partidos políticos Total da despesa 2.120,00 ta, nenhum militante operário, nenlhum
batemos o Estado. Para nós todos os são criados por um punhado de doidos . .Recebemos os 210,00 que foram ano- estudioso de sociologia deve deixar de
governos estão em desacordo com o em benefício de poucos." Saldo para outubro : Cr$ 3.520,00. tados nas contribuições de Novembro. ler.

Voltavam tristes, despedindo-se das cousas como se ambos se tares para junto de tua mulher e filhos, pensarás alguma vez em

DIREITO AO FILHO (Continuação da 2.* página)


dí2vessem afastar ou morrer. s
Havia-se posto o sol e um grande silêncio, .pleno de vida, aba-
lava a atmosfera. Cantavam rouxinóis, cantavam grilos e ouviam-
se cantar moços e moças. Maio aproximava-se e um pulsar de
mim ?
— Oh ! será possível que o perguntes ? disse em tom de
censura.
— Não estranhes — murmurou pensativa. Terás, para esque-
criação universal sacudia toda a terra. cer, todo.s os motives que não terei. Já os tiveste.
que desaparece, um nome que morre em mim. E, como viver, santo Sentindo a confusa grandeza daquele instante, a penetração — Perdoa-me. Não me deixes partir com o desespero de crer-
Deus, doravante ? Quem se sentirá com forças para viver ? Qus íntima de quanto os cercava, detiveram-se, mirando em torno, mi- me causador único 'de tua desgraça.
me susterá ? que me alimentará ? Só a morte poderei esperar. rando-se silenciosamiente. — De minha desgraça ? Será que fui desgraçada ? Até dez
Para amar de novo é já tarde. Para esquecer, mais tarde ainda. — Sentemo-nos um pouco — disse Rosa Maria. Estou muito dias atrás, e.sperava e era feliz. De hoje em diante, começará ou
E, para viver, que imperativos de existência haverá em mim ? cansada. não com.eçará minha desdita.
Lágrimas ardentes inundaram-lhe o rosto. E uma idéia ali- Sentaram-se. Rogério a encarava com solicitude carinhosa, com — Se de mim dependesse evitá-la. Se estivesse em minhas
mentada, acariciada durante anos e anos, a íêz estremecer. profundo e avaro mirar, que parecia querer gravar a visão de suas mãos fazer tua felicidade ! Mas, Rosa Maria, tu, tão nobre, tão
— Se eu pudesse ter tido um filhinho, um pedacinho de minha feições. boa, será que desaprovarias, que acharias infame que eu deixasse
carne, a quem dedicasse minhas horas todas, sobre o qual vazasse — Porque me olhas assim ? — exclamou ela sorrindo com me- minha mulher e meus filhos para ficar a teu lado, que abando-
toda a ternura do meu coração. Porque não me casei ? oh ! sim ! lancolia . nasse a seres que me amam e que de mim necessitam tanto como
O filho me haveria impregnado toda, ter-me-ia dado a ventura — Porque quero levar-te comigo. tu ? Será que em tua mente não entrou o pensamento de exigir
que não me pôde dar o amor. Os lábios dela tremeram. de mim semielhante sacrifício de minha dignidade, semelhante
Recordava sua louca afeição às crianças, desde adolescente, — E não quererias deixar algo em mim ? abandono de meu dever, de um dever que não ditam leis nem
aquele instinto materno que a fazia amar todas as criaturas, to- — Algo em ti ? Por desgraça para tua vida e para meu co- morais, que nasce do coração do homem, do sentimento do pai,
má-las no3 ib.raços, cobri-las de beijos. E ela, tão mãe, estava sen- ração, já deixo em ti um amor que não pude premiar. da consciência humana ? Será que não ?
tenciada a não sê-lo nunca. — O prêmio do amor já te disse que se acha na próorio amor. — Não ! Rogério, disse Rosa Maria vivamente. Jamais pensei
Em sua consciência de mulher, longamente amadurada, em seu Nada, pois, me deves. tal monstruosidade. E mais, creio que deixaria de amar-te se fosses
instinto, mais sábio e mais desperto que sua intieli.gência, desvia- — Que posso então deixar em ti. capaz de tal ação.
da ipelas freiras, começava a esgueirar-se um sobreumano protesto. Ela o fitou um momento, estremecendo. Passava a língua nos — Então, Rosa Maria, que fazer ? Que será de ti ?
De suas entranhas, de todo o seu ser, ante a vida irremediavel- lábios trêmulos, a mão pela testa que ardia, pelas facss muito — Que fazer ? murmurou ela como se sonhasse. Nada. D-si-
mente malograda, ante o porvir, irremediavelmente (perdido, subia acesas. xar-nos levar, abandonar-nos à vida, entregarmo-nos, numa su-
um clamor desesperado, uma solicitude suprema. prema renúncia, ao que quiser vir.
— Um filhinho, um pedacito de carne sobre que vazasse mi- — Que tens ? perguntou êle. Estais muito corada.
— Tenho febre. •Picaram silenciosos longo tempo, respirando o ar do campo,
nha ternura, a que dedicassie minhas horas todas, por quem vi- enchendo os pulmões em longa aspiração. Rosa Maria vibrava de
vesse e por quem morresse ! — Tens febre ? exclamiou êle, inquieto. Então vamos para casa.
Aproximou o rosto ao dela, fixando-a atentamente. Os olhos quando em quando. Rogério, notando-o, puxou-a para si, como
VI se quisera resguardá-la de um frio imaginário, de um frio que
de Rosa Maria desprenidiam tão extranho resplendor, que êle sen-
A NOITE ILUMINADA tiu uma como turbação. se achava dentro do seu coração. Mas, o corpo de Rosa Maria
abrasava. Tocou-lhe de novo a testa, as mãos; queimavam. Ela
Regressavam a pé, devagar, do passeio diário pelos campos. — Rosa Maria ? que se passa ? reclinou a cabeça em seu ombro è permaneceram largo tempo
Rogério dissera que partiria no dia seguinte. Não podia pro- — Nada. Tenho febre. Passa a mão na inlnha testa. assim, apoiados um no outro.
longar sua estada no povoado. Fazia já dez dias de permanência. — Está ardendo. Depois, sem saber como, as mãos se apertaram e as bocas
Sua mulher e filhos assustar-se-iam e, no arraial, já iam mur- — Toca minhas mãos. buscaram-se. A noite ia descendo, aromática e tranqüila. E, sem
murando, a comentar a demora do primo americano na casa Riera, — Ardem tam,bém. saberem como, viram-se estreitamente unidos, coníundidos num
com duas senhoritas, que algo mais deviam zelar por seus bons Rogério olhava-a profundamente, surpreendido e alarmado. Ela supremo abraço e, sem saberem como, cumpriram, ante o olhar
nomes, pois a pobre tia Adela, apesar dos seus 65 anos, não dei- fez um lOsfôrço para sorrir. das primeiras estrelas, no leito nupcial de toda a natureza o eter-
xava de ser donzela, de fréigil honra, fácil de romper-se. — Não é nada. Ouve-me: quando estiveres longe, quando vol- nt, rito do amor. (Continua)

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A Ç ÂO DIRETA Novembro e Dezembro de 195-4

Aloucada cólera contra os tiranos, vago desejo de destruir e matar


VERDUGOS DO
Líderes Sindicais
o admirável semanário anarquista social. Com esta vieram os seguros e
certamente não são características da filosofia conhecida com o nome de
anarquismo...
A filosofia do anarquismo está encerrada em uma palavra: LIBER-
DADE. Nenhum óbice ao progresso humano, ao pensamento, à investiga-
ção, estabelece o anarquismo; nada há verdadeiro e certo, hoje, que futuros
PROLETARIADO
(Continuação da 1.^ pág.)
Vadunata dei refrattari, de Nova York assistências (os nossos institutos) . As descobrimentos não possam provar seja falso; assim, nois, há uma única
mas infalível e imutável divisa: LIBERDADE. Liberdade de descobrir uma vio, ao ver que, em vez de fertilizar
em seu número de 2 de outubro, insere contribuições avolumaram-se, como princípios, só encerrava destruição.
um precioso artigo sob a epígrafe La- aqui, a bilhões de dólares. verdade, liberdade de desenvolver-se, de viver naturalmente e plenamente.
A. R. PARSONS. The phílosophy of anarchism Que resta hoje dessa revolução ?
voratori onorari (Trabalhadores hono- Ora, essa enorme reserva, diz o arti- Vemos um grande verdugo. Em suas
rários) . culista, "oferece aos trabalhadores ho-
Mostra haver nos Estados Unidos norários da burocracia unionista, nova •«e««eo9i mãos, a espada e o sangue, fiel repre-
■duas classes mui distintas de homens sentante daquele imperialismo tão so-
fonte de lucro e camorra". nhado pelos tzares.
ocupados na vida dos obreiros. Há os
trabalhadores (wage earners, ganha-
Transcreve, depois, do Times de No-
va York, estas palavras : "No ano pas-
NAS AUTARQUIAS FURTA-SE O Pedimos, pois, igualmente revolução
contra o comunismo soviético porque a
dores de salário) ou simplesmente
workers (obreiros) sejam assalariados,
sado, toda uma série de escândalos
descobertos de ponta a ponta do país
DINHEIRO DOS TRABALHADORES exigem a liberdade e nossos princípios.
Mas. qual é a força misteriosa que
sejam mestres de obras, empreiteiros, chamou a atenção das administrações mantém essas três falsas potências em
profissionais. desses fundos. Da zona do Mid-West, Autarquia é sinônimo de cadeia dourada. Com ela, al-
pé.
Outra classe há, porém, denominada uma subcomissão da Câmara dos Re- gema-se o trabalhador, fazendo-lhe crer que é seu amparo. Os
geralmente Labor, com L maiúsculo. presentantes recebeu provas concer- tiranos, a Igreja, os magnatas sempre inventaram desses truques O imperialismo russo.
"Esse nome, explica o articulista, re- nentes à sua administração e malver- para sopitar a revolta latente no produtor único, porém na pe- Simplesmente o mito de comunista,
serva-se a uma minoria de trinta ou são dos fundos de seguros sociais, con- núria. proletário e revolução, lançado i)elo
quarenta mil dnigentes de organiza- fiados a certos sindicatos da União dos Kremlin, mito de que os outros países
ções operárias, os lideres das uniões de Teamsters". Ação Direta bate e ba-terá sempre nesta importante tecla até necessitam para manter seus Estados
ofícios. Esses não são verdade.ramante Informa o Times que, em janeiro, que os trabalhadores do Brasil entendam esta verdade: as autar- capitalistas, mito que estabilza a bar-
trabalhadores, senão agentes políticos o presidente Eisenhower pediu ao Con- quias os escravizam ç roubam. bárie militar, escraviza a ciência e di-
ou administrativos que, nominalmente, gresso que estudasse a situação desses São diários os exemplos, as denúncias, os apitos dos próprios rige a exploração, bandeira, de côr
se supõe representarem os interesses fundos unionistas de seçuros sociais a jornais burgueses colaboradores do capitalismo e portanto desse branca ou vermelha, que agitam todos
dos trabalhadores autênticos, organiza- ver se seriam necessárias novas leis os Estados, vigilantes de que ningxtém
dos por ofício ou indústria. Na reali- garantidoras da sua integridade. miserável regime dos Institutos Beneficiários. Beneficiários de duvide do seu caráter.
dade, são profissionais ocupados, antes Em Nova York, o assassínio de um quem ? Dos funcionários e dos altos diretores oom polpudos orde- Mas, será invencível a potência des-
de tudo, dos seus interesses pessoais funcionário unionista revelou a exis- nados extorquidos das algibeiras do trabalhador. A tremenda bu- ses países !
ou parte deles". tência de camorras na gestão de tais rocracia desses Institutos é o maior parasita do trabalho nacional. Não.
E acrescenta : "Chefes e dirigentes fundos ordenando o governador Dewey Vai hoje um exemplo do famoso SAPS. Eis o que diz o Diário Saiba-se de uma cousa : se todos os
de organizações sobre as quais impe- inquérito apurado. de Notícias de 23 de outubro passado, logo na quarta página da organismos operários denunciassem a
ram quase sempre com obsoluta auto- Falta-nos espaço para alinhar a sé- sua primeira seção. estrutura do Estado capitalista, bur-
ridade, raramente retidos por escrú- rie de roubalheiras verificadas nessas guês, russo, o império do Kremlin, o
pulos e. mais raramente ainda, por uniões, nem há propriamente interes- dos ianques e o do Vaticano se des-
freios ou peias democráticas, esse- fun- se nisso. Não são diferentes das conhe- O SAPS moronariam ante a verdade.
cionários são, potencialmente, árbitros cidas aqui. Roubar é da essência do
de formidável força social, política e capitalismo e de suas instituições, ar- Porém, se isso períistisse, épocas há
econômica, a de 16 lOu 17 milhões de madas todas para o roubo organizado Ainda uma vez os escândalos do SAPS. Parece que essa ins- em que a evolução se socorre da vio-
trabalhadores organizados, os quais de quantos trabalham no campo ou na tituição não nasceu para outra coisa. Desde que a cortina de si- lência. A marcha progressiva da Hu-
mantêm, com seu trabalho, as princi- fábrica. lêncio da ditadura foi rompida em 1945, o SAPS tem sido um es- manidade em busca do seu ideal, des-
pais Indústrias do país e todos os ser- Os capitalistas, por meio de seus la- cândalo vivo. Quando não é uma administração que o produz, trói o que deve cair. Podem existir
viços públioos, e isso mais que as ri- caios parlamentares, entre os quais se eclipses; porém, a potência da razão,
desviando verbas e fazendo negócios Uicitos, é a administração se- enfrentando a força, triunfa sempre.
validades internas, perenemente em metem tantas vezes, engendram leis, guinte que procura salvar a sua responsabilidade divulgando esses
guerra entre empresas. Na prática, subvenções, contratos, propinas gordas Ante o porvir, o passado desmorona-se.
aciham-se divididos por ciumeiras e, comerciais. Na gerência sindical, pos- negócios e desvios Geralmente há notícias de inquérito. E promessa Por isso, essaa três pragas não podem
desacreditados entre os seus sequazes, tam ssus apaniguados e protegidos e de punição. Depois tudo cai no esquecimento e alguns nomes são subsistir.
são incapazes por si 'de contrarregár estes, bem treinados nas mamatas pa- acrescentados ao rol dos novos-ricos do país. O Vaticano, o imperialismo ianque,
até o voto político". tronais e confiantes na estultície dos O que se revela agora da administração do sr. Luis Correia a burguesia capitalista naentem no seu
Esses líderes aderem a partidos polí- obreiros, vão representando a farsa é simplesmente de estarrecer. Milhares de sacas de café que nor- ódio ao comunismo. Mentem porque
ticos conservadores, impõem certo res- como lhes melhor calha na firmeza das malmente seriam desitinadas a adubo foram compradas ao preço odeiam a Revolução Social e o comu-
peito aos políticos e aos governos da- unhas. nismo soviético não ocupa, nesta, ne-
dos os seus grandes meios de propa- Culpados ? Os próprios trabalhado- do melhor tipo de café que deveria ser vendido aos trabalhado- nhuma representação.
ganda. Conseguiram, no primeiro go- res, gente parva a mais não poder, fa- res e vendidos nas barracas, mercados e super-mercados. Torren-
verno de Fi/oosevelt e com a crise tre- cilmente tapeável, boa mesmo para ser tes de dinheiro deSpejaram-se no bolso de jornais e jornalecos,
menda de 1929-32, extensa le;?islação roubada e escarnecida. alguns dos quais já foram à falência devendo dezenas e centenas
de contos de publicidade "prometida". Tudo passou a ser propa-
ganda. Até o noticiário de fatos e a publicação de matéria edu-
CHUVA POR
VITALIDADE DAS IDÉIAS cacional e de interesse público eram realizados contra faturas fá-
ceis que se acumularam nos empenhos de verbas, nos contratos DINHEIRO
gordos cujo objetivo era eleger o diretor deputado federal.
Há trinta e cinco anos a ditadura Não obstante isto, a solução não po- Enquanto isso, a máquina administrativa desmantelou-se, in- Noticiaram os jornais : "O Rev.
bolchevique tenta sufocar, na Rússia, de consistir para nós, na cégi imi-
por meio da censura e dos campos de tação da demiocracia ocidental, com flada de servidores pagos por meio de recibos gracioso'^ — elei- Eddie Clayton pede 7 mil dólares ao
concentração, das prisões e dos pelo- seu sistema de capitalismo privado, co- tores considerados certos e contratados para arrastar os votos de governador de Nova Yorque, por atri-
tões de execução, toda idéia política e mo alternativa ao bolohevismo sovié- suas famílias, dos seus parentes e dos seus amigos. O SAPS buir a chuva às suas preces".
social que não seja de disciplina e tico. Nós queremos ser livres da tira- transformou-se num imenso escritório eleitoral, trabalhando fe-
submissão à ordem constituída, espe- nia de qualquer estado, pois que o es- brilmente para o PTB com o dinheiro da Previdência. Anuncia-se Esqueceu esse reverendo que o pa-
cialmente a idéia libertária, a mais de- tado é, em última análise, aoenas um um novo inquérito. E' de esperar que desta vez a investigação vá pa havia, em 9 de maio de 1950, bai-
testada pela ditadura totalitária. engenhoso mecanismo para explorar e
Desde que o movimento Makhnovista oprimir os trabalhadores. Nós quere- até o fim, se punam os culpados e as culpas não se repitam. A xado um decreto-lei da Congrega-
foi derrotado na Ucraína e a comuna mos realizar um governo sociali=-ta so- paciência do povo esgota-se. O SAPS, o Fundo Sindical e os Ins- ção do concilio estabelecido a pena
de Kronstat foi afogada no sangue de viético sem partidos, onde o povo se- titutos são gotas dágua que estão na iminência de fazer o copo
seus defensores (1921), não mais se ja fielmente representado p'elos sovietea transbordar. de ex-comunhão para os membros do
ouviu falar, nem se viu escrever de dos operários e dos camponeses. O Somente atos de extrema energia poderão conter o trans- Clero regular ou secular, que tratem
anarqri.^mo na União Soviética, Dos aparelho estatal deve ser substituído bordamcntc. de negócios por sua conta ou conta
anarquistas conhecidos, os que não por sindicatos operários e camponeses,
conseguiram alcançar o caminho do com a função de governar, não as de outrem prevendo tal decreto a
exílio, acabaram nas prisões ou nos pessoas, mas os meios de produção". obrigação de reparar os prejuízos ma-
campos de concentração. E depois de se ter assim referido ao
Se as mordaças e as perseguições de
um governo absoluto, intolerante às
texto daquela leitura, a senhora Ger-
land recorda sua fé social democráti- RESPOSTA A UMA CARTA teriais que possam causar. Creio que
Clayton espera comprar o Céu, com
divergências e feroz em suas represá- ca e observa : conhecendo ".s idéias da os 7 mil dólares, pois, ao negociar tal
lias, tivessem a possibilidade de des- social democracia ocidental melhor que (ver o número anterior)
truir as idéias, sufocando-as no peito muitos companheiros russos, eu pro- fenômeno (a chuva), foi automatica-
dilacerado dos que as professam, nos curei contestar alguns pontos desse 6. Qual a posição dos anarquistas Resposta. O sr. Lima não pode ali- mente excomungado pelo decreto do
domínios da ditadura bolohevique, não manifesto que me parecia mui+o mais ante o Governo de Exílio da Espanha ? jar do seu cérebro essa palavra lider;
deveria nesta hora, depois de quase anarco-sindicalista que socialista. de apoio ? No caso afirmativo, não há Papa. A. C.
sete lustros de censura e depuração, mas, é de todo ponto indispensável ati-
Mas essas idéias =inarmii-tas d=.siier- incoerência ? Não representa Estado ? rá-la às urtigas se quiser algo pescar
sobrar sequer a lembrança das idéias Não é um dilema ? de anarquismo. Durruti nunca pensou
libertárias e do movimento anarquista. taram maior atração sobre os prisio-
neiros, como reação, s=írri dúvida natu- Resposta. Não há dilema algum já em ser líder, ou chefe, ou cousa algu- Conta a Igreja como certo
No entanto ... que não existe apoio algum anarquis- ma. Dadas as suas qualidades de lu-
O número de 2 de agosto último do ral, à realidade sov'ética, tanto que Que, fugindo do canhoto,
eu mesma me enc^ntrei às vezes qua- ta ao governo de exílio. Podem os tador, sua inexcedivel coragem, seu
semanário social democrático de Nova se persuadida de alguma» dessas idéias. anarquistas olhar com simpatia esse ânimo e a irrestrita confiança adqui- João Batista, no deserto,
York "The New York Leader" que é Interessa saber que aquele grupo aca- governo por ser êle o único inimigo rida por uma atuação de muitos anos
tradicionalmente contra os anarquistas, bou por se dar um outro nome. o de declarado do usurpador fascista e ca- no movimento anárquico ao lado de Comeu muito gafanhoto.
ao menos tanto quanto o são os poli- Liga dos Sindicalistas. A junte-se que tólico Franco. Como lutamos, nós de Francisco Ascaso, seu inseperável com-
ticantes bolchevistas, traz um testemu- um lado e o governo do exílio do ou- panheiro, entregou-lhe o povo espa-
nho em contrário que não se pode a existiam outros agrupamentos comu-
tro contra a mesma camorra clérico- nhol a tarefa ds organizar a resistên-
Mas, sendo eles tão vorazes,
priori desprezar. nistas que se professavam sequazes de
Msrx ou Kautskv, mas ê^^te^ eram mui- fa=clsta. 'r^-uinadora da infeliz Espa- cia a Franco. Só isso-! Que não há quem lhes resista,
Trata-se de um artigo de uma se- nha, poderá parecer, aos habituados 9. Foi assassinado por anarquistas
nhora alemã, Brigitte Gerland, siocia] to menos numerosos, podendo se- uma
à política burguesa, que apoiamos tal Como foi que esses lambazes
centena nos camnos de Vorkut, en- mesmo, como faz crer o argumento
democrata, libertada, no ano passado, quanto os sindicalistas eram o dobro. governo. Tão certo, entretanto, é que contrário ? Não comeram João Batista?
do campo de concentração de Vorkut, Como em todo' os out-os regimes o não apoiamos, que, se conseguirmos
onde tinha passado diversos anos de levar avante, como pretendemos, a Resposta. Essa mentira é tão des-
internamento. int'^lerantes. as idéias acabam, tam- lavada, que até ifaz rir e enoja. A ver-
bém, na Rússia bolchevique e nos ou- derrocada do falangismo e do Vatica-
são contrária seria muito mais prová-
Brigitte Gerland fala de sua estada
no campo de internamento soviético
de Vorkut, onde os mineiros interna-
tros paíse» que dela seguem o exem-
plo liberticida, por refugiar-se nas pri-
no na Espanha, absolutamente impos-
sível seria fôssemos cometer a estuni-
dez de o repormos em Madrid. Pode-
vel, quase certa : Durruti foi vítima
dos bolchevistas. O que nos leva a su-
DIVULGUE *
sões junto aos que as professam e con-
dos fizeram uma greve contra seus
carcereiros e exploradores bolcheviques tinuam a própria vida e a'próprn ela-
boração, em circunstâncias que difi-
riam voltar seus membros à Espanha,
porém como simples trabalhadores. Co-
por isso é o fato de haverem os bol-
ohevistas, imediatamente, atribuído essa
morte aos anarquistas, invenção dia-
AÇÃO *
em julho de 1953 e conta ter assisti-
do, numa manhã, às discusões de um
grupo de jovens internadas. Eram ex-
cultam necessariamente seu desenvol-
vimento mas que, ao mssmo tempo,
mo governo, jamais.
7. Qual a melhor obra (quer em
português quer em castelhano) sôTore
bólica em que, felizmente, ninguém
acreditou. Basta ver a colossal de-
♦ Dl RETA
estudantes, narra Gerland, que tinham lhes intensificam paixão e viçrnr. monstração de pesar que foi o enterro
Seria certamente errado dizer que a guerra civil espanhola ? Já li A Tra-
constituído um grupo de resistência e gédia na Esvanha e Um brasileiro na desse grande companheiro.
mantinham relações com os componen- as ne"seguiçõ's dos governantes pro- Todavia, não há prova provada de
movem a propaganda e a difus^io das guerra espanhola, gostando do primei- da a Espanha o maior vivedouro de
tes de grupos análogos existentes nos ro (de autoria de um espanhol exilado) algum atentado. Madrid estava trans- compan.>"aJvos. Depois virá a Itália,
campos masculinos. idéias, que constituem o germe d^ sua formada em campo de batalha pois os
perdição Mas pode-se ver hol', cmo e vendo, no segundo, aberta propagan- porém, » Bulgária, apesar da fe-
Naquela manhã, uma jovem das mala da bolchevista, soviética, como se vê íranquistas haviam chegado até a Pon- roz reação soviética, não se distan-
ativas, levantou-se e leu uma comuni- no passado, na Rnssia bolchevique, co- te dos Franceses. Combatia-se nas
mo na Rússia Tza^ist^, que não há dos excessivos ataques à atuação dos cia muito. Sabemos, outrossim, que, na
cação recebida do campo dos homens, anarquistas na guerra citada. Há ver- ruas. Uma bala qualquer apanhou própria Rússia, ferve a propaganda
comunicação que a articulista guardou mordaçT nem perseguição de tiranas Durruti em pleno coração, quando êle
que possa destruir as idéias de liber- dade ali ? Os anarquistas sabotaram anárquica e cresce o número dos li-
de memória em sua substância e re- a guerra civil ? Não vedes a possibi- inspecionava as trincheiras. Temerá- bertários, com a desilusão do paraíso l
sume com estas nalavras : "Todo mo- dade e de justiça social. rio, como conhecidamente era, não se
lHade de infiltração de elementos mal 13. Pergunta por fim o sr. Lima, se
vimento de resistência — escreve — co- Expulsa da praça pública, da tri- intencionados nos movimentos anar- resguardava e foi certamente vítima os anarquistas atuaram em Guatema-
meça com um NÃO. buna e da imprensa pública, a idéia quistas no mundo ? Que acha ? do seu destemor.
10. Foi Durruti o criador da Briga- la e na Indochina. Nenhuma noticia
Nós dizemos NÃO à ditadura do par- anarquista da eTiancipação humana Resposta A melhor, talvez, a única possuímos.
tido que transformou a promessa de st instala no coração e no pensamento documentada e segura é a de Juan da Internacional ? 12. Recebemos do sr. Lima outra
liberdade ds espírito numa mentira dos fortes, dos corajosos, tempera os Peirats, em três volumes. A do bra- Resposta. A Brigada Internacional carta datada de 6 de outubro, em que
farisaica para todos os povos da União caracteres e a vontaie como antítese sileiro na guerra da Espanha é teste- organizou-se em França e Durruti, na insiste nesses pontos e, mais, em qual
Soviética. Nós dizemos NÃO ao ca- ló<?i"a e histó"ica rio socialismo de ca- muçbho acabado e vivo dos PTOCPS«OS Espanha, não poderia ter influído é nossa posição ante partidos. Esta-
pitalismo de estado, porque o e-tado serna dos ditadores fanatizados do infames desses requintados jesuítas, nisso.
partido bolehevioue internacional, mos fartos de berrar que os anarquis-
soviético é um exolorador mais tirâ- fascistas vermelhos, contumazes calu- Constituiu-se, a princípio, com re- tas não apoiam partido algum, com-
nico que os mais desapiedados caoita- atraídos para o absolutismo e^^tatal. E niadores e mentirosos profissionais. fugiados italianos, anarquistas e socia- batem o sistema eletivo, detestam po-
listas privados. Nós dizemos NÃO ao será amanhã a bandeira e a meta da Raciocine. Quem saiu à rua arrastan- lista acossados por Mussoluni. A pro- lítica seja democrática, republicana,
imperialismo soviético que está em in^^urreição dos deserdados e dos .opri- do o novo espanhol na contraofensi- va de nela preponderarem os anarquis- soviética ou cristã. Todas se eqüiva-
contraste berrante com a teoria mar- midos. va a Franco ? Foram os comunistas ? tas está em ter-se chamado batalhão lem, isto é, nada valem, pois nenhu-
xista, porque a revolução não pode Não .Foram os anarquistas, centenas Malatesta a primeira leva entrada na ma cogita na destruição do Estado e
ser levada ao mundo na ponta das (Traduzido de UAdunata dei Re- deles mortos na tomada do forte de Espanha. este ponto é o ponto capital. Os anar-
baionetas russas. frattari de agosto de 1954). Artarazanas. Nesse tempo, não havia, U. Os anarquistas ainda mantêm quistas são contra qualquer governo :
pode-se dizer, bolchevistas na Esoanha. guerrilheiros nos Pirineus ? monárquico, soviético, cristão, demo-
Seria possível fossem os anarouistas Resposta. Nos Pirineus e em toda a crático, católico ou outro. Propugna-
- _ In sabotar depois uma obra iniciada nor Espanha. Refere-se a pergunta, certa- mos e federação regida por acordo mú-
Ademais, é essa a principal razão de nao querer- |{ eles ? ..Os sabotadores re^is, provada- mente, a guerrilheiros armados nas tuo, assumido em congressos, plená-
mos ser governados. É necessário que os homens ces- ij mente sabotadores miseráveis.' a cuja montanhas; mas, cada espanhol dese- rios, reuniões, com direção dos traba-
obra danada se deve a derro'-a quan- joso de liberdade dentro das frontei- lhos a cargo das organizações técnicas,
sem de ser rebanho e se habituem a pensar e a ter m do a vitória estava patente, foram pre- ras é, de Um ou de outro modo. um constituídas por trabalhadores, não
noção da sua própria dignidade,, de sua própria força. § cisamente os boldievistas. por imper- guerrilheiro em ação e pronto à pri- por assalariados, não sujeitas a regu-
doável erro dos comnanheiros espa- meira oportunidade para o levante lamentos, nem ministérios, nem polí-
Para educar o homem na liberdade e na gestão dos |j nhóis aue lhes permitiram entrada no geral. cias, nem tribunais.
seus interesses, é necessário ideixar que pense por si || ministério republicano, inclusive no 12, Qual o país que possui maior Queremos uma sociedade sem o m,eu
mais eficaz de todos, o da guerra. As número de narquistas ? nem o teu, pois nesse egoismo está o
mesmo e fazer-lhe sentir a responsabilidade de seus ri tremendas vilanias d^s ditos comunis- Resposta. Difícil a resposta, porque, cerne do mal, da broca destrutiva de
atos, tanto no bem como no mal que deles derivam. 1 tas estão documentados na obra de como já disse, não rotulamos ninguém, toda harmonia humana.
Peirats P f^eig d="-'"s amostra no n.° nem distribuímos cadernetas, nem or- Pensamos haver respondido às per-
MALATESTA —■ Entre camponeses 1 93 de AÇÃO DIRETA. ganizamos fichários. Não queremos re- guntas do sr. Lima. Se outras dúvi-
8. nii-^run foi o líder do anarquis- banho. Queremos homens livres e das tiver, prontos estamos a esclare-
mo ibérico ? conscientes. Cremos, todavia, ser ain- cê-lo .

ATA ^^^

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