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TCCB-Karina Cruz PDF
TCCB-Karina Cruz PDF
Sadao Massago
Sadao Massago
Departamento de Matemática
Agradeço,
À minha família (minha mãe Rosana, meu pai Edson e meus irmãos: Igor e Vitor),
Assim como no Trabalho anterior, espera-se que este ajude a revisar, consolidar e
forma introdutória, da formidável Teoria desenvolvida por Évariste Galois. Teoria esta,
equações polinomiais de grau maior ou igual a cinco. Ademais, por sua grande abrangên-
cia, a mesma encontra inúmeras outras aplicações interessantes na, e fora da Matemática.
e sua consequência esplêndida na não solubilidade das equações polinomiais de grau maior
ou igual a cinco.
Sumário
2.3 Implicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
3 Fatoração de Polinômios 25
3.1 O Algoritmo Euclidiano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3.2 Irredutibilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
4 Extensões de Corpos 37
4.1 Expressões Racionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
5 Extensões Simples 43
5.1 O Polinômio Minimal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
ix
SUMÁRIO SUMÁRIO
8 Normalidade e Separabilidade 63
8.1 Corpos de Decomposição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
8.2 Normalidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
8.3 Separabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
9 Automorsmos de Corpos 71
9.1 K- Monomorsmos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
10 A Correspondência de Galois 79
10.1 O Teorema Fundamental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
11 Um exemplo prático 83
12 Solubilidade e Simplicidade 89
12.1 Grupos Solúveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
x
Lista de Figuras
xi
Lista de Tabelas
11.1 Q-automorsmos de K. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
11.2 Q-automorsmos de A† . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
xiii
xiv
Introdução
Segundo Eves (2011, [2]), Évariste Galois, pode ser considerado como um meteoro, que
riscou o rmamento matemático com brilho intenso e matinal, para depois, súbita e pa-
Tal material, teve seu início de produção durante a adolescência de Galois, quando este,
passou a construir uma teoria com aplicações sobretudo à teoria das equações algébricas.
Um dos resultados mais salientes desta teoria é a impossibilidade de resolução por meio
um conceito até então não formalizado. Foi ele quem utilizou o termo grupo pela pri-
fundamental da Teoria de Galois arma que existe uma correspondência entre os subgru-
pos do grupo de Galois de uma equação e os subcorpos do corpo das raízes desta equação.
mais aprofundado de duas grandes sub-áreas da Álgebra: a Teoria dos Grupos e a Teoria
dos Corpos.
de Corpos, Extensões Simples, O Grau de uma Extensão e Construções com Régua e Com-
xv
O capítulo inicial apresenta alguns conceitos da álgebra clássica fundamentais para
cinco.
estes abrangem, o Teorema Fundamental da Álgebra merece destaque, uma vez que, este é
responsável por responder a seguinte pergunta: existe alguma equação polinomial com co-
ecientes em C que não possui raiz sobre C? E ao respondê-la, mostrar a não necessidade
de uma Extensão, são responsáveis por introduzir parte do que contempla a Teoria de
Teoria de Galois.
ções com Régua e Compasso, tem como propósito aplicar a Teoria anteriormente descrita
gregos.
Os capítulos dez e onze, contemplam o auge deste Trabalho. Neles juntamos as peças
Por m, os três capítulos nais, Solubilidade e Simplicidade, Solução por Radicais
xvi
Capítulo 1
mos o conceito de anel, corpo, subanel, subcorpo, homomorsmos (em suas variedades,
equivalência, equações e seus métodos de resoluções, como também soluções por meio de
radicais.
+:A×A→A ·:A×A→A
(a, b) → a + b (a, b) → a · b
1
2 1.1 Anel, Corpo, Subanel e Subcorpo - Denições e Exemplos
D) Distributividade à esquerda: a · (b + c) = a · b + a · c
Distributividade à direita: (a + b) · c = a · c + b · c.
Além das propriedades que o caracterizam, um anel pode possuir (não necessariamente)
outras propriedades:
M2) ∃ 1 ∈ A, 0 6= 1, tal que, x · 1 = 1 · x = x, ∀x ∈ A, e neste caso, dizemos que
(A, +, ·) é um anel com unidade.
M 3) ∀x ∈ A, x 6= 0, ∃ y ∈ A, tal que, x · y = y · x = 1,
(ii) x, y ∈ B ⇒ x · y ∈ B .
Assim podemos considerar a adição e a multiplicação de A como operações de B . Se
(B, +, ·) for um anel com estas operações, dizemos que B é um subanel de A.
conhecimento de algumas funções especícas entre corpos, de um modo mais geral, entre
(a) f (0) = 00 ;
Partindo da ideia de trabalho com algo mais palpável, deniremos Grupos de Galois
complexos como uma necessidade de resolver mais equações. Este é um ponto crucial da
matricial e geométrica.
!
x −y
z= .
y x
1 Conceitos Básicos da Álgebra 5
algébrica como um conjunto de R2 , isto é, de todos os pares de números reais (x, y), com
as operações:
Assim, identicamos um número real como sendo da forma (x, 0), com x ∈ R, e vemos
Suponhamos que em um conjunto A esteja denida uma relação entre pares de ele-
0
mentos de A. Se x, x ∈ A escreveremos xRx0 se x estiver relacionado com x0 por R, e
x R x0 caso contrário.
1. Reexiva: xRx;
Exemplos 1.4.2.
α = 90◦
r
β = 90◦
em que r ⊥ s, s ⊥ t, porém t k r.
x, x0 ∈ A, x ∼ x0 se f (x) = f (x0 ).
1. x = y ⇔ x ∼ y ;
2. x 6= y ⇒ x ∩ y = ∅;
3. x = A.
S
x∈A
Demonstração.
x, x0 ∈ Z, x ∼ x0 ⇔ x − x0 é um múltiplo inteiro de n.
1. Dado x ∈ Z, x ∼ x, pois x − x = 0 = n · 0;
tipo de número é a inadequação dos números antigos para a solução de alguns problemas
relevantes.
Por exemplo, o passo de N para Z é necessário, uma vez que, equações como,
t+7=2
não podem ser resolvidas para t ∈ N. Entretanto, tais equações podem ser resolvidas em
Z.
Similarmente, o passo de Z para Q, tornou possível a resolução da equação,
2t = 7.
1 Conceitos Básicos da Álgebra 9
at + b = 0,
equações são ditas lineares. E estas, vistas em subcorpos de C, podem ser resolvidas com
−b
a solução única t = , quando a 6= 0.
a
O passo de Q para R é relatado por um tipo diferente de equação:
t2 = 2,
√
já que a solução t= 2 é um número irracional.
t2 = −1
que não tem soluções reais, pois o conjunto dos números reais é um corpo bem ordenado,
Equações da forma,
at2 + bt + c = 0
√
−b ± b2 − 4ac
t= ,
2a
com a 6= 0.
Para os números reais, a fórmula faz sentido se b2 − 4ac ≥ 0 e não se b2 − 4ac < 0;
para os complexos, ela faz sentido em qualquer um dos casos. Para os racionais, esta faz
de raízes da mesma, por meio de apenas operações elementares (adição, subtração, multi-
tipos de polinomiais.
at + b = 0
10 1.6 Solução por radicais
e a solução é claramente,
−b
t= .
a
at2 + bt + c = 0.
t2 + at + b = 0.
a 2 a2
t+ = − b;
2 4
t3 + at2 + bt + c = 0,
tal equação é mudar a variável para termos uma outra equação equivalente a esta, com
a a
a = 0. Façamos a mudança y = t+ 3
, e então t=y− 3
. A equação com tal mudança
ca,
a 3 a 2 a
y−+a y− +b y− +c = 0
3 3 3
a2 a3 a2 y a3 a
y3 − y2a + y − + ay 2 − 2 + + by − b + c = 0
3 27 3 3 9 3
2
a3
a a a
y3 + b − y+ +c−b − = 0
3 9 3 27
3
y + py + q = 0
1 Conceitos Básicos da Álgebra 11
a2 a3 a3
onde p= b− 3
e q= 9
+ c − b a3 − 27
.
√
3
√
y= u + 3 v.
Assim,
√ √ 3
y 3 = ( 3 u + 3 v)
√ 2√ √ √ 2
= u + 3( 3 u) 3 v + 3 3 u( 3 v) + v
√ √ √ √
= u + v + 3 3 u 3 v( 3 u + 3 v).
√ √ √ √ √ √
u + v + 3 3 u 3 v( 3 u + 3 v) + p( 3 u + 3 v) + q = 0
√ √ √ √
⇔ (u + v + q) + ( 3 u + 3 v)(3 3 u 3 v + p) = 0.
u+v+q =0
e
√ √
3 3 u 3 v + p = 0,
u + v = −q (1.1)
e
−p3
u·v = . (1.2)
27
Multiplicando a Equação (1.1) por u e substituindo a Equação (1.2), conseguimos,
p3
u(u + v) − u · v = −qu +
27
p3
u2 + qu − = 0.
27
r
q q 2 p3
u=− ± + ,
2 4 27
12 1.7 Peculiaridades da Fórmula de Cardano
e r
q q 2 p3
v=− ± + .
2 4 27
Disto, encontramos
s r s r
3 q q 2 p3 3 q q 2 p3
y= − + + + − − + ,
2 4 27 2 4 27
α + β α + ωβ α + ω 2 β
ωα + β ωα + ωβ ωα + ω 2 β
ω 2 α + β ω 2 α + ωβ ω 2 α + ω 2 β
Entretanto, nem todas estas expressões são zeros. Se escolhermos α, β tal que 3αβ +
2 2
p = 0, então as soluções são: α + β , ωα + ω β , ω α + ωβ .
Outras peculiaridades emergem quando nos deparamos com equações cujas soluções
são conhecidas. Por exemplo, y 3 +3y −36 = 0, que tem y = 3 como solução. Por Cardano,
temos
s r s r
3 362 33362 33 3
y = 18 + + + 18 − +
4 27 4 27
v s v s
u 2 u 2
u
3 36 u3 36
= 18 + + 1 + 18 − +1
t t
2 2
√ √
q q
3 3
= 18 + 325 + 18 − 325,
Como Cardano observou em seu livro, isto piora. A fórmula homônima aplicada a
p √ p √
3
t − 15t − 4 = 0, resulta em t = 3 2 + −121 + 3 2 − −121, que contrasta com a
mente consertados por volta de 1560 com Raphael Bombelli e 1629 com Albert Girard.
1 Conceitos Básicos da Álgebra 13
a 4 a 3 a 2 a
y− +a y− +b y− +c y− +d=0
4 4 4 4
a2 a3 a2
a a 3 3 2a 2 a ca
y− y− + a y − 3y + 3y − +b y − y + + cy − +d = 0
4 4 4 16 64 2 16 4
a2 a3 a2 a3 a4 a2
a 3 2a a a
y− y − 3y + 3y − +ay 3 −3y 2 +3y − +by 2 −b y+b +cy−c +d = 0
4 4 16 64 4 16 64 2 16 4
2
4 3a 2aa3 3a 2a
2
a3 a4
y − 3y + 3y − y − y + 3y − 3y + +
4 16 64 4 16 64 64 · 4
a2 a3 a4 a a2 a
+ ay 3 − 3y 2 + 3 − + by 2 − b y + b + cy − c + d = 0
4 16 64 2 16 4
2
a2
3
a3 ba
4
a4 a2
4 a 2 a a a
y + 6 −3 +b y + − +3 − + c y+ − −c +d+b =0
16 4 16 16 2 64 · 4 64 4 16
2 2
3 3
a4 a4 2
Fazendo p = 6 a16 − 3 a4 + b , q = − a16 + 3 a16 − ba
2
+c e r= 64·4
− 64
− c a4 + d + b a16 ,
p 2 p2
y2 + = −qy − r + . (1.3)
2 4
p 2 p 2 p
y2 + + u = y2 + +2 y+ u + u2
2 2 2
p2
= −qy − r + + 2uy + pu + u2
4
Escolhemos u de modo que o lado direito seja um quadrado perfeito. Se ele o é, este
√ q√
deve ser o quadrado de 2uy − 2u, e então,
2
p2 q2
−r + + pu + u2 = .
4 8u
Equivalentemente, com u 6= 0,
p 2 √ q √ 2
y2 +
+u = 2uy − 2u
2 2
p √ q√
2
então, y + u = ± 2uy − 2u . Finalmente, conseguimos resolver a quadrática
2 2
acima encontrando y .
quadradas.
y 5 + py 3 + qy 2 + ry + s = 0.
um impasse.
Lagrange, em 1770-1771, analisou todas as estratégias, e mostrou que eles podem ser
explicados usando princípios gerais sobre funções simétricas de raízes. Quando ele aplicou
este método a quíntica, entretanto, ele descobriu que reduzia o problema a resolver uma
equação do sexto grau. Uma fascinante descrição destas ideias, juntamente com um
método para resolver quínticas, quando não solúveis por radicais, pode ser encontrado
(2002).
Lagrange observou que todos os métodos para resolver equações polinomiais por ra-
expressão:
Y
δ= (αj − αk )
j<k
que traz somente dois valores, ±δ : mais para as permutações pares e menos para as
2
permutações ímpares. Entretanto, ∆ = δ é uma função racional de coecientes.
3
ω = (α1 + ωα2 + ω 2 α3 )
1 Conceitos Básicos da Álgebra 15
tem exatamente dois valores distintos. De fato, permutações pares não a alteram, en-
3
v = (α1 + ω 2 α2 + ωα3 ) .
Segue que u+v e uv são xadas pelas permutações de raízes e devem, ser expressas por
funções racionais de coecientes. Daí, uev são soluções da equação quadrática, e podem
ser expressas por raízes quadradas. Mas, o uso de raízes cúbicas expressa α1 +ωα2 +ω 2 α3 =
√ √
3
u e α1 + ω 2 α2 + ωα3 = v por radicais. Por causa disso, nós também sabemos que
3
α1 +α2 +α3 é menos o coeciente do termo t2 , e temos três equações lineares independentes
em raízes, o que é facilmente resolvido.
4
(α1 + iα2 + i2 α3 + i3 α4 ) .
Mas, quando tentamos a mesma ideia a quíntica, um obstáculo aparece. Suponha que
5
ω = (α1 + ξα2 + ξ 2 α3 + ξ 3 α4 + ξ 4 α5 ) .
Além disso, ω é uma raiz de uma polinomial de grau 24 - um passo bem distante.
x = (α1 α2 + α2 α3 + α3 α4 + α4 α5 + α5 α1 − α1 α3 − α2 α4 − α3 α5 − α4 α1 − α5 α2 )2
que mostra que x admite seis valores quando as variáveis são permutadas nas 120 maneiras.
Além disso, x é raiz de uma equação de ordem 6. Quando esta, possui uma raiz cujo
equação
t5 + 15t + 12 = 0
tem a solução,
s √ s √ s √ s √
5 −75 + 21 10 5 −75 − 21 10 5 225 + 72 10 5 225 − 72 10
t= + + + ,
125 125 125 125
No início do século XIX, período em que Galois viveu, era natural pensar em inves-
tigações matemáticas sobre o corpo dos números complexos, uma vez que, os reais eram
√
inadequados para determinados propósitos (por exemplo, não havia −1 em R). Além
disso, a aritmética, a álgebra e análise dos complexos eram mais ricas, elegantes e mais
P (t) = 0,
literatura.
Estamos acostumados a pensar que uma polinomial é uma função que mapeia t com
r0 + r1 t + ... + rn tn
(que não aceitam uma expressão logicamente falada como acima), podemos reorganizar a
17
18 2.1 Equações Polinomiais
expressão por meio de sequência (r0 , r1 , ..., rn ). Que de algum modo, t é representado por
(0, 1, 0, ..., 0).
Os elementos r0 , ..., rn são os coecientes do polinômio. De modo usual, os termos 0tm
podem ser omitidos ou escritos como 0, e 1tm pode ser substituído por tm .
Duas polinomiais são ditas iguais se, e só se, os correspondentes coecientes são iguais,
se potências de t não aparecem, estes devem ser entendidos como termos de coecientes
nulo.
X
ri ti = r0 + r1 t + ... + rn tn com i≥0 e rk = 0, ∀k ≥ n.
Então, se
X X
r= ri ti e s= si ti ,
denimos
X
r+s= (ri + si )ti
e
X X
r·s= qj tj onde qj = rh s i .
h+i=j
Com estas denições, vericamos que o conjunto C[t], dos polinômios sobre C com
álgebra.
Pensemos um pouco na questão do inverso multiplicativo, uma vez que, é este axioma
∂(f (t) · g(t)) = ∂f (t) + ∂g(t) = ∂1 = 0 ⇒ ∂f (t) = ∂g(t) = 0. Logo, f (t) e g(t) são
polinômios constantes. Assim, os únicos polinômios invertíveis são os constantes dados
Um elemento de C[t] é geralmente denotado por uma única letra, como f, exceto
Proposição 2.1.3. Dois polinômios f, g sobre C denem a mesma função se, e somente
se, eles tem os mesmos coecientes.
Demonstração. Sejam f, g ∈ C[t]. Tomemos h(t) = f (t) − g(t), como
f (t) = g(t), com
n−1
sabemos o que signica a igualdade, temos que h(t) = an−1 t + ... + a0 = 0, ou seja,
todos seus coecientes são nulos, e assim f e g denem a mesma função sobre g .
(n)
Como h(t) = 0, ∀t ∈ C, podemos diferenciar n vezes para obtermos que h (t) =
0, ∀t ∈ C. Em particular, h(m) (0) = 0, ∀n ∈ N. Mas, uma indução simples mostra que
h(n) (0) = n0 · an , então an = 0, ∀n ∈ N.
que não possui solução sobre C, e estendemos o sistema numérico para encontrarmos tal
solução?
A resposta é porque tal equação não existe, ao menos se nos limitarmos a polinomiais.
Toda equação polinomial sobre C tem solução em C. Tal proposição foi muito debatida
por volta de 1700. Em 1702 (no papel), Leibniz mostrou que isto pode ser verdade,
citando o exemplo:
√ √ √ √
q q q q
4 4
x + a = (x + a −1)(x − a −1)(x + a − −1)(x − a − −1)
x4 − 4x3 + 2x2 + 4x + 4
p √ p √ p √ p √
com zeros/raízes 1 + 2 + −3, 1 − 2 + −3, 1 + 2 − −3 e 1 − 2 − −3.
Euler respondeu, em uma carta a seu amigo Christian Golbach, que os quatro fatores
ocorrem como dois pares de complexos conjugados, e que o produto de tais pares de
fatores é um número real ao quadrado. Ele mostrou isto como exemplo da proposta de
Bernoulli. Golbach sugeriu que x4 + 72x − 20 não concorda com a armação de Euler,
e Euler pontuou um erro computacional adicionando que teria provado o teorema para
polinômios de grau menor do que, ou igual a 6. Euler e Jean Le Rond d'Alembert deram
provas completas para qualquer grau; Lagrange clamou pelo preenchimento dos buracos
na prova de Euler em 1772, mas ele cometeu o erro de assumir que as raízes existiam, e
20 2.2 Teorema Fundamental da Álgebra
que usam as leis da álgebra para deduzir que deveriam ser números complexos, sem provar
que as raízes - quaisquer que fossem - deveriam obedecer as leis da álgebra. A primeira
prova genuína foi dada por Gauss na sua tese de doutorado em 1799. Depois, Gauss deu
relativamente simples da análise real e da topologia. As ideias por trás da prova aqui
nométricas complicadas. Por razões técnicas, usaremos diferentes táticas das empregadas
Suponha que γ(S) não contenha a origem (0, 0) ∈ R2 , isto é, γ(θ) 6= (0, 0) qualquer
que seja θ ∈ S. Então qualquer ponto (x, y) ∈ γ(S) está de um único raio determinado a
múltiplo inteiro de 2π .
Usando θ para parametrizar S , com γ(θ) = (xθ , yθ ). Escolha um valor φθ de argumento
de (xθ , yθ ). É plausível que exista uma única escolha de argumento φθ para o ponto (xθ , yθ )
tal que,
1. φθ é igual a φ0 quando θ = 0;
Denição 2.2.2. Seja γ um laço em R2 não passando pela origem. Seja φθ uma escolha
contínua de argumento para γ . Então, o número de sinuosidades de γ ao redor da origem
é
φ2π − φ0
ω(γ) = .
2π
2 O Teorema Fundamental da Álgebra 21
Este número independe da escolha inicial φ0 , pois começando com φ0 + 2kπ somos
Exemplos 2.2.3.
1. Suponha que γ é constante, digamos que γ(θ) = (x0 , y0 ) 6= (0, 0) para todo θ. Então
a escolha de φ0 funciona para todo θ, não só para o θ = 0; em particular, sendo
constante, este varia continuamente com θ. Neste caso, o número de sinuosidades
é
φ0 − φ0
ω= = 0.
2π
2. Suponha que γ(θ) = eniθ onde n ∈ Z. Agora, podemos escolher φθ = nθ. Portanto,
φ2π − φ0 2πn − 0
ω(γ) = = = n.
2π 2π
Então, γ dene uma família continuamente variante de laços γ onde γ (θ) = γ(θ, ).
Teorema 2.2.4. Com a notação acima, ω(γ ) = ω(γ0 ) para todo ∈ [0, 1]. Em particular,
(2.1).
Se algum γ0 passar pela origem, então o número de sinuosidades pode mudar.
Seja ∂P = n ≥ 1.
Para cada ∈ [0, 1) denimos um laço γ por:
P (r()eiθ )
γ (θ) = ,
r()n + 1
22 2.3 Implicações
onde,
r() = ,
1−
quando = 1, denimos,
γ1 (θ) = eniθ .
Suponha que
Então,
P (r()eiθ r()n niθ an−1 r()n−1 e(n−1)iθ + ... + a0
= e + .
r()n + 1 r()n + 1 r()n + 1
O segundo termo do lado direito da equação tende a 0 quando r() → +∞, e o primeiro,
niθ
tende a e . Portanto, para cada θ,
θ. E assim, γ é contínua.
Ao assumirmos que P (z) é não nulo para todo z ∈ C, implicamos que a curva denida
por γ não encontra/passa pela origem para qualquer ∈ [0, 1]. Além do mais, γ (θ) = 0
iθ
se, e somente se, P (r()e ) = 0. Pelo Teorema anterior ω(γ0 ) = ω(γ1 ). Entretanto,
ção. Portanto, a suposição de que P (t) não tem raízes em C é falsa, como queríamos
demonstrar.
2.3 Implicações
O Teorema Fundamental da Álgebra tem algumas implicações uteis. Antes de provar-
pn 6= 0 e n ≥ 1. Então,
a obter:
p(t) = an y n + ... + a1 y + a0 , aj ∈ C
= y(an y n−1 + ... + a1 ) + a0
= (t − α)q(t) + r
onde,
r = a0 .
Corolário 2.3.2. O número complexo α é raiz de p(t) se, e somente se, (t − α) divide
p(t) em C[t].
chamemos tal de αn . Pelo Teorema do Resto, existe q(t) ∈ C[t] tal que
Para alguns números complexos k, α1 , ..., αn−1 . Substituamos (2.4) em (2.3), e o passo de
Os zeros αj não precisam ser distintos. Agrupando aqueles que são iguais, reescrevemos
24 2.3 Implicações
(2.2) como,
onde βj são distintos, e mj são inteiros maiores do que, ou iguais a 1, e ainda, m1 +...+ml =
n. Chamamos mj de multiplicidade do zero βj de p(t).
Em particular, provamos que todo polinômio complexo de grau n tem precisamente n
raízes complexas, contadas a partir da multiplicidade.
Capítulo 3
Fatoração de Polinômios
aos inteiros, como divisibilidade, primos, fatoração prima, etc. Estas noções são essenciais
t3 − 6t2 + 11t − 6 = 0
dos números complexos, ou em R[t], onde R é um subanel dos números complexos. Alguns
teoremas são válidos sobre R, enquanto outros somente sobre K ; precisaremos dos dois
tipos.
servação de que um polinômio pode sempre ser dividido por outro advindo do fato de ter
assumida linear.
25
26 3.1 O Algoritmo Euclidiano
indução.
Suponhamos que o resultado valha para todos os polinômios de grau < n, e seja
f = am tm + ... + a0 e g = bn tn + ... + b0
onde am 6= 0, bn 6= 0 e m ≤ n. Seja,
g1 = bn am −1 tn−m f − g.
Temos que ∂g1 < ∂g . Por hipótese de indução, existem polinômios q1 e r1 em K tal que
q = bn am −1 tn−m − q1 e r1 = r.
Então,
g = f q + r = bn am −1 tn−m f − q1 f − r1 = g + g1 − g1 = g
g = f q1 + r1 = f q2 + r2
tem grau maior do que o da direita, exceto que ambos são zeros. Como f 6≡ 0, devemos
Divisão.
Exemplo 3.1.2. Divida g(t) = t4 − 7t3 + 5t2 + 4 por f (t) = t2 + 3 e encontre o quociente
3 Fatoração de Polinômios 27
e o resto.
t4 − 7t3 + 5t2 + 4 | t2 + 3
−t4 − 3t2 t2 − 7t + 2 = q(t)
−7t3 + 2t2 + 4
7t3 + 21t
2t2 + 21t + 4
−2t2 − 6
r(t) = 21t − 2.
Observe que
t2 (t2 + 3) = t4 + 3t2
Assim,
g − t2 (t2 + 3) + 7t(t2 + 3) = 2t2 + 21t + 4,
2(t2 + 3) = 2t2 + 6.
Portanto,
g − t2 (t2 + 3) + 7t(t2 + 3) − 2(t2 + 3) = 21t − 2.
Então,
g = (t2 + 3)(t2 − 7t + 12) + (21t − 2)
Se d e e são dois maiores fatores comuns para f e g , então existe um elemento não nulo
k ∈ K , tal que, e = kd.
Demonstração. Como d|f , então f = m · d para algum m ∈ K ; também d|g , ou seja, para
m l
algum l ∈ K , g = l · d. Se tomarmos e vemos claramente que kd|f e kd|g . Se e|f e
k k
e|g , então e|d, logo e|kd. Assim, kd é o maior fator comum. Se d e e são maiores fatores
comuns, então pela denição e|d e d|e. Portanto, e = k · d para algum polinômio em K .
Por causa que e|d, o grau de e é menor do que ou igual ao grau de d, então k deve ter
k 6= 0.
3.1.7 abaixo).
Descrição: Por conveniência de notação, seja f = r−1 e g = r0 . Use o Algoritmo da
Por causa dos graus de ri formarem uma sequência de inteiros não negativos estritamente
decrescente, após um número nito de divisões certamente obteremos um resto igual a
zero, digamos rs+2 = 0 e, nesse momento, o processo para. Sendo assim, a última equação
nesta lista (cujo resto não é zero) seria
Teorema 3.1.7. Com a notação acima, m = rs+1 é um maior fator comum para f e g.
que rs+1 |rs . Já (3.1.6) implica que se, rs+1 |ri+2 e rs+1 |ri+1 então, rs+1 |ri . Como rs+1 |ri
Agora suponhamos que e|f e e|g . Por (3.1.6) e induções, e|ri para todo i. Em particular,
Percebemos que 4t + 4 é um maior fator comum. Então qualquer múltiplo racional deste
também o é. Em particular, t + 1.
Teorema 3.1.9. Sejam f e g polinômios não nulos sobre K , e seja d um maior fator
comum de f e g . Então existem polinômios a e b sobre K , tais que
d = af + bg.
Demonstração. Sabemos que o maior fator comum é único a menos de constantes, deve-
mos assumir que d = rs + 1, onde (3.1.6) e (3.1) valem. Suponhamos por hipótese de
d = ai r + bi ri + 1.
d = ai ri + bi (ri−1 − qi+1 r1 ),
colocando
ai−1 = bi e bi−1 = ai − bi qi + 1
teremos
e da indução decrescente,
3.2 Irredutibilidade
Em particular, nós provamos que todo polinômio sobre um subanel de C pode ser
t2 − 2 = (at + b)(ct + d)
= (t + b)(t + d)
⇒ t2 − 2 = t2 + dt + bt + bd
⇒ t2 − 2 = t2 + (b + d)t + bd.
6t + 3 = 3(2t + 1),
onde 2t + 1 tem o mesmo grau do que 6t + 3 não contando como fatoração para
redutibilidade.
Demonstração. Sejag um polinômio não nulo sobre R. Procederemos por indução sobre
o grau de g . Se ∂g = 0 ou ∂g = 1, então ele é automaticamente irredutível, e não há o que
f (t) = (t − α)(t2 + βt + γ)
= t3 + (β − α)t2 + (γ − αβ)t − αγ
da fatoração dos polinômios não é algo óbvio. Em certos casos, é possível expressar
todo elemento como produto de elementos irredutíveis, sem que esta expressão seja única.
problema da unicidade).
um maior fator comum para f e g , então como f é irredutível e d|f , ou d = kf para algum
k ∈ K , ou d = k , com k ∈ K . No primeiro caso, conseguimos que f |g , o que contraria a
hipótese. No segundo caso, 1 também é um maior fator comum para f e g , donde temos
que estes são primos entre si (como já havíamos armado). Usando o Teorema 3.1.9,
1 = af + bg
E então,
h = haf + hbg.
32 3.3 Lema de Gauss
Agora, f |haf , e f |hbg já que f |gh. Portanto, f |h, completando assim a demonstração.
no Lema anterior, f1 |gj para algum j . Escolhamos por facilidade, j = 1, então f1 |g1 .
K . Os demais gl com l > r devem ser constantes, ou o grau do lado direito da equação
seria muito mais alto do que o esquerdo. Assim, temos o teorema demonstrado.
se tentar, com um sutil corte, as possibilidades podem ser reduzidas a um número nito,
geralmente grande.
O método pode ser aplicados para polinômios em Q, mesmo este sendo realmente
impraticável.
Logo, devemos inventar algo mais prático. Nas próximas duas seções, descreveremos
dois deles: Critério de Eisenstein e Redução Módulo p, com p primo. Ambos os métodos,
aplicam-se num primeiro momento sobre Z. Entretanto, devido a Gauss, sabemos que
Lema 3.3.1 (Lema de Gauss) . Seja f um polinômio sobre Z que é irredutível sobre Z.
Então f , considerado como um polinômio sobre Q, é também irredutível sobre Q.
linômios, que talvez, possam ser fatores de f. Mostraremos que, de fato, isto não é
possível. Então suponhamos que f é irredutível sobre Z, mas redutível sobre Q, isto é,
3 Fatoração de Polinômios 33
a equação pelo produto dos denominadores dos coecientes de h, donde camos com g e
sairmos de Z[t].
g 0 = g0 + g1 t + ... + gr tr e h0 = ho + h1 t + ... + hs ts
e pela escolha de i e j, o primo p divide todos os termos desta expressão, exceto talvez
Sem perda de generalidade, devemos assumir que p divide todo o coeciente de gi . Daí,
0 00 00 0
g = pg , onde g é um polinômio sobre Z do mesmo grau que g (ou g ). Seja n = pn1 .
00 0 00 0
Então pn1 f = pg h , donde, n1 f = g h . Procedendo deste modo, podemos remover todos
Corolário 3.3.2. Seja f ∈ Z[t] e suponha que sobre Q[t] há uma fatoração em irredutíveis
f = g1 · ... · gs .
inuenciou trabalhos, podemos aplicar o Lema do tutor no critério descoberto pelo aluno.
1. q - an ;
3. q 2 - a0 .
g = b0 + b1 t + ... + br tr h = c0 + c1 t + ... + cs ts
contraria o item 1.. Consideremos bj o primeiro coeciente de g que não é divisível por q .
Então,
aj = bj c0 + ... + b0 cj
com j < n. Deste modo, concluímos que q|c0 , pois q divide aj , b0 , ..., bj−1 , mas não bj . O
Exemplos 3.4.2.
• 3 - 2;
• 3|ai (i = 0, 1, 2, 3, 4);
• 32 = 9 - 3.
a ≡ b(mod n),
que Z.
Denição 3.5.1. O grupo de unidades Z∗n de Zn consiste nos elementos a ∈ Zn tal que
1 ≤ a ≤ n e a é primo a n sob a operação de multiplicação.
φ(pk ) = (p − 1)pk−1 ,
36 3.5 Redução Módulo p
se p é primo, e
φ(r)φ(s) = φ(rs),
mais facilmente em Zn [t], para depois entendermos irredutibilidade em Z[t] (tudo isto por
meio do isomorsmo criado).
t4 + 2 = (t2 + at + b)(t2 + ct + d)
com a, b, c, d ∈ Z5 .
Portanto, a + c = 0, ac + b + d = 0, bd = 2. Assim, b + d = a2 que pode apenas
assumir os valores, 0, 1, 4, que são os quadrados perfeitos em Z5 . Logo, ou b(1 − b) = 2,
ou −b2 = 2, ou b(4 − b) = 2. Donde, tentando todas as possibilidades para b, vemos que
não há uma que satisfaça estas equações. Daí, temos que t4 + 2 é irredutível sobre Z5 , e
por consequência, f (t) é irredutível sobre Z, e daí também o é sobre Q.
Capítulo 4
Extensões de Corpos
este pode não conter todas as soluções de uma polinomial especíca, donde procuramos
por um outro subcorpo de C que as tenha, e por consequência contenha uma cópia deste
Pensamos numa extensão de corpos como um par (K, L) de corpos, quando ca su-
Exemplos 4.0.5.
1. Pensemos inicialmente em Q, e consideremos a seguinte polinomial quártica:
f (t) = t4 − 4t2 + 5.
37
38
√
3. Seja K o conjunto de todos os números reais da forma p + q 2, em que p, q ∈ Q.
Então, K é um subcorpo de C, e a função inclusão ι : Q → K é uma extensão de
Q em K .
ι : K → L é uma extensão de corpos, então geralmente identicamos K com sua
Se
imagem ι(K), então podemos pensar em ι como uma inclusão e K pode ser pensado como
L:K
daí por consequência (ou melhor por um processo de indução) qualquer número n∈N
também está em K. Como K é fechado com relação a operação de adição e mais ainda, é
Exemplo 4.0.11. Logo no início do capítulo (no Exemplo 1) falamos brevemente sobre
o exemplo em questão, porém trataremos este com um pouco mais de cuidado agora.
√
Seja K = Q, e seja Y = {i, 5}. Então K(Y ) deve conter K e Y . Este também deve
√
conter o produto i 5. Como pela Proposição 4.0.7, temos que K ⊆ Q, o subcorpo K(Y )
deve conter os elementos
√ √
α = p + qi + r 5 + si 5 (p, q, r, s ∈ Q).
com x = p + iq e y = r + is ∈ M . Seja
√ √ √
β = p + qi − r 5 − si 5 = x − y 5 ∈ L.
Então,
√ √
αβ = (x + y 5)(x − y 5) = x2 − 5y 2 = z
então, α−1 = βz −1 ∈ L.
qualquer que seja o polinômio, porém podemos pensar em ampliar este conceito a partir
indeterminada t.
Denição 4.1.1. Uma expressão racional de indeterminada t é uma função f (t) = p(t)
q(t)
em que, p(t), q(t) ∈ C[t], e ainda q(t) 6= 0, isto é, consideraremos o conjunto {z ∈
C; q(z) 6= 0} como sendo o domínio desta função racional.
Denição 4.2.1. Uma extensão simples é uma extensão de corpos L : K tal que L =
K(α) para algum α ∈ L, ou seja, uma extensão simples é resultado da adição de um único
elemento ao corpo menor.
Exemplos 4.2.2.
1. O subcorpo R(i) de C, contém todos os elementos da forma x + iy , com x, y ∈ R.
Mas, estes elementos acabam por percorrer todo o conjunto C, assim, C = R(i).
√
2. O subcorpo P de R consistindo dos números p + q 2, com p, q ∈ Q é igual ao
√
subcorpo Q( 2).
4 Extensões de Corpos 41
√ √
3. Consideremos L = Q(i, −i, 5, − 5), que aparentemente não parece ser uma ex-
√
tensão simples, porém armamos que o é. Se escrevermos L0 = Q(i + 5), temos
nitidamente que L0 é uma extensão simples. Provemos então que L = L0 . Para isto,
notemos primeiramente que L0 ⊆ L, resta-nos mostrar a inclusão inversa, mas para
√
esta basta concluirmos que i e 5 ∈ L0 .
Sabemos que L0 contém,
√ 2 √ √
(i + 5) = −1 + 2i 5 + 5 = 4 + 2i 5,
e portanto, contém
√ √ √
(i + 5)(2 + 2i 5) = 14i − 2 5,
e assim,
√ √
14i − 2 5 + 2(i + 5) = 16i
√ √
também pertence a L0 . Daí, i ∈ L0 , e então (i + 5) − i = 5 também. Portanto,
L0 ⊆ L e podemos concluir a igualdade entre os conjuntos. Concluímos assim que
√ √
Q(i, −i, r, − 5) : Q é, de fato, uma extensão simples.
Uma questão natural que surge neste contexto, é a da equivalência entre extensões.
Ela será abordada através do conceito de isomorsmo de extensões. Este conceito será
seção.
j(λ(k)) = µ(ι(k)).
K ι / K̂
λ µ
L / L̂
j
µ|K = λ,
42 4.2 Extensões Simples
se a identidade, e então µ|K é a identidade. Tentaremos usar sempre que possível esta
identicação.
Capítulo 5
Extensões Simples
maioria dos corpos K, há muitas possibilidades para extensões simples algébricas, elas
seguinte denição,
Exemplos 5.0.5.
√
1. O número α = 2 é algébrico sobre Q, pois o polinômio p(t) = t2 − 2 tem α como
√ 2
raiz, isto é, p(α) = α2 − 2 = 2 − 2 = 0.
√
2. O número β = 3
2 também é algébrico sobre Q, pois q(β) = 0, onde q(t) = t3 − 2.
3. O número π é transcendente sobre Q, mas veremos com mais detalhes tal fato no
capítulo sobre construções com régua e compasso.
√
4. Ora, λ = π é ainda transcendente sobre Q. Suponhamos que este não o seja,
isto é, existe um polinômio p(t) ∈ Q[t] − {0} tal que p(λ) = 0. Separando os
√
termos de grau par dos de grau ímpar, conseguimos escrever p( π) do seguinte
√ √
modo, a(π) + b(π) π = 0. Donde, a(π) = −b(π) π e a2 (π) = b2 (π)π . Daí,
43
44 5.1 O Polinômio Minimal
f (π) = 0, onde
f (t) = a2 (t) − tb2 (t) ∈ Q[t].
Como ∂(a2 ) é par, enquanto que ∂(b2 ) é ímpar, temos que f (t) acima é um polinômio
em Q[t] não nulo. Ou seja, acabamos de mostrar que π é um número algébrico sobre
√
Q, o que é um absurdo. Sendo assim, π de fato é transcendente sobre Q.
√
5. Embora, π e π sejam transcendentes sobre Q, como comentado nos itens anterio-
√
res, temos que γ = π é algébrico sobre Q(π), uma vez que γ 2 − π = 0.
ainda sim, são tratáveis. Mostraremos que há um único polinômio mônico irredutível m
sobre K tal que m(α) = 0, e m determina a extensão unicamente por isomorsmos.
Teorema 5.0.6. O conjunto das expressões racionais K(t) é uma extensão transcendente
simples do subcorpo K de C.
polinômio sobre K , tal que p(t) = 0, então por denição de K(t), p = 0. Daí, temos que
Notamos que todo polinômio é um múltiplo de algum polinômio mônico, e para polinô-
mios não nulos, este mônico é único. Além disso, o produto de dois polinômios mônicos
Suponhamos agora, que K(α) : K é uma extensão algébrica simples. Portanto, existe
um polinômio p sobre K , tal que α seja raiz, ou seja, p(α) = 0. Podemos assumir que tal
polinômio é mônico (caso este não o seja, basta multiplicarmos todos os coecientes pelo
inverso do que acompanha o termo de maior grau). Sendo assim, existe ao menos um
polinômio mônico de menor grau que tenha α como um zero. Armamos que tal, é único.
De fato, suponhamos que existam p, q polinômios de menor grau que tenham α como um
zero. Então, p(α) − q(α) = 0. Como p 6= q , temos que alguma constante múltipla de p − q
5 Extensões Simples 45
polinômios mônicos de menor grau que tinham α como raiz (usando as propriedades de
grau de polinômio). Concluímos assim que existe um único polinômio mônico p de menor
grau tal que p(α) = 0. A este p, damos o seguinte nome,
Exemplo 5.1.3. Sabemos que R(i) = C : R é uma extensão simples e algébrica sobre R,
pois m(t) = t2 + 1 ∈ R[t] é um polinômio tal que m(i) = 0. Notemos que tal m é mônico.
Armemos que este é o polinômio minimal de i sobre R. De fato, se este não fosse, os
polinômios de menor grau em R seriam da forma t + r para algum r ∈ R, ou o polinômio
constante igual a 1. Ora, i não pode ser zero de nenhum destes, pois se o fosse, teríamos
i ∈ R. Portanto, o polinômio minimal de i sobre R, é mesmo o m(t) = t2 + 1.
Veremos no lema a seguir quais são os polinômios que podem ser minimal.
é,m = f g com f e g polinômios sobre K de graus menores que m. Podemos assumir que
f e g são mônicos. Então, como m(α) = 0, devemos ter f (α)g(α) = 0, e como K[t] é um
domínio de integridade, f (α) = 0 ou g(α) = 0, o que contrariaria a denição de polinômio
Suponhamos agora que p é um polinômio sobre K , tal que, p(α) = 0. Assim, pelo
existe um múltiplo constante de r que é mônico, e deste modo, o grau deste é menor do
que o grau de m, gerando uma contradição com o fato de m ser o polinômio minimal de
O teorema acima expresso deixa claro que qualquer polinômio mônico irredutível sobre
um subcorpo K de C é minimal.
a ≡ b (mod m)
a1 a2 − b 1 b 2 = a1 a2 − a1 b 2 + a1 b 2 − b 1 b 2
= a1 (a2 − b2 ) + b2 (a1 − b1 )
= (a1 b + b2 a) · m.
tais que a = q ·m+r , com ∂r < ∂m. Logo, a−r = q ·m, e portanto, a ≡ r(mod m). Resta
agora provarmos a unicidade, para tal suponhamos que r ≡ s(mod m), e que ∂r, ∂s < ∂m.
Daí, r − s é divisível por m, e possui grau menor do que m, o que nos leva a r − s = 0, e
de equivalências.
reexividade;
A soma e o produto de duas classes de equivalência [a] e [b] podem ser denidos como:
Cada classe de equivalência contém um único polinômio de grau menor do que o grau de
Escreveremos,
K[t]
hmi
para representar o conjunto de classe de equivalências de K[t] módulo m. Apenas com a
ideia de alertar o leitor, vemos que o quociente em questão é dado por um anel (melhor
que m = ab e ∂a, ∂b < ∂m. Então, [a][b] = [ab] = [m] = [0]. Suponhamos que [a] tenha
um inverso multiplicativo [c], tal que [a][c] = 1. Então, [0] = [c][0] = [c][a][b] = [1][b] = [b],
então m divide b. Como ∂b < ∂m, devemos ter b = 0 e daí m = 0, mas por convenção 0
não é irredutível.
Se m é irredutível, seja a ∈ K[t] com [a] 6= [0]; isto é, m - a. Assim, a e m são primos
entre si, ou seja, o maior fator comum entre eles é 1. Por teorema já visto, Teorema 3.1.9
temos que existem h, k ∈ K[t] tais que ha + km = 1. Então, [h][a] + [k][m] = [1], mas
[m] = [0] então [1] = [h][a] + [k][m] = [h][a] + [k][0] = [h][a] + [0] = [h][a]. Portanto, [h] é
o inverso procurado.
48 5.3 Classicando Extensões Simples
φ : K(t) → K(α)
por
f (t) f (α)
φ = .
g(t) g(α)
Se g 6= 0, então g(α) 6= 0 (uma vez que α é transcendente). Logo, o modo como denimos
a função faz sentido. Notemos que a função acima é um homomorsmo injetor, portanto,
um monomorsmo:
f (t) h(t) f (t)i(t) + h(t)g(t)
φ + = φ
g(t) i(t) g(t)i(t)
f (α)i(α) + h(α)g(α)
=
g(α)i(α)
f (α)i(α) h(α)g(α)
= +
g(α)i(α) g(α)i(α)
f (α) h(α)
= +
g(α) i(α)
f (t) h(t)
= φ +φ .
g(t) i(t)
E,
f (t) h(t) f (t)h(t)
φ · = φ
g(t) i(t) g(t)i(t)
f (α)h(α)
=
g(α)i(α)
f (α) h(α)
= ·
g(α) i(α)
f (t) h(t)
= φ ·φ .
g(t) i(t)
Mais ainda,
f (t) h(t) f (α) h(α)
φ 6= φ ⇒ 6=
g(t) i(t) g(α) i(α)
f (α) h(α)
⇒ − 6= 0
g(α) i(α)
5 Extensões Simples 49
f (α)i(α) − h(α)g(α)
⇒ 6= 0
g(α)i(α)
f (t)i(t) − h(t)g(t)
⇒φ 6= 0
g(t)i(t)
f (t)i(t) − h(t)g(t)
⇒ 6= 0
g(t)i(t)
f (t)i(t) h(t)g(t)
⇒ − 6= 0
g(t)i(t) g(t)i(t)
f (t) h(t)
⇒ − 6= 0
g(t) i(t)
f (t) h(t)
⇒ 6= .
g(t) i(t)
Vemos pelo modo em que φ foi denida, que é também sobrejetora. Donde, acabamos
φ(t) = α.
Teorema 5.3.2. Seja K(α) : K uma extensão algébrica simples, e seja m o polinômio
minimal de α sobre K . Então K(α) : K é isomórco a K[t] hmi
. O isomorsmo K[t]
hmi
pode ser
escolhido para associar t a α(ser a identidade sobre K ).
Demonstração. O isomorsmo em questão é denido por [p(t)] → p(α), uma vez que, de
e a sobrejeção; e ainda a boa denição, já que p(α) = 0 se, e somente se, m|p. Resta
agora, mostrarmos que este é a identidade quando restrito a K, mas isto e nítido pela
denição.
Corolário 5.3.3. Suponha K(α) : K e K(β) : K extensões algébricas simples, tais que
α e β tenham o mesmo polinômio minimal m sobre K . Então, estas duas extensões são
isomorfas, e o isomorsmo de corpos maiores, pode ser entendido como uma função de α
para β (e como a identidade sobre K ).
Demonstração. Pelo teorema anterior, sabemos que ambas extensões são isomorfas a
K[t]
hmi
,
Lema 5.3.4. Seja K(α) : K uma extensão algébrica simples, e seja m o polinômio
minimal de α sobre K , e ainda ∂m = n. Então, {1, α, ..., αn−1 } é uma base para K(α)
sobre K (como veremos melhor no próximo capítulo). Em particular, [K(α) : K] = n.
K / K(α)
ι j
L / L(β)
em que j ainda precisa ser determinada. Sabemos que todo elemento de K(α) é da forma
p(α) para um polinômio p sobre K , cujo grau < ∂mα (uso da forma reduzida). Denamos
j(p(α)) = (ι(p))(β), com ι(p) denida como no diagrama. Assim, estamos em condições
de usar o Teorema 5.3.2 e concluirmos a demonstração.
O ponto crucial do teorema acima, é que, dada uma função ι, podemos estendê-la a
(λ, u) 7→ λu, λ ∈ K, u ∈ L
(u, v) 7→ u + v, u, v ∈ L
aditivo;
a soma de vetores;
multiplicação;
um vetor.
51
52 6.1 A Lei da Torre
o número de elementos linearmente independentes que compõem uma base para o espaço,
e que o geram.
Exemplos 6.0.9.
1. Notemos que a extensão C = R(i) : R tem como grau 2, uma vez que, {1, i} é uma
base para o espaço vetorial de C sobre R. Portanto, [C : R] = 2;
√ √
2. Como já visto anteriormente, {1, 5, i, i 5} forma uma base para o espaço vetorial
√ √
Q(i, 5) sobre Q, assim, [Q(i, 5) : Q] = 4.
Notoriamente vale ressaltar, que extensões de corpos isomorfas tem o mesmo grau.
extensões, uma vez que, permite usarmos outras, com graus já conhecidos.
[M : K] = [M : L][L : K].
Demonstração. Seja (xi )i∈I uma base para o espaço vetorial de L sobre K, e seja (yj )j∈J
uma base para o espaço vetorial de M sobre L. Deste modo, para todo i ∈ I e todo
Para mostrarmos que (xi yj )i∈I,j∈J é uma base, devemos inicialmente mostrar que estes
X
kij xi yj = 0, kij ∈ K,
i,j
P
como kij xi ∈ L e L é um corpo, temos que i kij xi ∈ L, podemos assim, rearranjá-la de
modo a obtermos, !
X X
kij xi yj = 0.
j i
6 O Grau de uma Extensão 53
P
Sabendo que i kij xi ∈ L e que yj são linearmente independentes sobre L, temos
X
kij xi = 0.
i
Resta-nos mostrar que qualquer elemento do espaço vetorial de M sobre K pode ser
X
x= λj yj ,
j
para λj ∈ L , já que, (yj )j∈J é uma base para o espaço vetorial de M sobre L.
Pensando do mesmo modo, temos que por (xi )i∈I ser uma base para o espaço vetorial
X
λj = λij xi
i
X
x= λij xi yj
i,j
como queríamos.
Assim, (xi yj )i∈I,j∈J é uma base para o espaço vetorial de M sobre K, e sua dimensão
√ √ √
Exemplo 6.1.2. Encontremos o grau da extensão [Q( 2, 3) : Q]. Notemos que {1, 2}
√ √
é uma base para o espaço vetorial Q( 2) sobre Q. Vejamos isto melhor, dado α ∈ Q( 2),
√ √
temos que α = p+q 2, com p, q ∈ Q. Ou seja, {1, 2} realmente gera o espaço vetorial de
√ √
Q( 2) sobre Q. Resta agora mostramos que, 1 e 2 são linearmente independentes sobre
√ √
Q. Suponhamos que p + q 2 = 0, e mais que q 6= 0. Assim, conseguimos que 2 = −p q
,
√
isto é, 2 ∈ Q, o que é um absurdo, portanto, q = 0. Como q = 0 temos necessariamente
√
que p = 0, donde vemos que estes, 1 e 2, são linearmente independentes sobre Q. Logo,
√ √
juntando as informações conseguimos que {1, 2} é uma base de Q( 2) sobre Q.
√ √ √
Analogamente, mostramos que {1, 3} é uma base para o espaço vetorial Q( 2, 3)
√
sobre Q( 2).
54 6.1 A Lei da Torre
√ √ √
Portanto, como Q ⊆ Q( 2) ⊆ Q( 2, 3), temos pela lei da torre,
√ √ √ √ √ √
[Q( 2, 3) : Q] = [Q( 2, 3) : Q( 2)][Q( 2) : Q]
= 2·2
= 4
√ √ √ √ √
Assim, temos a combinação das bases {1, 2} e {1, 3} gerando a base {1, 2, 3, 6}
√ √
do espaço vetorial Q( 2, 3) sobre Q.
sobre n.
√ √ √
Exemplo 6.1.5. Procuremos descobrir o grau da extensão de Q( 2, 3, 5) sobre Q,
√ √ √
isto é, [Q( 2, 3, 5) : Q].
√ √ √ √ √ √
Usemos a lei das torres, donde por Q ⊆ Q( 2) ⊆ Q( 2, 3) ⊆ Q( 2, 3, 5), temos
√ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √
[Q( 2, 3, 5) : Q] = [Q( 2, 3, 5) : Q( 2, 3)][Q( 2, 3) : Q( 2)][Q( 2) : Q]
Percebemos que cada um dos fatores é igual a dois, porém é necessário demonstrarmos
isto.
√
(a) Pelo que vimos no Exemplo 6.1.2, [Q( 2) : Q] = 2.
√ √ √
(b) Ainda pelo Exemplo 6.1.2, temos que [Q( 2, 3) : Q( 2)] = 2. Porém mostremos
√ √
um pouco melhor. Suponhamos que 3 ∈ Q( 2) (pois se concluirmos um absurdo,
teremos claramente o grau da extensão como sendo 2), assim
√ √
3 = p + q 2, p, q ∈ Q
√
⇒ 3 = (p2 + 2q 2 ) + 2pq 2
⇒ p2 + 2q 2 = 3 e pq = 0
6 O Grau de uma Extensão 55
√
Se p = 0, então 2q 2 = 3, ou seja, q = √12 3 ∈
/ Q; da mesma forma se q = 0
√ √ √ √
conseguimos uma impossibilidade com p = 3. Donde, 3 ∈
2
/ Q( 2), e [Q( 2, 3) :
√
Q( 2] = 2.
√ √ √
(c) Finalmente, armamos que / Q( 2, 3). Suponhamos por absurdo, que
5∈
√ √ √ √
5 = p + q 2 + r 3 + s 6, p, q, r, s ∈ Q,
√ √ √
isto é, que 5 ∈ Q( 2, 3).
Elevando ao quadrado,
√ √ √
5 = p2 + 2q 2 + 3r2 + 6s2 + (2pq + 6rs) 2 + (2pr + 4qs) 3 + (2ps + 2qr) 6,
portanto,
pq + 3rs = 0 (6.2)
pr + 2qs = 0 (6.3)
ps + qr = 0. (6.4)
Observemos que se (p, q, r, s) satisfaz (6.1), então (p, q, −r, −s), (p, −q, r, −s), e
(p, −q, −r, s) também satisfazem. Logo,
√ √ √ √
p+q 2+r 3+s 6 = 5
√ √ √ √
p+q 2−r 3−s 6 = ± 5
√ √ √ √
p−q 2+r 3−s 6 = ± 5
√ √ √ √
p−q 2−r 3+s 6 = ± 5.
√ √
Somando as duas primeiras equações acima, conseguimos p + q 2 = 5, o que
√
implica em p = q = 0. Somando agora, a primeira com a terceira equação, r 3 = 0
√ √ √ √
ou r 3 = 5, e então r = 0. Finalmente, s = 0, já que s 6 = 5 é impossível.
Lema 6.1.9. L : K é uma extensão nita, se, e somente se, L é algébrico sobre K e
existe nitamente muitos elementos α1 , ..., αn ∈ L tais que L = K(α1 , ..., αn ).
Demonstração. Utilizando indução, o Teorema 6.1.1 e a Proposição 6.1.4, temos que qual-
quer extensão algébrica K(α1 , ..., αs ) : K é nita. Consideremos agora L : K uma extensão
nita. Então, existe uma base {α1 , ..., αs } para o espaço vetorial de L sobre K . Assim,
L = K(α1 , ..., αs ). Donde nos resta apenas mostrar que L : K é algébrica. Seja x um
elemento qualquer de L, e n = [L : K].
n
O conjunto {1, x, ..., x } tem n + 1 elementos, e portanto, deve ser um conjunto line-
armente dependente (a base deste espaço contém exatos n elementos) sobre K . Assim,
k0 + k1 x + ... + kn xn = 0, k0 , k1 , ..., kn ∈ K,
e x é algébrico sobre K. Como este é genérico, temos que a extensão é do tipo algébrico
sobre K.
Capítulo 7
Construções com Régua e Compasso
compasso.
teoria geométrica euclidiana. E mais, assumamos que nossas operações sejam do tipo:
2. Com auxílio do compasso, desenhe o círculo com centro em P1 e raio dado pela
distância de P1 a P2 ;
57
58 7.1 Formulação Algébrica
R1
P1 R3 P2
R2
A chave para o entendimento das limitações das construções por régua e compasso
do capítulo). Há uma maneira natural para fazermos isto. A cada estágio da construção,
Kj = Kj−1 (xj , yj ).
Notemos que não estamos adicionando o ponto (xj , yj ) a Kj−1 , estamos na verdade adi-
K0 ⊆ K1 ⊆ ... ⊆ Kn ⊆ R,
Lema 7.1.3. Com a notação acima, xj e yj são zeros em Kj dos polinômios quadráticos
sobre Kj−1 .
Demonstração. Temos três casos a considerar: encontro de retas, encontro de retas com
da geometria, para tanto faremos apenas um destes, o caso de encontro entre reta e
circunferência.
Sejam A, B, C pontos de coordenadas (p, q), (r, s), (t, u) em Kj−1 . Desenhemos a reta
em Kj−1 . Para ver isto, podemos usar a semelhança entre os triângulos ACX e ADB ,
como ilustrado na Figura 7.2, obtendo a seguinte equação da reta que passa pelos pontos
A e B:
x−p y−q
= .
r−p s−q
Por outro lado, a equação da circunferência é
(x − t)2 + (y − u)2 = w2 .
2
2 (s − q)
(x − t) + (x − p) + q − u = w2 ,
(r − p)
a partir da qual podemos ver claramente que a coordenada x da intersecção dos pontos X
e Y são exatamente os zeros de um polinômio quadrático sobre Kj−1 , e o mesmo é válido
B = (r, s)
X = (x, y)
s−q
A = (p, q) y−q
x−p C D
r−p
Y
A
X
C
Figura 7.3: A construção de pontos a partir de pontos como intersecção da reta AB com
o círculo de centro C e raio w dados
são potências de 2.
Demonstração. Com a mesma notação de antes, temos pelo Lema 7.1.3 e pela Proposição
6.1.4,
O valor 2 aparece se o polinômio quadrático sobre Kj−1 que tem xj como zero é irredutível,
[Kj−1 (xj , yj ) : Kj−1 ] = [Kj−1 (xj , yj ) : Kj−1 (xj )][Kj−1 (xj ) : Kj−1 ]
= 1, 2, ou 4
Como [Kj : Kj−1 ] é uma potência de 2. Temos pela lei da torre, que [Kn : K0 ] é também
não existência de construção por meio de régua e compasso que resolva os problemas
círculo.
Teorema 7.2.1 (Wantzel). O cubo não pode ser duplicado usando construções com régua
e compasso.
Demonstração. Dado um cubo de lado unitário, assumamos que P0 = {(0, 0), (1, 0)}.
√√
Deste modo, K0 = Q, e 2, 3 que são as outras distâncias possíveis entre os vértices do
cubo, podem ser obtidas a partir de P0 . Se desejamos duplicar o cubo, devemos construir
3
o ponto (α, 0), em que α = 2. Assim, pelo Teorema 7.1.4 [Q(α) : Q] deve ser uma
3
potência de 2. Mas, α é zero do polinômio t − 2 sobre Q, que é irredutível pelo Critério
3
de Eisenstein. Portanto, t − 2 é o polinômio minimal de α sobre Q, e devido a Proposição
6.1.4, [Q(α) : Q] = 3. Como 3 não é uma potência de 2, temos uma contradição. Daí, o
π 1
Se colocarmos θ= 9
, então cos(3θ) = 2
, e β satisfaz a cúbica,
β 3 − 3β − 1 = 0.
f (t + 1) = t3 + 3t2 − 3
contradição.
Teorema 7.2.3. Não e possível fazermos a quadratura do círculo por meio de construções
com régua e compasso.
√
Demonstração. Tal construção é equivalente a construirmos o ponto (0, π) a partir dos
pontos iniciais P0 = {(0, 0), (1, 0)}. Deste conjunto, podemos facilmente construir (0, π).
62 7.2 Impossibilidade de Provas
tem zeros em K. Mas, este tem zeros em C, pelo Teorema Fundamental da Álgebra.
Portanto, deve haver alguns zeros, ao menos, em alguma extensão de corpo L de K. Por
exemplo, t2 + 1 ∈ R[t] não tem zeros em R, mas tem zeros, ±i, em C. Estudaremos este
fenômeno em detalhes, mostrando que todo polinômio pode ser resolvido por um produto
de fatores lineares (e, portanto, tem seus zeros) se o corpo K é suavemente extendido
também que uma extensão é normal se, e somente se, é um corpo de decomposição.
Um polinômio irredutível é separável se seus zeros nestas divisões são simples. Isto mostra
gerado por todos os zeros de f. Partiremos desta ideia de decomposição linear, um modo
de tornarmos um polinômio mais tratável, para discorrermos neste capítulo sobre Norma-
f (t) = k(t − α1 ) · . . . · (t − αn ),
63
64 8.1 Corpos de Decomposição
em que, k, α1 , . . . , αn ∈ K .
com t2 − 5, fator irredutível, de grau maior do que 1 (notemos que 5 não é quadrado
de nenhum um número em Q(i)).
Então, sobre Q(i), o polinômio em questão não se decompõe linearmente. Assim,
percebemos que um polinômio f (t) pode ter alguns fatores lineares na extensão de
corpo L, mas ele não necessariamente se decompõe linearmente na mesma.
polinômio sobre L. Isto, portanto, faz com que tenha sentido falar sobre f se decompor em
K / Gal(f, K)
ι j
K0 / L
em que j ainda precisa ser encontrada. Construiremos, assim, j por indução no grau de
f (t) = k(t − σ1 ) · · · (t − σn ).
ι(m) = (t − α1 ) · · · (t − αr ),
j1 : K(σ1 ) → K 0 (α1 ),
tal que, j1 |K = ιj1 (σ1 ) = α1 . Deste modo, Gal(f, K) é o corpo de decomposição sobre
e
f
K(σ1 ) do polinômio g = (t−σ . Por indução, existe um monomorsmo j : Gal(f, K) → L
1)
K / Gal(f, K)
ι j
K0 / Gal(ι(f ), K 0 )
Exemplos 8.1.7. 1. Seja f (t) = (t2 −3)(t3 −1) sobre Q. Este decompõe-se do seguinte
modo:
√ ! √ !
√ √ 1+i 3 1−i 3
f (t) = (t + 3)(t − 3)(t + 1) t − t− .
2 2
√
2. Seja f (t) = (t2 − 2t − 2)(t2 + 1) sobre Q. Os zeros de f em C são 1 ± 3, ±i, e
√ √
então, o corpo de decomposição é denotado por Q(1 + 3, i) = Q( 3, i). (Observe-
mos que corpo de decomposição é o mesmo do polinômio no item anterior, embora
estes sejam distintos).
3. É possível ter dois polinômios irredutíveis distintos com o mesmo corpo de decom-
posição. Por exemplo, t2 − 3 e t2 − 2t − 2 são ambos irredutíveis sobre Q, e ambos
√
têm Q( 3) como corpo de decomposição sobre Q.
8.2 Normalidade
Denição 8.2.1. Uma extensão L : K é normal se todo polinômio irredutível f sobre K
que tem ao menos um zero em L se decompõe linearmente em L.
8 Normalidade e Separabilidade 67
Teorema 8.2.3. Uma extensão de corpo L : K é normal e nita se, e somente se, L é
um corpo de decomposição para algum polinômio sobre K .
Demonstração. Suponhamos a priori que L:K é normal e nita, logo, pelo Lema 6.1.9,
decomposição de f sobre K .
Suponhamos agora que L seja o corpo de decomposição para algum polinômio g sobre
K. A extensão L:K é assim obviamente nita; devemos mostrar que é normal. Para
Armamos que
K ⊆ K(θ1 ) ⊆ L(θ1 ) ⊆ M,
K ⊆ K(θ2 ) ⊆ L(θ2 ) ⊆ M.
Pela Proposição 6.1.4, [K(θ1 ) : K] = [K(θ2 ) : K]. Claramente, L(θj ) é o corpo de de-
composição de g sobre K(θj ), e pelo Corolário 5.3.3, K(θ1 ) é isomorfo a K(θ2 ). Portanto,
pelo Teorema 8.1.6, as extensões L(θj ) : K(θj ) são isomorfas para j = 1, 2, e assim, têm
como armado. Tendo obtido alguns resultados técnicos difíceis esperamos que o restante
desta discussão seja mais fácil. Ora, se θ1 ∈ L, então [L(θ1 ) : L] = 1, e também [L(θ2 ) :
L] = 1 e θ2 ∈ L. Logo, L:K é normal.
8.3 Separabilidade
O conceito de separabilidade não aparece explicitamente nos trabalhos de Galois,
pois ele preocupou-se apenas com o corpo dos complexos, em que a separabilidade é
Observação 8.3.2. Isto é o mesmo que f possuir apenas zeros simples no seu corpo de
decomposição, pois este é um subcorpo de C. Portanto, se f é separável, ele é da forma
f (t) = a0 + a1 t + . . . + an tn ∈ K[t].
Para K = R (e ainda K = C), esta é a derivada usual. Não há, em geral, razão
para pensarmos em Df como a taxa de variação de f , mas certamente as propriedades de
8 Normalidade e Separabilidade 69
derivação valem para D. Em particular, simples cálculos mostram que para todo polinômio
f e g sobre K[t],
D(f + g) = Df + Dg,
D(λf ) = λ(Df ).
Demonstração. Suponhamos que f tenha um zero repetido em Gal(f, K), então sobre
Gal(f, K),
f (t) = (t − α)2 g(t),
grau de f , que f e Df são primos entre si em Gal(f, K)[t], portanto, também o são em
K[t]. Se ∂f = 1, isto é óbvio, pois f = t − α e Df = 1. Por outro lado, f (t) = (t − α)g(t)
onde (t − α) - g(t). Então,
Df = (t − α)Dg + g.
Se um fator irredutível de g divide Df , então este deve também dividir Dg , já que não
divide (t − α). Mas, por hipótese de indução, g e Dg são primos entre si. Portanto, f e
automática em C.
Df têm um fator comum de grau maior ou igual a 1 (Lema 8.3.5). Se isto, então como f
é irredutível, o fator comum entre estes deve ser f . Mas, Df tem grau menor do que f ,
f (t) = a0 + . . . + an tn ,
temos que nan = 0 para todos os inteiros n > 0. Para subcorpos de C, isto é equivalente
a an = 0, ∀n.
Capítulo 9
Automorsmos de Corpos
9.1 K - Monomorsmos
Começaremos a generalizar o conceito de K -automorsmo de um subcorpo L de C
exigindo à sobrejetividade além da injetividade em um K -monomorsmo.
Teorema 9.1.3. Suponhamos que L : K seja uma extensão normal e nita, e que K ⊆
M ⊆ L (assim, pela Lei das Torres, [L : K] = [L : M ] · [M : K]). Seja τ um K -
monomorsmo de M em L. Então, existe um K -automorsmo σ de L tal que σ|M = τ .
71
72
9.2 Corpos Intermediários: Corpos Fixos e Grupos de Galois - Uma olhadela
Demonstração. Como L:K é uma extensão normal e nita, o Teorema 8.2.3 nos diz que
M
τ / L
τ σ
τ (M ) / L
L.
Proposição 9.1.4. Suponhamos que L : K seja uma extensão normal e nita, e α, β se-
jam os zeros em L do polinômio irredutível p sobre K . Então, existe um K -automorsmo
σ de L tal que,
σ(α) = β.
M.
9 Automorsmos de Corpos 73
Demonstração. M ∗† = (M ∗ )† = {x ∈ L / ϕ(x) = x, ∀ ϕ ∈
Para a primeira relação, temos
preciso, maior.
1. N : K é normal;
2. Se L ⊆ M ⊆ N e M : K é normal, então M = N .
é normal. Notemos que cada polinômio mj tem um zero xj ∈ P , donde por normalidade
√
Exemplo 9.3.3. Consideremos Q( 3 2) : Q. Esta extensão não é normal, como já visto
(Exemplo 8.2.2). Se considerarmos K como o corpo de decomposição para t3 − 2 sobre
√ √ √ √
Q, contido em C, teremos que K = Q( 3 2, 3 2ω, 3 2ω 2 ), em que, ω = −1+i 2
3
(raiz da
unidade).
√
Podemos pensar em K como sendo Q( 3 2, ω). Desta forma, K é o fecho normal para
√
Q( 3 2) : Q. Assim, neste exemplo, obtivemos o fecho normal adicionando todos os zeros
que faltavam.
Fechos normais permitem-nos estipular restrições na imagem de um monomorsmo.
Teorema 9.3.5. Para uma extensão nita L : K as armações a seguir são equivalentes:
1. L : K é normal.
2. Existe uma extensão normal nita N de K contendo L, tal que, todo K -monomorsmo
τ : L → N é um K -automorsmo de L.
um monomorsmo.
um K -automorsmo de L.
((3) ⇒ (2)) Seja N o fecho normal para L : K. Então, N existe pelo Teorema 9.3.2, e
Teorema 9.3.6. Suponhamos que L : K seja uma extensão nita de grau n. Então,
existem precisamente n K - monomorsmos distintos de L no fecho normal N de L : K ,
e portanto, em, qualquer extensão normal M de K contendo L.
∂m = [K(α) : K] = r > 1.
Φij = τi ρj
os K -monomorsmos de L em N .
τ : L → N um K -monomorsmo. Então, τ (α) é um zero de m em N , portanto,
Seja
provado.
Podemos agora calcular a ordem do Grupo de Galois de uma extensão normal nita,
(já que os zeros de m em N podem não ser distintos). O resto da demonstração segue
Teorema 9.3.10. Se L : K é uma extensão nita com Grupo de Galois G, tal que K é
um corpo xo de G, então L : K é normal.
Demonstração. Pelo mesmo teorema usado na demonstração do Teorema 9.3.8, temos que
Se a correspondência de Galois é uma bijeção, então K deve ser o corpo xo do Grupo
de Galois de L : K, então, pelo acima visto, L:K deve ser normal. Estas hipóteses são
9 Automorsmos de Corpos 77
sucientes para fazer a correspondência de Galois bijetiva (para subcorpos de C), o que
teoria e, portanto, deste Trabalho de Conclusão de Curso. Por sorte, a maioria do traba-
lho já foi feita, tudo que o que faremos neste momento é juntar as peças deste belíssimo
quebra-cabeças.
∗:F →G
† : G → F,
Lema 10.1.1. Suponhamos que L : K seja uma extensão de corpo, M seja um corpo
intermediário, e τ , um K -automorsmo de L. Então, τ (M )∗ = τ M ∗ τ −1 .
algum x ∈ M. Calculando:
79
80 10.1 O Teorema Fundamental
[L : M ] = |M ∗ |,
|G|
[M : K] = .
|M ∗ |
o Teorema 8.2.3 implica L:M é normal. Agora, o Teorema 9.3.8 implica que M é um
∗
corpo xo de M , então
M ∗† = M (10.1)
∗†
Considere agora H ∈ G. H ⊆ H †∗ . Portanto, H †∗† = (H † ) = H † por
Sabemos que
† †∗†
(10.1). Pelo Teorema referenciado em 9.3.8, |H| = [L : H ]. Portanto, |H| = [L : H ], e
†∗† †∗
novamente pelo Teorema na demonstração do Teorema 9.3.8, [L : H ] = |H | e então
|H| = |H †∗ |. Como, H e H †∗ são grupos nitos e H ⊆ H †∗ , devemos ter H = H †∗ . A
segunda parte do Teorema 10.1.2 segue daí.
Para terceira parte, notemos que L : M é normal. O Corolário 9.3.7 garante que
∗
[L : M ] = |M |, e a outra igualdade segue imediatamente.
10.1.1.
normal de G.
Reciprocamente, suponha que M∗ é um subgrupo normal de G.
σ qualquer K -
Seja
normal.
Φ(τ ) = τ |M , τ ∈ G.
G G
G0 = Im(Φ) ∼
= = ∗.
Ker(Φ) M
demonstração da segunda parte do Teorema 10.1.2, e seu uso é crucial. Muitos dos mais
As últimas partes deste teorema podem ser generalizadas. Note que a demonstração da
G
parte (5) resulta de um isomorsmo explícito entre Gal(M : K) e M∗
, chamado, restrição
de M.
em potencial do que pelo seu mérito intrínseco. Este, permite-nos aplicar a teoria de
de nos aventurarmos ainda mais com esta teoria, consolidaremos nossa posição ilustrando
a teoria aqui discutida para uma extensão de corpo em particular e seu Grupo de Galois.
82 10.1 O Teorema Fundamental
Capítulo 11
Um exemplo prático
entendido em uma única vez, portanto, é válido gastarmos um bom tempo pensando nele.
√ √ √ √ √ √
1. Seja f (t) = t4 − 2 = (t2 − 2)(t2 + 2) = (t + 4 2)(t − 4 2)(t2 + 2) = (t + 4 2)(t −
√
4
√ √
2)(t − i 4 2)(t + i 4 2) sobre Q; e seja K o corpo de decomposição para f tal que
K ⊆ C. Podemos, pelo acima visto, fatorar f como segue:
[K : Q] = 2 · 4 = 8.
83
84
τ (i) = i e τ (ξ) = ξ.
Notemos que σ 4 = 1, τ 2 = 1, τ σ = σ 3 τ, τ σ 2 = σ 2 τ e τ σ 3 = στ .
Q-automorsmos de K.
mostra,
G = hσ, τ : σ 4 = τ 2 = 1, τ σ = σ 3 τ i,
isto é, G é o grupo dihedral de ordem 8, que escrevemos como D8 (na verdade são
iξ ξ
−ξ iξ
que seguem:
Ordem 8: G G∼
= D8
Ordem 4: {1, σ, σ 2 , σ 3 } S∼
= Z4
{1, σ 2 , τ, σ 3 } T ∼
= Z2 × Z2
{1, σ 2 , στ, σ 3 τ } U = Z2 × Z2
Ordem 2: {1, σ 2 } A∼= Z2
{1, τ } B∼= Z2
{1, στ } C∼
= Z2
{1, σ 2 τ } D∼
= Z2
{1, σ 3 τ } E∼
= Z2
Ordem 1: {1} I∼
= 1.
Figura 11.3.
T S U
D B A C E
I†
D† B† A† C† E†
T† S† U†
G†
x = a0 + a1 ξ + a2 ξ 2 + a3 ξ 3 + a4 i + a5 iξ + a6 iξ 2 + a7 iξ 3 ,
onde, a0 , . . . , a7 ∈ Q. Então,
Ora, o elemento x é xado por στ (e, portanto, por C) se, e somente se,
a0 = a0 a1 = a5 a2 = −a2 a3 = −a7
a4 = −a4 a5 = a1 a6 = a6 a7 = −a3
a2 = 0 = a4 a1 = a5 a3 = −a7 .
11 Um exemplo prático 87
Segue que,
x = a0 + a1 (1 + i)ξ + a6 iξ 2 + a3 (1 − i)ξ 3
a6 a3
= a0 + a1 [(1 + i)ξ] + [(1 + i)ξ]2 − ,
2 [(1 + i)]ξ 3
C † = Q((1 + i)ξ).
Similarmente,
√
A† = Q(i, 2), B † = Q(ξ), D† = Q(iξ), E † = Q((1 − i)ξ).
sões normais de Q que estão contidas em K . Como estes são corpos de decom-
2 2 2 4 2
posição de Q para os polinômios, t, t + 1, t − 2, t + 2, t − t − 2 (provém de
Por outro lado, B† : Q não é normal, uma vez que t4 − 2 tem um zero, ξ , em B † ,
mas não se fatora linearmente em B†. † † †
Similarmente, C , D , E não são extensões
normais de Q.
Grupo de Galois de A† : Q G
é isomorfo a
A
. Agora, como
G
A
é isomorfo a Z2 × Z2
† †
√
calcularemos diretamente o Grupo de Galois de A : Q. Como A = Q(i, 2), há 4
Q-automorsmos:
√
Automorsmo Efeito em i Efeito em
√ 2
1 i √2
α i −√ 2
β −i √2
αβ −i − 2
11. Notemos que o diagrama de linhas para F e G não se parecem, exceto que um é o
reverta inclusões, mas, de fato, isto é inteiramente natural, e um tanto mais útil do
smos.
Estes, são importantes para a teoria de solução de equações por radicais. Em seguida,
corrente) por Galois no seu trabalho com solução de equações por radicais. Eles têm se
Denição 12.1.1. Um grupo G é solúvel se este tem uma sequência nita de subgrupos,
1 ⊆ G0 ⊆ G1 ⊆ . . . ⊆ Gn = G, (12.1)
tais que,
1. Gi 4 Gi+1 , para i = 0, . . . , n − 1;
2. Gi+1
Gi
é abeliano para i = 0, . . . , n − 1.
89
90 12.1 Grupos Solúveis
A condição 1 não implica que Gi 4 G, como também, Gi 4 Gi+1 4 Gi+2 não implica
Gi 4 Gi+2 .
3. O grupo dihedral D8 de ordem 8 é solúvel. No capítulo anterior, vimos que este tem
um subgrupo normal S de ordem 4, cujo quociente tem ordem 2, e S é abeliano.
1 4 V 4 A 4 4 S4 ,
V ∼
= V abeliano de ordem 4;
1
A4
= Z3 abeliano de ordem 3;
∼
V
S4
= Z2 abeliano de ordem 2.
∼
A4
e do Corolário 12.2.5.
Relembremos os Teoremas de Isomorsmos.
A ∼ HA
= .
H ∩A H
12 Solubilidade e Simplicidade 91
2. Se H 4 G, e H ⊆ A 4 G, então H 4 A, A
H
4 G
H
e
G/H ∼ G
= .
A/H A
Demonstração. 1. Seja,
1 = G0 4 G1 4 . . . 4 Gr = G
Gi+1
uma sequência de subgrupos normais de G, com quocientes
Gi
abeliano. Conside-
remos Hi = Gi ∩ H .
Então, pelo primeiro item do Lema 12.1.3, H tem uma sequência
1 + H0 4 . . . 4 Hr = H.
G
2. Denamos Gi como acima. Então,
N
tem a sequência
N G0 N G1 N Gr N G
= 4 4 ... 4 = .
N N N N N
Um quociente típico é
Gi+1 N/N
,
Gi N/N
que pelo segundo Teorema do Isomorsmo é isomorfo a
Gi+1 G
um quociente dos grupos abelianos , e, portanto, abeliano. Assim, é solúvel.
Gi N
92 12.2 Grupos Simples
1 = N0 4 N1 4 . . . 4 Nr = N
N G0 G1 GS G
= 4 4 ... 4 =
N N N N N
com coecientes abelianos. Consideremos a sequência de G dada pela combinação
delas:
1 = N0 4 N1 4 . . . 4 Nr = N = G0 4 G1 4 . . . 4 GS = G.
três propriedades do teorema acima, dizemos que a classe dos grupos solúveis é fechada
perante subgrupos, quocientes e extensões. A classe dos grupos abelianos é fechada diante
subgrupos e quocientes, mas não extensões, e provavelmente por esta razão que Galois foi
Teorema 12.2.3. Um grupo solúvel é simples se, e somente se, é cíclico e de ordem
prima.
Demonstração. Suponhamos que G é um grupo solúvel, portanto, este tem uma sequência
1 = G0 4 G1 4 . . . 4 Gn = G,
G deve ser cíclico com subgrupos próprios não triviais. Logo, G tem ordem prima.
A recíproca é trivial.
12 Solubilidade e Simplicidade 93
Grupos simples têm um papel importante na teoria de grupos nitos. Eles são, em
certo sentido, as unidades fundamentais das quais todos os grupos nitos são feitos. De
fato, o teorema de Jordan-Hölder, que não provamos ou provaremos, diz que todo grupo
nito tem uma sequência de subgrupos como na Equação (12.1), cujos quocientes são
simples, e estes grupos simples dependem somente do grupo e não da sequência escolhida.
mos, primeiramente, que se N contém um 3-ciclo, então contém todos os 3-ciclos, e como
pertence a An . Logo,
Caso, n > 3, temos que para todos a, b > 2, a permutação (1a)(1b) é par, portanto,
ciclos disjuntos e,
a = (a1 · · · am ) (m ≥ 4).
então, N contém,
zx−1 = (a1 a3 am ),
que é um 3-ciclo.
x = (123)(456)y,
3-ciclo.
x = (12)(34)p,
−1
(t−1 xt) x−1 = (14)(23),
e se u = (145), N contém,
assim, N contém,
(45)(23)(14)(23) = (145),
2-ciclos disjuntos.
Portanto, An é simples se n ≥ 5.
Demonstração. Se Sn fosse solúvel, teríamos que An seria solúvel (Teorema 12.1.4), sim-
ples (Teorema 12.2.4), e portanto, de ordem prima pelo Teorema 12.2.3. Mas, |An | =
1
2
(n!), e não é primo se n ≥ 5.
12 Solubilidade e Simplicidade 95
conjugadas de G.
Se as classes de conjugação de G são C1 , . . . , Cn , então uma delas, digamos C1 , contém
apenas o elemento identidade de G. Portanto, |C1 | = 1. Como as classes de conjugação
formam uma partição de G, temos
Lema 12.3.7. Se A é um grupo nito abeliano cuja ordem é divisível por um primo p,
então, A tem um elemento de ordem p.
96 12.3 Teorema de Cauchy
Demonstração. Usaremos indução na |A|. Se |A| é primo, temos que o resultado segue.
Se p divide m, estamos nas hipóteses de indução. Então, suponhamos que p não divide
|M B| = |M ||B|/|M ∩ B|,
r
e então, p divide a ordem r de B. Como B é cíclico, o elemento bp tem ordem p.
Demonstração. Provaremos o teorema por indução na ordem de |G|. Os casos mais sim-
Como p | |G|, devemos ter p - |Cj | para algum j ≥ 2. Se x ∈ Cj , segue que p | |CG (x)|,
já que, |Cj | = |G|/|CG (x)|.
abeliano, Lema 12.3.7. No segundo caso, por indução, existe x ∈ G tal que a imagem
x ∈ G/Z(G) tem ordem p. Isto é, xp ∈ Z(G), mas, x ∈ / Z(G). Seja X o grupo cíclico
gerado por x. Agora, XZ(G) é abeliano e tem ordem divisível por p, então, pelo Lema
12.3.7 sabemos que existe um elemento de ordem p no mesmo, e, novamente, este elemento
pertence a G.
condição que deva ser satisfeita por qualquer equação polinomial para que esta seja solúvel
por radicais, digamos: o Grupo de Galois associado deve ser um Grupo Solúvel. Nós,
então, construiremos uma equação polinomial quíntica cujo Grupo de Galois não seja
s √
√ √
q
3 5 7+ 3 4 3
11 + 1 + 4. (13.1)
2
Para encontrarmos uma extensão de Q que contenha este elemento, deveremos adici-
r
√
3
√ 5 (7 + β) √
3
√
4
α = 11, β = 3, γ = , δ = 4, = 1 + δ.
2
97
98 13.1 Extensões Radicais
é nj .
É claro que qualquer expressão radical está contida em alguma extensão radical.
Um polinômio deveria ser considerado solúvel por radicais se todos os seus zeros são
Gal(f, K) : K seja radical. Há um motivo para tal. Queremos que tudo no corpo de
decomposição Gal(f, K) seja expresso por radicais, mas é desenxabido esperar que tudo
Observemos também que requeremos que todos os zeros de f sejam expressos por
radicais. É possível que alguns zeros sejam expressos por radicais, enquanto outros não;
simplesmente tomemos o produto de dois polinômios, um solúvel por radicais e outro não.
Entretanto, se um polinômio irredutível f tem um zero expresso por radicais, então todos
os zeros devem ser expressos, por um simples argumento baseado no Corolário 5.3.3.
é βij , e portanto, o é M .
Mostraremos, agora, a partir de dois lemas, que certos Grupos de Galois são abelianos.
o polinômio não tem zeros múltiplos em L. Claramente, seus zeros formam um grupo sob
multiplicação; este grupo tem ordem prima p, e como os zeros são distintos, ele é cíclico.
13 Solução por radicais 99
αj : → j ,
Φ : α 7→ α e Ψ : α 7→ ηα,
onde, e η ∈ K, então
guinte Proposição: Se existe uma torre nita de subcorpos, podemos renar (se for ne-
devemos assumir que nj é primo para todo j. Em particular, existe um primo p tal que
α1p ∈ K.
Provamos o resultado por indução em n, usando a hipótese adicional de que todos os
L
| ← Gal(L : M (α1 )) solúvel por indução
M (α1 )
| ← Gal(M (α1 ) : M ) abeliano pelo Lema 13.1.6
M
| ← Gal(M : K) abeliano pelo Lema 13.1.5
K
Tabela 13.1: Estratégia da demonstração.
Gal(L : M )
Gal(M (α1 ) : M ) ∼
= .
Gal(L : M (α1 ))
Agora,
L = M (α1 )(α2 , . . . , αn ),
e, então, L : M (α1 ) é uma extensão normal radical. Por indução, Gal(L : M (α1 )) é
Temos pelo Lema 13.1.5 que Gal(M : K) é abeliano. O Teorema 10.1.2 aplicado à L:K
garante que
Gal(L : K)
Gal(M : K) ∼
= .
Gal(L : M )
Por m, o Teorema 10.1.2 mostra que Gal(L : K0 ) é solúvel, completando o passo de
indução.
K ⊆ K0 ⊆ L ⊆ M ⊆ N.
Como M : K0 é radical, o Lema 13.1.4 implica que N : K0 é uma extensão normal radical.
Gal(N : K0 )
Gal(L : K0 ) ∼
= .
Gal(N : L)
A ideia desta demonstração é simples: uma extensão radical é uma série de extensões
por raízes n-ésimas. Tais extensões possuem Grupos de Galois abelianos, então o Grupo
de Galois de uma extensão radical é obtido a partir de uma adjunção de grupos abelianos.
em termos das raízes da unidade, e mais, temos de criar várias extensões normais antes
Galois trabalhou.
Denição 13.1.9. Seja f um polinômio sobre K (um subcorpo de C), com corpo de de-
composição Gal(f, K) sobre K . O Grupo de Galois de f sobre K é o grupo Gal(Gal(f, K) :
K).
Galois pensava o grupo de Galois, e por muitos anos seguidos, os grupos de permutações
matemáticos.
Portanto, para encontrarmos um polinômio não solúvel por radicais, é suciente en-
contrarmos um, em que o Grupo de Galois não seja solúvel. Há duas maneiras de fazê-lo.
Uma é olhar para o polinômio geral de grau n (o que não é uma boa abordagem), e a
outra é exibir um polinômio especíco com coecientes racionais onde o Grupo de Galois
permutação nos zeros de f . Estes, são distintos pela Proposição 8.3.6, logo, G é (isomorfo
Teorema 10.1.2, p divide a ordem de G. Pelo Teorema de Cauchy, Teorema 12.3.8, G tem
c−1 tc = (23), e, portanto, c−1 (23)c = (34), . . . e assim todas as transposições (m, m + 1).
Então, G contém
e daí por diante, portanto, contém todas as transposições (1m). Finalmente, G contém
transposições, então G = Sp .
Resta mostrarmos que f tem exatamente três zeros reais, cada um de multiplicidade
1. Ora, f (−2) = −17, f (−1) = 8, f (0) = 3, f (1) = −2, e f (2) = 23. Uma breve olhada
no gráco de y = f (x) nos mostra isto (olhar Figura 13.2). Assim, pelo Teorema de
4
Rolle, os zeros de f são separados pelos zeros de Df . Além disso, Df = 5t − 6, que tem
q
4 6
como zeros ± . Claramente, f e Df são coprimos, então f não têm zeros repetidos
5
(segue também por irredutibilidade), e então, f tem no máximo três zeros reais. Mas,
13 Solução por radicais 103
certamente f tem no mínimo três zeros reais, já que uma função contínua denida nos
reais não muda de sinal, exceto se passar pelo zero. Portanto, f tem precisamente três
A B C
−2 −1 0 1 2
−2
disto assumimos a nitude das extensões como foco central da teoria. Considereramos
105
106 14.1 Graus Transcendentes
Lema 14.1.5 (Lema de Steinitz da Troca) . Com a mesma notação do Lema 14.1.4, se
existir outro corpo intermediário de N = K(β1 , . . . , βs ), tal que, β1 , . . . , βs são elementos
transcendentes independentes sobre K e L : N seja nita, devemos ter r = s.
Demonstração. Como [L : M ] é nito, temos pelo Lema 6.1.9 que β1 é algébrico sobre M.
Portanto, existe uma equação polinomial
p(β1 , α1 , . . . , αr ) = 0.
L : K(β1 , . . . , βr )
é nita. Se s > r, temos que βr+1 deve ser algébrico sobre K(β1 , . . . , βr ), o que é uma
contradição. Portanto, s ≤ r. Analogamente, conseguimos perceber que r ≤ s. E assim,
K(t, α, u) : M = M (α) : M
Demonstração. Suponhamos que L:K seja nitamente gerada. Assim, pelo Lema 14.1.4,
Portanto, α é transcendente, ou seja, existe algum polinômio não constante, tal que
α = f (t1 , . . . , tr ) . Assim, β = (ϕ−1 f )(β1 , . . . , βr ) ∈ K(β1 , . . . , βr ). Portanto, M =
K(β1 , . . . , βr ), e pelo Lema 14.1.5, r é o grau de transcendência de L : K .
bém é possível trabalhar na direção contrária, isto é, dados os zeros e as suas respectivas
des. Isto é,
f (t) = k(t − α1 ) · . . . · (t − αn ),
f (t) = a0 + a1 t + . . . + an tn .
an = k
an−1 = −k(α1 + . . . + αn )
an−2 = k(α1 α2 + α1 α3 + . . . + αn−1 αn )
...
a0 = k(−1)n α1 α2 · . . . · αn
agora, estão sendo interpretados como elementos de K(t1 , . . . , tn ), em que, K pode ser
qualquer corpo. Além disso, os polinômios elementares simétricos aqui calculados como
tj = αj , para 1 ≤ j ≤ n.
Os polinômios elementares simétricos são simétricos no sentido de que eles não se
alteram através de uma permutação das indeterminadas tj . Esta propriedade nos sugere:
108 14.3 O Polinômio Geral
como por exemplo, t21 + . . . + t2n . Mas, estes, podem ser expressos em termos dos pri-
σ(ti ) = tσ(i) ,
temos então, σ(t1 ) = t2 , σ(t2 ) = t4 , σ(t3 ) = t3 e σ(t4 ) = t1 . Além disto, como um caso
típico,
5 5
t1 t4 t2 t1
σ 4
= 4
.
t2 − 7t3 t4 − 7t3
Claramente, elementos distintos de Sn originam K -automorsmos distintos.
estes geram F.
e, tal que,
[K(s1 , . . . , sn , tn ) : K(s1 , . . . , sn )] ≤ n.
sj = tn s0j+1 + s0j ,
e, portanto,
Por indução,
Corolário 14.3.3. Todo polinômio simétrico em t1 , . . . , tn sobre K pode ser escrito como
uma expressão racional em s1 , . . . , sn .
Demonstração. Ora, polinômios simétricos estão no corpo xo F.
menor do que n.
110 14.4 Extensões Cíclicas
Temos então, pelo Teorema 9.3.10, que, Gal(g, K(s1 , . . . , sn )) : K(s1 , . . . , sn ) é separável
seu grau é |Sn | = n!. Logo, pelo Teorema Fundamental da Teoria de Galois, o grupo de
Galois tem ordem n!, e está contido em Sn , portanto,temos que este é igual a Sn .
Temos que N (a) pertence ao corpo xo de G (Ora, temos um lema que dita: Se Gé
um grupo com os elementos distintos g1 , . . . , gn , e se, g ∈ G, então, como j varia de 1 a
n, os elementos ggj cobrem G e ocorrem precisamente uma única vez - vide [5]),e, se a
Teorema 14.4.2 (Teorema 90 de Hilbert) . Seja L : K uma extensão normal nita com
Grupo de Galois cíclico G gerado por um elemento τ . Então, a ∈ L tem norma N (a) = 1
se, e somente se,
b
a= ,
τ (b)
para algum b ∈ L, em que b 6= 0.
já que, τ n = 1.
Reciprocamente, suponhamos que N (a) = 1. Consideremos c ∈ L, e denamos
d0 = a0
d1 = (aτ (a))τ (c)
...
dj = [aτ (a) · · · τ j (a)]τ j (c),
para 0 ≤ j ≤ n − 1. Então,
E mais,
Denamos,
b = d0 + d1 + . . . + dn−1 .
absurdo, que não consigamos isto, ou seja, b = 0 para todas as escolhas de c. Assim, para
c ∈ L,
λ0 τ 0 (c) + λ1 τ (c) + . . . + λn−1 τ n−1 (c) = 0,
em que,
λj = aτ (a) · · · τ j (a),
112 14.4 Extensões Cíclicas
Teorema 14.4.3. Suponhamos que L : K seja uma extensão normal nita cujo Grupo
de Galois, G, é cíclico, de ordem p, gerado por τ . Assumamos que a característica de K
é 0 ou, prima a p, e que tp − 1 se decompõe linearmente sobre K . Então, L = K(α), em
que α é um zero de um polinômio irredutível tp − a sobre K para algum a ∈ K .
Demonstração. Os p zeros de tp − 1 de um grupo H, grupo este, que deve, ser cíclico (já
que, qualquer grupo de ordem prima é cíclico). Sabemos que um grupo cíclico consiste de
N () = · · · = 1,
uma vez que, ∈ K, e, portanto, τ i () = , para todo i. Pelo Teorema 14.4.2, temos que
α
= τ (α)
para algum α ∈ L. Assim,
como H é maximal, temos que este é também solúvel pelo segundo item do Teorema 12.1.4.
G
Pelo Teorema 12.2.3,
H
é cíclico e de ordem prima p. Seja N o corpo de decomposição
sobre L de (tp − 1)f , o que implica que, N :K é normal pelo Teorema 8.2.3.
O Grupo de Galois deN : L é abeliano pelo Lema 13.1.6, e, pelo Teorema Fundamental
Gal(N :K)
da Teoria de Galois, Gal(L : K) é isomorfo a . Pelo Teorema 12.1.4 (generalizado),
Gal(N :L)
Gal(N : K) é solúvel. Seja M o subcorpo de N gerado por K e os zeros de tp − 1. Então,
N : M é normal. Agora, M : K é claramente radical, e como L ⊆ N , temos que o
resultado desejado providenciará uma extensão R de N , tal que, R : M é radical.
com Grupo de Galois Solúvel de ordem menor do que |G|, e então, por indução existe
provado.
.
114 14.4 Extensões Cíclicas
Referências Bibliográcas
115
Índice Remissivo
Anel, 1 Extensão Transcendente, 43
Domínio de Integridade, 2
Função de Euler, 35
Subanel, 2
Grupo
Congruência Módulo n, 8
Centralizador, 95
Corpo, 2
Centro de um Grupo, 95
Corpo xo, 73
Grupo - Extensão, 92
Corpo intermediário, 72
Grupo Simples, 92
Subcorpo, 2
Grupo Solúvel, 89
Subcorpo gerado, 38, 39
Grupo de Unidades, 35
Elemento
Elementos Monomorsmo, 3
Expressão Racional, 40
Laço, 20
Extensão
Lei da Torre, 54
Grau de Transcendência de uma Exten-
116
ÍNDICE REMISSIVO 117
Polinômio Irredutível, 30
Polinômio Mônico, 44
Polinômio Minimal, 45
Polinômios Primos, 31
Produto de Polinômios, 18
Ponto Construtível, 57
Relação de Equivalência, 5
Classe de Equivalência, 6
Conjunto Quociente, 8
80