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Físico-Química 10 ano

2.1 corrente elétrica e diferença de potencial


Um circuito elétrico é um conjunto de componentes elétricos ligados entre si.
Para facilitar a representação dos circuitos e tornar os esquemas mais universais,
usam-se símbolos elétricos que representam os diferentes componentes elétricos.

O conceito de carga elétrica (Q), propriedade elétrica das partículas atómicas que
compõem a matéria, é fundamental para explicar todos os fenómenos elétricos. No SI
é medida em coulomb (C).
Corpos que possuem quantidades consideráveis de partículas livres com carga (eletrões
ou iões), que facilmente estabelecem um movimento ordenado de cargas elétricas
(uma corrente elétrica) por aplicação de forças elétricas, são considerados bons
condutores elétricos. É o caso dos:
 Condutores metálicos que apresentam um grande número de eletrões livres
(eletrões da camada de valência que se libertam facilmente da ação do núcleo
atómico, podendo deslocar-se livremente no material);
 Condutores iónicos compostos por iões positivos e negativos que, em solução
aquosa, no estado gasoso ou quando fundidos, também possuem partículas
carregadas que se movimentam livremente e são facilmente orientadas;

A grandeza elétrica, que avalia a intensidade da corrente elétrica que se estabelece


num circuito elétrico, isto é, que mede a quantidade de carga (Q) que atravessa a
secção transversal de um condutor por unidade de tempo ( ∆ t), é a corrente elétrica (I).
Tem como unidade base no SI o ampere (A), mede-se com um amperímetro instalado
em série no circuito e pode expressar-se matematicamente por:

Q
I=
∆t

O sentido convencional da corrente é do polo positivo para o polo negativo e, portanto,


contrário ao movimento real dos eletrões num condutor metálico.

A diferença de potencial elétrico ou tensão elétrica (U) corresponde ao trabalho


realizado pela força elétrica (W ⃗F ) para deslocar uma carga unitária entre dois pontos,
e

ou seja, a energia transferida no deslocamento de carga. Tem como unidade no SI o


volt (V), mede-se com um voltímetro instalado em paralelo no circuito e pode
expressar-se matematicamente por:
W ⃗F
U= e

Q
O tipo de corrente elétrica que se estabelece circuito depende da diferença de
potencial fornecida pelo gerador de tensão:
• Corrente contínua (CC)

Quando a tensão elétrica nos terminais de u gerador apresenta sempre a mesma


polaridade estabelece-se no circuito uma corrente unidirecional (DC). Quando, além de
manter o sentido mantém a quantidade de carga que atravesse uma secção reta do
condutor por unidade de tempo, estabelece-se no circuito uma corrente contínua (CC).
É o caso da corrente elétrica estabelecida por pilhas ou baterias.
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• Corrente alternada (AC)

Ocorre quando a tensão elétrica inverte, repeti mente ao longo do tempo, a sua
polaridade pelo que o movimento dos eletrões, num fio condutor metálico ligado aos
seus terminais, também irá inverter o sentido com a mesma periodicidade. É o caso
dos geradores das centrais elétricas.

2.2 resistência de condutores filiformes


Materiais, como os metais, onde é possível estabelecer uma corrente de eletrões com
facilidade são considerados bons condutores elétricos. Os materiais, como o vidro, a
porcelana ou a borracha, que têm uma condutividade elétrica muito baixa designam-se
maus condutores elétricos. Entre os dois comportamentos extremos existem materiais,
como os semimetais silício e germânio, que, dependendo das condições, podem atuar
como condutores ou isoladores e que se designam semicondutores.

A grandeza física escalar que avalia a oposição que um material oferece à passagem da
corrente elétrica é a resistência elétrica (R). Tem como unidade no SI o ohm ( ), pode
medir-se diretamente com um ohmímetro ou, indiretamente, a partir da lei de Ohm,
expressa-se matematicamente por:
U =R × I

-Um dispositivo que obedece a esta lei é, normalmente, designado como linear
ou óhmico. A curva num gráfico U = f(I) é uma linha reta que passa pela origem,
sendo a constante de proporcionalidade o valor da resistência elétrica, que é
constante.
-Um dispositivo não linear ou não óhmico será aquele que não obedece à lei de Ohm.
Pode aplicar-se a equação anterior, mas o valor da resistência encontrado só será
válido para um determinado valor de tensão aplicada nos seus terminais;

Tratando-se de um condutor filiforme, homogéneo e de secção constante, a resistência


elétrica depende da natureza do condutor, da temperatura a que este se encontra e
das respetivas características geométricas:

- É diretamente proporcional à resistividade ( ρ ), uma característica do material que o


constitui, que avalia a dificuldade com que os eletrões se deslocam através desse
material, sendo a unidade no SI o ohm metro ( m). A resistividade de condutores é
inferior à apresentada pelos semicondutores que, por sua vez, é inferior à dos maus
condutores e isoladores.

A resistividade, contudo, depende da temperatura. De um modo geral, a resistividade


dos metais aumenta quase linearmente com o aumento da temperatura, enquanto
num semicondutor a resistividade diminui quase exponencialmente com o aumento da
temperatura.

-É diretamente proporcional ao comprimento (l ) do material, mas é inversamente


proporcional à área da sua secção transversal (A).
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Assim, a resistência elétrica de um condutor filiforme homogéneo e de secção


constante pode ser expressa matematicamente por:
l
R=ρ
A
2.3 Efeito Joule
A grandeza que mede a energia elétrica transferida por unidade de tempo é a potência
elétrica (P) que corresponde também ao produto da tensão elétrica nos terminais de
um componente elétrico pela corrente elétrica que o atravessa. A unidade no SI é o
watt (W).
P=U × I
Para condutores óhmicos, em que se pode aplicar a Lei de Ohm, a potência dissipada
pela resistência também pode ser dada por:
2
2 U
P=R × I P=
R

O Efeito Joule corresponde ao efeito térmico provocado pela passagem de corrente


elétrica através de um condutor elétrico, devido aos choques entre os eletrões livres e
os cernes dos átomos do condutor que, além de condicionar a corrente elétrica,
conduz ao aumento da temperatura do condutor provocando uma dissipação de
energia como calor para o seu meio envolvente.
A energia dissipada como calor por um condutor puramente resistivo no intervalo de
tempo em que é atravessado pela corrente elétrica, pode ser determinada pelas
expressões:
2
E=U × I × ∆ t ou E=R × I × ∆ t

Quanto maior a energia dissipada por efeito Joule por um dispositivo menor será a
energia útil disponível. Já no caso de condutores puramente resistivos, como
resistências de aquecimento, o efeito Joule é o único efeito pretendido.

2.4 geradores de corrente contínua


Num circuito elétrico é o gerador elétrico o componente responsável pela aplicação de
uma diferença de potencial elétrico capaz de criar corrente elétrica no circuito. É o caso
das pilhas e baterias que aplicam uma diferença de potencial constante, originando
uma corrente contínua no circuito.

A força eletromotriz (ε ) de um gerador corresponde à energia total por unidade de


carga transferida do gerador para as cargas que se movem no circuito. Coincide com a
diferença de potencial elétrico, nos terminais do gerador, em circuito aberto.

Um gerador que não apresenta nenhuma resistência ao movimento de cargas, possui


uma diferença de potencial elétrico nos seus terminais independente da corrente
elétrica que percorre o circuito a que está ligado designando-se gerador elétrico ideal.
Um gerador real possui uma resistência interna (r) que provoca dissipação de energia e
é responsável pela diminuição da energia que o gerador em funcionamento, em
circuito fechado, pode transferir para o circuito.
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A diferença de potencial elétrico aplicada por um gerador num circuito fechado


corresponde à diferença entre a sua força eletromotriz e a tensão elétrica decorrente
da sua resistência interna:
U =ε−r × I
Se o circuito estiver aberto ( Ι =0 A ) ou o gerador for ideal (r =0), a tensão elétrica nos
terminais do gerador será igual à sua força eletromotriz:
U =ε

Num gerador real, para valores de correntes elétricas muito baixas, a tensão elétrica
depende da corrente fornecida de um modo linear. Nestas condições, o gráfico da
diferença de potencial em função da corrente elétrica, designado curva característica
de um gerador, corresponde a uma reta que se traduz pela expressão U =ε−r × I .

Na curva característica de um gerador, o módulo do declive da curva e a ordenada na


origem correspondem, respetivamente, à resistência interna e à força eletromotriz do
gerador - as duas características de um gerador.
Num circuito elétrico há conservação de energia, isto é, a energia transferida do
gerador para as cargas que se movem no circuito é igual à energia recebida pelos
recetores.
Eútil , gerador =Erecetor

Tratando-se de um gerador ideal, a energia total fornecida pelo gerador seria


convertida em energia útil. Contudo, tratando-se de um gerador real, que apresenta
resistência interna ao movimento das cargas elétricas, a energia útil será inferior, pois
dentro do próprio gerador haverá energia dissipada por efeito Joule:

Eútil , gerador =Etotal , gerador −Edissipada , gerador

2.5 associações em série é em paralelo


O modo como os componentes elétricos que constituem um circuito elétrico estão
ligados entre si é um fator importante e a ter em conta quando se estudam estes
circuitos.

o Associações em série

Os componentes elétricos ligam-se entre si de modo a


constituírem apenas um caminho para a passagem da
corrente elétrica.

A corrente elétrica é a mesma em qualquer ponto:


Ι =Ι A=Ι B =Ι C =Ι D

A tensão elétrica nos terminais da associação é igual à soma das diferenças de


potencial elétrico nos terminais de cada componente:

U gerador=U AD=U AB +U BC +U CD
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Sendo I constante, como U = RI, quanto maior a resistência elétrica, maior a diferença
de potencial nos terminais do componente.

Os amperímetros são instalados em série para medir a corrente elétrica que o


atravessa sem constituir uma derivação, devendo ainda apresentar uma resistência
elétrica desprezável de forma a não provocar queda de tensão ou dissipar energia por
efeito Joule.

o Associações em paralelo

Os componentes elétricos ligam-se entre si de tal modo que se


constituem vários caminhos para a passagem da corrente elétrica.

A corrente elétrica no circuito principal é igual à soma das correntes


das várias derivações existentes:
Ι =Ι 1+ Ι 2 + Ι 3

A tensão elétrica nos terminais da associação é igual à tensão nos terminais de cada
derivação:
U gerador=U AD=U BC =U EF=U GH

Sendo U constante, como U = RI, quanto maior a resistência elétrica, menor a corrente
elétrica que atravessa o componente.

Os voltímetros são instalados em paralelo para medir a tensão nos terminais do


componente, devendo apresentar uma resistência elevada de forma a impossibilitar a
passagem de corrente por esta derivação.

3.1 Temperatura e equilíbrio térmico


A energia interna define-se como sendo a soma da energia cinética das partículas
constituintes do sistema com a energia potencial resultante das suas interações.

Sistema é o corpo, região ou conjunto de partículas que são o objeto de estudo, sendo
a vizinhança tudo o que se encontra além do sistema e a fronteira é o limite físico, real
ou virtual, que separa o sistema da vizinhança.

Um sistema é fechado quando permite troca de energia, mas não de matéria, aberto
quando permite troca de matéria e energia e isolado se não permitir troca de energia
nem de matéria.

Um sistema termodinâmico é um sistema em que é apreciável a variação da energia


interna do mesmo, pelo que não pode ser desprezada. A temperatura de um corpo é
uma propriedade física que é comum a corpos em equilíbrio térmico com esse corpo e
está associada à energia cinética das partículas do sistema.

Maior agitação Maior energia cinética média Maior


das partículas interna das partículas temperatura
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Quando dois corpos a temperaturas diferentes são colocados em contacto térmico, é


transferida energia do corpo a temperatura superior para o corpo a temperatura
inferior até atingirem uma situação de equilíbrio térmico, que corresponde à igualdade
de temperaturas.

Ponto de fusão da água: 0 ° C


Ponto de ebulição da água: 100 ° C

A temperatura pode ser medida em grau Celsius (°C) ou em kelvin (K), sendo a primeira
a mais usada no dia a dia e a segunda a unidade no SI.

3.2 Radiação
O calor, que corresponde à energia transferida espontaneamente entre sistemas
vizinhos que se encontram a diferentes temperaturas, apresenta três tipos de
processos de transferência diferentes: a condução, a convecção e a radiação.

A radiação é a energia transferida sob a forma de radiação eletromagnética. Pode


fazer-se sem haver contacto entre os sistemas, enquanto que a condução e a
convecção exigem contacto entre sistemas.

Todos os corpos emitem radiação e, à temperatura ambiente, emitem


predominantemente no infravermelho. De acordo com o Princípio da Conservação da
Energia, a soma das três parcelas de energia será igual à energia incidente.

Eincidente =Erefletida + Etransmitida + E absorvida

A irradiância ( Er ) corresponde à energia da radiação que incide sobre uma superfície,


real ou ima-ginária, por unidade de tempo (P) e por unidade de área (A):

P
Er =
A
Um painel fotovoltaico é um sistema que converte a energia transferida sob a forma
de radiação em energia elétrica, através da criação de uma diferença de potencial
elétrico aos seus terminais.

3.3 Condução e Convecção


A condução de energia sob a forma de calor ocorre devido à transferência de energia
das partículas mais agitadas (a maior temperatura) para as mais lentas (a menor
temperatura), sem transporte de matéria. Este processo de transferência de energia
pode ocorrer entre dois materiais em contacto que apresentem diferentes
temperaturas, ou num único material cuja temperatura não seja igual em toda a sua
extensão. De uma forma ou de outra, a condução pode ocorrer independentemente do
estado físico (sólido, líquido ou gasoso) do(s) material(ais).

É a condutividade térmica que mede a capacidade de um material conduzir o calor.


Um bom condutor térmico apresenta uma condutividade térmica elevada, enquanto
que um isolador térmico apresenta uma condutividade térmica baixa.
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A convecção é o mecanismo de transferência de energia como calor que ocorre em


fluidos (líquidos e gases) acompanhado de movimentos do próprio fluido, que são
designados correntes de convecção.

A porção de fluído que se encontra a uma temperatura mais elevada torna-se menos
densa e sobe, criando uma corrente "quente" ascendente. Enquanto sobe, essa porção
de fluido arrefece tornando-se mais densa, até que inverte o sentido do movimento,
originando uma corrente "fria" descendente. A corrente "quente" ascendente e a
corrente "fria" descendente ocorrem simultaneamente, permitindo transferências de
energia e o aquecimento ou arrefecimento de todo o fluido.

Condução- Sólidos e Fluidos (Líquidos e gases)


Convecção- Fluidos (Líquidos e gases)

3.4 capacidade térmica mássica


A energia (E) que um sistema recebe (cede), mantendo o estado físico, é diretamente
proporcional ao aumento (à diminuição) de temperatura que se quer provocar, à massa
do sistema e é dependente da substância que constitui o sistema:
E=m× c × ∆ T

A capacidade térmica mássica (c) depende do material e indica a variação de energia


por unidade de massa e de variação de temperatura da substância. Quanto maior a
capacidade térmica mássica, maior a energia que é necessário fornecer para provocar
uma determinada variação de temperatura ou, para a mesma energia fornecida, menor
será a variação de temperatura.

Quando dois sistemas, A e B, a temperaturas diferentes, isolados em relação ao meio


exterior, são colocados em contacto entre si, trocam energia sob a forma de calor até
atingirem o equilíbrio térmico, ou seja, até ficarem à mesma temperatura. Sendo o
conjunto isolado, as quantidades de energia cedidas/recebidas pelos dois sistemas são
simétricas.
∆ E sistema A +B=0 ⟺ ∆ E A + ∆ EB =0 ⟺ ∆ E A=−∆ EB

3.5 Variação de entalpia mássica em fusão e de vaporização


Durante uma mudança de estado físico a temperatura de uma substância pura
mantém-se constante, sendo a energia que é necessário fornecer à substância na
transição de fase tanto maior quanto maior a sua massa e quanto maior a variação de
entalpia mássica da mudança de estado.
E=m× ∆ h

A variação de entalpia mássica (∆ h) indica a energia que é necessário fornecer a


unidade de massa de uma substância para mudar de estado físico, apresentando
valores característicos para cada substância e para cada mudança de estado físico. Os
valores de variação de entalpia mássica de fusão e de vaporização para uma dada
substância são simétricos.
Fusão: - solidificação
Vaporização: -condensação

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