Você está na página 1de 35

GRUPO INSTEP-11ELO

ESCOLA TÉCNICA - GEORREFERENCIMENTO

C A R T OG R A F I A B Á S I C A
GRUPO INSTEP-11ELO
ESCOLA TÉCNICA - GEORREFERENCIMENTO

S U M A R I O

1. A FORMA DA TERRA ..........................................................................................................1


2. LOCALIZAÇÃO DE PONTOS ................................................................................................. 3

1.1 COORDENADAS GEOGRÁFICAS ........................................................................................................................................... 3


3. PROJEÇÃO CARTOGRÁFICA ................................................................................................ 5

3.1. O QUE É A PROJEÇÃO DE UM MAPA? ....................................................................................................... 5


3.2. DESENVOLVIMENTO DE UMA PROJEÇÃO CARTOGRÁFICA......................................................................................... 5
4. PROJEÇÃO CÔNICA ...........................................................................................................6

4.1. PROJEÇÃO CÔNICA................................................................................................................................................................. 6


4.2. PROJEÇÃO CÔNICA EQÜIDISTANTE................................................................................................................................... 7
4.3. PROJEÇÃO CÔNICA EQUIVALENTE .................................................................................................................................... 7
4.4. PROJEÇÃO CÔNICA CONFORME ......................................................................................................................................... 7
5. PROJEÇÃO CILÍNDRICA ............................................................................................. 9

5.1. PROJEÇÕES CILÍNDRICAS ...................................................................................................................................................... 9


5.2. PROJEÇÃO CILÍNDRICA PERSPECTIVA.............................................................................................................................. 9
5.3. PROJEÇÃO CILÍNDRICA EQUIVALENTE ......................................................................................................................... 10
5.4. PROJEÇÃO CILÍNDRICA EQÜIDISTANTE ........................................................................................................................ 11
5.5 PROJEÇÃO CILÍNDRICA CONFORME ................................................................................................................................ 11
6. PROJEÇÃO AZIMUTAL ............................................................................................. 12

6.1. PROJEÇÃO AZIMUTAL ........................................................................................................................................................ 12


6.2. PROJEÇÃO AZIMUTAL PERSPECTIVA ............................................................................................................................. 12
6.3. PROJEÇÃO AZIMUTAL EQUIVALENTE ........................................................................................................................... 14
6.4. PROJEÇÃO AZIMUTAL EQÜIDISTANTE .......................................................................................................................... 14
7. CLASSIFICAÇÃO DAS PROJEÇÕES ..................................................................................... 15
8. PROPRIEDADES DAS PROJEÇÕES ..................................................................................... 16

8.1. PROPRIEDADES GEOMÉTRICAS .........................................................................................................................................16


8.1.1. DISTÂNCIA ..................................................................................................................................16
8.1.2. DIREÇÃO 16
8.1.3. ESCALA 16
8.1.4. ÁREA 16
8.2. PROJEÇÕES EQUIVALENTES ...............................................................................................................................................16
8.3. PROJEÇÕES EQÜIDISTANTES ..............................................................................................................................................17
8.4. PROJEÇÕES AZIMUTAIS .......................................................................................................................................................17
8.5. PROJEÇÕES CONFORME.......................................................................................................................................................17
9. EXEMPLOS DE PROJEÇÕES ............................................................................................... 19

9.1. PROJEÇÕES USUAIS ..............................................................................................................................................................19


9.1.1. AZIMUTAL EQUIDISTANTE .......................................................................................................19
9.1.2 BONNE ..........................................................................................................................................19
9.1.3. ESTEREOGRÁFICA .....................................................................................................................20
9.1.4. MERCATOR .................................................................................................................................20
9.1.5. MERCATOR OBLÍQUA ................................................................................................................20
9.1.6. POLICÔNICA ...............................................................................................................................20
9.1.7. ROBINSON ....................................................................................................................................21
9.2. PROJEÇÕES NÃO USUAIS .....................................................................................................................................................21
10. PROJEÇÃO UTM - UNIVERSAL TRANSVERSA DE MERCATOR ............................................... 22

10.1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................................................22


GRUPO INSTEP-11ELO
ESCOLA TÉCNICA - GEORREFERENCIMENTO
10.2. ANALOGIA DA PROJEÇÃO UTM ...........................................................................................................22
10.3. SUPERFÍCIE DE PROJEÇÃO ...............................................................................................................................................22
10.4. CARACTERÍSTICAS DA PROJEÇÃO UTM...............................................................................................23
10.5. MERIDIANO CENTRAL ......................................................................................................................................................23
10.6. SISTEMA DE COORDENADAS UTM ......................................................................................................24
10.7. NUMERAÇÃO DE ZONAS UTM .............................................................................................................25
11. O SISTEMA GPS ............................................................................................................ 26

11.1. FATORES QUE AFETAM A PRECISÃO DO SISTEMA ...................................................................................................27


11.2. RASTREAMENTO DOS SATÉLITES ..................................................................................................................................28
11.3. CANAIS ..................................................................................................................................................................................28
11.4. ANTENAS ..............................................................................................................................................................................28
11.5. ANTENAS EXTERNAS ........................................................................................................................................................28
11.6. ENTRADA DE DADOS ........................................................................................................................................................28
11.7. APLICAÇÕES DE ENTRADA E SAÍDA DE DADOS .......................................................................................................29
11.8. DGPS – DIFERENCIAL GPS (GPS DIFERENCIAL) ................................................................................30
11.9. RECEPTORES GPS ................................................................................................................................30
11.10. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DE UM RECEPTOR ................................................................................................30
11.11. APLICAÇÕES ......................................................................................................................................................................30
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 32
GRUPO INSTEP-11ELO 1
ESCOLA TÉCNICA - GEORREFERENCIMENTO

1. A Forma da Terra

Até o século IV A.C., aproximadamente, a Terra era considerada plana. Os sábios da


antigüidade pensavam que a forma do planeta era retangular, circundada pelos mares.
Acreditavam que nos limites das águas com o espaço, habitavam seres e criaturas
mitológicas.

Já no século III A.C., Eratóstenes provou sua


esfericidade, calculando a circunferência da Terra a
partir da diferença de latitudes ente Syene e
Alexandria. Clique aqui para mais detalhes sobre a
experiência de Eratóstenes.
Durante muitos séculos a Terra foi considerada esférica
sem causar maiores problemas para a navegação, que
usava métodos astronômicos para a determinação de
rotas. Ainda, hoje, a forma esférica é útil em trabalhos
(de áreas não muito grandes), o que implica grandes
Eratóstenes simplificações nos cálculos.

Por volta de 1700, com a evolução de métodos


astrogeodésicos, equipamentos e os enunciados das leis de
Kepler, surgiram as primeiras teorias e experimentos tratando
a Terra como esférica, mas com certo achatamento nos
polos. Esta superfície era de difícil desenvolvimento
matemático, razão pela qual adotaram-se elipsóides de
revolução para modelá-la. O elipsóide de revolução é a
figura resultante da rotação de uma elipse em torno de um de
Elipsóide de Revolução
seus eixos.

Com o desenvolvimento tecnológico, os equipamentos


tornaram-se muito sofisticados e precisos, os métodos
evoluíram e centenas de elipsóides foram desenvolvidos de
modo a representar a Terra o mais fielmente possível.
Na Geodésia, a determinação de coordenadas geodésicas
de pontos é feita sobre uma superfície elipsóidica que se
aproxima da forma da terra. O elipsóide é uma superfície
regular, matematicamente definida e com dimensões
específicas.
Geóide

A Geodésia física, por meio de estudos gravimétricos, esboçava uma nova forma à
Terra, denominada Geóide. Por outro lado, o geóide coincide com a superfície pela qual
o nível médio dos oceanos se prolongaria pelos continentes ajustando-se ao efeito
combinado da força gravitacional e a força centrífuga da rotação da terra.
Como resultado da distribuição desigual da massa da terra, a superfície geoidal é
irregular e, sendo o elipsóide uma superfície regular, os dois não coincidirão. As
diferenças entre as superfícies são chamadas ondulações geoidais (N).
GRUPO INSTEP-11ELO 2
ESCOLA TÉCNICA - GEORREFERENCIMENTO

O geóide é uma superfície ao longo da qual a


força de gravidade é igual em todos os
pontos e a direção da força de gravidade
sempre é perpendicular. Isto é significante
porque instrumentos de medição que possuem
dispositivos niveladores são comumente usados
em medidas geodésicas. Quando corretamente
nivelado, o eixo vertical do instrumento
coincide com a direção de gravidade e é
perpendicular ao geóide. Ondulação Geoidal

O ângulo entre a linha absoluta que é perpendicular ao geóide (chamada de vertical do


lugar) e a perpendicular ao elipsóide (chamada de normal) é definido como a
deflexão da vertical.
O Geóide também é um modelo matemático de desenvolvimento complexo, pois sua
forma exata depende de características gravimétricas. Assim, novamente a adoção do
elipsóide de revolução para a sua representação foi conveniente, combinado ao
parâmetro ondulação geoidal (N).
GRUPO INSTEP-11ELO 3
ESCOLA TÉCNICA - GEORREFERENCIMENTO

2. Localização de Pontos

Constantemente, os usuários de mapas têm a necessidade da determinação de


coordenadas ou da localização de pontos na superfície terrestre, vinculados ao mapa
em uso. São vários os processos utilizados para esse fim. Os processos mais
importantes são os que empregam as coordenadas geográficas.
1.1 Coordenadas Geográficas
Para compreendermos essas coordenadas devemos estar familiarizados com as noções
de latitude e longitude sobre o globo terrestre.

Se O representar o centro da Terra e PN-PS a linha dos pólos,


podemos definir:

• O equador é o círculo imaginário determinado na superfície


terrestre pela interseção desta com um plano perpendicular
à linha dos pólos, passando pelo centro da Terra.

• A paralela ao plano do equador determinará a seção que é


chamada paralelo de latitude. Logo, paralelos de
latitude ou simplesmente paralelos são todos os círculos
determinados pelas interseções com a superfície terrestre
Equador de planos paralelos ao plano do equador.

A seção formada pela interseção da


superfície terrestre com um plano que passe
por um ponto na superfície terrestre e pelos
pólos (PN e PS) determinando na superfície
da Terra a elipse ponto-PN-PS é chamada
meridiano de longitude. Assim,
meridianos de longitude ou meridianos,
são os traços feitos pelas interseções de
todos os planos que contêm os pólos com a
Latitude superfície terrestre. Longitude

Um ponto na superfície terrestre (interseção de um paralelo


e de um meridiano) será definido em coordenadas
geográficas pela latitude do paralelo e pela longitude
do semi-meridiano que passam por esse ponto.

O meridiano de longitude mais famoso é


o Primeiro Meridiano que passa sobre o
Observatório de Greenwich na
Inglaterra. Ao primeiro meridiano é
arbitrado o valor de 0°. A partir daí, são
180° de longitude a leste (direita) e 180°
Coordenadas Geográficas de longitude para o oeste (esquerda) do
Meridiano Principal.
GRUPO INSTEP-11ELO 4
ESCOLA TÉCNICA - GEORREFERENCIMENTO

A linha do equador divide o globo em duas


partes iguais (Hemisférios Norte e Sul). O
equador está na latitude 0°. Daí, são 90°
de latitude ao norte (acima) e 90° de
latitude para o sul (abaixo) do equador.

Uma das linhas famosas de latitude sul do equador é o


Trópico de Capricórnio (23°30' S) e o Círculo Antártico
(66°30'S). Ao Norte do equador está o Trópico de Câncer
(23°30' N) e o Círculo Ártico (66°30' N).

Meridiano Principal

Além do Primeiro Meridiano, Meridiano Principal ou Meridiano de Greenwich , outro


meridiano de importância para um Sistema de Coordenadas Geográficas é o Meridiano
180° também conheciddo como Linha Internacional de Mudança de Data. A leste
deste Meridiano é o dia seguinte ao dia a oeste do mesmo.
GRUPO INSTEP-11ELO 5
ESCOLA TÉCNICA - GEORREFERENCIMENTO

3. Projeção Cartográfica

A Terra é uma esfera (ou mais corretamente, um esferóide) e um globo é a melhor


representação ou modelo da superfície da Terra. Um mapa, por outro lado, tem que
representar com tanta precisão quanto possível, a Terra tridimensional em uma
superfície bidimensional (plana).
Na confecção de um mapa é importante assegurar uma relação conhecida entre as
verdadeiras posições na superfície da Terra e os pontos correspondentes no mapa.
Então, o primeiro passo para confecção de qualquer mapa é a escolha de uma Projeção
Cartográfica ... e há dúzias para escolher.
3.1. O que é a Projeção de um Mapa?
O processo de sistematicamente transformar partes da Terra esférica para que sejam
representadas em uma superfície plana mantendo as relações espaciais é chamado de
Projeção Cartográfica. Este processo é obtido pelo uso de Geometria e, mais
comumente, por meio de fórmulas matemáticas.
3.2. Desenvolvimento de uma Projeção Cartográfica
O termo projeção vem da noção de colocar uma fonte de luz dentro de um globo
transparente e projetar as sombras dos meridianos, paralelos e outras características
geográficas sobre uma anteparo colocada tangencialmente ao globo. Várias projeções
úteis podem ser construídas deste modo e são chamadas de projeções perspectivas.
Projeções perspectivas diferentes podem ser construídas apenas mudando a posição da
fonte de luz.
O processo de produzir um mapa plano de uma superfície pode ser entendido como uma
sucessão de transformações. As irregularidades na forma da terra tornam difícil este
processo de modelagem matemática. Assim o primeiro passo no processo é modelar
a Terra como um objeto sólido mais simples que tem a mesma área de superfície.

Para mapas em grandes escalas que mostram uma porção


pequena da superfície terrestre com grande detalhe, a Terra é
modelada como um elipsóide que dá uma melhor aproximação à
verdadeira forma da Terra que uma esfera perfeita.
Organismos reponsáveis pela cartografia oficial nos diversos países
usam elipsóides diferentes, ajustando os raios polar e equatorial
(semi-eixos) para os melhores valores da região de interesse. Clique
Elipsóide sobre o link para visualizar uma tabela contendo parâmetros dos
elipsóides mais comuns utilizados em diversos países.

Para mapas em pequenas escalas que mostram uma área grande


com pequeno detalhe, um modelo esférico é usado por ser
matematicamente mais simples e porque em escalas pequenas, a
distorção devido às irregularidades na forma da Terra pode ser
consideradas desprezíveis.
Em termos geométricos, a Terra como um esferóide ou elipsóide
(uma esfera ligeiramente achatada nos pólos) é considerada uma
superfície que não pode ser desenvolvida, porque não importa como
o esferóide ou elipsóide seja dividido, ele não pode ser
planificado.

Selecionado o modelo matemático apropriado, o próximo passo é reduzir o tamanho


do modelo para a escala desejada do mapa. A escala pode ser calculada como a relação
GRUPO INSTEP-11ELO 6
ESCOLA TÉCNICA - GEORREFERENCIMENTO

entre o raio do modelo e o raio da Terra (aproximadamente 6.300 km). Porém, por
causa da distorção introduzida na representação de um esferóide ou elipsóide em um
plano, a escala do mapa variará de lugar para lugar.
O passo final no processo é projetar o reticulado (meridianos e paralelos) sobre a
superfície de desenvolvimento. Qualquer superfície que pode ser planificada é uma
superfície de desenvolvimento. Superfícies e métodos de projeções diferentes são
usados para obter mapas com propriedades geométricas diferentes.

4. Projeção Cônica

4.1. Projeção Cônica


Projeção Cônica Eqüidistante
Projeção Cônica Equivalente
Projeção Cônica Conforme

Na projeção cônica, a superfície terrestre é projetada sobre um cone tangente ou


secante ao elipsóide que então é longitudinalmente cortado e planificado.

Os paralelos (linhas de latitude) são


representados por arcos circulares
concêntricos e os meridianos (linhas de
longitude) por retas radiais igualmente
espaçadas.
Os paralelos estão representados em escala. A
distorção é menor em uma faixa estreita ao
Projeção Cônica Tangente
longo do paralelo aumentando ao se distanciar
do mesmo.

Este tipo de projeção é geralmente usado para representação de regiões de latitude


média (entre +25° e +65°, -25° e -65° de latitude). O resultado é uma menor distorção
na forma original da superfície representada
GRUPO INSTEP-11ELO 7
ESCOLA TÉCNICA - GEORREFERENCIMENTO

Os paralelos localizados entre os dois paralelos


de referência (secantes) são menores que seu
verdadeiro comprimento no esferóide,
enquanto paralelos externos aos de referência
são maiores.
O uso da secância na representação permite
uma melhor distribuição da distorção e
Projeção Cônica Secante reduz a mesma nas proximidades do norte e sul
do mapa.

Projeções cônicas geralmente representam regiões de latitude média ou os


hemisférios norte ou sul. Escolhendo um paralelo no centro da região de interesse
(tangência), a distorção das características geométricas pode ser reduzida. Usando a
secância, a distorção pode ser reduzida mais ainda desde que os dois paralelos
escolhidos compreendam dois terços da área a ser mapeada.
4.2. Projeção Cônica Eqüidistante

As projeções cônicas eqüidistantes podem ser


construídas usando um (tangente) ou dois (secante)
paralelos de referência.São obtidas ajustando o
espaçamento entre paralelos de forma que sejam
espaçados igualmente ao longo dos meridianos e a
distância entre os paralelos no mapa seja igual ao
comprimento de arco de paralelo no esferóide.
As distâncias medidas ao longo dos meridianos e ao
longo dos paralelos de referência estão em escala,
Projeção de L'Isles
mas outras distâncias são distorcidas.

4.3. Projeção Cônica Equivalente


As projeções cônicas equivalentes modificam o espaçamento dos paralelos para
manter a escala constante. A projeção de Alber é construída modificando o
espaçamento dos paralelos para obter uma projeção equivalente.

Os meridianos são representados da mesma


maneira que na projeção cônica tangente, mas
o espaçamento entre paralelos é ajustado para
permitir a representação de superfícies com
pequena distorção de distâncias e formas.
A projeção de Alber é bastante usada nos
Estados Unidos como a base para sistemas de
coordenadas usadas nos mapas topográficos.
Projeção de Alber

4.4. Projeção Cônica Conforme


A projeção cônica conforme permitem que em qualquer ponto, a escala seja
constante em todas as direções. Como resultado, a forma de áreas pequenas são
representadas com distorção mínima, mas as formas de áreas maiores são distorcidas
por causa das mudanças de escala ponto a ponto.
GRUPO INSTEP-11ELO 8
ESCOLA TÉCNICA - GEORREFERENCIMENTO

A projeção é construída ajustando o


espaçamento dos paralelos de forma que a
escala na direção leste-oeste seja exatamente
a mesma na direção norte-sul.
O uso de dois paralelos de referência (secante)
é mais comum porque permite uma distribuição
melhor da distorção do mapa. A projeção de
Lambert é bastante usada em mapas no
Canadá.
Projeção de Lambert
GRUPO INSTEP-11ELO 9
ESCOLA TÉCNICA - GEORREFERENCIMENTO

5. Projeção Cilíndrica

5.1. Projeções cilíndricas


Projeção Cilíndrica Perspectiva
Projeção Cilíndrica Equivalente
Projeção Cilíndrica Eqüidistante
Projeção Cilíndrica Conforme

Na projeção cilíndrica, a superfície terrestre é projetada sobre um cilindro tangente ou


secante ao elipsóide que então é longitudinalmente cortado e planificado.

A Projeção Cilíndrica Normal assume que o


cilindro é tangente ao elipsóide ao longo do Equador.
Nesta orientação, o reticulado de meridianos e
paralelos aparece como um grid retangular.
Meridianos de longitude são linhas retas,
igualmente espaçadas, e perpendiculares ao
Equador. Paralelos de latitude são representados
como linhas retas paralelas ao Equador e tendo o
Projeção Cilíndrica Tangente mesmo comprimento do Equador.

No caso tangente, o Equador está representado em escala e a distorção aumenta a


medida que se distancia do Equador. Este tipo de projeção é geralmente usado para
representação de regiões de latitude média-alta (entre -70° e +70° de latitude).

Os paralelos localizados entre os dois paralelos de


referência (secantes) são menores que seu
verdadeiro comprimento no esferóide, enquanto
paralelos externos aos de referência são maiores.
O uso da secância na representação permite uma
melhor distribuição da distorção e reduz a
mesma nas proximidades do norte e sul do mapa.
Projeção Cilíndrica Secante

Projeções cilíndricas são geralmente usadas para mapas de toda a superfície


terrestre, uma vez que tendem a evitar a grande distorção que acontece em projeções
cônicas e azimutais em áreas que estão distantes do ponto de contato.
Em orientação normal, projeções cilíndricas apresentam uma faixa estreita ao longo do
Equador na qual a distorção de todas as características geométricas é minimizada sendo
apropriada para representação de regiões tropicais. Este padrão de distorção também
faz que as projeções cilíndricas transversas sejam ideais para mapear áreas ao
longo da direção norte-sul, mas com pouca extensão leste-oeste.
5.2. Projeção Cilíndrica Perspectiva
A projeção cilíndrica ortográfica assume que a fonte de luz está localizada a uma
distância infinita da superfície de projeção, resultando em raios paralelos de luz.
GRUPO INSTEP-11ELO 10
ESCOLA TÉCNICA - GEORREFERENCIMENTO

O espaçamento entre os paralelos diminui conforme se distancia do Equador. Porém,


por causa da grande distorção das formas, outros tipos de projeção são preferidos para
representação das regiões polares principalmente.

Projeção Ortográfica

Outro exemplo de projeção cilíndrica perspectiva é projeção cilíndrica gnômonica


que ilustra o padrão básico de projeções cilíndricas normais. Os princípios são iguais aos
da projeção azimutal gnomônica. Uma fonte de luz é posicionada no centro do
esferóide e projeta o reticulado na superfície de projeção que é um cilindro tangente ao
esferóide ao longo do Equador.
5.3. Projeção Cilíndrica Equivalente
A projeção cilíndrica ortográfica é a projeção equivalente cilíndrica básica. Porém,
por causa da grande distorção de formas nas regiões polares, não é a melhor escolha
para representar estas regiões. Por isto, foram desenvolvidas projeções alternativas
chamadas projeções pseudo-cilíndricas uma vez que são desenvolvidas a partir das
projeções cilíndricas perspectiva simplesmente ajustando o espaçamento dos paralelos.

A projeção sinusoidal pode ser


construída a partir da projeção cilíndrica
equidistante através de mudança de
escala dos paralelos de latitude de forma
que sejam representados em escala.
Nesta projeção, o meridiano central é
uma linha direta com metade do
comprimento do Equador.
Os outros meridianos são linhas curvas,
igualmente espaçadas ao longo dos
paralelos. O resultado é uma projeção Projeção Sinusoidal
equivalente.

A distorção nesta projeção é mínima na interseção do meridiano central com o Equador


e geralmente aumenta a medida que distancia-se deste ponto. Isto torna a projeção
apropriada para mapas que representam um único continente.

A projeção de Mollweide é outra


projeção equivalente convencional. Nesta
projeção, a Terra inteira é representada
dentro de uma elipse. Paralelos de
latitude são linhas retas paralelas ao
Equador. O espaçamento dos paralelos ao
longo do meridiano central é calculado
para assegurar que todas as áreas no
mapa sejam iguais às áreas
GRUPO INSTEP-11ELO 11
ESCOLA TÉCNICA - GEORREFERENCIMENTO

correspondentes no esferóide. Como a


projeção Sinusoidal, a distorção é mínima
Projeção Mollweide perto da interseção do Equador com o
meridiano central e aumenta na direção
das extremidades do mapa.

5.4. Projeção Cilíndrica Eqüidistante


Como no caso das projeções azimutais, o espaçamento entre paralelos pode ser
modificado para produzir uma projeção eqüidistante. Nesta projeção, paralelos de
latitude são espaçados igualmente ao longo de meridianos sendo a distância entre
paralelos na projeção igual ao comprimento de arco no esferóide.
Distâncias medidas ao longo do Equador (caso tangente) ou paralelo de referência (caso
secante) e distâncias medidas ao longo de qualquer meridiano estão representadas em
escala. A projeção eqüidistante cilíndrica também é chamada de projeção
equiretangular.

Projeção Equiretangular

5.5 Projeção Cilíndrica Conforme


A projeção de Mercator é uma projeção conforme. Em uma projeção conforme, a
escala é constante em todas as direções para cada ponto, mas varia de ponto para
ponto no mapa. Nos paralelos das projeções cilíndricas, a escala aumenta na direção
leste-oeste a medida que se aproxima dos polos.

No caso tangente, só o Equador é


representado em escala. Os outros paralelos
são mais longos no mapa do que no
esferóide. No caso extremo, os polos estão
sujeitos a um grau infinito de distorção
uma vez que estão representados em uma
linha que tem o mesmo comprimento do
Equador, embora seja um ponto no esferóide.
Se a escala leste-oeste aumenta quando
aproxima-se dos polos, é necessárioaumentar
a escala norte-sul de igual valor para obter
uma projeção conforme. Esta projeção foi
definida por Gerhardus Mercator em 1569
Projeção Mollweide como uma ajuda para navegação. Sua
propriedade especial é representar
loxodrômicas como linhas retas no mapa.
GRUPO INSTEP-11ELO 12
ESCOLA TÉCNICA - GEORREFERENCIMENTO

6. Projeção Azimutal

6.1. Projeção Azimutal


Projeção Azimutal Perspectiva
Projeção Azimutal Equivalente
Projeção Azimutal Eqüidistante

Projeções Azimutais são projeções sobre um plano tangente ao esferóide em um


ponto. No tipo normal (ou polar), o ponto de tangência representa o pólo norte ou sul e
os meridianos de longitude são linhas retas radiais que partem deste ponto enquanto
paralelos de latitude aparecem como círculos concêntricos.

A distorção no mapa aumenta conforme se distancia


do ponto de tangência. Considerando que distorção
é mínima perto do ponto de tangência, as
projeções azimutais são apropriadas para
representar áreas que têm extensões
aproximadamente iguais nas direções norte-sul
ou leste-oeste.
Projeção Azimutal Tangente

Todas as projeções azimutais normais compartilham


do mesmo padrão básico de meridianos radiais e
paralelos concêntricos.
Pode-se obter projeções diferentes modificando o
espaçamento dos paralelos ao longo dos meridianos
para preservar propriedades geométricas
selecionadas.
Projeção Azimutal Secante

Projeções Azimutais são freqüentemente usadas para mapear as regiões polares,


mas podem ser centralizadas em qualquer posição na superfície da Terra. Por causa do
padrão radial de distorção (aumentando com o afastamento do ponto de tangência),
projeções azimutais são apropriadas para mapear áreas que têm extensões norte-sul e
leste-oeste iguais. Porém, são freqüentemente escolhidas por causa da representação
correta da distância e relações direcionais sobre o ponto de tangência.
6.2. Projeção Azimutal Perspectiva
Projeções perspectivas podem ser construídas geometricamente baseado na
suposição de uma fonte de luz no interior de um esferóide transparente que projeta
as sombras dos meridianos e paralelos sobre a superfície de projeção. Propriedades
geométricas diferentes podem ser obtidas mudando a posição da fonte de luz com
respeito ao esferóide.
GRUPO INSTEP-11ELO 13
ESCOLA TÉCNICA - GEORREFERENCIMENTO

A projeção gnômonica é uma projeção


perspectiva onde a fonte de luz está
localizada no centro do esferóide. Os
meridianos aparecem como linhas
retas radiais e os paralelos são
representados como círculos
concêntricos.
O espaçamento dos paralelos e a
deformação de áreas e ângulos aumenta
rapidamente ao distanciar-se do pólo
que é o ponto de tangência. A área
contida até o limite de 60° do ponto de
tangência no mapa pode ser
Projeção Gnômonica
representada. Além deste ponto, a
distorção é muito grande.

A projeção gnômonica é a mais antiga das projeções. Credita-se sua concepção a


Thales de Mileto (~ 600 AC). A projeção gnômonica tem a propriedade especial de
representar os meridianos como linhas retas no mapa sendo útil para navegação.

A projeção esterográfica posiciona a


fonte de luz no ponto oposto ao ponto de
tangência. O espaçamento dos paralelos
aumenta ao distanciar-se do pólo, mas
não tão bruscamente quanto na projeção
gnômonica.
Como resultado, a deformação de áreas
e ângulos é menos severa e é possível
representar uma área de
aproximadamente 135° a partir do pólo
em um mapa, embora normalmente as
Projeção Estereográfica projeções estereográficas limitam-se a
representar um hemisfério.

A projeção estereográfica é uma projeção conforme e é comumente usado para


mapas da região polar. A projeção estereográfica também tem uma propriedade
especial importante: os paralelos no esferóide aparecem como círculos ou arcos
circulares no mapa tornando útil para representar fenômenos radiais como ondas de
choque de terremotos.

A projeção ortográfica assume que a


fonte de luz está localizada a uma
distância infinita do ponto de tangência
resultando em raios de luz paralelos e
perpendiculares à superfície de projeção.
A projeção resultante pode mostrar só
um hemisfério. O espaçamento entre
paralelos diminui em direção ao Equador.
A projeção ortográfica não tem
nenhuma propriedade especial mas
proporciona uma visão perspectiva da
Projeção Ortográfica Terra como se vista do espaço exterior.
GRUPO INSTEP-11ELO 14
ESCOLA TÉCNICA - GEORREFERENCIMENTO

6.3. Projeção Azimutal Equivalente

Na projeção azimutal, o espaçamento dos


paralelos pode ser ajustado para produzir uma
projeção azimutal equivalente. A projeção
azimutal equivalente é obtida fazendo o
espaçamento dos paralelos igual ao
comprimento da corda doparalelo no
esferóide.
Nesta projeção, o espaçamento entre
paralelos diminui com o distanciamento do
pólo para compensar a deformação que
acontece nos paralelos de latitude. A projeção
azimutal equivalente pode representar a Terra
Projeção de Lambert
inteira embora seja limitada freqüentemente
na representação de um hemisfério.

6.4. Projeção Azimutal Eqüidistante


As projeções perspectivas representam azimutes corretamente no ponto de
tangência, mas não representam as distâncias corretamente.

A projeção azimutal equidistante pode ser


produzida a partir do padrão básico de
meridianos radiais e paralelos concêntricos
modificando o espaçamento dos paralelos para
que eles sejam espaçados igualmente ao longo
dos meridianos.
O resultado é uma projeção azimutal que pode
representar a Terra inteira em um único mapa.
Todas as distâncias medidas do ponto de
tangência estão em escala e os ângulos sobre
o ponto de tangência também são
Projeção Ortográfica representados corretamente. Outras distância e
relações angulares estão distorcidas.

Uma vez que distâncias e ângulos sobre o ponto central estão corretos, a projeção
azimutal eqüidistante é útil para representar rotas de um determinado local para
todos os outros locais de interesse.
GRUPO INSTEP-11ELO 15
ESCOLA TÉCNICA - GEORREFERENCIMENTO

7. Classificação das Projeções

A maioria das projeções são derivadas de fórmulas matemáticas, mas algumas são
mais fáceis de visualizar quando projetadas em uma superfície de desenvolvimento.
Embora um número infinito de projeções seja teoricamente possível, foram descritas
aproximadamente 400 projeções na literatura cartográfica e só algumas dezenas
destas são extensamente usadas. Estabelecer uma classificação de projeções serve
como auxílio para entender as suas propriedades e para selecionar uma projeção
apropriada para um determinado propósito.
As projeções podem ser classificadas em termos das propriedades geométricas de
representação e pela superfície geométrica da qual elas são derivadas. Algumas das
projeções mais simples são apoiadas sobre formas geométricas que podem ser
planificadas sem deformar suas superfícies. Como exemplos de formas geométricas que
refletem estas propriedades temos cones, cilindros e planos. Assim, temos as projeções
cônica, cilíndrica e planar (azimutal ou zenital).

Estas formas geométricas podem ser


tangentes ou secantes ao elipsóide
ou esferóide. No caso da tangente, o
cone, cilindro ou o plano toca a Terra
em uma única linha ou ponto. No caso
da secante, o cone ou cilindro
intercepta ou corta a Terra em mais de
um local.
Seja tangente ou secante, a
localização deste contato é importante
porque define a linha ou ponto de
menor distorção na Projeção. Nas
projeções cônicas e cilíndricas, o eixo
TANGENTE destas formas normalmente coincide SECANTE
com o eixo principal do elipsóide
(Terra).

As outras projeções que não podem ser relacionadas facilmente a estas três superfícies
são definidas como pseudo, modificadas ou individual (ou única).
GRUPO INSTEP-11ELO 16
ESCOLA TÉCNICA - GEORREFERENCIMENTO

8. Propriedades das Projeções

8.1. Propriedades geométricas

O processo matemático de uma projeção sempre resulta em


alguma distorção das relações geométricas tais como
conformidade, distância, direção, escala e área que são
representadas corretamente no esferóide.
Conformidade
Quando a escala de um mapa em qualquer ponto é a mesma
em qualquer direção, a projeção é dita conforme. Meridianos
e paralelos interceptam-se em ângulos retos. A forma é
preservada localmente.
Esferóide e Plano

8.1.1. DISTÂNCIA

Uma projeção é dita equidistante quando representa distâncias em escala do centro da


projeção para qualquer outro lugar no mapa.
8.1.2. DIREÇÃO

Um mapa preserva a direção quando os azimutes são corretos em todas as direções.


8.1.3. ESCALA

Escala é a relação entre uma distância representada em um mapa e a distância em


verdadeira grandeza.
8.1.4. ÁREA

Quando um mapa representa áreas globais de modo que todas as áreas tenham a
mesma relação proporcional com a verdadeira grandeza, o mapa é um mapa de igual
área ou equivalente.
Não é possível representar todas as distâncias ou todos os ângulos corretamente em
um mapa. Porém, é possível produzir mapas que representem apropriadamente
determinadas características geométricas. Algumas projeções minimizam a distorção em
algumas destas propriedades às custas de maximizar a deformação em outras.
Considerando as propriedades básicas, temos quatro classes de projeções:
Equivalente
Eqüidistante
Azimutal
Conforme

8.2. Projeções equivalentes


As Projeções de mapas que mantêm a área constante em toda a superfície do mapa são
chamadas de igual área ou projeções equivalentes. Foram desenvolvidas várias
projeções equivalentes na tentativa de minimizar a distorção de outras propriedades
geométricas mantendo a área constante.
GRUPO INSTEP-11ELO 17
ESCOLA TÉCNICA - GEORREFERENCIMENTO

As Projeções
equivalentes são
bastante usadas para
mapas temáticos que
mostram distribuição de
cenários como
população, distribuição
de terras agricultáveis,
áreas florestadas, etc.
Também são chamadas
projeções de igual área,
homolográfica, ou
equiareal.
Cônica Igual Área de Cilíndrica Igual Área de Azimutal Igual Área de
Albers Behrmann Lambert

8.3. Projeções eqüidistantes


As Projeções equidistante preservam a escala em alguma parte do mapa, não sendo
possível representar todas as distâncias corretamente em escala.
Porém, é possível produzir uma projeção tal que todas as distâncias a partir de um ou
dois locais sejam verdadeiras em escala ou na qual todas as distâncias medidas
perpendicularmente a uma linha sejam verdadeiras em escala.

Cônica Equidistante Cilíndrica Equidistante Azimutal Equidistante Miller Equidistante

8.4. Projeções azimutais


As Projeções azimutais (ou zenitais) representam determinadas relações angulares
corretamente. Do mesmo modo com as distâncias, nem todas as relações angulares
podem ser representadas corretamente em um único mapa. Contudo é possível
representar todas as relações angulares corretamente sobre um único ponto.

Azimutal Azimutal Azimutal Azimutal


Hemisfério Leste Hemisfério Oeste Hemisfério Norte Hemisfério Sul

8.5. Projeções conforme


A propriedade definidora das projeções conforme é que em qualquer ponto no mapa, a
escala é a mesma em todas as direções sobre o ponto. A implicação desta propriedade é
que ângulos sobre um ponto ponto são mostrados corretamente e assim sendo, pode-se
esperar a representação de formas corretamente.
GRUPO INSTEP-11ELO 18
ESCOLA TÉCNICA - GEORREFERENCIMENTO

Apesar da escala do mapa variar de ponto a ponto, a propriedade de


representação correta de ângulos só se aplica aos ângulos que têm lados
pequenos. As formas de áreas pequenas são preservadas nesta projeção,
mas as formas de áreas maiores são distorcidas.
O termo conforme foi aplicado para projeções por Gauss em 1825, e
Cônica Conforme
substituiu as designações anteriores: ortomórfica e autogonal.
Lambert
GRUPO INSTEP-11ELO 19
ESCOLA TÉCNICA - GEORREFERENCIMENTO

9. Exemplos de Projeções

Projeções usuais
Azimutal eqüidistante
Bonne
Estereográfica
Mercator
Mercator oblíqua
Policônica
Robinson
Projeções não usuais

9.1. Projeções usuais


Dentre a variedade de projeções existentes para determinados propósitos, as projeções
azimutais e conformes são as mais conhecidas e utilizadas em várias representações do
globo terrestre.
9.1.1. AZIMUTAL EQUIDISTANTE

Esta projeção foi extensamente usada para atlas (especialmente em


representações polares). Este tipo de projeção já era conhecida pelos
Egípcios há 2.000 anos atrás. Os egípcios teríam usado esta projeção
em seu aspecto polar para mapas estelares muito antes da era da
Azimutal Eqüidistante
cartografia científica.
O mapa mais antigo preparado com esta projeção foi mapa celestial
elaborado por Conrad of Dyffenbach em 1426.
A Projeção Azimutal Equidistante não é uma projeção perspectiva. Todas as direções ou
azimutes do centro da projeção são verdadeiros para a forma esférica e para alguns
elipsóides. As distâncias medidas a partir do ponto de tangência estão em verdadeira
escala e o centro da projeção é o único local onde a distorção é nula.
9.1.2 BONNE

É uma projeção cônica equivalente concebida por Rigober Bonne na


metade do século 16. A Projeção de Bonne era a projeção preferida para
atlas com mapas de grandes países e continentes proporcionando uma
representação mais uniforme de áreas e uma combinação apropriada de
Bonne
meridianos e paralelos numa representação do globo.
Metade dos mapas mundi dos continentes e paises povoados estavam
preparados na Projeção de Bonne. Outras regiões incluíam a Península árabe, China,
Rússia e os Estados Unidos.
A Projeção de Bonne representou um papel significante no mapeamento topográfico
em grande escala do século 19. Isto começou com sua adoção na França em 1802. Mais
tarde, em outros países europeus como a Áustria, Hungria, Bélgica, Dinamarca, Itália,
Holanda, Rússia, Espanha, Suíça, Escócia e Irlanda.
GRUPO INSTEP-11ELO 20
ESCOLA TÉCNICA - GEORREFERENCIMENTO

9.1.3. ESTEREOGRÁFICA

É uma projeção azimutal conforme que pode ter sido concebida por
Hiparchus no século 2. Hipparchus era influente no desenvolvimento da
trigonometria e formalizou a projeção estereográfica como um método
para resolver problemas astronômicos complexos sem usar a
Estereográfica trigonometria esférica.

A evidência mais antiga de uso da Projeção Estereográfica está nos escritos De


Architectura do autor romano e arquiteto, Vitruvius (88-26 AC). A primeira grande
descrição sobre a projeção foi de Claudius Ptolomeu (150 DC) que escreveu
extensivamente sobre ela no trabalho conhecido como o Planisphaerium.
A escala aumenta substancialmente a medida que existe afastamento do centro da
projeção. Usada comumente em mapas das regiões polares ou regiões centradas em
algum ponto de interesse do globo terrestre.
9.1.4. MERCATOR

É uma projeção cilíndrica conforme concebida por Gerard Mercator em


1560. Esta projeção era usada para navegação e regiões próximo
equador. Era o padrão para cartografia marítima nos séculos 17 e 18.
Era usada para mapear as regiões equatoriais oceânicas no século 19 e
Mercator
para mapear áreas globais no século 20 (US Geodetic Survey).
Os meridianos são igualmente espaçados e não são convergentes e os paralelos se
afastam a medida que se atinge as latitudes altas. Usada na navegação pois as direções
angulares são representadas por linhas retas.
9.1.5. MERCATOR OBLÍQUA

É uma projeção conforme desenvolvida por Rosenmund, Laborde e


Hotine entre 1900 e 1950. Publicada pela primeira vez em 1903 por
Rosenmund que fez uma das primeiras referências à projeção, quando
inventou uma forma elipsoidal que foi usada para o mapeamento
Mercator Oblíqua topográfico de Suíça.

Laborde aplicou a projeção para o mapeamento topográfica de Madagascar em 1928.


Hotine derivou uma forma de projeção denominada Mercator Obliqua Espacial.
Uma vez que esta projeção é a variante oblíqua da Projeção de Mercator Regular, ela
mantém quase todas as propriedades da projeção normal. Sua característica marcante é
dois meridianos representados por linhas retas separadas de 180°.
Foi usada pelo USGS em sua forma esférica para alguns atlas do Hawaii, Indias
Ocidentais e Nova Zelândia e para mapeamento de órbitas dos satélites Landsat 1, 2
e 3 até ser substituída pela Mercator Oblíqua Espacial.
9.1.6. POLICÔNICA

É uma projeção não conforme e não equivalente provavelmente


desenvolvida por Ferdinand R. Hassler (suiço - 1770-1843) em 1820. A
Projeção Policônica foi primeiramente aplicada como uma projeção
Policônica específica em 1853 por Edward Bissell Hunt da US Coast Survey. Era
comumente usada para cartas costeiras dos Estados Unidos.
Desde quando US Geological Survey entrou em operação em 1879 e começou a emitir
mapas, a projeção policônica foi a única projeção usada naquela agência para os mapas
topográficos até a metade do século 20. O uso intenso desta projeçào pelas agências
GRUPO INSTEP-11ELO 21
ESCOLA TÉCNICA - GEORREFERENCIMENTO

americanas influenciaram o seu uso em vários atlas comerciais do século 19 que


continham mapas dos Estados Unidos, Canadá, América do Norte, Ásia e Oceania.
A Projeção Policônica de Hassler (figura) é universal para uma determinada figura
da terra (esferóide ou elipsóide), empregando características úteis de escala. A projeção
é verdadeiramente escalada ao longo do meridiano central e ao longo de cada
paralelo. Não é nem conforme nem equivalente e só está livre de distorção ao longo do
meridiano central. Portante, seu emprego é apropriado para regiões de extensão norte-
sul predominante.
9.1.7. ROBINSON

É uma projeção não conforme e não equivalente desenvolvida por A. H.


Robinson em 1961. É baseada em coordenadas e não em formulação
Robinson matemática e foi concebida para minimizar as distorções angulares e de
área.
A Projeção de Robinson foi criada para melhorar as características de projeções
existentes como a Mercator. É uma combinação das situações positivas de várias outras
projeções resultando em distorção mínima da maioria das massas de terra do globo.
A Antártica é bem distorcida e as massas de terra mais ao norte também sofrem
distorção, mas esta projeção é considerada a de melhor representação do tamanho e
forma dos países e continentes.
9.2. Projeções não usuais

Como a projeção é normalmente resultado de um


tratamento matemático, os limites para
concepção de um tipo de projeção são a sua
funcionalidade e a manutenção das propriedades
geométricas.
Assim, existem exemplos de variações de projeção
que mesmo não sendo plenamente utilizáveis,
mostram a diversidade de possibilidades de
representação do globo terrestre.
GRUPO INSTEP-11ELO 22
ESCOLA TÉCNICA - GEORREFERENCIMENTO

10. Projeção UTM - Universal Transversa de Mercator

Introdução
Analogia da Projeção UTM
Superfície de Projeção
Características da Projeção UTM
Meridiano Central
Sistema de Coordenadas

10.1. Introdução
A idéia da Projeção Transversa de Mercator tem suas raízes no século 18, mas não
foi utilizada praticamente até após a Segunda Guerra Mundial quando foi adotada
pelo exército americano em 1947.
O nome Universal é devido à utilização do elipsóide de Hayford (1924), que era
conhecido como elipsóide Universal, como modelo matemático de representação do
globo terrestre. Transversa é o nome dado a posição ortogonal do eixo do cilindro em
relação ao eixo menor do elipsóide. Mercator (1512-1594), holandês, considerado pai
da cartografia, foi o idealizador da projeção que apresenta os paralelos como retas
horizontais e os meridianos como retas verticais.
Adotada por muitas agências de cartografia nacionais e internacionais, inclusive a
OTAN, é comumente usado em cartografia topográfica e temática, para
referenciamento de imagens de satélite e como sistema de coordenadas para bases
cartográficas para Sistemas de Informação Geográfica.
10.2. Analogia da Projeção UTM
Para compreender como a Projeção UTM é desenvolvida, imagine a Terra como uma
laranja, com pólos, linha do equador, paralelos e meridianos desenhados sobre ela.
Imagine usar uma faca e retirar dois pequenos círculos no pólo norte e no pólo sul.
Fazendo um corte na casca da laranja na direção norte-sul e repetindo este corte norte-
sul a intervalos iguais, obter 60 zonas ou fusos destacados.

Cada uma destes fusos formará a base de uma projeção de um mapa. O


achatamento necessário para projetar a superfície curva da casca da
laranja em uma superfície plana pode ser visualizado forçando esta tira
de casca laranja nesta superfície.
Comprimindo seu centro, podemos forçar a casca a ficar plana até tocar
totalmente a superfície lisa. Esta ação de planificação resulta em uma
distorção leve das características geográficas dentro deste fuso. Mas,
sendo o fuso relativamente estreito, a distorção é pequena e pode ser
ignorada pela maioria dos usuários de mapas.
Fuso UTM

10.3. Superfície de Projeção


A Projeção de Mercator (não transversa) é uma projeção conforme pseudocilindrica
(preserva a forma). Ela é comumente utilizada em mapas-mundi em sua forma
equatorial que apresenta uma relativa pequena distorção ao longo do equador.
GRUPO INSTEP-11ELO 23
ESCOLA TÉCNICA - GEORREFERENCIMENTO

A Projeção Transversa de Mercator muda a orientação do


cilindro sobre o qual o mapa é projetado de modo que
sucessivas pequenas regiões apresentem pequena distorção.
Estas regiões possuem 6° de amplitude e são traduzidas pelas
diversas rotações do elipsóide sobre o cilindro.
Cilindro Transverso

10.4. Características da Projeção UTM

Como o globo terrestre pode ser


aproximado a uma circunferência
(360°), uma divisão em sessenta
fusos verticais faz com que cada fuso
tenha 6° de largura em longitude.
Fuso 60 fusos 60 fusos planificados

Os fusos UTM recebem um número como denominação


contado a partir do anti-meridiano 180°(meridiano oposto
ao Meridiano de Greenwich). O primeiro fuso recebe o
número 1 e assim consecutivamente no sentido leste até o
Numeração
fuso 60.

No sentido Norte-Sul, a divisão é feita em segmentos de 8°. A nomenclatura


é usada somente entre os paralelos 84° N e 80° S, começando a 80° S, com
a letra C até a letra X. As letras I e O são omitidas porque podem ser
confundidos com números. A distorção nos pólos é muito grande na
projeção UTM. assim para os pólos, usa-se a Projeção Universal Polar
Estereográfica (UPS).

Zonas
Clique aqui para uma versão ampliada do mapa-mundi com a divisão em
zonas e fusos…

10.5. Meridiano Central


Deformação Linear
O meridiano central é o meridiano intermediário aos dois meridianos
secantes ao cilindro. No meridiano central, o fator de redução de
escala (ko) é de 0,9996 originado pela particularidade da secância do
cilindro e elipsóide.

A partir do meridiano central, o fator cresce para leste e oeste até atingir o valor 1
nas linhas de secância (aproximadamente 1°37' a partir do meridiano central) e
continua a crescer até atingir 1,0010 nas bordas do fuso (3° do meridiano central). Nos
meridianos secantes, a distorção é nula e esta linha meridiana é chamada de Linha de
Distorção Zero (LDZ).
GRUPO INSTEP-11ELO 24
ESCOLA TÉCNICA - GEORREFERENCIMENTO

10.6. Sistema de Coordenadas UTM

As coordenadas UTM são


expressas em metros. O
eixo E (Easting)
representa a coordenada
no sentido leste-oeste.
O eixo N (Northing)
representa a coordenada
no sentido norte-sul.
Zona e MC

Para evitar coordenadas negativas, é atribuído o valor


500.000 m ao meridiano central. Assim, para os 6° de
amplitude do fuso, o eixo E varia de aproxidamente
160.000 m até 840.000 m para cada fuso.
Para o eixo N, a referência é o equador e o valor
atribuído depende de hemisfério. Quando tratamos de
regiões no hemisfério norte, o equador tem um valor
de N igual a 0 m. No hemisfério sul, o equador tem um
valor N igual a 10.000.000 m.
Fuso Completo e Coordenadas
GRUPO INSTEP-11ELO 25
ESCOLA TÉCNICA - GEORREFERENCIMENTO

10.7. Numeração de Zonas UTM


GRUPO INSTEP-11ELO 26
ESCOLA TÉCNICA - GEORREFERENCIMENTO

11. O Sistema Gps

A tecnologia atual permite que qualquer pessoa possa se localizar no planeta com uma
precisão nunca imaginada por navegantes e aventureiros há até bem pouco tempo. O
sofisticado sistema que tornou realidade esse sonho e chamado "G.P.S." – Global
Positioning System (Sistema de Posicionamento Global) – e foi concebido pelo
Departamento de Defesa dos EUA no início da década de l960, sob o nome de ‘projeto
NAVSTAR’. O sistema foi declarado totalmente operacional apenas em l995. Seu
desenvolvimento custou 10 bilhões de dólares. Consiste de 24 satélites que orbitam a terra
a 20.200 km duas vezes por dia e emitem simultaneamente sinais de rádio codificados.
Testes realizados em 1972 mostraram que a pior precisão do sistema era de 15 metros. A
melhor, 1 metro.
Preocupados com o uso inadequado, os militares americanos implantaram duas opções
de precisão: para usuários autorizados (eles mesmos) e usuários não-autorizados (civis). Os
receptores GPS de uso militar têm precisão de 1 metro e os de uso civil, de 15 a 100
metros. Cada satélite emite um sinal que contém: código de precisão (P); código geral (CA)
e informação de status. Como outros sistemas de rádio-navegação, todos os satélites
enviam seus sinais de rádio exatamente ao mesmo tempo, permitindo ao receptor avaliar o
lapso entre emissão/recepção. A potência de transmissão é de apenas 50 Watts. A hora-
padrão GPS é passada para o receptor do usuário. Receptores GPS em qualquer parte do
mundo mostrarão a mesma hora, minuto, segundo,...
Até mili-segundo. A hora-padrão é altamente precisa, porque cada satélite tem um
relógio atômico, com precisão de nano-segundo – mais preciso que a própria rotação da
Terra. É a referência de tempo mais estável e exata jamais desenvolvida. Chama-se
atômico por usar as oscilações de um átomo como "metrônomo".
O receptor tem que reconhecer as localizações dos satélites. Uma lista de posições
conhecidas como almanaque, é transmitida de cada satélite para os receptores. Controles
em terra rastreiam os satélites e mantém seus almanaques acurados.
Cada satélite tem códigos P e CA únicos, e o receptor pode distingui-los. O código P é
mais complexo que o CA, quase impossível de ser alterados e somente militares tem acesso
garantido a ele.
Receptores civis medem os lapsos de tempo entre a recepção dos sinais codificados
em CA. O conceito da rádio-navegação depende inteiramente da transmissão simultânea de
rádio-sinais. O controle de terra pode interferir, fazendo com que alguns satélites enviem
seus sinais CA ligeiramente antes ou depois dos outros. A interferência deliberada
introduzida pelo Departamento de Defesa dos EUA é a fonte da Disponibilidade Seletiva –
Selective Availability (AS). Os receptores de uso civil desconhecem o valor do erro, que é
alterado aleatoriamente e estão entre 15 e 100 metros.
Os receptores militares não são afetados. Existe outra fonte de erro que afeta os
receptores civis: a interferência ionosférica. Quando um sinal de rádio percorre os elétrons
livres na ionosfera, sofre certo atraso. Sinais de freqüências diferentes sofrem atrasos
diferentes. Para detectar esse atraso, os satélites do sistema enviam o código P em duas
ondas de rádio de diferentes freqüências, chamadas L1 e L2. Receptores caros rastreiam
ambas as freqüências e medem a diferença entre a recepção dos sinais L1 e L2, calculam o
atraso devido aos elétrons livres e fazem correções para o efeito da ionosfera.
Receptores civis não podem corrigir a interferência ionosférica porque os códigos CA
são gerados apenas na freqüência L1 ( l575,42 MHz ). Existem receptores específicos,
conhecidos como não-codificados que são super acurados. Como desconhecem os valores
do código P, obtém sua precisão usando técnicas especiais de processamento. Eles recebem
e processam o código P por um número de dias e podem obter uma posição fixa com
precisão de 10 mm. É ótimo para levantamento topográfico.
GRUPO INSTEP-11ELO 27
ESCOLA TÉCNICA - GEORREFERENCIMENTO

Os sinais gerados pelos satélites contêm um "código de identidade" (ou pseudo-


randômico), dados efêmeros (de status) e dados do almanaque. O código de identidade
(Pseudo-Random Code – PRN) identifica qual satélite está transmitindo. Usam-se como
referência dos satélites seus PRN, de 1 a 32. O código pseudo-randômico permite que todos
os satélites do sistema compartilhem a mesma freqüência sem interferências. É um sistema
engenhoso que torna o GPS prático e relativamente barato de se usar.
Ao contrário dos satélites de TV, que estão em órbitas geo-síncronas (estacionários no
céu) e transmitem poderosos sinais para refletores parabólicos em terra, o satélite GPS
envia sinais com poucas informações e de baixa potência para antenas do tamanho do dedo
polegar. De fato, os sinais GPS são tão fracos que não são maiores que o ruído de fundo (de
rádio) inerente à Terra. O princípio do código pseudo-randômico, que significa literalmente
"aparentemente aleatório", se baseia em uma comparação realizada em muitos ciclos de um
sinal, que é demorada e incômoda se comparada com um sinal de TV. O padrão para
comparação do código pode ser alterado (apenas código CA), permitindo que o governo
americano controle o acesso ao sistema do satélite.
Os dados efêmeros (de status) são constantemente transmitidos e contém
informações de status do satélite (operacional ou não), hora, dia, mês e ano. Os dados de
almanaque dizem ao receptor onde procurar cada satélite a qualquer momento do dia. Com
um mínimo de três satélites, o receptor pode determinar uma posição Lat/Long – que é
chamada posição fixa 2D – bi-dimensional. (Deve-se entrar com o valor aproximado da
altitude para melhorar a precisão). Com a recepção de quatro ou mais satélites, um
receptor pode determinar uma posição 3D, isto é, Lat/Long/Altitude.Pelo processamento
contínuo de sua posição, um receptor pode também determinar velocidade e direção do
deslocamento.
11.1. Fatores que Afetam a Precisão do Sistema
O Sistema foi originalmente projetado para uso militar, mas em l980, uma decisão do
então presidente Ronald Reagan liberou-o para o uso geral. Na época, o Departamento de
Defesa americano implantou um erro artificial no Sistema chamado "Disponibilidade
Seletiva", para resguardar a segurança interna do país. A Disponibilidade Seletiva foi
cancelada por um decreto do Presidente Clinton em maio de 2000, pois o contínuo
desenvolvimento tecnológico permitiu ao Departamento de Defesa obstruir a precisão do
Sistema onde e quando os interesses americanos exigissem. Com o decreto, o erro médio
de 100 metros na localização do receptor ficou dez vezes menor.
Um fator que afeta a precisão é a ‘Geometria dos Satélites’ - localização dos satélites
em relação uns aos outros sob a perspectiva do receptor GPS. Se um receptor GPS estiver
localizado sob 4 satélites e todos estiverem na mesma região do céu, sua geometria é
pobre.
Na verdade, o receptor pode não ser capaz de se localizar, pois toda a medida de
distância provém da mesma direção geral. Isto significa que a triangulação é pobre e a área
comum da intersecção das medidas é muito grande (isto é, a área onde o receptor busca
sua posição cobre um grande espaço). Dessa forma, mesmo que o receptor mostre uma
posição, a precisão não é boa. Com os mesmos 4 satélites, se espalhados em todas as
direções, a precisão melhora drasticamente. Suponhamos os 4 satélites separados em
intervalos de 90º a norte, sul, leste e oeste.
A geometria é ótima, pois a medida provém de várias direções. A área comum de
intersecção é muito menor e a precisão muito maior. A geometria dos satélites torna-se
importante quando se usa o receptor GPS próximo a edifícios ou em áreas montanhosas ou
vales. Quando algum satélite é bloqueado, a posição relativa dos demais determinará a
precisão, ou mesmo se a posição pode ser obtida. Um receptor de qualidade indica não
apenas os satélites disponíveis, mas também onde estão no céu (azimute e elevação),
permitindo ao operador saber se o sinal de um determinado satélite está sendo obstruído.
GRUPO INSTEP-11ELO 28
ESCOLA TÉCNICA - GEORREFERENCIMENTO

Outra fonte de erro é a interferência resultante da reflexão do sinal em algum objeto,


a mesma que causa a imagem ‘fantasma’ na televisão. Como o sinal leva mais tempo para
alcançar o receptor, este 'entende’ que o satélite está mais longe que na realidade.
Outras fontes de erro: atraso na propagação dos sinais devido aos efeitos
atmosféricos e alterações do relógio interno. Em ambos os casos, o receptor GPS é
projetado para compensar os efeitos.
11.2. Rastreamento dos Satélites
Um receptor rastreia um satélite pela recepção de seu sinal. Sinais de apenas quatro
satélites são necessários para obtenção de uma posição fixa tridimensional, mas é desejável
um receptor que rastreie mais de quatro satélites simultaneamente. Como o usuário se
desloca, o sinal de algum satélite pode ser bloqueado repentinamente por algum obstáculo,
restando satélites suficientes para orientá-lo. A maioria dos receptores rastreia de 8 a 12
satélites ao mesmo tempo.
Um receptor não é melhor que outro por rastrear mais satélites. Rastrear satélites
significa conhecer suas posições. Não significa que o sinal daquele satélite está sendo usado
no cálculo da posição. Muitos receptores calculam a posição com quatro satélites e usam os
sinais do quinto para verificar se o cálculo está correto.
11.3. Canais
Os receptores não funcionam acima de determinada velocidade de deslocamento. O
número de canais determina qual a velocidade máxima de uso. Mais canais não significa
necessariamente maior velocidade. O número de canais não é fator importante na escolha
do receptor, e sim, sua velocidade de operação.
Depois que os sinais são captados pela antena, são direcionados para um circuito
eletrônico chamado canal, que reconhece os sinais de diferentes satélites. Um receptor com
um canal lê o sinal de cada satélite sucessivamente, até receber os sinais de todos os
satélites rastreados. A técnica é chamada "time multiplexing". Leva menos de um segundo
para processar os dados e calcular a posição. Um receptor com mais de um canal é mais
rápido, pois os dados são processados simultaneamente.
11.4. Antenas
A antena recebe os sinais dos satélites. Como os sinais são de baixa intensidade, as
dimensões da antena podem ser muito reduzidas. Receptores portáteis utilizam um dos dois
tipos:
Quadrifilar helix – formato retangular; localização externa; giratória; detecta melhor
satélites localizados mais baixos no horizonte.
Patch (microstrip) – Menor que a helix; localização interna; pode detectar satélites na
vertical e a 10° acima do horizonte.
11.5. Antenas Externas
Podem ser conectadas através de uma extensão à maioria dos receptores. Alguns
receptores possuem antena destacável, permitindo melhor uso a bordo de veículos. Se você
for comprar uma antena externa, escolha uma ‘ativa’ que amplifica os sinais antes de enviá-
los para o receptor. Ao construir uma extensão, opte por encurtar o cabo o máximo possível
para diminuir a perda do sinal.
11.6. Entrada de Dados
Receptores GPS são projetados para serem compactos, não possuindo teclado alfa-
numérico. Todos os dados são digitados uma letra ou número ou símbolo por vez. Se o
receptor não permitir rápida mudança de caracteres, NÃO COMPRE.
GRUPO INSTEP-11ELO 29
ESCOLA TÉCNICA - GEORREFERENCIMENTO

Se você quer usar o receptor associado a outro equipamento, opte por um com essa
capacidade. Embora a maioria dos receptores possa enviar dados para equipamentos
periféricos, nem todos podem receber dados.
11.7. Aplicações de Entrada e Saída de Dados
Alguns equipamentos apenas recebem informações de um receptor GPS. Os dados são
continuamente enviados para o equipamento acoplado ao receptor, que os utiliza para
outras finalidades, tais como:
Mapa dinâmico: o receptor envia a posição para um computador portátil que a
visualiza através de um ícone sobre um mapa da região.
Piloto automático: o receptor alimenta continuamente um piloto automático com
dados atualizados, que os utiliza para ajustar a direção e permanecer no curso.
Registro automático de dados: transferência dos dados obtidos durante o
deslocamento para a memória do equipamento acoplado ao receptor.
O receptor deve usar uma linguagem que o equipamento a ele associado possa
entender. Existe uma linguagem padrão para equipamentos de navegação chamada:
Protocolo NMEA – National Maritime Eletronics Association. Existem diferentes formatos de
protocolos, então verifique se o receptor e o equipamento usam o mesmo formato. Os mais
comuns são: 180; 182; 183 versões 1,5; 183 versões 2,0. A maioria dos receptores tem
saída NMEA de dados.
O receptor pode também receber dados do computador. Os usos comuns são:
Transferência de pontos, trilhas ou rotas plotados no computador para o
receptor;
Transferência dos dados armazenados no receptor para o computador,
liberando a memória do receptor;
Transferência das coordenadas de um ponto selecionadas em um mapa na tela
de um computador para o receptor.
Plotar pontos no receptor pode ser cansativo devido à ausência de teclado alfa-
numérico. Um editor permite a entrada de dados rápida e facilmente. Os dados são
digitados no teclado do computador e transferidos depois para o receptor. Outra maneira de
plotar os pontos no computador é usar um mapa da área na tela e selecionar os pontos a
serem plotados com um mouse. O computador transfere automaticamente as coordenadas
dos pontos para o receptor.
O uso associado do receptor ao computador portátil requer um programa específico. O
programa Trackmaker, desenvolvido e disponibilizado gratuitamente por Odilon Ferreira Jr.
através do endereço eletrônico www.gpstm.com.br , permite interface com diferentes
modelos de várias marcas de receptores e é genialmente simples.
Nem todos os receptores são projetados para receberem dados. Existem três
linguagens utilizadas nos receptores com essa capacidade: NMEA; ACS II (formato de texto
de um PC comum; e Proprietary (linguagens desenvolvidas pelos próprios fabricantes)).
Poucos receptores portáteis recebem dados NMEA. Alguns recebem dados ACS II e podem
ser conectados diretamente ao computador RS 232. As maiorias dos receptores apenas
recebem dados no formato projetado pelo fabricante. Algumas companhias querem limitar
programas feitos por terceiros para seus receptores e se recusam a revelar o formato
usado. Se você quer usar seu receptor associado a outros equipamentos, verifique a
compatibilidade das linguagens empregadas.
GRUPO INSTEP-11ELO 30
ESCOLA TÉCNICA - GEORREFERENCIMENTO

11.8. DGPS – Diferencial GPS (GPS Diferencial)


O GPS Diferencial – DGPS – é um processo que permite ao usuário civil obter uma
precisão de 2 cm a 5 m, pelo processamento contínuo de correções nos sinais. As correções
são transmitidas em Freqüência Modulada ou via satélite e são disponíveis em alguns países
através de serviços de subscrição taxados. Podem também ser transmitidas por um
segundo receptor ou por faróis de navegação localizados num raio de 100 km do usuário.
Em ambos os casos, são necessários ter uma antena receptora DGPS conectada ao receptor
GPS convencional.
11.9. Receptores GPS
Existem receptores de diversos fabricantes disponíveis no mercado, desde os portáteis
– pouco maiores que um maço de cigarros - que custam pouco mais de 100 dólares, até os
sofisticados computadores de bordo de aviões e navios, passando pelos que equipam
muitos carros modernos. Além de receber e decodificar os sinais dos satélites, os receptores
são verdadeiros computadores que permitem várias opções de: referências; sistemas de
medidas; sistemas de coordenadas; armazenagem de dados; troca de dados com outro
receptor ou com um computador; etc. Alguns modelos têm mapas muitos detalhados em
suas memórias. Uma pequena tela de cristal líquido e algumas teclas permitem a interação
receptor/usuário.
11.10. Principais Características de um Receptor
Permitem armazenar pontos em sua memória, através de coordenadas lidas em uma
carta, obtidas pela leitura direta de sua posição ou através de reportagens ou livros
especializados que as publiquem.
Os pontos plotados na memória podem ser combinados formando rotas que, quando
ativadas, permitem que o receptor analise os dados e informes, por exemplo: tempo,
horário provável de chegada e distância até o próximo ponto; tempo, horário provável de
chegada e distância até o destino; horário de nascer e do por do Sol; rumo que você deve
manter para chegar ao próximo ponto de sua rota e muito mais. A função ROTA é
importante porque permite que o receptor guie o usuário do primeiro ponto ao próximo e
assim sucessivamente até o destino. Quando você atinge um ponto, o receptor busca o
próximo - sem a interferência do operador – automaticamente. A função GO TO é similar,
sendo o ponto selecionado o próprio destino.
Grava na memória seu deslocamento, permitindo retraçar seu caminho de volta ao
ponto de partida. Pode-se avaliar sua utilidade em barcos, caminhadas e uso fora-de-
estrada.
Os receptores instalados nos carros dos países onde existem mapas digitalizados –
computadores de bordo – trazem em sua memória mapas detalhados de cidades e
endereços úteis como restaurantes, shoppings, hotéis, etc. Um menu permite ao motorista
ativar automaticamente uma rota até o ponto desejado, seja outra cidade, outro bairro ou
um endereço específico. No Brasil, provavelmente a General Motors sairá na frente na
oferta desse opcional, no carro a ser produzido em sua unidade do Rio Grande do Sul. A
filial da Mannesmann VDO AG. Fabricante alemã desse equipamento, está sondando
empresas especializadas para fazerem o mapeamento digitalizado das cidades brasileiras
com mais de 100.000 habitantes.
11.11. Aplicações
Além de sua aplicação óbvia na aviação geral e comercial e na navegação marítima,
qualquer pessoa que queira saber sua posição, encontrar seu caminho para determinado
local (ou de volta ao ponto de partida), conhecer a velocidade e direção de seu
deslocamento pode se beneficiar com o sistema. A comunidade científica o utiliza por seu
relógio altamente preciso. Durante experimentos científicos de coleta de dados, pode-se
registrar com precisão de micro-segundos (0,000001 segundos) quando a amostra foi
GRUPO INSTEP-11ELO 31
ESCOLA TÉCNICA - GEORREFERENCIMENTO

obtida. Naturalmente a localização do ponto onde a amostra foi recolhida também pode ser
importante.
Agrimensores diminuem custos e obtêm levantamentos precisos mais rapidamente
com o GPS. Unidades específicas têm custo aproximado de 3.000 dólares e precisão de 1
metro, mas existem receptores mais caros com precisão de 1 centímetro. A coleta de dados
por estes receptores é bem mais lenta.
Guardas florestais, trabalhos de prospecção e exploração de recursos naturais,
geólogos, arqueólogos, bombeiros, são enormemente beneficiados pela tecnologia do
sistema. O GPS tem se tornado cada vez mais popular entre ciclistas, balonistas,
pescadores, ecoturistas ou por leigos que queiram apenas planejar e se orientar durante
suas viagens.
Com a popularização do GPS, um novo conceito surgiu na agricultura: a agricultura de
precisão. Uma máquina agrícola dotada de receptor GPS armazena dados relativos à
produtividade em um cartão magnético que, tratados por programa específico, produz um
mapa de produtividade da lavoura. As informações permitem também aperfeiçoar a
aplicação de corretivos e fertilizantes. Lavouras americanas e européias já utilizam o
processo que tem enorme potencial em nosso país.
A leitura da altitude fornecida pelo receptor também é afetada pelo erro do sistema.
Porém, um erro de 10 metros numa dimensão de 100; 200 ou 500 metros são
proporcionalmente muito grande e perigosa, dependendo da atividade desenvolvida. Os
sinais dos satélites não penetram em vegetação densa, vales estreitos, cavernas ou na
água. Montanhas altas ou edifícios próximos também afetam sua precisão. Para o uso
automotivo, deve-se providenciar uma extensão para fixar a antena externamente ou
posicionar o receptor junto ao pára-brisa.
É importante que o receptor utilize pilhas comercializadas no nosso mercado e que
tenha como acessório um adaptador para ligá-lo no acendedor de cigarros do veículo.
Para o uso em ambiente marinho, é fundamental que o receptor seja a prova d’água
para evitar corrosão em seus componentes.
O item mais importante é definir a aplicação básica que você terá para um receptor
GPS. Identifique então os modelos disponíveis no mercado e liste-os sob a forma de uma
tabela comparativa contendo preços, características principais e acessórias disponíveis.
Acessórios ou características supérfluas à sua aplicação encarecem desnecessariamente o
modelo a ser adquirido.
Um receptor portátil para o uso geral de excelente relação custo/benefício é o modelo
GPS III PLUS fabricado pela GARMIN (www.garmin.com). Vem de fábrica com um mapa
bastante detalhado implantado na memória; funciona com 4 pilhas tamanho AA -
autonomia de mais de 30 horas - ou conectado ao acendedor de cigarros – aceita variação
de 10 a 32 Volts na alimentação; sua memória tem capacidade de gravar até 500 pontos e
20 rotas diferentes e registra seu deslocamento automaticamente. Permite entrada/saída de
dados para outros equipamentos e custam aproximadamente 300 dólares nos EUA. Existe
um modelo específico para as Américas e o modelo PILOT, mais caro, para o uso em
aviação.
GRUPO INSTEP-11ELO 32
ESCOLA TÉCNICA - GEORREFERENCIMENTO

Referências Bibliográficas

Noções Básicas de Cartografia – Manual Técnico do IBGE - 1999

GPS Made Easy – Letham, Lawrence – Canadá – l996

The Story of Americo Vespucci – Alper, Ann F. – 1991

Apostila sobre GPS – Thorton, Jonathan – S. Paulo – SP – 1997

Manual de Operação do receptor GPS III, fabricado pela Garmin.

GPS – Um Guia de Utilidade – Hurn, Jeff – TRIMBLE NAVIGATION LIMITED

Esteio Engenharia e Aerolevantamentos S.A.

Você também pode gostar