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CARCTERÍSTICAS DA ARGUMENTAÇAO JURÍDICA

A primeira dessas características consiste em servir como critério e referencial de


razoabilidade. Considerando que no contexto argumentativo não se parte do princípio da
existência de verdades, o embate de argumentos se apresenta como estratégia principal de
persuasão e definição de qual argumento prevalecerá no caso concreto. Assim, em condições
normais, o argumento que prepondera é o argumento mais razoável, aquele que recebe maior
adesão dos interlocutores porque,racionalmente e após o embate com os demais argumentos,
parece merecer maior atenção e apoio.

A segunda característica, que se encontra fortemente associada à primeira, é a valorização do


diálogo. Se não é possível dizer que existe verdade universal, também não se poderá afirmar
que alguém é possuidor, revelador ou intérprete oficial de tal verdade. Com efeito, a
argumentação jurídica permite uma maior horizontalização do processo de construção de
consensos e de adesão dos interlocutores, de modo que os argumentos de autoridade
encontrem-se menos vinculantes e obrigatórios do que outrora. A substituição do critério de
verdade pelo critério de razoabilidade permitiu a valorização do diálogo como recurso através
do qual se determina qual argumento deverá prevalecer. O hiato histórico entre o juiz e uma
parte do processo, por exemplo, encontra-se cada vez mais reduzido num contexto
argumentativo, pois cada vez mais ambos encontram-se num mesmo processo de
dependência recíproca para o alcance de consensos efetivos.

A terceira característica é a condução da transformação do direito. O campo do direito


tradicionalmente se constituiu a partir de uma lógica binária de “sim” e “não”, “certo” e
“errado”, “lícito” e “ilícito” etc. Com a inserção da argumentação jurídica, passou-se a pensar o
campo do direito em termos de gradações, níveis, camadas, redes etc. Com isso, a
argumentação tem permitido a transformação das concepções de direito de forma gradual,
sem necessariamente provocar um rompimento com as concepções anteriores, já que se
encontra guiada por uma racionalidade. O direito muda através do tempo, e essa transição
tem sido orientada pelo recurso à argumentação como critério do que será o “novo” direito. A
argumentação permite estabelecer parâmetros e referenciais de como deve operar a
transformação do direito no mundo contemporâneo.

Hermenêutica do grego hermeneuein é uma teoria ou filosofia da interpretação, a expressão


hermenêutica só surgiu recentemente com a percepção que temos dela hoje, porém, desde a
Antigüidade Clássica, como por exemplo os filósofos Platão e Aristóteles utilizavam-se por
meio da lógica a forma de trabalhar a hermenêutica. É notável ressaltar que a expressão não é
um termo técnico-jurídico, ou seja, que não é um termo genuíno do mundo jurídico, sendo
assim facultando a sua relação com qualquer ciência, pois ela visa revelar, perceber, descobrir
qual o significado oculto, não manifesto, não só de um texto, como também de uma
linguagem. A Hermenêutica Jurídica é a ciência que estuda quais os métodos de interpretação
jurídica que podemos utilizar, pois é uma ciência auxiliar do direito que estabelece regras e
princípios propensos a tornar possíveis a interpretação e explicação do direito como sistema, e
não só das leis.
"hermenêutica jurídica é uma ciência com um objeto específico — a sistematização e o
estabelecimento das normas, regras e; ou processos que buscam tornar possível a
interpretação e fixar o sentido e o alcance das normas jurídicas".

Considerando que a Hermenêutica com definição de arte de interpretar, depreendemos que a


Hermenêutica é compreensão. Sendo assim a Hermenêutica Jurídica seria então a
compreensão que nos daria um sentido a norma, nos levando a denotar que no texto ou na
norma jurídica existe sempre um sentido que não está objetivo.

A expressão interpretação jurídica podemos dividir em duas formas, por ser um termo
ambíguo, onde a primeira é interpretada como sendo a extração de um significado, neste caso
estamos buscando o sentido literal do texto interpretado, e a segunda é que pode ainda
significar a elaboração de um significado, nesta condição a palavra interpretada seria o início
para elaborar um raciocínio lógico.

Distinção entre Hermenêutica e Interpretação: poucos doutrinadores que colidem conceitos.

A interpretação é uma atividade humana voltada a atribuir sentido a algo. Esse algo pode ser
muitas coisas: frases, gestos, pinturas, sons, nuvens. No fundo, tudo pode ser interpretado,
pois a qualquer coisa podemos atribuir algum sentido. Em outras palavras, tudo pode ser
tomado pelo intérprete como um texto, ou seja, como um objeto interpretável. Quem
interpreta normalmente atua como se estivesse a desvendar os sentidos contidos no texto. A
crença de que o sentido é imanente ao objeto faz parte do exercício de quase toda atividade
de interpretação.

E um dos problemas fundamentais da hermenêutica é definir como se relacionam os sentidos


concreto e abstrato de um texto. Na hermenêutica moderna, essa tensão revela-se
normalmente na oposição entre interpretação (apresentada como desvendamento do sentido
abstrato) e aplicação (entendida como fixação do sentido concreto).

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