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INFORMAÇÕES SOBRE ATUALIZAÇÃO SALÁRIOS DE

CONTRIBUIÇÃO
A primeira lei orgânica da Previdência Social foi a Lei 3.807/60 e no período
compreendido entre 05/09/60 e 28/07/69, o cálculo do salário de benefício
(SB) era obtido através da média aritmética simples dos 12 (doze) últimos
salários-de-contribuição (SC), sem qualquer correção monetária (valores
nominais). Para a fixação do período básico de cálculo (PBC), considerava-se
até o mês anterior ao do óbito do segurado, no caso de pensão, ou ao
início do benefício nos demais casos. Que seja todos os benefícios eram
calculados da mesma forma. Portanto, inexistia no período em questão
qualquer distinção entre as espécies de benefício para a apuração do Salário
de Benefício (SB).

Com o Decreto-Lei 710, de 28 de julho de 1969, temos que o cálculo do


salário de benefício (SB) das espécies de aposentadorias e abono de
permanência em serviço, passou a ser calculado em 1/36 (um trinta e seis
avos) da soma dos salários-de-contribuição imediatamente anteriores ao
mês do afastamento da atividade, até o máximo de trinta e seis, apurados
em período não superior a quarenta e oito meses. Nesses casos, os salários-
de-contribuição anteriores aos doze últimos meses eram previamente
corrigidos de acordo com coeficientes de reajustamento periodicamente
estabelecidos pelo Serviço Atuarial do Ministério do Trabalho e
Previdência Social

Com a lei 5.890, de 8 de junho de 1973, temos que de forma semelhante a


lei legislação anterior nos casos, que os salários-de-contribuição sofressem
correção era de acordo com coeficientes de reajustamento
periodicamente estabelecidos pela Coordenação dos Serviços Atuariais do
Ministério do Trabalho e Previdência Social

Lei nº 3.807, de 26 de Agosto de 1960


Art. 23. O cálculo dos benefícios far-se-á tomando-se por base o "salário de
benefício" assim denominado a média dos salários sobre os quais o segurado haja realizado
as últimas 12 (doze) contribuições mensais contadas até o mês anterior ao da morte do
segurado, no caso de pensão, ou ao início do benefício nos demais casos.

Decreto – Lei nº 710, de 28 de Julho de 1969


Art. 1º O valor mensal dos benefícios de prestação continuada da previdência
social, inclusive os regidos por normas especiais, será calculado tomando-se por base o
salário-de-benefício, assim entendido:
       I - para o auxílio-doença, a aposentadoria por invalidez, a pensão e o
auxílio-reclusão, 1/12 (um doze avos) da soma dos salários-de-contribuição imediatamente
anteriores ao mês do afastamento da atividade até o máximo de doze, apurados em
período não superior a dezoito meses;
       II - para as demais espécies de aposentadoria, 1/36 (um trinta e seis avos)
da soma dos salários-de-contribuição imediatamente anteriores ao mês do afastamento da
atividade, até o máximo de trinta e seis, apurados em período não superior a quarenta e
oito meses;

Lei nº 5.890, de 8 de junho de 1973


Art. 3º O valor mensal dos benefícios de prestação continuada, inclusive os
regidos por normas especiais, será calculado tomando-se por base o salário-de-benefício,
assim entendido:
I - para o auxílio-doença, a aposentadoria por invalidez, a pensão e o auxílio-
reclusão, 1/12 (um doze avos) da soma dos salários-de-contribuição imediatamente
anteriores ao mês do afastamento da atividade, até o máximo de 12 (doze), apurados em
período não superior a 18 (dezoito) meses;
II - para as demais espécies de aposentadoria, 1/36 (um trinta e seis avos) da
soma dos salários-de-contribuição imediatamente anteriores ao mês da entrada do
requerimento, até o máximo de 36 (trinta e seis), apurados em período não superior a 48
(Inciso com redação dada pela Lei nº 6.887, de
(quarenta e oito) meses.
10/12/1980, em vigor a partir de 1/1/1981)
§ 1º Nos casos dos itens II e III deste artigo, os salários-de-contribuição
anteriores aos 12 (doze) últimos meses serão previamente corrigidos de acordo com
coeficientes de reajustamento, a serem periodicamente estabelecidos pela Coordenação
dos Serviços Atuariais do Ministério do Trabalho e Previdência Social .

Com a lei 6.423, de 17 de Junho de 1977, temos a determinação de


utilização de um indexador, deixando de ser aquele calculo e informado pelo
Setor Atuarial do Ministério. O indexador definido foi a Obrigação
Reajustável do Tesouro Nacional (ORTN), seguindo-se as suas derivadas OTN
e BTN. Então, legislativamente, somente a partir de junho de 1977 tem-se
um indexador definido para correção dos salários de contribuição. (Detalhe:
em que pese haver a determinação legal o INSS em diversos casos não a
cumpriu o que originou a ação conhecida por REVISÃO DA ORTN/OTN,
levando a diversas sumulas entre elas a do TRF 4ª Região: “Para o cálculo
da aposentadoria por idade ou tempo de serviço, no regime anterior à
Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, corrigem-se os salários de
contribuição anteriores aos doze últimos meses, pela variação da
ORTN/OTN”.)

Lei nº 6.423, de 17 de Junho de 1977.

Estabelece base para correção monetária e


dá outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o CONGRESSO NACIONAL decreta e eu
sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º A correção, em virtude de disposição legal ou estipulação de negócio jurídico, da
expressão monetária de obrigação pecuniária somente poderá ter por base a variação
nominal da Obrigação Reajustável do Tesouro Nacional (ORTN).
§ 1º O disposto neste artigo não se aplica:
a) aos reajustamentos salariais de que trata a Lei nº 6.147, de 29 de novembro de 1974;
b) ao reajustamento dos benefícios da previdência social, a que se refere ao § 1º do
artigo 1º da Lei nº 6.205, de 29 de abril de 1975; e
c) às correções contratualmente prefixadas nas operações de instituições financeiras.

§ 2º Respeitadas as exceções indicadas no parágrafo anterior, quaisquer outros


índices ou critérios de correção monetária previstos nas leis em vigor ficam
substituídos pela variação nominal da ORTN.

§ 3º Considerar-se-á de nenhum efeito a estipulação, na vigência desta Lei, de correção


monetária com base em índice diverso da variação nominal da ORTN.

Com o advento da constituição, outubro de 1988, que previa a edição de


uma nova lei orgânica para a Previdência Social criou-se de certa forma um
vazio legislativo que somente foi suprido com a edição da lei 8.213/91.
A lei 8.213/91 na redação original do artigo 31 previa:
Art. 31. Todos os salários-de-contribuição computados no cálculo do valor do benefício
serão ajustados, mês a mês, de acordo com a variação integral do Índice Nacional de
Preços ao Consumidor (INPC), calculado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), referente ao período decorrido a partir da data de competência do salários-
de-contribuição até a do início do benefício, de modo a preservar os seus valores reais.

E na redação original do artigo 144 previa:


Art. 144. Até 1º de junho de 1992, todos os benefícios de prestação continuada concedidos
pela Previdência Social, entre 5 de outubro de 1988 e 5 de abril de 1991, devem ter sua renda
mensal inicial recalculada e reajustada, de acordo com as regras estabelecidas nesta Lei.
Assim com a interpretação conjunta dos dois artigos da lei 8.213/91, temos
que desde outubro de 1988 os salários de contribuição devem ser corrigidos
pelo INPC. Logo, temos que de junho de 1977 até setembro de 1988 adota-
se a ORTN e suas derivadas (OTN, BTN).
Mas, o INPC deixou de ser utilizado entre janeiro de 1993 e fevereiro de
1994 em virtude da lei 8.542, de 23 de dezembro de 1992, que no seu
artigo 9º previa:
Art. 9° A partir de maio de 1993, inclusive, os benefícios de prestação continuada da
Previdência Social terão reajuste quadrimestral pela variação acumulada do IRSM, sempre nos
meses de janeiro, maio e setembro.
§ 1° Os benefícios com data de início posterior a 31 de janeiro de 1993 terão seu primeiro
reajuste calculado pela variação acumulada do IRSM entre o mês de início, inclusive, e o mês
imediatamente anterior ao do referido reajuste.
§ 2° A partir da referência janeiro de 1993, o IRSM substitui o INPC para todos os fins
previstos nas Leis n°s 8.212, e 8.213, ambas de 24 de julho de 1991.
Art. 9º Os benefícios de prestação continuada da Previdência Social serão reajustados nos
seguintes termos: (Redação dada pela Lei nº 8.700, de 1993)  (Revogado pela Lei nº 8.880, de
27/05/94)
Assim temos que de junho de 1977 a setembro de 1988 usa a ORTN, entre
outubro de 1988 a dezembro de 1992 o INPC para correção dos salários de
contribuição. E de janeiro de 1993 a fevereiro de 1994.(Observação: Em
virtude da não utilização do IRSM de fevereiro de 1994 por parte do
Governo Federal , originou-se a ação conhecida por 39,67%).

Com a edição da Lei 8.880, de 27 de maio de 1994 – Lei do Real – em


virtude do determinado no artigo 21, entre março de 1994 e junho de 1994
não houve um indexador de correção, pois a mesma era executada através
da Unidade Real de Valor(URV) e somente em julho de 1994, com a emissão
do Real foi adotado o IPC-r. Tal período sem correção(congelamento) dos
indexadores também foi explicitado nas Medidas Provisórias 434/94 e
457/94
Lei 8.880/94
Art. 21 - Nos benefícios concedidos com base na Lei nº 8.213, de 1991, com data de início
a partir de 1º de março de 1994, o salário-de-benefício será calculado nos termos do art. 29 da
referida Lei, tomando-se os salários-de-contribuição expressos em URV.
§ 1º - Para os fins do disposto neste artigo, os salários-de-contribuição referentes às
competências anteriores a março de 1994 serão corrigidos, monetariamente, até o mês de
fevereiro de 1994, pelos índices previstos no art. 31 da Lei nº 8.213, de 1991, com as
alterações da Lei nº 8.542, de 1992, e convertidos em URV, pelo valor em cruzeiros reais do
equivalente em URV do dia 28 de fevereiro de 1994.
§ 2º - A partir da primeira emissão do Real, os salários-de-contribuição computados no
cálculo do salário-de-benefício, inclusive os convertidos nos termos do § 1º, serão corrigidos
monetariamente mês a mês pela variação integral do IPC-r.
MP 434/94
Art. 20. Nos benefícios concedidos com base na Lei nº 8.213, de 1991, com data de início a
partir de 1º de março de 1994, o salário de benefício será calculado nos termos do art. 29 da
referida lei, tomando-se os salários de contribuição expressos em URV.
    Parágrafo único. Para os fins do disposto neste artigo, os salários de contribuição
referentes às competências anteriores a março de 1994 serão corrigidos
monetariamente até o mês de fevereiro de 1994 pelos índices previstos no art. 31 da Lei
nº 8.213, de 1991, com as alterações da Lei nº 8.542, de 23 de dezembro de 1992, e
convertidos em URV, pelo valor em cruzeiros reais do equivalente em URV no dia 28 de
fevereiro de 1994.

MP 457/94
Art. 36. O cálculo dos índices de correção monetária no mês em que se verificar a emissão
do Real de que trata o art. 3° desta medida provisória, bem como no mês subseqüente, tomará
por base preços em Real, o equivalente em URV dos preços em cruzeiros reais, e os preços
nominados ou convertidos em URV dos meses imediatamente anteriores, segundo critérios
estabelecidos em decreto do Poder Executivo.
    Parágrafo único. Observado o disposto no parágrafo único do art. 7º, é nula de
pleno direito e não surtirá nenhum efeito a aplicação de índice, para fins de correção
monetária, calculada de forma diferente da estabelecida no caput deste artigo.

Assim temos que de junho de 1977 a setembro de 1988 usa a ORTN, entre
outubro de 1988 a dezembro de 1992 o INPC, de janeiro de 1993 a
fevereiro de 1994 o IRSM e de março a junho de 1994 sem correção
monetária (explícita, mas embutida na conversão). E a partir de julho de
1994 o IPC-r.

Em junho de 1995 é editada a Medida Provisória 1.053, 30 de junho de


1995, que no seu artigo 7º determinava:
Art. 7º Observado o disposto no artigo anterior, ficam extintas, a partir de 1º de julho de 1995,
as unidades monetárias de conta criadas ou reguladas pelo Poder Público, exceto as unidades
monetárias de conta fiscais estaduais, municipais e do Distrito Federal, que serão extintas a
partir de 1º de janeiro de 1996.
        § 1º Em 1º de julho de 1995 e em 1º de janeiro de 1996, os valores expressos,
respectivamente, nas unidades monetárias de conta extintas na forma do caput deste artigo
serão convertidos em REAL, com observância do disposto no art. 44 da Lei nº 9.069, de 1995,
no que couber.
        § 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão utilizar a UFIR nas mesmas
condições e periodicidade adotadas pela União, em substituição às respectivas unidades
monetárias de conta fiscais extintas.
        Art. 8º A partir de 1º de julho de 1995, a Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística - IBGE deixará de calcular e divulgar o IPC-r.
        § 1º Nas obrigações e contratos em que haja estipulação de reajuste pelo IPC-r, este será
substituído, a partir de 1º de julho de 1995, pelo índice previsto contratualmente para este fim.
        § 2º Na hipótese de não existir previsão de índice de preços substituto, e caso não haja
acordo entre as partes, deverá ser utilizada média de índices de preços de abrangência
nacional, na forma de regulamentação a ser baixada pelo Poder Executivo.
        § 3º A partir da referência julho de 1995, o INPC substitui o IPC-r para os fins
previstos no § 6º do art. 20 e no § 2º do art. 21, ambos da Lei nº 8.880, de 1994.
Então, de junho de 1977 a setembro de 1988 usa a ORTN, entre outubro de
1988 a dezembro de 1992 o INPC, de janeiro de 1993 a fevereiro de 1994 o
IRSM e de março a junho de 1994 sem correção monetária (explícita, mas
embutida na conversão) de julho de 1994 até junho de 1995 o IPC-r.
Encerrando o ciclo de Medidas Provisórias em 20 de novembro de 1998
temos a lei 9.711, que em seu artigo 10 consignou:
Art. 10. A partir da referência maio de 1996, o IGP-DI substitui o INPC para os fins
previstos no § 6º do art. 20 e no § 2º do art. 21, ambos da Lei nº 8.880, de 27 de maio de
1994.
Aqui temos uma questão de interpretação com a expressão referência maio
de 1996, ela quer dizer para adotar o índice de maio, ou para aplicar o
índice em maio de 1996? A interpretação mais usada é que é para aplicar
em maio de 1996, assim usamos o índice inflacionário de abril de 1996, em
outras palavras, usa-se o IGP-DI desde abril de 1996. A outra interpretação
usaria o IGP-DI a partir de maio de 1996. Então, de junho de 1977 a
setembro de 1988 usa a ORTN, entre outubro de 1988 a dezembro de 1992
o INPC, de janeiro de 1993 a fevereiro de 1994 o IRSM e de março a junho
de 1994 sem correção monetária (explícita, mas embutida na conversão) de
julho de 1994 até junho de 1995 o IPC-r, de julho de 1995 até março de
1996 o INPC.
E por fim em 2004 temos a lei 10.877 que inclui o artigo 29-B na lei
8.213/91:
Art. 29-B. Os salários-de-contribuição considerados no cálculo do valor do benefício serão
corrigidos mês a mês de acordo com a variação integral do Índice Nacional de Preços ao
Consumidor - INPC, calculado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -
IBGE. (Incluído pela Lei nº 10.877, de 2004)
Permanecendo até os dias atuais o uso do INPC.
Por conseguinte, na tabela a seguir temos um resumo do exposto:
Período Indexador Legislação
Valor Nominal (Sem
09/1960 e 07/1969 Lei 3.807/1960
correção)
Índice divulgado pelo
Serviço Atuarial do Lei 3.807/1960,
Ministério do Trabalho Decreto – Lei
08/1969 a 06/1977 e Previdência Social e 710/1969,
depois pela Coordenação
dos Serviços Atuariais do
Ministério do Trabalho e Lei 5.890/1973
Previdência Social.
ORTN e suas derivações:
06/1977 a 09/1988 Lei 6.423/1977
OTN e BTN
Lei 8.213/1991
10/1988 a 12/1992 INPC
artigos 31 e 144
01/1993 a 01/1994 IRSM Lei 8.542/1992
SEM INDEXADOR – Lei 8.880/94 e
INDEXADOR MP’s 434 e
02/1994 A 06/1994
CONGELADO - 457/1994
CONVERSÃO URV
07/1994 a 06/1995 IPC – r Lei 8.880/94
07/1995 a 03/1996 INPC MP 1.053/1995
04/1996 a 01/2004 IGP-DI Lei 9.711/1996
02/2004 a 05/2020(dias
INPC Lei 10.877/2004
atuais)

Da tabela pode surgir o questionamento de quais foram os


fatores/indexadores/índices utilizados no período de 08/1969 a 06/1977?
Infelizmente, não foi possível obter tais valores.
Entretanto, é um uso comum que em tal período seja adotada a ORTN.
Para os benefícios concedidos nos termos da atual legislação tal período não
é relevante, posto que somente os salários de contribuição posteriores a
07/1994 são considerados para o cálculo da Renda Mensal Inicial (R.M.I.).

Todavia, na eventualidade da confecção de cálculos em virtude da ação


conhecida por “REVISÃO DA VIDA TODA” esse deve ser um aspecto a ser
apresentado ao Magistrado para avaliação do mesmo (ao menos é o meu
pensamento  )

Deve-se ter em mente que foi um breve apanhado da legislação envolvida


para subsidiar as seções de cálculo, sendo perfeitamente cabível uma análise
mais ampla e detalhada abordando alguns outros detalhes (uso ou não de
deflação, por exemplo, em certos períodos).

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